Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Principais Julgados de 2011 - 1o Semestre - Processo Penal PDF
Principais Julgados de 2011 - 1o Semestre - Processo Penal PDF
STF pode deferir ordem para que o STJ julgue habeas corpus que lá tramita há muito tempo,
mas não pode examinar os motivos invocados no HC que tramita no STJ, apenas a sua demora.
Observações Determinado réu impetrou HC no STJ alegando que não havia motivos para sua prisão
preventiva. O STJ estava demorando muito para julgar o HC (havia se passado 21 meses e
nem a liminar tinha sido apreciada). O que pode fazer o réu?
Impetrar outro HC, desta vez, no STF.
O STF entendeu que não poderia analisar as razões invocadas no HC impetrado no STJ (ou
seja, não poderia examinar se realmente não havia motivos para a prisão preventiva do réu)
considerando que, se o fizesse, estaria julgando per saltum.
Todavia, o STF entendeu que poderia examinar a alegação de excesso de prazo para
julgamento do HC no STJ.
Assim, no caso concreto, o STF reconheceu que havia excesso de prazo na apreciação do HC
pelo STJ e concedeu a medida para determinar que o STJ julgasse, na primeira
oportunidade, o HC lá impetrado.
Processo 1ª Turma. HC 101970/PA, rel. Min. Dias Toffoli, 15.2.2011.
Primeiro ponto importante decidido: esse art. 41 não viola a CF/88, sendo, ao contrário,
harmônico com o Texto Constitucional, em especial com o § 8º do art. 226.
(§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.).
Entendeu o STF que o art. 98, I, da CF não contém a definição de “infrações penais de
menor potencial ofensivo”, de modo que a lei infraconstitucional pode estabelecer critérios
— não restritos somente à pena cominada — aptos a incluir, ou não, determinadas
condutas nesse gênero. Entendeu-se, também, que a norma impugnada estaria de acordo
com o princípio da igualdade, na medida em que a mulher careceria de especial proteção
jurídica, dada sua vulnerabilidade, e que atenderia à ordem jurídico-constitucional, no
sentido de combater o desprezo às famílias, considerada a mulher como sua célula básica.
Segundo ponto: apesar de o art. 41 mencionar apenas a palavra “crimes”, ele alcança toda e
qualquer prática delituosa contra a mulher, inclusive as contravenções penais, como é o
caso das “vias de fato” (art. 21 da Lei de Contravenções Penais).
Assim, caso praticada uma contravenção penal com violência doméstica e familiar contra a
mulher, não deverá ser aplicada a Lei n. 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais).
Processo Plenário. HC 106212/MS, rel. Min. Marco Aurélio, 24.3.2011.
1
Página
www.dizerodireito.com.br
A Lei 11.719/2008, que alterou o momento do interrogatório, transferindo-o para o final da
instrução criminal, incide nos feitos de competência originária do STF, cujo mencionado ato
processual ainda não tenha sido realizado.
Observações Aduziu-se que essa mudança concernente à designação do interrogatório conferiria ao
acusado a oportunidade para esclarecer divergências e incongruências que eventualmente
pudessem surgir durante a fase de consolidação do conjunto probatório.
Registrou-se, tendo em conta a interpretação sistemática do Direito, que o fato de a Lei
8.038/90 ser norma especial em relação ao CPP não afetaria a orientação adotada, porquanto
inexistiria, na hipótese, incompatibilidade manifesta e insuperável entre ambas as leis.
Ademais, assinalou-se que a própria Lei 8.038/90 dispõe, em seu art. 9º, sobre a aplicação
subsidiária do CPP.
Apenas para esclarecer o leitor, a Lei n. 8.038/90 trata sobre o procedimento aplicável às
ações penais que tramitam originariamente no STJ e no STF. Tal lei prevê que o
interrogatório é o primeiro ato do procedimento, antes da oitiva das testemunhas. Apesar
dessa previsão expressa da Lei, o STF, em suma, entendeu que a alteração na ordem do
interrogatório, promovida Lei n. 11.719/2008, também produziu efeitos sobre a Lei n.
8.038/90, fazendo com que o interrogatório seja atualmente o último ato da instrução
também nos procedimentos penais que tramitam no STJ e STF.
Este julgado reforça o entendimento de que o interrogatório deverá ser o último ato da
instrução em todos os procedimentos penais.
Assim, no caso da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), deve-se entender que houve derrogação
do art. 57 pela Lei n. 11.719/2008, de modo que, também no procedimento da Lei de Drogas, o
interrogatório deverá ser realizado ao final, isto é, após a oitiva das testemunhas.
Tal posição foi sustentada, nos debates, como obiter dictum, pelo Min. Luiz Fux.
Processo Plenário. HC 106212/MS, rel. Min. Marco Aurélio, 24.3.2011.
A pessoa condenada pela Justiça do Estado “A” (SP, p. ex.) e que esteja cumprindo pena em
presídio localizado neste Estado “A” PODE ser transferida para cumprir pena em presídio
localizado no Estado “B” (MS, p. ex.), onde residem seus familiares.
Ressalte-se que essa transferência não se trata de um direito subjetivo do apenado, ou seja,
nem sempre ela irá ocorrer, podendo o juiz negá-la se houver motivo justificável.
Observações O art. 86 da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/86) estabelece:
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa
podem ser executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
Com base neste artigo e tendo em conta que no Estado de destino moravam os familiares
do condenado, a 2ª Turma do STF concedeu HC autorizando a transferência de um preso
que cumpria pena em presídio de SP para que passasse a cumprir a sanção em unidade
prisional de MS.
Destacou-se que o apenado possuía boa conduta carcerária e que havia vaga para ele no
presídio de Mato Grosso do Sul, para onde pretendia a transferência, e onde morariam seus
familiares.
O Min. Celso de Mello ressaltou que a execução penal, além de objetivar a efetivação da
condenação penal imposta ao sentenciado, buscaria propiciar condições para a harmônica
integração social daquele que sofre a ação do magistério punitivo do Estado.
2
Página
Ponto importante: apesar de ser autorizada a transferência neste caso concreto, a 2ª Turma
www.dizerodireito.com.br
do STF deixou expressamente ressalvado que não há direito subjetivo do sentenciado à
transferência de presídio. Afirmou-se que, naquele caso concreto, não havia motivos
justificados para se negar o pedido e que seria melhor para sua ressocialização.
Vale mencionar que a família do preso havia se comprometido até mesmo a arcar com os
custos da transferência.
Processo 2ª Turma. HC 105175/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 22.3.2010.
Juiz-Presidente do Tribunal do Júri não pode incluir e quesitar circunstância agravante que
seja igual à qualificadora do crime de homicídio pelo qual o réu não foi denunciado.
Observações Determinado réu foi denunciado e pronunciado por homicídio simples (art. 121, caput, CP).
O réu foi condenado pelo Conselho de Sentença pelo homicídio simples.
No momento da dosimetria da pena, o juiz considerou, como circunstância agravante, a
torpeza do agente.
A torpeza do agente, segundo o Código Penal, tanto é uma circunstância agravante genérica
como uma das qualificadoras do crime de homicídio. Vejamos:
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
(...)
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
Como o réu não foi denunciado por homicídio qualificado pela torpeza, o STF reputou que,
se o MP, titular da ação penal, não entendeu caracterizada esta motivação no crime
imputado, não poderia o juiz suprir o Parquet e reconhecer, ainda que como agravante,
esta circunstância.
Se preenchidos tais requisitos, não se pode negar a progressão por conta da simples
existência de uma ação penal em curso, sob pena de ser violado o princípio da presunção de
3
www.dizerodireito.com.br
É lícita a prova consistente em gravação de conversa telefônica realizada por um dos
interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de
reserva da conversação.
A gravação ambiental meramente clandestina, realizada por um dos interlocutores, não se
confunde com a interceptação, objeto de cláusula constitucional de reserva de jurisdição.
Observações A gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem o conhecimento do
outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação não é
considerada prova ilícita.
O que é vedada pela CF é a interceptação telefônica sem autorização judicial, ou seja,
quando um terceiro grava a conversa entre duas ou mais pessoas.
Um dos interlocutores somente não pode gravar a conversa se existir uma causa legal
específica de sigilo. É o caso, por exemplo, de uma conversa entre advogado e cliente, entre
médico e paciente, padres e fiéis etc.
Processo 2ª Turma. AI 560223 AgR/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011.
Além de prevista na Lei de Crimes Organizados, a ação controlada também é estabelecida pela
Lei n. 9.613/98 (Lei de Lavagem de Capitais) e pela Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas).
www.dizerodireito.com.br
Ocorre que, no caso concreto, o STF decidiu que a aprovação do contrato pelo TCE exigiria
do Ministério Público um esforço maior no sentido de reunir provas da ilegalidade da
contratação, demonstrando cabalmente que a conclusão do TCE foi equivocada. Assim se
manifestou o Ministro Relator em seu voto:
“Dessarte, indago: Concluindo o Tribunal de Contas pela lisura do procedimento, haveria
justa causa para a persecução penal?
Em tese, sim. Contudo, tenho para mim que a aprovação do procedimento pelo Tribunal de
Contas vem a exigir do Ministério Público esforço maior no encargo de reunir elementos
concretos que atestem a real necessidade de iniciar a persecução penal, mormente indícios
de que a Corte de Contas, ao apreciar o feito, equivocou-se na conclusão.
Entretanto, essa premissa não se deu por aqui, o que, para mim, vem caracterizar
constrangimento ilegal e, portanto, flagrante falta de justa causa para prosseguimento da
persecução penal.”
Processo 2ª Turma. HC 107263/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 21.06.2011.
2ª T do STF. Assim, não é possível ajuizar ação penal antes do lançamento definitivo do tributo
(constituição definitiva do crédito tributário). Isso é pacífico e não há mais qualquer dúvida.
www.dizerodireito.com.br
2ª corrente: A 1ª Turma, por maioria, denegou habeas corpus em que se pleiteava o trancamento de
ação penal, ante a ausência de constituição definitiva do crédito tributário à época em que
SIM. recebida a denúncia, por estar pendente de conclusão o procedimento administrativo-
fiscal.
1ª T do STF. Assentou-se que a Lei 8.137/90 não exigiria, para a configuração da prática criminosa, a
necessidade de esgotar-se a via administrativa, condição imposta pela Constituição
somente à justiça desportiva e ao processo referente ao dissídio coletivo, de competência
da justiça do trabalho.
Consignou-se que seria construção pretoriana a necessidade de exaurimento do processo
administrativo-fiscal para ter-se a persecução criminal e que o Ministério Público imputara a
prática criminosa concernente à omissão de informações em declarações do imposto de
renda com base em auto de infração que resultara em crédito tributário.
Portanto, descaberia potencializar a construção jurisprudencial a ponto de chegar-se, uma
vez prolatada sentença condenatória — confirmada em âmbito recursal e transitada em
julgado — ao alijamento respectivo, assentando a falta de justa causa.
O Min. Luiz Fux acrescentou que no curso da ação penal houvera a constituição definitiva
do crédito tributário. Assim, aplicável o art. 462 do CPC (“Se, depois da propositura da ação,
algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide,
caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento
de proferir a sentença”).
Vencido o Min. Dias Toffoli, que concedia a ordem e aplicava a Súmula Vinculante 24, em
razão de a denúncia ter sido apresentada e recebida antes desse momento do processo
administrativo.
6
Página
www.dizerodireito.com.br