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23/04/2016 Auditoria e Consultoria

Provisão para férias de empregados ­ Roteiro de Procedimentos
Roteiro ­ Federal/Contábil ­ 2011/4219

Sumário
Introdução

I. Momento da constituição da provisão

II. Determinação da provisão para férias

II.1. Exemplo de cálculo

II.2. Exemplo de contabilização

III. Pagamento de férias sem constituir a provisão

Introdução
Tecnicamente, o termo "provisões" refere­se aos valores relacionados com a diminuição do ativo ou com o
aumento do passivo pela constituição de novas obrigações, possuindo um caráter estimativo.

As provisões, estimadas ou não, correspondem a despesas e prováveis perdas (no Ativo) pertinentes a
determinado período­base em que incorrerem, no qual serão contabilizadas, que serão pagas ou apuradas no
próprio período­base ou no(s) período(s)­base subsequente(s).

Condizentes com o conceito exposto e, ainda, dedutíveis das bases de cálculo para apuração do Imposto de
Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro, encontram­se as denominadas "Provisões para Férias", relativas
à respectiva obrigação legal para com os empregados da empresa (artigo 337 do RIR/99).

A Provisão para Férias deve ser classificada no Passivo Circulante em relação aos empregados que, no
encerramento do período de referência, tiverem adquirido direitos de férias, seja de alguns dias ou a todo o
período correspondente, conforme será detalhado a seguir.

I. Momento da constituição da provisão
Perante o aspecto fiscal, caso a empresa apure seus resultados de forma trimestral (lucro real trimestral) é
fundamental a constituição da provisão ao menos no final de cada trimestre. No caso de empresa optante pelo
pagamento mensal por estimativa, é aceitável o registro de provisão ao final do ano­calendário ou por ocasião do
levantamento de balanços ou balancetes de suspensão ou redução.

Entretanto, perante o aspecto contábil é recomendável a apropriação mensal da provisão, observando o regime
de competência.

II. Determinação da provisão para férias
Deve­se determinar o valor da Provisão para Férias com fundamento na remuneração mensal dos empregados e
no número de dias de férias a que os mesmos tiverem direito no final do período de referência, provisionando­se,
também, o adicional constitucional (1/3 da remuneração normal), o abono correspondente a 10 dias (se for o
caso) e os encargos sociais correspondentes (INSS, FGTS, Sistema "S", dentre outros).

II.1 Exemplo de Cálculo

Consideremos os seguintes dados:

Empregados Meses de Aquisição do Direito de Férias Remuneração (R$)

A 18 600,00

B 12 1.500,00

C 9 720,00

Total das Remunerações do Período (R$) 2.820,00

Consideremos, ainda, que:

­ o total de encargos sociais mensais, inclusive FGTS, seja equivalente a 35,3% do valor da folha de
pagamento;
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­ nenhum empregado tenha optado pelo recebimento do abono correspondente a 10 dias; e

­ não haja empregados comissionados ou horistas.

Para o cálculo das Provisões para Férias poderá ser utilizada a seguinte fórmula:

PF = S x 4/3 x MA/12.

Onde:

­ PF = Provisão para Férias;

­ S = Salário = Remuneração no período de referência;

­ 4/3 = Fator correspondente à respectiva remuneração mais o adicional de 1/3 de férias; e

­ MA/12 = Meses de Aquisição (em relação a um período de 12 meses).

Constitição da Provisão para Férias

Empregados Cálculo das Provisões para Valor Provisionado Cálculo dos Encargos Sociais sobre Valor Provisionado Total


Férias (R$) Férias (R$) (R$)

A R$ 600,00 x 4/3 x 18/12 1.200,00 R$ 1.200,00 x 35,3% 423,60 1.623,60

B R$ 1.500,00 x 4/3 x 12/12 2.000,00 R$ 2.000,00 x 35,3% 706,00 2.706,00

C R$ 720,00 x 4/3 x 9/12 720,00 R$ 720,00 x 35,3% 254,16 974,16

Totais   3.920,00   1.383,76 5.303,76

 
A  fórmula  citada  acima  é  uma  das  alternativas  para  o  cálculo  da  provisão,  ficando  a
critério da pessoa jurídica adotar outro procedimento.

II.2 Exemplo de Contabilização

Os valores calculados no subtópico "II.1" devem ser contabilizados conforme os lançamentos a seguir,
observando­se que são referentes a todo o período provisionado. Assim, a cada mês, deve ser efetuado a
reversão dos lançamentos efetuados no mês anterior, de acordo com os exemplos abaixo:

­ Quando do lançamento da provisão no mês:

D/C CONTAS ­ SUBCONTAS VALOR (R$)

D. Custos ou Despesas ­ Férias de Empregados 3.920,00

D. Custos ou Despesas ­ Encargos Sociais sobre Férias 1.383,76

C. Passivo Circulante ­ Provisão para Férias 5.303,76

­ Quando da reversão da provisão efetuada no mês anterior:

D/C CONTAS ­ SUBCONTAS VALOR (R$)

D. Passivo Circulante ­ Provisão para Férias 4.879,81

C. Custos ou Despesas ­ Férias de Empregados ­ Reversão de Provisão para Férias 3.606,66

C. Custos ou Despesas ­ Encargos Sociais sobre Férias ­ Reversão de Provisão para Férias 1.273,15

 
No  exemplo,  consideramos  o  critério  de  constituição  de  nova  provisão  e  reversão  da
anterior, no entanto, pode ser adotado o critério de complemento do saldo da provisão, em
face de sua praticidade.

Na hipótese dos empregados "A" e "B" entrarem em férias no mês, os respectivos lançamentos devem ser
considerados conforme a seguir, observando­se que o empregado "A" receberá valor proporcional a um período
de 12 meses:

­ Quando do pagamento das férias e dos seus respectivos encargos sociais:

D/C CONTAS ­ SUBCONTAS VALOR (R$)


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D. Passivo Circulante ­ Provisão para Férias 3.788,40

C. Ativo Circulante ­ Caixa ou Bancos Conta Movimento 2.800,00

C. Passivo Circulante ­ Encargos Sociais a Recolher 988,40

 
Os quadros acima são meramente didáticos. Obviamente as contas deverão ser lançadas
de  modo  mais  detalhado,  considerando­se  até  o  último  grau  de  subcontas  adotado  pela
empresa.

III. Pagamento de férias sem constituir a provisão
A pessoa jurídica que não constituiu a Provisão para Férias pode computar como custo ou despesa operacional,
todo o valor pago a seus empregados no próprio período do pagamento, lançando o valor devido a débito de
conta representativa de despesa ou custo e a crédito de disponibilidades.

Todavia, observa­se que a não constituição desta provisão influencia diretamente no resultado mensal ou
trimestral, se lucro real anual ou trimestral, pois, como provisão dedutível há a diminuição do lucro líquido e
consequentemente, diminuição do IRPJ e CSLL a pagar, se for o caso, além de não estar em consonância com
a boa técnica contábil.

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