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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

Faculdade de Ciências e Tecnologia


Departamento de Engenharia Civil

PAREDES DE ALVENARIA ORDINÁRIA


Estudo experimental com modelos simples e reforçados

FERNANDO FARINHA DA SILVA PINHO


(Mestre em Construção)

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau académico de Doutor em Engenharia Civil,


na especialidade de Ciências da Construção, pela Universidade Nova de Lisboa,
Faculdade de Ciências e Tecnologia

Orientador Científico: Engenheiro Manuel Francisco Camacho Baião (LNEC)

Co-orientador Científico: Doutor Válter José da Guia Lúcio (DEC/FCT)

Lisboa, 2007
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil

PAREDES DE ALVENARIA ORDINÁRIA


Estudo experimental com modelos simples e reforçados

FERNANDO FARINHA DA SILVA PINHO


(Mestre em Construção)

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau académico de Doutor em Engenharia Civil,


na especialidade de Ciências da Construção, pela Universidade Nova de Lisboa,
Faculdade de Ciências e Tecnologia

Orientador Científico: Engenheiro Manuel Francisco Camacho Baião (LNEC)

Co-orientador Científico: Doutor Válter José da Guia Lúcio (DEC/FCT)

Lisboa, 2007
I
II
À minha esposa e ao meu filho,
com a promessa de voltar a estar presente.

III
IV
PAREDES DE ALVENARIA ORDINÁRIA
Estudo experimental com modelos simples e reforçados

RESUMO

O presente trabalho estuda a eficácia de diversas soluções de reforço aplicadas a modelos


experimentais de alvenaria ordinária.
Os modelos foram construídos para este efeito segundo técnicas tradicionais, tendo como
referência a composição das paredes dos edifícios da Baixa Pombalina, erigidos após o
terramoto de 1755. Esta solução construtiva (alvenaria ordinária), utilizada desde tempos
remotos, perdurou no nosso País até ao final do primeiro quartel do século XX.
No trabalho são referidos os processos construtivos dos modelos e das soluções de reforço
aplicadas, bem como características físicas, químicas e mecânicas dos materiais de construção e
de reforço, algumas das quais são comparadas entre si. Analisam-se aspectos de compatibilidade
e durabilidade dos materiais e de exequibilidade arquitectónica, técnica e económica das
soluções de reforço.
Descrevem-se os trinta e cinco ensaios mecânicos realizados sobre os modelos, em dois sistemas
de ensaios também desenvolvidos para este estudo: vinte e três ensaios de compressão axial
em modelos com dimensões de 0,80m×1,20m×0,40m, e doze ensaios de compressão-corte em
modelos com 1,20m×1,20m×0,40m, e faz-se a análise detalhada dos resultados obtidos sobre
os modelos simples e reforçados.
O estudo tem como motivação a necessidade de compreender, do ponto de vista experimental,
o comportamento das construções de alvenaria ordinária, simples ou reforçadas, perante
diferentes acções, e está dividido em sete capítulos e quatro anexos.
Nos Capítulos I e II efectua-se uma abordagem teórica do tema, apresentam-se aspectos
históricos e construtivos deste tipo de construções e alguma da investigação realizada nesta
área. Nos Capítulos III e IV descrevem-se e caracterizam-se os modelos experimentais e as
soluções de reforço aplicadas. Nos Capítulos V e VI faz-se a descrição, interpretação e análise
dos ensaios mecânicos e, no Capítulo VII, sintetizam-se as conclusões do estudo.
Nos Anexos I e II descrevem-se os ensaios de caracterização dos materiais de construção e reforço
dos modelos, respectivamente. No Anexo III descrevem-se os dois sistemas de ensaios e no
Anexo IV apresentam-se os resultados de ensaios de pós-rotura de uma das soluções de reforço.
Palavras-chave:
Paredes de alvenaria ordinária, reabilitação de edifícios antigos, reforço de estruturas de
alvenaria, análise experimental.

V
RUBBLE STONE MASONRY WALLS
Experimental analysis with simple and strengthened models

ABSTRACT

The present work is about the efficiency of the strengthening solutions on experimental
models of rubble stone masonry walls, built up for this purpose. These wall models were
inspirited on the structural walls of the buildings constructed after the 1755 Lisbon
earthquake, up to the first quarter of the XX century.
The construction and strengthening materials are characterized and some of the physical,
chemical and mechanical characteristics are determined, mainly to check the physical and
mechanical compatibility between the strengthening systems and the masonry walls. Subjects
related with the durability of the masonry walls and the strengthening systems, particularly in
the presence of water, are discussed.
Twenty three compression tests performed on wall models with 0,80m×1,20m×0,40m and
twelve shear-compression tests on wall models with 1,20m×1,20m×0,40m, carried out on two
testing systems, also designed and built for this research, are described. All the results of the
tests of simple and strengthened wall models are discussed.
The need to understand, on the experimental point of view, the behaviour of ancient rubble
stone buildings under different actions, before and after strengthening solutions are applied, is
the main motivation for this study.
The work is divided in seven chapters and four Annexes. Chapters I and II are a theoretical
approach to the subject, where the state of the art is included. The description and the
characterisation of the experimental models and the strengthening systems are presented in
Chapters III and IV. The description and analysis of the mechanical tests is performed in
Chapters V and VI, and the conclusions of the study are presented in Chapter VII.
The description of the building materials of the models and of the strengthening solutions are
presented in Annexes I and II. The description of the compression and shear-compression
load systems are presented in Annexe III and the results of the post-failure tests of one of the
strengthening solutions in Annexe IV.

Keywords:
Rubble stone masonry walls, ancient buildings rehabilitation, structural strengthening,
experimental analysis.

VI
AGRADECIMENTOS

Esta dissertação foi desenvolvida no Departamento de Engenharia Civil (DEC) da Faculdade


de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), onde foi efectuada a
generalidade dos ensaios de caracterização dos materiais de construção e reforço dos muretes,
e todos os ensaios mecânicos sobre os muretes simples e reforçados. Os restantes ensaios de
caracterização de materiais foram realizados no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)
e em laboratórios de empresas que patrocinaram o trabalho (SECIL, SA e Lusical, SA).
Para a realização da componente experimental do trabalho foi concedida ao signatário uma
bolsa de doutoramento no âmbito do Programa de Acção PRODEP III (2/5.3/PRODEP/2002),
mediante a qual foi possível obter dispensa de serviço docente para, em dedicação exclusiva,
concretizar o programa experimental inerente ao estudo desenvolvido.
A estas instituições e entidades agradeço os meios colocados à minha disposição.

Ao Eng. Manuel F. C. Baião, Investigador Principal do LNEC, meu Orientador Científico, e ao


Prof. Válter J. G. Lúcio, Professor Associado do DEC/FCT, meu Co-orientador Científico, expresso
o meu profundo agradecimento e reconhecimento pela forma como sempre acompanharam o
trabalho realizado, muitas vezes com prejuízo pessoal, e todos os conselhos e ensinamentos
que me transmitiram. Agradeço ainda o incentivo e a amizade que sempre me manifestaram.

A todas e cada uma das vinte e três empresas que patrocinaram a aquisição de equipamentos e/ou
materiais, ou forneceram a mão-de-obra necessária à sua aplicação, agradeço os encargos que
tiveram. Devido à extensão dos apoios, que se traduziram, entre outros, na construção dos modelos
experimentais e respectivo abrigo, fornecimento e aplicação das soluções de reforço e aquisição de
alguns equipamentos de ensaio ao longo dos três anos da realização do trabalho experimental, faço
apenas a identificação dos técnicos e das empresas que comigo colaboraram, pedindo desculpa
por eventual esquecimento: Eng. Rui Furtado Marques, Eng. José Paulo, Eng. Joaquim Branco,
Eng. Mário Santos, Eng. Rolando Justino, Sr. Pedro Domingos, Sr. José Carvalho, Sr. Pedro Santos
e Sr. Fernando Vieira do Grupo EDIFER; Eng.ª Ângela Nunes, Eng. Victor Vermelhudo e Eng.
Pedro Gago da SECIL OUTÃO, SA; Dr. Filipe Cortinhal, Eng. Carlos Duarte e Eng. José
Alvarez, da SECIL MARTINGANÇA, LDA; Eng. Nelson Montesg e Dr. Mário Marques da
LUSICAL, SA; Eng. Nuno Lopes, Eng.ª Maria Ana Cunha, Sr. Carlos Cristóvão e Sr. Abílio da
TECNASOL-FGE, SA; BETOPAL, SA; Eng. Peter Mertens, Sr. Luís Roque e Sr. Augusto Roque
da TECNIMA-ENERPAC; Eng. José Marques, Eng. Luís Dias, Sr. Jorge Almeida e Sr. Barbosa
da BETÃO LIZ, SA; Eng. Mesquita Machado e colaboradores da SPGO – SOC. DE PROJECTOS

VII
E GESTÃO DE OBRAS, LDA; Eng. Victor Costa da CIMIANTO, SA; Sr. Paulo Pinto e
manobradores do empilhador da LUSOCERAM, SA; Eng. Jorge Marques da CONSTRUTORA
DO INFANTADO, LDA; Eng. R. Campos Silva e Eng. Lopes da Silva da ENSUL, SA; Sr. Rui
Coelho da SIKA PORTUGAL, SA; Eng. Filipe Dourado e Eng. Henrique Recto da DEGUSSA -
BETTOR MBT, SA; Eng. Nuno Seco da CODIMETAL, SA; Eng. José Maia da VIMAPLÁS,
LDA; Eng. Fernando Cartaxo da FRADICAL, LDA; Eng. Rui Sousa e Eng. Carlos Caxias da
DYWIDAG SI, SA; Sr. Germano Torres da SOMATOR, LDA (Cofragens); Sr. J. Piteira,
encarregado e armadores de ferro da J. PITEIRA, LDA; Sr. Paulo Caçador da F. F. CAÇADOR,
LDA (Serralharia Mecânica); Sr. Manuel Pinheiro e Eng. António Santos da PARAPEDRA, LDA.

Ao Prof. A. Nunes dos Santos, Ex-Presidente do Conselho Científico e Ex-Director da FCT,


agradeço os incentivos e a aquisição do empilhador eléctrico para movimentação dos muretes.
Ao Prof. C. Chastre Rodrigues, do DEC/FCT, agradeço a disponibilidade e o importante
apoio manifestados ao longo de toda a campanha experimental.
Ao Prof. M. Gonçalves da Silva, ao Prof. J. Rocha de Almeida, ao Prof. Armando Antão, à
Profª. Paula Varatojo e à Eng.ª Raquel Paula, do DEC/FCT; ao Prof. Rodrigues de Carvalho
do DCT/FCT; ao Eng. João Appleton; ao Prof. Jorge de Brito, ao Prof. J. Gaspar Nero e ao
Sr. Fernando Alves, do IST; ao Eng. J. Vasconcelos de Paiva e à Eng.ª M. Rosário Veiga, do
LNEC; ao Eng. Mário Leitão e ao Sr. Roger Moita da MAPEI, expresso o meu especial
agradecimento pelo apoio e incentivos prestados (pedindo desculpa pela síntese).

Ao Eng. Daniel Vicente e aos técnicos D. Dora Santos, Sr. Luís Ramos, Sr. Deodato Sanches,
Sr. Bento Sabala e Sr. Victor Campos, do LNEC, agradeço a preparação e/ou a realização de
ensaios de diversos provetes. Ao Sr. Eduardo Costa, do LNEC, agradeço o apoio na pesquisa
da bibliografia solicitada.
Aos (ex)alunos do DEC/FCT Pedro Frada, Maria Morais, Ricardo Matuto, Bruno Rodrigues,
David Lopes, Francisco Nogueira e Joana Nascimento agradeço o apoio prestado na preparação
e realização de alguns ensaios de muretes.
Ao Eng. Rui Marreiros, do DEC/FCT, agradeço o apoio prestado na aquisição de alguns dados
e ao Sr. José Gaspar a ajuda na realização de algumas actividades desenvolvidas no LabDEC.
À Dra. Cristina Gonçalves, do Museu Municipal de Benavente, agradeço as imagens incluídas na
fig. 1.10. À D. Florinda António, D. Maria da Luz, D. Carla Figueiredo, D. Ilda, do DEC/FCT,
e à D. Balbina Salvador, do LNEC, agradeço o apoio simpático que sempre me dedicaram.

À Divisão de Edições e Artes Gráficas do LNEC, à Dra. Teresa Fonseca e ao Sr. Fernando
Mendes, desta Divisão, agradeço o apoio dado à pré-impressão e ao acabamento do trabalho.
VIII
PAREDES DE ALVENARIA ORDINÁRIA
Estudo experimental com modelos simples e reforçados

Índice geral

RESUMO ……………………………………………………………………………….. V
ABSTRACT …………………………………………………………………………….. VI
AGRADECIMENTOS ………………………………………………………………….. VII
ÍNDICE DO TEXTO …………………………………………………………………… XI
ÍNDICE DE FIGURAS …………………………………………………………………. XIX
ÍNDICE DE TABELAS ………………………………………………………………… XLIII
SIMBOLOGIA …………………………………………………………………………. LI
I - INTRODUÇÃO …………………………………………………………………. 1
II - ESTADO ACTUAL DO CONHECIMENTO ………………………………….. 35
III - MODELOS EXPERIMENTAIS DE ALVENARIA ORDINÁRIA (MURETES) ... 79
IV - SOLUÇÕES DE REFORÇO APLICADAS NOS MURETES …………………. 139
V - ENSAIOS MECÂNICOS REALIZADOS SOBRE OS MURETES …………… 211
VI - ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS MECÂNICOS SOBRE OS
MURETES ………………………………………………………………………. 397
VII - COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES.
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ………………………………………….. 463

ANEXO I
- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NA
CONSTRUÇÃO DOS MURETES ……………………………………………………. 487

ANEXO II
- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NAS
SOLUÇÕES DE REFORÇO DOS MURETES ………………………………………. 569

ANEXO III
- DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSAIOS MECÂNICOS ……………………... 621

ANEXO IV
- ENSAIOS DE PÓS-ROTURA (VARIANTES DA SOLUÇÃO DE REFORÇO IIB) ... 647

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ………………………………………………….. 679

IX
Índice do Texto

Capítulo I
INTRODUÇÃO

1.1 – Considerações gerais …………..…………………………………………………… 1


1.2 – Enquadramento do estudo ………………………………………………………….. 1
1.2.1 – As construções de alvenaria como referência do património edificado ……. 1
1.2.2 – Dados estatísticos da construção de edifícios em Portugal ………………… 4
1.2.3 – Principais características das construções de alvenaria de pedra …………... 5
1.2.4 – A localização geográfica de Portugal e os efeitos da actividade sísmica …... 9
1.2.5 – Principais anomalias estruturais das construções de alvenaria ordinária …... 14
1.2.6 – Métodos de inspecção e diagnóstico de anomalias estruturais de construções
de alvenaria ordinária ………………………………………………………. 15
1.2.7 – Principais técnicas de reabilitação estrutural de construções de alvenaria
ordinária …………………………………………………………………….. 19
1.2.8 – Legislação, normalização e recomendações aplicáveis …………………….. 29
1.3 – Motivação e objectivos ……………………………………………………………... 29
1.4 – Organização do trabalho ……………………………………………………………. 31

Capítulo II
ESTADO ACTUAL DO CONHECIMENTO

2.1 – Introdução ………………………………………………………………………….. 35


2.2 – Principais trabalhos experimentais de referência …………………………………... 35
2.3 – Outros trabalhos de referência ……………………………………………………... 69
2.4 – Comentários ao Capítulo II ………………………………………………………… 77

XI
Capítulo III
MODELOS EXPERIMENTAIS DE ALVENARIA ORDINÁRIA (MURETES)

3.1 – Introdução ………………………………………………………………………….. 79


3.2 – Local e datas de construção dos muretes …………………………………………... 79
3.3 – Construção e preparação das bases de apoio dos muretes …………………………. 80
3.4 – Materiais utilizados na construção dos muretes ……………………………………. 80
3.4.1 – Pedra e areias ………………………………………………………………. 81
3.4.2 – Cal aérea hidratada (em pó) ………………………………………………... 81
3.5 – Processo construtivo dos muretes ………………………………………………….. 83
3.5.1 – Argamassa de assentamento ………………………………………………... 83
3.5.2 – Preparação da pedra ………………………………………………………... 84
3.5.3 – Construção dos muretes ……………………………………………………. 85
3.6 – Condições de cura dos muretes …………………………………………………….. 88
3.7 – Preparação dos muretes para a campanha experimental. Execução dos lintéis
preliminares e definitivos, em betão armado ………………………………………. 90
3.8 – Caracterização dos materiais utilizados na construção dos muretes ……………….. 94
3.8.1 – Caracterização da pedra ……………………………………………………. 96
3.8.1.1 – Características físicas …………………………………………….. 96
3.8.1.2 – Características mecânicas ………………………………………... 97
3.8.1.3 – Características químicas ………………………………………….. 97
3.8.2 – Caracterização das areias (de rio e de areeiro) ……………………………... 97
3.8.2.1 – Características físicas …………………………………………….. 97
3.8.2.2 – Características químicas ………………………………………….. 99
3.8.3 – Caracterização da cal aérea ………………………………………………… 99
3.8.3.1 – Características físicas e químicas.. ………………………………... 99
3.8.4 – Água ………………………………………………………………………... 100
3.8.5 – Caracterização da argamassa de assentamento …………………………….. 100
3.8.5.1 – Caracterização da argamassa em pasta …………………………... 101
3.8.5.2 – Caracterização da argamassa endurecida ………………………… 101
a) características físicas ………………………………………….. 107
b) características mecânicas ……………………………………... 115
c) características químicas ………………………………………. 120

XII
Índice do Texto

3.8.6 – Caracterização da alvenaria dos muretes …………………………………... 121


3.8.6.1 – Características físicas …………………………………………….. 124
3.8.6.2 – Características mecânicas ………………………………………... 132
3.8.6.3 – Características químicas (argamassa de assentamento) ………….. 132
3.9 – Comentários ao Capítulo III ………………………………………………………... 134
3.9.1 – Sobre a argamassa de assentamento ……………………………………….. 134
3.9.2 – Sobre a alvenaria dos muretes ……………………………………………… 136

Capítulo IV
SOLUÇÕES DE REFORÇO APLICADAS NOS MURETES

4.1 – Introdução ………………………………………………………………………….. 139


4.2 – Descrição e caracterização das soluções de reforço dos muretes ………………….. 140
4.2.1 – Solução I - muretes reforçados com conectores metálicos transversais …… 140
4.2.2 – Solução II - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
malha de metal distendido e confinamento transversal, sem apoio na base … 144
4.2.2.1 – Solução IIA (aplicação preliminar) ………………………………. 144
4.2.2.2 – Solução IIB (aplicação definitiva) ……………………………….. 148
4.2.3 – Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
na malha de metal distendido sem e com confinamento transversal, com
apoio base …………………………………………………………………... 157
4.2.4 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda, armado
com rede de fibra de vidro e confinamento transversal, com apoio na base .. 162
4.3 – Caracterização dos materiais utilizados nas soluções de reforço dos muretes …….. 172
4.3.1 – Solução I - conectores metálicos transversais ……………………………… 172
4.3.2 – Solução II - lâminas de micro-betão armado com malha de metal distendido
e confinamento transversal, sem apoio na base ……………………………... 175
4.3.2.1 – Solução IIA (aplicação preliminar) ………………………………. 175
4.3.2.2 – Solução IIB (aplicação definitiva) ……………………………….. 175
4.3.3 – Solução III - lâminas de micro-betão armado com malha de metal distendido
sem e com confinamento transversal, com apoio na base …………………... 183
4.3.4 – Solução IV - reboco de argamassa bastarda armado com malha de fibra de
vidro, com confinamento transversal e com apoio na base ………………… 188

XIII
4.4 – Análise de exequibilidade ………………………………………………………….. 194
4.4.1 – Exequibilidade arquitectónica ……………………………………………… 194
4.4.2 – Exequibilidade técnica ……………………………………………………... 194
4.4.3 – Exequibilidade económica …………………………………………………. 195
4.5 – Aspectos de durabilidade da alvenaria e das soluções de reforço ………………….. 199
4.6 – Comentários ao Capítulo IV ………………………………………………………… 203
4.6.1 – Sobre o confinamento transversal dos muretes (soluções I a IV) ………….. 203
4.6.2 – Sobre as lâminas de micro-betão, armadas com rede metálica …………….. 204
4.6.3 – Sobre o reboco de argamassa bastarda, armada com rede de fibra de vidro .. 205
4.6.4 – Síntese de características comparáveis dos materiais de construção e de
reforço dos muretes ………………………………………………………… 206

Capítulo V
ENSAIOS MECÂNICOS REALIZADOS SOBRE OS MURETES

5.1 – Introdução ………………………………………………………………………….. 211


5.2 – Sistemas de ensaios mecânicos ……………………………………………………... 211
5.2.1 – Sistema de ensaio de compressão axial …………………………………….. 211
5.2.2 – Sistema de ensaio de compressão-corte ……………………………………. 216
5.3 – Preparação final dos muretes ………………………………………………………. 221
5.4 – Comportamento dos muretes observado durante os ensaios de compressão axial … 228
5.4.1 – Ensaios preliminares ……………………………………………………….. 230
5.4.2 – Muretes de referência ………………………………………………………. 235
5.4.3 – Solução I - muretes reforçados com conectores metálicos transversais …… 245
5.4.4 – Solução IIB - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
malha metálica e confinamento transversal, sem apoio na base …………… 255
5.4.4.1 – Solução IIB1 - pregagens (uma face) …………………………….. 257
5.4.4.2 – Solução IIB2 - pregagens (duas faces) ………………………….... 275
5.4.4.3 – Solução IIB3 - conectores inteiros ……………………………….. 280
5.4.5 – Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
malha de metal distendido, sem confinamento transversal, com apoio na base 293
5.4.6 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda armada
com rede de fibra de vidro, com confinamento transversal e com apoio na base 306

XIV
Índice do Texto

5.5 – Comportamento dos muretes observado durante os ensaios de compressão-corte … 319


5.5.1 – Condicionantes de ensaio …………………………………………………... 319
5.5.2 – Instrumentação de ensaio …………………………………………………... 324
5.5.3 – Muretes de referência ………………………………………………………. 325
5.5.4 – Solução IIB3 - lâminas de micro-betão armadas com malha de metal distendido
e confinamento transversal, sem apoio na base ……………………………. 338
5.5.5 – Solução I - muretes reforçados com conectores transversais de confinamento .. 358
5.5.6 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda armada
com rede fibra de vidro, com confinamento transversal e com apoio na base . 371
5.6 – Comentários ao Capítulo V ………………………………………………………… 387
5.6.1 – Sobre os muretes de referência …………………………………………….. 387
5.6.2 – Sobre a solução de reforço I (conectores metálicos isolados) ……………... 391
5.6.3 – Sobre a solução de reforço IIB (lâminas de micro-betão armadas com malha
metálica, com confinamento transversal, sem apoio na base) ……………... 391
5.6.4 – Sobre a solução de reforço III (lâminas de micro-betão armadas com malha
metálica, sem confinamento transversal, com apoio na base) ……………... 394
5.6.5 – Sobre a solução de reforço IV (reboco de argamassa bastarda armado com
rede de fibra de vidro, com confinamento transversal e com apoio na base) 395
5.6.6 – Sobre os ensaios realizados ………………………………………………… 396

Capítulo VI
ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS MECÂNICOS SOBRE OS MURETES

6.1 – Introdução ………………………………………………………………………….. 397


6.2 – Análise dos resultados dos ensaios de compressão axial …………………………... 400
6.2.1 – Ensaios preliminares (M47, M46) …………………………………………. 400
6.2.2 – Muretes de referência (M43, M21, M32) ………………………………….. 401
6.2.3 – Solução de reforço I – muretes reforçados com conectores metálicos
transversais (M41, M44, M28) …………………………………………….. 403
6.2.4 – Solução de reforço IIB - muretes reforçados com lâminas de micro-betão
armadas com malha de metal distendido e confinamento transversal, sem
apoio na base ……………………………………………………………….. 406
6.2.4.1 – Solução IIB1 - pregagens / uma face (M53, M51, M42, M30) ….. 406
6.2.4.2 – Solução IIB2 - pregagens / duas faces (M22, M33) ……………... 408

XV
6.2.4.3 – Solução IIB3 - conectores inteiros (M26, M52, M54) ………….... 410
6.2.5 – Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
malha de metal distendido, sem confinamento transversal, com apoio na base
(M25, M55, M24) ………………………………………………………….. 413
6.2.6 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda, armado
com rede de fibra de vidro e confinamento transversal, com apoio na base
(M34, M29, M27) ………………………………………………………….. 417
6.2.7 – Síntese de resultados dos ensaios de compressão axial ……………………. 419
6.2.8 – Comparação de resultados dos ensaios de compressão axial ………………. 425
6.3 – Análise dos resultados dos ensaios de compressão-corte ………………………….. 432
6.3.1 - Muretes de referência (M20, M5, M12) ……………………………………. 432
6.3.2 – Solução de reforço IIB3 - muretes reforçados com lâminas de micro-betão
armadas com malha de metal distendido, sem apoio na base e confinamento
transversal por conectores (M15, M16, M18) ……………………………….. 434
6.3.3 – Solução de reforço I - muretes reforçados com conectores metálicos
transversais (M10, M13, M17) …………………………………………….. 439
6.3.4 – Solução de reforço IV - muretes reforçados com reboco de argamassa
bastarda, armado com rede de fibra de vidro e confinamento transversal,
com apoio na base (M14, M19, M11) ……………………………………… 442
6.3.5 – Síntese de resultados dos ensaios de compressão-corte ……………………. 443
6.3.6 – Comparação de resultados dos ensaios de compressão-corte ……………… 446
6.4 – Comparação de resultados dos ensaios de compressão axial e compressão-corte, por
solução de reforço ………………………………………………………………….. 447
6.4.1 – Rigidez axial e transversal …………………………………………………. 448
6.4.2 – Resistência mecânica ………………………………………………………. 450
6.5 – Aplicação do “método das escoras e tirantes” ……………………………………… 455
6.6 – Relações custo/benefício das soluções de reforço …………………………………. 459
6.7 – Comentários ao Capítulo VI ……………………………………………………….. 460

Capítulo VII
COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

7.1 – Introdução ………………………………………………………………………….. 463


7.2 – Comentários finais e conclusões …………………………………………………… 464

XVI
Índice do Texto

7.2.1 – Sobre a pesquisa bibliográfica ……………………………………………... 464


7.2.2 – Sobre os materiais de construção dos muretes ……………………………... 465
7.2.3 – Sobre os materiais de reforço ………………………………………………. 466
7.2.4 – Sobre as soluções de reforço ……………………………………………….. 466
7.2.5 – Sobre os resultados obtidos ………………………………………………… 469
7.2.5.1 – Ensaios de caracterização dos materiais de construção da alvenaria
e das soluções de reforço ………………………………………… 469
7.2.5.2 – Ensaios mecânicos sobre os muretes …………………………….. 470
a) ensaios de compressão axial …………………………………... 470
b) ensaios de compressão-corte …………………………………... 477
7.2.6 – Sobre os objectivos propostos e os objectivos alcançados ………………… 480
7.3 – Desenvolvimentos futuros …………………………………………………………. 481

Anexo I
– ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NA
CONSTRUÇÃO DOS MURETES .................................................................................... 487

Anexo II
– ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NAS
SOLUÇÕES DE REFORÇO DOS MURETES ................................................................. 569

Anexo III
– DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSAIOS MECÂNICOS ..................................... 621

Anexo IV
– ENSAIOS DE PÓS-ROTURA (VARIANTES DA SOLUÇÃO DE REFORÇO IIB) ... 647

Referências Bibliográficas ................................................................................ 679

XVII
Índice de Figuras

Fig. 1.1 - Construções de alvenaria, como património cultural da Humanidade ………… 2


Fig. 1.2 - Número de edifícios existentes em Portugal em 2001 (valores acumulados),
segundo o número de pisos, por principais materiais utilizados na construção ... 4
Fig. 1.3 - Construções de alvenaria de pedra seca ou mal argamassada …………………. 5
Fig. 1.4 - Construções de alvenaria ordinária ……………………………………………. 6
Fig. 1.5 - Construções de alvenaria mista ………………………………………………... 7
Fig. 1.6 - Gaiola tridimensional de madeira, característica da construção pombalina …... 7
Fig. 1.7 - Construção de cantaria (Palácio-Convento de Mafra) ………………………… 8
Fig. 1.8 - Localização das placas tectónicas Africana e Euro-asiática, e dos epicentros de
sismos históricos em Portugal e áreas adjacentes ……………………………... 9
Fig. 1.9 - Gravuras ilustrativas do aspecto da baixa da cidade de Lisboa após o terramoto
de 1 de Novembro de 1755 ……………………………………………………. 10
Fig. 1.10 - Aspecto da Vila de Benavente após o terramoto de 23 de Abril de 1909 ……. 11
Fig. 1.11 - Aspecto de alguns edifícios da Ilha do Faial, após o sismo de 9 de Julho de 1998 12
Fig. 1.12 - Curva de desempenho de uma estrutura ……………………………………… 19
Fig. 1.13 - Técnica de refechamento de juntas de paredes de alvenaria de pedra irregular 21
Fig. 1.14 - Representação esquemática do reforço de alvenaria com reticolo cimentato ... 22
Fig. 1.15 - Reforço de paredes de alvenaria de pedra com lâminas de micro-betão, armadas
com rede metálica ……………………………………………………………. 23
Fig. 1.16 - Consolidação de paredes de alvenaria de pedra com caldas de injecção …….. 25

Fig. 2.1 - Aspecto e características geométricas dos modelos experimentais do estudo


desenvolvido por M. R. Valluzzi, F. da Porto e C. Modena (2001) …………... 36
Fig. 2.2 - Sistema de ensaio utilizado por M. Valluzzi, F. da Porto e C. Modena (2001) .. 37
Fig. 2.3 - Geometria dos modelos experimentais estudados por Elizabeth N. Vintzileou
e Eleni-Eva E. Toumbakari (2001) ……………………………………………. 38
Fig. 2.4 - Tipologia e geometria das paredes utilizadas no ensaio desenvolvido por G.
Vasconcelos e P. Lourenço (2004) ……………………………………………. 40

XIX
Fig. 2.5 - Esquema do ensaio desenvolvido por G. Vasconcelos e P. Lourenço (2004) … 40
Fig. 2.6 - Paredes de junta seca (PS) e com junta de argamassa (PI), do estudo desenvolvido
por G. Vasconcelos e P. Lourenço (2004) …………………………………….. 41
Fig. 2.7 - Dispositivo de ensaio (vista em alçado), do estudo realizado por F. Pires (1994) .. 42
Fig. 2.8 - Geometria dos provetes e posicionamento das bases de leitura, no estudo
realizado por F. Pires (1994) …………………………………………………... 43
Fig. 2.9 - Características geométricas e aspecto dos modelos não reforçados, utilizados no
estudo desenvolvido por A. Campos Costa, P. Candeias, B. Massena e V. Cóias
e Silva (2004) ………………………………………………………………….. 44
Fig. 2.10 - Geometria dos modelos do estudo desenvolvido por P. Candeias, E. Coelho, A.
Costa e V. Silva (2004) ………………………………………………………. 46
Fig. 2.11 - Geometria dos modelos (série 1) do estudo desenvolvido por D. Oliveira, P.
Lourenço e P. Roca (2000) …………………………………………………... 48
Fig. 2.12 - Aspecto de dois modelos da série 1, após os ensaios realizados por D. Oliveira,
P. Lourenço e P. Roca (2000) ………………………………………………... 48
Fig. 2.13 - Modelos adoptados por Pere Roca (2004), para estimar a capacidade última de
paredes de alvenaria ao corte ………………………………………………… 50
Fig. 2.14 - Aspecto dos modelos da série 2, após os ensaios realizados por Pere Roca (2004) 51
Fig. 2.15 - Aspecto dos modelos da série 3, após os ensaios realizados por Pere Roca (2004) 51
Fig. 2.16 - Características geométricas dos modelos estudados por J. Molina, Y. Le Pape
e P. Pegon (2001) …………………………………………………………….. 52
Fig. 2.17 - Configuração dos ensaios realizados por A. El-Zeiny e J. Larralde (2000) ….. 54
Fig. 2.18 - Modelo tridimensional ensaiado por R. Leon, F. Moon, T. Yi e L. Kahn …… 55
Fig. 2.19 - Danos causados no modelo tridimensional ensaiado por R. Leon, F. Moon, T.
Yi e L. Kahn, para deslocamentos na cobertura de ± 6 mm …………………. 56
Fig. 2.20 - Reforço da parede 1 e comparação dos resultados antes e após o reforço, do
modelo tridimensional ensaiado por R. Leon, F. Moon, T. Yi e L. Kahn …… 57
Fig. 2.21 - Geometria das paredes de alvenaria e do pavimento (diafragma) de madeira, do
modelo tridimensional estudado por M. Bruneau e J. Paquette (2004) ……… 58
Fig. 2.22 - Esquema do ensaio realizado por M. Bruneau e J. Paquette (2004) …………. 59
Fig. 2.23 - Ensaios realizados sobre os modelos utilizados no estudo de F. Oliveira (2001) 60
Fig. 2.24 - Construção das paredes “H” com amarração indirecta, estudadas por Wilson J.
Silva, Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato (2004) ………………... 63
Fig. 2.25 - Representação esquemática do sistema de ensaio utilizado por Wilson J. Silva,
Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato (2004) ……………………….. 63

XX
Índice de Figuras

Fig. 2.26 - Resultados e modo de rotura das paredes “H” com amarração directa, do estudo
realizado por Wilson J. Silva, Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato
(2004) ………………………………………………………………………… 64
Fig. 2.27 - Resultados e modo de rotura das paredes “H” com amarração indirecta, do estudo
realizado por Wilson J. Silva, Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato
(2004) ………………………………………………………………………... 64
Fig. 2.28 - Ensaios de carga incluídos no estudo realizado por Bartolomé e Quiun (2004) 65
Fig. 2.29 - Resultados dos ensaios de compressão axial e compressão diagonal realizados
por G. C. Beolchini (1992) …………………………………………………… 66
Fig. 2.30 - Comportamento experimental de modelos de alvenaria de pedra irregular,
proposto por G. C. Beolchini (1992), com indicação dos parâmetros considerados 67
Fig. 2.31 - Comportamento experimental de modelos de alvenaria de pedra irregular, em
ensaios de compressão axial, proposto por C. M. Borrel (1997), com indicação
dos parâmetros considerados ………………………………………………… 67
Fig. 2.32 - Diagrama de tensões-deformações da alvenaria definido no Eurocódigo 6 …. 68
Fig. 2.33 - Relação tensões-deformações para o cálculo da alvenaria em flexão e
compressão, de acordo com o Eurocódigo 6 …………………………………. 68
Fig. 2.34 - Critério de rotura de Mohr-Coulomb …………………………………………. 69
Fig. 2.35 - Estrutura metálica de suporte da carga vertical, vendo-se o acelerógrafo sobre
a parede ………………………………………………………………………. 70
Fig. 2.36 - Representação esquemática da planta e alçado da casa A ……………………. 71
Fig. 2.37 - Desenhos de pormenor e aspecto dos trabalhos de reabilitação da Estalagem do
Cavalo, em Évora, realizada por J. Appleton ………………………………… 72

Fig. 3.1 - Local de construção dos muretes (alçado Poente, parcial, do DEC-FCT/UNL) .. 79
Fig. 3.2 - Bases de betão armado para apoio dos muretes .………………………………. 80
Fig. 3.3 - Limpeza do local de parqueamento dos materiais de construção (areias e pedra) 81
Fig. 3.4 - Descarga da pedra e das areias no parque de materiais, para a construção dos
muretes ………………………………………………………………………... 81
Fig. 3.5 - Cal aérea utilizada na construção dos muretes ………………………………… 82
Fig. 3.6 - Composição e amassadura mecânica da argamassa de assentamento …………. 84
Fig. 3.7 - Preparação da pedra para a construção dos muretes …………………………... 85
Fig. 3.8 - Representação esquemática dos muretes de alvenaria ordinária ………………. 86
Fig. 3.9 - Construção dos muretes (entre 15 e 30 de Julho de 2002) …………………….. 87
Fig. 3.10 - Sombreamento provisório utilizado durante a construção dos muretes ……… 88

XXI
Fig. 3.11 - Representação esquemática do interior do abrigo, com referência às datas de
construção e identificação dos muretes, e aos ensaios de caracterização aqui
realizados …………………………………………………………………….. 89
Fig. 3.12 - Abrigo definitivo para cura dos muretes (vistas exterior e interior) …………. 90
Fig. 3.13 - Lintéis preliminares: simples, sobre o murete M47 e armado, sobre o murete
M46 …………………………………………………………………………... 90
Fig. 3.14 - Representação esquemática dos muretes M46 e M47, após a conclusão dos
lintéis ………………………………………………………………………..... 91
Fig. 3.15 - Movimentação dos muretes para a realização dos lintéis definitivos ………... 92
Fig. 3.16 - Preparação da cofragem (madeira) e das armaduras para a betonagem dos lintéis 92
Fig. 3.17 - Preparação e betonagem dos lintéis dos muretes no Lab.1.10 do DEC ……… 93
Fig. 3.18 - Representação esquemática dos muretes, após a betonagem dos lintéis ……... 93
Fig. 3.19 - Colocação dos muretes no abrigo após betonagem dos lintéis em betão armado .. 94
Fig. 3.20 - Curva granulométrica da areia de rio utilizada na argamassa de assentamento 97
Fig. 3.21 - Curva granulométrica da areia de areeiro utilizada na argamassa de assentamento 98
Fig. 3.22 - Amostra de argamassa de assentamento retirada à saída da betoneira ………. 100
Fig. 3.23 - Resultados do ensaio de consistência da argamassa …………………………. 101
Fig. 3.24 - Compactador mecânico e provetes de argamassa de assentamento, moldados
durante a construção dos muretes ……………………………………………... 102
Fig. 3.25 - Local de cura dos provetes da argamassa de assentamento e dos materiais
utilizados no reforço dos muretes (Laboratório 1.15 do DEC) ………………. 104
Fig. 3.26 - Termohigrómetro utilizado na medição da temperatura e humidade relativa no
local de cura dos provetes da argamassa de assentamento …………………... 105
Fig. 3.27 - Temperatura e humidade relativa, às 11:00 e às 15:00 horas, no local de cura
dos provetes de argamassa de assentamento (e dos materiais de reforço), nos
anos de 2002 e 2003 ………………………………………………………...... 105
Fig. 3.28 - Temperatura e humidade relativa, às 11:00 e às 15:00 horas, no local de cura
dos provetes de argamassa de assentamento (e dos materiais de reforço), nos
anos de 2004 e 2005 ………………………………………………………...... 106
Fig. 3.29 - Massas dos provetes de argamassa de assentamento durante o endurecimento, e
condições de temperatura e humidade relativa do local de cura (no momento
as pesagens) …………………………………………………………………... 107
Fig. 3.30 - Ascensão de um líquido num capilar de raio r, sob a acção da pressão P ……. 109
Fig. 3.31 - Fenómenos de formação de eflorescências e criptoflorescências ……………. 110

XXII
Índice de Figuras

Fig. 3.32 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade da argamassa de


assentamento - gráficos médios de lotes de três provetes …………………….. 112
Fig. 3.33 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade da argamassa de
assentamento - gráficos médios de P19-P20-P21 e P37-P38, em duas datas
distintas ……………………………………………………………………….. 112
Fig. 3.34 - Coeficiente de absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento
ao longo do tempo …………………………………………………………… 113
Fig. 3.35 - Evolução das massas e variações dimensionais lineares dos provetes R7, R8 e R9 115
Fig. 3.36 - Módulo de elasticidade dinâmico (médio) da argamassa de assentamento, ao
longo do tempo (apenas com cal aérea Lusical) ……………………………... 116
Fig. 3.37 - Diagramas tensão-deformação do ensaio de compressão dos provetes de
argamassa de assentamento P43-P44-P45 …………………………………… 117
Fig. 3.38 - Evolução das resistências à tracção por flexão e à compressão em provetes de
16cm×4cm×4cm da argamassa de assentamento …………………………….. 119
Fig. 3.39 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte da argamassa de assentamento,
ao longo do tempo ……………………………………………………………. 120
Fig.3.40 - Representação esquemática da evolução da profundidade de carbonatação ao
longo do tempo, em provetes prismáticos de argamassa com 16cm×4cm×4cm 121
Fig. 3.41 - Evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento ao
longo do tempo, em provetes de 16cm×4cm×4cm …………………………… 121
Fig. 3.42 - Termohigrometro para leitura das condições de temperatura e humidade relativa
no interior do abrigo, desde o inicio da construção dos muretes até ao final do
trabalho experimental ………………………………………………………… 122
Fig. 3.43 - Temperatura e humidade relativa no local de cura dos muretes às 04 horas,
durante (cerca de) um ano após a sua construção ……………………………. 122
Fig. 3.44 - Temperatura e humidade relativa no local de cura dos muretes às 11 e às 15
horas, desde a sua construção (Jul/02) até ao final do trabalho experimental
(Jul/05) ……………………………………………………………………...... 123
Fig. 3.45 - Variação da massa volúmica da alvenaria dos muretes pequenos e grandes, em
torno dos valores médios …………………………………………………….. 125
Fig. 3.46 - Preparação dos muretes M37, M45 e M62 para determinação das variações
dimensionais lineares ao longo do tempo ……………………………………. 126
Fig. 3.47 - Variações dimensionais lineares nos muretes M37, M45 e M62, de Ago/02 a
Fev/04 ……………………………………………………………………….. 126

XXIII
Fig. 3.48 - Relação entre as curvas de variações dimensionais lineares dos muretes M37,
M45 e M62, e do teor de humidade da argamassa de assentamento e da pedra
calcária ………………………………………………………………………... 127
Fig. 3.49 - Posicionamento dos tubos de Carsten para realização do ensaio absorção de
água sob baixa pressão ……………………………………………………….. 128
Fig. 3.50 - Leituras médias do ensaio de absorção de água sob baixa pressão dos muretes
M12, M13, M19, M20, M21, M23, M24, M34, M41 e M56, aos (~) 90 dias .. 129
Fig. 3.51 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão sobre o murete
M56, aos 813 dias ……………………………………………………………. 129
Fig. 3.52 - Comparação dos resultados médios das leituras do murete M56, aos 107 e aos
813 dias ……………………………………………………………………….. 129
Fig. 3.53 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão (1ª leitura), no
murete M39, aos 949 dias …………………………………………………….. 130
Fig. 3.54 - Resultados médios das três leituras ao longo do tempo do ensaio de absorção
de água sob baixa pressão ……………………………………………………. 130
Fig. 3.55 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob
baixa pressão do murete M39, aos 949 dias - “tubo 1” ………………………. 130
Fig. 3.56 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob
baixa pressão do murete M39, aos 949 dias - “tubo 2” ………………………. 131
Fig. 3.57 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob
baixa pressão do murete M39, aos 949 dias - “tubo 3” ………………………. 131
Fig. 3.58 - Aspecto dos pontos de apoio dos tubos de Carsten após as nove repetições do
ensaio de absorção de água sob baixa pressão no murete M39 ………………. 132
Fig. 3.59 - Evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento da
alvenaria ao longo do tempo (em relação ao valor máximo de 200 mm) ……. 133
Fig. 3.60 - Evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento em
muretes e provetes prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm, até aos 90 dias . 133

Fig. 4.1 - Posicionamento dos conectores (em quincôncio) nos muretes ………………... 140
Fig. 4.2 - Abertura dos furos com 16 mm de diâmetro, para introdução dos conectores
metálicos ………………………………………………………………………. 141
Fig. 4.3 - Trabalhos preparatórios e de injecção dos furos dos conectores transversais (com
“micro argamassa pozolânica de injecção”) …………………………………... 142
Fig. 4.4 - Colocação das chapas de ancoragem nas extremidades dos conectores ………. 142

XXIV
Índice de Figuras

Fig. 4.5 - Pormenorização da solução reforço I, baseada em conectores metálicos transversais . 143
Fig. 4.6 - Numeração dos conectores …………………………………………………….. 144
Fig. 4.7 - Aspecto final e identificação dos muretes em que foi aplicada a solução de
reforço I ……………………………………………………………………….. 144
Fig. 4.8 - Realização da solução de reforço IIA, no murete M46 ………………………... 146
Fig. 4.9 - Trabalhos preparatórios e de injecção de calda no murete M46 ………………. 147
Fig. 4.10 - Preparação dos muretes para a aplicação da 1ª camada das lâminas micro-betão
da solução de reforço IIB ……………………………………………………... 149
Fig. 4.11 - Aplicação da 1ª camada das lâminas micro-betão da solução de reforço IIB ... 149
Fig. 4.12 - Cura da 1ª camada das lâminas micro-betão da solução de reforço IIB ……... 150
Fig. 4.13 - Abertura dos furos para colocação das pregagens e dos conectores nos muretes . 150
Fig. 4.14 - Realização das pregagens …………………………………………………….. 151
Fig. 4.15 - Esquema de montagem e corte da rede de metal distendido …………………. 152
Fig. 4.16 - Características geométricas da rede de metal distendido utilizada nas soluções
de reforço IIB e III ……………………………………………………………. 153
Fig. 4.17 - Posicionamento da rede metálica, com o auxílio das pregagens e dos conectores,
e aperto das porcas M12 com a “chave dinamométrica” ……………………... 153
Fig. 4.18 - Aplicação da 2ª camada de micro-betão da solução de reforço IIB, com
humedecimento prévio das superfícies ………………………………………. 154
Fig. 4.19 - Identificação dos muretes sujeitos à solução de reforço IIB e variantes ……... 155
Fig. 4.20 - Pormenorização das variantes à solução de reforço IIB ……………………... 156
Fig. 4.21 - Principal equipamento utilizado na aplicação solução de reforço IIB ……….. 157
Fig. 4.22 - Humedecimento das faces dos muretes e aplicação da 1ª camada de micro-betão
da solução de reforço III ……………………………………………………… 158
Fig. 4.23 - Cura da 1ª camada da solução de reforço III …………………………………. 158
Fig. 4.24 - Esquema de corte e montagem da rede de metal distendido …………………. 159
Fig. 4.25 - Aspecto dos muretes antes da aplicação da segunda camada de micro-betão da
solução de reforço III (vista Poente) ………………………………………….. 159
Fig. 4.26 - Aplicação da 2ª camada de micro-betão armado da solução de reforço III, com
humedecimento prévio das superfícies ………………………………………. 160
Fig. 4.27 - Separação dos dez muretes usados para a solução de reforço III …………….. 160
Fig. 4.28 - Identificação dos muretes e das variantes da solução de reforço III …………. 161
Fig. 4.29 - Pormenorização das variantes da solução de reforço III ……………………... 162
Fig. 4.30 - Muretes para a aplicação da solução de reforço IV ………………………….. 164

XXV
Fig. 4.31 - Cantoneiras metálicas fixas aos apoios dos muretes para garantir o alinhamento
entre as faces inferiores da base e do reboco ………………………………… 164
Fig. 4.32 - Realização mas mestras para controlo da espessura média do reboco ……….. 165
Fig. 4.33 - Preparação da argamassa bastarda em betoneira eléctrica e aplicação da 1ª
camada de argamassa bastarda ……………………………………………….. 165
Fig. 4.34 - Abertura dos furos de 16 mm de diâmetro, para realização do confinamento
transversal …………………………………………………………………….. 166
Fig. 4.35 - Corte da malha de fibra de vidro, para colocação nos muretes (dupla camada) …. 166
Fig. 4.36 - Cosedura da alvenaria sobre a malha de fibra de vidro ………………………. 167
Fig. 4.37 - Aspecto dos muretes antes do início da aplicação da segunda camada de
argamassa …………………………………………………………………….. 167
Fig. 4.38 - Representação esquemática da malha de fibra de vidro e dos percursos dos
fios de aço zincado entre os furos dos muretes grandes ……………………... 168
Fig. 4.39 - Representação esquemática da malha de fibra de vidro e dos percursos dos
fios de aço zincado entre os furos dos muretes pequenos ……………………. 169
Fig. 4.40 - Tubos colocados nos furos transversais, servindo de “negativos” para a posterior
injecção de calda ……………………………………………………………... 169
Fig. 4.41 - Aplicação da 2ª camada do reboco de argamassa bastarda e aspecto final dos
muretes ……………………………………………………………………….. 170
Fig. 4.42 - Injecção de calda de cimento nos furos dos muretes da solução de reforço IV
(bomba manual), com lavagem prévia dos furos …………………………….. 170
Fig. 4.43 - Aspecto final e identificação dos muretes da solução de reforço IV ………… 171
Fig. 4.44 - Pormenorização da solução de reforço IV, relativa ao reboco de argamassa
bastarda armado com rede de fibra de vidro, com apoio na base e confinamento
transversal ……………………………………………………………………. 171
Fig. 4.45 - Murete com uma das faces revestida com argamassa bastarda da solução de
reforço IV, para realização do ensaio de absorção de água sob baixa pressão . 172
Fig. 4.46 - Amostra de argamassa utilizada no apoio das chapas de ancoragem dos
conectores metálicos transversais à alvenaria, da solução de reforço I ……… 174
Fig. 4.47 - Resultado do ensaio de resistência à tracção de um varão metálico roscado M12,
utilizado no confinamento transversal dos muretes das soluções de reforço I,
II e III ………………………………………………………………………… 175
Fig. 4.48 - Extracção de amostras e provetes para ensaios de caracterização dos materiais
utilizados na solução de reforço IIB …………………………………………. 176

XXVI
Índice de Figuras

Fig. 4.49 - Plano de corte e carotagens dos dois “cubos grandes” (amostras) da solução IIB . 177
Fig. 4.50 - Trabalhos de carotagem e corte de um dos cubos grandes da solução de
reforço IIB ……………………………………………………………………. 177
Fig. 4.51 - Incisões realizadas no micro-betão projectado no murete M56, no dia da
aplicação da 1ª camada da solução de reforço IIB (fig. 4.11) ………………... 178
Fig. 4.52 - Designação dos provetes obtidos por carotagem (cilindros) ou corte (prismas)
dos “cubos grandes” de micro-betão – provetes “tipo A” e “tipo B”, nas soluções
de reforço IIB e III …………………………………………………………… 179
Fig. 4.53 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução de
reforço IIB ……………………………………………………………………. 181
Fig. 4.54 - Aspecto dos provetes após a realização do ensaio aderência ao suporte, da
solução de reforço IIB ………………………………………………………... 182
Fig. 4.55 - Amostras para os ensaios de caracterização da solução de reforço III ………. 184
Fig. 4.56 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução de
reforço III …………………………………………………………………….. 186
Fig. 4.57 - “Efeito de parede” nos provetes moldados de 16cm×4cm×4cm (que não ocorre
nos provetes “cortados”), nas soluções de reforço IIB e III …………………. 187
Fig. 4.58 - Amostras de materiais utilizados na solução de reforço IV para os ensaios de
caracterização ……………………………………………………………….... 189
Fig. 4.59 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de
reforço IV …………………………………………………………………….. 191
Fig. 4.60 - Diagramas tensão-deformação do ensaio de compressão dos provetes
prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm da solução de reforço IV ………... 192
Fig. 4.61 - Resistência mecânica da malha de fibra de vidro da solução de reforço IV …. 193
Fig. 4.62 - Custo de execução de cada solução de reforço num murete pequeno
(aproximadamente igual ao custo de reforço por m2 de alvenaria, para a
espessura de 0,40 m) …………………………………………………………. 198
Fig. 4.63 - Comparação entre os valores de porosidade aberta da argamassa de assentamento
e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço dos muretes 207
Fig. 4.64 - Comparação entre os valores do coeficiente de absorção de água por capilaridade
da argamassa de assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das
lâminas de reforço dos muretes ………………………………………………. 208
Fig. 4.65 - Comparação entre os valores do coeficiente de permeabilidade ao vapor de
água da argamassa de assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda
das lâminas de reforço dos muretes ………………………………………….. 208

XXVII
Fig. 4.66 - Comparação gráfica dos resultados médios do ensaio de absorção de água sob
baixa pressão da argamassa de assentamento e do micro-betão e da argamassa
bastarda das lâminas de reforço dos muretes ………………………………… 209
Fig. 4.67 - Comparação entre os valores da resistência à compressão da argamassa de
assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço
dos muretes …………………………………………………………………... 209
Fig. 4.68 - Comparação entre os valores do módulo de elasticidade secante da argamassa
de assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de
reforço dos muretes …………………………………………………………... 210

Fig. 5.1 - Representação esquemática do sistema de ensaio de compressão axial ………. 212
Fig. 5.2 - Aspecto do sistema de ensaio de compressão axial, no início da campanha
experimental ………………………………………………………………….... 214
Fig. 5.3 - Representação esquemática do processo de aquisição de dados e controlo nos
ensaios de compressão axial …………………………………………………... 214
Fig. 5.4 - Representação esquemática do sistema de ensaio de compressão-corte ………. 217
Fig. 5.5 - Aspecto do sistema de ensaio de compressão-corte, no início da campanha
experimental …………………………………………………………………... 219
Fig. 5.6 - Representação esquemática do processo de aquisição de dados e controlo nos
ensaios de compressão-corte sobre os muretes ………………………………... 219
Fig. 5.7 - Vista superior e localização esquemática (em planta) dos dois sistemas de
ensaio no Laboratório de Estruturas Pesadas do DEC (LabDEC), no início do
trabalho experimental ………………………………………………………….. 221
Fig. 5.8 - Regularização das superfícies superiores dos lintéis dos muretes de referência
e da solução de reforço I, antes da sua colocação nos sistemas de ensaio …….. 222
Fig. 5.9 - Aspecto dos lintéis antes e depois da regularização superior, nos muretes
reforçados com lâminas de micro-betão (exemplo para a solução de reforço III) 222
Fig. 5.10 - Dimensões médias dos muretes de referência e das soluções de reforço I e IIB . 223
Fig. 5.11 - Dimensões médias dos muretes pertencentes às soluções de reforço III e IV .. 224
Fig. 5.12 - Limpeza das faces laterais dos muretes reforçados com micro-betão (soluções
IIB e III) ……………………………………………………………………… 224
Fig. 5.13 - Remoção das cantoneiras metálicas L50×50 das bases dos muretes da solução
de reforço IIB (exemplo para um murete grande) ……………………………. 225
Fig. 5.14 - Eliminação de “folgas” entre o reforço dos muretes e as bases de ensaio, nas
soluções de reforço III e IV ………………………………………………….. 226

XXVIII
Índice de Figuras

Fig. 5.15 - Ajuste do contacto entre os cantos superiores dos “rebocos” e o sistema de
ensaio compressão-corte ……………………………………………………... 226
Fig. 5.16 - Corte das extremidades dos conectores metálicos transversais (solução de
reforço I) e seu aperto com “chave dinamométrica” …………………………. 226
Fig. 5.17 - Dispositivo de segurança adicional no sistema de ensaio de compressão axial,
para as soluções de reforço IIB a IV …………………………………………. 227
Fig. 5.18 - Posicionamento dos suportes dos deflectómetros e sua fixação às bases dos
muretes no sistema de ensaio de compressão axial …………………………... 229
Fig. 5.19 - Aspecto do murete M47, antes do ensaio de compressão axial ……………… 230
Fig. 5.20 - Ensaio preliminar de compressão axial (até à rotura do o murete M47) ……... 231
Fig. 5.21 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio preliminar de compressão
axial sobre o murete M47 …………………………………………………….. 231
Fig. 5.22 - Diagrama força-deslocamento do ensaio preliminar de compressão axial sobre
o murete M47 ………………………………………………………………… 232
Fig. 5.23 - Aspecto do murete M46, antes do ensaio de compressão axial ……………… 232
Fig. 5.24 - Segundo ensaio de compressão axial preliminar (pré - fendilhação do murete
M46) ………………………………………………………………………….. 233
Fig. 5.25 - História de carga e deslocamentos verticais do segundo ensaio de compressão
axial preliminar (fendilhação prévia do murete M46) ……………………….. 233
Fig. 5.26 - Diagrama força-deslocamento do segundo ensaio de compressão axial
preliminar (fendilhação prévia do murete M46) ……………………………... 234
Fig. 5.27 - Aspecto final da base de apoio e do lintel e do murete M47 …………………. 235
Fig. 5.28 - Aspecto do murete M43, antes do ensaio de compressão axial ……………… 236
Fig. 5.29 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M43 ……………………………. 237
Fig. 5.30 - História de carga e de deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial
do murete M43 ……………………………………………………………….. 238
Fig. 5.31- Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M43 238
Fig. 5.32 - Aspecto do murete M21, antes do ensaio de compressão axial ……………… 239
Fig. 5.33 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M21 ……………………………. 240
Fig. 5.34 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial do
murete M21 …………………………………………………………………... 240
Fig. 5.35 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M21 .. 241
Fig. 5.36 - Aspecto do murete M32, antes do ensaio de compressão axial ……………… 241
Fig. 5.37 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M32 ……………………………. 242

XXIX
Fig. 5.38 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio
de compressão axial do murete M32 …………………………………………. 243
Fig. 5.39 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão
axial do murete M32 …………………………………………………………. 243
Fig. 5.40 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M32 244
Fig. 5.41 - Diagrama força vertical - deformação transversal do ensaio de compressão
axial do murete M32 …………………………………………………………. 244
Fig. 5.42 - Aspecto do murete M41, antes do ensaio de compressão axial ……………… 245
Fig. 5.43 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M41 ……………………………. 246
Fig. 5.44 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M41 ………………………………………………………………… 247
Fig. 5.45 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M41 …………………………………………………………………………... 247
Fig. 5.46 - Aspecto do murete M41 após o ensaio de compressão axial ………………… 248
Fig. 5.47 - Aspecto do murete M44, antes do ensaio de compressão axial ……………… 248
Fig. 5.48 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M44 ……………………………. 250
Fig. 5.49 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M44 ………………………………………………………………… 250
Fig. 5.50 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M44 …………………………………………………………………………... 251
Fig. 5.51 - Aspecto do murete M44 após o ensaio de compressão axial ………………… 251
Fig. 5.52 - Aspecto do murete M28, antes do ensaio de compressão axial ……………… 252
Fig. 5.53 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M28 ……………………………. 253
Fig. 5.54 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M28 ………………………………………………………………… 253
Fig. 5.55 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M28 …………………………………………………………………………... 254
Fig. 5.56 - Aspecto do murete M28 após o ensaio de compressão axial ………………… 254
Fig. 5.57 - Representação esquemática das distâncias entre as lâminas de micro-betão e
a base do sistema de ensaio de compressão axial (variantes IIB1 e IIB3) …… 256
Fig. 5.58 - Aspecto do murete M53 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial ……………………………………………………………... 258
Fig. 5.59 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M53 ……………………………. 259
Fig. 5.60 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M53 ………………………………………………………………… 259

XXX
Índice de Figuras

Fig. 5.61 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima


do ensaio de compressão axial sobre o murete M53 …………………………. 260
Fig. 5.62 - Aspecto do murete M53 e das extremidades das pregagens, após o ensaio de
compressão axial ……………………………………………………………... 261
Fig. 5.63 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-
rotura) sobre o murete M53 ………………………………………………….. 261
Fig. 5.64 - Aspecto do murete M51 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial ……………………………………………………………... 262
Fig. 5.65 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M51 ……………………………. 262
Fig. 5.66 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M51 ………………………………………………………………… 263
Fig. 5.67 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima
do ensaio de compressão axial sobre o murete M51 …………………………. 264
Fig. 5.68 - Aspecto do murete M51 após o ensaio de compressão axial ………………… 264
Fig. 5.69 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-
rotura) sobre o murete M51 ………………………………………………….. 265
Fig. 5.70 - Aspecto do murete M42 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial ……………………………………………………………... 266
Fig. 5.71 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M42 ……………………………. 266
Fig. 5.72 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M42 ………………………………………………………………… 267
Fig. 5.73 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima
do ensaio de compressão axial sobre o murete M42 …………………………. 268
Fig. 5.74 - Aspecto do murete M42 após o ensaio de compressão axial ………………… 269
Fig. 5.75 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-
rotura) sobre o murete M42 ………………………………………………….. 269
Fig. 5.76 - Aspecto do murete M30 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial ……………………………………………………………... 270
Fig. 5.77 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M30 ……………………………. 271
Fig. 5.78 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio
de compressão axial do murete M30 …………………………………………. 271
Fig. 5.79 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão
axial do murete M30 …………………………………………………………. 272
Fig. 5.80 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força
máxima do ensaio de compressão axial do murete M30 …………………….. 272

XXXI
Fig. 5.81 - Diagrama força vertical - deformação transversal do ensaio de compressão axial
do murete M30 ……………………………………………………………….. 273
Fig. 5.82 - Aspecto do murete M30 após o ensaio de compressão axial ………………… 273
Fig. 5.83 - Diagramas conjuntos força vertical-deslocamento vertical ensaio de compressão
axial (rotura e pós-rotura) do murete M30 …………………………………… 274
Fig. 5.84 - Aspecto global dos muretes M53, M51, M42 e M30 após os ensaios de
compressão axial (pós-rotura) ………………………………………………... 274
Fig. 5.85 - Aspecto do murete M22, antes do ensaio de compressão axial ……………… 275
Fig. 5.86 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M22 ……………………………. 276
Fig. 5.87 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M22 ………………………………………………………………… 276
Fig. 5.88 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M22 …………………………………………………………………………... 277
Fig. 5.89 - Aspecto do murete M22, após o ensaio de compressão axial ………………... 277
Fig. 5.90 - Aspecto do murete M33, antes do ensaio de compressão axial ……………… 278
Fig. 5.91 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M33 ……………………………. 279
Fig. 5.92 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o Murete M33 ………………………………………………………………... 279
Fig. 5.93 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M33 …………………………………………………………………………... 279
Fig. 5.94 - Aspecto do murete M33, após o ensaio de compressão axial ………………... 280
Fig. 5.95 - Diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura
e pós-rotura) sobre o murete M33 ……………………………………………. 280
Fig. 5.96 - Aspecto do murete M26 antes do ensaio de compressão axial ………………. 281
Fig. 5.97 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M26 ……………………………. 282
Fig. 5.98 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre
o murete M26 ………………………………………………………………… 282
Fig. 5.99 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M26 …………………………………………………………………………... 282
Fig. 5.100 - Aspecto do murete M26 após o ensaio de compressão axial ……………….. 283
Fig. 5.101 - Diagramas força - deslocamento do murete M26 (rotura e pós-rotura) …….. 284
Fig. 5.102 - Aspecto do murete M52 e das extremidades dos conectores, antes do ensaio
de compressão axial …………………………………………………………. 284
Fig. 5.103 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M52 …………………………... 285

XXXII
Índice de Figuras

Fig. 5.104 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial


sobre o murete M52 …………………………………………………………. 285
Fig. 5.105 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M52 …………………………………………………………………………. 286
Fig. 5.106 - Aspecto do murete M52 e das extremidades dos conectores, após o ensaio de
compressão axial …………………………………………………………….. 287
Fig. 5.107 - Diagramas conjuntos força-deslocamento do ensaio do murete M52 (rotura
e pós-rotura) …………………………………………………………………. 287
Fig. 5.108 - Aspecto do murete M54 e das extremidades dos conectores, antes do ensaio
de compressão axial …………………………………………………………. 288
Fig. 5.109 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M54 …………………………... 289
Fig. 5.110 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio
compressão axial do murete M54 …………………………………………... 290
Fig. 5.111 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão
axial do murete M54 ………………………………………………………… 290
Fig. 5.112 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M54 . 291
Fig. 5.113 - Diagrama força vertical - deformação transversal do murete M54 …………. 291
Fig. 5.114 - Aspecto do murete M54 e das extremidades dos conectores, após o ensaio de
compressão axial ……………………………………………………………. 292
Fig. 5.115 - Aspecto dos muretes M26, M52 e M54 após os ensaios de compressão axial ... 293
Fig. 5.116 - Aspecto do murete M25 antes, do ensaio de compressão axial …………….. 295
Fig. 5.117 - História de carga e deslocamentos verticais da 1ª fase do ensaio de compressão
axial sobre o Murete M25 …………………………………………………… 296
Fig. 5.118 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M25 …………………………... 297
Fig. 5.119 - História de carga e deslocamentos verticais da 2ª fase do ensaio de compressão
axial sobre o murete M25 ……………………………………………………. 298
Fig. 5.120 - Diagramas força - deslocamento do ensaio de compressão axial (1ª e 2ª fases)
sobre o murete M25 …………………………………………………………. 298
Fig. 5.121 - Aspecto do murete M25 após o ensaio de compressão axial ……………….. 299
Fig. 5.122 - Aspecto do murete M55 antes do ensaio de compressão axial ……………... 299
Fig. 5.123 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M55 …………………………... 300
Fig. 5.124 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial
sobre o murete M55 …………………………………………………………. 301
Fig. 5.125 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M55 ………………………………………………………………………… 301

XXXIII
Fig. 5.126 - Aspecto do murete M55 após o ensaio de compressão axial ……………….. 302
Fig. 5.127 - Aspecto do murete M24 antes do ensaio de compressão axial ……………... 303
Fig. 5.128 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M24 …………………………... 303
Fig. 5.129 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial
sobre o murete M24 …………………………………………………………. 304
Fig. 5.130 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M24 …………………………………………………………………………. 305
Fig. 5.131 - Aspecto do murete M24 após o ensaio de compressão axial ……………….. 305
Fig. 5.132 - Aspecto dos muretes M25, M55 e M24 (cintados) após os ensaios de
compressão axial …………………………………………………………….. 306
Fig. 5.133 - Aspecto do murete M34, antes do ensaio de compressão axial …………….. 307
Fig. 5.134 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M34 …………………………... 308
Fig. 5.135 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial
sobre o murete M34 ………………………………………………………… 309
Fig. 5.136 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M34 …………………………………………………………………………. 309
Fig. 5.137 - Aspecto do murete M34 após o ensaio de compressão ……………………... 310
Fig. 5.138 - Aspecto da extremidade do furo transversal central do murete M34, após o
ensaio de compressão axial …………………………………………………. 311
Fig. 5.139 - Aspecto do murete M29, antes do ensaio de compressão axial …………….. 311
Fig. 5.140 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M29 …………………………... 312
Fig. 5.141 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial
sobre o murete M29 …………………………………………………………. 312
Fig. 5.142 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M29 …………………………………………………………………………. 313
Fig. 5.143 - Aspecto do murete M29 após o ensaio de compressão axial ……………….. 313
Fig. 5.144 - Aspecto da extremidade do furo transversal central do murete M29, após o
ensaio de compressão axial ………………………………………………….. 314
Fig. 5.145 - Aspecto do murete M27, antes do ensaio de compressão axial …………….. 314
Fig. 5.146 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M27 …………………………... 315
Fig. 5.147 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial
sobre o murete M27 ………………………………………………………… 316
Fig. 5.148 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete
M27 …………………………………………………………………………. 316

XXXIV
Índice de Figuras

Fig. 5.149 - Aspecto do murete M27 após o ensaio de compressão axial ……………….. 317
Fig. 5.150 - Aspecto final da extremidade do furo transversal central do murete M27, após
o ensaio de compressão axial ………………………………………………... 318
Fig. 5.151 - Aspecto global dos muretes M27, M29 e M34 após os ensaios de compressão
axial ………………………………………………………………………….. 318
Fig. 5.152 - Representação esquemática da história de deslocamentos horizontais em
ensaios monotónicos, cíclicos e alternados ………………………………….. 322
Fig. 5.153 - Representação esquemática da instrumentação do sistema de ensaio ………. 325
Fig. 5.154 - Aspecto do murete M20, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 326
Fig. 5.155 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M20 (vista Nascente) ………… 327
Fig. 5.156 - Final do ensaio de compressão-corte sobre o murete M20 (vista Poente) ….. 328
Fig. 5.157 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M20 .………………………………………………………………………… 328
Fig. 5.158 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M20 ………………………………………………………… 329
Fig. 5.159 - Aspecto do murete M20, após o ensaio de compressão-corte ………………. 329
Fig. 5.160 - Aspecto do murete M5, antes do ensaio de compressão-corte ……………… 330
Fig. 5.161 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M5 (vista Nascente) ………….. 332
Fig. 5.162 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M5 …………………………………………………………………………... 332
Fig. 5.163 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M5 …………………………………………………………. 333
Fig. 5.164 - Aspecto do murete M5, após o ensaio de compressão-corte ………………... 333
Fig. 5.165 - Aspecto do murete M12, antes do ensaio de compressão-corte (rotação de 360º) 334
Fig. 5.166 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M12 (vista Nascente) ………… 335
Fig. 5.167 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M12 (vista Poente) …………… 336
Fig. 5.168 - História de carga, deslocamentos verticais e horizontais e deformação
transversal do ensaio de compressão-corte do murete M12 ………………... 337
Fig. 5.169 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão-
corte do murete M12 ………………………………………………………... 337
Fig. 5.170 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M12 ………………………………………………………... 338
Fig. 5.171 - Diagrama força horizontal-deformação transversal e relação entre deformações
transversais e a distorção do ensaio de compressão-corte do murete M12 …. 338

XXXV
Fig. 5.172 - Aspecto final dos seis muretes de referência após os ensaios mecânicos …... 338
Fig. 5.173 - Aspecto do murete M15, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 339
Fig. 5.174 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M15 (vista Sul/Nascente), nos seis
ciclos de deslocamentos horizontais ………………………………………... 341
Fig. 5.175 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte sobre o
murete M15, com sinalização do instante de rotura …………………………. 342
Fig. 5.176 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal, nos 1º e 2º ciclos, do
ensaio de compressão-corte do murete M15 ………………………………... 342
Fig. 5.177 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal, nos 3º a 6º ciclos, do
ensaio de compressão-corte do murete M15 ………………………………… 343
Fig. 5.178 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos 1 a 6,
do ensaio de compressão-corte do murete M15 ……………………………... 343
Fig. 5.179 - Representação esquemática das distâncias entre as lâminas de micro-betão
do murete (solução de reforço IIB) e a base do sistema de ensaio de compressão-
corte ………………………………………………………………………….. 344
Fig. 5.180 - Aspecto do murete M15, após o ensaio de compressão-corte ………………. 345
Fig. 5.181 - Aspecto do murete M16, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 346
Fig. 5.182 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M16 …………………………... 347
Fig. 5.183 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte sobre o
murete M16, com sinalização do instante de rotura ………………………… 348
Fig. 5.184 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 1º a 4º ciclos do
ensaio de compressão-corte do murete M16 ………………………………... 348
Fig. 5.185 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 5º a 11º ciclos do
ensaio de compressão-corte do murete M16 ………………………………… 349
Fig. 5.186 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de
compressão-corte do murete M16 …………………………………………… 350
Fig. 5.187 - Aspecto do murete M16, após o ensaio de compressão-corte ………………. 350
Fig. 5.188 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de
compressão-corte (rotura e pós-rotura) do murete M16 ……………………. 351
Fig. 5.189 - Aspecto do murete M18, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 352
Fig. 5.190 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M18 …………………………... 354
Fig. 5.191 - História de carga, deslocamentos (verticais e horizontais) e deformação
transversal do ensaio de compressão-corte sobre o murete M18, com sinalização
do instante de rotura ………………………………………………………… 354

XXXVI
Índice de Figuras

Fig. 5.192 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão-


corte do murete M18 ………………………………………………………… 355
Fig. 5.193 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 1º a 6º ciclos do
ensaio de compressão-corte sobre o murete M18 …………………………… 355
Fig. 5.194 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 7º a 9º ciclos do
ensaio de compressão-corte sobre o murete M18 …………………………… 356
Fig. 5.195 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de
compressão-corte do murete M18 …………………………………………… 356
Fig. 5.196 - Aspecto do murete M18, após o ensaio de compressão-corte ………………. 357
Fig. 5.197 - Aspecto da base de ensaio, após o ensaio de compressão-corte do murete M18 358
Fig. 5.198 - Aspecto do murete M10, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 360
Fig. 5.199 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M10 (vista Poente) …………… 361
Fig. 5.200 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M10 ………………………………………………………………………….. 362
Fig. 5.201 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M10 ………………………………………………………... 362
Fig. 5.202 - Aspecto do murete M10, após o ensaio de compressão-corte ………………. 363
Fig. 5.203 - Aspecto do murete M13, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 363
Fig. 5.204 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M13 (vista Poente) …………… 364
Fig. 5.205 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M13 …………………………………………………………………………. 364
Fig. 5.206 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M13 ………………………………………………………... 365
Fig. 5.207 - Aspecto do murete M13, após o ensaio de compressão-corte ………………. 365
Fig. 5.208 - Aspecto do murete M17, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 365
Fig. 5.209 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M17 (vista Poente) …………… 366
Fig. 5.210 - História de carga, deslocamentos (verticais e horizontais) e deformação
transversal do ensaio de compressão-corte do murete M17, com identificação
das imagens do ensaio e sinalização do instante de rotura …………………. 367
Fig. 5.211 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão-
corte do murete M17 ………………………………………………………… 368
Fig. 5.212 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 1º a 4º ciclos do
ensaio de compressão-corte do murete M17 ………………………………... 368
Fig. 5.213 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 5º a 12º ciclos do
ensaio de compressão-corte do murete M17 ………………………………… 369

XXXVII
Fig. 5.214 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 13º a 15º ciclos do
ensaio de compressão-corte do murete M17 ………………………………… 370
Fig. 5.215 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de
compressão-corte do murete M17 …………………………………………... 370
Fig. 5.216 - Aspecto do murete M17 após o ensaio de compressão-corte ……………….. 371
Fig. 5.217 - Aspecto dos muretes M10, M13 e M17 no final dos ensaios de compressão-
corte …………………………………………………………………………. 371
Fig. 5.218 - Aspecto da passagem dos fios de aço zincado pelo exterior das faces laterais
do murete M14 ………………………………………………………………. 372
Fig. 5.219 - Aspecto do murete M14, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 373
Fig. 5.220 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M14 (vista Poente) …………… 374
Fig. 5.221 - Posições da viga metálica superior antes e após a realização do ensaio de
compressão-corte sobre o murete M14, relativamente ao deflectómetro D6 .. 375
Fig. 5.222 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M14, com identificação das imagens do ensaio …………………………….. 376
Fig. 5.223 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M14 ………………………………………………………… 376
Fig. 5.224 - Aspecto do murete M14 (e algum equipamento) após o ensaio de compressão-
corte …………………………………………………………………………. 377
Fig. 5.225 - Aspecto do murete M19, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 378
Fig. 5.226 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M19 (vista Poente) …………… 379
Fig. 5.227 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M19 …………………………………………………………………………. 380
Fig. 5.228 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M19 ………………………………………………………… 380
Fig. 5.229 - Aspecto do murete M19 e do posicionamento final dos deflectómetros D5 e
D6, após o ensaio de compressão-corte …………………………………….. 381
Fig. 5.230 - Aspecto do murete M11, antes do ensaio de compressão-corte …………….. 382
Fig. 5.231 - Corte dos fios de aço zincado que contornavam o murete M11, antes do ensaio
de compressão-corte ………………………………………………………... 382
Fig. 5.232 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M11 (vista Poente) …………… 383
Fig. 5.233 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete
M11 …………………………………………………………………………. 384
Fig. 5.234 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-
corte do murete M11 ………………………………………………………… 385

XXXVIII
Índice de Figuras

Fig. 5.235 - Aspecto do murete M11 após o ensaio de compressão-corte ……………….. 386
Fig. 5.236 - Aspecto global dos muretes M11, M14 e M19 após os ensaios de compressão-
corte …………………………………………………………………………. 387
Fig. 5.237 - Amostras de paredes de alvenaria ordinária (nembos) ……………………… 388

Fig. 6.1 - Diagrama elasto-plástico equivalente ao comportamento real (não-linear), para


85%Fmax ……………………………………………………………………….. 400
Fig. 6.2 - Representação esquemática dos muretes utilizados nos ensaios preliminares de
compressão axial ………………………………………………………………. 400
Fig. 6.3 - Diagramas conjuntos força-deslocamento e tensão-deformação dos muretes M47
e M46 (ensaios preliminares) ………………………………………………….. 401
Fig. 6.4 - Representação esquemática dos muretes de referência, para os ensaios de
compressão axial ………………………………………………………………. 401
Fig. 6.5 - Diagramas conjuntos força - deslocamento e tensão - deformação dos muretes
de referência (M43, M21 e M32) ……………………………………………… 402
Fig. 6.6 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço I, para os ensaios
de compressão axial …………………………………………………………… 403
Fig. 6.7 - Diagramas conjuntos força - deslocamento e tensão - deformação dos muretes
M41, M44 e M28 ……………………………………………………………… 404
Fig. 6.8 - Comparação do comportamento dos muretes M41, M44 e M28 (Solução I)
entre si e com os muretes de referência ……………………………………….. 405
Fig. 6.9 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB1 (pregagens,
uma face), para os ensaios de compressão axial ………………………………. 406
Fig. 6.10 - Diagramas força - deslocamento dos muretes M53, M51, M42, M30 (rotura
e pós-rotura) ………………………………………………………………….. 406
Fig. 6.11 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB2 (pregagens,
duas faces), para os ensaios de compressão axial ……………………………. 408
Fig. 6.12 - Diagramas conjuntos força - deslocamento dos muretes M22 e M33 (rotura e
pós-rotura) ……………………………………………………………………. 408
Fig. 6.13 - Comparação entre os diagramas força - deslocamento dos muretes de referência
e do murete M33 (pregagens - 2 faces) ………………………………………. 409
Fig. 6.14 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB3 (conectores),
para os ensaios de compressão axial …………………………………………. 410
Fig. 6.15 - Diagramas conjuntos força-deslocamento dos muretes M26, M52 e M54 (rotura
e pós-rotura) ………………………………………………………………….. 411

XXXIX
Fig. 6.16 - Diagramas força-deslocamento com indicação das extensões nos conectores
centrais dos muretes M52 e M54 …………………………………………….. 412
Fig. 6.17 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço III, para os
ensaios de compressão axial ………………………………………………….. 413
Fig. 6.18 - Diagramas conjuntos força-deslocamento dos muretes M25 (1ª e 2ª fases),
M55 e M24 …………………………………………………………………… 414
Fig. 6.19 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IV, para os
ensaios de compressão axial …………………………………………………. 417
Fig. 6.20 - Diagramas força - deslocamento dos muretes M34, M29 e M27 ……………. 417
Fig. 6.21 - Forças máximas e deslocamentos correspondentes, nos ensaios de compressão
axial dos muretes de referência e soluções de reforço ……………………….. 421
Fig. 6.22 - Forças máximas e energia dissipada nos ensaios de compressão axial dos muretes
de referência e soluções de reforço …………………………………………... 422
Fig. 6.23 - Rigidez axial dos muretes de referência e soluções de reforço nos ensaios de
compressão axial, para 30%FVmax ……………………………………………. 424
Fig. 6.24 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / solução I …………. 426
Fig. 6.25 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / solução I / IIB2 / IIB3 .... 426
Fig. 6.26 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / solução IIB1 / IIB2 ... 427
Fig. 6.27 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / IIB3 / III ………..... 429
Fig. 6.28 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / IIB3 / IV …………. 430
Fig. 6.29 - Diagramas força-deslocamento: muretes de referência e soluções de reforço .. 431
Fig. 6.30 - Representação esquemática dos muretes de referência, para os ensaios de
compressão-corte …………………………………………………………….. 432
Fig. 6.31 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal dos muretes M20, M5
e M12 ………………………………………………………………………… 433
Fig. 6.32 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço II B3, para os
ensaios de compressão-corte …………………………………………………. 434
Fig. 6.33 - Envolvente dos diagramas força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos
1 a 6, do murete M15 ………………………………………………………… 434
Fig. 6.34 - Envolventes dos diagramas força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio
de compressão-corte do murete M16 (11 ciclos do ensaio de rotura; 5 ciclos
do ensaio de pós-rotura) ……………………………………………………… 435
Fig. 6.35 - Envolvente dos diagramas força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos
1 a 9, do murete M18 ………………………………………………………… 436

XL
Índice de Figuras

Fig. 6.36 - Envolventes dos diagramas força horizontal-deslocamento horizontal dos


muretes M15, M16 (rotura e pós-rotura) e M18 ……………………………... 437
Fig. 6.37 - Evolução das extensões dos conectores centrais com o carregamento do murete
M18 …………………………………………………………………………... 439
Fig. 6.38 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço I, para os ensaios
de compressão-corte ………………………………………………………….. 439
Fig. 6.39 - Envolvente dos diagramas força horizontal – deslocamento horizontal, ciclos
1 a 15, do murete M17 ……………………………………………………….. 440
Fig. 6.40 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal dos muretes M10, M13
e M17 ………………………………………………………………………… 441
Fig. 6.41 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IV, para os
ensaios de compressão axial …………………………………………………. 442
Fig. 6.42 - Diagramas força horizontal – deslocamento horizontal dos muretes M14, M19
e M11 ………………………………………………………………………… 442
Fig. 6.43 - Forças máximas e deslocamentos horizontais correspondentes, dos muretes
de referência e soluções de reforço, nos ensaios de compressão-corte ………. 444
Fig. 6.44 - Forças máximas inclinadas (resultantes) e energia dissipada nos ensaios
monotónicos de compressão-corte …………………………………………… 445
Fig. 6.45 - Rigidez transversal dos muretes de referência e soluções de reforço nos ensaios
de compressão-corte, para 30%FHmax ………………………………………… 446
Fig. 6.46 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal: muretes de referência
e soluções de reforço …………………………………………………………. 447
Fig. 6.47 - Rigidez axial e transversal dos muretes de referência e soluções de reforço, nos
ensaios de compressão axial e compressão-corte, respectivamente ……………. 449
Fig. 6.48 - Comparação entre forças máximas nos ensaios de compressão axial e
compressão-corte …………………………………………………………….. 451
Fig. 6.49 - Ponderação entre forças máximas nos ensaios de compressão axial e
compressão-corte …………………………………………………………….. 451
Fig. 6.50 - Relação entre as forças máximas dos ensaios de compressão axial e compressão-
corte ………………………………………………………………………....... 452
Fig. 6.51 - Relação entre as componentes horizontais das resultantes e outras forças dos
ensaios de compressão-corte …………………………………………………. 453
Fig. 6.52 - Relação entre forças verticais e horizontais consideradas em [124, 158] ……. 454
Fig. 6.53 - Comparação dos resultados obtidos no presente trabalho com os referidos em
[124, 158] ……………………………………………………………………. 455

XLI
Fig. 6.54 - Representação esquemática dos campos de tensões e respectivas resultantes
num murete grande, sujeito a um ensaio de compressão-corte ………………. 456
Fig. 6.55 - Custo de cada solução de reforço por m2 de alvenaria (com espessura e = 0,40 m)
e relações custo/benefício …………………………………………………….. 459

Fig. 7.1 - Outras distribuições de conectores …………………………………………….. 482


Fig. 7.2 - Exemplo de fitas metálicas que podem ser usadas no confinamento transversal
da alvenaria ……………………………………………………………………. 483
Fig. 7.3 - Aspecto das cinco lâminas (painéis) de micro-betão, com espessura média de
2,5 cm, preparados durante a aplicação da 1ª camada de micro-betão da solução
de reforço IIB ………………………………………………………………….. 484

XLII
Índice de Tabelas

Tabela 1.1 - Escala de Intensidades de Mercalli Modificada ……………………………. 13

Tabela 2.1 - Valores médios do módulo de elasticidade dos modelos, em função do nível
de tensão instalado ……………………………………………………………. 41
Tabela 2.2 - Valores máximos das cargas horizontais, do estudo desenvolvido por G.
Vasconcelos e P. Lourenço (2004) ………………………………………….. 41
Tabela 2.3 - Resultados do estudo desenvolvido por A. Campos Costa, P. Candeias, B.
Massena e V. Cóias e Silva (2004) …………………………………………... 45
Tabela 2.4 - Reforços aplicados sobre os modelos do estudo desenvolvido por P. Candeias,
E. Coelho, A. Costa e V. Silva (2004) ……………………………………… 47
Tabela 2.5 - Forças verticais e horizontais máximas em cada um dos muros ensaiados … 49

Tabela 3.1 - Identificação, datas de construção e dimensões dos muretes ………………. 88


Tabela 3.2 - Ensaios de caracterização dos materiais utilizados na construção dos muretes .. 96
Tabela 3.3 - Composição química da pedra calcária …………………………………….. 97
Tabela 3.4 - Características físicas das areias ……………………………………………. 98
Tabela 3.5 - Composição química das areias de rio e de areeiro ………………………… 99
Tabela 3.6 - Granulometria da cal aérea (valores médios) ………………………………. 99
Tabela 3.7 - Composição química da cal aérea (valores médios) ………………………... 100
Tabela 3.8 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, moldados manualmente, para o
ensaio de determinação das variações dimensionais lineares ………………. 102
Tabela 3.9 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, moldados manualmente, para o
ensaio de determinação da profundidade de carbonatação …………………. 102
Tabela 3.10 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, moldados mecanicamente, para
a realização de diversos ensaios …………………………………………… 103
Tabela 3.11 - Provetes de argamassa de assentamento, para o ensaio de determinação da
permeabilidade ao vapor de água (PVA) ………………………………….. 103
Tabela 3.12 - Provetes de argamassa de assentamento, para o ensaio de determinação da
aderência ao suporte ………………………………………………………. 104

XLIII
Tabela 3.13 - Características físicas da argamassa de assentamento endurecida (provetes
moldados) ………………………………………………………………….. 107
Tabela 3.14 - Coeficientes absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento 111
Tabela 3.15 - Coeficientes absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento,
obtidos nos segundos ensaios dos provetes P19-P20-P21 e P37-P38 ……... 111
Tabela 3.16 - Valores médios do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água (π) da
argamassa de assentamento, ao longo do tempo …………………………... 114
Tabela 3.17 - Módulo de elasticidade dinâmico (médio) da argamassa de assentamento,
ao longo do tempo, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm ………... 115
Tabela 3.18 - Resistências à tracção por flexão e à compressão (médias) da argamassa
de assentamento, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm …………... 116
Tabela 3.19 - Resistência à compressão (média) da argamassa de assentamento, em provetes
secos de 16cm×4cm×4cm, após o ensaio de absorção de água por capilaridade 117
Tabela 3.20 - Resistência à compressão (média) da argamassa de assentamento, em provetes
húmidos de 16cm×4cm×4cm, logo após o ensaio de absorção de água por
capilaridade ………………………………………………………………... 118
Tabela 3.21 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte (pedra) da argamassa de
assentamento, ao longo do tempo …………………………………………. 119
Tabela 3.22 - Resultados da repetição do ensaio de aderência da argamassa de assentamento 120
Tabela 3.23 - Características físicas da argamassa de assentamento endurecida (retirada
directamente dos muretes) ………………………………………………… 124

Tabela 4.1 - Soluções de reforço aplicadas nos muretes …………………………………. 139


Tabela 4.2 - Composição do micro-betão previsto para a solução de reforço II ………… 145
Tabela 4.3 - Resultados dos ensaios efectuados à calda de injecção, em provetes prismáticos
de 16cm×4cm×4cm, da solução de reforço I ..……………………………... 173
Tabela 4.4 - Resultados dos ensaios de análise granulométrica das areias de rio e areeiro,
da argamassa de cimento usada na interposição das chapas de ancoragem
da solução de reforço I ……………………………………………………… 174
Tabela 4.5 - Características da argamassa de cimento (das chapas de ancoragem), em
provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, da solução de reforço I ………… 174
Tabela 4.6 - Módulo de finura (Mf), máxima dimensão (D) e mínima dimensão (d) dos
agregados da solução de reforço IIB ………………………………………... 178
Tabela 4.7 - Massa volúmica aparente (média), em provetes de diversas origens, da solução
de reforço IIB ……………………………………………………………….. 180

XLIV
Índice de Tabelas

Tabela 4.8 - Porosidade aberta, em provetes de diversas origens, da solução de reforço IIB 180
Tabela 4.9 - Coeficientes de absorção de água por capilaridade das 1ª e 2ª camadas de micro-
betão da solução de reforço IIB, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm 180
Tabela 4.10 - Valores médios da permeabilidade ao vapor de água (π), em provetes
moldados com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, da solução de reforço IIB ………….. 181
Tabela 4.11 - Resultados do ensaio de aderência do micro-betão ao suporte de alvenaria, da
solução de reforço IIB ……………………………………………………... 182
Tabela 4.12 - Módulo de elasticidade secante e resistência à compressão, em provetes
carotados da solução de reforço IIB ……………………………………….. 183
Tabela 4.13 - Estimativa da espessura média das lâminas de micro-betão da solução de
reforço IIB …………………………………………………………………. 183
Tabela 4.14 - Módulo de finura (Mf), máxima e mínima dimensões (D e d) e baridade dos
agregados, da solução de reforço III ……………………………………….. 185
Tabela 4.15 - Massa volúmica aparente média, em provetes de diversas origens, da solução
de reforço III ………………………………………………………………. 185
Tabela 4.16 - Porosidade aberta, em provetes de diversas origens, da solução de reforço III 185
Tabela 4.17 - Coeficientes de absorção e água por capilaridade das 1ª e 2ª camadas de micro-
betão da solução de reforço III, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm 186
Tabela 4.18 - Valores médios da permeabilidade ao vapor de água (π), em provetes
moldados com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, da solução de reforço III ………….. 186
Tabela 4.19 - Módulo de elasticidade secante e resistência à compressão em provetes
cilíndricos carotados, da solução de reforço III …………………………… 188
Tabela 4.20 - Estimativa da espessura média das lâminas de micro-betão da solução de
reforço III ………………………………………………………………….. 188
Tabela 4.21 - Módulo de finura (Mf), máxima e mínima dimensão (D e d) e baridade dos
agregados, da solução de reforço IV ……………………………………… 189
Tabela 4.22 - Massa volúmica aparente média, em provetes de argamassa de diversas
origens, da solução de reforço IV …………………………………………. 190
Tabela 4.23 - Porosidade aberta, em provetes de argamassa de diversas origens, da solução
de reforço IV ………………………………………………………………. 190
Tabela 4.24 - Coeficientes de absorção de água por capilaridade das 1ª e 2ª camadas de
reboco da solução de reforço IV, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm 190
Tabela 4.25 - Valores médios da permeabilidade ao vapor de água (π), em provetes
moldados com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, da solução de reforço IV ……….... 190

XLV
Tabela 4.26 - Módulo de elasticidade dinâmico, resistências à tracção por flexão e
compressão e módulo de elasticidade secante em provetes moldados (secos),
da solução de reforço IV …………………………………………………... 191
Tabela 4.27 - Resistência mecânica à tracção por flexão e à compressão, em prismas
moldados de 16cm×4cm×4cm, após o ensaio absorção de água por capilaridade
(provetes saturados), da solução de reforço IV …………………………… 191
Tabela 4.28 - Estimativa da espessura média do reboco da solução de reforço IV 192
Tabela 4.29 - Principais características físicas e químicas da malha de fibra de vidro utilizada
na solução de reforço IV …………………………………………………... 193
Tabela 4.30 - Estimativa do custo de execução da solução I (conectores metálicos isolados),
num murete pequeno ………………………………………………………. 195
Tabela 4.31 - Estimativa do custo de execução da solução IIB1 (lâmina de micro-betão
armado sem apoio na base, com pregagens, numa face), num murete pequeno 196
Tabela 4.32 - Estimativa do custo de execução da solução IIB2 (lâminas de micro-betão
armado sem apoio na base, com pregagens em duas faces), num murete
pequeno ……………………………………………………………………. 196
Tabela 4.33 - Estimativa do custo de execução da solução IIB3 (lâminas de micro-betão
armado sem apoio na base, com conectores transversais, em duas faces),
num murete pequeno ………………………………………………………. 197
Tabela 4.34 - Estimativa do custo de execução da solução III (lâminas de micro-betão
armado com apoio na base, sem confinamento transversal, em duas faces),
num murete pequeno ………………………………………………………. 197
Tabela 4.35 - Estimativa do custo de execução da solução IV (reboco de argamassa
bastarda, armado, com apoio na base e confinamento transversal, em duas
faces), num murete pequeno ………………………………………………. 198
Tabela 4.36 - Características comparáveis da argamassa de assentamento da alvenaria e
do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço dos muretes ... 207

Tabela 5.1 - Equipamentos utilizados nos ensaios de compressão axial dos muretes …… 216
Tabela 5.2 - Equipamentos utilizados nos ensaios de compressão-corte dos muretes …... 220
Tabela 5.3 - Síntese das fases de preparação dos muretes antes dos ensaios mecânicos … 227
Tabela 5.4 - Estimativa da carga pré-existente (CPE) sobre os muretes, e não quantificada
pelas células de carga ……………………………………………………….. 229
Tabela 5.5 - Caracterização geométrica dos muretes de referência, para os ensaios de
compressão axial ……………………………………………………………. 236

XLVI
Índice de Tabelas

Tabela 5.6 - Caracterização geométrica dos muretes da solução I, para os ensaios de


compressão axial ……………………………………………………………. 245
Tabela 5.7 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IIB, para os ensaios de
compressão axial ……………………………………………………………. 257
Tabela 5.8 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M53,
antes e após a realização do ensaio de compressão axial …………………… 260
Tabela 5.9 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M51,
antes e após a realização do ensaio ………………………………………… 263
Tabela 5.10 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M42,
antes e após a realização do ensaio ………………………………………... 268
Tabela 5.11 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M30,
antes e após a realização do ensaio ………………………………………... 274
Tabela 5.12 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio do murete M26,
antes e após a realização do ensaio ………………………………………... 283
Tabela 5.13 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M52 e a base de
ensaio, antes e após a realização do ensaio ………………………………... 286
Tabela 5.14 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio do murete M54,
antes e após a realização do ensaio ………………………………………... 292
Tabela 5.15 - Caracterização geométrica dos muretes da solução III, sujeitos aos ensaios de
compressão axial …………………………………………………………... 294
Tabela 5.16 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IV, sujeitos aos ensaios
de compressão axial ……………………………………………………….. 307
Tabela 5.17 - Estimativa da carga pré-existente (CPE) sobre a alvenaria dos muretes,
antes do início dos ensaios de compressão-corte ………………………….. 320
Tabela 5.18 - Identificação dos tipos de ensaios de compressão-corte realizados ………. 323
Tabela 5.19 - Caracterização geométrica dos muretes de referência, para os ensaios de
compressão-corte …………………………………………………………. 325
Tabela 5.20 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IIB3, para os ensaios de
compressão-corte ………………………………………………………….. 339
Tabela 5.21 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M15 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio ………………………………………... 344
Tabela 5.22 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M16 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio ……………………………………….. 351
Tabela 5.23 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M18 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio ……………………………………….. 357

XLVII
Tabela 5.24 - Caracterização geométrica dos muretes da solução I, para os ensaios de
compressão-corte ………………………………………………………….. 360
Tabela 5.25 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IV, para os ensaios de
compressão-corte ………………………………………………………….. 372
Tabela 5.26 - Distância média das fendas ocorridas nas lâminas de micro-betão armado
(sem confinamento transversal), nos muretes M25, M55 e M24 …………. 395

Tabela 6.1 - Resultados dos ensaios de compressão axial preliminares e dos muretes de
referência ……………………………………………………………………. 402
Tabela 6.2 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução I .. 404
Tabela 6.3 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial
dos muretes da solução I com os muretes de referência ……………………. 405
Tabela 6.4 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IIB1 407
Tabela 6.5 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial
dos muretes da solução IIB1 com os muretes de referência ………………... 407
Tabela 6.6 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IIB2 408
Tabela 6.7 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial
dos muretes da solução IIB2 com os muretes de referência ………………... 410
Tabela 6.8 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IIB3 411
Tabela 6.9 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial
dos muretes da solução IIB3 com os muretes de referência ………………... 413
Tabela 6.10 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução III 414
Tabela 6.11 - Estimativa das forças aplicadas sobre a alvenaria e sobre as lâminas de
micro-betão, no instante da rotura dos muretes da solução III ……………. 415
Tabela 6.12 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial
dos muretes da solução III com os muretes de referência …………………. 416
Tabela 6.13 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IV 418
Tabela 6.14 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial
dos muretes da solução IV com os muretes de referência ………………… 418
Tabela 6.15 - Forças máximas e deslocamentos correspondentes nos muretes de referência
e das soluções de reforço, nos ensaios de compressão axial ………………. 419
Tabela 6.16 - Rigidez axial e energia dissipada por deformação dos muretes de referência
e das soluções de reforço, nos ensaios de compressão axial ……………… 420
Tabela 6.17 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes de referência ….. 433

XLVIII
Índice de Tabelas

Tabela 6.18 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M15 435
Tabela 6.19 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M16 436
Tabela 6.20 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M18 437
Tabela 6.21 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes da solução IIB3 . 438
Tabela 6.22 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão-corte
dos muretes da solução IIB3 com os muretes de referência ………………. 438
Tabela 6.23 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M17 440
Tabela 6.24 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes da solução I …... 441
Tabela 6.25 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão-corte
dos muretes da solução I com os muretes de referência …………………... 441
Tabela 6.26 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes da solução IV … 442
Tabela 6.27 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão-corte
dos muretes da solução IV com os muretes de referência ………………… 443
Tabela 6.28 - Forças máximas e deslocamentos correspondentes nos muretes de referência
e soluções de reforço, nos ensaios de compressão-corte ………………….. 443
Tabela 6.29 - Rigidez transversal, energia dissipada por deformação e coeficiente de
ductilidade em deslocamento dos muretes de referência e das soluções de
reforço, nos ensaios de compressão-corte ………………………………… 444
Tabela 6.30 - Rigidez axial e transversal médias dos muretes de referência e soluções de
reforço homólogas, nos ensaios de compressão axial e compressão-corte ... 448
Tabela 6.31 - Relação entre forças máximas nos ensaios de compressão axial e compressão-
corte ……………………………………………………………………….. 450
Tabela 6.32 - Tensões de compressão médias dos muretes de referência e reforçados, nos
ensaios de compressão axial, para efeitos de aplicação do “método das
escoras e tirantes” ………………………………………………………….. 458
Tabela 6.33 - Resultados da aplicação do “método das escoras e tirantes” aos ensaios de
compressão-corte ………………………………………………………….. 458
Tabela 6.34 - Relações custo/benefício das soluções de reforço aplicadas nos muretes
(pequenos) ………………………………………………………………… 459

XLIX
Simbologia

Siglas

ASTM - American Society for Testing and Materials


EC2 - Eurocódigo 2 - Projecto de Estruturas de Betão
EC6 - Eurocódigo 6 - Projecto de Estruturas de Alvenaria
FCT - Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL
FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
FRP - Polímeros (ou compósitos) reforçados com fibras contínuas
(do inglês, Fiber Reinforced Polymers)
GFRP - Polímeros (ou compósitos) reforçados com fibras de vidro
(do inglês, Glass Fiber Reinforced Polymers)
ICOMOS - International Council on Monuments and Sites
INE - Instituto Nacional de Estatística
IST - Instituto Superior Técnico
LabDEC - Laboratório de Estruturas Pesadas do DEC/FCT
LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
LVDT - Transdutor de deslocamentos (do inglês, Linear Voltage Displacement Transformer)
mb - (lâminas de) micro-betão
MDF - Aglomerado de densidade média de fibras de madeira
(do inglês, Medium Density Fiberboard)
NESDE - Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do LNEC
NF - Nível freático
PVC - Policloreto de vinilo
REBAP - Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado
RGEU - Regulamento Geral das Edificações Urbanas
RSA - Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes
UM - Universidade do Minho
UNL - Universidade Nova de Lisboa
URM - Alvenaria não reforçada (do inglês, unreinforced masonry)

LI
Notações escalares latinas

A - área de uma secção


A/C - relação água/cimento
A/L - relação água/ligante
B - comprimento da base do murete
c - coesão
C/B - relação custo/benefício
CCap - coeficiente de absorção de água por capilaridade
d - mínima dimensão do agregado ou dia
D - máxima dimensão do agregado ou deslocamento
e - espessura do provete
E - módulo de elasticidade secante
Edin - módulo de elasticidade dinâmico
Ediss - energia dissipada por deformação
Em - módulo de elasticidade secante médio
Es - módulo de elasticidade do aço
max
Fref , med
- valor médio das forças máximas dos muretes de referência (simples)
max
Fmed - valor médio das forças máximas dos muretes reforçados
FV - força vertical
FVmax - força vertical máxima
FVmed - força vertical média
FH - força horizontal
max
FH - força horizontal máxima
Fs - valor de cálculo da força à tracção do aço
G - módulo de elasticidade transversal ou peso do material de regularização dos lintéis
dos muretes
h - altura de um provete ou hora
H - altura de uma parede até ao nível de aplicação da carga
Ha - humidade absoluta
HR - humidade relativa
IVa - índice volumétrico da amostra
IVm - índice volumétrico médio
IVp - índice volumétrico da partícula
Kaxial - rigidez axial

LII
Simbologia

Ktransv - rigidez transversal


L - comprimento ou peso do lintel do murete
Ls - quantidade de vapor de água que o ar contém
M - massa, modelo experimental ou murete
Mf - módulo de finura do agregado
min - minuto
MVA - massa volúmica aparente
MVR - massa volúmica real
P - peso do murete ou do pórtico (nos ensaios de compressão axial) ou provete
PA - porosidade aberta
PR - (ensaio de) pós-rotura
R - raio do círculo, resistência ou resultante
RCA - resultante dos ensaios de compressão axial (por série de muretes)
RCC - resultante dos ensaios de compressão-corte (por série de muretes)
Rc,cil - resistência mecânica do betão, obtida em provetes cilíndricos
Rc,cub - resistência mecânica do betão, obtida em provetes cúbicos
s - segundo
T - temperatura
V - peso da viga metálica de distribuição das cargas, vértice do lintel ou volume

Notações escalares gregas

δ0 - deslocamento (teórico) correspondente à carga de 85%FHmax, anterior à rotura


δ85Fmax - deslocamento (medido experimentalmente) correspondente a 85%FHmax, após a rotura
δ Frefmax
, med
- deslocamento médio (correspondente ao valor médio das forças máximas) dos muretes
de referência (simples)
δ F max
med - deslocamento médio (idem) dos muretes reforçados

δVFVmax - deslocamento vertical correspondente à força vertical máxima


δΗFHmax - deslocamento horizontal correspondente à força horizontal máxima
δΗmed - deslocamento horizontal médio correspondente à força horizontal máxima
∆ - drift (relação entre δ85Fmax e H)
ε - extensão
φ - ângulo de atrito interno ou diâmetro de um provete
γ - distorção

LIII
µd - coeficiente de ductilidade em deslocamento
ν - coeficiente de Poisson
π - coeficiente de permeabilidade ao vapor de água (PVA)
σ - tensão normal
τ - tensão tangencial

LIV
Capítulo I
INTRODUÇÃO

1.1 – Considerações gerais

Neste capítulo introdutório é efectuada uma abordagem à temática das construções de


alvenaria de pedra, como forma de enquadrar o estudo experimental desenvolvido, analisando a
importância destas construções ao longo do tempo, a sua distribuição segundo o tipo e a época
de construção no nosso País e as suas características principais. Tendo presente a grande
vulnerabilidade destas construções perante a acção sísmica, referem-se as consequências dos
principais sismos ocorridos em Portugal, sintetizando-se em seguida as anomalias estruturais
mais frequentes, bem como técnicas de inspecção, diagnóstico e reabilitação conhecidas. No
final desta abordagem, mencionam-se a motivação, os objectivos a alcançar e a organização
geral do trabalho.
O tratamento teórico do tema inclui ainda uma análise de diversos trabalhos de investigação
neste domínio, apresentada no Capítulo II.

1.2 – Enquadramento do estudo

1.2.1 – As construções de alvenaria como referência do património edificado

Designa-se por “alvenaria” o material compósito resultante da associação de um conjunto de


elementos com dimensões relativamente reduzidas (pedra, tijolo de barro seco ao Sol ou
cozido em fornos, e outros), com ligantes diversos (simples ou misturados entre si) [64].
No Eurocódigo 6 (EC6) - Projecto de Estruturas de Alvenaria [86], estes elementos tomam a
designação “unidades de alvenaria”, resultante da tradução da designação anglo-saxónica
“masonry unit”, definindo-se como “elementos produzidos para serem utilizados na construção
de alvenaria” [86, 108]. Contudo, tendo o EC6 como campo de aplicação o “estabelecimento
de uma base genérica para o projecto de edifícios e obras de engenharia civil (…)”, este não é
directamente aplicável às construções de alvenaria já existentes.

1
Relativamente aos modelos experimentais objecto deste trabalho, com os quais se pretende
simular parte significativa da construção de alvenaria de pedra existente no nosso País, também
não é adequado falar-se em “unidades de alvenaria”, uma vez que os elementos utilizados se
caracterizam por uma geometria muito irregular, em oposição ao mencionado no EC6.
Exemplos de “unidades de alvenaria” são os tijolos cerâmicos e os blocos de betão [108].

Os principais ligantes utilizados ao longo do tempo nas construções de alvenaria foram o


saibro e o barro nos primórdios, evoluindo posteriormente para os ligantes aéreos (obtidos
pela cozedura de rochas calcárias a cerca de 800 ºC / 900 ºC), o gesso, etc. [108]. Mais tarde,
quando os fornos permitiram atingir temperaturas mais elevadas, produziram-se os ligantes
hidráulicos, primeiro a cal hidráulica (com temperatura de fabrico da ordem de 1000 ºC), e
finalmente o cimento (com temperatura de cozedura de 1450 ºC) [52]. Nesta altura, passou
também a ser frequente a mistura de ligantes aéreos e hidráulicos [163].

As construções de alvenaria, como castelos, templos religiosos, palácios e outras, têm marcado
uma presença indelével em todas as grandes civilizações, clássicas e contemporâneas, desde
os anos 10 000 a.C. Algumas destas construções chegaram até aos nossos dias, e pertencem
ao património cultural da Humanidade, podendo citar-se, entre outros exemplos, as Pirâmides
de Gizé, a grande muralha da China (com mais de 6000 km), construída durante mais de 2000
anos, fig. 1.1 (1,2), e as grandes catedrais, construídas nos séculos XII a XVII [15, 129].
A alvenaria foi especialmente utilizada pelos Romanos, em pontes, aquedutos, viadutos e
outras construções, fig. 1.1 (3).

1 - Pirâmides de Gizé [206]; 2 - Grande muralha da China [207]; 3 – Criptopórtico romano (em Coimbra)
Fig. 1.1 - Construções de alvenaria, como património cultural da Humanidade

O dimensionamento destas construções era feito de forma empírica, sendo possível encontrar
paredes de edifícios com espessuras variáveis de 0,30 a 1,30 m [129].
2
Capítulo I - Introdução

Quanto às construções de alvenaria de tijolo, estas foram difundidas na Europa e nos Estados
Unidos da América nos séculos XVIII e XIX. Uma das grandes construções com paredes de
alvenaria de pedra e tijolo, algumas das quais com 1,80 m de espessura nos pisos inferiores, é
o edifício Monadnock com 16 pisos, construído em Chicago em 1891 [69, 75].

No nosso País, a construção de edifícios de alvenaria ordinária, com pavimentos, escadas e


estrutura das coberturas em madeira, atingiu a sua época áurea durante a reconstrução da
Baixa Pombalina, em Lisboa, após o terramoto de 1 de Novembro de 1755, mantendo-se
como solução construtiva de referência, simbolizada pela “gaiola” de madeira, até cerca de
1870. Entre esta data e cerca de 1930, assistiu-se ao decréscimo da qualidade da construção
evidenciada no período anterior, passando da “gaiola” para o “gaioleiro”, com grandes alterações
estruturais e construtivas, nomeadamente com a perda da solidarização tridimensional entre os
elementos de madeira, em relação à construção Pombalina [2, 15, 144, 148].
Após o final do primeiro quartel do século XX, iniciou-se a substituição dos pavimentos de
madeira por lajes de betão armado, mas mantendo as fundações e as paredes em alvenaria de
pedra. A partir de meados do século XX, toda a estrutura resistente (fundações, pilares, vigas
e lajes) passou a ser essencialmente de betão armado, levando à diminuição progressiva das
construções de alvenaria de pedra.

A introdução de regulamentos para estruturas de betão armado, no início do século XX, em


Países como França, Reino Unido, Alemanha, Austrália, Canadá e Estados Unidos, consagrou a
generalização deste material e o correspondente declínio das construções de alvenaria [15, 108].
Em Portugal, o primeiro regulamento de betão armado foi o “Regulamento para o emprêgo do
beton armado”, publicado em 28 de Março de 1918 [133].
A construção industrializada em betão armado permitiu a realização de edifícios, e outras
estruturas, cada vez com maiores dimensões em altura e em planta, impossíveis de conseguir
com as “espessas” paredes resistentes de alvenaria e os referidos pavimentos de madeira.
Nalguns Países, contudo, a alvenaria estrutural adaptou-se às novas exigências tecnológicas e
estéticas da Arquitectura contemporânea, mantendo uma posição de relevo no mercado. Nos
Estados Unidos e na Suiça, a existência de regulamentação moderna e a caracterização
mecânica dos materiais existentes no mercado, possibilitou o desenvolvimento da utilização
de paredes de alvenaria armada preenchida com elementos de betão, em especial nos últimos
decénios. Na Holanda, o desenvolvimento de maxiblocos (com 1,0 m de comprimento)
permitiu a racionalização da construção [108].

3
1.2.2 – Dados estatísticos da construção de edifícios em Portugal

Os últimos dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE, Censos 2001) em
relação à distribuição dos edifícios existentes em Portugal segundo as soluções construtivas
(num total de 3160043 edifícios), não permitem individualizar as construções de alvenaria
ordinária relativamente às restantes. Não obstante, representa-se na fig. 1.2 a distribuição dos
edifícios por número de pisos e materiais de construção utilizados, segundo os resultados dos
Censos 2001 [82], evidenciando a preponderância das construções de “alvenaria” em relação
às de betão armado em edifícios de um e dois pisos, e a inversão desta situação nos edifícios
com mais de quatro pisos.

700000
Nº de edifícios

600000

500000

400000

300000

200000

100000

0
1 2 3 4 5 6 7
Nº de pisos
Adobe, taipa, alv. de pedra solta Alvenaria sem placa Alvenaria com placa Betão armado Outros

Nº de Paredes de adobe, taipa ou Paredes de alvenaria Paredes de alvenaria Betão


Outros Total
pisos alvenaria de pedra solta argamassada sem placa argamassada com placa armado
1 218327 301740 489960 295906 10981 1316914
2 122148 220408 624927 420928 3548 1391959
3 11991 28255 115246 127014 516 283022
4 -- 8440 19940 52307 111 80798
5 -- 2993 7057 28730 34 38814
6 -- -- 3968 15320 7 19295
7 ou mais -- -- 1448 27772 21 29241
Total 352466 561836 1262546 967977 15218 3160043
[%] 11,16 17,78 39,95 30,63 0,48 100

Fig. 1.2 - Número de edifícios existentes em Portugal em 2001 (valores acumulados), segundo
o número de pisos, por principais materiais utilizados na construção [82]

Para uma melhor interpretação destes resultados, referem-se em seguida os conceitos utilizados,
de acordo com o Manual do Recenseador (INE) [81]:
- edifícios com “paredes de adobe, taipa ou alvenaria de pedra solta”, são os edifícios antigos de
pequeno porte, no máximo dois pisos, com paredes exteriores espessas, de muito fraca qualidade;
- edifícios com “paredes de alvenaria argamassada” são aqueles cujas cargas verticais são
suportadas por paredes construídas com pedra, tijolo ou blocos de betão ligados entre si por
argamassa (de cal ou cimento). Em geral são edifícios urbanos, com altura inferior a 5/6 pisos,
construídos antes de 1950/55. Os edifícios “sem placa” têm geralmente pavimentos de madeira
(antes de 1930/35) e os edifícios “com placa” têm pavimentos em betão armado (entre 1935/55).
4
Capítulo I - Introdução

- por fim, “edifícios com estrutura em betão armado” são aqueles cuja construção se iniciou entre
1935/40, sendo a solução predominante a partir de 1955, sobretudo nos grandes centros urbanos.

1.2.3 – Principais características das construções de alvenaria de pedra

As construções de alvenaria de pedra apresentam em geral uma grande heterogeneidade,


resultante dos diferentes materiais e técnicas construtivas utilizadas ao longo tempo, das
tradições regionais de cada País, da disponibilidade e custos dos materiais, dos custos de
transporte, da formação dos operários, etc. [13, 108, 109]. Por esta razão não se pode definir
um padrão construtivo único. As paredes estruturais são caracterizadas ainda por uma grande
irregularidade geométrica, correspondendo muitas vezes ao prolongamento em altura das
fundações, utilizando os mesmos materiais de construção com alguma redução de espessura, e
pela existência de cavidades ou vazios interiores, em maior ou menor percentagem,
principalmente nas paredes de múltiplas folhas [2, 163]. Estas construções apresentam um
comportamento estrutural com mecanismos de rotura do tipo frágil.

No nosso País, as construções de alvenaria de pedra dividem-se principalmente em:


(i) - construções de alvenaria de pedra seca, insonsa ou mal argamassada, caracterizada pelo
assentamento das pedras com uma reduzida quantidade de argamassa, que nalguns casos é
mesmo inexistente [2, 145, 146], fig. 1.3. Na maioria dos casos, são construções rudimentares,
onde se utiliza o xisto ou o granito nas paredes resistentes. Esta solução foi também muito
difundida na construção de muros de vedação de propriedades, um pouco por todo o País.

Fig. 1.3 - Construções de alvenaria de pedra seca ou mal argamassada

(ii) - construções de alvenaria ordinária, alvenaria de pedra irregular ou alvenaria de “pedra


e cal”, como muitas vezes são designadas, construídas com pedras de formas e dimensões
irregulares (em muitos casos com possibilidade de transporte manual), por vezes misturadas
com elementos cerâmicos ou outros, ligadas entre si por uma “matriz” de argamassa de cal e
5
areia, em geral ao traço 1:3 [2, 122], fig. 1.4. Na maior parte dos casos, é utilizada a pedra
calcária, mas também é frequente a utilização de pedras de outras origens.
Estas construções representam a maioria das construções de alvenaria de pedra no nosso País,
localizando-se principalmente em zonas urbanas, mas também muito difundidas em zonas
rurais. Possuem, normalmente, uma estrutura constituída por: (i) fundações (directas, na maior
parte dos casos); (ii) paredes resistentes (ou paredes mestras) exteriores, e, nos edifícios com
maior área de implantação, também interiores (na construção pombalina, as paredes mestras
interiores designam-se por frontais) e (iii) pavimentos, tectos, coberturas e escadas, normalmente
de madeira.
As paredes resistentes apresentam uma espessura considerável, originando elementos rígidos
e muito pesados, com alguma resistência à compressão, menor resistência a esforços de corte
e reduzida resistência à flexão (aplicação de cargas perpendiculares ao plano) [2, 69, 94].
As construções de alvenaria ordinária constituem o principal objecto deste trabalho.

Fig. 1.4 - Construções de alvenaria ordinária

Do ponto de vista construtivo, as paredes de alvenaria ordinária apresentam como variante as


paredes de “múltiplas folhas” – também comuns em centros históricos de diversas cidades
italianas, gregas, eslovenas, etc.
As paredes de múltiplas folhas são caracterizadas por uma morfologia irregular e existência
de vazios, geralmente no núcleo central, preenchido com materiais de baixa qualidade e muito
propenso a roturas frágeis, através da separação das camadas e perda de material, em resultado
das acções verticais e horizontais [46, 72, 194, 195].
No nosso País, as paredes de alvenaria de duas folhas têm uma grande expressão no
Arquipélago dos Açores.

6
Capítulo I - Introdução

(iii) - construções de alvenaria mista, em que são utilizadas pedras de diversas origens
(granito, calcário ou xisto), mais ou menos misturadas entre si, e nalguns casos, também com
elementos argilosos (tijoleiras e tijolos), de madeira e de ferro, fig. 1.5.

Fig. 1.5 - Construções de alvenaria mista

O principal exemplo nacional de paredes mistas, de alvenaria e madeira (alvenaria armada


[62]), corresponde aos edifícios da Baixa Pombalina, estando a armação tridimensional de
madeira (gaiola) posicionada no paramento interior das paredes resistentes exteriores,
enquanto que nas paredes resistentes interiores (frontais) são utilizadas as peças de madeira,
em forma de “cruz de Santo André”. Os restantes elementos estruturais, pavimentos,
coberturas e escadas, completam a armação de madeira fixa sobre as paredes de cantaria do
piso térreo. A gaiola tridimensional de madeira confere a estas construções a ductilidade e
resistência às acções sísmicas que a alvenaria simples não possui, fig. 1.6.

1 - Modelo (esc. 1:10), existente na Escola dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, em Chelas; 2,3 - Exemplos de aplicação
Fig. 1.6 - Gaiola tridimensional de madeira, característica da construção pombalina

A contribuição da gaiola de madeira para a melhoria do comportamento estrutural dos


edifícios, aliada ao facto de a alvenaria não ser combustível, permitiram ao Engenheiro-mor

7
do Reino 1), Manuel da Maia, prevenir, em futuros eventos sísmicos, as duas consequências
mais gravosas do terramoto de 1755: o colapso dos edifícios e os incêndios que se seguiram.
Para a concepção desta solução estrutural contribuiu ainda o excelente comportamento das
embarcações com estrutura de madeira no mar alto, perante a acção dinâmica das ondas [63].

(iv) - construções de cantaria, geralmente representativas de edifícios monumentais, como


são os casos do Mosteiro dos Jerónimos, da Torre dos Clérigos ou do Palácio-Convento de
Mafra – cujo estudo não é abrangido pelo presente trabalho –, fig. 1.7.
Na maioria das construções deste tipo, no entanto, a cantaria (constituída por pedras
aparelhadas) limita-se aos paramentos exteriores e a elementos singulares, como cunhais,
colunas e pilastras, utilizando-se nos paramentos interiores das paredes exteriores, em geral, a
alvenaria ordinária.
Noutras situações, as paredes exteriores apresentam duas folhas de cantaria, sendo o núcleo
central constituído por alvenaria de pedra miúda (irregular).

Fig. 1.7 - Construção de cantaria (Palácio-Convento de Mafra)

A durabilidade das construções de alvenaria e cantaria ao longo dos tempos, deve-se em geral
à boa qualidade da mão-de-obra com que foram construídas, “colmatando” assim a ausência
de regulamentação aplicável [60].

_______________
1)
Reinado de D. José I (entre 1750 e 1777) [67].
8
Capítulo I - Introdução

1.2.4 – A localização geográfica de Portugal e os efeitos da actividade sísmica

Portugal continental, localizando-se junto à confluência de duas importantes placas tectónicas,


a placa Africana e a placa Euro-asiática, fig. 1.8, tem sido atingido ao longo do tempo por
diversos sismos de magnitude moderada a forte, por vezes com consequências devastadoras
para o património edificado e para a população, cujos epicentros se localizam próximo do
banco de Gorringe – cerca de 200 km a sudoeste do Cabo de São Vicente [153, 177].
De entre os sismos ocorridos próximo desta confluência, destacam-se os de 60 a.C., 382,
1356, 1755 e 1969.

Fig. 1.8 - Localização das placas tectónicas Africana e Euro-asiática, e dos epicentros de sismos
históricos em Portugal e áreas adjacentes [177]

O grande sismo de 1 de Novembro de 1755, com magnitude de 8,5 na escala de Richter e


intensidade entre IX e X na escala de Mercalli Modificada (tabela 1.1), foi sentido em toda a
Península Ibérica e Norte de África. Ao terramoto seguiu-se um maremoto (tsunami) que em
alguns locais da costa portuguesa fez subir o nível das águas em cerca de 20 m, constituindo a
maior catástrofe natural jamais ocorrida em Portugal [25].
Este sismo causou importantes danos no Algarve e, principalmente, em Lisboa, onde
provocou também um devastador incêndio que durou entre cinco a seis dias [20, 63, 67, 169],
fig. 1.9.

9
1 – Largo do Patriarcal; 2 - Incêndio no Hospital Real de Todos-Os-Santos

Fig. 1.9 - Gravuras ilustrativas do aspecto da baixa da cidade de Lisboa após o terramoto de 1
de Novembro de 1755 [63]

Além destes sismos, com epicentros no Oceano Atlântico, registaram-se outros, causados pela
tectónica local, nas seguintes zonas sísmicas nacionais [177]:

- vale inferior do Tejo (VIT) 2), onde tiveram origem os sismos de 1344, 1531, 1899 e 1909,
fig. 1.10;

- região do Algarve, à qual estarão associados os sismos de 1587, 1856 e 1722;

- região de Moncorvo, com os sismos de 1751 e 1858;

- região da Batalha-Alcobaça, onde se terão originado os sismos de 1528 e 1890; e o

- vale submarino do Sado, onde se pensa ter tido origem o sismo de 1858.

_______________
2)
Apesar da Baixa Pombalina se situar junto à falha do VIT [109], o epicentro do terramoto
de 1755 localizou-se em pleno Oceano Atlântico.
O sismo de 1531 causou danos quase tão severos como o de 1755 [4].
O sismo de 23 de Abril de 1909 destruiu por completo a Vila de Benavente, tendo provocado
ainda destruições noutras povoações próximas [58].

10
Capítulo I - Introdução

Fig. 1.10 - Aspecto da Vila de Benavente após o terramoto de 23 de Abril de 1909

No Arquipélago dos Açores, com origem quer na actividade tectónica associada ao contacto
entre as duas placas referidas e a placa Americana (que também ali se junta), fig. 1.8, quer na
actividade vulcânica, a actividade sísmica intensa tem causado grande impacto nos parques
habitacional e monumental, salientando-se, em termos de sismicidade histórica, os sismos de
S. Miguel em 1522, da Terceira em 1614 e 1841 e de S. Jorge em 1757 [94].
Mais recentemente contam-se os sismos de 1926 na Ilha do Faial, a crise sísmica associada à
erupção do Vulcão dos Capelinhos em 1957, a crise sísmica de 1973 no Pico e S. Jorge,
embora sem grandes danos e os sismos de 1980 e 1998.
O sismo de 1980 causou grandes prejuízos nas Ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa, afectando
mais de 60% do parque habitacional.
O sismo de 9 de Julho de 1998, com intensidade VIII na escala de Mercalli Modificada
(tabela 1.1), causou importantes danos nas Ilhas do Faial, Pico e S. Jorge [73, 111, 125, 126],
fig. 1.11.

Nas Ilhas das Flores e do Corvo, bem como no Arquipélago da Madeira, a actividade sísmica
é considerada reduzida [136].

11
1,2 - Farol da Ribeirinha; 3 - Casa na freguesia dos Cedros
Fig. 1.11 - Aspecto de alguns edifícios da Ilha do Faial, após o sismo de 9 de Julho de 1998

Apesar dos danos referidos, a actividade sísmica só por si não causa vítimas. Estas resultam
dos danos severos e dos colapsos sofridos pelas construções durante os sismos, devido à sua
insuficiente capacidade resistente [105].

Os sismos actuam sobre as fundações, induzindo movimentos vibratórios correspondentes às


ondas sísmicas, que se propagam desde o epicentro até ao local da construção.
Os movimentos das fundações são transmitidos à super-estrutura de acordo com as leis da
mecânica dos meios deformáveis, podendo utilizar-se, de forma simplificada, a segunda lei de
Newton (força = massa × aceleração), aplicada a um sistema de um ou mais graus de
liberdade [125].
A acção dos sismos tem um efeito muito nefasto sobre as paredes de alvenaria não reforçada
destacando-se danos e colapsos das paredes para fora do seu plano, fendilhação por corte ou
flexão no plano da parede, perda de ligação entre paredes, pavimentos e coberturas, e danos
severos, por vezes com colapsos dos cunhais [1, 74] e, em situações limite, dos próprios
edifícios.

Estudos recentes referem que uma parcela significativa das construções existentes no nosso
País se localiza em regiões de sismicidade elevada, sem qualquer tipo de dimensionamento
sísmico [28], uma vez que foram erigidas antes da entrada em vigor do primeiro regulamento
anti-sísmico, de Maio de 1958 [136]. De acordo com dados estatísticos [82, 105], estão nestas
condições cerca de 47% dos alojamentos familiares da cidade de Lisboa e 24% a nível
nacional. No entanto, a robustez e a boa qualidade construtiva de muitas destas construções
(como por exemplo a “construção pombalina”) e, em particular, das que foram sujeitas a
acções de conservação e manutenção periódicas, sem sofrerem alterações estruturais ou

12
Capítulo I - Introdução

funcionais significativas, permite minimizar as situações de degradação profunda ou de


colapso, como as apresentadas nas figs. 1.9 a 1.11.

A grandeza de um sismo pode ser medida de forma qualitativa e quantitativa.


A avaliação qualitativa, designada por “intensidade”, mede os efeitos produzidos em termos
dos danos estruturais e o modo como a população sente as vibrações. A escala de medição
mais utilizada é a Escala de Intensidades de Mercalli Modificada (por Wood e Neuman [94]),
na qual os efeitos são ordenados nos doze graus representados na tabela 1.1.

Tabela 1.1 - Escala de Intensidades de Mercalli Modificada [20, 25]

Grau Dano causado pela acção sísmica

O sismo não é sentido pelas pessoas - as vibrações são registadas apenas por instrumentos
I (imperceptível)
(sismógrafos)

II (muito fraco) Pessoas em repouso em pisos superiores de edifícios altos sentem o tremor

Sentido por algumas pessoas no interior das habitações (mas não reconhecido como
III (fraco)
devido a um sismo); objectos pendurados baloiçam

O sismo é perceptível como tal por quase todas as pessoas no interior das habitações;
IV (medíocre)
vidros e loiças tilintam

Perceptível no exterior; pessoas acordam; caem pequenos objectos soltos e as portas


V (forte)
abrem e fecham

O sismo é imediatamente identificado e as pessoas saem para a rua; os móveis deslocam-


VI (bastante forte)
se; caem estuques e as alvenarias de má qualidade fendilham

É difícil permanecer de pé; há fendas nas alvenarias de má qualidade enquanto nas melhores os
VII (muito forte)
danos são ligeiros; caem chaminés e soltam-se telhas; pequenos desprendimentos de terras

A condução automóvel é afectada; há colapsos parciais de edifícios de má qualidade e nos


VIII (ruinoso)
melhores a fendilhação começa a ser importante; ocorrem fendas no solo e nas encostas

O pânico é generalizado; ocorrem danos consideráveis em todo o edificado; aparecem


IX (desastroso)
fendas significativas no solo, donde brotam lama e crateras de areia

Destruição da maioria dos edifícios de alvenaria, de alguns edifícios com estrutura resistente e
X (destruidor)
estruturas ligeiras de madeira; pontes, barragens e diques são afectados; desabamentos de terras

As vias ferroviárias ficam grandemente afectadas; surgem fendas nas estradas; as


XI (catastrófico)
canalizações subterrâneas ficam totalmente destruídas

(mudança da A destruição das estruturas é praticamente total; a topografia regional é alterada e as linhas
XII
topografia) do horizonte são modificadas

A avaliação quantitativa de uma acção sísmica, define-se como “magnitude”, e corresponde


à amplitude das ondas sísmicas registadas nos sismogramas, a qual está relacionada com a
quantidade de energia libertada no foco. A escala mais utilizada é a Escala de Magnitude de

13
Richter, composta por nove graus (1 a 9), correspondendo cada grau ao aumento de energia de
cerca de trinta e duas vezes em relação ao anterior.

Para além da magnitude e da distância ao epicentro do sismo, as vibrações induzidas às


fundações dependem ainda das características do solo onde se propagam as ondas sísmicas e
em que assentam as construções.

1.2.5 – Principais anomalias estruturais das construções de alvenaria ordinária

As anomalias estruturais das construções de alvenaria ordinária ocorrem quando as tensões


provocadas por uma ou mais acções excedem a resistência dos materiais em zonas
significativas (ou porque as acções aumentaram ou porque a resistência diminuiu), sendo
tanto maiores quanto pior é a qualidade da construção.
Para situações hipotéticas de igual qualidade construtiva inicial, as anomalias agravam-se com
o número de alterações estruturais realizadas ao longo do tempo [11, 74, 79, 117], das quais
se destacam: a remoção de paredes resistentes (ou mestras) e de paredes divisórias, o aumento
geral da massa das construções por substituição de pavimentos de madeira por lajes de betão
armado e o aumento do número de pisos.

Uma das anomalias estruturais mais frequentes nas construções de alvenaria em geral, e nas
de alvenaria ordinária em particular, é a fendilhação em paredes e fundações [2, 8, 147, 148,
151, 153], causada pelo efeito individual ou associado das seguintes acções: acção sísmica,
assentamento diferencial de fundações (com desvios de verticalidade das paredes), vibrações
resultantes do tráfego rodoviário de veículos pesados, efeitos de remodelações interiores mal
concebidas (muitas vezes com remoção de elementos resistentes). A fendilhação por corte ou
flexão no plano da parede apresenta padrões de fendas verticais, horizontais e inclinadas, em
especial junto aos cantos das aberturas.
A fendilhação pode ainda ser agravada pela degradação geral dos materiais, muitas vezes
devida à ausência de conservação e manutenção periódicas.

Outras anomalias estruturais que ocorrem com frequência são: (i) os esmagamentos internos
localizados e as deformações excessivas, resultantes de acções gravíticas elevadas; (ii) a
desagregação, agravada pela presença da água, nas suas várias origens; as infiltrações
contínuas e prolongadas, levando à remoção continuada dos finos constituintes da argamassa
de assentamento, são muito gravosas nas paredes de folha dupla, com o núcleo interior mais
14
Capítulo I - Introdução

pobre [163]; (iii) a degradação de elementos de madeira por agentes biológicos; e (iv) a
corrosão de elementos metálicos.

1.2.6 – Métodos de inspecção e diagnóstico de anomalias estruturais de construções de


alvenaria ordinária

Os trabalhos de reabilitação estrutural devem ser precedidos de inspecção adequada, a realizar


em duas fases:
- uma inspecção preliminar (qualitativa) referente ao levantamento do quadro patológico
existente, realizada geralmente por observação visual ou com equipamentos e ferramentas
simples. Nesta fase deve-se pesquisar também a eventual existência de projectos de execução
e/ou de alterações a que a construção esteve sujeita.

- uma análise mais detalhada (quantitativa), abrangendo os seguintes aspectos: características


dos materiais existentes, se possível com extracção de amostras, para futura análise laboratorial;
características dinâmicas da estrutura e características das anomalias existentes. Nesta fase de
inspecção, deve-se executar ainda um levantamento geométrico e construtivo, com vista à
modelação do comportamento estrutural.

Uma abordagem metodológica global pode ser constituída pelas seguintes etapas, numa
linguagem semelhante à utilizada na medicina [79, 163]:

(i) - anamnese (historial): correspondente ao estudo da evolução histórica e recolha de


informação importante;

(ii) - diagnóstico: relativo à identificação das causas das anomalias e da degradação, e


avaliação da segurança estrutural;

(iii) - terapia: escolha e aplicação da solução técnica de intervenção;

(iv) - controlo: acompanhamento e controlo da eficácia da intervenção.

No que se segue referem-se alguns dos métodos existentes de inspecção e diagnóstico de


anomalias estruturais de fundações e paredes de edifícios antigos, a utilizar isoladamente ou
em situações de complementaridade [23, 30, 97, 119, 120, 121, 162, 170, 171]:
15
- ao nível das fundações:

a) no solo de fundação: ensaios para avaliação das características geotécnicas, com sondagens
de prospecção e ensaios para avaliação da sua capacidade de carga;

b) nas fundações: execução de poços de reconhecimento (entivados, se necessário), com


eventual recolha de amostras, e utilização de fissurómetros.

- ao nível das paredes resistentes:

a) métodos “não destrutivos”: (i) inspecções visuais, se necessário a partir de plataformas ou


com recurso a binóculos, incluindo levantamento fotogramétrico (em escala adequada) e
estrutural do edifício; (ii) ensaios de termografia; (iii) ensaios de velocidade de propagação de
ultrasons através da espessura das paredes (ou superficialmente); (iv) ensaios de estetoscopia
e (v) ensaios dinâmicos;

b) métodos “semi-destrutivos” (in situ): (i) inspecções com câmara boroscópica (ou ensaios
de endoscopia) e (ii) ensaios com macacos planos;

c) métodos “destrutivos”: (i) extracção de amostras com dimensões representativas, para


posterior ensaio laboratorial e (ii) arranque de varões previamente selados nas paredes.

Os ensaios de termografia baseiam-se no princípio de que todos os corpos emitem radiação


térmica, sendo possível visualizar, e registar em imagens designadas por “termogramas”, com
aparelhagem adequada, os diferentes graus de emissão na banda do infra-vermelho.
Deste modo, podem identificar-se os diferentes elementos constituintes das paredes (com base
na sua temperatura), avaliar o seu grau de heterogeneidade e detectar zonas com diferentes
teores de humidade.

Os ensaios de ultrasons são utilizados mais correntemente em elementos de betão mas


também podem ser usados em alvenaria. Baseiam-se na correlação entre a velocidade de
propagação do som através dos materiais e as suas características mecânicas, permitindo
detectar heterogeneidades ou descontinuidades (fendilhação) no interior dos elementos
construtivos.

16
Capítulo I - Introdução

O ensaio de estetoscopia consiste em auscultar a parede com um estetoscópio semelhante aos


utilizados na medicina, à medida que se vai percutindo com um pequeno martelo, permitindo
verificar, em função do tipo de ressonância ouvida, por exemplo, no caso de uma parede mista
de alvenaria e madeira, se se está em presença de um meio com madeira ou com alvenaria, ou
se o revestimento se encontra separado do suporte.

Os ensaios dinâmicos permitem a caracterização do comportamento dinâmico da construção


no seu conjunto, estimando, nomeadamente, as frequências principais de vibração e o coeficiente
de amortecimento. A resposta dinâmica da estrutura pode ser obtida a partir de diversas
solicitações dinâmicas causadas pelo tráfego de viaturas pesadas nas proximidades, ou
aplicadas à estrutura propositadamente. Estes ensaios são realizados com equipamento próprio
(acelerómetros ou acelerógrafos), colocados em pontos da estrutura previamente definidos, para
o registo das vibrações nas diversas direcções. Os sinais recebidos são tratados em computador,
obtendo-se informação sobre as primeiras frequências próprias de vibração da estrutura.
Os resultados permitem calibrar o modelo analítico da estrutura e ajustá-lo ao comportamento
observado [119].

As inspecções com câmara boroscópica (ou ensaios de endoscopia), desde que possíveis de
realizar, são simples e servem de complemento à inspecção visual, permitindo obter informação
relativa à constituição da alvenaria, no interior da parede, e sobre a possível existência de
vazios ou descontinuidades, fornecendo ainda uma ideia do grau de desagregação interna da
alvenaria. Consistem na abertura de furos com diâmetros de referência de 12 mm e
profundidade adequada por onde se introduz um endoscópio de fibras ópticas que permite a
visualização num monitor, em tempo real, da constituição interna do elemento em análise.
Sempre que possível, devem utilizar-se fendas, furos ou folgas já existentes nas juntas [162].

Os ensaios com macacos planos, inicialmente desenvolvidos para caracterizar os estados de


tensão instalados em maciços rochosos e barragens de betão, são também utilizados na
caracterização das alvenarias (embora com um equipamento mais leve, para minimizar os
danos), consistindo:
(i) - no caso de macacos planos simples, na abertura de um rasgo horizontal na parede e na
aplicação de uma pressão uniforme contra as “paredes” do rasgo, através de um macaco plano
nele introduzido, de forma a anular as deformações verificadas na vizinhança do rasgo,
causadas pela sua abertura. As deformações são medidas através de alongâmetros colocados
na vertical, sendo possível estimar, como se referiu, o estado de tensão instalado na parede.
17
(ii) com os macacos planos duplos pode-se obter o diagrama de tensões-extensões da
alvenaria, uma vez que são executados dois cortes horizontais paralelos, com um determinado
afastamento, nos quais se inserem os macacos, aplicando-se em seguida e em simultâneo uma
pressão uniforme. Realiza-se assim um ensaio de compressão para determinação da
capacidade resistente à compressão do painel de alvenaria localizado entre os macacos, que se
admite estar sob um estado de tensão nulo antes do ensaio. As deformações verticais do
“provete” são medidas a partir de pontos de referência (ou miras), sendo assim possível
estimar o módulo de elasticidade [162].
Estes ensaios, com macacos planos simples ou duplos, permitem apenas uma caracterização
aproximada da alvenaria no interior das paredes, uma vez que os macacos são colocados em
rasgos efectuados à superfície.

A extracção de amostras torna-se inviável na maioria das vezes, ou por não ser aceitável do
ponto de vista patrimonial, ou devido à “destruição” das amostras durante as operações de
caroteamento e manuseamento. Mas, sempre que se considerem representativas, as carotes
permitem estimar a resistência à compressão da alvenaria, salvaguardando o facto de os
resultados não poderem ser generalizados a todo o edifício, quer devido à eventual falta de
representatividade da(s) amostra(s) quer pela heterogeneidade característica do material,
como se referiu.

O arranque de varões previamente selados à alvenaria, é um ensaio realizado in situ que


permite avaliar a resistência à tracção da ligação, justificando-se nos casos em que se prevê a
pregagem das paredes antigas a uma estrutura nova de betão armado, como sucedeu em
alguns edifícios após o incêndio do Chiado de 1988, em Lisboa [97]. Neste ensaio, os varões
são ancorados em furos abertos na alvenaria, com diâmetros da ordem de 30 a 40 mm, um
comprimento de amarração da armadura que permita a sua adequada fixação à alvenaria
(podendo ter-se como referência os comprimentos de amarração das armaduras ordinárias em
betão, preconizados no REBAP [137]), e uma inclinação em relação à horizontal de 20 a 30º
que possibilite a injecção para a selagem. As extremidades dos varões ficam salientes num
comprimento que permita acoplar um macaco para a realização do ensaio, registando-se a
força necessária ao arrancamento. Devem ser tidos cuidados especiais no modo como os
macacos apoiam contra a alvenaria, de forma a não desvirtuar o ensaio nem invalidar os
valores das forças obtidas.
Este ensaio pode fornecer uma ideia geral sobre as condições de coesão local da alvenaria, em
função da maior ou menor força de arrancamento.
18
Capítulo I - Introdução

1.2.7 – Principais técnicas de reabilitação estrutural de construções de alvenaria ordinária

Na reabilitação estrutural de uma construção de alvenaria ordinária (ou outra), a rigidez, a


resistência e a ductilidade são parâmetros fundamentais para o seu comportamento face a
acções como a acção sísmica, assentamentos diferenciais das fundações (resultantes de
acréscimos assimétricos das cargas gravíticas ou da descompressão do solo de fundação, por
escavações próximas), alterações estruturais mal concebidas, etc, capazes de originar
importantes danos estruturais. Em todos estes casos, o comportamento mecânico das paredes
resistentes é essencial e pode ser optimizado através de ligações tridimensionais adequadas do
tipo: parede-parede, parede-pavimento e parede-cobertura.
No caso de sismos intensos, a ductilidade permite assegurar o controlo da deformação e uma
reserva de resistência, necessários à prevenção do colapso, fig. 1.12.

Fig. 1.12 - Curva de desempenho de uma estrutura [28]

No projecto de reabilitação de uma construção podem considerar-se acções de reparação e


acções de reforço, sendo frequentes soluções que combinem os dois tipos de intervenção [3, 28].
No primeiro caso (reparação) englobam-se as acções para correcção de anomalias resultantes
de danos estruturais ou da ausência de medidas de conservação e manutenção ao longo do
tempo. Nesta situação, procura-se recuperar o desempenho anterior, mantendo a edificação no
estado em que se encontrava antes da ocorrência das anomalias.
No segundo caso (reforço), desenvolve-se um conjunto de acções que visam o reforço ou a
melhoria do desempenho original de alguns elementos da construção, ou da construção no seu
todo. Nestas acções incluem-se, por exemplo, as medidas para a consolidação e reforço de
fundações, paredes e eventuais estruturas de madeira ou metálicas existentes (em resposta a
alterações funcionais e/ou ao aumento das cargas gravíticas) e, quando necessário, o reforço
do isolamento térmico das paredes, o incremento do isolamento acústico de pavimentos, ou a
melhoria das condições de segurança contra riscos de incêndio do edifício no seu conjunto.

19
A reabilitação estrutural deve ter em conta as seguintes condicionantes, que podem restringir
a gama de soluções a utilizar:

(i) - respeitar as características específicas da solução construtiva, prevenindo o seu adequado


comportamento face às acções mecânicas previstas;

(ii) - garantir a máxima compatibilidade (física, mecânica e química) possível entre os materiais
existentes e os materiais “novos”;

(iii) - ter presente o princípio da reversibilidade ou, pelo menos, da reparabilidade, entendido
como a possibilidade, em certos limites, de se poder retroceder na intervenção, recolocando a
construção numa situação novamente próxima do ponto de partida, de modo a corrigir algumas
opções da estratégia seguida, que entretanto se revelem menos acertadas [3]; e

(iv) - realizar a mínima intervenção possível, no menor prazo de execução tecnicamente


exequível, para atingir os objectivos definidos, de forma a minimizar o período de maior
vulnerabilidade da construção.

As soluções de reparação e reforço a adoptar podem, assim, contemplar o reforço e/ou a


consolidação das paredes, o reforço das ligações entre paredes perpendiculares, paredes e
pavimentos e paredes e cobertura, o reforço ou a substituição das estruturas dos pavimentos e
da cobertura e o reforço e/ou o alargamento das fundações [28].

No que segue procede-se à apresentação das principais técnicas de reforço e consolidação


estrutural a utilizar em construções de alvenaria, nomeadamente de pedra, isoladamente ou
em conjunto, mediante a selecção ponderada da solução mais adequada a cada caso.
Uma das técnicas mais simples e adequada para o restabelecimento da integridade, melhoria
da protecção das faces das paredes e das condições estanquidade à água, bem como a
melhoria da resistência mecânica, é o refechamento de juntas. Esta técnica consiste na
remoção parcial da argamassa (deteriorada) numa profundidade de 5 a 7 cm, lavagem da junta,
avivada com água sob baixa pressão e substituição do material removido, fig. 1.13.
No caso de ser aplicada nos dois paramentos da parede, o “núcleo central” não
intervencionado deve ter, pelos menos, 1/3 da espessura da parede. Além disso, a argamassa
das juntas de um paramento só deve ser removida após a conclusão dos trabalhos no
paramento oposto.

20
Capítulo I - Introdução

Fig. 1.13 - Técnica de refechamento de juntas de paredes de alvenaria de pedra irregular [179]

Em paredes de junta horizontal regular, o refechamento armado das juntas, com rede metálica
colocada antes da aplicação da argamassa, confere-lhes ainda um melhor desempenho
funcional [164, 194].

O desmonte e a reconstrução de partes do edifício, em que se utilizam os materiais originais


(nomeadamente as pedras), com substituição dos que se mostrem insatisfatórios, facilita a
correcção de deficiências ou degradações localizadas e permite melhorar a qualidade
construtiva da alvenaria. Devem utilizar-se argamassas pouco retrácteis como, por exemplo,
argamassas de cal e areia, ou argamassas bastardas de cimento, cal e areia, tendo em vista
uma melhor compatibilidade (física e mecânica) com o existente.
O desmonte e a reconstrução deve obedecer aos seguintes requisitos: (i) o trabalho deve ser
efectuado por troços; (ii) a alvenaria antiga, que faz fronteira com a alvenaria nova, deve ficar
com os contornos irregulares para melhorar a ligação; (iii) antes da construção dum novo troço
de alvenaria, a superfície da alvenaria antiga deve ser limpa, preferencialmente com água
corrente; (iv) toda a zona intervencionada requere o escoramento prévio, o qual deve ser mantido
até à sua nova entrada em carga; (v) nas construções de alvenaria de pedra à vista (com ou
sem aparelho), deve efectuar-se a prévia numeração das peças, para facilitar a sua reaplicação.
Esta técnica apenas deve ser considerada quando a intervenção por outros meios for mais
danosa [79, 163, 164].

O confinamento transversal da alvenaria pode ser efectuado principalmente com elementos


metálicos (varões roscados), designados por conectores (quando o comprimento dos varões é
igual à espessura dos elementos estruturais a reforçar) ou pregagens (cujo comprimento é
inferior à espessura dos elementos a reforçar). Esta técnica foi desenvolvida em Itália, a seguir
à II Guerra Mundial, aplicada ao reforço e reabilitação de estruturas antigas de alvenaria.
O efeito de confinamento da alvenaria é conseguido através das chapas de ancoragem fixas
nas extremidades dos conectores e das pregagens, em geral com auxílio de porcas, que

21
“apertam” as chapas contra a alvenaria (duas chapas por cada conector e uma por cada
pregagem). Os conectores e as pregagens são introduzidos em furos abertos para o efeito,
perpendiculares ao plano das paredes (no caso dos conectores) ou inclinados (no caso das
pregagens), e posteriormente selados com caldas de injecção adequadas.
O confinamento pode ser mais generalizado e servir também para melhorar a ligação entre
paredes perpendiculares, tomando aí a designação de “pregagens-costura” [164]. Em geral,
esta solução é utilizada em conjunto com outras técnicas, nomeadamente: “rebocos armados”,
injecção de caldas ou refechamento de juntas.

Existe ainda a possibilidade de realização de uma técnica designada por “reticolo cimentato”,
fig. 1.14, na qual o confinamento transversal é realizado mediante a introdução de um
conjunto reticulado de barras (ou varões) de aço, inclinadas, em furações feitas na alvenaria
e depois injectadas com caldas de cimento [3]. Esta técnica, patenteada, pode apresentar no
entanto algumas dificuldades de execução relacionadas com a necessidade de realização de
uma grande quantidade de furos inclinados (sempre difíceis de executar).

Fig. 1.14 - Representação esquemática do reforço de alvenaria com reticolo cimentato [3]

A ligação entre paredes de fachadas paralelas, através de varões metálicos ou do vigamento


dos pavimentos, quando se encontra perpendicular às paredes a ligar, constitui, só por si, uma
excelente forma de redução dos danos causados por acções sísmicas ou assentamentos
diferenciais de fundações. Após os sismos de Molise (Itália) de 31 de Outubro e 1 de Novembro
de 2002, um edifício com este reforço sofreu apenas danos localizados comparativamente a
outro edifício vizinho, sem ligações entre paredes, cuja fachada se separou por completo das
paredes perpendiculares [117]. Estas ligações, designadas por “armaduras passivas”, não devem
introduzir tensões adicionais nos pontos de fixação à alvenaria, devendo para tal ser ajustadas

22
Capítulo I - Introdução

mas não tensionadas, uma vez que as tensões tenderiam a libertar-se durante uma acção sísmica
ou assentamento diferencial de fundações, com eventual esmagamento local da alvenaria.

A utilização de “rebocos armados” 3), realizados com lâminas de argamassa ou micro-betão


armadas com rede metálica (de aço inox ou com protecção anticorrosiva) é uma técnica muito
divulgada actualmente, fig. 1.15.
Além da rede metálica, existem também exemplos de aplicação de rede de fibra de vidro (com
protecção anti-alcalina) [47, 51], embora com um desempenho estrutural inferior.

1,2 – Ilha do Faial (Açores); 3 – Alfama (Lisboa)


Fig. 1.15 - Reforço de paredes de alvenaria de pedra com lâminas de micro-betão, armadas
com rede metálica

Os “rebocos armados”, devem ser realizados, quando possível, em ambas as faces das
paredes, e ligados entre si por um conjunto de elementos (geralmente conectores metálicos),
que solidarizem as lâminas de argamassa ou micro-betão entre si [26, 125], de forma a evitar
ou minimizar a desagregação da alvenaria.
Esta técnica origina uma “nova” secção transversal, constituída pelo elemento a reforçar e as
lâminas de reforço [129], melhorando a ligação entre as paredes, a resistência ao corte e a
ductilidade da estrutura. Além disso, pode diminuir fendilhação, comparativamente aos
elementos não reforçados.

_______________
3)
Entendidos como “rebocos estruturais”, sobre os quais são aplicados revestimentos de
argamassa, estuque (no interior), ou outros, prévios à aplicação do acabamento final.
Em ambientes húmidos e com a presença de sais solúveis, nomeadamente sulfatos, terão de haver
alguns cuidados na prescrição de soluções de reforço com base em materiais cimentíceos, para
garantia das exigências funcionais de durabilidade. Este assunto será retomado na secção 4.5.

23
Em certos casos, porém, esta técnica pode ser inviável por razões estéticas ou arquitectónicas,
uma vez que a espessura mínima requerida, da ordem dos 5 cm, pode sobrepor-se à saliência
dos elementos de cantaria dos vãos, no exterior [3, 164].
No presente trabalho é analisada a eficácia de soluções de reforço deste tipo (entre outras),
aplicadas nos modelos experimentais de alvenaria ordinária.
Os compósitos de fibras de vidro ou carbono (FRP), crescentemente difundidos na
reabilitação de estruturas de betão armado [159], têm ainda pequena aplicação na reabilitação
de construções de alvenaria porque a sua capacidade resistente dificilmente é mobilizada e
devido à maior dificuldade de aplicação sobre a superfície irregular da alvenaria,
comparativamente à dos elementos de betão. Na hipótese de regularização prévia da
superfície, podem existir deficiências nas ligações entre a alvenaria e o material de
regularização, ou entre este e o material de reforço (compósito).

Outras soluções de reforço que prevêem a criação de elementos adicionais à alvenaria, são a
“cinta sísmica”, o encamisamento ou a construção de sistemas porticados de betão.
A “cinta sísmica”, construída no coroamento das paredes periféricas, foi uma técnica
especialmente adoptada na sequência do sismo de Lisboa de 1969 [22, 119, 125], conferindo
uma grande melhoria no comportamento da parede em relação a forças perpendiculares ao
plano.
O encamisamento das paredes, realizado em betão armado, em camadas com espessura da
ordem dos 8 a 10 cm, é uma técnica mais intrusiva do que os “rebocos armados”, porém com
maior capacidade resistente. Destina-se a situações de elevada degradação estrutural mas
apenas deve ser utilizada quando não existir outra alternativa. Algumas vezes esta técnica é
aplicada em situações em que se pretende aumentar o número de pisos dos edifícios, numa
situação já distante do conceito de “reabilitação estrutural”.
A construção de sistemas porticados em betão armado, “pregados” às paredes de alvenaria,
permite que estas passem a desempenhar funções de “revestimento” ou forro. Esta técnica,
contudo, apresenta dificuldades de projecto, relacionadas com as condições de ligação e
funcionamento relativo (interacção) entre a estrutura de betão e a alvenaria, bem como
dificuldades construtivas, relacionadas com a necessidade de aberturas de rasgos na alvenaria
para a execução da estrutura porticada. Além disso, a mobilização da capacidade resistente, à
tracção e ao corte, dos varões metálicos utilizados nas “pregagens” requere a sua adequada
ligação, tanto aos elementos novos de betão como à alvenaria.
Por outro lado, a (grande) rigidez destas paredes pode sobrepor-se à rigidez da estrutura
porticada e, assim, condicionar o comportamento global.
24
Capítulo I - Introdução

A injecção de caldas tem como finalidades consolidar a alvenaria existente, promover a


melhoria das condições de ligação entre os seus elementos (pedras, tijolos) e por essa via a
sua integridade e coesão, fig. 1.16. No caso de paredes de “múltiplas folhas”, esta técnica
permite também consolidar o núcleo interior geralmente pouco resistente. Contudo, as
condições de aderência (e coesão) da alvenaria devem ser melhoradas de forma homogénea
(em volume) e segundo técnicas de aplicação que não introduzam danos adicionais.

- Exemplo de aplicação num edifício em Alfama (Lisboa)


Fig. 1.16 - Consolidação de paredes de alvenaria de pedra com caldas de injecção

As caldas de injecção devem ser pouco retrácteis e relativamente fluídas para preencherem os
vazios e/ou fendas existentes. Para a definição da sua composição, deve ter-se em conta a
constituição morfológica da parede, porque mesmo caldas muito finas podem apresentar
dificuldade de penetração em fendas inferiores a 2 ou 3mm [11], bem como o tipo e as
características do dano estrutural. As caldas de injecção mais utilizadas resultam de
combinações, em diversas proporções, de cimento, cal hidráulica, cal aérea e água. Mas, além
destas, existem as caldas de silicatos de potássio ou de sódio, as caldas estáveis (argila e
cimento), as resinas orgânicas e as caldas nobres (resinas epóxidicas, polyesteres, etc.), cuja
utilização deve ser justificada em cada caso, por a sua constituição ter uma reduzida
compatibilidade com os materiais originais das construções de alvenaria [70].
A eficácia da aplicação, que pode ser avaliada através de ensaios de ultrasons e/ou extracção
de carotes [119], depende do índice de vazios da alvenaria, sendo optimizada para valores
entre 2 e 15% [164].
O padrão da furação corresponde, em geral, a cerca de dois a quatro furos por metro
quadrado, distribuídos em quincôncio, que devem atingir no mínimo meia espessura da
parede, para assegurar a difusão uniforme da calda em toda a secção transversal [70].

25
A técnica da injecção de caldas é muitas vezes utilizada em conjunto com “rebocos armados”
e confinamento transversal.
Dependendo das características morfológicas do elemento a reforçar e do tipo e características
do dano estrutural (número e dimensão das fendas), podem efectuar-se injecções sob pressão,
por gravidade ou por vácuo [3, 164].
A injecção sob pressão é efectuada em alvenarias que, apesar de degradadas, suportam o
impulso da pressão aplicada (não superior contudo a valores compreendidos entre 0,1 a 0,2 MPa).
A injecção deve ser feita a partir de tubos de adução previamente introduzidos na alvenaria,
em furos abertos para o efeito, ou através das fendas existentes, de baixo para cima e dos
extremos para o centro, e sempre adequada às condições estruturais existentes.
A injecção por gravidade pode ser efectuada em alvenarias muito degradadas, através de
tubos introduzidos nas fendas ou com o auxílio de seringas, sobre os tubos previamente
inseridos.
O sistema de injecção por vácuo é aplicável em pequenos elementos arquitectónicos ou,
preferencialmente, em elementos removíveis, utilizando caldas muito finas, cuja penetração
nos tubos inferiores se faz enquanto se aspira o ar nos tubos superiores.

A técnica da injecção de caldas preserva o aspecto exterior original das paredes, sendo por
isso frequentemente utilizada na consolidação estrutural de obras de valor artístico e/ou
arquitectónico. Todavia, e independentemente dos estudos necessários à definição da
composição, esta técnica inviabiliza sempre o princípio da reversibilidade da intervenção
referido antes.
Esta técnica confere ao conjunto “alvenaria + consolidante”, um comportamento em série,
contrariamente às soluções baseadas exclusivamente em “rebocos armados” que conduzem à
formação de conjuntos “alvenaria + reforço”, com um comportamento global em paralelo [129].

A aplicação de pré-esforço em elementos verticais da construção, geralmente nos cunhais,


através de varões metálicos tracionados, é uma técnica de reforço eficaz, criada em Inglaterra
em 1825. O valor do pré-esforço deverá corresponder a cerca de 25% da capacidade resistente
dos elementos a reforçar, e os varões devem possuir protecção anticorrosiva.
Esta solução promove a melhoria da resistência mecânica e da ductilidade da alvenaria [68, 69],
e não requer per se o aumento da capacidade das fundações, uma vez que não implica o
acréscimo das cargas verticais.
Previamente à aplicação do pré-esforço, devem ser seladas todas as fendas existentes na
alvenaria.

26
Capítulo I - Introdução

Noutros casos ainda, pode justificar-se a utilização de apoios dissipadores de energia


(amortecedores visco-elásticos) colocados nas fundações ou nos núcleos de acesso vertical. A
este respeito, citam-se dois exemplos: (i) o trabalho mencionado em [14] (descrito resumidamente
em 2.3), relativo a um edifício localizado na Av. Duque de Loulé, em Lisboa, que refere a
aplicação de amortecedores fixos a uma estrutura metálica tridimensional de apoio, com vigas
ao nível de cada piso do edifício, com o objectivo de aumentar o amortecimento, diminuir os
deslocamentos e, em consequência, reduzir os esforços sísmicos sobre a estrutura, e (ii) o caso
da ponte de Carquinez, na Baía de S. Francisco [114], onde foram utilizados amortecedores
hidráulicos. Noutros casos, utilizam-se os amortecedores visco-elásticos na ligação entre
partes da estrutura, para a dissipação da energia transmitida pelo sismo.

Na análise de construções adjacentes umas às outras, formando quarteirões, para efeitos de


reabilitação estrutural, estas deverão ser tratadas em conjunto (efeito de quarteirão), uma vez
que o comportamento individual, nomeadamente perante a acção sísmica, dependerá do
comportamento do conjunto, embora com consequências previsivelmente distintas para cada
uma delas [126, 171].

Qualquer que seja a solução de reabilitação estrutural a adoptar – devidamente justificada em cada
caso –, esta não deve conduzir ao aumento da massa global da construção. Independentemente
da possibilidade de verificação ou não desta condição, devem ser avaliadas as condições de
segurança das fundações actuando, se necessário: (i) sobre as fundações; (ii) sobre o solo de
fundação, ou (iii) adoptando medidas correctivas. As medidas a desenvolver sobre as
fundações podem envolver a sua reabilitação através do recurso a caldas de injecção,
alargamento ou recalçamento por troços, confinamento lateral ou transferência de cargas para
camadas profundas do terreno, através de estacas de betão ou micro-estacas (as quais podem
atravessar as próprias fundações). O melhoramento do solo de fundação pode ser conseguido
mediante técnicas de geotecnia baseadas na injecção do solo, jet-grouting (injecções
localizadas a alta pressão) e inclusões rígidas (execução de micro-estacas ou estacas de
contenção). Quanto às medidas correctivas, estas podem compreender a criação de juntas
estruturais, a redução das cargas gravíticas, a eliminação (demolição) de ampliações e o
confinamento das estruturas [3, 164].

Nas construções de alvenaria de pedra (ou de tijolo), a estrutura dos pavimentos elevados é
maioritariamente de madeira, embora também se encontrem com alguma frequência
pavimentos mistos de alvenaria e ferro, cuja corrosão constitui a principal fonte de anomalias
27
estruturais, tanto em zona corrente como nas zonas de apoio das vigas metálicas nas paredes.
Noutras situações, em especial nas construções mais “nobres”, a estrutura do pavimento é
constituída essencialmente por arcos e abóbadas, também de alvenaria. Neste caso, as
soluções de reparação e reforço dependem do tipo de anomalias estruturais e respectivas
causas.
No caso da existência de fendilhação devida a movimentos e cedências dos apoios dos arcos e
abóbadas, a intervenção passa quer pela eliminação da anomalia quer pela eliminação da sua
causa, com acções de reforço de fundações e paredes e, quando possível, com a aplicação de
tirantes que limitem os esforços transmitidos às paredes de apoio (para fora do seu plano). A
eliminação da anomalia (fendilhação) pode ser conseguida com a injecção das fendas, de
acordo com os critérios referidos antes, ou com a reconstrução da zona afectada.
O reforço destes elementos (arcos e abóbadas), quando muito danificados, para a melhoria da
sua resistência às cargas gravíticas ou acção dos sismos, pode ser conseguido construindo no
extradorso um segundo arco, geralmente em betão, que pode ser dimensionado para suportar a
totalidade das cargas, incluindo o peso do arco original. O encamisamento duplo, pelo
extradorso e pelo intradorso, está limitado apenas a situações de intervenção profunda,
geralmente com reconversão e modernização dos edifícios [3].
A este respeito, refere-se a solução de reparação das abóbadas da Igreja de S. Francisco de
Assis, em Itália, após o sismo de 1997, no contexto geral da reabilitação a que construção foi
sujeita, que consistiu na fixação ao extradorso das abóbadas de diversos tirantes metálicos
munidos de molas helicoidais, ancorados aos arcos de suporte da cobertura, melhorando desta
forma as suas condições globais de segurança [9].

Em face da diversidade de soluções disponíveis, algumas das quais requerem maior


aprofundamento e/ou poderão ter alguma dificuldade de aplicação, a solução de reabilitação a
prescrever deve ser precedida de um adequado diagnóstico, tendo em vista a salvaguarda de
critérios relacionados com a ética da conservação do património edificado. Isto é: a solução de
reabilitação a adoptar não deve contribuir para agravar a degradação das alvenarias ou
descaracterizar a construção, devendo, pelo contrário, ser razoavelmente durável e reparável
[199]. Embora destinadas essencialmente à criação de regras de conduta a observar nas
intervenções em edifícios monumentais, referem-se e este respeito a Carta de Atenas (1931) [43]
e a Carta de Veneza (1964) [24] como elementos de referência/doutrina geral nas acções de
reabilitação estrutural, a levar a efeito em edifícios antigos.
Em algumas situações, pode ser necessário efectuar a monitorização ao longo do tempo da
estrutura reparada, tendo em vista o acompanhamento da eficácia dos trabalhos realizados.
28
Capítulo I - Introdução

1.2.8 – Legislação, normalização e recomendações aplicáveis

No nosso País, a legislação aplicada à construção de edifícios tem evoluído progressivamente


no sentido de responder a níveis de exigências funcionais (de segurança, habitabilidade e
durabilidade) cada vez mais elevados.
Neste domínio, referem-se em termos históricos, e entre outros, os seguintes documentos: o
Decreto de 31 de Dezembro de 1864 [130]; o Decreto de 2 de Julho de 1867 [131]; o
Regulamento Para o Serviço de Inspecção e Vigilância para Segurança dos Operários Maiores
e Menores nos Trabalhos de Construções Civis, de 6 de Junho de 1895 [141]; o Regulamento
de Salubridade das Construções Urbanas (RSEU) - Decreto de 14 de Fevereiro de 1903 [142];
o Decreto nº. 902, de 30 de Setembro de 1914 [132]; o Regulamento para o emprêgo do beton
armado - Decreto nº. 4036, de 28 de Março de 1918 [133]; a Lei n.º 1670, de 15 de Setembro
de 1924 [140]; o Decreto n.º 14268, de 13 de Setembro de 1927 [134]; o Decreto nº. 15899,
de 27 de Agosto de 1928 [135]; o Regulamento Geral da Construção Urbana Para a Cidade de
Lisboa, de 1945 [19]; o Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) - D. L. nº.
38382 de 7 de Agosto de 1951 [139]; o Regulamento de Segurança das Construções Contra os
Sismos - D. L. nº. 41658, de 31 de Maio de 1958 [136]; o Regulamento de Segurança e Acções
para Estruturas de Edifícios e Pontes [138] e a Informação Técnica DIT13 - Construção Anti-
Sísmica. Edifícios de Pequeno Porte” (LNEC) [25].
No âmbito da Comissão das Comunidades Europeias, iniciou-se o desenvolvimento de um
conjunto de regras técnicas harmonizadas, com o objectivo de servirem de alternativa e
substituírem as regras construtivas em vigor nos diversos estados membros. Estas regras,
produzidas pelo CEN através da sua Comissão Técnica CEN/TC 250, materializam-se por
diversas normas designadas por eurocódigos estruturais, dos quais, no âmbito do presente
trabalho, se destaca o Eurocódigo 6 (EC6) - Projecto de Estruturas de alvenaria [86], já antes
referido.
Por fim, mencionam-se as “Recomendações para a análise, conservação e restauro estrutural
do património arquitectónico” elaboradas pelo ICOMOS [79], que constituem um documento
definidor e orientador de critérios de avaliação e intervenções de reabilitação (restauro)
estrutural do património arquitectónico.

1.3 – Motivação e objectivos

O presente trabalho tem como motivação a necessidade de compreender, do ponto de vista


experimental, o comportamento de construções de alvenaria ordinária, simples e reforçadas,
29
perante a acção de cargas verticais e horizontais elevadas, geralmente responsáveis por danos
estruturais.
A acção sísmica é de todas as solicitações que actuam sobre as estruturas, a que lhes confere
maiores danos, motivo pelo qual foi abordada com algum pormenor. Entre estes danos, conta-
se, como se referiu, o esmagamento e a fendilhação dos elementos resistentes que, em alguns
casos, podem levar ao colapso. Não obstante, devido ao carácter “esporádico” da acção sísmica
no País, a evolução da aprendizagem tem-se baseado em processos de “tentativa e erro”, sem
ecos da sua eficácia, contrariamente ao que acontece em Países como o Japão, onde os abalos
sísmicos fortes se sucedem com frequência, e em que as lições obtidas através dos danos
causados se traduzem em modificações e melhorias da prática construtiva, incorporando
aspectos conducentes ao aumento das condições globais de segurança [109, 110].
Mas, outras solicitações como o aumento das cargas gravíticas, o assentamento diferencial de
fundações (por descompressão do solo ou alterações funcionais das construções, sem as
necessárias acções de reforço), os choques acidentais de veículos ou os efeitos que decorrem
da ausência continuada de acções de manutenção, reparação ou reforço estrutural, são também
extremamente nefastas.
A preocupação e a incerteza quanto à resposta estrutural desta tipologia construtiva (alvenaria
ordinária), perante um sismo de grande intensidade, como o de 1755, pela generalizada falta
de condições de manutenção do parque edificado, agravadas pelas inúmeras alterações
estruturais de remoção e/ou redução de elementos resistentes, tendo em vista a criação de
espaços mais amplos ao nível dos primeiros pisos, especialmente em zonas urbanas e a
necessidade da realização de projectos e trabalhos de reparação e reforço adequados,
constituem motivações acrescidas para a realização deste trabalho.
Na secção 1.2 referiram-se as principais técnicas de reabilitação aplicáveis às construções
de alvenaria. Contudo, na maioria dos casos, não se conhecem por completo os seus efeitos
nem algumas das suas consequências. Estes aspectos motivaram também a realização deste
estudo.

Assim, e tendo em conta o comportamento e as limitações estruturais das construções de


alvenaria ordinária, o presente trabalho tem como principal objectivo quantificar a resistência
mecânica de modelos experimentais de alvenaria ordinária, simples e sujeitos a várias
soluções de reforço, em sistemas de ensaio concebidos para este efeito.
Além disso, pretende-se também: (i) estudar e aplicar uma das soluções construtivas mais
importantes no nosso País (alvenaria ordinária), até ao advento do betão armado, nos modelos
experimentais objecto deste trabalho; (ii) analisar e comparar as principais características físicas,
30
Capítulo I - Introdução

químicas e mecânicas determinadas para os materiais de construção (e reforço) utilizados e


(iii) analisar alguns aspectos de compatibilidade e durabilidade destes materiais.
As soluções de reforço estudadas baseiam-se no confinamento transversal simples por
conectores metálicos e na execução de lâminas de micro-betão e rebocos armados 4), com e
sem confinamento transversal e diferentes condições de apoio na base, tendo em vista a
avaliação quantitativa do seu comportamento estrutural, face aos modelos não reforçados.

As conclusões obtidas com os vários ensaios realizados poderão contribuir para a elaboração
de recomendações de projecto de reabilitação estrutural de edifícios (antigos) de alvenaria
ordinária e de algumas regras de boa prática construtiva e, deste modo, promover a melhoria
das condições de segurança (e durabilidade) destas construções.
Isto, num contexto em que se pode perspectivar o aumento do investimento no mercado da
reabilitação, pois, segundo dados do Euroconstruct, reportados a 2005 [88], o investimento
efectuado no País na reabilitação de edifícios “residenciais” e “não residenciais” (excluindo
pontes, viadutos, vias de comunicação, etc.), no valor de 5148 milhões de euros, representou
(i): cerca de 28% do total de 18399 milhões de euros investidos em construção nova e
reabilitação nestes dois sectores (edifícios “residenciais” e “não residenciais”) e (ii) cerca de
20% do mercado nacional da construção, cujo valor global relativo a 2005 foi estimado em
cerca de 25753 milhões de euros. Além disso, e ainda segundo índices do Euroconstruct
[115], Portugal ocupava no ano de 2004 a 16ª posição, num conjunto de dezanove Países
europeus, no que se refere ao investimento efectuado em trabalhos de reabilitação.

1.4 – Organização do trabalho

Para a realização deste trabalho foram construídos, em Julho de 2002, 62 modelos experimentais
de alvenaria ordinária, embora nem todos tivessem sido ensaiados, distribuídos da seguinte
forma: 42 modelos com dimensões de 0,80m×1,20m×0,40m (comprimento×altura×espessura),
para realização de ensaios de compressão axial e 20 modelos com 1,20m×1,20m×0,40m, para
ensaios de compressão-corte.

_______________
4)
Além destas, foram idealizadas outras soluções de reforço e consolidação, identificadas
mais adiante, mas que não puderam ser implementadas por razões relacionadas a necessidade
de cumprimento do prazo disponível, dificuldades de ordem logística, etc.

31
Após cerca de um ano de cura, num abrigo fechado construído para o efeito, foram efectuados
dois ensaios preliminares de compressão axial, para “aferir” o respectivo sistema de ensaio e a
viabilidade de utilização de uma das soluções de reforço previstas.
No sistema de ensaio de compressão-corte não foram efectuados ensaios preliminares, uma
vez que vários dos seus componentes haviam sido utilizados, embora com uma configuração
diferente, num trabalho de investigação recente [159].

Oito meses depois dos ensaios preliminares de compressão axial, deu-se início à campanha
experimental, primeiro ensaiando seis modelos de referência ou simples (três à compressão
axial e outros tantos à compressão-corte) seguindo-se uma sequência de acções de reforço e
respectivos ensaios mecânicos, que terminaram em Julho de 2005. Os modelos de referência
foram ensaiados sem qualquer solução de reforço, servindo os resultados de base (referência)
aos obtidos com os modelos reforçados. Nalguns casos, por exemplo quando esta “referência”
não é necessária, são designados por modelos simples.
Paralelamente, foram efectuados diversos ensaios de caracterização dos materiais de
construção e reforço utilizados, tendo em vista: (i) uma melhor interpretação dos resultados
obtidos; (ii) a avaliação de alguns aspectos relacionados com a durabilidade dos materiais de
construção e de reforço, nomeadamente na presença da água e (iii) a sua utilização em futuros
trabalhos de análise numérica.
Deste modo, o trabalho está dividido em sete capítulos, incluindo o presente, e quatro anexos,
organizados da seguinte forma:

No Capítulo II, refere-se a pesquisa bibliográfica efectuada, como forma de enquadrar o


trabalho experimental realizado.
A informação obtida nesta análise foi importante para a definição das características
construtivas dos modelos experimentais e para a metodologia de ensaio seguida.

No Capítulo III descreve-se o processo construtivo dos modelos experimentais e apresentam-


se os resultados dos ensaios de caracterização física, mecânica e química dos materiais de
construção utilizados, bem como algumas características físicas e químicas dos modelos.
A maior parte dos ensaios de caracterização dos materiais de construção dos modelos
experimentais foi realizada nos doze meses seguintes à sua construção. Todavia, este processo
de caracterização continuou após o início dos ensaios mecânicos, como forma de avaliar a
evolução de algumas destas características ao longo do tempo, nomeadamente a resistência
mecânica da argamassa de assentamento e o seu comportamento perante a água.
32
Capítulo I - Introdução

Neste período foram também realizados os lintéis em betão armado sobre os modelos
experimentais, para distribuição das cargas (verticais e horizontais) a aplicar.

No Capítulo IV apresentam-se as soluções de reforço realizadas e as suas variantes, e referem-


se os resultados dos ensaios de caracterização dos materiais de construção utilizados nos
reforços. Neste caso, foram realizados menos ensaios de caracterização em relação aos
materiais de construção dos modelos, porque o volume de trabalho em curso, que envolvia a
realização dos ensaios mecânicos, assim determinou.
No final do capítulo faz-se a análise de exequibilidade arquitectónica, técnica e económica
das soluções de reforço estudadas (com particular destaque para esta última) e referem-se
alguns aspectos de durabilidade das mesmas.
Por fim comparam-se diversas características dos materiais utilizados nas soluções de reforço
com características “homólogas” dos materiais de construção (sobretudo a argamassa de
assentamento).

No Capítulo V descrevem-se os dois sistemas de ensaio (compressão axial e compressão-


corte) preparados para o estudo experimental e o comportamento dos modelos observado
durante os ensaios. Os sistemas de ensaio foram preparados durante o período de tempo em
que se desenvolveu a cura (inicial) dos modelos experimentais. No entanto, já no decurso dos
ensaios, tiveram de ser realizadas algumas adaptações, principalmente no sistema de
compressão axial.
De um modo geral, todos os ensaios decorreram em perfeitas condições de segurança, tendo
presente as dimensões dos modelos.

No Capítulo VI apresentam-se os resultados dos ensaios efectuados e procede-se à sua


análise global.

No Capítulo VII resumem-se as principais conclusões obtidas com este estudo, confrontam-
se os objectivos propostos com os resultados alcançados e referem-se possíveis
desenvolvimentos futuros.

No final dos Capítulos II a VI são apresentados diversos comentários aos assuntos tratados.

Nos Anexos I e II, referem-se os procedimentos de ensaio para a caracterização dos materiais
utilizados na construção dos modelos experimentais e nas soluções de reforço, respectivamente.
33
No Anexo III descrevem-se os dois sistemas de ensaio concebidos e montados para a realização
dos ensaios dos modelos experimentais, justificando-se em pormenor os equipamentos utilizados
e as suas funções.

No Anexo IV descrevem-se e apresentam-se os resultados dos ensaios de pós-rotura de


compressão axial e compressão-corte, efectuados sobre muretes de uma das soluções de
reforço.

34
Capítulo II
ESTADO ACTUAL DO CONHECIMENTO

2.1 – Introdução

Referem-se neste capítulo trabalhos de investigação desenvolvidos nos últimos anos sobre o
comportamento de construções de alvenaria de pedra, tijolo e outras, simples e reforçadas,
sujeitas a acções verticais e horizontais. Nesta apresentação são primeiramente considerados
os trabalhos cujas características dos modelos experimentais e procedimentos de ensaio
serviram de referência, em maior ou menor medida, ao trabalho experimental desenvolvido.
Em seguida, são apresentados modelos de comportamento da alvenaria propostos por alguns
autores e pelo Eurocódigo 6 (EC6) [86], que se adaptam ao presente estudo.
Por fim, são referidos trabalhos que, embora não tenham contribuído tão directamente para a
definição do trabalho experimental realizado, elucidam sobre o estado actual do conhecimento,
e outros em que se faz a aplicação e a avaliação de algumas soluções de reforço.

2.2 – Principais trabalhos experimentais de referência

Um dos primeiros trabalhos a servir de referência à definição das características geométricas


dos modelos construídos para o presente estudo foi realizado na Universidade de Pádua, Itália,
por M. R. Valluzzi, F. da Porto e C. Modena (2001) [194, 195]. Neste trabalho foi estudado o
comportamento de modelos experimentais de alvenaria de pedra, de múltiplas camadas (três
folhas) assente com argamassa de cal hidráulica natural e areia, ao traço volumétrico de 1:3,
com uma relação água/ligante de 0,5.
Para a obtenção dos modelos, foi construído um muro de “alvenaria de pedra miúda”, com
1,40 m de altura, 0,50 m de espessura e um comprimento total de cerca de 14,0 m. A alvenaria
era constituída por cerca de 68% de pedra, 17 a 22% de argamassa e 10 a 15% de vazios,
prevendo a possibilidade de realização de injecção de caldas e a determinação dos seus efeitos.
Após cerca de três semanas de cura, o muro foi serrado com uma serra de arame em dezassete
blocos (modelos), com dimensões de 1,40m(altura)×0,80m(largura)×0,50m(espessura).

35
As duas lâminas exteriores tinham cerca de 18 cm de espessura cada e o núcleo central, mais
pobre, 14 cm. Para reproduzir condições mais desfavoráveis, não foi estabelecida qualquer
conecção entre as folhas, fig. 2.1.
A resistência à compressão da argamassa de assentamento, obtida em provetes de
16cm×4cm×4cm, foi de 1,57 MPa.

Fig. 2.1 - Aspecto e características geométricas dos modelos experimentais do estudo desenvolvido
por M. R. Valluzzi, F. da Porto e C. Modena (2001) [194, 195]

Para permitir o manuseamento dos modelos e a distribuição das cargas, foram construídas
duas vigas de betão com 20 cm de espessura cada, no topo e na base. Os modelos foram
sujeitos a várias técnicas de reforço e ensaiados à compressão (antes e após o reforço), fig. 2.2.
As técnicas de reforço consistiram em: caldas de injecção de duas características diferentes
(uma calda comercial e outra obtida da primeira através da adição de um superplastificante),
refechamento de juntas, conectores transversais e soluções mistas (das anteriores).
Os modelos 1 a 9 foram ensaiados antes do reforço (aos 28 dias de cura) e após o reforço; os
modelos 10 a 17 foram sujeitos a cargas cíclicas após reforço. Os ensaios de compressão
foram realizados com controlo de força (incrementos de 0,25 kN/s), sendo as deformações
quantificadas por seis deflectómetros.

36
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Fig. 2.2 - Sistema de ensaio utilizado por M. Valluzzi, F. da Porto e C. Modena (2001) [194, 195]

Nos modelos não reforçados, obtiveram-se tensões de rotura entre 0,99 MPa e 1,97 MPa e o
módulo de elasticidade médio, calculado entre 30 a 60% da força de rotura, foi de 1,7 GPa.
Nos modelos reforçados com a calda de injecção comercial, a tensão de rotura média aos 28
dias foi de 2,5 MPa. A resistência final destes modelos pareceu não depender da resistência da
calda, uma vez que os valores médios de resistência à compressão dos modelos injectados
com calda com o superplastificante foram da mesma ordem de grandeza, sendo a resistência à
compressão desta calda cerca de 60% da resistência da calda comercial, donde a utilização de
caldas com elevada resistência se mostra desnecessária, uma vez que não contribui para o
aumento de resistência dos modelos na mesma proporção da resistência das caldas, para além
de poderem ser incompatíveis com a alvenaria.
Nos modelos consolidados com calda de injecção, verificou-se um melhor comportamento na
fase plástica pois os danos ocorreram para níveis de carga dez vezes superiores aos não
injectados. No final do primeiro ciclo de carga, e para as mesmas forças, verificou-se uma
forte redução na fendilhação dos modelos injectados, relativamente aos não consolidados. A
injecção contribuiu para a homogeneização da alvenaria dos modelos e a diminuição da
tendência de separação entre as folhas.
Nos modelos sujeitos ao refechamento de juntas e conectores transversais, os valores de resistência
e módulo de elasticidade foram da ordem de grandeza dos modelos não reforçados, mas a
deformação na rotura foi menor para idênticos níveis de carga (em relação aos modelos originais).
A deformação transversal apresentou uma redução média na rotura de cerca de 50%.
A combinação de técnicas, ou “intervenção integral”, proporcionou um melhor desempenho dos
modelos, tanto para a resistência como para o módulo de elasticidade. A abertura e posterior

37
refechamento de juntas melhorou o procedimento da injecção, porque facilitou a abertura dos furos
e a colocação dos tubos. O preenchimento das juntas reduziu a perda de calda durante a injecção.

Outro trabalho de investigação envolvendo modelos experimentais sujeitos a ensaios de


compressão axial foi realizado na Universidade Nacional Técnica de Atenas por Elizabeth N.
Vintzileou e Eleni-Eva E. Toumbakari (2001) [205].
Apesar dos modelos serem em alvenaria de tijolo, considera-se que a sua apresentação se justifica
como trabalho experimental de referência, no qual foram utilizados nove modelos com dimensões
de 0,43m(largura)×0,70m(altura)×0,21m(espessura), sendo os tijolos assentes com argamassa de
cal, de baixa resistência, e as juntas horizontais com 8 a 10 mm de espessura. Na base e no topo
dos modelos foram construídas vigas de betão armado, para distribuição das cargas, fig. 2.3.

Fig. 2.3 - Geometria dos modelos experimentais estudados por Elizabeth N. Vintzileou e
Eleni-Eva E. Toumbakari (2001) [205]

Os materiais utilizados na construção dos modelos foram: (i) tijolos maciços, com dimensões
de 21cm×10cm×4,7cm, com resistência à compressão de 51,5 MPa e (ii) argamassa de
assentamento de cal hidratada e areia, ao traço volumétrico de 1:5, com resistência à flexão de
0,35 MPa e à compressão de 0,98 MPa. Para o refechamento das juntas foram utilizadas duas
argamassas: uma, bastarda, ao traço volumétrico de 1:0,25:4 (cimento:cal hidratada:areia), e
outra, de cimento, ao traço volumétrico de 1:4 (cimento:areia).
Os modelos foram sujeitos a cargas verticais controladas a uma velocidade de 0,10 MPa/min,
tendo sido avaliadas as deformações verticais, horizontais e transversais. Os modelos 1, 2 e 3
foram ensaiados sem reforço e os restantes após refechamento (profundo) das juntas, com duas
argamassas diferentes. O reforço das juntas começou com a remoção da argamassa existente
em todas as juntas horizontais das quatro faces, numa profundidade de cerca de 40 mm,
correspondendo a cerca de 35% do volume total da argamassa de assentamento.

38
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

A argamassa solta foi retirada através de ar comprimido, procedendo-se depois à molhagem


dos modelos e à aplicação manual da argamassa de refechamento. Em todos os modelos, os
modos de rotura apresentaram fendas verticais de compressão, ao longo da altura e da
espessura. Nos modelos sujeitos a refechamento das juntas, alguns tijolos “saltaram” durante
os ensaios devido a concentração elevada de tensões, provavelmente resultantes da maior
rigidez dessa argamassa, comparativamente à de assentamento. Este fenómeno foi mais
pronunciado nas juntas deficientemente reforçadas.
Depois de concluídos os ensaios sobre os modelos, estes eram desmontados junta a junta, do topo
para a base, para avaliar a qualidade do refechamento, concluindo-se que, apesar dos cuidados
tidos, em apenas dois modelos o trabalho foi bem realizado. Nos outros, o desempenho das acções
de reforço foi afectado, interferindo nos valores de resistência e nos modos de rotura.
As principais conclusões deste estudo referem que o refechamento de juntas proporciona um
substancial incremento na resistência à compressão da alvenaria, desde que as juntas horizontais
sejam adequadamente preenchidas. As dificuldades construtivas impediram o preenchimento total
das juntas horizontais, reduzindo a resistência dos modelos, após o refechamento das juntas.

Uma vez definidas as características geométricas dos modelos experimentais a utilizar nos ensaios
de compressão axial, no presente trabalho, a definição dos modelos a utilizar nos ensaios de
compressão-corte ficou facilitada, tendo consistido na alteração de apenas uma das dimensões, no
caso o comprimento, que passou de 0,80 m para 1,20 m, como se verá no capítulo seguinte.
Neste sentido, a apresentação dos próximos trabalhos, envolvendo ensaios de compressão-
corte, serve de enquadramento a todo o trabalho realizado e reflecte o tipo de investigação que
tem vindo a ser realizada no domínio das construções de alvenaria, num contexto mais
abrangente que, para além da alvenaria de pedra, inclui a alvenaria de tijolo e outros
materiais.
O critério de apresentação (e selecção) destes trabalhos consiste em referir em primeiro lugar
aqueles cujos procedimentos de ensaio mais se aproximam dos levados a efeito no presente
estudo, independentemente das soluções construtivas dos modelos experimentais.

Em Portugal, as instituições que ultimamente mais trabalho têm desenvolvido nesta temática
são a Universidade do Minho (UM) e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
Um dos últimos trabalhos realizados na UM consistiu na “análise experimental do comportamento
de paredes de alvenaria de pedra não reforçada, sob acções cíclicas no plano”, realizado por G.
Vasconcelos e P. Lourenço (2004) [197], sobre dezasseis modelos experimentais, construídos
com pedra granítica, com dimensões de 1,20m(altura)×1,00m(largura)×0,20m(espessura).
39
Os modelos consistiam em: (i) paredes de alvenaria de pedra de junta seca, com unidades de
alvenaria serradas de dimensões regulares (faces planas) colocadas fiada a fiada, alinhadas e
aprumadas - paredes do tipo PS; (ii) paredes com junta de argamassa de espessura variável e
unidades de forma rectangular e dimensões variáveis - paredes do tipo PI; e (iii) paredes com
aparelho irregular (cujos trabalhos estavam em curso à data desta comunicação [197]) - paredes
do tipo PR, fig. 2.4. A argamassa de assentamento utilizada foi a “argamassa Albaria de
aleitamento estrutural” (pré-doseada), composta por cal hidratada, metacaulino pozolânico e
agregados naturais extraídos de leitos de rios, com granulometria de 0,1 a 2 mm [59].
Os ensaios de caracterização revelaram resistências à tracção e à compressão do granito de
2,3 MPa e 55 MPa, respectivamente, e resistência à compressão da argamassa de 4,2 MPa.

Parede PS Parede PI Parede PR


Fig. 2.4 - Tipologia e geometria das paredes utilizadas no ensaio desenvolvido por G. Vasconcelos
e P. Lourenço (2004) [197]

Os modelos foram construídos no local do ensaio, sobre uma base rígida e indeformável e o
sistema de ensaio consistia principalmente numa viga tubular colocada sobre os modelos, que
distribuía a carga aplicada pelo actuador vertical e a carga cíclica horizontal imposta pelo actuador
horizontal, fig. 2.5. As deformações eram medidas por transdutores de deslocamento (LVDT’s).

Vista frontal Vista lateral


Fig. 2.5 - Esquema do ensaio desenvolvido por G. Vasconcelos e P. Lourenço (2004) [197]
40
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Devido ao comportamento não linear dos modelos, o módulo de elasticidade foi calculado
para três níveis de forças verticais: 100, 175 e 250 kN, a que correspondem tensões de 0,5 MPa,
0,875 MPa e 1,25 MPa, indicando-se na tabela 2.1 os valores obtidos.

Tabela 2.1 - Valores médios do módulo de elasticidade dos modelos, em função do nível de
tensão instalado [197]
Parede σv=0,5 MPa σv=0,875 MPa σv=1,25 MPa
Tipo PS (junta seca) E = 3,29 GPa E = 4,10 GPa E = 4,77 GPa
Tipo PI (junta de argamassa) E = 3,92 GPa E = 3,98 GPa E = 3,93 GPa

Na fig. 2.6 representam-se algumas imagens dos modelos ensaiados e na tabela 2.2 os principais
resultados obtidos.

(a) (b) (c) (d) (e)


(a) e (b) - PS1, em dois instantes do ensaio; (c) - PI1.2; (d) - PI2.2; (e) - PI3.2
Fig. 2.6 - Paredes de junta seca (PS) e com junta de argamassa (PI), do estudo desenvolvido
por G. Vasconcelos e P. Lourenço (2004) [197]

Tabela 2.2 - Valores máximos das cargas horizontais, do estudo desenvolvido por G. Vasconcelos
e P. Lourenço (2004) [197]
FV FH (+) FH (-) Rigidez inicial (- +) Rigidez inicial (+ -)
Parede
[kN] [kN] [kN] [kN/mm] [kN/mm]
P1.1 89,6 102,6 19,61 20,46
P1.2 86,0 92,2 18,98 19,65
250
P1.3 86,6 92,8 19,73 20,0
P1.4 86,9 95,6 -- --
P2.1 38,3 43,6 10,16 10,44
P2.2 36,4 31,4 6,35 6,54
100
P2.3 38,5 42,7 11,07 11,10
P2.4 45,1 41,4 11,83 12,52
P3.1 61,8 69,7 18,28 17,9
P3.2 175 61,8 71,3 18,24 18,35
P3.3 65,1 70,1 17,35 18,37
PI1.1 80,3 79,1 22,47 20,34
250
PI1.2 86,3 91,0 23,38 23,38
PI2.1 37,3 41,2 15,43 15,54
100
PI2.2 37,9 42,4 12,78 12,32
PI3.1 44,8 57,9 13,12 11,61
175
PI3.2 59,1 60,3 17,82 18,16

41
De um modo geral verificou-se neste estudo que as paredes apresentaram elevada capacidade de
deformação e absorção de energia, sem grande perda de resistência após o início da fendilhação.
Os mecanismos de rotura e os padrões de fendilhação dependeram do nível de carga vertical
aplicada e das características mecânicas dos materiais constituintes (resistência mecânica da
pedra e resistência da junta de argamassa à tracção e ao corte).

Entre os estudos efectuados no LNEC, referem-se dois trabalhos realizados com modelos
planos e um com modelos tridimensionais. O primeiro destes trabalhos, integrado no Plano de
Estudos no Domínio dos Edifícios, foi desenvolvido por Felicita M. G. Pires (1994) [154]
com o objectivo de analisar o comportamento de pórticos de betão armado preenchidos com
paredes de alvenaria de utilização corrente em Portugal (alvenaria confinada), sob acções
horizontais. Os resultados obtidos foram ainda utilizados na calibração de modelos analíticos.
Embora utilize modelos de alvenaria confinada por elementos de betão armado, considera-se
importante a referência a este trabalho, sobretudo pelos ensinamentos que concede em termos
de preparação do trabalho experimental e do ambiente de ensaio. Foram ensaiados sete
modelos à escala 2:3, com dimensões de 2,175m(altura)×2,10m(largura)×0,15m(espessura),
sendo seis constituídos por pórticos de betão armado (com um vão e um piso) preenchidos
com paredes de alvenaria de tijolos cerâmicos e um constituído apenas pelo pórtico de betão
armado, que serviu de referência, para a análise dos resultados. Nuns modelos, as paredes
foram construídas após a betonagem dos pórticos e, noutros, os pórticos foram betonados
contra as paredes previamente executadas.
No início de cada ensaio era aplicada uma força vertical de 100 a 110 kN no topo dos pilares para
reproduzir as tensões normais instaladas em edifícios de vários pisos, fig. 2.7, sendo depois
imposta uma história de deslocamentos horizontais alternados sobre o eixo da viga, até se esgotar
a capacidade resistente dos pilares ou se atingir o deslocamento máximo de δ=± 100 mm.

Fig. 2.7 - Dispositivo de ensaio (vista em alçado), do estudo realizado por F. Pires (1994) [154]

42
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Para determinar as tensões de fissuração e de rotura e o módulo de elasticidade das alvenarias


sujeitas a compressão normal ao leito dos tijolos, bem como a tensão de corte e o módulo de
distorção, para a forças de compressão aplicadas a 45º em relação ao leito, foram construídos 48
provetes com dimensões de 60cm×62cm. Metade destes provetes foi ensaiada à compressão axial
e a outra metade à compressão diagonal, fig. 2.8 (a,b).
Para determinar o módulo de elasticidade das paredes de alvenaria segundo a diagonal dos
modelos foram ainda ensaiados seis provetes cujo eixo vertical possuía a mesma orientação da
diagonal. Para a obtenção destes provetes, foram primeiramente construídos provetes com
80cm×105cm, donde se extraíram por corte mecânico os provetes com dimensões de
40cm×70cm, sendo o ângulo entre o eixo vertical e as juntas horizontais da parede inicialmente
construída de 37,7º, fig. 2.8 (c).

(a) (b) (c)


(a) – ensaios de compressão axial (série A); (b,c) – ensaios de compressão diagonal

Fig. 2.8 - Geometria dos provetes e posicionamento das bases de leitura, no estudo realizado
por F. Pires (1994) [154]

Os parâmetros que influenciaram a resistência dos modelos foram o processo construtivo e a


resistência ao corte das paredes, uma vez que os modelos cujas paredes foram construídas
após a descofragem dos pórticos (modelos M2, M3 e M6) apresentaram uma resistência
máxima inferior aos outros.
Em todos os casos, os modelos com paredes (M2 a M7) apresentaram resistências superiores à
do modelo sem paredes (M1).
As paredes influenciaram sempre o comportamento dos pórticos e estes modelos apresentaram
maior capacidade de dissipação de energia que o modelo sem parede.

O outro estudo de modelos planos realizado no LNEC e aqui analisado, foi desenvolvido por A.
Campos Costa, P. Candeias, B. Massena e V. Cóias e Silva (2004) [47].

43
Neste caso, foram utilizados onze modelos “representativos de nembos de alvenaria de
pedra”, com dimensões de 1,25m(largura)×1,56m(altura)×0,22m(espessura), fig. 2.9, sujeitos
simultaneamente a acções verticais e horizontais, com o objectivo de avaliar a eficiência de
várias técnicas de reforço no comportamento sísmico de paredes de alvenaria, incidindo sobre
modelos reforçados e não reforçados.
Estes modelos, construídos sobre bases de betão armado na sala de ensaios do NESDE,
possuíam ranhuras nos paramentos para simulação (obtenção) de rugosidade, tendo em vista a
colagem de telas de reforço. A argamassa usada na construção dos modelos tinha resistência à
flexão entre 0,17 e 0,29 MPa e à compressão de 0,84 a 1,08 MPa.

(Modelo M2)
Fig. 2.9 - Características geométricas e aspecto dos modelos não reforçados, utilizados no estudo
desenvolvido por A. Campos Costa, P. Candeias, B. Massena e V. Cóias e Silva (2004) [47]

Os modelos M1, M2 e M3 foram ensaiados sem reforço, sendo os restantes sujeitos às seguintes
técnicas de reforço superficial: (i) bandas de fibra de vidro com matriz em resina epoxídica, com
cerca de 10 cm de largura, em duas camadas trabalhando em conjunto e formando uma membrana
resistente, nos modelos M4, M5, M6 e M7 e (ii) faixas de material compósito semelhantes às
anteriores com conectores metálicos de ligação entre os reforços colados em faces opostas, nos
modelos M8, M9, M10 e M11. Os conectores eram constituídos por duas chapas de aço, uma em
cada face, com φ100mm×3mm, no modelo M8, e 100mm×100mm×3mm nos restantes modelos
destinados a esta solução de reforço. As chapas eram furadas no meio e aparafusadas a varões
roscados com 8 mm de diâmetro, que atravessavam os modelos.
Os ensaios foram realizados no simulador sísmico uniaxial do NESDE, consistindo na aplicação de
uma força vertical no topo dos modelos, mantida aproximadamente constante ao longo do tempo,
seguida da aplicação de séries de deslocamentos horizontais (cíclicos e alternados) no topo. Os

44
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

resultados obtidos foram o módulo de elasticidade tangente para os modelos M3 e M9, de 0,92 e
1,9 GPa, respectivamente, e os valores constantes da tabela 2.3.

Tabela 2.3 - Resultados do estudo desenvolvido por A. Campos Costa, P. Candeias, B. Massena
e V. Cóias e Silva (2004) [47]
Força vertical Deslocamento horizontal no Força horizontal Energia dissipada
Modelo
aplicada [kN] ponto de rotura [mm] máxima [kN] [kN.mm]
M1 180 5,8 60,7 462,0
M2 100 8,2 -57,3 563,8
M3 97 7,5 -46,8 537,2
M4 185 5,9 -80,5 563,0
M5 148 8,1 -67,4 691,4
M6 100 12,7 65,2 847,9
M7 75 14,9 -82,5 1714,8
M8 189 - - -
M9 103 22,6 -64,7 1729,1
M10 151 13,7 68,9 2073,8
M11 193 11,2 53,8 1633,3

As principais conclusões desta investigação referem que a utilização dos conectores conduziu a
um comportamento cíclico mais dúctil e com maior capacidade de dissipação de energia que a
técnica de reforço sem conectores, para além de evitar a ocorrência de modos de colapso
súbitos após o início da fendilhação dos modelos.

Um outro estudo levado a efeito no LNEC, desenvolvido por Paulo Candeias, Ema Coelho, A.
Campos Costa e V. Cóias e Silva (2004) [21], foi realizado sobre oito modelos tridimensionais
na plataforma sísmica deste Laboratório Nacional. Os modelos experimentais tinham dimensões
reduzidas (escala 1:3) e correspondiam a dois tipos diferentes de edifícios de quatro andares
(protótipos B e S), em alvenaria não reforçada, construídos apenas com as paredes exteriores
e os pavimentos.
O estudo tinha como objectivo determinar as curvas de vulnerabilidade de “edifícios
gaioleiros” [2], antes e após reforço estrutural, para avaliação do risco sísmico global.
O protótipo S correspondia a um edifício isolado com duas empenas planas opostas sem
aberturas, e duas águas inclinadas com pendente no sentido das fachadas. Este protótipo tinha
dimensões de 3,15m(largura)×4,80m(altura)×4,15m(profundidade), fig. 2.10, com paredes
resistentes de betão auto-compactável, com uma resistência à compressão de 1 MPa aos 28
dias, e uma resistência à tracção quase nula.
Os pavimentos, na realidade em soalho de madeira, foram substituídos por painéis MDF apoiados
sobre vigas de madeira, orientadas segundo a menor dimensão do modelo e as fachadas possuíam
aberturas com diversas formas e dimensões, ocupando uma área entre 25 a 35% da superfície total.
45
O modelo tipo B correspondia a um edifício em banda, com duas fachadas opostas, uma área
de aberturas de cerca de 26% da área das fachadas, duas empenas opostas com saguão, uma
abertura por piso, e cobertura de duas águas inclinadas com pendente também no sentido das
fachadas.
As soluções de reforço consideradas foram: (i) o reforço das ligações das paredes aos
pavimentos, com conectores metálicos e faixas de fibras de vidro coladas com resinas epoxy
ao nível dos 3º e 4º pisos, junto aos nembos (nas fachadas) e nos apoios das vigas de madeira
(nas empenas); (ii) a ligação de paredes opostas por meio de tirantes colocados também ao
nível dos 3º e 4º pisos, ligando fachadas opostas com 3 tirantes por piso e empenas opostas
com 4 tirantes por piso, e (iii) o reforço dos nembos das fachadas com faixas de fibras de vidro
coladas com resina epoxy e conectores metálicos.

- vista frontal do modelo S.0 Modelo S Planta do modelo B (edifício em banda),


(edifício isolado) com indicação das vigas do pavimento

Fig. 2.10 - Geometria dos modelos do estudo desenvolvido por P. Candeias, E. Coelho, A.
Costa e V. Silva (2004) [21]

Os reforços foram colocados pelo exterior, em toda a altura dos nembos, formando uma
malha cruzada em duas direcções.
O estudo previa a realização de oito ensaios, correspondentes às situações referidas na tabela 2.4.
Os ensaios dinâmicos impunham séries de acelerações geradas com um espectro de resposta
compatível com o espectro regulamentar da zona sísmica A e terreno I do RSA [138], com
intensidade crescente, em duas direcções perpendiculares.

46
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Tabela 2.4 - Reforços aplicados sobre os modelos do estudo desenvolvido por P. Candeias, E.
Coelho, A. Costa e V. Silva (2004) [21]
Modelo Protótipo Tipo de reforço
0 Sem reforço
1 Reforço das ligações das paredes aos pavimentos
S
2 Tirantes ao nível dos pisos
3 Reforço dos nembos
4 Sem reforço
5 Reforço das ligações das paredes aos pavimentos
B
6 Tirantes ao nível dos pisos
7 Reforço dos nembos

Nesta comunicação [21], foram referidos os aspectos qualitativos dos resultados dos ensaios,
como os modos de colapso típicos nesta tipologia de edifícios, correspondentes a fendilhação
generalizada das paredes e colapsos para fora do plano, associados a modos de vibração
globais das paredes (no caso do modelo não reforçado), e a ocorrência de modos de vibração
locais nos nembos, bem como a existência de um padrão de fendilhação diferente nas
empenas, no caso dos modelos reforçados.

No que se segue indicam-se alguns trabalhos realizados nas seguintes instituições internacionais:
Universidade Politécnica da Catalunha (Espanha), Centro Comum de Investigação da Comissão
Europeia (Ispra, Itália), Department of Civil & Geomatics Engineering & Construction da
California State University (EUA), Mid-América Earthquake Center (EUA), Universidade de
Buffalo (EUA) em cooperação com o Ministério das Obras Públicas do Canadá, Universidade
de São Paulo (USP, Brasil), Universidade Estadual de S. Paulo (UNESP, Brasil) e Pontifícia
Universidade Católica (Peru).
Estes trabalhos contribuíram para actualizar os conhecimentos sobre o tipo de investigação
realizada no domínio das construções de alvenaria e a forma como é abordada.

Neste sentido, começa-se por referir o trabalho realizado na Universidade Politécnica da Catalunha
por D. Oliveira, P. Lourenço e P. Roca (2000) [124], onde foram estudados sete muros de pedra
de junta seca (sem material aglutinante ou regularizador de superfície), de natureza sedimentar
(arenitos), abundantes na região de Barcelona, com dimensões de 1,0m×1,0m×0,20m, sujeitos a
esforços simultâneos de compressão e corte, fig. 2.11, constituídos por blocos de pedra (arenitos)
com 0,20m×0,20m×0,10m.
Este estudo teve como objectivo a obtenção de informação para calibração de modelos
numéricos referidos em seguida, para análise de construções antigas, cuja argamassa apresenta
resistências mecânicas muito reduzidas, e de construções com paredes de pedra de junta seca.

47
Os muros foram ensaiados no dia seguinte ao da sua construção, começando-se pela aplicação
de uma força vertical lenta e gradual, com um actuador hidráulico de 1000 kN.

Fig. 2.11 - Geometria dos modelos (série 1) do estudo desenvolvido por D. Oliveira, P. Lourenço
e P. Roca (2000) [124, 158]

Foram aplicadas forças de compressão de 30, 100, 200 e 250 kN, à velocidade de 1 kN/s,
donde resultaram tensões de compressão de 0,15, 0,50, 1,00 e 1,25 MPa, respectivamente.
Depois de atingida a força vertical pretendida, esta era mantida constante com o actuador em
controlo de carga, seguindo-se a aplicação da carga horizontal, mediante incrementos sucessivos
de deslocamentos horizontais no topo dos modelos, ao nível da viga de betão armado.
Na fig. 2.12 representa-se o aspecto de dois muros, no final dos respectivos ensaios (após a
força máxima horizontal).

Fig. 2.12 - Aspecto de dois modelos da série 1, após os ensaios realizados por D. Oliveira, P.
Lourenço e P. Roca (2000) [124]

48
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Os ensaios terminavam quando surgiam indícios de colapso sendo que, em alguns casos, este
ocorria de forma brusca.
Os gráficos de comportamento dos modelos mostram que aos valores iniciais da carga
corresponde uma elevada rigidez, que se degrada para pequenas deformações, passando
depois a haver uma oscilação do gráfico força-deslocamento horizontal.
O modo de rotura dependia do nível de compressão: para forças verticais pequenas, o colapso
dava-se por rotação de parte do muro, com destacamento em forma de “escada”, seguindo as
juntas entre as pedras, quase sem fissuração das mesmas. Para forças verticais maiores, aquela
forma ia-se “desfazendo” gradualmente, por fissuração das pedras, com a formação de uma
banda de compressão diagonal, de largura variável. A intensidade dos danos aumentava com o
nível de compressão.
A força horizontal máxima aumentava com o nível da carga vertical, como se pode observar
na tabela 2.5, com influência no modo de rotura dos muros.

Tabela 2.5 - Forças verticais e horizontais máximas em cada um dos muros ensaiados [124, 158]
Muro Força vertical [kN] Força horizontal máxima [kN]
SW.30.1 30 22
SW.30.2 30 23
SW.100.1 100 42
SW.100.2 100 49
SW.200.1 200 72
SW.200.2 200 69
SW.250.1 250 102

Os valores desta tabela indicam que a relação entre a tensão normal e a tensão tangencial
pode, com alguma aproximação, considerar-se proporcional.

Os resultados deste trabalho e outros a seguir referidos, foram utilizados por Pere Roca (2004)
[158], nesta mesma Universidade (Politécnica da Catalunha), no estudo que discutia a
possibilidade de utilização de modelos simplificados de encaminhamento dos campos de
tensões de compressão (“modelos de escoras e tirantes”), para estimar a resistência de paredes
de alvenaria ao corte.
Nestes modelos as escoras correspondem a bielas de compressão e os tirantes a barras
reforçadas, fig. 2.13.

49
Paredes sujeitas a cargas verticais
Paredes sujeitas a carregamentos verticais e horizontais parciais ou concentradas

Paredes sujeitas a cargas verticais uniformemente distribuídas Paredes com aberturas

Outros mecanismos

Fig. 2.13 - Modelos adoptados por Pere Roca (2004) [158], para estimar a capacidade última
de paredes de alvenaria ao corte

Os modelos teóricos foram testados através de ensaios realizados em três séries de paredes:

- série 1, constituída pelas paredes de alvenaria de pedra de junta seca, ensaiadas por D. Oliveira,
P. Lourenço e P. Roca (2000) [124], referidas antes;

- série 2, constituída por paredes com junta argamassada (ou paredes coesivas), ensaiadas
como as da série 1 (imposição de deslocamentos horizontais após a aplicação cargas verticais
uniformes).
Na fig. 2.14 mostra-se o aspecto de duas paredes após a aplicação da carga horizontal máxima,
com diferentes cargas verticais.

50
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Fig. 2.14 - Aspecto dos modelos da série 2, após os ensaios realizados por Pere Roca (2004) [158]

- série 3, formada por paredes com junta argamassada sujeitas a carga verticais parciais (que
originou alguma excentricidade no carregamento), e a carga horizontal de acordo com as
anteriores.
Na fig. 2.15 representa-se as condições de degradação causadas em duas paredes da série 3
após a aplicação da carga máxima horizontal, e também sujeitas a diferentes cargas verticais.

Fig. 2.15 - Aspecto dos modelos da série 3, após os ensaios realizados por Pere Roca (2004) [158]

O estudo desenvolvido sugere a viabilidade de utilização de modelos simples para uma


primeira aproximação de cálculo, os quais poderão prever a carga última, apesar de não
considerarem fenómenos importantes do comportamento mecânico de paredes simples.
O autor deste trabalho considera que um futuro desenvolvimento destes conceitos deve basear-
se em evidência experimental adicional, combinada com simulação numérica sistemática. Em
particular, espera que a micro-modelação possa conduzir ao desenvolvimento de técnicas mais
consistentes de análise baseadas no equilíbrio simples de modelos.

A comissão europeia (CE) tem vindo a desenvolver, desde 1999, diversas acções relacionadas
com a protecção de pessoas e bens (construções), relativamente ao efeito dos sismos. Neste
contexto, refere-se o trabalho realizado por J. Molina, Y. Le Pape e P. Pegon (2001) [118] no

51
Centro Comum de Investigação (Joint Research Centre, JRC) da CE, em Ispra (Itália), inserido no
projecto de investigação para a avaliação do comportamento sísmico de estruturas de alvenaria
(projecto SEISPROTEC), com o objectivo de estudar o comportamento das paredes de alvenaria
no seu plano e desenvolver um modelo de análise numérica.
Foram construídos dois conjuntos de modelos experimentais, de alvenaria de tijolo maciço,
assente com argamassa de baixa resistência, ao traço volumétrico de 1:3 (cal hidráulica:areia).
Os modelos para acções de compressão (constante) e acções cíclicas de corte tinham dimensões
de 1,535m(comprimento)×1,535m×0,247m; os modelos para cargas bi-axiais (monotónicas e
cíclicas), orientadas em várias direcções, tinham 0,80m(comprimento)×0,80m×0,247m, fig. 2.16.
No primeiro conjunto de modelos, as cargas foram aplicadas através de uma viga metálica
rígida, colocada no topo.

Fig. 2.16 - Características geométricas dos modelos estudados por J. Molina, Y. Le Pape e
P. Pegon (2001) [118]

Na referência [118] referem-se os resultados de dois ensaios preliminares, realizados no âmbito


deste estudo, sendo o primeiro quase-estático (ensaio SW1), com carga vertical constante e carga
horizontal cíclica, com controlo de deslocamentos no topo da viga metálica, para aferição do
sistema de ensaio e instrumentação. A carga vertical imposta, de 150 kN, foi a necessária para a
obtenção de uma tensão de compressão de 0,6 MPa, julgada “comum” nos edifícios de alvenaria
tradicional. O ensaio foi interrompido para evitar a destruição do equipamento, tendo sido possível
distinguir entre as fendas ocorridas nos tijolos e as verificadas na argamassa das juntas. Por outro
lado, a distribuição das fendas variou nas duas faces principais do modelo, embora se pudesse
identificar uma fenda diagonal larga em ambas faces, e outra diagonal oposta, mais pequena,
constituída por duas fendas paralelas.
As principais conclusões deste ensaio referem que a pré-carga vertical minimizou alguns dos
defeitos construtivos do modelo, e que os deslocamentos horizontais cíclicos com picos de
52
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

amplitude desenvolveram dois níveis sucessivos de comportamento: até ao quarto pico, o modelo
exibia algum comportamento não-linear, provavelmente devido ao processo de abertura / fecho
das juntas de argamassa. Nesta altura, a rotura dos tijolos ocorria na parte central do modelo,
conduzindo à sua expansão lateral, conhecida por “efeito de pipa”. Após a formação das
fendas diagonais, o modelo passou a ser constituído por “quatro blocos triangulares” que se
movimentavam entre si durante o ensaio.
Este mecanismo foi altamente dissipador de energia devido à fricção entre os blocos, mas
apesar disso, o modelo continuou estável. A perda de resistência a esforços horizontais foi
diminuta, podendo-se assim impor grandes deslocamentos horizontais.
Os autores referem a continuação da investigação, em modelos semelhantes, não reforçados, com a
realização de ensaios monotónicos até à rotura, e aplicação de uma série de três cargas cíclicas no
modelo SW3, após o que, dadas as dificuldades inerentes à pré-fendilhação, serão aplicadas três
soluções de reforço nos modelos SW4, SW5 e SW6, que posteriormente serão sujeitos ao mesmo
ensaio previsto para o SW3. As soluções de reforço a aplicar em cada face dos modelos são:
reboco armado com fibra de vidro, reboco armado com malha metálica e fibras de carbono.
No segundo ensaio preliminar, o murete de 0,80m×0,80m foi colocado entre quatro pratos
metálicos, que se movimentavam através de quatro actuadores, trabalhando em par. Foram
aplicadas forças de confinamento de 50 kN em cada uma das quatro faces do modelo e, numa
segunda fase, ciclos de carga e descarga com controlo de deslocamentos numa direcção,
mantendo-se na outra direcção os 50 kN. Numa terceira fase, repetiu-se o carregamento, em
direcções opostas. O ensaio teve alguns problemas na aplicação da carga vertical, devido a
pequenas imperfeições no contacto do murete com os pratos horizontais, que resultou na sua
rotação. No entanto, o ensaio foi iniciado tendo o modelo sofrido flexão para fora do plano e,
numa fase posterior, alguns tijolos foram expelidos.
O trabalho prosseguiu com melhoramentos no sistema de ensaio (de modo a obrigar os pratos a
permanecer paralelos) e com a construção de modelos experimentais com uma configuração tal
que as juntas dos tijolos ficassem inclinadas relativamente aos pratos, construindo-se um muro
com juntas horizontais, posteriormente cortado com a inclinação pretendida, relativamente às
juntas de construção (fig. 2.16).

O estudo realizado no Department of Civil & Geomatics Engineering & Construction of California
State University incidiu sobre quatro paredes duplas, cada uma com 3,05m×3,05m×0,254m (as
dimensões originais eram dadas em polegadas) e caixa de ar de cerca de 5 cm (2”), construídas
com tijolos antigos (com cerca de 100 anos) obtidos em demolições de edifícios históricos,
assentes com argamassa preparada segundo as normas ASTM.
53
Este estudo foi realizado por A. El-Zeiny e J. Larralde (2000) [60], e pretendia: (i) testar o
comportamento sísmico e a ductilidade de duas paredes sujeitas a pré-fendilhação; (ii) avaliar
a resistência das mesmas paredes após injecção com resina (espuma) epoxy expansível e (iii)
ensaiar as outras duas paredes reforçadas com o mesmo material, mas sem pré-fendilhação,
após um período de cura de sete dias.
A resina líquida era injectada a uma temperatura de 20 ºC, em furos afastados entre si cerca de
61 cm (2 pés), de baixo para cima, até sair pelos orifícios vizinhos. Em poucos minutos o
material expandia e endurecia.
Duas das paredes foram sujeitas a forças para fora do plano, e outras duas a forças no plano,
fig. 2.17. No primeiro caso, a carga axial correspondia ao peso próprio das paredes, viga de
betão existente no topo das paredes, duas vigas metálicas a meia altura e actuador. No caso
das duas paredes sujeitas a forças no plano, a primeira foi carregada através da viga superior
de betão por um actuador, e à segunda foram acrescentados dois blocos de betão, com peso
total de 50 kN.

ensaio fora do plano ensaio no plano


Fig. 2.17 - Configuração dos ensaios realizados por A. El-Zeiny e J. Larralde (2000) [60]

Foram realizados os seguintes ensaios:

(i) - ensaios “fora do plano” sobre uma parede simples e outra reparada;

(ii) - ensaios “no plano”, sobre as outras duas paredes, de acordo com as seguintes sequências:
- parede 3: parede simples / parede reparada com resina / parede reparada com resina e fibra
de vidro (apenas de um lado) / parede reparada com resina e fixa à fundação (com aumento da
carga axial);
- parede 4: parede ancorada à base do sistema de ensaio apenas com fibra de vidro / parede
ancorada à base do sistema de ensaio com corrente de aço (para “forçar o mecanismo de
corte”) / parede reforçada com fibra de vidro / parede suportada lateralmente por barras de
aço, ancorada à fundação com corrente e reforçada com fibra de vidro.

54
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

De acordo com os autores do estudo, a técnica usada foi eficiente na reparação e reforço de
paredes de tijolo, usadas como elementos estruturais em edifícios históricos. A resina
“substituiu” a argamassa deteriorada, melhorou a ligação entre os tijolos e aumentou a sua
integridade.
Além disso, o comportamento frágil da argamassa deu lugar ao comportamento dúctil da
espuma, fazendo com que a parede adquirisse uma resposta mais dúctil, no caso de uma acção
sísmica, mesmo quando diversos tijolos apresentavam (grandes) movimentos relativos entre si,
dissipando mais energia sísmica.
A resina funcionou como uma “segunda linha de defesa” que melhorou a resistência de forma
mais dúctil, permitindo uma melhor transferência de tensões na parede.

O estudo realizado no Mid-América Earthquake Center, por Roberto T. Leon, Frank Moon,
Tianyi Yi e Larry Kahn (2005) [106], teve como objecto um modelo tridimensional de alvenaria
de tijolo, composto por quatro paredes com diversas aberturas, pavimento e cobertura de
madeira (diafragmas), simétrico numa das direcções, fig. 2.18. A excentricidade na outra
direcção pretendia avaliar os efeitos da torção.
Os tijolos foram assentes com argamassa de cimento, cal e areia ao traço ½:2:9. A resistência
da alvenaria à compressão e ao corte foi estimada em 12,4 MPa e 0,41 MPa, respectivamente.

Fig. 2.18 - Modelo tridimensional ensaiado por R. Leon, F. Moon, T. Yi e L. Kahn [106]

Este trabalho seguiu-se a vários estudos sobre componentes “individuais”, como pavimentos
(diafragmas) e paredes (ensaios no plano e fora do plano), e tinha como objectivos: (i) criar
uma estrutura representativa de construções URM (unreinforced masonry); (ii) investigar as
características globais de estruturas de alvenaria não reforçadas, nomeadamente a combinação
55
de efeitos no plano das paredes, considerando ligações entre paredes complanares e a ligação
de elementos de paredes no mesmo plano, e (iii) avaliar a interacção entre nembos e a
progressão dos danos, para a calibração de métodos analíticos correntes.
O projecto pretendia avaliar ainda a eficiência de diversas técnicas de reforço destinadas à
melhoria global do desempenho deste tipo de estruturas.
O modelo sem reforço (URM) foi sujeito a cargas laterais cíclicas até ao aparecimento de
fendilhação, tendo sido determinada a resistência máxima correspondente.
Os danos causados foram reparados com revestimentos de fibra de vidro (GFRP), colados
pelo exterior, e pré-esforço vertical, tendo-se em seguida realizado novo ensaio.
Na fig. 2.19 representam-se os danos do modelo, cuja reposta, até ao início das primeiras
fendas, se caracterizou por uma elevada rigidez.

Parede 1 Parede A Parede 2


(ensaio fora do plano) (ensaio no plano) (ensaio fora do plano)

Parede B Parede 1 Parede A


(ensaio fora do plano) (ensaio no plano) (ensaio fora do plano)
Fig. 2.19 - Danos causados no modelo tridimensional ensaiado por R. Leon, F. Moon, T. Yi e
L. Kahn [106], para deslocamentos na cobertura de ± 6 mm

Nesta figura, as paredes do centro eram paralelas à direcção dos deslocamentos. As cargas
máximas aplicadas nas paredes 1 e 2 foram de 387 kN, no sentido positivo, e 651 kN no sentido
negativo; na direcção perpendicular, foram de 351 kN no sentido positivo e 342 kN no sentido
oposto. Parte da força transmitida às paredes 1 e 2 (paralelas à direcção dos deslocamentos)
era absorvida pelas paredes A e B, notando-se um aumento de compressão na parede B e de
tracção na parede A, o mesmo se passando com a carga na direcção perpendicular.
56
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Em seguida, as paredes 1, 2 e B foram reforçadas com GFRP e foi repetido o ensaio, para
avaliar a sua eficácia e eventuais diferenças no modo de progressão dos danos dos nembos.
No reinício do ensaio, a parede A foi carregada com uma tensão de 240 kPa. Após a avaliação
deste efeito, os nembos da parede A foram reforçados com GFRP, e o ensaio foi repetido.
Na fig. 2.20 indica-se o aspecto do reforço pelo interior da parede 1 com fibra de vidro e o
gráfico de histerese, antes e após reforço.

Fig. 2.20 - Reforço da parede 1 e comparação dos resultados antes e após o reforço, do modelo
tridimensional ensaiado por R. Leon, F. Moon, T. Yi e L. Kahn [106]

Os resultados mostraram que as técnicas de reforço apresentaram eficácias diferentes: as


paredes A e B tiveram um substancial aumento de resistência enquanto que as paredes 1 e 2
apresentaram apenas uma melhoria marginal, embora não se possa efectuar uma comparação
directa, porque cada parede se comportava de modo diferente.
O reforço com o compósito foi eficaz pois conduziu ao deslizamento junto ao apoio e susteve a
rotura dos nembos nos primeiros ensaios. Contrariamente, o pré-esforço mostrou uma tendência
para alterar os modos de rotura (fendilhação e deslizamento), para um comportamento mais frágil.
A componente horizontal do reforço conferido pelo compósito diminuiu a abertura das fendas
e levou à sua melhor distribuição, traduzindo-se num bom indicador do reforço efectuado.

O estudo desenvolvido na Universidade de Buffalo (EUA) em colaboração com o Ministério


das Obras Publicas do Canadá incidiu sobre um modelo tridimensional de alvenaria de tijolo
não reforçada (URM) à escala real, com pavimento (diafragma) de madeira e dimensões de
4,10m×5,70m×2,70m, sujeito a excitações sísmicas, através de um ensaio pseudo-dinâmico,
fig. 2.21. Este trabalho, realizado por Michiel Bruneau (E.U.A.) e Jocelyn Paquette (Canadá)
(2004) [16], teve como finalidade avaliar os seguintes aspectos: a interacção entre um

57
pavimento flexível e uma parede rígida, a influência da descontinuidade das paredes nos
cunhais e o efeito da pequena rigidez do diafragma de madeira no comportamento sísmico
esperado. O estudo forneceu ainda valores para análise numérica de modelos em escala
reduzida.
O modelo era constituído por duas paredes de tijolo com 19 cm de espessura, construídas sobre
uma fundação de betão armado, sem ligação mecânica entre ambos. Dois dos cantos foram
construídos de modo a que as paredes não se tocassem (cantos descontínuos); ambas as paredes
possuíam uma porta e uma janela, dispostas segundo a direcção da carga horizontal.
As paredes foram construídas com tijolos de 90mm×57mm×190mm, assentes com argamassa
de cimento, cal e areia ao traço de 1:2:9, com resistência à compressão de 9,24 MPa. Foram
também ensaiados à compressão cinco provetes de alvenaria (constituídos por cinco tijolos
argamassados), e outros cinco provetes (constituídos por sete tijolos argamassados) à flexão
de três pontos, tendo-se obtido as resistências de 22,2 MPa e 0,18 MPa, respectivamente.
O módulo de elasticidade da alvenaria foi de 18,9 GPa.

(a) – parede este


(b) – parede oeste

Fig. 2.21 - Geometria das paredes de alvenaria e do pavimento (diafragma) de madeira, do


modelo tridimensional estudado por M. Bruneau e J. Paquette (2004) [16]

O procedimento de ensaio consistiu na aplicação de uma “carga” vertical distribuída de 2,4 kPa,
materializada pela colocação de diversos recipientes com água sobre o diafragma (flexível) de
madeira, fixo à alvenaria por aparafusamento, após o que foi utilizado um actuador simples,
horizontal, ao nível do diafragma, fig. 2.22.

58
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Fig. 2.22 - Esquema do ensaio realizado por M. Bruneau e J. Paquette (2004) [16]

Embora as paredes do modelo apresentassem no início do ensaio valores diferentes de rigidez,


as curvas histeréticas relativas à última fase do ensaio, correspondente à aplicação de uma
excitação de duas vezes o sismo de La Malbaie (Canadá), foram muito similares, o que sugere
que o efeito da continuidade/descontinuidade dos cunhais foi de certo modo negligenciável
durante os movimentos sísmicos de maior intensidade.
Observou-se ainda que o diafragma manteve um comportamento elástico durante todo o
ensaio e que a combinação dos mecanismos de fendilhação e deslizamento se desenvolveu
sem perda significativa de resistência.

O trabalho de investigação realizado na Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade


de São Paulo (USP), Brasil, no âmbito da tese de doutoramento de Fabiana L. Oliveira (2001)
[129], intitulada “Reabilitação de paredes de alvenaria pela aplicação de revestimentos
resistentes de argamassa armada”, teve como objectivos (i): avaliar a eficiência de técnicas de
reabilitação indicadas na literatura; (ii) analisar a distribuição das tensões normais e
tangenciais em paredes íntegras ou danificadas, submetidas a diversos tipos de solicitações;
(iii) analisar a investigação experimental e analítica do comportamento composto ou
parcialmente composto do conjunto formado pelas camadas de revestimento de argamassa
armada e núcleo de alvenaria; e (iv) estudar as possibilidades de aplicação desta técnica na
reabilitação de paredes de alvenaria.
Os modelos experimentais (“paredes”), construídos com blocos vazados de betão, de furação
vertical, com dimensões de 40cm×20cm×15cm e resistência à compressão de 4,5 MPa, foram
sujeitos a ensaios de compressão axial, compressão diagonal e flexão, fig. 2.23.

59
(a) (b) (c)
(a) – compressão axial; (b) – compressão diagonal; (c) - flexão

Fig. 2.23 - Ensaios realizados sobre os modelos utilizados no estudo de F. Oliveira (2001) [129]

Os revestimentos utilizados foram:


(i) - argamassa “fraca” ao traço volumétrico de 1:3,5:10 (cimento:areia fina:areia grossa); a
designação argamassa “fraca” significa que o módulo de elasticidade da argamassa de
revestimento era inferior ao da parede sem revestimento;
(ii) - argamassa “forte”, ao traço 1:3, resultando esta designação do facto do seu módulo de
elasticidade ser superior ao da parede sem revestimento; a relação água/cimento foi de (A/C)=0,45;
(iii) - argamassa “forte” reforçada com malha electro-soldada, com fios de aço de 2,7 mm de
diâmetro, espaçados de 50 mm, em ambas as faces e nas juntas de assentamento, onde
serviam de conectores, evitando o destacamento das placas e a fissuração nos septos dos
blocos devida à expansão da argamassa de assentamento;
(iv) - argamassa “forte”, reforçada com malha electro-soldada, fixa com ganchos metálicos
com 5 mm de diâmetro, e conectores constituídos por tubos de PVC que venciam a espessura
dos blocos, preenchidos com a mesma argamassa do revestimento e com os fios de 5 mm,
para evitar o destacamento das placas;
(v) - argamassa “fraca,” reforçada com fibras de poli propileno, em 0,25% de volume;
(vi) - argamassa “forte”, reforçada com fibras de aço, com comprimento de 30 mm e diâmetro
de 0,45 mm, em 0,50% de volume.

Inicialmente foram realizados ensaios preliminares de compressão axial sobre modelos com
1,20m(largura)×2,60m, após o que foram construídos dezasseis modelos mais pequenos mas
reforçados com vários tipos de revestimentos, com 0,80m(largura)×1,60m, para uma nova
campanha de ensaios de compressão axial.
Quando efectuados, os rebocos de argamassa tinham uma espessura de 1,5 cm.

60
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Após o ensaio de três muretes (não reforçados), o trabalho experimental foi interrompido por
se estar a exceder a capacidade de carga do equipamento de ensaio, tendo sido então
construída uma terceira série de 16 modelos com 39cm×81cm, para ensaios de compressão
axial, utilizando argamassa de assentamento ao traço de 1:0,5:4,5, com resistência à compressão
de 11 MPa. Os revestimentos foram semelhantes aos descritos, mas com 2 cm de espessura.

Para os ensaios de compressão diagonal foram construídos modelos com 79cm×79cm,


preenchendo-se os furos dos blocos em contacto com os pratos do equipamento com um
grout, para não romperem durante o ensaio.
Os ensaios de flexão foram realizados sobre seis modelos com dimensões de 80cm×160cm,
usando-se apenas os revestimentos com malha electro-soldada, com as mesmas combinações
adoptadas para os ensaios de compressão.
Por fim, foi ensaiada uma série de modelos com dimensões de 180cm×200cm, com uma
abertura central de 80cm×60cm, submetidos a forças distribuídas sobre uma pequena região
localizada acima da abertura.

Este estudo permitiu, entre outras, as seguintes conclusões:

- sobre os ensaios de compressão axial:


(i) - as paredes sem revestimento revelaram no final fissuras longitudinais nas faces maiores e
nos septos;
(ii) - o aumento de resistência e rigidez proporcionado pelos diferentes revestimentos não foi
uniforme nem proporcional à resistência das argamassas, demonstrando que diferentes
mecanismos de resistência se podiam manifestar, em função das características de deformação
de todas as “partes” envolvidas e da interacção entre elas;
(iii) - esperava-se que a adição de fibras curtas de polipropileno às argamassas fracas levasse a
uma melhoria de resistência e ductilidade das paredes, pela possibilidade de se controlar
melhor a eventual fissuração do revestimento no estado fresco e no estado endurecido, e
também pelo aumento da coesão da argamassa, mas tal não foi observado, pois ocorreu uma
redução da resistência da parede e a ductilidade não melhorou em relação a paredes revestidas
com argamassa forte não armada.
Uma justificação para este comportamento foi que a adição das fibras conduziu à incorporação
de ar na argamassa de revestimento, dificultando a sua aplicação manual com a colher de
pedreiro e conduzindo a defeitos de moldagem;

61
(iv) - a combinação de argamassa forte com fibras de aço também não melhorou a resistência
e ductilidade dos modelos em relação às argamassas simples (fortes ou fracas);
(v) - a aplicação de revestimentos com malha electro-soldada sem conectores e com conectores
tipo 1 (telas de aço nas juntas) forneceu melhores resultados, com acréscimos de cerca de
44%, tendo as telas soldadas contribuído para o controlo da fissuração da parede;
(vi) - a utilização de telas soldadas com conectores do tipo 2 (armadura passando por furos
nos blocos) não foi muito eficiente pois a furação nos blocos originou concentração de
tensões e fissuração nesses locais;
(vii) - a análise numérica linear mostrou-se útil na localização das zonas sujeitas a concentração
de tensões e fissuração.

- sobre os ensaios de compressão diagonal:


(i) - as paredes sem revestimento apresentaram fissuras em forma de “escada” com ruína
brusca, caracterizando a rotura frágil da alvenaria;
(ii) - nas paredes revestidas com telas, a difusão das fissuras foi superior às revestidas com
argamassa simples; contrariamente, as paredes revestidas com fibras de polipropileno tiveram
um desempenho inferior ao das paredes revestidas com argamassa fraca;
(iii) - nos ensaios de compressão axial, a resistência das paredes melhorou com o aumento da
resistência da argamassa de revestimento;
(iv) - os revestimentos com argamassa simples acrescentaram resistência às paredes, mas não
influenciaram a rigidez nem a ductilidade em relação às outras condições de revestimento;
(v) - as paredes revestidas com telas melhoraram o comportamento em termos de resistência e
ductilidade, relativamente às restantes.

- sobre os ensaios de flexão: o comportamento das paredes foi semelhante, independentemente


do tipo de revestimento, uma vez que não houve perda de aderência entre o revestimento e os
blocos.

O trabalho realizado no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de São


Paulo (UNESP), Brasil, teve como objectivo avaliar a eficiência das ligações entre as paredes
de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos sujeitas a cargas verticais uniformemente
distribuídas, tendo sido analisados dois tipos de ligações: (i) amarração directa, definida como a
intercepção de paredes, em que 50% dos blocos de uma parede penetram alternadamente nos
50% da outra parede [5]; e (ii) amarração indirecta, materializada neste estudo através de
grampos metálicos e envoltos por argamassa, fig. 2.24.
62
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Para este trabalho, realizado por Wilson J. Silva, Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato
(2004) [176], foram construídos quatro modelos tridimensionais de paredes em forma de H
(dois para cada tipo de ligação em estudo).

Fig. 2.24 - Construção das paredes “H” com amarração indirecta, estudadas por Wilson J. Silva,
Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato (2004) [176]

Apesar de ser considerada uma situação irreal, a parede central não apoiava na base do
sistema de ensaio, procurando-se assim quantificar a capacidade máxima de transferência de
carga entre as paredes, sem interferências como a presença de cintas, lajes e rigidez dos
apoios envolvidos. O carregamento era aplicado apenas sobre a parede central, fig. 2.25.

Fig. 2.25 - Representação esquemática do sistema de ensaio utilizado por Wilson J. Silva,
Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato (2004) [176]

Os resultados deste estudo referem, em relação às paredes com amarração directa, o aparecimento
de bielas de compressão com inclinação aproximada de 30º em relação à vertical, rotura do
tipo frágil com separação brusca e total desprendimento de uma das abas laterais, fig. 2.26.

63
Carga de Carga de
Parede
fissuração [kN] rotura [kN]
01 200,40 379,30
02 167,00 305,40
Média 183,70 342,35

Fig. 2.26 - Resultados e modo de rotura das paredes “H” com amarração directa, do estudo
realizado por Wilson J. Silva, Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato (2004) [176]

Em relação às paredes com amarração indirecta, não ocorreram as bielas de compressão. As


fendas formaram-se na argamassa, junto da ligação entre a parede central e as abas laterais.
Os grampos romperam por estricção, com emissão de um “estalido” correspondente a este
fenómeno durante os ensaios. Estas paredes romperam de forma dúctil, sem separação brusca
entre a parede central e as abas laterais, fig. 2.27.

Carga de Carga de
Parede
fissuração [kN] rotura [kN]
PHTG 01 135,00 220,10
PHTG 02 138,00 228,10
Média 135,50 224,10

Representação apenas da parede central

Fig. 2.27 - Resultados e modo de rotura das paredes “H” com amarração indirecta, do estudo
realizado por Wilson J. Silva, Jefferson S. Camacho e Rodrigo P. Andolfato (2004) [176]

Como conclusões do estudo, foram referidos os comportamentos diferenciados ao longo da


altura das paredes, para as duas situações analisadas, atribuídos à diferença de rigidez das
ligações. Apesar das paredes com amarração directa terem atingido cargas de rotura superiores,
os autores destacaram o comportamento dúctil da ligação indirecta como preferível.

O trabalho realizado na Pontifícia Universidade Católica do Peru por Ángel San Bartolomé e
Daniel Quiun (2004) [167], teve como objectivo o desenvolvimento de uma proposta de
cálculo de edifícios de alvenaria confinada até cinco pisos (os mais populares nas zonas

64
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

urbanas do Peru), cuja construção começa pelas paredes de alvenaria (tijolo com 30% de
furação), passando depois aos elementos verticais de confinamento e por fim a laje e a viga de
bordadura. A técnica proposta baseia-se em critérios de resistência e desempenho sísmico,
sendo aplicável nos casos em que a carga actuante não excede 15% da resistência à
compressão de prismas de alvenaria ensaiados à compressão axial. Além disso, pressupõe o
comportamento elástico das paredes para sismos moderados ou frequentes e a rotura por corte
com ductilidade limitada, para sismos severos, mas que permitam a reparação da estrutura.
Para a verificação desta técnica foram realizados ensaios de carga lateral cíclica e de
simulação sísmica em mesa vibratória, sobre provetes de alvenaria confinada, à escala real e
reduzida, fig. 2.28.

(1) - carga lateral cíclica sobre uma parede de alvenaria confinada, com carga axial constante; (2) - simulação
sísmica sobre um módulo de três pisos

Fig. 2.28 - Ensaios de carga incluídos no estudo realizado por Bartolomé e Quiun (2004) [167]

Essencialmente, o método consta de: (i) verificação da densidade mínima de paredes em cada
direcção, para evitar roturas do tipo frágil; (ii) cálculo da carga vertical em cada parede, que
deve ser inferior a 15% da resistência à compressão dos prismas de alvenaria, uma vez que a
ductilidade diminui com o aumento da carga vertical; (iii) análise elástica para um sismo
moderado (que produz forças sísmicas cerca de 50% inferiores a um sismo severo), com a
determinação do esforço de corte que produz fendilhação diagonal; (iv) análise elástica para
um sismo severo, compreendendo a verificação da resistência global do edifício, a
determinação dos factores de amplificação, a verificação do estado de fendilhação diagonal
das paredes acima do 1º piso e o cálculo dos elementos de confinamento nos diversos pisos.
O método de cálculo foi comprovado nos ensaios referidos, concluindo-se que a rotura por
corte em edifícios de pequeno porte com muitas paredes, pode ser aceitável desde que se

65
limitem os deslizamentos laterais inelásticos e se considerem montantes de confinamento. A
rotura por flexão da alvenaria pode ser induzida mediante a inclusão de reforço horizontal
importante, com o recurso a varões metálicos colocados nas juntas.
As vigas de bordadura desempenham também um papel importante na dissipação da energia
sísmica, antes da fendilhação diagonal. Quando têm uma altura razoável, rigidificam as
paredes retardando a rotura por corte e diminuindo a possibilidade de rotação das paredes.

A finalizar esta secção relativa à análise bibliográfica de diversos trabalhos experimentais de


referência, apresentam-se em seguida alguns modelos de comportamento que se podem
adaptar ao presente trabalho.
Assim, G. C. Beolchini (1992) [10] refere que o modelo de comportamento experimental
(relação tensões-deformações) que melhor se adapta aos resultados dos ensaios de compressão
(axial) e compressão diagonal realizados sobre vários modelos experimentais com dimensões
médias de 1,0m×1,0m×(0,35 a 0,60m), corresponde a uma lei bi-linear ou lei de comportamento
elasto-plástico, figs. 2.29 e 2.30. Os modelos experimentais foram retirados de um edifício do
século XVIII situado em L’Aquila, e de diversos edifícios localizados em Villetta Barrea
(Itália), com paredes de duas folhas de alvenaria de pedra calcária.

Compressão axial (1) Compressão diagonal (1)

(1) K1 - Módulo de elasticidade inicial, tangente à curva parabólica


(fig.2.30); σ, ε – tensão e deformação (respectivamente) – compressão
axial; τ, γ – tensão e deformação (idem) – compressão diagonal

Fig. 2.29 - Resultados dos ensaios de compressão axial e compressão diagonal realizados por G.
C. Beolchini (1992) [10]
66
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Fig. 2.30 - Comportamento experimental de modelos de alvenaria de pedra irregular, proposto


por G. C. Beolchini (1992), com indicação dos parâmetros considerados [10]

C. M. Borrel (1997) [13] refere igualmente o comportamento elasto-plástico como o que


melhor define a relação tensões-deformações em ensaios de compressão axial de modelos de
alvenaria – com o carregamento perpendicular às juntas horizontais –, considerando como
principais parâmetros de análise a tensão máxima de compressão (σm), a extensão
correspondente (εm) e a extensão última (εu), fig. 2.31.

Fig. 2.31 - Comportamento experimental de modelos de alvenaria de pedra irregular, em


ensaios de compressão axial, proposto por C. M. Borrel (1997), com indicação dos
parâmetros considerados [13]

O Eurocódigo 6 (EC6) [86], por seu lado, admite o diagrama representado na fig. 2.32 para
representar a relação tensões-deformações da alvenaria, sendo o módulo de elasticidade
secante, E, para acções de curta duração, calculado a 1
3 da carga máxima. Para acções de
longa duração, este valor deverá ser afectado por um coeficiente (< 1) que tenha em conta a
fluência. Em relação ao módulo de distorção, G, o EC6 admite um valor de G = 0,40 × E, a
que corresponde um coeficiente de Poisson (relação entre as deformações transversal e
longitudinal [181]) de ν = 0,25.

67
Fig. 2.32 - Diagrama de tensões-deformações da alvenaria definido no Eurocódigo 6 [86]

Para efeitos de cálculo, o EC6 estabelece que o diagrama σ-ε pode apresentar a forma de uma
parábola, parábola-rectângulo ou rectângulo, fig. 2.33.

Fig. 2.33 - Relação tensões-deformações para o cálculo da alvenaria em flexão e compressão,


de acordo com o Eurocódigo 6 [86]

Os diagramas das figs. 2.30 a 2.33 permitem elucidar sobre o comportamento mecânico dos
modelos experimentais considerados no presente trabalho, devendo no entanto ser tido em
conta, como se referiu, que os modelos não apresentam todos as mesmas características
construtivas.

Na referência [22], M. R. Cardoso refere que as formas de rotura por compressão e corte da
alvenaria são do tipo frágil, envolvendo deslocamento dos elementos no interior da matriz de
argamassa, associado a um padrão de fendilhação que depende da relação entre as tensões
principais actuantes e a sua orientação [13].
Apesar deste comportamento ser “característico” de alvenarias de blocos regulares, ele pode
ser utilizado na descrição qualitativa dos modos de rotura da generalidade das alvenarias, uma

68
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

vez que a rotura ocorre devido aos movimentos dos blocos, não impedidos pelas fracas
características resistentes das argamassas de assentamento.
A determinação da tensão máxima de corte baseia-se na decomposição do estado bi-axial de
tensões, que acontece nos elementos verticais devido às cargas actuantes (peso próprio do
material e outras), originando tensões axiais que actuam em simultâneo com a tensão de corte.
A tensão máxima de corte pode, então, ser determinada através da envolvente de rotura de
Mohr-Coulomb, que admite um comportamento friccional para a alvenaria, traduzido pela
expressão 2.1, na qual a tensão máxima de corte, τ, é definida em função da tensão axial, σ,
do coeficiente de fricção (atrito interno) entre as partículas, µ=tgφ (sendo φ o ângulo de
atrito), e da coesão, c.

τ = µσ + c (2.1)

A maior dificuldade de aplicação deste critério de rotura reside na definição dos valores da coesão,
c, e do coeficiente de fricção (atrito), µ, que devem ser calculados experimentalmente em ensaios
de determinação da tensão última de corte, onde se conheça a tensão axial aplicada.
Na fig. 2.34 representa-se a envolvente de rotura de Mohr-Coulomb, que fornece valores
indicativos a utilizar nos casos em que se pretende avaliar a resistência em termos de esforços,
admitindo uma distribuição uniforme de tensões na secção [22].

τ
φ Tensão máxima
Rotura
de corte
c
τu

σII σΙ σ
Tracção (-) Compressão (+)

Fig. 2.34 - Critério de rotura de Mohr-Coulomb, adaptação de [22]

2.3 – Outros trabalhos de referência

Outros trabalhos de referência que se julga importante referir dizem respeito, sobretudo, a
estudos realizados in situ, para a caracterização de alvenarias e divulgação de algumas
técnicas de consolidação e reforço aplicadas em situações reais.

69
Assim, menciona-se o trabalho realizado por Aníbal Costa (2000) [44], com vista à caracterização
in situ de propriedades mecânicas das paredes de “construção tradicional” de uma casa na Ilha
do Faial, afectada pelo sismo de 9 de Julho de 1998.
Na maior parte destas casas, o elemento resistente preponderante é a parede exterior, geralmente
de duas folhas (ou parede dobrada), com espessura média da ordem dos 65 cm, construída com
pedras de várias dimensões e formas, travadas ou não, com o miolo preenchido com barro,
pedra miúda ou outros materiais.
Os danos causados pelo sismo na casa estudada consistiram, em geral, no colapso parcial ou
total das paredes exteriores (neste caso da folha exterior), no colapso do “bico da empena” e na
fendilhação diagonal nas duas direcções.
Para a realização dos ensaios foram construídas estruturas metálicas que possibilitaram o
carregamento das paredes na direcção perpendicular, fig. 2.35. Os perfis metálicos permitiram
criar uma estrutura que suportava na extremidade uma carga oscilante (balde metálico), com
excentricidade de cerca de 1,0 m. Os baldes metálicos eram cheios (e vazados) por fases.

Fig. 2.35-Estrutura metálica de suporte da carga vertical, vendo-se o acelerógrafo sobre a parede [44]

Para relacionar os valores obtidos experimentalmente com as características dos materiais


utilizados na construção das paredes, foram extraídas seis carotes de cada parede, com 12 cm de
diâmetro, para se estimar laboratorialmente a sua “densidade aparente”, da ordem de 18 kN/m3.
O módulo de elasticidade foi quantificado a partir das frequências próprias, através da expressão:

EI
ω = (1,875) 2 × [rad/seg] (2.2)
Ml 4

sendo: ω a frequência própria da parede; E o módulo de elasticidade; I o momento de inércia


da parede na direcção considerada; M a massa da parede e l a sua altura.
70
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Aplicando esta expressão às três paredes de uma das casas ensaiadas (representativa da
construção rural típica do Faial), obteve-se um módulo de elasticidade de 0,23 GPa.

Na referência [127], que conclui a abordagem a alguns casos de estudo realizados nos Açores,
indica-se os resultados dos ensaios realizados in situ por Carlos Sousa Oliveira et al (2000)
sobre diversos tipos de alvenaria tradicional, com espessura de cerca de três palmos (66 cm)
em edifícios de Angra do Heroísmo, rebocada com barro e cal. Os valores obtidos foram:
densidade de 18 kN/m3 e módulo de elasticidade variando entre 0,3 e 0,5 GPa, sendo de 0,2 GPa
no caso de paredes de pedra solta irregular.

João C. A. Roque e Paulo B. Lourenço (2004) [165], apresentam três métodos simplificados
para a avaliação sísmica de edifícios históricos, com o objectivo de avaliar a correlação entre as
características arquitectónico-estruturais das construções e a zona sísmica em que estas se
inserem, de forma a poder associar-se ao risco da ocorrência de actividade sísmica a previsão do
grau de segurança e, se possível, com a indicação dos modos e mecanismos de dano mais
prováveis.
Os métodos apresentados são: o método da percentagem da área em planta, o método da razão
entre a área efectiva e o peso, e o método do corte basal. A sua aplicação requer que a estrutura
seja regular e simétrica, que as paredes se disponham ortogonalmente, que os pavimentos de
piso constituam diafragmas rígidos e que o modo de colapso condicionante ocorra por corte
no plano das paredes. Todavia, dado que na generalidade das estruturas antigas as duas últimas
condições não se verificam, a avaliação das condições segurança com recurso a métodos
simplificados conduz apenas a uma indicação, de carácter geral, da aptidão do edifício para
resistir aos sismos.

Aníbal Costa e Óscar Vasconcelos (2001) [50] descrevem os ensaios realizados sobre duas
técnicas de reforço estrutural de construções danificadas na Ilha do Faial pelo sismo de 9 de Julho
de 1998. As paredes ensaiadas tinham em geral duas ou mais aberturas, de modo a definir, pelo
menos, três nembos onde fosse possível aplicar as técnicas de reforço em dois deles, ficando o
terceiro intacto.
Uma das técnicas de reforço, aplicada na “casa A”, consistiu em: (i) limpar convenientemente
o reboco existente; (ii) rebocar com argamassa ao traço 1:3 (areia da Fajã), preenchendo todos
os espaços vazios até criar uma superfície regular; (iii) fixar uma malha de aço de ambos os
lados da parede e (iv) aplicação de uma nova camada de reboco (manual), com espessura
mínima de 3 cm. A segunda técnica consistiu em introduzir (por gravidade) uma calda de
71
cimento, composta por 10 litros de cimento, 10 litros de cinzas vulcânicas e 4 litros de água,
pela parte superior da parede, de forma a preencher todos os espaços vazios.
Obtiveram-se assim três painéis, denominados por A1, para a situação sem reforço, A2 para o
reforço com malha de aço e A3 para a calda de injecção, fig. 2.36.

Fig. 2.36 - Representação esquemática da planta e alçado da casa A [50]

A comparação dos diagramas “cargas-flechas”, medidas nos pontos superiores dos painéis,
confirmou uma melhoria do comportamento das paredes reforçadas em relação às não
reforçadas, traduzida pelo aumento de rigidez (em cerca de 50%) e da capacidade resistente.
Em particular, verificou-se que uma carga maior em 50% do que aquela que levou ao colapso
do painel A1 não provocou qualquer fenda no painel A2.

João Appleton (2003) [3] descreve com detalhe a intervenção efectuada na Estalagem do
Cavalo, em Évora, cuja data de construção remonta ao século XVI (ou anterior). A construção
caracterizava-se pela existência de um piso térreo, pilares, arcos e abóbadas, geralmente de
tijolo maciço. Nos pisos superiores existiam estruturas de madeira assoalhadas e coberturas
em telhado sobre estruturas também de madeira.
O edifício encontrava-se em estado de ruína, tendo ocorrido o colapso de uma parte da
fachada principal, juntamente com a ruína da zona interior adjacente, incluindo coberturas,
paredes, pavimentos, abóbadas, arcos e paredes interiores, para além de outros colapsos locais.
A intervenção efectuada consistiu na remoção de todos os elementos cuja recuperação se
mostrava impossível. Os elementos restantes permitiram entender a futura construção como
“um todo”, cujo esqueleto seria constituído pela aglutinação de elementos de alvenaria e
madeira, devidamente consolidados e solidarizados entre si e complementados por elementos

72
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

novos e distintos dos originais nas zonas correspondentes a lajes de zonas húmidas e de
coberturas em terraço. A ideia base subjacente aos trabalhos foi constituir uma rede contínua
de elementos verticais, formando uma malha ortogonal composta por paredes e pilares de
alvenaria “forrados” por lâminas contínuas de argamassa com 50 mm de espessura, armada
com redes de aço distendido, fig. 2.37. A continuidade da estrutura vertical de alvenaria
armada foi garantida pelo total envolvimento dos elementos interiores, sendo as paredes
periféricas das fachadas e das empenas revestidas pelo interior.

Fig. 2.37 - Desenhos de pormenor e aspecto dos trabalhos de reabilitação da Estalagem do


Cavalo, em Évora, realizada por J. Appleton [3]

A estrutura vertical foi complementada por estruturas horizontais formadas por arcos e abóbadas
de alvenaria de tijolo no 1º piso elevado, os quais também foram revestidos, no extradorso e
no intradorso, por lâminas de argamassa com 50 mm de espessura, armada com redes de aço
distendido, ligadas continuamente às lâminas que forravam os pilares e as paredes. Nos andares
acima do 1º, procurou-se reproduzir o original, nomeadamente nos pavimentos de madeira de
pinho, apoiados em paredes e arcos através de cintas (cantoneiras) metálicas periféricas.

Aníbal Costa e Óscar Vasconcelos (2001) [46] apresentam as técnicas de reparação utilizadas
em duas moradias da Ilha do Faial, após o sismo de 9 de Julho de 1998, uma das quais, com
características urbanas, tinha dois pisos, sendo as paredes constituídas por alvenaria de pedra
irregular, com espessura de cerca de 70 cm, e o pavimento e tecto em madeira.
A outra, com um piso, era tipicamente rural com paredes resistentes (exteriores) constituídas
por duas folhas de alvenaria de pedra irregular e cobertura em madeira. A parede da fachada
principal possuía 72 cm de espessura, e a de tardoz cerca de 86 cm.
Ambos os edifícios apresentavam fendilhação generalizada e, no caso do edifício térreo, era
nítida a existência de uma fenda a 45º na fachada principal, com colapso parcial da empena
correspondente.

73
As técnicas de reparação tiveram como objectivos eliminar as deformações, consolidar paredes
de alvenaria e estruturas de madeira, cintar o coroamento das paredes, promover o travamento
das paredes através da colocação de tirantes e aumentar a rigidez global, a resistência e o
contraventamento das paredes. O reforço das paredes de alvenaria de pedra (com argamassas
pobres), começou com a limpeza das juntas, removendo detritos e argamassas soltas, sendo a parte
final da limpeza efectuada com jacto de água. Em seguida procedeu-se ao refechamento das juntas
e à aplicação de uma argamassa de cimento com 3 cm de espessura, incorporando uma rede
metálica de aço inox, desde o nível das fundações e em ambos os paramentos. Adicionalmente,
colocaram-se elementos metálicos transversais às paredes, ancorados nos rebocos por meio de
ganchos ou cotovelos, abraçando pelo exterior a respectiva malha metálica. Para reduzir os efeitos
de subida das águas por capilaridade junto às fundações, foram colocados tubos de drenagem
perfurando a base das paredes.

Aníbal Costa et al (2001) [48] referem as técnicas de reparação implementadas num edifício de
habitação e comércio, na cidade da Horta, Ilha do Faial, também após o sismo de 9 de Julho de
1998. O edifício possuía três pisos e mansardas, sendo as paredes e os cunhais em alvenaria de
pedra aparelhada; as pedras de maiores dimensões encontravam-se nos cunhais.
A estrutura do edifício apresentou um comportamento razoável face à intensidade do sismo
ocorrido, o que se terá devido à boa execução das paredes exteriores. Não obstante, verificaram-se
fissuras na interligação entre estas e as paredes interiores e tectos, principalmente nos pisos mais
elevados; os cunhais apresentavam diversas situações de rotura. Os danos causados nos apoios
da estrutura, evidenciavam a existência de movimentos importantes.
De acordo com a análise numérica efectuada pelos autores, para uma acção sísmica 2,4 vezes
superior à regulamentar [157], as tensões verticais de compressão na base da parede da
fachada principal atingiram valores médios da ordem de 0,3 a 0,4 MPa, havendo zonas em
que atingiam cerca de 0,6 MPa.
As técnicas de reparação consistiram no reforço de paredes, pavimentos e coberturas, e na
cintagem dos pavimentos, mantendo sempre que possível os materiais existentes. As paredes
exteriores foram picadas e limpas com jacto de água, antes da aplicação das argamassas; em
seguida foi aplicado um reboco de regularização sobre a parede humedecida e colocada uma
rede de aço inox, e posterior reboco de recobrimento e acabamento final para receber a pintura.

V. Cóias e Silva (2001) [32, 34] propõe um método de reforço estrutural de edifícios antigos
constituído por conectores de confinamento e telas de reforço superficial, concebidos de
forma a funcionarem em conjunto.
74
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Os conectores (varões metálicos ou de materiais compósitos) introduzem um travamento que


impede o afastamento relativo dos dois paramentos. A tela de reforço superficial, constituída
por material compósito de fibras de elevada resistência (vidro ou carbono), impregnadas com
resina de epóxido, destina-se a resistir aos esforços de tracção e melhorar a resistência à
compressão, sendo a mobilização da resistência assegurada pelos conectores de confinamento.

M. Branco (2006) [14] menciona, num trabalho vencedor do “Prémio Secil 2005”, a
utilização de amortecedores fixos a uma estrutura metálica tridimensional de apoio, com vigas
ao nível de cada piso de um edifício “gaioleiro”, com cinco pisos e mansarda, construído em
1911 na Av. Duque de Loulé, em Lisboa, com o objectivo de aumentar o amortecimento,
diminuir os deslocamentos e, em consequência, reduzir os esforços sísmicos sobre a estrutura.
Cada amortecedor era colocado em posição horizontal, ao nível de cada piso, com uma das
extremidades ligada ao vértice de intercepção de duas barras inclinadas de travamento da
estrutura metálica (pórtico) e a outra ao vértice do pórtico, ao nível de cada piso. A análise da
eficácia do método de reforço foi efectuada através da avaliação dos deslocamentos máximos
e das tensões na alvenaria provocados pela acção sísmica, em pontos de referência, em cada
piso.

A finalizar esta secção relativa à análise bibliográfica de diversos trabalhos de referência do


estado actual do conhecimento, referem-se alguns trabalhos de modelação numérica de
estruturas de alvenaria, para os quais existem, basicamente, dois tipos de abordagem [13, 107]:
a micro-modelação e a macro-modelação. No primeiro caso, a alvenaria é representada de
forma detalhada, sendo os blocos e as juntas simuladas separadamente.
No caso da macro-modelação, a simulação não distingue os diferentes elementos da alvenaria,
sendo esta considerada como um meio contínuo anisotrópico. Este é o método mais corrente
na modelação de construções de alvenaria.

L. F. Ramos e P. B. Lourenço (2000) [156], apresentam o resultado de um conjunto de


análises numéricas efectuadas para a determinação da vulnerabilidade sísmica de um
quarteirão situado na Baixa Pombalina (Praça do Comércio), em Lisboa, com recurso a um
método simplificado de análise estática baseado no método dos elementos finitos, utilizando
leis constitutivas não lineares para a caracterização dos materiais.

Aníbal Costa (2000) [45], apresenta os resultados da análise sísmica de uma casa rural quando
sujeita ao sismo registado no Observatório do Príncipe do Mónaco (alto de um monte com 50 m),
75
situado na cidade da Horta, Faial, Açores. Este trabalho teve em vista apresentar propostas de
técnicas de reforço de diversas moradias, após o sismo de 9 de Julho de 1998.
A modelação das paredes de alvenaria, escadas, chaminé, pilar, viga interior e cobertura foi
efectuada recorrendo a uma malha tridimensional de elementos finitos. Para a modelação dos
barrotes de madeira do pavimento e tecto do piso elevado foram utilizados elementos de
barra. O programa utilizado (NLDYNA [61]) foi desenvolvido na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto e permite efectuar cálculos estáticos e dinâmicos, com materiais de
comportamento linear ou não-linear.

A. Costa et al (2001) [48], realizaram a análise numérica de um edifício de habitação e


comércio, com três pisos e mansardas, situado na cidade da Horta, após o sismo de 9 de Julho
de 1998, utilizando o programa de cálculo CASTEM 2000 [27], tendo adoptado elementos de
casca de três nós para modelar as paredes e elementos de barra de dois nós para as vigas e os
barrotes.

Carlos S. Oliveira et al (2000) [127], desenvolveram um modelo analítico de elementos finitos


para o estudo do comportamento sísmico, tendo por base um edifício de alvenaria tradicional
de Angra do Heroísmo, e confrontaram alguns resultados com observações instrumentais de
vibrações obtidas, quer durante ensaios de ruído quer durante sismos recentes. A estrutura
tridimensional do edifício foi modelada com base nos programas de cálculo MacSap [113] e
SAP2000 [172].

M. R. Cardoso, M. Lopes e R. Bento (2004) [23], referem o desenvolvimento de um modelo


numérico considerando a estrutura tridimensional da gaiola de madeira de um edifício
pombalino, recorrendo ao programa SAP2000 [172].
Na modelação do edifício foram utilizados elementos finitos bi-dimensionais para simular as
paredes de alvenaria. No modelo das paredes interiores da gaiola (frontais) foram apenas
consideradas barras de madeira rotuladas nos extremos, desactivando-as, para simular a sua
rotura. A alvenaria envolvente da estrutura de madeira foi excluída do modelo, considerando-
se apenas a sua massa.
Os pavimentos foram simulados como diafragmas flexíveis, através de barras rotuladas nas
ligações às paredes. Os arcos do piso térreo foram simulados através de uma treliça e as
fundações foram consideradas encastradas ao nível do piso térreo. Relativamente à cobertura
apenas foi considerado o seu peso próprio.

76
Capítulo II – Estado Actual do Conhecimento

Através de um processo iterativo foi identificado o mecanismo de colapso esperado do


edifício e os principais locais a reforçar. Em seguida, foi avaliada a melhoria das condições
estruturais resultantes do reforço implementado, que consistiu na execução de uma viga de
bordadura no topo do edifício.
O estudo concluiu que a solução de reforço simulada aumentava a resistência global do
edifício, a qual seria ainda maior no caso de ser implementada em todos os pisos. Neste caso,
o mecanismo de colapso deixava de corresponder à flexão da fachada para fora do seu plano,
passando a ocorrer por um mecanismo de corte na base.
Antes do reforço, a rotura podia levar ao “efeito de dominó” em que o colapso de algumas
ligações conduzia ao colapso de outras ligações, para uma intensidade sísmica igual ou um
pouco superior.
Após o reforço ao nível da cobertura, a rotura resultava da flexão da fachada principal para
fora do seu plano, segundo o “efeito de pipa”, ao nível do quarto piso.

2.4 – Comentários ao Capítulo II

Referiram-se trabalhos de investigação que permitem enquadrar o trabalho experimental


realizado e alguns exemplos de aplicação de soluções de consolidação e reforço.
A maior parte dos trabalhos de investigação envolveram modelos ensaiados em laboratório,
mas outros ensaios foram realizados in situ. Neste caso, os resultados podem ser utilizados
como termo de comparação dos obtidos em laboratório.
De um modo geral, os trabalhos procuram avaliar a resistência mecânica de modelos simples
e reforçados, notando-se que, na grande maioria dos casos analisados, ou foram realizados
ensaios de compressão axial, ou ensaios de compressão-corte, sendo muito reduzido o número
de casos que mencionam os dois tipos de ensaios em simultâneo.
Muitos destes trabalhos reflectem as preocupações dos investigadores sobre o comportamento
de estruturas típicas dos locais onde se inserem, perante a acção sísmica e outras capazes de
causarem danos estruturais graves.
Nos trabalhos laboratoriais, os resultados dependem de limitações como a escala dos modelos,
a representatividade dos materiais constituintes relativamente aos casos reais e o método com
que foram construídos. Todavia, permitem obter de forma quantificada resultados que, de
outro modo, apenas poderiam ser obtidos em “ensaios reais” [154] (sobre os próprios edifícios),
como a acção sísmica, assentamentos diferenciais de fundações, etc.
Quando aplicados a modelos experimentais, os materiais e as técnicas de reforço permitem
fundamentar novos critérios e soluções de reabilitação estrutural de edifícios antigos.
77
Nalguns estudos, os resultados experimentais são utilizados na calibração de modelos de
análise numérica.
No caso dos ensaios realizados in situ, as dificuldades colocam-se muitas vezes no tipo de
equipamentos a utilizar para que a acção a simular seja tão representativa da situação real
quanto possível.
Os casos práticos apresentados permitem conhecer diversos exemplos de aplicação de
soluções de consolidação e reforço referidas no capítulo anterior.

A informação mencionada nos Capítulos I e II foi muito importante para o enquadramento da


parte experimental do trabalho, que se apresenta em seguida.

78
Capítulo III
MODELOS EXPERIMENTAIS DE ALVENARIA ORDINÁRIA (MURETES)

3.1 – Introdução

Descrevem-se neste capítulo as principais fases da construção dos modelos experimentais de


alvenaria ordinária usados no presente estudo, adiante designados por “muretes”, e apresentam-se
os resultados dos ensaios de caracterização dos materiais de construção utilizados.
As dimensões e a constituição dos muretes foram definidas com base: (i) na consulta de
bibliografia diversa [2, 122, 194, 202]; (ii) na necessidade de que os resultados dos ensaios
mecânicos fossem relacionáveis com situações reais de estruturas representativas desta
solução construtiva, e (iii) nas dimensões do laboratório (LabDEC) onde decorreu o trabalho
experimental, no que se refere ao espaço necessário para a montagem dos sistemas de ensaio e
para a preparação e movimentação dos muretes.

3.2 – Local e datas de construção dos muretes

A construção dos muretes decorreu junto ao Departamento de Engenharia Civil, da Faculdade


de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (DEC-FCT/UNL), parcialmente
sob a pala existente no tardoz do edifício, entre os dias 15 e 30 de Julho de 2002, fig. 3.1.

Fig. 3.1 - Local de construção dos muretes (alçado Poente, parcial, do DEC-FCT/UNL)

79
3.3 – Construção e preparação das bases de apoio dos muretes

Os muretes foram construídos sobre bases individuais de betão armado, com altura de 20 cm,
e área de 0,80m×0,40m ou 1,20m×0,40m (de acordo com a geometria dos muretes), realizadas
numa central de betão pronto em Almada, no mês de Junho de 2002, com moldes de madeira
produzidos para o efeito.
A seguir à cura do betão, as bases foram transportadas para o local de construção dos muretes,
onde foram posicionadas e alinhadas, tendo-se por fim procedido ao corte das pegas metálicas
das bases maiores, colocadas durante a betonagem para facilitar o transporte, fig. 3.2.

1,2 - betonagem das bases; 3 - aspecto final das bases, vendo-se em primeiro plano as peças de madeira sobre as
quais iriam apoiar; 4 - alinhamento das bases no local de construção dos muretes; 5 - corte das pegas metálicas das
bases maiores
Fig. 3.2 - Bases de betão armado para apoio dos muretes

3.4 – Materiais utilizados na construção dos muretes

Na construção dos muretes foi utilizada pedra calcária, assente com argamassa de cal aérea
hidratada e areia (de rio e de areeiro).
Para a recepção da pedra e das areias foi preparado um espaço próximo do local de construção
dos muretes, que incluiu a prévia “desmatação” do terreno por meios mecânicos, fig. 3.3. A
cal aérea hidratada foi armazenada num compartimento do DEC.
Nos pontos 3.4.1 a 3.4.3 identificam-se os materiais utilizados na construção dos muretes,
cujas características mecânicas, físicas e químicas, são apresentadas na secção 3.8.

80
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Fig. 3.3 - Limpeza do local de parqueamento dos materiais de construção (areias e pedra)

3.4.1 – Pedra e areias

A pedra calcária e as areias utilizadas na construção dos muretes vieram da zona de Rio Maior
(localização da empresa que forneceu estes materiais), tendo sido fornecidos cerca de 30 m3 de
pedra com máxima dimensão de 25 cm e 6 m3 de blocos grandes dimensões, 6 m3 de areia de
areeiro e 6 m3 de areia de rio lavada, fig. 3.4. Os blocos grandes foram depois partidos em pedras
com comprimento da ordem da espessura dos muretes e as outras duas dimensões com 10 a 20 cm;

Fig. 3.4 - Descarga da pedra e das areias no parque de materiais, para a construção dos muretes

3.4.2 – Cal aérea hidratada (em pó)

Na construção dos muretes M1, M2 e M6 (tabela 3.1), no primeiro dia de trabalhos, foi
utilizada cal aérea hidratada da marca Calcidrata – devido a troca de material –, que depois foi
substituída por cal aérea hidratada da marca Lusical, fig. 3.5, cujas propriedades
81
(nomeadamente, menor resistência mecânica da argamassa) se adaptam melhor ao presente
estudo, evidenciando o efeito das soluções de reforço (tabela 3.18).
Esta cal (Lusical) foi, assim, a utilizada na generalidade dos muretes (59 dos 62), prevendo-se
que aqueles três sejam ensaiados no âmbito de outro projecto de investigação.

Fig. 3.5 - Cal aérea utilizada na construção dos muretes

A cal aérea é um ligante que resulta da decomposição, pela acção da temperatura, de uma
rocha com percentagem não inferior a 95% de carbonato de cálcio, ou de cálcio e magnésio
[52, 200]. O produto obtido pela cozedura destes calcários, a 894 ºC, é o óxido de cálcio,
comummente designado por “cal viva”, com libertação de dióxido de carbono, através da
seguinte reacção química (calcinação):

CaCO3 + calor (42,5 calorias) → CaO + CO2 (3.1)

A combinação da cal viva com a água (por imersão ou aspersão), leva à sua “extinção”, numa
reacção fortemente exotérmica e expansiva, com a transformação do óxido de cálcio em
hidróxido de cálcio, vulgarmente designado por “cal apagada”, cal hidratada ou (apenas) cal,
através da seguinte reacção química (hidratação):

CaO + H2O → Ca(OH)2 + 15,5 calorias (3.2)

A extinção da cal dá-se com uma forte libertação de calor, que pode conduzir a temperaturas
superiores a 100 ºC. Quando a extinção ocorre por imersão, obtém-se uma pasta que se pode
conservar ao longo do tempo, sem carbonatar (endurecer), podendo ser utilizada em
argamassas.

82
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Após a sua aplicação, em caiação ou como constituinte de argamassas, dá-se a carbonatação


por combinação do hidróxido de cálcio com o dióxido de carbono da atmosfera, através da
seguinte reacção (carbonatação):

Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O + 42,5 calorias (3.3)

O “novo” carbonato de cálcio assim obtido, do ponto de vista químico, é similar ao material
de partida, mas apresenta outras propriedades que a rocha original não possuía,
nomeadamente o desenvolvimento das suas características de ligante (depois de misturado
com água) [200].

3.5 – Processo construtivo dos muretes

Uma vez definidos os materiais de construção dos muretes (secção 3.4), a sua proporção foi
estabelecida tendo como referências: (i) o trabalho de J. Nero et al [122], que refere, em
relação aos edifícios da Baixa Pombalina em Lisboa (construídos após o terramoto de 1755), a
existência de alvenaria de pedra, medianamente regular, ocupando cerca de 75% da área da
parede, sendo os restantes 25% preenchidos por argamassa de assentamento, e (ii) o trabalho
de M. Valluzzi et al [194], apresentado na secção 2.2, que menciona a utilização de modelos
experimentais de alvenaria de pedra, utilizando cerca de 68% de pedra, 17 a 22% de
argamassa e 10 a 15% de vazios.
Nos pontos 3.5.1 a 3.5.3 descreve-se o processo construtivo dos muretes.

3.5.1 – Argamassa de assentamento

A argamassa de assentamento da alvenaria foi produzida ao traço volumétrico de uma parte


de cal aérea hidratada para três partes de areia, repartidas igualmente por areia de rio e de
areeiro, com uma relação A/L (água/ligante) de 2,4/2,0=1,2, fig. 3.6.
Para a definição da composição da argamassa, foram tidos em conta o trabalho de J. Nero et
al [122], já referido, e o estudo realizado no LNEC sobre a caracterização de várias
argamassas, realizado por M. Veiga et al [202].
A argamassa foi produzida numa misturadora (betoneira) eléctrica, colocada junto ao parque
das areias, com a seguinte ordem de entrada dos materiais: água, cal e areia.
Após cada amassadura, a argamassa era transportada para o local de construção dos muretes
em “carro-de-mão”, fig. 3.6.

83
O ritmo das amassaduras era ditado pelo rendimento dos operários que estavam a assentar a
alvenaria, de forma a não haver material em espera.

- em cima (traço volumétrico): 1 - cal aérea hidratada; 2 - areia de rio; 3 - areia de areeiro; 4 - água corrente
- em baixo: amassadura em betoneira eléctrica
Fig. 3.6 - Composição e amassadura mecânica da argamassa de assentamento

3.5.2 – Preparação da pedra

A pedra calcária tinha uma dimensão máxima da ordem de D = 25 cm e, embora apresentasse


um aspecto limpo, foi lavada com água abundante para remoção de pó e outras impurezas,
fig. 3.7(1).
Para o assentamento da alvenaria, a pedra era retirada do monte de modo a que a
granulometria de cada “carregamento” fosse representativa do conjunto e transportada em
“carro-de-mão” para o local de construção dos muretes.

Tendo em vista a melhoria do travamento vertical da alvenaria dos muretes, prepararam-se


pedras com uma das dimensões superior à máxima dimensão da pedra de assentamento,
nalguns casos com espessura próxima da do murete, designadas por “perpianhos”, a partir de
um carregamento vindo para o efeito, fig. 3.7(2,3).
Estes elementos eram, em geral, colocados a 1/3 e 2/3 da altura de cada murete (a 0,40 e a
0,80 m acima das bases de apoio).

84
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

1 – lavagem da pedra após a sua recepção, com água abundante; 2,3 – preparação dos “perpianhos”, utilizados a
terços de altura dos muretes para travamento vertical da alvenaria

Fig. 3.7 - Preparação da pedra para a construção dos muretes

3.5.3 – Construção dos muretes

Os muretes foram construídos segundo técnicas tradicionais por uma equipa de sete operários
com experiência em trabalhos de conservação e reabilitação de edifícios antigos, pertencentes
a uma empresa de construção especializada (do grupo Edifer), entre os dias 15 e 30 de Julho
de 2002, junto ao edifício do DEC, como referido anteriormente.
A construção iniciou-se com a definição de “prumadas”, alinhamentos e outros trabalhos
preparatórios, para garantir as dimensões pretendidas: 0,80m×1,20m×0,40m para os muretes
destinados aos ensaios de compressão axial e 1,20m×1,20m×0,40m para os sujeitos aos ensaios
de compressão-corte (apresentados no Capítulo V). Por razões de simplificação de linguagem
e sempre que oportuno, os primeiros serão designados por “muretes pequenos” e os segundos
por “muretes grandes”.
Na fig. 3.8 representam-se os muretes de forma esquemática e na fig. 3.9 algumas imagens da
sua construção.
Na tabela 3.1 identificam-se os 62 muretes construídos.

85
Fig. 3.8 - Representação esquemática dos muretes de alvenaria ordinária

Os muretes foram construídos mantendo constantes a sua geometria, o traço da argamassa de


assentamento e as dimensões da pedra, procurando-se assim minimizar a dispersão de resultados
dos futuros ensaios mecânicos.
Quanto à percentagem de argamassa por unidade de volume de alvenaria, esta foi definida da
seguinte forma: (i) os muretes M1 a M56 foram construídos com uma composição volumétrica
de 75% de pedra e 25% de argamassa; (ii) os últimos 6 muretes, M57 a M62, foram construídos
com 75% da argamassa dos precedentes, prevenindo a possibilidade de utilização de caldas de
injecção (nas futuras soluções de consolidação/reforço estrutural). Isto, após uma primeira
tentativa de utilização de apenas 50% de argamassa nestes seis últimos muretes mas que teve de
ser alterada uma vez que o primeiro dos seis se desmoronou a meio da construção.

86
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Fig. 3.9 - Construção dos muretes (entre 15 e 30 de Julho de 2002)


87
Tabela 3.1 - Identificação, datas de construção e dimensões dos muretes

Data de Dimensões
Murete
construção Comprimento Altura Espessura
M1, M2, M6 15/7/02
M3, M4, M5 16/7/02
M7, M8, M9, M10, M11 17/7/02 1,20 m
M12, M13, M14, M15 18/7/02
M16, M17, M18, M19, M20 19/7/02
M21, M22, M23, M24, M25, M26 22/7/02
1,20 m 0,40 m
M27, M41, M42, M43, M44, M45, M46 23/7/02
M28, M29, M30, M31, M32, M47 24/7/02
M33, M34, M48, M49, M50, M51 25/7/02 0,80 m
M35, M36, M37, M52, M53, M54 26/7/02
M38, M39, M40, M55, M56, M57 29/7/02
M58, M59, M60, M61, M62 30/7/02

Dada a disposição das bases, fig. 3.2, e a sua maior proximidade ao parque de materiais,
construíram-se primeiro os muretes grandes (M1 a M20), e depois os pequenos (M21 a M62).
Uma vez que a construção dos muretes ocorreu no “pico” do Verão de 2002, após o começo
dos trabalhos foi montado um sistema de sombreamento provisório tendo em vista a melhoria
das condições de cura iniciais da argamassa de assentamento, fig. 3.10.

Fig. 3.10 - Sombreamento provisório utilizado durante a construção dos muretes

3.6 – Condições de cura dos muretes

O sistema de sombreamento provisório foi substituído por um “abrigo” coberto, com uma área
de cerca de 103 m2 e um pé-direito médio de 2,40 m, cuja montagem se iniciou antes do final
dos trabalhos e terminou em 1/8/02.
Na fig. 3.11 representa-se esquematicamente o interior do abrigo, incluindo a numeração, as
dimensões e a data de construção dos muretes, bem como o esquema de ventilação natural
junto ao beirado.
88
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

LEGENDA:

- Datas de construção dos muretes:

Fig. 3.11 - Representação esquemática do interior do abrigo, com referência às datas de


construção e identificação dos muretes, e aos ensaios de caracterização aqui realizados

O abrigo assim construído permitiu proteger os muretes da chuva e da incidência directa da


luz solar, garantindo uma boa ventilação natural e as melhores condições possíveis para sua
cura, fig. 3.12.

89
1,2 – construção do abrigo; 3,4 – vistas interiores, com os 62 muretes; 5 – aspecto exterior final
Fig. 3.12 - Abrigo definitivo para cura dos muretes (vistas exterior e interior)

3.7 – Preparação dos muretes para a campanha experimental. Execução dos lintéis
preliminares e definitivos, em betão armado

Cerca de 8 meses após a sua construção, foram retirados os dois primeiros muretes do abrigo,
M46 e M47, para a realização de dois lintéis de pequena espessura, necessários à distribuição
das cargas a aplicar sobre a alvenaria, em dois ensaios “preliminares” de compressão axial.

Ambos os lintéis preliminares foram realizados com moldes de madeira com 5 cm de altura,
cheios com grout “Bettogrout” da Degussa Bettor MBT [59].
O lintel sobre o murete M47 não levou armadura, enquanto que o do murete M46 foi armado
com malha electro-soldada (φ=5 mm), figs. 3.13 e 3.14.

Fig. 3.13 - Lintéis preliminares: simples, sobre o murete M47 e armado, sobre o murete M46

90
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Fig. 3.14 - Representação esquemática dos muretes M46 e M47, após a conclusão dos lintéis

Em Maio de 2003 (dez meses após a construção), iniciou-se a retirada dos muretes do abrigo,
em grupos de cerca de vinte, para a realização dos lintéis definitivos em betão armado, no
laboratório 1.10 do DEC, uma vez que, por falta de espaço e outras condições de operacionalidade,
tal não podia ser efectuado no abrigo 5).
As dimensões dos lintéis, definidas com base na observação do comportamento dos lintéis
preliminares dos muretes M46 e M47, e também no trabalho de M. Valluzzi et al [194], foram
as seguintes: altura média de 15 cm e área igual à dos respectivos muretes (1,20m×0,40m ou
0,80m×0,40 m).
Além de distribuírem as cargas verticais, os lintéis suportavam vários equipamentos durante
os ensaios mecânicos, como se verá no Capítulo V (e no Anexo III).

Dadas as massas em causa, o transporte dos muretes teve de ser efectuado com equipamento
apropriado: a primeira vez com apoio de um equipamento (empilhador) cedido e manobrado
por uma empresa e, a partir daí, com o empilhador adquirido pela FCT para o efeito, fig. 3.15.
Esta operação exigia um cuidado especial, para impedir a fendilhação e a queda dos muretes
durante o transporte de ida e volta (com os lintéis) ao abrigo.

_______________
5)
Os muretes foram retirados em 23/5/03, 27/6/03 e 4/9/03, tendo os lintéis definitivos sido
betonados em 17/6/03, 15/7/03 e 9/10/03, respectivamente.

91
Fig. 3.15 - Movimentação dos muretes para a realização dos lintéis definitivos

Previamente à betonagem dos lintéis, foram preparados os respectivos moldes de madeira (de
modo a serem reutilizados no próximo grupo de muretes), bem como a armadura (malha
electro-soldada semelhante à utilizada num dos dois lintéis preliminares), fig. 3.16.

Fig. 3.16 - Preparação da cofragem (madeira) e das armaduras para a betonagem dos lintéis

Já no interior do Laboratório 1.10 do DEC, os moldes eram posicionados sobre cavaletes de


apoio, e depois nivelados e oleados. Em seguida eram colocadas as armaduras inferiores
(malha dupla). As armaduras superiores foram colocadas durante a betonagem (manual) de
cada lintel, ficando no interior do betão, a 3 cm de profundidade.
Na fig. 3.17 representam-se as várias fases da preparação e betonagem dos lintéis,
destacando-se: (i) a colocação manual do betão no interior dos moldes; (ii) a colocação das
armaduras superiores dos lintéis (malha dupla); (iii) a compactação manual e a regularização
da superfície superior do betão e (iv) a cura cuidada do betão, com regas frequentes, nos
primeiros oito dias de idade. Na imagem inferior direita vêm-se os lintéis humedecidos.
Estes trabalhos foram repetidos em cada uma das três datas referidas atrás (vd. nota 5).

92
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

1 – aspecto dos muretes tal como vieram do abrigo; 2 – posicionamento dos cavaletes de suporte dos moldes;
3,4 – moldes sobre os cavaletes de madeira; 5 – armaduras e óleo de descofragem; 6,7 – aspecto geral e de
pormenor das armaduras inferiores; 8 a 10 – betonagem dos lintéis; 11 – cura do betão
Fig. 3.17 - Preparação e betonagem dos lintéis dos muretes no Lab.1.10 do DEC

Os lintéis permitiram uma adequada execução dos ensaios a que os muretes se destinavam,
fig. 3.18, ao promoverem a distribuição das cargas aplicadas.

Fig. 3.18 - Representação esquemática dos muretes, após a betonagem dos lintéis

93
Passadas três a quatro semanas sobre as datas de betonagem dos lintéis, os muretes voltavam
ao abrigo, continuando assim o processo de cura, fig. 3.19.

1, 2 – retirada dos muretes do Lab. 1.10 do DEC; 3,4 – aspecto dos muretes no interior do abrigo, já com os lintéis

Fig. 3.19 - Colocação dos muretes no abrigo após betonagem dos lintéis em betão armado

Depois da colocação dos muretes no interior do abrigo, este era de novo fechado, retomando o
aspecto da fig. 3.12(5).
Durante a betonagem da última série de vinte lintéis, já estavam a ser concebidos e montados
os sistemas de ensaios mecânicos referidos no Capítulo V. Em simultâneo, decorriam os ensaios
de caracterização dos materiais de construção dos muretes, cujos valores se apresentam na
secção seguinte.

3.8 – Caracterização dos materiais utilizados na construção dos muretes

Os materiais utilizados na construção dos muretes (pedra, areias, cal e argamassa) foram
sujeitos a diversos ensaios de caracterização, tendo em vista o conhecimento de algumas das
suas propriedades físicas, mecânicas e químicas. Esta caracterização foi efectuada a partir de
amostras retiradas durante os trabalhos de construção dos muretes.

94
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

No caso da argamassa, as amostras foram obtidas diariamente de amassaduras aleatórias,


tendo sido produzidos vários tipos de provetes:

- provetes prismáticos, com dimensões de 16cm×4cm×4cm;


- provetes cilíndricos, com diâmetro φ=9,5 cm e altura h=1 cm;
- provetes também de forma cilíndrica, com φ=5 cm e altura h=1,5 cm ou h=2,5 cm, mas
assentes directamente sobre superfícies “planas” de diversas pedras.

Alguns destes provetes foram ensaiados aos 30 e outros aos 90 dias; os restantes foram
ensaiados ao longo da campanha de ensaios mecânicos dos muretes.
As amostras foram ensaiadas tal como aplicadas nos muretes, embora nalguns casos tenha
havido preparações ou moldagens prévias.

Para além dos ensaios de caracterização efectuados sobre os materiais de construção, foram
também realizados diversos ensaios sobre os próprios muretes, aos 30 dias, aos 90 dias e
seguintes. Os ensaios de determinação da profundidade de carbonatação e da variação
dimensional linear dos muretes foram efectuados sobre a mesma argamassa (usada em
simultâneo na construção dos muretes e dos provetes de 16cm×4cm×4cm).
A partir do início dos ensaios mecânicos sobre os muretes (compressão axial e compressão-
corte), os ensaios de determinação da profundidade de carbonatação passaram a ser
efectuados logo após a conclusão desses ensaios, evitando-se assim a degradação física dos
muretes, associada a este ensaio (perfuração da argamassa de assentamento), e facilitando a
sua realização.

Procedeu-se ainda ao registo contínuo de temperatura e humidade relativa do ambiente de


cura dos muretes (abrigo coberto) e do local onde foram colocados os diversos provetes da
argamassa de assentamento, desde a data de construção dos muretes (Julho de 2002) até à
conclusão dos ensaios mecânicos (Julho de 2005). Estes registos foram efectuados a meio da
manhã (11 horas) e a meio da tarde (15 horas). No início foram também efectuados alguns
registos a meio da madrugada (04 horas).

Na tabela 3.2 resumem-se os ensaios efectuados e, nos pontos seguintes, os resultados


obtidos. No Anexo I, apresentam-se os procedimentos de ensaio, os cálculos e imagens da
maioria dos ensaios.

95
Tabela 3.2 - Ensaios de caracterização dos materiais utilizados na construção dos muretes
Ensaio
Material Características Características Características
físicas mecânicas químicas
Pedra calcária
Massa volúmica, porosidade aberta, índice volumétrico Resistência à compressão
(D<25 cm)
Areias Análise granulométrica, massa volúmica, baridade, Composição
--
(rio e areeiro) volume de vazios, teor de partículas finas química
Cal aérea
Análise granulométrica --
hidratada
Água -- -- --
Argamassa
Espalhamento -- --
em pasta
Massa volúmica real e aparente, porosidade aberta, Módulo de elasticidade,
Argamassa absorção de água por capilaridade, permeabilidade ao resistência à tracção por flexão,
endurecida vapor de água, aderência, registo de massas durante resistência à compressão, Profundidade de
endurecimento, variação dimensional linear aderência a suporte (pedra) carbonatação
Massa volúmica real e aparente e porosidade aberta de Resistência à compressão axial (argamassa de
amostras da argamassa de assentamento, massa volúmica e compressão-corte, módulo de assentamento)
Muretes (1) da alvenaria dos muretes, absorção de água sob baixa elasticidade axial e rigidez axial
pressão dos muretes, variação dimensional linear e transversal
(1) – Embora esta tabela se refira aos ensaios realizados sobre os materiais de construção dos muretes, entendeu-se por bem incluir
aqui esta informação.

3.8.1 – Caracterização da pedra

3.8.1.1 – Características físicas

Foram efectuados ensaios para determinação de massa volúmica real e aparente e porosidade
aberta (método da pesagem hidrostática) [182, 183] e índice (ou coeficiente) volumétrico [89].
Não foi realizada a análise granulométrica por peneiração, devido às grandes dimensões da pedra.
Os valores obtidos foram: massa volúmica real = 2709,4 kg/m3, massa volúmica aparente =
2490,6 kg/m3 e porosidade aberta = 8,1 %.

O índice volumétrico avalia a forma (ou esfericidade) de uma partícula, definindo-se como o
quociente entre o seu volume e o volume da esfera de diâmetro igual à sua maior dimensão
[52, 89]. Este índice varia entre 0 e 1, sendo que valores de IVp = 1 correspondem a partículas
esféricas. No Anexo I, refere-se o método seguido para a obtenção das amostras e os cuidados
tidos para a minimização do erro de amostragem.
O índice volumétrico médio obtido foi de IVm=0,26, incluindo as pedras de maiores dimensões
(perpianhos), colocadas a terços da altura dos muretes. De acordo com S. Coutinho [52],
valores desta ordem significam predominância de duas das três dimensões.
Para avaliar qualitativamente a dimensão média das pedras, neste caso, o “comprimento
médio”, recorreu-se a uma das colunas das tabelas de cálculo do índice volumétrico (Anexo I),
onde se registam os diâmetros das esferas que envolvem a pedras, obtendo-se o valor de 16,7 cm.
96
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

3.8.1.2 – Características mecânicas

Foram realizados ensaios para determinação da resistência mecânica à compressão da pedra


[87, 98], tendo-se obtido o valor médio de 47,8 MPa.

3.8.1.3 – Características químicas

Tabela 3.3 - Composição química da pedra calcária

Composto Valor médio [%]


Óxido de cálcio CaO 54,91
Dióxido de silício SiO2 0,52
Trióxido de alumínio Al2O3 0,46
Trióxido de ferro Fe2O3 0,12
Óxido de Magnésio MgO 0,33
Óxido de potássio K2O 0,02
Perda ao fogo (1) LOI 43,52
(1) – Em mufla, a 750ºC, durante 40 minutos

3.8.2 – Caracterização das areias (de rio e de areeiro)

3.8.2.1 – Características físicas

Foram realizados ensaios de análise granulométrica [52, 80], determinação da massa volúmica,
baridade [187], volume de vazios [193] e teor de partículas finas [188], tendo-se obtido os
resultados incluídos nas figs. 3.20 e 3.21 e na tabela 3.4.

100
Material que passa [%]

90
80

70
60

50
40

30
20

10
0
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das malhas [mm]

Máxima dimensão do agregado (D) = 2,38 mm; Mínima dimensão do agregado (d) = 0,149 mm;
Módulo de finura (Mf) = 2,7
Fig. 3.20 - Curva granulométrica da areia de rio utilizada na argamassa de assentamento
97
100

Material que passa [%]


90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das malhas [mm]

D = 0,595 mm; d = 0,149 mm; Mf = 1,8


Fig. 3.21 - Curva granulométrica da areia de areeiro utilizada na argamassa de assentamento

Define-se como: (i) máxima dimensão do agregado (D), a menor abertura da malha do peneiro
da série principal de peneiros ASTM, através da qual passa uma quantidade de agregado
maior ou igual a 90%; (ii) mínima dimensão do agregado (d), a maior abertura da malha do
peneiro da série principal através da qual passa uma quantidade de agregado menor ou igual a
5%; e (iii) módulo de finura (Mf), a soma das percentagens totais retidas em cada peneiro da
série principal (excepto o peneiro nº 200, com abertura de 75 µm), dividida por 100.
A série principal inicia-se no peneiro com abertura da malha de 75 µm e continua em
progressão geométrica de razão 2, até à máxima dimensão do agregado [52].

Tabela 3.4 - Características físicas das areias


Característica Areia de rio Areia de areeiro
3
a 60 ± 5 ºC 2631,5 kg/m 2647,5 kg/m3
Massa volúmica
a 105 ± 5 ºC 2624,9 kg/m3 2647,1 kg/m3
a 60 ± 5 ºC 1584,4 kg/m3 1527,3 kg/m3 (1)
Baridade
a 105 ± 5 ºC 1584,2 kg/m3 1539,3 kg/m3 (1)
Volume de vazios (a 105 ± 5 ºC) 38,2 % 39,5 %
Teor de partículas finas (a 105 ± 5 ºC) 1,2 % 7,6 %
(1) – O valor desta característica à temperatura de 105ºC deveria ser inferior ao da temperatura de 60ºC. Neste
caso, eventuais deficiências de representatividade das amostras originaram resultados opostos.

A massa volúmica e a baridade foram calculadas após secagem a duas temperaturas distintas,
para avaliar a influência deste parâmetro nos resultados finais.

Entende-se por partícula fina aquela que passa através do peneiro com abertura de malha de
75 µm [52]. No cálculo do betão, as partículas finas podem influenciar a quantidade água de
amassadura, aumentando-a, na medida que se queira manter a sua trabalhabilidade, podendo

98
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

também influenciar (diminuir) as tensões de rotura. As partículas finas, nomeadamente a


argila, quando envolvem o agregado, podem também constituir uma barreira à ligação regular
e homogénea da cal, prejudicando, assim, a já reduzida capacidade aglomerante conferida
pela cal aérea. No caso da argamassa de assentamento utilizada na construção dos muretes,
estes problemas não são tão prementes, devido às baixas resistências em presença, mas
entendeu-se oportuno fazer esta análise.

3.8.2.2 – Características químicas

Tabela 3.5 - Composição química das areias de rio e de areeiro


Valor médio [%]
Composto
Areia de rio Areia de areeiro
Dióxido de silício SiO2 98,0 87,8
Trióxido de alumínio Al2O3 1,70 7,34
Trióxido de ferro Fe2O3 0,11 0,85
Óxido de cálcio CaO 0,18 0,17
Óxido de Magnésio MgO 0,01 0,09
Óxido de potássio K2O 0,01 3,39

3.8.3 – Caracterização da cal aérea

3.8.3.1 – Características físicas e químicas

Foram realizados ensaios de análise granulométrica [6] e determinação da composição


química [7], pela empresa que forneceu a cal aérea (Lusical, SA), cujos resultados se apresentam
nas tabelas 3.6 e 3.7, respectivamente.

Tabela 3.6 - Granulometria da cal aérea (valores médios)


Análise Valor médio (retido) [%]
2 µm 85,10
5 µm 57,00
10 µ m 32,60
40 µ m 14,40
50 µ m 12,80
80 µ m 9,23
125 µ m 5,68
200 µ m 2,50
315 µ m 0,54
500 µ m 0,00
Diâmetro médio 6,07 µ m

99
Tabela 3.7 - Composição química da cal aérea (valores médios)
Composto Valor médio [%] Produto
Óxido de cálcio CaO 73,1
Óxido de Magnésio MgO 0,36
Trióxido de ferro Fe2O3 0,090
Trióxido de alumínio Al2O3 0,063
Dióxido de silício SiO2 0,03
Óxido de potássio K2O 0,0217
Óxido de manganês Mn3O4 0,0075
cal viva
Trióxido de enxofre SO3 0,3005
Perda ao fogo PAF 25,72
Dióxido de carbono CO2 1,7
Enxofre total S 0,120
Água a 120ºC H2O 120 0,95
Cobalto Co 0,0010
Manganês Mn 0,0054
Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 93,5
Carbonato de cálcio CaCO3 3,86 cal apagada
Hidróxido de magnésio Mg(OH)2 0,52 (ou cal hidratada)
Sulfato de cálcio CaSO4 0,51

3.8.4 – Água

A água utilizada na amassadura da argamassa de assentamento da alvenaria foi retirada da


rede pública de abastecimento da FCT, através de ligação a uma boca de rega, junto ao local
dos trabalhos, entre 15 e 30 de Julho de 2002.

3.8.5 – Caracterização da argamassa de assentamento

Como se referiu no ponto 3.5.1, a argamassa de assentamento foi produzida ao traço volumétrico
de 1:3 (cal aérea : areia), sendo as areias de areeiro e de rio utilizadas em partes iguais.
Durante todos os dias da construção dos muretes foram retiradas amostras de argamassa em
pasta, figs. 3.6 e 3.22, a partir das quais foram efectuados os ensaios de espalhamento e se
moldaram diversos provetes, para posteriores ensaios com a argamassa endurecida.

Fig. 3.22 - Amostra de argamassa de assentamento retirada à saída da betoneira


100
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

3.8.5.1 – Caracterização da argamassa em pasta

Sobre a argamassa em pasta foram realizados ensaios de espalhamento (ou de consistência)


[190], logo após a extracção das amostras, ao longo do tempo de construção dos muretes,
representando-se na fig. 3.23 os resultados obtidos.

100 10

Ocorrências (N)
Espalham ento [%]

90 9
80 8
70 7
60 6
50 5
4
40
3
30
2
20
1
10
0
0 61-70 71-80 81-90 91-100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
% 93 85 67 70 85 83 77 82 80 87 85 83 87 75 80 90 N 2 4 9 1

Nº da amostra Espalhamento [%]

Fig. 3.23 – Resultados do ensaio de consistência da argamassa

3.8.5.2 – Caracterização da argamassa endurecida

Durante os doze dias de construção dos muretes foram moldados 104 provetes, para caracterizar
a argamassa endurecida ao longo do tempo, distribuídos da seguinte forma:
- 9 provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, para avaliação das variações dimensionais
lineares da argamassa durante o endurecimento, fig. 3.24 (2) e tabela 3.8;
- 11 provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, para determinação da profundidade de carbonatação
da argamassa endurecida, fig. 3.24 (2) e tabela 3.9;
- 51 provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, para realização de vários ensaios (massa volúmica,
porosidade aberta, absorção de água por capilaridade e resistência mecânica), fig. 3.24 (2) e
tabela 3.10;
- 17 provetes cilíndricos (bolachas) com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, para realização dos ensaios de
determinação da permeabilidade ao vapor de água, fig. 3.24 (3) e tabela 3.11; e
- 16 provetes cilíndricos, com φ = 5 cm e h = 1,5 ou 2,5 cm, para os ensaios de aderência ao
suporte (superfície de pedra), fig. 3.24 (4) e tabela 3.12.

Os provetes prismáticos identificados nas tabelas 3.8 e 3.9 foram moldados manualmente (por
indisponibilidade de moldes próprios para moldagem mecânica). Os referidos na tabela 3.10
foram moldados com o “compactador mecânico” (com duas séries de 60 pancadas, por molde
de 3 prismas) representado na fig. 3.24 (1).

101
1 - compactador de argamassas, equipado com comando de botoneira; 2 - provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
(e respectivos moldes); 3 - provetes com φ=9,4 cm e h=1 cm (e respectivos moldes) para o ensaio de
permeabilidade ao vapor de água; 4 - provetes para o ensaio de aderência, com φ=5 cm e h=1,5 cm ou h=2,5 cm

Fig. 3.24 - Compactador mecânico e provetes de argamassa de assentamento, moldados durante


a construção dos muretes

Nas tabelas 3.8 a 3.12 identificam-se todos os provetes moldados, referindo-se as datas de
moldagem e desmoldagem, e os muretes a que pertenciam as amostras.

Tabela 3.8 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, moldados manualmente, para o ensaio


de determinação das variações dimensionais lineares (1)
Argamassa pertencente
Provete Nº Data de moldagem Data de desmoldagem
ao murete Nº
R1 a R3 23/7/02 26/7/02 M45
R4 a R6 26/7/02 29/7/02 M37
R7 a R9 30/7/02 8/8/02 M62
1
( ) – com cal aérea da marca Lusical

Tabela 3.9 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, moldados manualmente, para o ensaio


de determinação da profundidade de carbonatação (1)
Argamassa pertencente ao
Provete Nº Data de moldagem Data de desmoldagem
murete Nº
C1 a C3 25/7/02 31/7/02 M49
C4 a C6 26/7/02 31/7/02 M37
C7 e C8 29/7/02 2/8/02 M57
C9 a C11 30/7/02 2/8/02 M60
1
( ) – idem

102
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Tabela 3.10 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, moldados mecanicamente, para a


realização de diversos ensaios

Provete Data de Data de Argamassa Ensaio de caracterização (1)


Cal aérea
Nº moldagem desmoldagem do murete Nº MVR MVA PA CCap Edin Rflex Rcomp
1a3 M1 • • • • •
2
15/7/02 19/7/02 Calcidrata
4a6( ) M6
2
7a9( ) M3
16/7/02
10 a 12 M5 • • • • • • •
24/7/02
13 a 15 17/7/02 M9 •
16 a 18 18/7/02 M12 • • • • • • •
19 a 21 19/7/02 M18 •• • • •
22 a 24 22/7/02 M24 • • • • • • •
26/7/02
25 a 27 23/7/02 M45 • • • ••
28 a 30 M28 Lusical • • • • • • •
24/7/02
31 a 33 29/7/02 M32 • • • ••
34 a 36 25/7/02 M49 • • • • • • •
30/7/02
37 a 39 26/7/02 M37 •• •
40 a 42 M55 • • • • • • •
29/7/02
43 a 45 M57 • • •
2/8/02
46 a 48 M60 • • • • • •
2
30/7/02
49 a 51 ( ) M62
1
( ) MVR - massa volúmica real; MVA - massa volúmica aparente; PA - porosidade aberta; CCap - absorção de água por
capilaridade; Edin - módulo de elasticidade dinâmico; Rflex - resistência à tracção por flexão; Rcomp - resistência à compressão
(2) – provetes não ensaiados
•• − ensaios realizados numa data e repetidos mais tarde

Tabela 3.11 - Provetes de argamassa de assentamento, para o ensaio de determinação da


permeabilidade ao vapor de água (PVA)
Data de Data de Argamassa pertencente
Provete Nº Cal aérea
moldagem desmoldagem ao murete Nº
1 M1
15/7/02 19/7/02 Calcidrata
2 M6
3 M3
16/7/02
4 M5
5 17/7/02 M9
24/7/02
6 18/7/02 M12
7 19/7/02 M18
8 22/7/02 M24
9 23/7/02 M45
10 26/7/02 M28 Lusical
24/7/02
11 M32
12 25/7/02 M49
29/7/02
13 26/7/02 M37
14 M55
29/7/02 31/7/02
15 M57
16 M60
30/7/02 2/8/02
17 M62

103
Tabela 3.12 - Provetes de argamassa de assentamento, para o ensaio de determinação da
aderência ao suporte (1)
Nº Data de moldagem Diâmetro Altura Argamassa do murete
Ad1
Ad2 29/7/02 2,5 cm M57
Ad3
5 cm
Ad4
M60
Ad5 30/7/02 1,5 cm
Ad6 M62
(1) – com cal aérea da marca Lusical

Uma vez desmoldados, os provetes eram colocados num laboratório do DEC onde continuavam
o processo de cura, e “aguardavam” a realização dos vários ensaios de caracterização, tal como
as amostras dos materiais utilizados nas soluções de reforço dos muretes, que eram aqui
colocadas, para posteriores ensaios, fig. 3.25.
Dado tratar-se de uma sala com ambiente não condicionado, procedeu-se ao registo das condições
6)
de temperatura e humidade relativa ao longo do tempo, desde a moldagem dos provetes de
argamassa (Julho de 2002) até ao final dos ensaios mecânicos dos muretes (Julho de 2005), em
dois períodos distintos do dia: a meio da manhã, 11:00 horas, e a meio da tarde, 15:00 horas.

Fig. 3.25 - Local de cura dos provetes da argamassa de assentamento e dos materiais utilizados
no reforço dos muretes (Laboratório 1.15 do DEC)

_______________
6)
O conceito de humidade relativa (HR) define-se como a relação entre a humidade absoluta e
o limite de saturação, de acordo com a expressão seguinte [77]:

Ha
HR = [%]
Ls

sendo: Ha , a humidade absoluta (quantidade de vapor de água que o ar contém) e, Ls, o limite de
saturação (quantidade máxima de vapor de água que o ar pode conter), à mesma temperatura.
104
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Nas figs. 3.27 e 3.28 indica-se os resultados das leituras efectuadas no termohigrómetro
representado nas figs. 3.25 e 3.26.

Fig. 3.26 - Termohigrómetro utilizado na medição da temperatura e humidade relativa no


local de cura dos provetes da argamassa de assentamento

PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2002 PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2002


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum-%]

90 90
[Hum%]

80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
[Temp-ºC]
[Temp-ºC]

20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez

PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2003 PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2003


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum-%]
[Hum%]

90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30
[Temp-ºC]

30
[Temp-ºC]

20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez

Fig. 3.27 - Temperatura e humidade relativa, às 11:00 e às 15:00 horas, no local de cura dos
provetes de argamassa de assentamento (e dos materiais de reforço), nos anos de 2002 e 2003

105
PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2004 PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2004
11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
90 90
[Hum%]

[Hum-%]
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
[Temp-ºC]

[Temp-ºC]
20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez

PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2005 PROVET ES - Humidade - T emperatura - 2005


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum%]

90

[Hum-%]
90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30
[Temp-ºC]

30
[Temp-ºC]

20 20
10
10
0
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez
J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez

Fig. 3.28 - Temperatura e humidade relativa, às 11:00 e às 15:00 horas, no local de cura dos
provetes de argamassa de assentamento (e dos materiais de reforço), nos anos de 2004 e 2005

Na fig. 3.29 representa-se a evolução das massas dos 51 provetes de argamassa de assentamento
referidos na tabela 3.10, entre 31/7/02 (origem do gráfico) e 16/4/03 (cerca de nove meses
depois), bem como as condições de temperatura e humidade no local de cura (fig. 3.25), no
momento das pesagens.
Embora o registo se refira à data de desmoldagem de cada grupo de três provetes, tabela 3.10,
apenas no caso dos provetes P49 a P51 (desmoldados em 30/7/02), esta condição se pode
verificar. Analisando o gráfico, nota-se uma perda acentuada de massa dos provetes durante
as primeiras (≅) 240 horas de endurecimento, correspondente à evaporação da água de
amassadura, responsável pela elevada retracção inicial dos provetes; depois, verifica-se um
lento aumento de massa até aos (cerca) de noves meses de endurecimento, da ordem dos 2%,
altura em que se interromperam as pesagens.

Os ensaios sobre a argamassa endurecida foram efectuados em várias datas: aos 30 dias, aos
90 dias e ao longo do tempo em que decorreu a campanha de ensaios sobre os muretes.
Contudo, o facto de se estar a desenvolver várias actividades em simultâneo, não permitiu
realizar alguns ensaios aos 30 dias, mas apenas entre as seis e as oito semanas.

106
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

500
450

Massas [g]
400
350
300

Temp. [ºC] Hum. [%]


250
200
150
100
50
0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0
T empo [horas1/2 ]
P 1-P 2-P 3 P 4-P 5-P 6 P 7-P 8-P 9 P 10-P 11-P 12
P 13-P 14-P 15 P 16-P 17-18 P 19-P 20-P 21 P 22-P 23-P 24
P 25-P 26-P 27 P 28-P 29-P 30 P 31-P 32-P 33 P 34-P 35-P 36
P 37-P 38-P 39 P 40-P 41-P 42 P 43-P 44-P 45 P 46-P 47-P 48
P 49-P 50-P 51 Te m pe ra tura [ºC ] Hum ida de [%]

Fig. 3.29 - Massas dos provetes de argamassa de assentamento durante o endurecimento, e


condições de temperatura e humidade relativa do local de cura (no momento das pesagens)

Como se referiu, no primeiro dia de trabalhos foi utilizada uma cal aérea hidratada que conduzia
a uma argamassa com maior resistência mecânica a qual, por essa razão, foi substituída no
segundo dia. Não obstante, foram realizados alguns ensaios sobre esta argamassa (utilizada
nos muretes M1, M2 e M6), mesmo partindo do princípio que os respectivos muretes não
iriam ser incluídos no presente estudo.

a) características físicas da argamassa endurecida

Foram realizados ensaios para determinação de massa volúmica real, massa volúmica aparente
[182], porosidade aberta [183], absorção de água por capilaridade [185], permeabilidade ao
vapor de água [95, 184] e variações dimensionais lineares [189].
Na tabela 3.13 referem-se os valores médios da massa volúmica real, massa volúmica aparente
e porosidade aberta da argamassa de assentamento.

Tabela 3.13 - Características físicas da argamassa de assentamento endurecida (provetes moldados)


Valor médio
Característica
Entre as 6 e as 8 semanas Aos 90 dias
3
Massa volúmica real [kg/m ] 2590,0 2590,1
Massa volúmica aparente [kg/m3] 1745,8 1742,9
Porosidade aberta [%] 32,6 32,7

A água é, sem dúvida, o principal agente causador de desagregações das estruturas de alvenaria,
dado que a humidade infiltrada procura e encontra os seus pontos mais fracos (fendas e vazios),

107
através de uma rede de percursos preferenciais no interior dos elementos, e em especial das
juntas de argamassa de assentamento [2]. Neste sentido, o ensaio de absorção de água por
capilaridade (juntamente com o ensaio de permeabilidade ao vapor de água, PVA, referido
mais adiante) tem uma importância para o estudo em curso, tanto para a argamassa de
assentamento como para os materiais das soluções de reforço, baseadas em “rebocos
armados”, que justifica uma abordagem um pouco mais detalhada.
De facto, numa situação real de aplicação em obra, o conhecimento dos coeficientes de
absorção de água por capilaridade e de PVA destes materiais é útil para se prever o seu
comportamento perante a humidade, e para a possível adopção de medidas que evitem o
contacto da água com os elementos estruturais. Esta situação (necessidade) deve-se ao facto de:
(i) a humidade em paredes de alvenaria reforçadas com soluções deste tipo (“rebocos armados”),
poder agravar ou causar situações de deficiente comportamento termohigrométrico, resultantes
de um maior teor de humidade, durante mais tempo, com implicações negativas em
revestimentos, acabamentos, condições de isolamento térmico (que baixam à medida que o
teor de humidade aumenta) e nos próprios materiais de reforço; (ii) a maioria dos “rebocos
armados” ter como principal constituinte o cimento (para se conseguirem resistências
mecânicas maiores), mas cuja durabilidade pode ser afectada pela humidade proveniente da
alvenaria, na presença de alguns sais minerais, como se verá na secção 4.5.

A entrada de água em elementos construtivos em contacto com o solo (fundações e paredes),


manifesta-se de forma diferente, consoante estes elementos se encontrem abaixo ou acima do
nível freático (NF). No primeiro caso o solo encontra-se saturado e a água está sob pressão; na
segunda situação a água apenas penetra nas fundações e nas paredes sob o efeito da capilaridade.
A humidade proveniente do terreno (de origem freática ou capilar) manifesta-se nos elementos
construtivos desde que: (i) as fundações se localizem abaixo do NF; (ii) as fundações se localizem
acima do NF, mas em solos com elevada capilaridade provocando a ascensão da água existente a
uma cota inferior; (iii) as fundações (e as paredes) estejam localizadas em terrenos pouco
permeáveis ou com pendentes viradas para as paredes, de forma a que a água corrente (da chuva
ou outra) contacte com aqueles elementos [17, 77]. A humidade ascendente pode ser definida
como o fluxo vertical de água proveniente do solo numa estrutura permeável, através do
fenómeno da capilaridade que, experimentalmente, se torna evidente ao mergulhar um tubo
fino de vidro (tubo capilar) num recipiente com água, verificando-se então a subida imediata do
nível da água no seu interior, relativamente à altura da água existente no recipiente. Esta
situação resulta da “força capilar”, cuja acção se designa por capilaridade, que produz o efeito
descrito e de outra propriedade, característica dos fluidos, designada por “tensão superficial”.

108
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Num sólido com capilares de forma cilíndrica, quando um líquido contacta com um capilar de
raio r, fig. 3.30, estabelece-se uma diferença de pressão, P, entre a superfície livre do líquido e
a superfície do mesmo líquido no capilar, definida pela Lei de Jurin, segundo a qual a altura a
que um líquido sobe no interior de um tubo é inversamente proporcional ao seu raio.

Fig. 3.30 - Ascensão de um líquido num capilar de raio r, sob a acção da pressão P, adaptação de [53]

No caso do ângulo de molhagem ser nulo (o líquido molha perfeitamente a parede do capilar),
o líquido tende a subir de acordo com a condição [53]:

γ
P = 2× (3.5)
r
sendo: P a pressão da ascensão capilar, γ a tensão superficial do líquido e r o raio do capilar.

Considerando as partículas ou moléculas constituintes do líquido, entre as quais existem


forças de atracção, designadas genericamente por coesão, verifica-se que uma molécula no
interior do líquido (afastada da superfície) será igualmente atraída em todas as direcções pelas
moléculas vizinhas, equilibrando as forças de coesão. Mas, para as moléculas próximas da
superfície estas forças estão em desequilíbrio, ficando a superfície do líquido tensionada. Este
fenómeno explica a curvatura superficial côncava da água junto das paredes do tubo, dizendo-
se, por isso, que a água é um líquido molhante (fig. 3.30).
Uma molécula localizada junto às paredes do tubo não sofre, no lado em contacto, a atracção de
outras moléculas de água. Mas, é atraída pelas moléculas do vidro, através de uma força superior
à exercida pelas moléculas de água com que contacta, num fenómeno designado por adesão. As
moléculas que sobem por adesão junto às paredes do tubo também contribuem para a tensão
superficial, ao atraírem as moléculas vizinhas para cima, dando origem à referida superfície curva,
característica da água junto às paredes do tubo (independentemente do seu diâmetro).
A ascensão de água por capilaridade numa parede ao nível do piso térreo pode atingir 1/3 da
sua altura [2], sendo função de: (i) condições de evaporação da água absorvida; (ii) porosidade e
permeabilidade do material; (iii) quantidade de água em contacto com a parede e, também (iv)
do tempo de duração desse contacto.

109
Num edifício antigo, com paredes de alvenaria de pedra ou tijolo, o percurso mais fácil por
onde a água pode ascender são as juntas de argamassa de assentamento. Nestas construções
são facilmente identificados os sintomas da humidade ascensional, através da formação de uma
linha horizontal nas paredes, correspondente à diferença de tonalidade do paramento, de uma zona
inferior mais escura, na época de maior humidade, para uma superior mais clara, na época seca.
Esta linha corresponde aos pontos de equilíbrio, ao longo do paramento, entre a capilaridade e a
capacidade de evaporação, deixando muitas vezes vestígios de cristalização de sais à superfície,
designada por “eflorescências”. Abaixo desta linha verifica-se a ascensão de água por capilaridade.
As eflorescências não se manifestam nesta zona dado que a humidade da parede mantém os
sais em solução. Acima da linha, a humidade varia de acordo com as condições climatéricas,
até uma zona superior em que a parede está permanentemente seca. Na zona intermédia ou
zona de transição, o teor de humidade é variável e depende da evaporação da água que,
servindo de veículo de transporte de diversos sais, propicia a sua cristalização à superfície,
quando a evaporação ocorre de forma lenta, ou sob o reboco, quando a evaporação é mais
rápida, levando ao seu empolamento gradual, desagregação e destaque, num fenómeno
designado por “criptoflorescências”, fig. 3.31.
A largura da banda de sais existentes na zona de transição é um bom indicador sobre a
actividade de ascensão de água por capilaridade.

Fig. 3.31 - Fenómenos de formação de eflorescências e criptoflorescências [175]

Como se referiu, o contacto da humidade com os elementos estruturais de um edifício antigo pode
dever-se essencialmente a: (i) nível freático elevado, ou (ii) águas superficiais, correspondendo a
cada uma delas “sintomas” diferentes. Na primeira situação, em que a presença da água tem
origem freática, os fenómenos de cristalização dos sais ocorrem a um ritmo estável ao longo
do tempo, verificando-se que a altura das manchas de humidade se mantém praticamente
constante na(s) parede(s), sendo maior nas paredes interiores, onde as condições de evaporação
são mais desfavoráveis, do que nas paredes exteriores, em especial no seu paramento exterior.
110
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Tratando-se de águas superficiais, os fenómenos de cristalização dos sais variam ao longo do


ano, atingindo maiores expressões nas épocas mais frias e húmidas. Neste caso, as paredes
apresentam áreas de desagregação com maiores amplitudes, nomeadamente nas zonas de
transição (nos rebocos exteriores) [77]. Uma vez humedecida a parede, a sua secagem
depende entre outros factores, do coeficiente de PVA dos materiais em presença.
Experimentalmente, a avaliação da maior ou menor capacidade de absorção de água por
capilaridade, é efectuada a partir de provetes com dimensões adequadas (usualmente prismas
com 16cm×4cm×4cm, ou metades com 8cm×4cm×4cm, no caso de argamassas) que são postos em
contacto com uma fina lâmina de água, registando-se a variação de massa ao longo do tempo. As
faces laterais dos provetes podem ou não ser impermeabilizadas, evitando perdas por evaporação.
Na tabela 3.14 indicam-se os coeficientes de absorção de água por capilaridade obtidos nos ensaios
efectuados (sem impermeabilização das faces laterais), correspondendo cada valor à média de três
provetes de cada lote (vd. tabela 3.10) e na tabela 3.15, a evolução do coeficiente de absorção
de água por capilaridade dos provetes P19-P20-P21 e P37-P38 após o “primeiro” ensaio.

Tabela 3.14 - Coeficientes absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento


Coeficiente de absorção de água
Provetes Datas de inicio Idade Tipo de provetes
por capilaridade [kg/m2.h1/2]
Nº dos ensaios [dias] 2 3
Metades ( ) Inteiros ( ) Por lote de 3 provetes Média dos lotes
1-2-3 (1) 56 • 11,4 11,4
10-11-12 55 • 15,1
9/9/02
28-29-30 47 • 13,8 14,8
40-41-42 42 • 15,4
16-17-18 15/10/02 • 17,8
22-23-24 20/10/02 90 • 17,3
17,4
34-35-36 23/10/02 • 16,4
46-47-48 29/10/02 91 • 17,9
31-32-33 6/8/03 378 • 15,2 15,2
25-26-27 7/10/03 441 • 13,5 13,5
19-20-21 608 • 15,2
18/3/04 14,2
37-38 601 • 13,1
13-14-15 19/7/04 733 • 15,4 15,4
(1) – Provetes produzidos com cal aérea Calcidrata; (2) – 8cm×4cm×4cm; (3) – 16cm×4cm×4cm

Tabela 3.15 - Coeficientes absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento,


obtidos nos segundos ensaios dos provetes P19-P20-P21 e P37-P38
Coeficiente de absorção de água
Provetes Datas de inicio Idade Tipo de provetes
por capilaridade [kg/m2.h1/2]
Nº dos ensaios [dias]
Metades Inteiros Média por lote
19-20-21 731 • 15,6
19/7/04
37-38 724 • 13,3

111
Analisando a variação dos resultados dos provetes P19-P20-P21 e P37-P38, verifica-se que
valor do coeficiente de absorção de água por capilaridade se manteve praticamente inalterável
do primeiro para o segundo ensaio, registando-se no caso dos provetes P19-P20-P21 um
aumento de 2,6% (de 15,2 para 15,6 kg/m2.h1/2) e, nos provetes P37-P38, de 1,5% (de 13,1
para 13,3 kg/m2.h1/2).
Na fig. 3.32 incluem-se os “gráficos médios” dos lotes de três provetes indicados na tabela
3.14 e na fig. 3.33 os “gráficos médios” dos provetes indicados na tabela 3.15 (repetição do
ensaio).

50,0 25,0
Massas [kg/m 2]

Massas [kg/m 2]
40,0 20,0

30,0 15,0

20,0 10,0

10,0 5,0

0,0 0,0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
Tempo [horas1/2] Tempo [horas1/2]
P1-P2-P3 P10-P11-P12 P28-P29-P30 P1-P2-P3 P10-P11-P12 P28-P29-P30
P40-P41-P42 P16-P17-P18 P22-P23-P24 P40-P41-P42 P16-P17-P18 P22-P23-P24
P34-P35-P36 P46-P47-P48 P31-P32-P33 P34-P35-P36 P46-P47-P48 P31-P32-P33
P25-P26-P27 P19-P20-P21 P37-P38 P25-P26-P27 P19-P20-P21 P37-P38
P13-P14-P15 P13-P14-P15

(gráfico completo) (primeira hora de ensaio)


Fig. 3.32 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade da argamassa de
assentamento - gráficos médios de lotes de três provetes

50,0 25,0
Massas [kg/m 2]
Massas [kg/m 2]

40,0 20,0

30,0 15,0

20,0 10,0

10,0 5,0

0,0 0,0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
1/2 1/2
Tempo [horas ] Tempo [horas ]

P19-P20-P21 > 18/3/04 P37-P38 > 18/3/04 P19-P20-P21 > 18/3/04 P37-P38 > 18/3/04
P19-P20-P21 > 19/7/04 (rep) P37-P38 > 19/7/04 (rep) P19-P20-P21 > 19/7/04 (rep) P37-P38 > 19/7/04 (rep)

(gráfico completo) (primeira hora de ensaio)

Fig. 3.33 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade da argamassa de


assentamento - gráficos médios de P19-P20-P21 e P37-P38, em duas datas distintas

112
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Na fig. 3.34 representa-se a “evolução” ao longo do tempo dos valores do coeficiente de


absorção de água por capilaridade, com base nos resultados referidos nas tabelas 3.14 e 3.15.

20
CCap [kg/m 2 . h 1/2]

15

10

0
0 90 180 270 360 450 540 630 720 810 900
Tempo [dias]
Coef. cap. conjunto P19-P20-P21 P37-P38
Linear (Coef. cap. conjunto) Linear (P37-P38) Linear (P19-P20-P21)

Fig. 3.34 - Coeficiente de absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento ao


longo do tempo

A capacidade de impermeabilização de uma argamassa (de revestimento) em zona não


fendilhada depende, por um lado, da sua capacidade de resistir à entrada da água até ao suporte
(alvenaria) e, por outro, da capacidade de efectuar a sua eliminação rápida por secagem, logo
que surjam condições atmosféricas favoráveis.
Neste sentido, um coeficiente de capilaridade baixo e uma permeabilidade ao vapor de água
elevada são, à partida, as características mais favoráveis para se obter uma argamassa com
boas capacidades de impermeabilização. Tratando-se de duas características interdependentes,
a selecção (procura) do ponto de equilíbrio é um assunto que tem sido abordado em vários
estudos experimentais [92].
Considerando apenas a alvenaria dos muretes, a análise destes dois parâmetros não se mostra
muito importante, uma vez que não estão em análise diferentes soluções construtivas. Mas,
como as soluções de reforço utilizadas se baseiam num conceito mais amplo de “revestimento”,
esta questão adquire uma grande relevância.
De facto, tendo estes materiais como principal função contribuir para a melhoria da resistência
mecânica das estruturas onde são utilizados, eles são “confrontados” com dois requisitos
contraditórios:
- por um lado, enquanto materiais estruturais, os melhores desempenhos têm sido conseguidos
tradicionalmente com a utilização de ligantes com preponderância do cimento, havendo
muitas situações em que este é o único ligante; e

113
- por outro, enquanto materiais de “revestimento”, a presença muito acentuada ou exclusiva
deste ligante, cria barreiras com reduzida permeabilidade, dificultando a evaporação da
humidade, podendo ainda desencadear mecanismos de alteração das condições de durabilidade
da alvenaria e dos materiais de reforço (secção 4.5).
A determinação destes dois parâmetros (coeficiente de absorção de água por capilaridade e
coeficiente de permeabilidade ao vapor de água), em relação à argamassa de assentamento e
aos materiais utilizados nas soluções de reforço, permitirá avaliar a influência do ligante em
três situações distintas: argamassa exclusivamente de cal aérea, utilizada no assentamento da
alvenaria, micro-betão (tendo como único ligante o cimento) utilizado nas soluções de reforço
II e III, e argamassa bastarda (com cal aérea e cimento) usada na solução IV.

Na tabela 3.16 indica-se os resultados dos três ensaios efectuados ao longo do tempo para
determinação do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água da argamassa de assentamento
(sobre dezasseis dos provetes identificados na tabela 3.11).
Nos pontos 4.3.2.2, 4.3.3 e 4.3.4 apresentam-se os resultados correspondentes ao micro-betão
e à argamassa bastarda.

Tabela 3.16 - Valores médios do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água (π) da argamassa
de assentamento, ao longo do tempo

Data de início Idade média Permeabilidade média ao


Provetes
dos ensaios dos provetes [dias] vapor de água [kg/m.s.Pa]
P1, P3, P5, P14, P16 22/10/02 93 π = 17,74×10-12
P2, P4, P6 10/3/04 603 π = 17,14×10-12
P7, P8, P9, P11, P12, P13, P15, P17 30/6/05 1072 π = 18,61×10-12

A variação dos valores dos coeficientes de PVA pode resultar dos seguintes factores: (i) a
moldagem individual da maior parte dos provetes em dias distintos (por limitação do número
de moldes), e não em séries de três como sucedeu com a generalidade dos provetes
prismáticos; (ii) variabilidade na espessura média (relativamente aos 10 mm) dos provetes P2,
P4 e P6, em relação aos restantes; ou (iii) pequenas alterações da composição das amostras,
devido ao seu modo de preparação (fig. 3.6).

Na fig. 3.35 regista-se a evolução das variações dimensionais lineares e das massas dos
provetes R7-R8-R9 da argamassa de assentamento (de Agosto a Dezembro de 2002), podendo
observar-se que as curvas apresentam um andamento semelhante.

114
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

500

400
300

200

100

0
0 10 20 30 40 50 60
-100

-200
T empo [horas1/2]

R7 R8 R9 Média

Fig. 3.35 - Evolução das massas e variações dimensionais lineares dos provetes R7, R8 e R9

Para que os resultados deste ensaio fossem mais representativos, contudo, cada provete devia
ter sido instalado num dispositivo de leitura, em ambiente condicionado, e lá permanecer durante
todo o tempo do ensaio, dada a (pequena) ordem de grandeza das variações dimensionais, o
que implicava a necessidade de tantos dispositivos de leitura quantos os provetes a ensaiar (9,
neste caso). Como no presente trabalho apenas se dispunha de um dispositivo de leitura, os
provetes tinham de ser consecutivamente colocados e retirados, num processo que
inviabilizou a consideração das leituras dos restantes provetes indicados na tabela 3.8, e torna
os valores dos provetes R7-R8-R9 apenas passíveis de avaliação qualitativa.

b) características mecânicas da argamassa endurecida

Foram realizados ensaios para determinação de módulo de elasticidade dinâmico [186],


resistência à compressão, resistência à tracção por flexão [191] e aderência a suporte (pedra)
[101], apresentando-se nas tabelas 3.17 a 3.22 e nas figuras 3.36 a 3.39 os resultados obtidos.

Tabela 3.17 - Módulo de elasticidade dinâmico (médio) da argamassa de assentamento, ao


longo do tempo, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Idade (média)
Provete Nº E din med [MPa] Cal aérea
[dias]
1-2-3 47 3988 Calcidrata
10-11-12, 28-29-30, 40-41-42 39 2233
16-17-18, 22-23-24, 34-35-36, 46-47-48 90 2310
31-32-33 378 2516
25-26-27 426 2613 Lusical
19-20-21, 37-38-39 607 (1) 2214
43-44-45 739 (1) 2630
7-8-9 1101 2735
(1) – Valores obtidos durante os ensaios mecânicos sobre os muretes de referência.

115
3000

E din [MPa]
2500

y = 0,4x + 2273
2000
R 2 = 0,49

1500

1000

500

0
0 365 730 1095 1460
Tempo [Dias]

Módulo de elasticidade dinâmico Linear (Módulo de elasticidade dinâmico)

Fig. 3.36 - Módulo de elasticidade dinâmico (médio) da argamassa de assentamento, ao longo


do tempo (apenas com cal aérea Lusical)

Nos resultados dos ensaios da resistência à tracção por flexão e à compressão, tabela 3.18,
estão também incluídos provetes produzidos com cal aérea Calcidrata. Tal como no caso
anterior (tabela 3.17), esta argamassa apresentou valores superiores aos da argamassa com cal
aérea Lusical (como referido no ponto 3.4.2).

Tabela 3.18 - Resistências à tracção por flexão e à compressão (médias) da argamassa de


assentamento, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Resistência mecânica
Idade (média)
Provete Nº Flexão (σmed) Compressão (σmed) Cal aérea
[dias]
[MPa] [MPa]
1-2-3 47 0,467 0,800 Calcidrata
10-11-12, 28-29-30, 40-41-42 39 0,244 0,411
16-17-18, 22-23-24, 34-35-36, 46-47-48 90 0,300 0,650
378 0,347 --
31-32-33
420 -- 0,745
Lusical
25-26-27 426 0,311 0,617
19-20-21 607 (1) -- 0,559
43-44-45 739 (1) 0,317 0,602
7-8-9 1101 0,307 0,817
(1) – Valores obtidos durante os ensaios mecânicos sobre os muretes de referência.

Na fig. 3.37 representam-se os diagramas tensão-deformação do ensaio de compressão dos


provetes P43-P44-P45, cuja tensão de rotura (máxima) se representa na tabela 3.18.
Tendo por base estes diagramas foi determinado o módulo de elasticidade secante médio de
63 MPa, calculado para o intervalo compreendido entre 15% e 60% da tensão máxima.
Devido à irregularidade de traçado, não foi considerado o diagrama de uma das metades do
provete P43 (cuja tensão máxima é inferior à média) para o cálculo do módulo de elasticidade
secante.

116
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

0,8

[MPa]
0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
ε [o /oo ]

P43-1 P44-1 P44-2 P45-1 P45-2

Fig. 3.37 - Diagramas tensão-deformação do ensaio de compressão dos provetes de argamassa de


assentamento P43-P44-P45

Embora não seja habitual o cálculo do módulo de elasticidade secante em provetes de argamassa
com estas características (pequenas dimensões), a sua determinação foi efectuada com o objectivo
de “comparar” o valor obtido com os módulos de elasticidade secante das soluções de reforço
(Capítulo IV), nomeadamente as soluções IIB e III. Por outro lado, como os resultados dos ensaios
de determinação do módulo de elasticidade dinâmico destas soluções foram inconclusivos, não
pode ser feita a sua comparação com os correspondentes valores da argamassa de assentamento.

Para avaliar a resistência mecânica da argamassa de assentamento após a saturação dos


provetes de 16cm×4cm×4cm no ensaio de absorção de água por capilaridade, determinou-se a
resistência à compressão dos meios prismas utilizados naquele ensaio. As metades homólogas
dos provetes P25-P26-P27 e P31-P32-P33 foram ensaiadas com as idades referidas na tabela 3.19 7).
Para tal, algum tempo após a conclusão do ensaio de absorção de água por capilaridade, os
meios prismas foram secos em estufa ventilada a 60 ºC, até massa constante, e de seguida
ensaiados à compressão, representando-se os resultados na tabela 3.19.

Tabela 3.19 - Resistência à compressão (média) da argamassa de assentamento, em provetes


secos de 16cm×4cm×4cm, após o ensaio de absorção de água por capilaridade
Idade (média) Tempo de contacto Resistência à Compressão (σmed)
Provete Nº
[dias] com a água [dias] [MPa]
31-32-33 420 26 1,121
25-26-27 599 30 1,059
37-38-39 935 31 0,904

_______________
7)
Os provetes P37-P38-P39 (tal como P13-P14-P15, tabela 3.14) foram utilizados inteiros no
ensaio de absorção de água por capilaridade. Logo após este ensaio, uma das metades foi ensaiada
à compressão (provetes húmidos). A outra foi seca em estufa ventilada, até massa constante,
realizando-se em seguida os ensaios de compressão (provetes secos, após capilaridade).
117
Como se pode observar nas tabelas 3.18 e 3.19, os meios provetes ensaiados à compressão
após a conclusão do ensaio de absorção de água por capilaridade (e a respectiva secagem em
estufa ventilada) tiveram um aumento de resistência mecânica em relação às metades homólogas
que foram ensaiadas à compressão, mas sem terem efectuado o ensaio de “capilaridade”. O
aumento de resistência foi de 50,5% para os provetes P31-P32-P33 e 71,6 % para P25-P26-P27.
O facto da idade das metades homólogas dos provetes P25-P26-P27 ser diferente para as duas
condições do ensaio de compressão pode ajudar a explicar a maior diferença de resultados.

Na tabela 3.20 registam-se os valores da resistência à compressão de provetes de argamassa,


após a conclusão dos ensaios de absorção de água por capilaridade (provetes húmidos).

Tabela 3.20 - Resistência à compressão (média) da argamassa de assentamento, em provetes


húmidos de 16cm×4cm×4cm, logo após o ensaio de absorção de água por capilaridade
Idade (média) Tempo de contacto Resistência à Compressão (σmed)
Provete Nº
[dias] com a água [dias] [MPa]
37-38-39 935 31 0,529
19-20-21 942 31 0,575
13-14-15 1101 71 0,754

Neste caso, a comparação de resultados é mais difícil porque as metades homólogas usadas
foram ensaiadas com idades diferentes: aos 607 dias (provetes secos) e aos 942 dias (provetes
húmidos), respectivamente. Contudo, comparando provetes das tabelas 3.18 e 3.20 com idades
“semelhantes” parece haver uma tendência de redução de resistência, como se verifica, por
exemplo, com os provetes P13-P14-P15 e P7-P8-P9.

Na fig. 3.38 representam-se os valores médios das resistências mecânicas da argamassa de


assentamento ao longo do tempo. Em relação à resistência à compressão, indicam-se os três
casos analisados: (i) provetes secos em estufa ventilada; (ii) provetes secos após o ensaio de
absorção de água por capilaridade e (iii) provetes húmidos, após o “mesmo” ensaio. Nesta última
situação, os resultados não são muito representativos do parâmetro em análise (resistência
mecânica), porque apenas se efectuaram três conjuntos de ensaios, embora mostrem uma
tendência de comportamento.
Analisando os valores obtidos, verifica-se que, em média, a resistência mecânica da argamassa
cresceu ao longo tempo.
Na tabela 3.10 identifica-se o murete a que pertencia a argamassa de cada lote de três
provetes.

118
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

1,2

Resist. Mecânica [MPa]


y = 0,0003x + 0,8
R 2 = 0,21
1,0
y = 0,0002x + 0,5
R 2 = 0,40
0,8

0,6
y = 4E-05x + 0,3
R 2 = 0,18
0,4

0,2

0,0
0 365 730 1095 1460
Tempo [dias]

Flexão Co mpres s ão
Co mpres s ão , apó s cap, s eco s Co mp, apó s cap, humido s
Linear (Flexão ) Linear (Co mpres s ão )
Linear (Co mpres s ão , apó s cap, s eco s ) Linear (Co mp, apó s cap, humido s )

Fig. 3.38 - Evolução das resistências à tracção por flexão e à compressão em provetes de
16cm×4cm×4cm da argamassa de assentamento

O ensaio de aderência ao suporte da argamassa de assentamento foi efectuado em três datas


distintas, referindo-se na tabela 3.21 e na fig. 3.39 os resultados obtidos.

Tabela 3.21 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte (pedra) da argamassa de


assentamento, ao longo do tempo
Idade no início Tipo de Tensão média Espessura da camada
Provete
do ensaio rotura (1) [kPa] de argamassa [mm]
A
Ad1 B 91 plano 74,7 2,5
C de colagem
A
Ad4 B 90 adesiva 153,6
C coesiva
1,5
A
plano
Ad5 B 588 160,4
de colagem
C
A
Ad2 96,8
--
adesiva
1096 2,5
A
Ad3 B 139,2
C coesiva
A
adesiva
Ad6 B 1095 106,1 1,5
C coesiva
(1) - plano de colagem: no plano de colagem da pastilha metálica, com uma fina camada de argamassa aderente à pastilha
metálica; adesiva: no plano da ligação entre a argamassa e o suporte (pedra); coesiva: no seio da camada de argamassa

119
200

Tensão de aderência [KPa]


150

100

50

0
0 365 730 1095 1460
T empo [Dias]
Fig. 3.39 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte da argamassa de assentamento, ao
longo do tempo

Nas situações identificadas na tabela 3.21 como rotura “sob o plano de colagem” dos provetes
Ad1, Ad4 e Ad5, as superfícies superiores da argamassa foram regularizadas, tendo sido
coladas novamente as pastilhas metálicas, e repetido o ensaio.
Na tabela 3.22 apresentam-se os resultados obtidos.

Tabela 3.22 - Resultados da repetição do ensaio de aderência da argamassa de assentamento

Idade no início Tipo de Tensão média


Provete Obs.
do ensaio rotura (1) [kpa]
A
coesiva Ensaios repetidos, após a
Ad1 B 625 124,8
C adesiva regularização das
superfícies com rotura
Ad4 A 624 adesiva 163,0
“sob o plano de colagem”,

A adesiva resultantes do primeiro


Ad5 B 624 coesiva 165,5 ensaio (tabela 3.21).
C adesiva

(1) - adesiva: no plano da ligação entre a argamassa e o suporte (pedra); coesiva: no seio da camada de argamassa

c) características químicas da argamassa endurecida

Foi realizado o ensaio de determinação da profundidade de carbonatação [192] aos 30 e aos


90 dias, com base no qual se pode interpretar o endurecimento da argamassa ao longo do
tempo, do exterior para o interior, à medida que a reacção com o dióxido de carbono foi
evoluindo.

120
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Na fig. 3.40 representa-se esquematicamente a diminuição da área do núcleo interior não


carbonatado de um provete prismático de argamassa de assentamento, ao longo do tempo, em
consequência da reacção do hidróxido de cálcio com o dióxido de carbono do ar (expressão 3.3),
e na fig. 3.41 indicam-se os resultados obtidos neste ensaio, sobre os provetes identificados na
tabela 3.9.

zona carbonatada zona não carbonatada


Fig. 3.40 - Representação esquemática da evolução da profundidade de carbonatação ao longo do
tempo, em provetes prismáticos de argamassa com 16cm×4cm×4cm

20
Prof. Carb. [mm]

Média global [mm]


15 Provetes
(≅)30 Dias 90 Dias
C1-C2-C3 6,9 15,8
10
C4-C5-C6 6,5 13,0
C7-C8 6,0 15,8
5
C9-C10-C11 4,9 13,7
Média 6,1 14,6
0
0 30 60 90 120
Tempo [dias]

Fig. 3.41 - Evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento ao longo


do tempo, em provetes de 16cm×4cm×4cm

Não foi possível determinar o instante em que se completou a carbonatação da argamassa de


assentamento (cal), devido à escassez de provetes que, a partir dos (cerca de) 90 dias,
permitissem a realização de ensaios.

3.8.6 – Caracterização da alvenaria dos muretes

Os ensaios de caracterização da alvenaria dos muretes têm como objectivo, conjuntamente


com os realizados sobre os materiais de construção, ajudar a compreender melhor o seu

121
comportamento experimental, nomeadamente nos muretes simples ou de referência (ensaiados
sem qualquer reforço estrutural).

Porém, antes da apresentação das características da alvenaria estudadas, indicam-se nas figs. 3.42
a 3.44 os resultados dos registos periódicos das condições termohigrométricas do interior do
local de cura dos muretes (abrigo), efectuados desde o início da construção, em três períodos
distintos do dia: a meio da madrugada (04 horas), a meio da manhã (11 horas) e a meio da
tarde (15 horas).
Por razões de ordem “logística”, o registo das 04 horas teve de ser interrompido cerca de um
ano depois do seu início.

Fig. 3.42 - Termohigrometro para leitura das condições de temperatura e humidade relativa no
interior do abrigo, desde o inicio da construção dos muretes até ao final do trabalho experimental

MURET ES - Humidade - T emperatura - 2002 MURET ES - Humidade - T emperatura - 2003


04:00 Horas 04:00 Horas
100 100
[Hum-%]

[Hum-%]

90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
[Temp-ºC]

[Temp-ºC]

20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
J an Fev M ar Ab r M ai Jun J ul Ag o Set Out No v Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fig. 3.43 - Temperatura e humidade relativa no local de cura dos muretes às 04 horas, durante
(cerca de) um ano após a sua construção

122
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

MURET ES - Humidade - T emperatura - 2002 MURET ES - Humidade - T emperatura - 2002


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum%]

90 90

[Hum-%]
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
[Temp-ºC]

[Temp-ºC]
20 20
10
10
0
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
Jan Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez J an Fev M ar Ab r M ai Jun Jul Ag o Set Out No v Dez

MURET ES - Humidade - T emperatura - 2003 MURET ES - Humidade - T emperatura - 2003


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum-%]

[Hum-%]
90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 [Temp-ºC] 30
[Temp-ºC]

20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
J an Fev M ar Ab r M ai Jun J ul Ag o Set Out No v Dez J an Fev M ar Ab r M ai J un J ul Ag o Set Out No v Dez

MURET ES - Humidade - T emperatura - 2004 MURET ES - Humidade - T emperatura - 2004


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum-%]

[Hum-%]

90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
[Temp-ºC]

[Temp-ºC]

20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

MURET ES - Humidade - T emperatura - 2005 MURET ES - Humidade - T emperatura - 2005


11:00 Horas 15:00 Horas
100 100
[Hum-%]

[Hum-%]

90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
[Temp-ºC]

[Temp-ºC]

20 20
10 10
0 0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
[Dias] [Dias]
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fig. 3.44 - Temperatura e humidade relativa no local de cura dos muretes às 11 e às 15 horas,
desde a sua construção (Jul/02) até ao final do trabalho experimental (Jul/05)

123
3.8.6.1 – Características físicas

Foram realizados ensaios para determinação de: massa volúmica real, massa volúmica aparente
e porosidade aberta de amostras de argamassa de assentamento [182, 183], retiradas de alguns
muretes; massa volúmica de cada murete; variações dimensionais lineares; “influência” do
teor de humidade da argamassa e da pedra nas variações dimensionais lineares dos muretes e
absorção de água sob baixa pressão [96, 102].
Na tabela 3.23 e nas figs. 3.45 a 3.58 resumem-se os resultados obtidos.

Tabela 3.23 - Características físicas da argamassa de assentamento endurecida (retirada


directamente dos muretes)
Valor médio
Tipo de ensaio (a 60 ± 5 ºC)
Aos 90 dias Aos 1052 dias (17/Jun/05)
3
Massa volúmica real [kg/m ] 2527,4 2645,7
Massa volúmica aparente [kg/m3] 1807,2 1742,3
Porosidade aberta [%] 26,9 34,1

Não obstante a forma de obtenção das amostras (extraídas directamente dos muretes), os
resultados da tabela 3.23 apresentam uma tendência de evolução comparável à verificada com
os provetes moldados de argamassa de assentamento (tabela 3.13).
Por outro lado, existe uma relação directa entre a diminuição da massa volúmica aparente e o
aumento da porosidade aberta, que se regista, uma vez que os valores indicados na tabela 3.23,
foram obtidos a partir de sete amostras de argamassa de assentamento retiradas de outros
tantos muretes, minimizando assim os efeitos do modo de obtenção das amostras.

Os dados para a determinação da massa volúmica dos muretes 8) foram obtidos numa fase já
adiantada dos trabalhos, uma vez que a pesagem dos muretes fazia parte das operações de
preparação dos ensaios de compressão axial e compressão-corte (Capítulo V). No caso dos
muretes de referência e da solução de reforço I, foi efectuada apenas uma pesagem, com a
qual se determinou a massa volúmica de cada murete.

_______________
8)
Esta característica “corresponde” à massa volúmica aparente, calculada para os provetes da
argamassa de assentamento, e representa a massa de 1 m3 de alvenaria, incluindo todos os
vazios nela existentes.

124
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Em relação aos muretes das soluções de reforço IIB, III e IV (Capítulo IV), foram realizadas
duas pesagens: uma antes da aplicação do reforço, para o cálculo da massa volúmica, e outra
após, cujos valores por diferença em relação aos primeiros, permitiram avaliar a espessura
média das lâminas de reforço, como se verá mais adiante.
Na fig. 3.45 representa-se a massa volúmica da alvenaria dos muretes pequenos e grandes (e os
respectivos valores médios), segundo a ordem dos ensaios de compressão axial e compressão-
corte, respectivamente, apresentada no Capítulo V.

2250
[kg/m3]

1859

1862
1837
1840

1826
1811

2000 1788

1784

1784
1779

1780
1749

1741
1716

1715

1720
1707

1707
1694

1702
1664
1662

1656
1659

1656
1646
1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
46 43 21 32 41 44 28 53 51 42 30 22 33 50 26 52 54 25 55 24 31 48 49 34 29 27

Murete Nº

Individual Média=1744 kg/m3

2250
[kg/m3]

1901
1820
1809

2000
1790

1789
1781

1784

1771

1772
1742

1731

1731

1734
1713

1692

1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
20 5 12 15 16 18 10 13 17 14 19 11 3 4 7
Murete Nº

Individual Média=1771 kg/m3

(em cima: muretes pequenos; em baixo: muretes grandes)


Fig. 3.45 - Variação da massa volúmica da alvenaria dos muretes pequenos e grandes, em
torno dos valores médios

A massa volúmica média da alvenaria dos muretes, MVAm, correspondente à média dos
valores referidos, é finalmente dada por:

125
1744 + 1771
MVAm = ≅ 1758 kg/m3 (3.6)
2

Para a determinação das variações dimensionais lineares dos muretes ao longo do tempo,
foram coladas seis “pastilhas metálicas” numa das faces dos muretes M37, M45 e M62, no
final dos trabalhos de construção, afastadas entre si de 0,20 m (numa altura total de 1,0 m),
segundo o eixo de simetria vertical, figs. 3.11 e 3.46.

Fig. 3.46 - Preparação dos muretes M37, M45 e M62 para determinação das variações
dimensionais lineares ao longo do tempo

Na fig. 3.47 representam-se os resultados obtidos, sendo de referir que, embora as curvas tenham
início no instante em que começaram as leituras, a origem do gráfico reporta-se à data de
construção dos muretes (tabela 3.1).

0,250 M 37
[mm/m]

M 45 y = 3E-08x4 - 7E-06x3 + 0,0006x2 - 0,0147x + 0,112


0,200
R 2 = 0,6124
y = 4E-08x4 - 9E-06x3 + 0,0008x2 - 0,0242x + 0,233
0,150 R 2 = 0,7124

0,100

0,050

0,000
0 20 40 60 80 100 120
-0,050

-0,100

-0,150

-0,200 M 62

-0,250 y = 4E-08x4 - 1E-05x3 + 0,0008x2 - 0,0223x + 0,0787


R 2 = 0,5661
T empo [horas1/2 ]

M37 M45 M62


Polinómio (M37) Polinómio (M45) Polinómio (M62)

Fig. 3.47 - Variações dimensionais lineares nos muretes M37, M45 e M62, de Ago/02 a Fev/04
126
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Neste registo pode verificar-se o andamento descendente das curvas nas estações quentes e
secas, e o contrário nas estações frias e húmidas. Verifica-se, também, que o andamento da curva
do murete M62 (com 75% da quantidade da argamassa dos outros dois) tem um andamento
sistemático abaixo dos muretes M37 e M45.

Para averiguar a “influência” do teor de humidade da argamassa de assentamento e da pedra


(retiradas dos próprios muretes e/ou de muretes próximos) nas variações lineares de M37,
M45 e M62 efectuaram-se algumas determinações deste parâmetro, representando-se na fig. 3.48
os resultados globais obtidos. Por razões de legibilidade, os valores do teor de humidade estão
ampliados 10 vezes.
Apesar de apenas se terem efectuado quatro determinações, pode-se perceber o andamento
“paralelo” entre as curvas de teor de humidade da argamassa de assentamento e da pedra e as
variações dimensionais lineares dos muretes. Por outro lado, verifica-se também que a
humidade “afecta” mais a argamassa de assentamento que a pedra, significando que a
argamassa é mais “sensível” aos efeitos de variação do teor de humidade ambiente que a
pedra, o que, sendo ambos materiais porosos, se pode explicar pelo maior índice de vazios da
argamassa extraída directamente dos muretes (26,9%), em relação ao da pedra (8,1%).

2,00
[mm/m] x 10 -1

1,50

1,00

0,50

0,00
0 20 40 60 80 100 120
-0,50

-1,00

-1,50

-2,00

T empo [horas1/2 ]

M37 M45 M62


H - Argamassa H - Pedra Polinómio (M37)
Polinómio (M45) Polinómio (M62) Polinómio (H - Argamassa)
Polinómio (H - Pedra)

Fig. 3.48 - Relação entre as curvas de variações dimensionais lineares dos muretes M37, M45
e M62, e do teor de humidade da argamassa de assentamento e da pedra calcária

Para avaliar os efeitos da presença da água na superfície da alvenaria, foram realizados


ensaios de absorção de água sob baixa pressão, com os tubos de Carsten [96, 102] colados
sobre a superfície (argamassa de assentamento das juntas) de diversos muretes, fig. 3.49.

127
Fig. 3.49 - Posicionamento dos tubos de Carsten para realização do ensaio absorção de água
sob baixa pressão

Os resultados deste ensaio são habitualmente utilizados para caracterizar qualitativamente o


estado dos rebocos. Embora não permitam distinguir entre água absorvida pelo revestimento,
pelas juntas ou pelas pedras, dão uma ideia geral do comportamento da parede [168].
Neste sentido, as medições efectuadas fornecem informação importante no contexto da
caracterização da alvenaria dos muretes, cuja composição da argamassa de assentamento é
muitas vezes encontrada em revestimentos de paredes de edifícios antigos.
Nas figs. 3.50 a 3.54, respectivamente, indicam-se os resultados médios obtidos em três períodos
distintos:
- (i) à idade (média) de 90 dias 9), sobre uma das faces dos muretes M12, M13, M19, M20, M21,
M23, M24, M34, M41 e M56, ainda antes da execução dos lintéis;
- (ii) aos 813 dias (em 19/10/04), sobre a face “livre” do murete M56 10), após a aplicação da
solução de reforço IIB na face oposta (ponto 4.2.2.2); e
- (iii) aos 949 dias (em 4/3/05), numa das faces do murete M39, que não foi sujeito a reforço
estrutural e apenas “saiu do abrigo” para a realização do lintel. Após a primeira leitura, cujos
valores se representam na fig. 3.50, foram efectuadas nove repetições sucessivas, sem retirar os
tubos, apresentando-se os resultados nas figs. 3.55 a 3.57 11).

_______________
9)
A realização de diversas tarefas em simultâneo, impediu que as determinações fossem
efectuadas na idade de 90 dias (tendo presente que esta idade correspondia a realizar os ensaios
em dias sucessivos). No Anexo I indica-se a idade de cada murete à data de realização dos ensaios.
10)
Neste murete foram utilizados quatro tubos de Carsten, em vez dos três, como nos restantes
muretes sujeitos a este ensaio.
11)
Os tempos são apresentados em [segundos] para permitir uma melhor leitura dos resultados.
128
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

4,0

[cm3]
3,0

2,0

1,0

0,0
0 5 10 15 20 25 30

T empo [min]

M12 M13 M19 M20 M21 M23


M24 M34 M41 M56 Média

Fig. 3.50 - Leituras médias do ensaio de absorção de água sob baixa pressão dos muretes
M12, M13, M19, M20, M21, M23, M24, M34, M41 e M56, aos (≅) 90 dias

4,0
[cm3]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 5 10 15
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3


T ubo 4 Média

Fig. 3.51 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão sobre o murete M56,
aos 813 dias

4,0
[cm 3 ]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 1 2 3 4 5

T empo [min]

Média - 107 dias Média - 813 dias

Fig. 3.52 - Comparação dos resultados médios das leituras do murete M56, aos 107 e aos 813 dias

129
4,0

[cm 3]
3,0

2,0

1,0

0,0
0 5 10 15

T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. 3.53 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão (1ª leitura), no murete
M39, aos 949 dias

4,0
[cm 3 ]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 5 10 15

Tempo [min]

(~) 90 Dias 813 Dias 949 Dias

Fig. 3.54 - Resultados médios das três leituras ao longo do tempo do ensaio de absorção de
água sob baixa pressão

360
Tempo [segundos]

300

240

180

120

60

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Leitura nº

V=1,0 V=2,0 V=3,0 V=4,0


V=1,0 V=2,0 V=3,0 V=4,0

Fig. 3.55 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob baixa
pressão do murete M39, aos 949 dias - “tubo 1”

130
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

360

Tempo [segundos]
300

240

180

120

60

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Leitura nº

V=1,0 V=2,0 V=3,0 V=4,0


V=1,0 V=2,0 V=3,0 V=4,0

Fig. 3.56 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob baixa
pressão do murete M39, aos 949 dias - “tubo 2”

360
Tempo [segundos]

300

240

180

120

60

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Leitura nº

V=1,0 V=2,0 V=3,0 V=4,0


V=1,0 V=2,0 V=3,0 V=4,0

Fig. 3.57 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob baixa
pressão do murete M39, aos 949 dias - “tubo 3”

Os resultados dos ensaios indicados nas figs. 3.50 a 3.54 demonstram uma tendência do
comportamento da alvenaria em relação ao ensaio de absorção de água sob baixa pressão,
traduzida pelo aumento da velocidade de absorção ao longo do tempo. Esta apreciação, no
entanto, deve ter em conta que o número de ensaios de absorção de água sob baixa pressão
realizados aos (≅) 90 dias foi muito superior aos restantes.

A análise dos resultados representados nas figs. 3.55 a 3.57 permite concluir, por outro lado,
que ao aumento do número de repetições do ensaio, corresponde um aumento do tempo de
absorção de água pela alvenaria, devido ao facto desta ficar localmente saturada, como se
pode verificar na fig. 3.58.
131
Fig. 3.58 - Aspecto dos pontos de apoio dos tubos de Carsten após as nove repetições do ensaio
de absorção de água sob baixa pressão no murete M39

Na fase preliminar dos ensaios mecânicos sobre os muretes, efectuou-se o ensaio de determinação
da velocidade de propagação de ultra sons antes e após a pré-fendilhação do murete M46,
para avaliar a alteração da sua integridade com o ensaio, mas os resultados foram inconclusivos.

3.8.6.2 – Características mecânicas

Foram determinadas as resistências à compressão axial e à compressão-corte, o módulo de


elasticidade secante da alvenaria dos muretes de referência e da solução I, e a rigidez axial e
transversal da generalidade dos muretes, cujos resultados se apresentam no Capítulo VI.

3.8.6.3 – Características químicas (argamassa de assentamento)

Foi realizado o ensaio de determinação da profundidade de carbonatação ao longo tempo, com


base no qual se “avaliou” o endurecimento da argamassa de assentamento, nos próprios muretes,
do exterior para o interior, à medida que a reacção com o dióxido de carbono foi evoluindo
(expressão 3.3). Como se pode observar no gráfico do ensaio, fig. 3.59, a carbonatação da cal aérea
com que foi produzida a argamassa de assentamento desenvolveu-se de forma lenta (típico do
processo), sendo de 37,5%, no final do trabalho experimental (aos 1083 dias - tabela I.73, Anexo I).
As leituras até ao primeiro ano de idade foram realizadas no abrigo (fig. 3.11); depois passaram
a ser efectuadas logo a seguir à conclusão dos ensaios mecânicos sobre os muretes, evitando-se
deste modo a remoção localizada e cada vez maior de argamassa, para a realização do ensaio.
Neste sentido, os resultados correspondentes aos muretes de referência e aos muretes reforçados
apenas com conectores metálicos transversais representam, de facto, a evolução da profundidade
132
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

de carbonatação ao longo do tempo. Nos restantes muretes, com lâminas de reforço, estas
diminuem a velocidade de carbonatação, pois constituem uma barreira à passagem do CO2
necessário à reacção de carbonatação da cal aérea. Na prática, a pequena duração desta “barreira”
e o método de leitura utilizado, não terão afectado de forma significativa os resultados.
Numa situação em que uma parede seja revestida após a sua conclusão, a velocidade de
carbonatação diminui relativamente a outra em que (por hipótese) a alvenaria fique
permanentemente ao ar, devido à criação da “barreira” à passagem do CO2 pelo revestimento.
Prof. carbonatação [mm]

200 100 [%]

175

150 75

125

100 50

75

50 25

25

0 0
0 365 730 1095 1460
Tempo [dias]
Valores medidos Polinómio

Fig. 3.59 - Evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento da


alvenaria ao longo do tempo (em relação ao valor máximo de 200 mm)

Na fig. 3.60 compara-se a evolução profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento


na alvenaria dos muretes, com os provetes prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm, até aos
90 dias (período máximo do registo relativo aos provetes).

20
Prof. carbonatação [mm]

15

10

0
0 15 30 45 60 75 90 105 120

T empo [dias]

Muretes Provetes 16cmx4cmx4cm Muretes Provetes

Fig. 3.60 - Evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento em


muretes e provetes prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm, até aos 90 dias
133
A maior velocidade de carbonatação verificada nos provetes prismáticos moldados pode ser
explicada pela maior superfície de argamassa por unidade de volume em contacto com o ar,
relativamente aos muretes.

3.9 – Comentários ao Capítulo III

Descreveu-se o processo construtivo dos muretes e apresentaram-se os resultados dos ensaios


de caracterização de propriedades físicas, mecânicas e químicas dos materiais de construção,
algumas das quais podem ajudar a compreender o comportamento experimental dos muretes
durante os ensaios mecânicos.
Considerando apenas este objectivo, o estudo de certas características, como o
comportamento da argamassa de assentamento em presença da água ou as variações
dimensionais lineares dos muretes ao longo do tempo, não seria necessário. Contudo,
entendeu-se que se podia aproveitar o “longo” período da campanha experimental, para
estudar a sua evolução no tempo, beneficiando do grande número de provetes preparados para
esse efeito, durante os doze dias de construção dos muretes.

O “elevado” número de muretes construídos (62) teve como justificação: (i) prevenir a
eventual variabilidade de resultados dos ensaios mecânicos que se iam realizar (apesar dos
critérios de uniformidade previamente estabelecidos), com a realização de pelo menos três
ensaios para cada situação distinta de reforço; (ii) acautelar eventuais acidentes que levassem
à perda de muretes, nas operações de movimentação, uma vez que, nessa situação, seria
impossível voltar a construir novos modelos para concluir o trabalho e (iii) dispôr de muretes
para a realização de outras soluções de reforço e consolidação para além das concretizadas,
mas que não puderam ser efectuadas.
O grande volume de trabalhos realizados, alguns dos quais sobrepostos no tempo, dificultou a
realização de alguns ensaios nas idades de referência das fichas de ensaio (30 ou 90 dias).

3.9.1 – Sobre a argamassa de assentamento

Apesar da argamassa de assentamento ter sido produzida em condições reais de obra, por
diversos operários e em dias diferentes, as características analisadas aproximam-se dos
valores de referência de argamassas de composição semelhante produzidas em “ambiente de
laboratório” [160, 202].

134
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

Em relação à massa volúmica real e aparente e à porosidade aberta dos provetes moldados de
16cm×4cm×4cm e de amostras extraídas directamente dos muretes, há a salientar que as
amostras de argamassa foram tiradas ao acaso de diversos muretes (construídos nas condições
acima referidas). Não obstante, os valores obtidos permitem definir uma ordem de grandeza das
características em análise (tabela 3.23).
Com efeito, sendo MVR1, MVA1, PA1 e MVR2, MVA2, PA2, a massa volúmica real, a massa
volúmica aparente e a porosidade aberta, no início e no final do trabalho experimental,
respectivamente, verifica-se que para MVA1 > MVA2, se obtém PA1 < PA2, como seria de
esperar. Já no que se refere à relação entre MVR1 e MVR2, os resultados obtidos não permitem
a obtenção de conclusões.
Por outro lado, comparando os valores obtidos aos 90 dias nos provetes moldados de
16cm×4cm×4cm e na argamassa extraída dos muretes, tabelas 3.13 e 3.23, e admitindo como
representativos os valores relativos aos provetes moldados, verifica-se que os valores das
amostras de argamassa extraídas directamente dos muretes são “aceitáveis”, tendo em conta
as circunstâncias em que foram produzidas e os desvios em relação aos provetes moldados,
definidos por:

- para a massa volúmica real:

MVR (Mur ) 2527,4


−1 = − 1 = – 2,42 % (3.7)
MVR (Pr ov) 2590,1

- para a massa volúmica aparente:

MVA(Mur ) 1807,2
−1 = − 1 = + 3,69 % (3.8)
MVA(Pr ov) 1742,9

- para a porosidade aberta:

PA (Mur ) 26,9
−1 = − 1 = – 17,73 % (3.9)
PA(Pr ov) 32,7

A menor porosidade aberta das amostras de argamassa extraídas directamente dos muretes
poderá ser justificada com o facto de os operários “apertarem” ou “comprimirem” a
argamassa (ao passar com a colher de pedreiro) antes de assentarem as pedras, as quais
também exerceram alguma pressão sobre a argamassa fresca.

135
Analisando os valores das tabelas 3.14 e 3.15, e a fig. 3.34, podemos concluir sobre a redução
ao longo do tempo do coeficiente de absorção de água por capilaridade da argamassa de
assentamento. Esta análise, embora sustentada pelos doze lotes de três provetes (36 ensaios),
deverá ter em atenção que a argamassa ensaiada foi produzida em (doze) dias diferentes,
donde, apesar de se ter procurado manter o traço da argamassa, podem haver alguns factores
externos que condicionam os resultados. Considera-se, no entanto, que esses (eventuais) factores
apenas poderão influenciar os resultados de forma quantitativa mas não qualitativamente, ou
seja, na tendência de redução deste parâmetro com a idade da argamassa.
Em relação aos provetes em que foi efectuado um segundo ensaio, a variação do coeficiente de
absorção de água por capilaridade foi mínima, tendo-se registado apenas um pequeno aumento
(na ordem dos 2%). Embora se tenham ensaiado somente dois lotes de provetes, este resultado
parece consistente, uma vez que foi obtido sobre a mesma argamassa (mesmos provetes).

No que se refere à resistência mecânica da argamassa de assentamento, considera-se o valor


médio σ = 0,58 MPa, obtido a partir da média dos provetes P19-P20-P21 e P43-P44-P45
ensaiados durante os ensaios mecânicos dos muretes de referência, aos 607 e 739 dias,
respectivamente (tabelas 3.18 e I.53-Anexo I), para efeitos de análise dos resultados dos
ensaios dos muretes de referência. No entanto, o valor máximo de 0,82 MPa foi obtido com
os provetes P7-P8-P9, aos 1101 dias.
A Norma EN 998 - Specification for mortar for masonry (Part 2: Masonry mortar) [42] apresenta
uma classificação das argamassas de construção por classes, de acordo com a sua resistência à
compressão. Nesta norma, argamassas com resistência até 1 MPa, pertencem à classe M1.

Os valores de temperatura (T) e humidade relativa (HR) registados nos locais de cura da
argamassa de assentamento, em provetes de 16cm×4cm×4cm (Laboratório 1.15 do DEC,
figs. 3.27 e 3.28) e dos muretes (abrigo, figs. 3.43 e 3.44), não coincidem com os valores de
referência de T ≅ 20 ºC e HR de 50 a 70%, para os quais a cura das argamassas de cal aérea se
desenvolve em condições ideais [160]. Contudo, face às condições de realização do trabalho,
não foi possível optimizar os valores registados.

3.9.2 – Sobre a alvenaria dos muretes

Considerando as percentagens médias de 25% de argamassa e 75% de pedra por m3 de


alvenaria, a massa volúmica aparente da argamassa de assentamento, obtida a partir de
amostras extraídas directamente dos muretes, de 1742,3 kg/m3 (tabela 3.23) e a massa volúmica
136
Capítulo III – Modelos Experimentais de Alvenaria Ordinária (Muretes)

aparente da pedra calcária de 2490,6 kg/m3 (ponto 3.8.1.1), tem-se como estimativa para a
massa volúmica aparente “teórica” da alvenaria dos muretes (MVAt) o valor:

MVAt = 0,25×1742,3 kg/m3+0,75×2490,6 kg/m3 = 2303,5 kg/m3 (3.10)

Por sua vez, relacionando este valor com a massa volúmica média da alvenaria dado pela
expressão 3.6, de 1758 kg/m3, pode-se obter uma estimativa do “volume de vazios” (médio)
da alvenaria, Vv, através da expressão:

1758 kg/m 3
Vv = 1 − ≅ 23,7% (3.11)
2304 kg/m 3

A mesma conclusão é obtida utilizando a massa volúmica aparente da argamassa de


assentamento dos provetes moldados de 16cm×4cm×4cm (tabela 3.13) na expressão 3.10.
Este valor, aparentemente alto, corresponde essencialmente a uma menor compactação da
alvenaria em relação à máxima possível, não sendo visível nem se traduzindo na existência de
cavidades ou vazios entre as pedras.

O valor médio da massa volúmica dos muretes, de 1758 kg/m3 (expressão 3.6), é comparável
aos valores obtidos in situ por A. Costa [44] e C. S. Oliveira [127], ambos de 18 kN/m3.

137
Capítulo IV
SOLUÇÕES DE REFORÇO APLICADAS NOS MURETES

4.1 – Introdução

Neste capítulo descrevem-se as soluções de reforço estrutural aplicadas nos muretes e os trabalhos
efectuados para a sua implementação. Começa-se pela solução de confinamento transversal
por conectores metálicos (isolados), presente na maioria das soluções de reforço estudadas e,
em seguida, descrevem-se as soluções baseadas na utilização de lâminas de micro-betão e
rebocos armados, com e sem confinamento transversal, e com e sem apoio na base de ensaio.
Esta campanha experimental visa quantificar a eficiência destas soluções de reforço, com
destaque para a influência do confinamento transversal e das condições de apoio dos
elementos de reforço relativamente às bases de ensaio, simulando a forma como estes apoiam,
ou não, sobre as fundações dos edifícios. Na tabela 4.1 resumem-se as soluções de reforço
estrutural objecto deste estudo e, nos pontos seguintes, procede-se à sua descrição.
As soluções do tipo II e III têm grande divulgação no meio técnico nacional.

Tabela 4.1 - Soluções de reforço aplicadas nos muretes


Solução de reforço
Designação Principais características
Conectores metálicos Conectores metálicos transversais (isolados), com características geométricas e mecânicas
I
transversais semelhantes aos utilizados nas soluções II e III, colocados em furos abertos para o efeito
A - Aplicação preliminar: lâminas de micro-betão armado, com espessura média de 5 cm,
aplicadas manualmente nas quatro faces de um murete, com confinamento transversal
Lâminas de micro-betão, por conectores metálicos inteiros, em que as extremidades (ou faces) inferiores das
armado com malha de lâminas de micro-betão não contactam com a base de ensaio
II metal distendido, com
confinamento transversal e B - Aplicação definitiva: lâminas de micro-betão armado, com espessura média de 5 cm,
sem apoio na base aplicadas mecanicamente numa ou em duas faces dos muretes, com confinamento
transversal por conectores metálicos inteiros ou meios conectores (pregagens), cujas
faces inferiores das lâminas de micro-betão não contactam com as bases de ensaio
Lâminas de micro-betão, Lâminas de micro-betão armado, com espessura média de 5 cm, aplicadas
armado com malha de metal mecanicamente em duas faces dos muretes, sem e com confinamento transversal por
III
distendido sem e com confin. conectores metálicos inteiros, em que as faces inferiores das lâminas de micro-betão
transv., e com apoio na base contactam (apoiam) na base de ensaio
Reboco de argamassa Reboco armado, com espessura média de 3 cm, aplicado manualmente em duas faces
bastarda, armado com malha dos muretes, com confinamento transversal por fios contínuos de aço zincado, que
IV
de fibra de vidro, com conf. “cose” (costura) a alvenaria passando em cada furo quatro vezes e em que as faces
transv. e com apoio na base inferiores das lâminas de reboco apoiam nas bases de ensaio

139
4.2 – Descrição e caracterização das soluções de reforço dos muretes

Tal como no caso dos muretes de referência, ensaiados antes da realização das soluções de
reforço, a selecção dos muretes para aplicação destas soluções teve como critério garantir que
os muretes de cada série não tinham sido todos construídos no mesmo dia e/ou pela mesma
equipa de operários.
As soluções de reforço são apresentadas de acordo com a ordem referida na tabela 4.1.

4.2.1 – Solução I - muretes reforçados com conectores metálicos transversais

Esta solução de reforço pretende avaliar a influência do confinamento transversal dos muretes
e baseia-se na utilização de um conjunto de conectores transversais isolados, constituídos por
varões roscados de aço galvanizado, cuja disposição será comum às restantes soluções de
reforço, que possuem este tipo de conectores.
A forma de distribuição dos conectores metálicos foi precedida de alguma reflexão pois se,
em termos globais, os muretes apresentam dimensões relativamente “grandes” enquanto
modelos experimentais, o espaçamento entre os conectores, que se pretendia minimamente
consentâneo com a prática de obra, facilmente ultrapassava aquelas dimensões.
Assim, a distribuição adoptada corresponde a dispor os conectores em quincôncio, com
afastamentos entre si de 0,40 m (igual à espessura dos muretes), nas direcções horizontal e
vertical, como se ilustra na fig. 4.1.

Fig. 4.1 - Posicionamento dos conectores (em quincôncio) nos muretes

140
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Para a colocação dos conectores foi previamente realizada a furação dos muretes, de acordo com
o esquema da fig. 4.1, sendo os furos abertos com uma máquina-ferramenta designada por “torna”,
equipada com uma broca de 16 mm de diâmetro e 50 cm de comprimento; a horizontalidade dos
furos foi garantida com o nível de bolha-de-ar. Cada conector metálico era constituído por um
varão de aço roscado, M12, com comprimento de 50 cm, ligando as duas faces do murete
através de chapas metálicas “apertadas” com porcas nas duas extremidades dos varões. Cada
chapa metálica tinha dimensões faciais de 100×100 mm2 e espessura de 5 mm.
Dado que os furos foram abertos nos muretes com a alvenaria “à vista”, tomaram-se cuidados
adicionais para evitar a sua desagregação, durante a furação.
Para esta solução foram seleccionados seis muretes (três grandes e três pequenos), cuja
preparação obedeceu às seguintes fases:

i) Marcação e abertura dos furos nos muretes, colocando elementos de apoio da face oposta à
do início da furação, para garantir a estabilidade do murete e evitar a desagregação da
alvenaria naquela face, fig. 4.2.

1 – abertura dos furos com equipamento leve; 2,3 – escoramento dos muretes do lado oposto ao da furação para
garantir o seu equilíbrio e, em simultâneo, evitar a desagregação da alvenaria à saída da broca
2

Fig. 4.2 - Abertura dos furos com 16 mm de diâmetro, para introdução dos conectores metálicos

ii) Limpeza e preparação dos furos (incluindo sopro com jacto de ar comprimido, e lavagem);
introdução de tubos de PVC (com 8 mm de diâmetro), lateralmente aos varões metálicos M12,
entretanto colocados; selagem (tamponamento) das extremidades dos furos com “tampões” de
gesso, para a injecção (com bomba manual a baixa pressão) do espaço entre os varões e as
paredes dos furos, com uma “micro-argamassa” pozolânica 12) de injecção [208], fig. 4.3.

_______________
12)
As pozolanas são produtos naturais ou artificiais que, embora não tenham propriedades
aglomerantes e hidráulicas per se, contém constituintes (sílica e alumina) que, à temperatura
ambiente, se combinam na presença da água com o hidróxido de cálcio da cal, originando
compostos de grande estabilidade na água, e com propriedades aglomerantes [52, 160].

141
1, 2 – sopro dos furos, para remoção do pó resultante da furação; 3 – selagem das extremidades dos furos com
pasta de gesso, depois de colocados os tubos de PVC, para evitar a perda de calda; 4 – preparação da “micro-
argamassa” pozolânica de injecção; 5, 6 – injecção da calda sob baixa pressão (depois de humedecidos os furos),
vendo-se na imagem 6 o pormenor da ligação entre a mangueira da bomba e o tubo de PVC previamente
introduzido no furo; 7 – pormenor do tubo de PVC após a injecção, vendo-se a extremidade dobrada e “atada”
com arame para evitar a perda de calda, depois de retirada a mangueira da bomba; 8 – representação
esquemática, em que: a – rolha (tampão) de gesso; b – ponta de tubo de PVC, com φ = 8 mm; c – varão roscado M12,
de aço galvanizado (conector transversal); d – murete de alvenaria ordinária
Fig. 4.3 - Trabalhos preparatórios e de injecção dos furos dos conectores transversais (com
“micro argamassa pozolânica de injecção”)

iii) Colocação das chapas de ancoragem nas extremidades dos conectores, com a realização
prévia de uma “almofada” de argamassa de cimento e areia, ao traço 1:3, para garantir uma
boa solidarização entre ambos e uma adequada transmissão de esforços entre os varões e a
alvenaria, fig. 4.4.

Fig. 4.4 - Colocação das chapas de ancoragem nas extremidades dos conectores

Na fig. 4.5 pormenoriza-se a solução de reforço I, baseada na utilização de conectores


metálicos transversais.
142
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

PORMENOR TIPO A

a – furo com diâmetro de 16 mm, injectado


com calda de injecção de “micro-argamassa”
pozolânica
b – chapa metálica de 100×100 mm2, com
espessura de 5 mm, e com um furo central
de 14 mm de diâmetro
c – porca M12
d – varão roscado M12, de aço galvanizado
e – camada de argamassa de cimento e areia,
para assentamento da chapa metálica na
alvenaria (traço 1:3)
f – murete de alvenaria ordinária

- Aspecto de um conector transversal


antes e após a realização de um ensaio mecânico sobre um murete

Fig. 4.5 - Pormenorização da solução reforço I, baseada em conectores metálicos transversais

Na fig. 4.6 indica-se a numeração adoptada para os conectores e pregagens (comum a todas as
soluções de reforço), que será utilizada na descrição e análise dos ensaios dos muretes.

143
(vista Poente, supondo os muretes sobre as bases de ensaio)
Fig. 4.6 - Numeração dos conectores

Na fig. 4.7 representa-se a série de muretes seleccionados para a aplicação da solução de


reforço I, incluindo a sua identificação.

Fig. 4.7 - Aspecto final e identificação dos muretes em que foi aplicada a solução de reforço I

4.2.2 – Solução II - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com malha
de metal distendido e confinamento transversal, sem apoio na base

4.2.2.1 – Solução IIA (aplicação preliminar)

Para avaliar a possibilidade de utilização desta solução de reforço em ambiente de laboratório,


foi realizada uma aplicação preliminar sobre um murete (M46), fig. 4.8, após fendilhação prévia
(figs. 5.23 e 5.24), com a qual se estudaram etapas de trabalho, métodos de aplicação, materiais,
etc. Por razões de natureza económica e logística, relacionadas com a pequena quantidade de
materiais (cerca de 180 litros de micro-betão no total), não puderam ser utilizados
equipamentos mecânicos “pesados” na preparação e aplicação desta solução preliminar. Em
sua substituição, o trabalho foi efectuado manualmente, segundo as regras de reboco manual.
144
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

13)
Tendo como referência alguns trabalhos práticos realizados , a lâmina de micro-betão (nas
aplicações preliminar e definitiva) foi preparada de acordo com a composição referida na
tabela 4.2, indicando-se de seguida as principais fases do reforço preliminar.

Tabela 4.2 - Composição do micro-betão previsto para a solução de reforço II


Componente Dosagem
Cimento 400 kg/m3
Areia de rio 980 kg/m3
Brita fina 820 kg/m3
Relação A/C 0,48

i) Aplicação (manual) da 1ª camada da lâmina de micro-betão nas quatro faces do murete,


com espessura média de 2,5 cm, incluindo as seguintes operações: (i) fixação à base do murete de
quatro cantoneiras metálicas L50×50 para garantia da espessura final pretendida de 5 cm; (ii)
amassadura manual do micro-betão; (iii) humedecimento das superfícies do murete; e (iv)
aplicação do material, projectado manualmente com vigor contra a alvenaria, fig. 4.8 (1 a 4).

ii) Aplicação da 2ª camada da lâmina de micro-betão nas quatro faces do murete, 15 dias após
a 1ª, com espessura média de 2,5 cm, precedida das seguintes operações, fig. 4.8 (5 a 9): (i)
furação do murete para colocação dos conectores metálicos transversais, semelhantes aos da
solução I; (ii) colocação da rede metálica circundando as faces laterais do murete, cobrindo
por completo a 1ª camada; (iii) introdução dos conectores que ajudaram ao posicionamento da
rede; (iv) realização de algumas fixações pontuais da rede contra o murete para evitar
“enfolamentos”, que impediriam o seu recobrimento com a 2ª camada da lâmina de micro-betão;
(v) humedecimento das superfícies; e (vi) aplicação do micro-betão, projectado manualmente
com vigor.

As cantoneiras metálicas fixas à base do murete e as mestras realizadas na parte superior,


junto ao lintel, ajudaram a garantir a espessura final média do reforço (5 cm).
Nesta solução de reforço preliminar, foi utilizada uma malha metálica de aço distendido
zincado, com a designação “espinhaço 20/10”, produzida na Maia [161].

_______________
13)
Por exemplo: Projecto Integrado do Largo de Chafariz de Dentro - Reabilitação do
Quarteirão B, em Alfama, Lisboa (fig. 1.15-3) e Recuperação e Reconstrução da Estalagem
do Cavalo, em Évora (fig. 2.36) [3].
145
Prevenindo a possibilidade futura de estudo de soluções de reforço estrutural com “rebocos
armados” em que um dos ligantes podia ser a cal aérea, a malha metálica utilizada na
solução preliminar foi substituída por malha de aço distendido inox, com a referência “T14/30”,
do mesmo fabricante [161], figs. 4.15 e 4.16.
Razões de tempo, todavia, inviabilizaram a realização dessas soluções, pelo que se mostrou
desnecessária a substituição da rede.

Em cima – 1ª camada: 1 - amassadura manual do micro-betão; 2, 3 - aplicação do micro-betão; 4 - aspecto final


do murete após a aplicação da 1ª camada do reforço;
Em baixo – 2ª camada: 5 - furação transversal do murete; 6, 7 - posicionamento dos conectores, com as chapas de
ancoragem sobre a malha metálica; 8 - aplicação manual da 2ª camada de micro-betão sobre a malha metálica e
as chapas de ancoragem dos conectores; 9 - aspecto final do murete reforçado

Fig. 4.8 - Realização da solução de reforço IIA, no murete M46

iii) Aplicação de calda de injecção em 10 furos com diâmetro de 12 mm, abertos após o
endurecimento da 2ª camada da lâmina de micro-betão, com a realização prévia dos seguintes
trabalhos: (i) furação do murete para introdução das mangueiras de PVC, para a injecção da
calda; (ii) fixação mecânica das mangueiras ao murete; e (iii) selagem do espaço em torno das
mangueiras.
Foi utilizada uma calda de injecção comercial, designada por Stapflow-Alv, à base de ligantes
inorgânicos, sem retracção e de elevada plasticidade [180], para cuja preparação e injecção
146
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

foram realizadas as seguintes operações: (i) peneiração e mistura dos constituintes pré-
doseados com água, nas proporções indicadas pelo fabricante; (ii) introdução da ponteira
metálica da mangueira da bomba nas mangueiras colocadas no murete; (iii) agitação
permanente da calda por um operador, enquanto outro accionava a bomba e um terceiro
garantia a entrada da calda do murete.
A aplicação foi efectuada com bomba manual munida de manómetro, no exterior do
laboratório, uma vez que a pressão de injecção (sempre inferior a 2 bar) provocava grande
perda de calda ao retirar-se a ponteira metálica das mangueiras previamente introduzidas no
murete, fig. 4.9.

1 - furação do murete; 2 - selagem dos furos, já com os tubos de PVC (perfurados de 10 em 10 cm, a partir da
extremidade que entrou na alvenaria); 3 - peneiração do pó; 4 - preparação da calda (mistura do pó com a água);
5 - injecção da calda; 6, 7 - bomba de injecção com manómetro; 8, 9 - aspecto dos tubos de PVC representados na
imagem (2), antes e após a injecção; 10 - dobragem dos tubos de PVC, para evitar a perda de calda
Fig. 4.9 - Trabalhos preparatórios e de injecção de calda no murete M46

Nesta situação, em que o nível de pré-fendilhação da alvenaria era baixo e todo o murete
estava envolvido por uma lâmina de micro-betão armado com 5 cm de espessura, o controlo
da pressão pretendia essencialmente evitar a saída da ponteira das mangueiras introduzidas no
murete, não estando em causa o aumento da degradação estrutural do murete. Todavia, em
situações reais de aplicação em obra, pressões de injecção superiores a este valor (2 bar),
podem provocar danos graves, uma vez que a função da calda de injecção é, justamente,
melhorar a coesão entre os elementos constituintes da alvenaria, em muitos casos reduzida.

147
Os trabalhos foram efectuados sem interrupção, entre a 1ª a 10ª injecção, minimizando o
tempo de espera da calda no interior da mangueira que, depois de cada injecção, era dobrada e
atada com um arame, para evitar a perda de calda.

Por dificuldades na realização da fendilhação prévia dos muretes, especificadas em 5.4.1, não
foi aplicada calda de injecção em mais nenhum outro murete. Nem mesmo nos muretes
construídos para o efeito (M57 a M62), mas neste caso por razões de prazo.
É, no entanto, um trabalho a realizar logo que possível.

4.2.2.2 – Solução IIB (aplicação definitiva)

Partindo dos ensinamentos obtidos antes, deu-se início à preparação da solução de reforço
IIB, a aplicar em catorze muretes, com a fixação de duas cantoneiras metálicas L50×50 nas
faces maiores das bases de apoio dos muretes (em vez das quatro utilizadas na aplicação
preliminar), cujas principais funções seriam: (i) servir de referência à espessura pretendida
para as lâminas de micro-betão, de 5 cm, e (ii) eventualmente, de apoio destas durante os
ensaios dos muretes, fig. 4.10. A espessura das lâminas de micro-betão foi dada por réguas de
madeira, dispostas com uma “saliência” de 5 cm em relação às faces verticais (maiores) dos
lintéis, fig. 4.18.
As lâminas de micro-betão foram aplicadas segundo a técnica de “projecção por via seca”, com
recurso a equipamentos mecânicos “pesados”, cedidos por uma empresa, à semelhança do que
sucede em situações reais de obra, indicando-se na tabela 4.2 a sua composição.
Por motivos de exequibilidade, os trabalhos foram efectuados no exterior, sendo os catorze
muretes colocados o mais próximo possível do abrigo, alinhados, de forma que, após o fecho
das juntas entre eles, se formassem duas superfícies continuas, com um comprimento total de
cerca de 13,5 m (incluindo as juntas), e uma altura média de 1,45 m.
Tratando-se de lâminas de micro-betão armadas, a sua aplicação foi realizada em duas fases,
para colocação da malha metálica, referindo-se em seguida os principais trabalhos realizados:

i) Disposição dos muretes de forma alinhada, fig. 4.10 (1, 2), com especiais cuidados no seu
manuseamento e transporte.

ii) Humedecimento da superfície dos muretes, imediatamente antes da aplicação da primeira


camada de micro-betão, com o próprio equipamento de projecção, fig. 4.10 (3 a 5).
De acordo com os registos foram aplicados 0,92 litros de água/m2.
148
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

1, 2 - colocação dos muretes no local de aplicação do reforço; 3 a 5 - humedecimento das superfícies dos muretes,
imediatamente antes do inicio da projecção, vendo-se as réguas de madeira que fechavam os espaços livres entre eles
Fig. 4.10 - Preparação dos muretes para a aplicação da 1ª camada das lâminas micro-betão da
solução de reforço IIB

iii) Aplicação da primeira camada de micro-betão, por projecção mecânica, com espessura média
de cerca de 2,5 cm, logo após a conclusão do humedecimento da superfície, fig. 4.11.

Fig. 4.11 - Aplicação da 1ª camada das lâminas micro-betão da solução de reforço IIB

iv) Humedecimento das superfícies após o início da presa, para uma adequada cura do micro-
betão, repetido ao longo dos 8 dias seguintes.
149
Além disso, foi colocada uma rede envolvendo os muretes para minimizar os efeitos do vento
(secagem rápida) durante o processo de hidratação do cimento, fig. 4.12, até ao início da
preparação da 2ª camada do reforço.

Fig. 4.12 - Cura da 1ª camada das lâminas micro-betão da solução de reforço IIB

A segunda camada do micro-betão teve uma espessura média semelhante à primeira, originando
a espessura total média de 5 cm, com a realização prévia dos seguintes trabalhos:

i) Abertura dos furos necessários à realização do confinamento transversal. Nos casos em que
se previam furos horizontais, tal era controlado com o nível de bolha de ar; quando os furos
deviam ser inclinados (30º), recorria-se a um “molde” de madeira preparado para o efeito,
fig. 4.13.
Todos os furos foram abertos com uma “torna”, equipada com uma broca de 16 mm de diâmetro
e 50 cm de comprimento.

Fig. 4.13 - Abertura dos furos para colocação das pregagens e dos conectores nos muretes

Os furos horizontais destinavam-se à colocação de varões metálicos, designados por


“conectores”, com comprimento de 50 cm, que ligavam as duas faces dos muretes através de
chapas metálicas, apertadas com porcas nas duas extremidades dos varões, como na solução I.

150
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Os furos inclinados a 30º, até meia espessura dos muretes (20 cm), destinavam-se à colocação
de varões com comprimento de 25 cm designados por “pregagens”, de modo que os 4 a 5 cm
remanescentes, salientes em relação à primeira camada de micro-betão servissem para fixar
uma chapa metálica, apertada contra a superfície.
A inclinação dos furos tinha como objectivo facilitar a entrada da calda (por gravidade) para o
seu preenchimento, de forma a envolver totalmente os varões roscados e assim melhorar a
ligação das pregagens à alvenaria.

ii) Injecção por gravidade da calda de cimento nos furos inclinados, com relação água/cimento
de 0,45, para solidarização dos varões à alvenaria, com o prévio humedecimento dos furos
com água corrente (cerca de 0,5 litros de água em cada furo), fig. 4.14.
Esta água era facilmente absorvida pela alvenaria.

1 - humedecimento dos furos; 2 - colocação dos varões metálicos roscados nos furos inclinados a 30º (para
execução das pregagens); 3,4 - selagem dos furos com calda de cimento

Fig. 4.14 - Realização das pregagens

iii) Corte da rede (malha) de metal distendido para fixação às superfícies dos muretes, de
acordo com o plano de corte estabelecido, condicionado pelo facto do rolo ter 1,00 m de
largura, insuficiente para os muretes grandes mas excessiva para os pequenos.
O plano de corte da rede contemplava as seguintes situações:

a) corte da rede com um comprimento de 1,45 m para os muretes pequenos, retirando-se os


0,20 m que excediam a largura;

b) corte da rede com um comprimento de 1,20 m, para colocação nos muretes grandes, de tal
forma que em cada face de murete, fossem dispostos dois painéis de rede, com uma
sobreposição de cerca de 55 cm, “centrada” na fiada intermédia de conectores, fig. 4.15.
151
PORMENOR A (vista em corte)

a – lâmina de micro betão armado com espessura total de 5 cm;


b – cantoneiras metálicas L50×50, fixadas por buchas químicas às bases de
apoio dos muretes, para apoio e controlo da espessura das lâminas de micro-betão;
c – apoio (de madeira) do murete

Fig. 4.15 - Esquema de montagem e corte da rede de metal distendido

Na fig. 4.16 apresentam-se desenhos esquemáticos da rede metálica utilizada, fabricada na


Maia, com a referência T14/30 [161].
Genericamente, estas redes são obtidas por pré-fabricação a partir de chapas de aço macio, tendo a
característica de serem rígidas no seu plano. A chapa que deu origem à rede utilizada, tinha
2 mm de espessura. A forma rectangular dos filamentos (ou tiras) confere-lhes um perímetro maior
do que a forma circular, para a mesma secção transversal, melhorando a aderência ao micro-betão.
152
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

D – diagonal maior = 104 mm; d – diagonal menor = 44 mm; e – espessura = 2 mm; l – largura da travessa = 3 mm
Fig 4.16 - Características geométricas da rede de metal distendido utilizada nas soluções de
reforço IIB e III [161]

iv) Instrumentação dos conectores centrais dos muretes M18, M26, M52 e M54, cada um com
dois extensómetros eléctricos de resistência, colocados em posições diametralmente opostas, a
meio dos varões.

v) Fixação da rede às superfícies do micro-betão de acordo com o plano definido: no caso das
pregagens, a prévia selagem com calda de cimento dos varões metálicos à alvenaria permitia o
“aperto” das porcas contra as chapas de 100×100 mm2 que, por sua vez, garantiam o
posicionamento da rede; no caso dos conectores transversais, as porcas em ambas as extremidades
dos varões permitiam a fixação da rede dando-lhes, como no caso das pregagens, um aperto
controlado com a “chave dinamométrica”, contra as chapas de ancoragem, com um momento
torsor 1 kg.m, fig. 4.17.

Fig. 4.17 - Posicionamento da rede metálica, com o auxílio das pregagens e dos conectores, e
aperto das porcas M12 com a “chave dinamométrica”

Após as tarefas referidas nos pontos anteriores, os muretes ficavam preparados para a aplicação
da segunda camada de micro-betão, começando-se pelo humedecimento prévio das superfícies,
logo seguido do início da projecção, fig. 4.18. Nesta figura são também visíveis: (i) as chapas de
ancoragem das pregagens e dos conectores, cujas porcas foram protegidas da projecção (com uma

153
ponta de mangueira plástica para poderem ser visíveis à posteriori) e (ii) as réguas de madeira,
alinhadas e afastadas 5 cm das faces dos lintéis, garantindo a espessura final (média)
pretendida para o micro-betão, na parte superior dos muretes.

A projecção da segunda camada foi efectuada de forma semelhante à primeira, com cuidado
na verificação da espessura total pretendida e na projecção sobre os fios dos extensómetros,
previamente colocados (protegidos) dentro de tubos de PVC, como se vê na imagem superior
esquerda da fig. 4.18.

Fig. 4.18 - Aplicação da 2ª camada de micro-betão da solução de reforço IIB, com humedecimento
prévio das superfícies

Após o início da presa procedeu-se, como na primeira camada, ao humedecimento da superfície


projectada por forma a garantir uma adequada cura do material e minimizando as fendas de
retracção.
No final dos trabalhos, os muretes foram novamente envolvidos pela rede que os protegia da
acção directa do vento e do sol, simulando o que de alguma forma se verifica em situações
reais, e continuaram a ser regados com água da rede pública, durante cerca de uma semana,
após o que se iniciou a sua “separação”, através do corte do betão localizado entre as “juntas”
(fig. 4.27). Uma vez separados, alguns dos muretes foram levados para o laboratório
LabDEC, onde iam ser ensaiados, e os restantes voltaram ao abrigo até serem ensaiados.
Como se referiu, nesta solução de reforço foram utilizados 14 muretes, o que permitiu
efectuar as “variantes” identificadas nas figs. 4.19 e 4.20.
154
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

(Vista Poente dos muretes após a aplicação da 1ª camada de micro-betão)

(Vista “esquemática” Poente)

(Vista “esquemática” Nascente, invertida)

B0 B1 B2 B3

Variante tipo Micro-betão Malha metálica Confinamento transversal por Murete(s)


B0 -- -- M56 (1)
1 face
B1 1 face 1 face M30, M42, M51, M53
Pregagens
B2 2 faces M22, M33, M50
2 faces 2 faces M15, M16, M18
B3 Conectores (2)
M26, M52, M54
(1) – Para ensaios de aderência ao suporte e absorção de água sob baixa pressão
(2) – Os conectores centrais dos muretes M18, M26, M52 e M54 foram instrumentados com extensómetros

Fig. 4.19 - Identificação dos muretes sujeitos à solução de reforço IIB e variantes

155
Variante tipo B1 Variante tipo B2 Variante tipo B3
a – lâmina de micro-betão projectada em duas fases, com espessura média total de 5 cm; b – malha de metal
distendido; c – porca M12; d – varão roscado M12 com inclinação de 30º (nesta configuração designado por
pregagem); e – chapa metálica de 100×100 mm2, com espessura de 5 mm; f – varão roscado M12 (nesta
configuração designado por conector transversal); g – lintel de betão armado, com altura média de 15 cm; h – murete
de alvenaria ordinária; i – base de apoio do murete, em betão armado, com altura de 20 cm; j – dois apoios de
madeira, de secção 10×7 cm2
Fig. 4.20 - Pormenorização das variantes à solução de reforço IIB

No murete M56 foram aplicadas as soluções de reforço IIB0 e IIIA0 (figs. 4.19 e 4.28) não
para ser ensaiado mecanicamente, como os restantes, mas com o objectivo de se
caracterizarem estas soluções do ponto vista da aderência ao suporte e do comportamento
perante a humidade.
Por razões de exequibilidade do ensaio de aderência ao suporte, a espessura média de 5 cm
aplicada na face do murete M56, fig. 4.20, foi preenchida logo na primeira projecção
(contrariamente aos restantes muretes representados nesta mesma figura, cuja camada de
reforço foi aplicada em duas fases, conforme se referiu). A preparação deste ensaio
(aderência) revelou grandes dificuldades de execução na solução IIB, pelo que não foi
repetida na solução de reforço III 14).

Para a aplicação da solução de reforço IIB foram utilizados, essencialmente, as máquinas e os


equipamentos representados na fig. 4.21.

_______________
14)
Na solução de reforço III, a segunda face do murete M56 foi projectada em duas datas
distintas, tal como nos restantes muretes desta solução.

156
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

1 – autobetoneira para transporte da mistura seca dos agregados com o ligante; 2 – receptor da mistura seca; 3 –
compressor de ar que, ligado ao “receptor”, expele a mistura seca pela mangueira representada na imagem 6,
correspondente à mangueira de maior diâmetro da imagem 7; 4 – reservatório com água da rede pública; 5 –
bomba eléctrica que faz passar a água pela mangueira de menor diâmetro representada na imagem 7, cujo caudal
de saída é regulado pelo operador; 7 – conjunto de duas mangueiras, em que a de menor diâmetro possui uma
torneira (visível na imagem 6, mas sem a mangueira respectiva) para controlo do caudal de água que, ao
contactar com a mistura seca, a transforma num micro-betão com consistência adequada à sua projecção numa
superfície vertical.
Fig. 4.21 - Principal equipamento utilizado na aplicação solução de reforço IIB

4.2.3 – Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
malha de metal distendido sem e com confinamento transversal, com apoio na base

Com as soluções de reforço I e II procurou-se quantificar, entre outros parâmetros, o efeito do


confinamento transversal no comportamento mecânico dos muretes relativamente aos muretes
de referência. A solução de reforço III, semelhante à solução IIB no que se refere aos
materiais e modo de execução, apresenta uma grande diferença nas condições de apoio do
reforço, relativamente às bases de ensaio, tendo em vista melhorar os resultados experimentais
da solução IIB que se estavam a obter nos ensaios mecânicos. Ou seja, nesta solução (III) as
lâminas de micro-betão apoiam nas bases de ensaio.

A solução III foi aplicada em dez muretes, destinando-se nove à realização dos ensaios
mecânicos e uma das faces do décimo murete, M56, à realização do ensaio de absorção de
água sob baixa pressão.
Para esta solução foram consideradas duas variantes principais: (i) uma com confinamento
transversal por conectores metálicos, aplicada a três muretes pequenos e três grandes e (ii) outra
sem confinamento transversal, aplicada aos restantes três muretes pequenos.
157
Nos pontos seguintes sintetizam-se os principais aspectos construtivos da solução de reforço III,
cuja composição das lâminas de micro-betão (solicitada ao fabricante) é indicada na tabela 4.2.

i) Colocação dos dez muretes, de forma alinhada, no local anterior.

ii) Humedecimento da superfície dos muretes (cerca de 1 litro de água por m2 de superfície),
logo seguido da projecção da primeira camada de micro-betão, fig. 4.22.

Fig. 4.22 - Humedecimento das faces dos muretes e aplicação da 1ª camada de micro-betão da
solução de reforço III

iii) Cura da 1ª camada do micro-betão, com humedecimento após a conclusão da projecção


(que se manteve durante os 8 dias seguintes) e colocação rede de protecção, que perdurou até
ao início da preparação da aplicação da 2ª camada, fig. 4.23.

1 - rega do micro-betão no final dos trabalhos (após o início da presa); 2 - rega abundante sobre a rede de
protecção, durante cada um dos oito dias seguintes
Fig. 4.23 - Cura da 1ª camada da solução de reforço III
158
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

iv) Abertura dos furos para os conectores metálicos transversais, como os anteriores, e corte da
rede de metal distendido para colocação nas faces dos muretes, que nesta solução de reforço
teve em conta o facto de o micro-betão ter mais 10 cm de altura que o da solução IIB, fig. 4.24.

PORMENOR A (vista em corte)

a – lâmina de micro betão armado com espessura total de 5 cm;


b – cantoneiras metálicas L50×50, fixas a “c”, para apoio e
garantia da espessura do micro-betão;
c – apoio (de madeira) do murete.

Fig. 4.24 - Esquema de corte e montagem da rede de metal distendido

v) Fixação da rede da seguinte forma: a) nos muretes com conectores transversais (M3, M4, M7,
M31, M48 e M49), como referido para a variante IIB3; b) nos muretes sem conectores (M27, M29
e M54), com uma “pistola” habitualmente usada em obra para esse fim. Antes da aplicação da 2ª
camada de micro-betão, as porcas dos conectores foram apertadas como na solução IIB, fig. 4.25.

Fig. 4.25 - Aspecto dos muretes antes da aplicação da segunda camada de micro-betão da
solução de reforço III (vista Poente)
159
vi) Humedecimento das superfícies dos muretes com o equipamento de projecção, logo
seguido da aplicação da segunda camada de micro-betão.

Tal como na solução IIB, a espessura média das lâminas de micro-betão, de 5 cm, foi
conseguida com o auxílio de réguas de madeira colocadas sobre os muretes, de forma a
manterem a posição mesmo com o impacto da projecção, fig. 4.26.

Fig. 4.26 - Aplicação da 2ª camada de micro-betão armado da solução de reforço III, com
humedecimento prévio das superfícies

Após a conclusão dos trabalhos procedeu-se ao humedecimento da superfície projectada, para


garantir uma adequada cura do material, seguindo-se o envolvimento dos muretes com a rede
e a rega durante mais cerca de uma semana.
Em seguida, os muretes foram separados, tal como no caso anterior, mediante o corte do
micro-betão entre eles, fig. 4.27, e, por fim recolhidos.

1 - vista Poente; 2 - vista Nascente


Fig. 4.27 - Separação dos dez muretes usados para a solução de reforço III

160
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Na fig. 4.28 identificam-se os muretes onde foram aplicadas as duas variantes da solução de
reforço III, e na fig. 4.29 faz-se a sua representação esquemática.

(Vista Poente dos muretes após a aplicação da solução de reforço III)

A0 (Vista “esquemática” Poente)

(Vista “esquemática” Nascente, invertida)

A1 A2

Variante tipo Micro-betão Malha metálica Confinamento transversal por Murete(s)


A0 1 face -- -- M56 (1)
M31, M48, M49
A1 Conectores
2 faces 2 faces M3, M4, M7
A2 -- M24, M25, M55
1
( ) – Para o ensaio de absorção de água sob baixa pressão

Fig. 4.28 - Identificação dos muretes e das variantes da solução de reforço III

161
Variante tipo A1 Variante tipo A2
a – lâmina de micro betão projectada em duas camadas, com espessura média total de 5 cm; b – malha de metal
distendo; c – porca M12; d – varão roscado M12 (nesta configuração designado por conector transversal); e – chapa
metálica de 100×100 mm2, com espessura de 5 mm; f – lintel de betão armado, com altura média de 15 cm; g – murete
de alvenaria ordinária; h – base de apoio em betão armado, com altura de 20 cm; i – dois apoios de madeira, de
secção 10×7 cm2
Fig. 4.29 - Pormenorização das variantes da solução de reforço III

Para a aplicação da solução de reforço III foram utilizadas as máquinas, ferramentas e


equipamentos referidos para a solução IIB, fig. 4.21.

4.2.4 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda, armado


com rede de fibra de vidro e confinamento transversal, com apoio na base

O estudo desta solução de reforço teve como objectivo responder ao problema da grande
espessura requerida por soluções do tipo das duas anteriores, em parte devida ao espaço
ocupado pelo sistema de confinamento (extremidades dos varões roscados, porcas e chapas
metálicas), e respectivo recobrimento. A solução baseia-se no conceito de “reboco armado” e
apresenta como principais características: (i) a possibilidade de aplicação manual; (ii) um
sistema de confinamento transversal contínuo, que confere um incremento de resistência
mecânica ao elemento a reforçar; (iii) uma espessura semelhante à dos rebocos interiores ou
exteriores degradados (a substituir), porque o sistema de confinamento ocupa cerca de 4 a 5 mm;
(iv) a possibilidade de poder receber directamente a camada de acabamento (pintura ou outra);
e (v) uma mobilização de recursos inferior às duas anteriores.
Procurou-se, assim, responder ao problema muitas vezes colocado na reabilitação estrutural
de edifícios antigos, em que as paredes resistentes são apenas as exteriores, resultando daí a

162
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

impossibilidade de utilização de lâminas de micro-betão armadas nos paramentos exteriores,


com espessuras superiores aos rebocos (degradados) existentes, uma vez que, por
condicionalismos de ordem arquitectónica e construtiva, os novos “rebocos” não podem
exceder as partes salientes das cantarias dos vãos. Na realidade, esta limitação pode ser
ultrapassada com o levantamento (cuidado) das cantarias, e o seu posterior assentamento de
forma a garantir uma saliência em relação ao acabamento do “reboco” na ordem de 1,5 a 2 cm,
mas tal nem sempre é possível ou desejável.

A solução de reforço analisada consiste, assim, num reboco de argamassa bastarda com 3 cm
de espessura média, ao traço volumétrico de 1:1:6 (cimento:cal aérea:areia, com 50% de areia
do rio e 50% de areia de areeiro), aplicado manualmente em duas camadas com cerca de 1,5 cm
cada, com confinamento transversal e armado com rede dupla de fibra de vidro, com densidade
de 120 g/m2.
O confinamento transversal consistiu na passagem de quatro fios de aço zincado, com 4 mm
de diâmetro, em cada um dos furos previamente abertos com espaçamento e diâmetros iguais
aos anteriores. Esta configuração corresponde a uma área de aço de 50,24 mm2, equivalente a
um varão de 8 mm de diâmetro em cada furo.
O fio de aço zincado foi utilizado após a tentativa (frustrada) de utilização de igual número de
fios de fibra de vidro, quatro por furo, que teve de ser substituída devido ao desfibramento do
material durante a aplicação, fig. 4.36 (1, 2).
A necessidade de um adequado comprimento de amarração dos fios de aço zincado, para
garantir o confinamento transversal da alvenaria, levou a que estes saíssem de um furo e
entrassem num dos furos mais próximos, de forma contínua (sem cortes), dando origem à
“cosedura” da alvenaria. Os fios eram dobrados à saída de cada furo, em ângulos de 90º, mas
sem cantos vivos.
Por fim, e para eliminar as folgas existentes entre as paredes dos furos, estes foram injectados
com calda de cimento.
Dado que o material foi aplicado manualmente, como um reboco tradicional, a última camada
teve acabamento “à talocha” que, para efeito deste estudo, foi suficiente. Mas, na prática,
pode ser melhorado, se necessário, ficando em qualquer caso pronto a receber o acabamento
(pintura ou outro).

Na fig. 4.30 representam-se os seis muretes seleccionados para a aplicação da solução de


reforço IV.

163
Fig. 4.30 - Muretes para a aplicação da solução de reforço IV

Os principais trabalhos realizados para esta solução de reforço foram, em síntese, os


seguintes:

i) Fixação de cantoneiras metálicas aos apoios de madeira dos muretes, de modo a que a face
superior das cantoneiras ficasse alinhada com a face inferir das bases de apoio. Este
procedimento foi essencial para assegurar o contacto entre as lâminas de reboco e as bases de
ensaio, durante os ensaios mecânicos, fig. 4.31.

a – reboco aplicado em duas camadas, com espessura média total de 3 cm; b – cantoneira metálica L50×50 alinhada
com a face inferior da base do murete; c – apoios (de madeira) do murete onde foram fixas as cantoneiras
Fig. 4.31 - Cantoneiras metálicas fixas aos apoios dos muretes para garantir o alinhamento entre
as faces inferiores da base e do reboco

164
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

ii) Aplicação da primeira camada de reboco de argamassa bastarda, realizando as seguintes


acções:

- execução de “mestras” fixas às bases e aos lintéis dos muretes, para “controlo” da espessura
média pretendida para a 1ª camada do reboco (1,5 cm):

Fig. 4.32 - Realização mas mestras para controlo da espessura média do reboco

- preparação da argamassa em betoneira eléctrica, de acordo com o traço referido, e aplicação


manual do reboco, com humedecimento prévio da alvenaria; esta operação decorreu no laboratório
onde os muretes vieram a ser ensaiados (LabDEC), fig. 4.33:

Fig. 4.33 - Preparação da argamassa bastarda em betoneira eléctrica e aplicação da 1ª camada


de argamassa bastarda

iii) Preparação da segunda camada de reboco com marcação e abertura dos furos transversais
nos muretes, evitando a desagregação da alvenaria, fig. 4.34. O facto de já existir uma
primeira camada de reboco facilitou a verificação deste requisito; não obstante, tomaram-se
medidas para evitar a desagregação na face oposta à do início da furação e garantir o
equilíbrio do murete, com o seu “escoramento”.

165
A horizontalidade dos furos foi verificada com o nível de bolha de ar.

Fig. 4.34 - Abertura dos furos de 16 mm de diâmetro, para realização do confinamento transversal

iv) Preparação e corte da malha (rede) de fibra de vidro (no caso produzida na Maia, pela
empresa Vimaplás, Lda, com a referência AR95 [204]), cujas principais características,
fornecidas pelo fabricante, se indicam na tabela 4.29.

Dado tratar-se de um material com “baixa densidade”, optou-se pela colocação de malha
dupla em cada face, passando-se para valores da ordem de 240 g/m2. Sendo a largura dos
rolos de 1,20 m, não foi necessário proceder-se a “empalmes”, como sucedeu nas soluções
IIB e III, em relação aos muretes grandes, fig. 4.35.

Fig. 4.35 - Corte da malha de fibra de vidro, para colocação nos muretes (dupla camada)

v) Depois de cortada, a rede foi colocada nas faces dos muretes, fig. 4.36, sendo fixada com o
sistema de cosedura da alvenaria, através da passagem dos quatro fios de aço zincado em cada
furo.

Na zona de entrada/saída dos fios de aço zincado, a malha foi reforçada com pequenos
“painéis” de malha dupla, com dimensões de 0,20m×0,15m pelo que, nesta zona crítica, a
densidade da malha foi da ordem de 480 g/m2.
166
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Como no caso da malha dupla inicial, também estes reforços foram colocados antes da
passagem dos fios de aço.

1, 2 - solução inicial com fios de fibra de vidro; 3, 4 - solução adoptada com fios de aço zincado com 4 mm de
diâmetro; 5 - dobragem dos fios de aço à saída dos furos; 6 a 8 - reforço da malha de fibra de vidro na zona se
entrada/saída dos fios de aço zincado
Fig. 4.36 - Cosedura da alvenaria sobre a malha de fibra de vidro

Uma vez concluídos os trabalhos de colocação da rede e de passagem dos fios de aço zincado,
os muretes ficaram com o aspecto que se apresenta na fig. 4.37, aguardando a aplicação da 2ª
camada de reboco.

Fig. 4.37 - Aspecto dos muretes antes do início da aplicação da segunda camada de argamassa
167
Nas figs. 4.38 e 4.39 representa-se, esquematicamente e para cada murete, a forma de colocação
dos fios de aço zincado entre os furos (de acordo com o levantamento efectuado).

Fig. 4.38 - Representação esquemática da malha de fibra de vidro e dos percursos dos fios de
aço zincado entre os furos dos muretes grandes
168
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Fig. 4.39 - Representação esquemática da malha de fibra de vidro e dos percursos dos fios de
aço zincado entre os furos dos muretes pequenos

Como se vê nestas figuras, os dois pares de fios de aço que saem dos furos laterais superiores
e inferiores contornam o murete, voltando a entrar na outra extremidade do mesmo furo. Tal
deveu-se, por um lado, à necessidade da passagem de 4 fios também nestes furos e, por outro,
garantir a sua continuidade. Na campanha experimental, todavia, verificou-se que o efeito adicional
do confinamento destes pares de fios de aço “envolventes” da alvenaria não foi significativo.

Para preparar a injecção dos furos (nos quais passavam os fios de aço), foram colocados nas
suas extremidades, antes da aplicação da segunda camada de reboco, pequenas pontas de tubo
de PVC com 8 mm de diâmetro, bem pressionadas no sentido de entrarem o mais possível nos
respectivos furos, fig. 4.40, criando os “negativos” necessários à posterior ligação da mangueira
da bomba de injecção que, em cada furo, substituía estas pontas provisórias (fig. 4.42).

Fig. 4.40 - Tubos colocados nos furos transversais, servindo de “negativos” para a posterior
injecção de calda
169
vi) Aplicação da segunda camada de argamassa bastarda sobre a armadura efectuada, após
humedecimento das superfícies.
Esta operação requeria da parte do operário o respeito pelas mestras inicialmente colocadas,
que garantiam a espessura média total de reboco de 3 cm e a realização de um acabamento
plano (neste caso, final), apto a receber o acabamento, fig. 4.41.
A argamassa utilizada nesta segunda camada foi preparada de forma semelhante à da primeira
camada (fig. 4.33).

Fig. 4.41 - Aplicação da 2ª camada do reboco de argamassa bastarda e aspecto final dos muretes

Por fim, os furos transversais, cada um com quatro fios de aço zincado, foram injectados com
calda de cimento (relação A/C de 0,4), após limpeza e humedecimento, eliminando as folgas
que prejudicariam o seu desempenho durante a realização dos ensaios mecânicos, fig. 4.42.
A injecção foi efectuada a partir das duas extremidades dos furos, não seladas.

Fig. 4.42 - Injecção de calda de cimento nos furos dos muretes da solução de reforço IV (bomba
manual), com lavagem prévia dos furos

170
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Na fig. 4.43 identificam-se os muretes onde foi aplicada a solução de reforço IV, e na fig. 4.44
faz-se a sua representação esquemática.

Fig. 4.43 - Aspecto final e identificação dos muretes da solução de reforço IV

a – lintel de betão armado, com altura média de 15 cm; b – murete de alvenaria ordinária; c – reboco de
argamassa bastarda aplicado em duas camadas, com espessura total média de 3 cm; d – malha (dupla) de fibra de
vidro; e – quatro fios de aço zincado (φ=4 mm) em cada furo transversal, funcionando como confinamento
transversal; f – base em betão armado para suporte da alvenaria do murete, com altura de 20 cm; i – dois apoios
do murete, em madeira, de secção 10×7 cm2
Fig. 4.44 - Pormenorização da solução de reforço IV, relativa ao reboco de argamassa bastarda
armado com rede de fibra de vidro, com apoio na base e confinamento transversal

Para além dos seis muretes representados na figura 4.43, foi ainda rebocada uma face de um
sétimo murete (M23), igualmente em duas camadas, mas sem armadura, para realização do
ensaio de absorção de água sob baixa pressão, fig. 4.45.

171
Fig. 4.45 - Murete com uma das faces revestida com argamassa bastarda da solução de reforço IV,
para realização do ensaio de absorção de água sob baixa pressão

4.3 – Caracterização dos materiais utilizados nas soluções de reforço dos muretes

Referem-se nesta secção, à semelhança do realizado com os materiais de construção no


capítulo anterior, algumas características físicas e mecânicas dos materiais utilizados nas
soluções de reforço que irão ajudar: (i) a compreender os resultados dos ensaios mecânicos
efectuados sobre os muretes e (ii) a avaliar alguns efeitos que os materiais de reforço
utilizados poderão provocar, ou sofrer, nos elementos reforçados (alvenaria), principalmente
no que se refere ao comportamento perante a acção da água.
Os ensaios de caracterização dos materiais de reforço decorreram em simultâneo com ensaios
semelhantes realizados sobre os provetes da argamassa de assentamento (cuja avaliação se foi
fazendo ao longo do tempo), e com a campanha de ensaios mecânicos sobre os muretes.
No Anexo II, apresentam-se os procedimentos de ensaio, os cálculos e imagens da maioria
dos ensaios

4.3.1 – Solução I - conectores metálicos transversais

Esta solução de reforço, embora tenha contribuído de forma significativa para o entendimento
do comportamento experimental dos muretes sujeitos “apenas” a confinamento transversal,
foi, entre todas, a de mais fácil preparação, o que também se reflecte no reduzido número de
ensaios de caracterização.

172
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

a) Micro argamassa pozolânica de injecção dos furos dos conectores metálicos transversais

A micro argamassa pozolânica de injecção utilizada nos furos onde foram colocados os
conectores metálicos transversais é constituída, segundo o fabricante, por uma mistura seca de
cal aérea hidrófuga “D. Fradique”, metacaulino (adição) e filler calcário (agregado), na proporção
de 2:1:2, à qual se adiciona 3/4 do seu volume total em água, antes da injecção [208].
Sinteticamente, estes constituintes têm as seguintes características:
(i) - a cal “D. Fradique” é uma cal aérea à qual é adicionado um subproduto do azeite,
aquando do processo de apagamento da cal viva, para atrasar o início da reacção pozolânica
(do metacaulino), que acontece cerca de 3 a 4 dias após a aplicação. Segundo o fabricante,
esta situação permite uma lenta penetração da calda quando utilizada em injecções de
alvenarias, necessitando de eventuais (re)aplicações durante esse período;
(ii) - o metacaulino é obtido a partir de um caulino com 56,7% de SiO2 (dióxido de silício) e
30,2% de Al2O3 (trióxido de alumínio). A temperatura de cozedura do caulino é de 700 ºC
durante 3,5 horas, após o que é moído em moinho de martelos, apresentando uma elevada
superfície específica;
(iii) - o filler calcário é constituído por 65% de partículas inferiores a 75 µm e 17% inferiores
a 5 µm.

Para uma caracterização (mínima) da micro argamassa de injecção foram realizadas as


determinações de massa volúmica aparente (por leitura directa), módulo de elasticidade
dinâmico [186] e resistências à tracção por flexão e à compressão [191], sobre nove
provetes de 16cm×4cm×4cm, de material endurecido.
Ao longo do endurecimento dos provetes constaram-se as variações dimensionais referidas
pelo fabricante.
Na tabela 4.3 indicam-se os resultados dos ensaios efectuados.

Tabela 4.3 - Resultados dos ensaios efectuados à calda de injecção, em provetes prismáticos
de 16cm×4cm×4cm, da solução de reforço I
Características Média Idade dos provetes [dias]
3
Físicas Massa volúmica aparente 1109,5 [kg/m ]
Módulo de elasticidade dinâmico 693 [MPa]
103
Mecânicas Resistência mecânica à tracção por flexão 0,22 [MPa]
Resistência mecânica à compressão 1,38 [MPa]

173
b) Argamassa de cimento, utilizada na interposição entre as chapas de ancoragem dos
conectores metálicos transversais e a alvenaria

Foram realizados ensaios de análise granulométrica [80] sobre as areias de rio e areeiro, e de
módulo de elasticidade dinâmico [186], resistência à tracção por flexão e à compressão
[176], sobre a argamassa endurecida, representando-se nas tabelas 4.4 e 4.5 os resultados obtidos.

Fig. 4.46 - Amostra de argamassa utilizada no apoio das chapas de ancoragem dos conectores
metálicos transversais à alvenaria, da solução de reforço I

Tabela 4.4 - Resultados dos ensaios de análise granulométrica das areias de rio e areeiro, da
argamassa de cimento usada na interposição das chapas de ancoragem da solução de reforço I
Característica
Material
Máxima dimensão do agregado (D) Mínima dimensão do agregado (d) Módulo de finura (Mf)
Areia de rio 2,38 mm 0,297 mm 2,9
Areia de areeiro 0,595 mm 0,149 mm 1,8

Tabela 4.5 - Características da argamassa de cimento (das chapas de ancoragem), em provetes


prismáticos de 16cm×4cm×4cm, da solução de reforço I
Valor médio
Característica Idade dos provetes [dias]
[MPa]
Módulo de elasticidade dinâmico 2442 - Alguns provetes foram ensaiados aos 89 dias, sem estarem na
estufa; outros entraram nessa data em estufa, sendo ensaiados
Resistência mecânica à flexão 3,32 uma semana depois.
Resistência mecânica à compressão 15,73 Os resultados foram idênticos.

c) Varões roscados M12 (elementos de confinamento transversal)

Um dos varões metálicos roscados M12 (com área de 84 mm2), utilizados como elementos de
confinamento transversal, foi sujeito a um ensaio de tracção [38] no LNEC, tendo-se obtido a
força de rotura de Frot = 49,5 kN, fig. 4.47, a que corresponde a tensão de rotura de σrot = 589 MPa.

174
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

- Neste gráfico, o diagrama total mostra o registo até ao instante da rotura do provete, enquanto que o diagrama
parcial permite uma melhor leitura da fase inicial do ensaio, facilitando a determinação da força limite
convencional de proporcionalidade. A escala das deformações do diagrama parcial está ampliada 10 vezes em
relação ao diagrama total.

Fig. 4.47 - Resultado do ensaio de resistência à tracção de um varão metálico roscado M12,
utilizado no confinamento transversal dos muretes das soluções de reforço I, II e III

4.3.2 – Solução II - lâminas de micro-betão armado com malha de metal distendido e


confinamento transversal, sem apoio na base

4.3.2.1 – Solução IIA (aplicação preliminar)

Dado que o murete em que foi efectuada esta aplicação preliminar não foi ensaiado, por razões
de segurança do sistema de ensaio de compressão axial, os resultados desta caracterização são
apresentados apenas no Anexo II (ponto 3.1).

4.3.2.2 – Solução IIB (aplicação definitiva)

De acordo com o solicitado ao fornecedor, o micro-betão aplicado tinha composição referida


na tabela 4.2, sendo a mistura seca dos agregados constituída por cerca de 55 % de areia de
rio e 45 % de brita fina (traço volumétrico).
Foram retiradas amostras do material projectado à saída da autobetoneira (mistura seca),
tendo a empresa fornecedora do micro-betão enviado amostras de areia e brita, que foram
posteriormente sujeitas a ensaios de análise granulométrica.

175
Com as amostras de micro-betão recolhidas em ambas as datas de projecção, fig. 4.48, foram
moldadas duas séries de provetes: (i) uma composta por provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm,
provetes cúbicos de 15cm×15cm×15cm e provetes cilíndricos com h ≅ 1 cm e φ = 9,4 cm, e
(ii) outra constituída por provetes com a forma de “cubos de grandes dimensões”, para
posterior caroteamento e corte de provetes cilíndricos e prismáticos, respectivamente.
Além disso, foram retiradas amostras do micro-betão (endurecido) dos próprios muretes.

1, 2 - extracção de amostra da mistura seca; 3 - preparação de amostras de micro-betão; 4 - provetes cúbicos,


prismáticos e cilíndricos (h ≅ 1 cm e φ = 9,4 cm); 5 - provetes cúbicos de “grandes dimensões”: cubo 1 (1ª camada),
com c = 46 cm; l = 50 cm; h = 37 cm; cubo 2 (2ª camada), com c = 46 cm; l = 40 cm; h = 38 cm; 6 - amostras
de partes de prismas cortados (em cima) e de micro-betão retiradas dos próprios muretes (em baixo)

Fig. 4.48 - Extracção de amostras e provetes para ensaios de caracterização dos materiais
utilizados na solução de reforço IIB

O caroteamento e corte foi efectuado em faces perpendiculares de cada cubo, segundo o esquema
da fig. 4.49, de modo a contemplar a direcção de projecção e a direcção perpendicular.
No caso dos cilindros com diâmetro de 7,5 cm, a carotagem foi efectuada directamente a
partir dos cubos inteiros. Os provetes cilíndricos obtidos foram posteriormente cortados com
uma altura de 15 cm cada, para realização dos ensaios de resistência mecânica e determinação
do módulo de elasticidade secante.

176
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

A A
37 cm 38 cm

B B
50 cm
40 cm

46 cm ~ 46 cm

46 cm ~ 46 cm

4 2 2 2 4 4,5 4 2 2 2 4 5
8 8 8 8 8 8 8 8
8 8
5 2 4 2
37 cm 8 38 cm 8
8 20 cm 8
25 cm 2 2
2
8 8 8
8
2 4,5 5
A
A 5 8 2 8 2 4 8 8

25 cm 20 cm

B B
CUBO 1 - sol IIB CUBO 2 - sol IIB
14-5-04 28-5-04

Fig. 4.49 - Plano de corte e carotagens dos dois “cubos grandes” (amostras) da solução IIB

Os prismas de 16cm×4cm×4cm foram cortados a partir das partes dos cubos que restaram das
carotagens, em máquina de corte apropriada, fig. 4.50, destinando-se à realização dos ensaios
de absorção de água por capilaridade, para o micro-betão utilizado em cada uma das duas
camadas do reforço, também segundo a direcção de projecção e a direcção perpendicular.

Fig. 4.50 - Trabalhos de carotagem e corte de um dos cubos grandes da solução de reforço IIB

Como se referiu, foram também preparados ensaios de aderência ao suporte da 1ª camada de


micro-betão do murete M56 (projectada para o efeito com a espessura total de 5 cm), com a
realização de incisões logo a pós a projecção, com diâmetro de 5 cm.

177
No entanto, e como se pode observar nalgumas incisões, o micro-betão (ainda fresco)
separava-se parcial ou totalmente do suporte, o que obrigou a várias tentativas, fig. 4.51.

Fig. 4.51 - Incisões realizadas no micro-betão projectado no murete M56, no dia da aplicação
da 1ª camada da solução de reforço IIB (fig. 4.11)

Referem-se em seguida os resultados dos ensaios de caracterização efectuados sobre os materiais


utilizados nesta solução de reforço.

a) agregados (areia de rio, brita) e mistura seca

Foram realizados ensaios de análise granulométrica [80] e baridade [187], cujos resultados
se apresentam na tabela 4.6.

Tabela 4.6 - Módulo de finura (Mf), máxima dimensão (D) e mínima dimensão (d) dos agregados
da solução de reforço IIB
1ª camada 2ª camada
Material 3
D [mm] d [mm] Mf Baridade [kg/m ] D [mm] d [mm] Mf Baridade [kg/m3]
Areia de rio -- -- -- -- 2,38 0,297 2,9 --
Brita fina -- -- -- -- 9,52 2,38 5,2 1394,7
Mistura 4,76 -- 3,3 1707,0 9,52 -- 3,9 1745,7

b) micro-betão (material endurecido)

Realizaram-se ensaios para determinação de: (i) massa volúmica de provetes moldados [182],
carotados e extraídos dos próprios muretes; (ii) porosidade aberta de provetes carotados e
extraídos dos próprios muretes [183]; (iii) absorção de água por capilaridade, em prismas
cortados e moldados [185]; (iv) permeabilidade ao vapor de água [95, 184]; (v) absorção de água
sob baixa pressão [96]; (vi) aderência ao suporte [101]; (vii) módulo de elasticidade secante em
cilindros carotados [90] e (viii) resistência mecânica (em cilindros e prismas carotados) [90, 191].
178
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Fez-se ainda a avaliação da espessura média das lâminas de micro-betão pela diferença de
massas dos muretes antes e após a aplicação do reforço, apresentando-se em seguida todos os
resultados.
A designação dos provetes obtidos por carotagem (cilindros) e corte (prismas) a partir dos
“cubos grandes”, referidos nas tabelas 4.9 e 4.12, está relacionada com a face do cubo de onde
foram retirados: o provete CiAj corresponde ao provete j obtido a partir da face A do cubo i
(provete “tipo A”); o provete CiBj corresponde ao provete j obtido a partir da face B do cubo i
(provete “tipo B”), fig. 4.52. Os provetes cortados foram utilizados nos ensaios de absorção de
água por capilaridade e os carotados nos ensaios de resistência mecânica (apresentados mais
adiante); nos provetes cilíndricos “tipo A” a direcção de projecção (enchimento) é paralela à
direcção de aplicação da força no ensaio de compressão axial, e nos “tipo B” é perpendicular.

- representação esquemática de um “cubo


grande”, com indicação da estratificação
resultante do processo de enchimento

- provetes “tipo A”

- provetes “tipo B”

Fig. 4.52 - Designação dos provetes obtidos por carotagem (cilindros) ou corte (prismas) dos
“cubos grandes” de micro-betão – provetes “tipo A” e “tipo B”, nas soluções de reforço IIB e III
179
A obtenção de provetes segundo direcções perpendiculares teve em conta a estratificação do
material resultante da forma de enchimento dos cubos (projecção do material, tal como aplicado
nos muretes).
Foram extraídos dos “cubos grandes” mais provetes cilíndricos e prismáticos do que os necessários
para os diversos ensaios, de forma a utilizar aqueles em que a “estratificação”, resultante do
enchimento dos cubos era menor (correspondendo a situações de maior homogeneidade).

Tabela 4.7 - Massa volúmica aparente (média), em provetes de diversas origens, da solução de
reforço IIB (1)
Idade [dias] Valor médio [kg/m3]
Tipo de provete Tipo de ensaio
1ª camada 2ª camada 1ª camada 2ª camada
Provetes moldados 15cm×15cm×15cm 2120,0 --
38 -- Leitura
“ 16cm×4cm×4cm 2076,9 --
directa (2)
Cubos “grandes” 33 19 1962,4 2117,3
Prismas cortados Pesagem 2195,6 2227,2
399 385
Amostras retiradas dos próprios muretes hidrostática 2132,3
(1) – Devido ao modo de aplicação do micro-betão e à sua consistência seca, os provetes extraídos dos “cubos
grandes” por carotagem ou corte mostraram ser mais representativos do material aplicado nas faces dos muretes,
do que os provetes moldados (conforme se pode verificar na fig. 4.57)
(2) – Quociente entre a massa do provete e o seu volume aparente (comprimento × largura × altura)

Tabela 4.8 - Porosidade aberta, em provetes de diversas origens, da solução de reforço IIB
Idade [dias] Valor médio [%]
Tipo de provete Tipo de ensaio
1ª camada 2ª camada 1ª camada 2ª camada
Prismas cortados Pesagem 16,6 14,6
399 385
Amostras retiradas dos próprios muretes hidrostática 18,8

Tabela 4.9 - Coeficientes de absorção de água por capilaridade das 1ª e 2ª camadas de micro-
betão da solução de reforço IIB, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Provete Idade CCap
Camada
Designação Origem Tipo [dias] [kg/m2.h1/2]
C1A1, C1A3, C1A5 A 3,3
cortado
1ª C1B3, C1B4, C1B5 B 64 3,1
P1, P6 moldado -- 4,3
C2A1, C2A10, C2A11 A 2,5
cortado
2ª C2B1, C2B6, C2B8 B 50 1,6
P3, P4, P6 moldado -- 3,6

A moldagem dos provetes para o ensaio de permeabilidade ao vapor de água (PVA), foi
difícil de realizar porque o micro-betão apresentava uma “consistência seca”, que dificultava
o preenchimento do molde, com apenas 1 cm de altura. Por isso, embora tenha sido utilizado
o mesmo procedimento de moldagem relativo à argamassa de assentamento, os resultados

180
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

obtidos, tabela 4.10, não representam adequadamente o material projectado, pelo que devem
ser considerados como qualitativos. As soluções alternativas para obtenção de provetes de
micro-betão para o ensaio de PVA seriam: a moldagem de provetes mais espessos (no
máximo com a espessura média de cada camada do micro-betão) ou o corte mecânico de
provetes, com espessuras destas ordens de grandeza, o que não seria possível.

Tabela 4.10 - Valores médios da permeabilidade ao vapor de água (π), em provetes moldados
com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, da solução de reforço IIB
Idade dos provetes Permeabilidade média ao vapor de água
Provetes Camada
[dias] [kg/m.s.Pa] Média global
P1, P2, P3 1ª 39 π = 4,40×10 -12
π = 4,08×10-12
P1, P2, P3 2ª 55 π = 3,76×10-12

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão foi efectuado na mesma lâmina de micro-
betão onde foram realizadas as incisões para o ensaio de aderência ao suporte, figs. 4.51 e 4.53.

4,0
Volum e [cm3 ]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150

T empo [min]

T ubo 1 T ubo 4 Média

Idades à data do ensaio: murete = 815 dias; micro-betão = 158 dias


Fig. 4.53 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução de reforço IIB

Os resultados obtidos no ensaio de aderência do micro-betão ao suporte (alvenaria) não


foram conclusivos, pensando-se que tal se deve à forma de preparação dos provetes: por incisão no
seio do micro-betão ainda fresco, embora métodos alternativos também não devam conduzir a
resultados satisfatórios. De facto, a realização das incisões no material “fresco” permitiu a
criação de “provetes” com diâmetro adequado à realização do ensaio, mas não pode evitar nem
a irregularidade do suporte (a qual impediu que as incisões “isolassem” o provete a ensaiar do
restante micro-betão, ficando apenas ligado à alvenaria cuja aderência se queria avaliar), nem
a possibilidade de (re)união das paredes da incisão, devida ao movimento do micro-betão
fresco de ambos os lados da abertura, tendente a eliminar a descontinuidade criada.
181
O método alternativo, carotagem do micro-betão após o seu endurecimento, não foi realizado
porque se considerou que o movimento rotativo da coroa da carotadeira poderia conduzir ao
seu destacamento (descolamento) da alvenaria.
Relativamente a ambos os métodos, os valores a obter teriam uma variação entre duas
situações limite: aderência só à argamassa de assentamento (juntas), praticamente nula, e só à
pedra, cujos valores seriam muito diferentes, dado que o micro-betão tem uma boa aderência
à pedra.
Na fig. 4.54 representa-se o aspecto dos provetes após o ensaio, e na tabela 4.11 os resultados
obtidos.

- em cima, vista lateral; em baixo, vista de uma das superfícies de separação


Fig. 4.54 - Aspecto dos provetes após a realização do ensaio aderência ao suporte, da solução
de reforço IIB

Tabela 4.11 - Resultados do ensaio de aderência do micro-betão ao suporte de alvenaria, da


solução de reforço IIB
Idade do Idade do micro- Força Tensão Tipo de
Provetes
murete [dias] betão [dias] [kN] [kPa] rotura (1)
P1 1,52 77 plano de colagem
P2 0,76 39 coesiva
690 35
P3 0,94 48 plano de colagem
P4 2,93 149 coesiva
(1) - plano de colagem: no plano de colagem da pastilha metálica, com uma fina camada de micro-betão aderente à pastilha
metálica; coesiva: no seio da camada de micro-betão

O aspecto dos provetes e os resultados evidenciam as dificuldades de realização do ensaio,


devido, principalmente, à (re)união das paredes das incisões, como referido acima.

O módulo de elasticidade secante e a resistência à compressão das lâminas de micro-betão


foram determinados a partir de amostras retiradas por carotagem dos dois cubos grandes, fig. 4.52.
182
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Tabela 4.12 - Módulo de elasticidade secante e resistência à compressão, em provetes carotados


da solução de reforço IIB
Provete Idade Módulo de elasticidade Tensão de rotura
Camada Provetes
Tipo (1) [dias] médio [GPa] média (σrot) [MPa]
1ª A 26,7 35,1
Cilíndricos 55
(cubo 1) B 24,6 31,8
φ=74 mm
2ª A 31,5 42,6
h=150 mm 41
(cubo 2) B 31,2 40,2
1ª A 45,1
161
(cubo 1) Prismáticos B 34,2
--
2ª 16cm×4cm×4cm A 51,2
147
(cubo 2) B 59,5
(1) – de acordo com o esquema da fig. 4.52.

Para avaliar a espessura média das lâminas de micro-betão em cada face dos muretes da solução
IIB, recorreu-se às massas dos muretes antes e depois da aplicação do micro-betão (tabelas I.59 e
I.60 do Anexo I, e II.23 do Anexo II) e aos valores da massa volúmica aparente do micro-betão
projectado, determinada pelo método da pesagem hidrostática (tabela 4.7), apresentando-se na
tabela 4.13 os valores obtidos.

Tabela 4.13 - Estimativa da espessura média das lâminas de micro-betão da solução de reforço IIB
Murete Espessura média do micro-betão [m]
M30 0,069
M42 Micro-betão 0,060
M51 - uma face 0,051
M53 0,062
M15 0,055
M16 0,056
M18 0,054
M22 0,055
Micro-betão
M26 0,059
- duas faces
M33 0,051
M50 --
M52 0,054
M54 0,056

c) varões roscados M12 (elementos de confinamento transversal)

Tratando-se do “mesmo” material, considera-se válida a força de rotura por tracção referida
no ponto 4.3.1 c), de Frot = 49,5 kN (fig. 4.47), a que corresponde σrot = 589 MPa.

4.3.3 – Solução III - lâminas de micro-betão armado com malha de metal distendido sem e
com confinamento transversal, com apoio na base

Esta solução distingue-se da anterior pelo facto das lâminas de micro-betão armado cobrirem
lateralmente toda a base de apoio do murete (enquanto que na solução IIB cobria apenas “meia
altura”, ficando a 10 cm da base do apoio), permitindo o seu apoio nas bases de ensaio.
183
Os materiais (tabela 4.2) e o método de aplicação são semelhantes nas duas soluções (IIB e III).
Porém, por terem sido efectuadas em datas distintas, procedeu-se à caracterização dos materiais
utilizados, seguindo a ordem anterior, e tendo por base as amostras de mistura seca recolhidas
à saída da autobetoneira, areia e brita (enviadas pela empresa fornecedora do micro-betão) e
material projectado, com o qual se produziram duas séries de provetes de micro-betão endurecido:
- uma série de provetes moldados, com dimensões idênticas aos dos materiais de construção
dos muretes, e outra em forma de “cubos de grandes dimensões”, para posterior caroteamento,
moldados após a conclusão dos trabalhos de projecção, fig. 4.55.
Por fim, e após a realização dos ensaios mecânicos, foram recolhidas amostras de micro-betão
aplicado nos próprios muretes.

1 - extracção de amostra da mistura seca; 2, 3 - amostras de brita fina e areia enviadas pela empresa; 4, 5 - preparação
de amostras de micro-betão (1ª e 2ª camadas); 6 - provetes prismáticos, cilíndricos e cúbicos; 7 - provetes cúbicos
de “grandes dimensões”: cubo 1 (1ª camada): c = 46,2 cm; l = 50,0 cm; h = 37,7 cm; cubo 2 (2ª camada): c = 46,0 cm;
l = 50,5 cm; h = 37,5 cm: 8 - à esquerda: amostras de provetes carotados; à direita: amostras de micro-betão retiradas
dos próprios muretes
Fig. 4.55 - Amostras para os ensaios de caracterização da solução de reforço III
184
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

A carotagem e corte dos cubos “grandes” para obtenção dos provetes cilíndricos e prismáticos foi
efectuada em duas faces perpendiculares (de cada cubo), por forma a contemplar a direcção da
projecção e a direcção perpendicular, figs. 4.49 e 4.52.

a) agregados (areia de rio, brita) e mistura seca

Foram realizados ensaios de análise granulométrica e baridade, cujos resultados se apresentam


na tabela 4.14.

Tabela 4.14 - Módulo de finura (Mf), máxima e mínima dimensões (D e d) e baridade dos
agregados, da solução de reforço III
1ª camada 2ª camada
Material
Mf D [mm] d [mm] Baridade [kg/m3] Mf D [mm] d [mm] Baridade [kg/m3]
Areia de rio (1) 2,9 0,238 0,297 1537,0
Brita fina (1) 5,3 9,52 2,38 1442,3
Mistura 3,6 4,76 0,149 1616,7 3,5 9,52 -- 1623,3
1
( ) – Não foram recebidas amostras de material

b) micro-betão (material endurecido)

Realizaram-se ensaios para determinação de: (i) massa volúmica de provetes moldados [182],
carotados e extraídos dos próprios muretes; (ii) porosidade aberta de provetes carotados e extraídos
dos próprios muretes [183]; (iii) absorção de água por capilaridade, em prismas cortados e
moldados [185]; (iv) permeabilidade ao vapor de água [184]; (v) absorção de água sob baixa
pressão [96]; (vi) módulo de elasticidade secante em cilindros carotados [90] e (vii) resistência
mecânica (em cilindros e prismas carotados) [90, 191]. Fez-se a estimativa da espessura média das
lâminas de micro-betão pela diferença de massas dos muretes antes e após a aplicação do reforço.

Tabela 4.15 - Massa volúmica aparente média, em provetes de diversas origens, da solução de
reforço III
Idade [dias] Valor médio [kg/m3]
Tipo de provete Tipo de ensaio
1ª camada 2ª camada 1ª camada 2ª camada
1
Cubos “grandes” 95 72 Leitura directa ( ) 2143,5 2102,2
Cilíndricos carotados Pesagem 2225,5 2217,4
170 147
Amostras dos próprios muretes hidrostática 2232,3
1
( ) – Quociente entre a massa do provete e o seu volume aparente (comprimento × largura × altura).

Tabela 4.16 - Porosidade aberta, em provetes de diversas origens, da solução de reforço III
Idade [dias] Valor médio [%]
Tipo de provete Tipo de ensaio
1ª camada 2ª camada 1ª camada 2ª camada
Cilíndricos carotados Pesagem 13,2 14,8
170 147
Amostras dos próprios muretes hidrostática 15,8

185
Apesar dos provetes moldados apresentarem um grande “efeito de parede”, validando dessa
forma a opção pela carotagem dos “cubos grandes”, para além de terem massa volúmica
aparente inferior aos provetes carotados, fig. 4.57, optou-se por apresentar os resultados do
ensaio de absorção de água por capilaridade.

Tabela 4.17 - Coeficientes de absorção e água por capilaridade das 1ª e 2ª camadas de micro-
betão da solução de reforço III, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Provete Idade CCap
Camada
Designação Origem Tipo [dias] [kg/m2.hor1/2]
C1A1, C1A2 C1A3 A 1,45
cortado
1ª C1B1 C1B2 C1B3 B 155 1,30
P1 a P6 moldado -- 34,71 (1)
C2A1, C2A2 C2A3 A 1,41
cortado
2ª C2B1, C2B2 C2B3 B 132 1,72
P1, 3, 4, 6, 8, 9 moldado -- 3,92
(1) – valor a não considerar.

Tabela 4.18 - Valores médios da permeabilidade ao vapor de água (π), em provetes moldados
com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, da solução de reforço III
Idade dos provetes Permeabilidade média ao vapor de água
Provetes Camada
[dias] [kg/m.s.Pa] Média global
P1 a P6 1ª 183 π = 2,74×10 -12
π = 3,27×10-12
P1 a P6 2ª 160 π = 3,79×10-12

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão foi iniciado na superfície do micro-betão
projectado na face “livre” do murete M56 em 2/3/05, tendo o murete nessa data 947 dias de
idade, e o reforço 40 dias, fig. 4.56.

4,0
Volume [cm3 ]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000

T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3

Fig. 4.56 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução de reforço III

186
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

A lâmina de micro-betão onde se realizou este ensaio foi aplicada em duas datas distintas, tal
como nos restantes muretes da solução de reforço III.
Desta forma, para efeitos de determinação da idade da lâmina de micro-betão, considerou-se a
data da aplicação da segunda camada, por esta ficar directamente em contacto com a água
durante o ensaio.

A resistência mecânica do micro-betão foi obtida apenas a partir de provetes cilíndricos


carotados, uma vez que, como se esperava e foi notório na caracterização feita na solução IIB,
o material em estudo e a forma como é aplicado leva a que os valores das resistências obtidos
a partir de provetes moldados divirjam dos que na realidade existem.
Tal deve-se ao facto de a moldagem dos provetes não reproduzir as condições de compactação e
homogeneidade conseguidas na realidade.

Como referido, uma situação típica da moldagem dos provetes de micro-betão tem a ver com
o significativo “efeito de parede”, entendido como a chamada dos “finos” às superfícies [52],
neste caso na superfície livre (zona de entrada do molde), pela passagem da espátula para
alisamento do material, com o seu consequente empobrecimento no interior. Esta situação
resulta da baixa relação A/C, que faz com que o efeito de alisamento superficial desequilibre a
“homogeneidade” do material projectado. O “efeito de parede” foi mais notório nos provetes
moldados da solução III do que nos da solução IIB, fig. 4.57.
Por se entender desnecessário, face aos resultados da solução IIB, não foram ensaiados
provetes prismáticos “cortados”.

Em cima: provete moldado; em baixo: provete “cortado”


Fig. 4.57 - “Efeito de parede” nos provetes moldados de 16cm×4cm×4cm (que não ocorre nos
provetes “cortados”), nas soluções de reforço IIB e III
187
Tabela 4.19 - Módulo de elasticidade secante e resistência à compressão em provetes cilíndricos
carotados, da solução de reforço III
Provete Idade Módulo de elasticidade Tensão de rotura
Camada Provetes
Tipo (1) [dias] [GPa] média (σrot) [MPa]
1ª A 36,9 61,8
Cilíndricos 95
(cubo 1) B 37,5 60,4
φ=74 mm
2ª h=150 mm A 28,1 34,4
69
(cubo 2) B 30,9 41,7
(1) – de acordo com o esquema da fig. 4.52.

Tabela 4.20 - Estimativa da espessura média das lâminas de micro-betão da solução de reforço III
Espessura média de cada lâmina
Murete
de micro-betão [m]
M24 0,052
Lâminas de micro-betão
M25 0,050
- em ambas as faces
M55 0,061

c) varões roscados M12 (elementos de confinamento transversal)

Tratando-se do “mesmo” material, considera-se válida a força de rotura por tracção referida
no ponto 4.3.1 c), de Frot = 49,5 kN (fig. 4.47), a que corresponde σrot = 589 MPa.

4.3.4 – Solução IV - reboco de argamassa bastarda armado com malha de fibra de vidro,
com confinamento transversal e com apoio na base

A solução de reforço IV foi aplicada em duas camadas, com espessura média de 1,5 cm cada,
com interposição de malha dupla de fibra de vidro e um sistema de cosedura (confinamento)
com fio de aço zincado passando quatro vezes em cada um dos cinco ou oito furos transversais
dos muretes pequenos ou grandes, respectivamente.

Durante a preparação das duas camadas de reboco, ao traço 1:1:3:3 (cimento : cal aérea : areia
de rio : areia de areeiro), foram retiradas amostras dos materiais utilizados, para os diversos
ensaios de caracterização, fig. 4.58.

A argamassa utilizada em ambas as camadas do reboco foi produzida com os mesmos


agregados e os mesmos ligantes.

188
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

1 - areias de areeiro e de rio; 2 - argamassa em pasta; 3 - provetes de argamassa acabados de moldar; 4 - amostras de
argamassa endurecida: provetes moldados de 16cm×4cm×4cm (em cima) e de reboco extraídas de muretes (em baixo)
Fig. 4.58 - Amostras de materiais utilizados na solução de reforço IV para os ensaios de
caracterização

Nos pontos seguintes, referem-se os resultados obtidos nos ensaios de caracterização dos
materiais utilizados nesta solução de reforço.

a) agregados (areias de rio e de areeiro)

Foram realizados ensaios de análise granulométrica [80] e baridade [187], cujos resultados se
apresentam na tabela 4.21.

Tabela 4.21 - Módulo de finura (Mf), máxima e mínima dimensão (D e d) e baridade dos
agregados, da solução de reforço IV
1ª e 2ª camadas
Material
Mf D [mm] d [mm] Baridade [kg/m3]
Areia de rio 2,6 2,38 0,149 1541,7
Areia de areeiro 1,8 0,595 0,149 1553,0

b) argamassa bastarda (material endurecido)

Realizaram-se ensaios para determinação de: (i) massa volúmica de provetes moldados e
extraídos dos próprios muretes [182]; (ii) porosidade aberta de provetes moldados e extraídos
dos próprios muretes [183]; (iii) absorção de água por capilaridade, em prismas moldados
[185]; (iv) permeabilidade ao vapor de água [184]; (v) absorção de água sob baixa pressão

189
[96]; (vi) módulo de elasticidade dinâmico em provetes moldados [186] (vii) resistência
mecânica em provetes moldados [191].
Além disso, fez-se a estimativa da espessura média do reboco pela diferença de massas dos
muretes antes e após a aplicação das duas camadas de reboco, referindo-se em seguida todos
os resultados obtidos.

Tabela 4.22 - Massa volúmica aparente média, em provetes de argamassa de diversas origens, da
solução de reforço IV
Valor médio [kg/m3]
Tipo de provete Idade [dias] Tipo de ensaio
1ª camada 2ª camada
115 a 154 Leitura directa (1) 1786 1800
Provetes moldados 16cm×4cm×4cm
Pesagem 1865 1885
181 a 210
Amostras dos próprios muretes hidrostática 1892
(1) – Quociente entre a massa do provete e o seu volume aparente (comprimento × largura × altura).

Tabela 4.23 - Porosidade aberta, em provetes de argamassa de diversas origens, da solução de


reforço IV
Valor médio [%]
Tipo de provete Idade [dias] Tipo de ensaio
1ª camada 2ª camada
Provetes moldados 16cm×4cm×4cm Pesagem 32,1 32,4
181 a 210
Amostras dos próprios muretes hidrostática 27,9

Tabela 4.24 - Coeficientes de absorção de água por capilaridade das 1ª e 2ª camadas de reboco
da solução de reforço IV, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Provete Idade CCap
Camada
Designação Tipo [dias] [kg/m2.h1/2]
1ª FV1, FV2, FV3, FV7, FV8, FV9 115 13,1
moldado
2ª FV1, FV4, FV7 116 14,1

Tabela 4.25 - Valores médios da permeabilidade ao vapor de água (π), em provetes moldados
com φ = 9,4 cm e h = 1 cm, da solução de reforço IV
Idade dos provetes Permeabilidade média ao vapor de água
Provetes Camada
[dias] [kg/m.s.Pa] Média global
FV1 a FV6 1ª 115 π = 16,82×10 -12
π = 16,13×10-12
FV1 a FV9 2ª 116 π = 15,43×10-12

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão foi realizado na superfície do reboco de M23
em 1/4/05, tendo o murete nessa data 984 dias de idade, e o reboco (2ª camada), 104 dias, fig. 4.59.

190
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

4,0

Volume [cm3]
3,0

2,0

1,0

0,0
0 15 30 45 60 75 90
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. 4.59 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de reforço IV

No final das leituras correspondentes à fig. 4.59, repetiu-se o ensaio mais duas vezes,
procurando observar a influência das repetições na velocidade de absorção da água, repondo o
volume de água em cada tubo (4 cm3), logo que este atingia o nível “zero”. Os resultados
obtidos são indicados nas tabelas II.46 e II.47 e nas figs. II.48 e II.49 (Anexo II).

Os ensaios de resistência à tracção por flexão e à compressão foram realizados sobre provetes
secos, tabela 4.26, e sobre provetes saturados, após a conclusão do ensaio de absorção de água por
capilaridade, tabela 4.27, para averiguar a influência da água no comportamento mecânico.

Tabela 4.26 - Módulo de elasticidade dinâmico, resistências à tracção por flexão e compressão e
módulo de elasticidade secante em provetes moldados (secos), da solução de reforço IV
Módulo de elastic. Tensão de rotura à Tensão de rotura à Módulo de
Idade dinâmico médio, E tracção por flexão (σ ) compressão (σrot) elastic. secante
Camada din rot
[dias]
[MPa] Média [MPa] Média [MPa] Média [MPa] Média
1ª 154 5460 1,14 4,64 483
5637 1,22 4,55 434
2ª 146 5813 1,30 4,46 385

Tabela 4.27 - Resistência mecânica à tracção por flexão e à compressão, em prismas moldados de
16cm×4cm×4cm, após o ensaio de absorção de água por capilaridade (provetes saturados), da
solução de reforço IV
Tensão de rotura à tracção por Tensão de rotura à
Camada Idade [dias]
flexão (σrot) [MPa] compressão(σrot) [MPa]
1ª camada 154 1,60 4,93
2ª camada 146 1,98 5,18

Na fig. 4.60 representam-se os diagramas tensão-deformação das duas séries de ensaios de


compressão, com base nos quais foi calculado o módulo de elasticidade secante médio de
434 MPa (tabela 4.26), pelas razões referidas a propósito da argamassa de assentamento
(comparação com as soluções de reforço IIB e III).
191
1ª camada
7,0

[MPa]
6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,0 25,0 50,0 75,0 100,0
ε [o /oo ]

FV4-1 FV4-2 FV5-1 FV5-2 FV6-1 FV6-2


FV10-1 FV10-2 FV11-1 FV11-2 FV12-1 FV12-2

2ª camada
7,0
[MPa]

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,0 25,0 50,0 75,0 100,0
ε [o /oo ]

FV2-1 FV2-2 FV3-1 FV3-2 FV5-1 FV5-2


FV6-1 FV6-2 FV8-1 FV8-2 FV9-1 FV9-2

Fig. 4.60 - Diagramas tensão-deformação do ensaio de compressão dos provetes prismáticos


moldados de 16cm×4cm×4cm da solução de reforço IV

Para avaliar a espessura média do reboco em cada face dos muretes da solução IV, recorreu-se
às massas dos muretes antes e após a aplicação do reboco, tabelas I.59 e I.60 (Anexo I) e II.51
(Anexo II), respectivamente, e aos valores da massa volúmica aparente do reboco, determinada pelo
método da pesagem hidrostática (tabela 4.22), apresentando-se na tabela 4.28 os valores obtidos.

Tabela 4.28 - Estimativa da espessura média do reboco da solução de reforço IV


Murete Espessura média do reboco [m]
M11 0,028
M14 0,023
M19 Reboco 0,025
M27 - em ambas as faces 0,037
M29 0,027
M34 0,031

c) calda de injecção utilizada nos furos transversais

Foram efectuados ensaios de resistência à tracção por flexão e à compressão da calda cimentícea
(relação A/C=0,49) utilizada no preenchimento dos espaços vazios entre o conjunto de 4 fios de
192
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

aço zincado e as paredes dos furos com diâmetro de 16 mm, por onde estes passavam, obtendo-se
os seguintes resultados, respectivamente: 4,9 MPa (valor pouco consistente) e 26,7 MPa.

d) fio de aço zincado, utilizado no confinamento transversal

Foi efectuado um ensaio de resistência à tracção numa amostra de fio de aço zincado [38],
obtendo-se a força de rotura de Frot = 6,38 kN, a que corresponde a tensão σrot = 508 MPa.

e) malha de fibra de vidro

Na tabela 4.29 e na fig. 4.61, indicam-se características físicas, químicas e mecânicas da


malha de fibra de vidro utilizada (fornecidas pelo fabricante) [204]. Os ensaios de resistência
à tracção foram realizados sobre 10 amostras, com dimensões de 50×200 mm2, a uma
velocidade 100 mm/min, após condicionamento a T = 23±2 ºC e HR = 50±5%.

Tabela 4.29 - Principais características físicas e químicas da malha de fibra de vidro utilizada na
solução de reforço IV [204]
Característica Valor Característica Valor
Fio Fibra de vidro (100 %) Boa resistência
Resistência química
Dimensões da abertura da malha 4,0 cm × 4,0 cm aos alcalis
Massa/m2 (≅) 120 g/m2 Acabamento Anti alcalino

Fig. 4.61 - Resistência mecânica da malha de fibra de vidro da solução de reforço IV [204]
193
4.4 – Análise de exequibilidade

Nesta secção faz-se uma breve análise dos aspectos de exequibilidade que distinguem as
soluções de reforço aplicadas nos muretes, nomeadamente no que se refere aos aspectos
arquitectónicos, técnicos e económicos.

4.4.1 – Exequibilidade arquitectónica

A exequibilidade arquitectónica prende-se essencialmente com os aspectos de compatibilidade


entre os elementos arquitectónicos existentes, como as cantarias dos vãos e os socos das
paredes, e a solução de reforço a realizar num edifício.
Neste sentido, a solução I (conectores transversais isolados) apresenta alguns problemas de
exequibilidade arquitectónica, tendo em conta que as extremidades dos conectores devem
ficar adequadamente protegidas pela argamassa de revestimento a aplicar. De acordo com a
solução aplicada aos muretes, fig. 4.5, a espessura mínima do reboco na zona das chapas de
ancoragem deverá ser da ordem dos 5 a 6 cm.
Em relação às soluções de micro-betão e argamassa bastarda, verifica-se que: (i) as soluções
IIB e III (lâminas de micro-betão), apresentam, em geral, situações de incompatibilidade
geométrica com aqueles elementos arquitectónicos pelo que, a maior parte das vezes, este tipo
de reforço estrutural não pode ser realizado nos paramentos exteriores dos edifícios. Em
trabalhos reais, esta situação é ainda mais marcante, uma vez que as espessuras das lâminas de
reforço podem atingir espessuras da ordem de 8 a 10 cm, sobre as quais se aplica o
revestimento final; (ii) já em relação à solução de reforço IV (reboco de argamassa bastarda)
esta é a mais adequada, em virtude da sua menor espessura e da possibilidade de se constituir
como camada de revestimento final.

4.4.2 – Exequibilidade técnica

Do ponto de vista da exequibilidade técnica, as soluções IIB e III revelam-se mais complexas
que a solução IV, nomeadamente no que se refere aos meios (equipamentos) necessários para
a preparação e aplicação, conforme se pode concluir da descrição de execução das soluções
apresentada nos pontos 4.2.2.2, 4.2.3 e 4.2.4.
A mecanização inerente às soluções IIB e III, por outro lado, permite concluir sobre a sua
maior rapidez de aplicação em relação à solução IV, fruto do maior rendimento associado à
projecção (mecânica) de material, comparativamente à aplicação manual.
194
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

A solução I, correspondendo a uma parte dos trabalhos inerentes às restantes soluções,


nomeadamente no que se refere à abertura dos furos para colocação dos conectores
transversais, é naturalmente a mais fácil de executar do ponto de vista técnico.
É de referir, no entanto, que em trabalhos reais, a furação de paredes pode apresentar algumas
dificuldades, crescentes com a espessura das paredes e com a realização de furos inclinados.

4.4.3 – Exequibilidade económica

Neste ponto comparam-se os custos de execução de cada solução de reforço aplicada em muretes
pequenos, cuja área média de alvenaria é de 0,80m × 1,20m = 0,96m2 ≅ 1 m2, de acordo com os
preços de materiais, equipamentos e mão-de-obra fornecidos por uma das empresas patrocinadoras
do trabalho, sintetizados nas tabelas 4.30 a 4.35. Para os muretes da solução III, é apenas realizada
a estimativa de custo de um murete do tipo dos ensaiados (sem confinamento transversal).
Para efeitos de comparação, os valores são reduzidos ao m2 de alvenaria, pelo que (por
exemplo) o preço unitário do material “micro-betão” (via seca) é diferente nas soluções IIB e
III, uma vez que na solução III foi utilizado um pouco mais de material.
Os custos correspondem à espessura de 0,40 m dos muretes, podendo dizer-se que, para iguais
espessuras de lâminas de reforço, apenas o custo relativo aos trabalhos de confinamento
transversal (materiais, equipamento e mão-de-obra) é susceptível de ser alterado.

Tabela 4.30 - Estimativa do custo de execução da solução I (conectores metálicos isolados),


num murete pequeno (1)
Preço Estimativa de custo [€/m2]
Designação Un. Quant. unitário
[€/Un.] Materiais Equipamento Mão-de-obra
Material
- varões roscados, incluindo porcas un 5 0,6 3,0
- chapas metálicas com 100×100×5 mm3 un 10 3,0 30,0
- argamassa (“almofadas” apoio das chapas) vg -- -- 1,0
- calda de selagem vg -- -- 0,5

Equipamento
- torna eléctrica vg -- -- 1,0
- berbequim para calda vg -- -- 0,8

Mão-de-obra
- Pedreiro – furação h 0,33 9,0 3,0
- “ – colocação conectores h 0,17 9,0 1,5
- “ – “almofadas” de argamassa h 0,50 9,0 4,5
- “ – injecção de calda h 0,25 9,0 2,3
- “ – aperto conectores h 0,17 9,0 1,5

Total parcial 34,5 1,8 12,8


Estaleiro (15%) 5,2 0,3 1,9
TOTAL 56,5
(1) – un - unidade; vg - valor global; h - hora

195
Tabela 4.31 - Estimativa do custo de execução da solução IIB1 (lâmina de micro-betão armado
sem apoio na base, com pregagens, numa face), num murete pequeno (1)
Preço Estimativa de custo [€/m2]
Designação Un. Quant. unitário
[€/Un.] Materiais Equipamento Mão-de-obra
Material
- varões roscados, incluindo porcas un 5 0,5 2,5
- chapas metálicas com 100×100×5 mm3 un 5 3,0 15,0
- micro-betão (via seca), com esp=5cm m2 1 3,5 3,5
- rede metálica m2 1 5,4 5,4

Equipamento
- torna eléctrica vg -- -- 0,8

Mão-de-obra
- Pedreiro – furação h 0,22 9,0 2,0
- “ – colocação pregagens h 0,17 9,0 1,5
- “ – aperto pregagens h 0,17 9,0 1,5
- “ – colocação de rede h 0,30 9,0 2,7

Projecção
- Mão-de-obra (+ equipamento) m2 1 8,3 8,3

Total parcial 26,4 0,8 16,0


Estaleiro (15%) 4,0 0,1 2,4
TOTAL 49,7
(1) – un - unidade; vg - valor global; h - hora

Tabela 4.32 - Estimativa do custo de execução da solução IIB2 (lâminas de micro-betão armado
sem apoio na base, com pregagens em duas faces), num murete pequeno (1)
Preço Estimativa de custo [€/m2]
Designação Un. Quant. unitário
[€/Un.] Materiais Equipamento Mão-de-obra
Material
- varões roscados, incluindo porcas un 10 0,5 5,0
- chapas metálicas com 100×100×5 mm3 un 10 3,0 30,0
- micro-betão (via seca), com esp=5cm m2 2 3,5 7,0
- rede metálica m2 2 5,4 10,8

Equipamento
- torna eléctrica vg -- -- 1,6

Mão-de-obra
- Pedreiro – furação h 0,45 9,0 4,0
- “ – colocação pregagens h 0,33 9,0 3,0
- “ – aperto pregagens h 0,33 9,0 3,0
- “ – colocação de rede h 0,60 9,0 5,4

Projecção
- Mão-de-obra (+ equipamento) m2 2 8,3 16,6

Total parcial 52,8 1,6 32,0


Estaleiro (15%) 8,0 0,2 4,8
TOTAL 99,4
(1) – un - unidade; vg - valor global; h - hora

196
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Tabela 4.33 - Estimativa do custo de execução da solução IIB3 (lâminas de micro-betão armado
sem apoio na base, com conectores transversais, em duas faces), num murete pequeno (1)
Preço Estimativa de custo [€/m2]
Designação Un. Quant. unitário
[€/Un.] Materiais Equipamento Mão-de-obra
Material
- varões roscados, incluindo porcas un 5 0,6 3,0
- chapas metálicas com 100×100×5 mm3 un 10 3,0 30,0
- micro-betão (via seca), com esp=5cm m2 2 3,5 7,0
- rede metálica m2 2 5,4 10,8

Equipamento
- torna eléctrica vg -- -- 1,0

Mão-de-obra
- Pedreiro – furação h 0,40 9,0 3,6
- “ – colocação conectores h 0,17 9,0 1,5
- “ – aperto conectores h 0,17 9,0 1,5
- “ – colocação de rede h 0,60 9,0 5,4

Projecção
- Mão-de-obra (+ equipamento) m2 2 8,3 16,6

Total parcial 50,8 1,0 28,6


Estaleiro (15%) 7,6 0,2 4,3
TOTAL 92,5
(1) – un - unidade; vg - valor global; h - hora

Tabela 4.34 - Estimativa do custo de execução da solução IIIA2 (lâminas de micro-betão armado
com apoio na base, sem confinamento transversal, em duas faces), num murete pequeno (1)
Preço Estimativa de custo [€/m2]
Designação Un. Quant. unitário
[€/Un.] Materiais Equipamento Mão-de-obra
Material
- micro-betão (via seca), com esp=5cm m2 2 3,8 7,6
- rede metálica m2 2 5,7 11,4

Equipamento
- torna eléctrica vg -- -- --

Mão-de-obra
- Pedreiro – colocação de rede h 0,60 9,0 5,4

Projecção
- Mão-de-obra (+ equipamento) m2 2 8,8 17,6

Total parcial 19,0 23,0


--
Estaleiro (15%) 2,9 3,5
TOTAL 48,4
1
( ) – un - unidade; vg - valor global; h - hora

197
Tabela 4.35 - Estimativa do custo de execução da solução IV (reboco de argamassa bastarda,
armado, com apoio na base e confinamento transversal, em duas faces), num murete pequeno (1)
Preço Estimativa de custo [€/m2]
Designação Un. Quant. unitário
[€/Un.] Materiais Equipamento Mão-de-obra
Material
- fio de aço zincado kg 0,5 3,0 1,5
- calda de selagem vg -- -- 0,5
- argamassa bastarda vg -- -- 4,2
- rede de fibra de vidro m2 4 1,9 7,6

Equipamento
- torna eléctrica vg -- -- 1,0
- berbequim para calda vg -- -- 0,8

Mão-de-obra
- Pedreiro – furação h 0,33 9,0 3,0
- “ – colocação fio de aço h 0,67 9,0 6,0
- “ – colocação de rede h 0,50 9,0 4,5
- “ – injecção de calda h 0,25 9,0 2,3
- “ – aplicação de reboco h 2,5 9,0 22,5

Total parcial 13,8 1,8 38,3


Estaleiro (15%) 2,1 0,3 5,7
TOTAL 62,0
(1) – un - unidade; vg - valor global; h - hora

Na fig. 4.62 representam-se os vários custos de execução, podendo-se facilmente efectuar a


sua comparação. Na fig. 6.55, indica-se a relação custo/benefício, em termos de resistência
mecânica, para cada solução de reforço.

120
Custo [euros/m2 ]

99,4
100 92,5

80
62,0
56,5
60
49,7 48,4

40

20

0
Solução IV
Sollução III
Sol. I

Sol. IIB1

Sol. IIB2

Sol. IIB3

Solução I - conectores metálicos isolados; Solução IIB1 – lâmina de micro-betão sem apoio na base - pregagens
- 1 face; Solução IIB2 - lâminas de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 2 faces); Solução IIB3 - lâminas
de micro-betão sem apoio na base - conectores; Solução III - lâminas de micro-betão com apoio na base, sem
confinamento transversal; Solução IV - reboco de argamassa bastarda com apoio na base e confinamento transversal
Fig. 4.62 - Custo de execução de cada solução de reforço num murete pequeno (aproximadamente
igual ao custo de reforço por m2 de alvenaria, para a espessura de 0,40 m)
198
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

4.5 – Aspectos de durabilidade da alvenaria e das soluções de reforço

Nesta secção analisa-se o modo como as soluções de reforço aplicadas nos muretes (algumas
das quais são comuns no meio técnico nacional) podem afectar ou ser afectadas pela
alvenaria, nomeadamente no que se refere ao comportamento perante a água que, na forma
líquida ou de vapor, pode desencadear mecanismos de degradação física, mecânica e química.
Para tal, são considerados: (i) os resultados dos ensaios para determinação da porosidade
aberta, do coeficiente de absorção de água por capilaridade (CCap) e do coeficiente de
permeabilidade ao vapor de água (PVA), da argamassa de assentamento da alvenaria, e do
micro-betão e da argamassa bastarda das soluções de reforço (cujos resultados se comparam
no ponto 4.6.4) e (ii) alguns conceitos retirados de bibliografia especializada.

No que diz respeito à alvenaria, os mecanismos de degradação, sobretudo física e mecânica,


promovidos pela água resultam do movimento desta no interior dos elementos estruturais
(fundações e paredes) desde o interior da parede até à superfície, onde evapora. Na secção 3.8
descreveram-se os mecanismos de ascensão de água por capilaridade e de formação de
eflorescências e criptoflorescências.
A degradação física corresponde a fenómenos de desagregação, devidos à lavagem dos finos
da argamassa de assentamento e às reacções expansivas que acompanham a cristalização dos
sais “transportados” pela água, no interior e à superfície da alvenaria. Estes sais são,
principalmente: (i) cloretos, existentes sobretudo em ambientes marítimos; (ii) nitratos,
comuns em zonas próximas de criações de animais e (iii) sulfatos, próprios de solos argilosos
e zonas agrícolas, ou presentes nos materiais de construção (como o gesso).
As reacções expansivas podem originar fenómenos de desagregação no interior da alvenaria
ou na interface alvenaria-lâmina de reforço, com implicações directas na redução da resistência
mecânica global e nas condições de durabilidade. A progressão dos danos é agravada se o
fenómeno tiver características de sazonalidade (alternância de estações secas e húmidas).
A circunstância do coeficiente de PVA do micro-betão das lâminas de reforço das soluções
IIB e III ser da ordem de 20% do da argamassa de assentamento (fig. 4.65), relacionada com a
menor porosidade aberta do micro-betão daquelas soluções, face à da argamassa de
assentamento, na ordem dos 64% (fig. 4.63), contribui para a permanência da humidade na
alvenaria durante mais tempo, traduzindo-se num factor de redução das exigências de
habitabilidade, ao baixar as condições de isolamento térmico das paredes (exteriores), ao
mesmo tempo que pode contribuir para os fenómenos de degradação das lâminas de micro-
betão, referidos a seguir. O facto do coeficiente de absorção de água por capilaridade do
199
micro-betão das soluções de reforço IIB e III, ser cerca de 13% do da argamassa de
assentamento (fig. 4.64), tem como resultado uma menor absorção de humidade por unidade
de tempo, face à argamassa de assentamento. No entanto, o menor coeficiente de PVA das
soluções IIB e III, não permite a rápida evaporação dessa humidade, nem da humidade que
ascende mais rapidamente na alvenaria, porque o menor coeficiente de PVA das lâminas de
reforço dificulta essa evaporação, como se referiu.
Da análise das características da argamassa bastarda da solução IV, pode concluir-se que o seu
comportamento se situa entre a argamassa de assentamento e o micro-betão (figs. 4.63 a 4.68).

Em relação às soluções de reforço estudadas (nomeadamente as soluções IIB e III, baseadas


na aplicação de lâminas de micro-betão), os principais aspectos de durabilidade que se podem
colocar traduzem-se na possibilidade de ocorrência de reacções expansivas de origem interna,
nas quais se englobam as reacções álcalis-agregado, e as reacções sulfáticas internas [99],
tendo como consequência a desagregação da estrutura interna do material.
As reacções álcalis-agregado mais frequentes são do tipo álcalis-sílica, que se dão na presença
de agregados contendo formas de sílica amorfa ou mal cristalizada e alguns minerais
siliciosos reactivos, podendo também ocorrer reacções álcalis-carbonato, que se desenvolvem
na presença de alguns calcários dolomíticos. As reacções álcalis-sílica apenas ocorrem no caso
de se verificarem em simultâneo as seguintes condições [99]: (i) alcalinidade suficiente nos
poros do betão; (ii) teor crítico de sílica reactiva, que pode ocorrer em godos e algumas areias e
calcários siliciosos e (iii) água em quantidade suficiente. As reacções álcalis-sílica podem
ocorrer após duas a três décadas. Para as prevenir é suficiente que uma destas condições não se
verifique. Na Especificação E461-LNEC [99] indicam-se os níveis de prevenção, em função do
ambiente de exposição à humidade e apresentam-se as medidas preventivas correspondentes.
As reacções sulfáticas de origem interna, são reacções químicas entre compostos do cimento
contendo alumina e sílica livres, e os sulfatos, com formação de sulfo-aluminatos (etringite) e
sulfo-silicatos (taumasite), que são agentes de deterioração do betão (micro-betão, neste caso).
A alumina encontra-se, designadamente, no aluminato tricálcico (C3A) que é um dos quatro
compostos principais do clinquer, e a sílica provém dos agregados. Os sulfatos (de cálcio,
magnésio, sódio e potássio) podem provir: (i) de constituintes do betão (micro-betão)
contendo sulfatos ou outros compostos que, por alteração originem sulfatos ou aluminatos [99];
(ii) de alguns materiais de construção (gesso); (iii) da alvenaria, passando para os materiais de
reforço através do seu transporte pela água, inerente ao mecanismo da ascensão de água por
capilaridade, ou (iv) do solo de fundação (solos argilosos, solos agrícolas), segundo o mesmo
mecanismo [12, 35, 54, 71, 160]. A degradação química originada pela presença dos sulfatos
200
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

leva à perda sucessiva da capacidade resistente do micro-betão, porque as reacções expansivas


que acompanham ao fenómeno da cristalização, conduzem à desagregação interna do material e,
portanto, à sua degradação mecânica. Para que as reacções sulfáticas internas se desenvolvam são
necessárias as seguintes condições: (i) temperaturas elevadas do betão jovem; (ii) teores críticos
de álcalis, SO3 e C3A do cimento; (iii) água em quantidade suficiente e (iv) hidróxido de cálcio
na solução dos poros do betão em quantidade suficiente. As reacções sulfáticas de origem
interna manifestam-se após cerca de uma década. Para as prevenir é suficiente que uma destas
condições não se verifique. Na Especificação E461-LNEC [99] indicam-se os níveis de prevenção
e as medidas preventivas correspondentes, em função do ambiente de exposição à humidade.

Outro mecanismo que pode condicionar a durabilidade do micro-betão armado é a despassivação


das armaduras, principalmente se estas forem utilizadas sem protecção anti-corrosiva. Esta
situação é mais gravosa, no caso do betão armado com armaduras ordinárias [137], sem a referida
protecção, resumindo-se em seguida as principais causas deste mecanismo.
A despassivação das armaduras (conduzindo à sua destruição pela redução da alcalinidade da
película passiva que impede a dissolução do ferro das armaduras) resulta essencialmente da
carbonatação do betão (ambientes poluídos) e da penetração de cloretos (ambientes marítimos).
A carbonatação consiste na reacção do dióxido de carbono do ar com os compostos cálcicos
do betão, nomeadamente o hidróxido de cálcio, segundo a reacção química representada pela
expressão 3.3. Com o avanço da profundidade de carbonatação, o hidróxido de cálcio da pasta
de cimento hidratado vai-se transformando em carbonato de cálcio, com redução do pH, desde
valores iniciais de cerca de 12,5 (betão são) para valores inferiores a 9 (carbonatação total).
Nestas condições (redução da alcalinidade), o fenómeno da “passivação” das armaduras, que
se verifica para valores de pH>12,5 e se traduz na formação de uma película microscópica de
cerca de 10nm (10-9 m) de espessura que impede a dissolução do ferro, deixa de se verificar,
proporcionando o início da sua corrosão (desencadeada pela humidade e pelo oxigénio) [55].
Em relação à penetração de cloretos para o interior do betão (pasta cimentícea), esta pode
ocorrer nomeadamente por difusão (diferenças de concentração de cloretos), ou por absorção de
água com cloretos, por sucção capilar ou através de fissuras. O betão possuí capacidade química e
física de fixar alguns iões cloreto, sobretudo nas reacções entre estes e o aluminato tricálcico ou o
silicato de cálcio hidratado, mas os iões livres poderão levar à corrosão das armaduras. Os betões
com cimentos de elevado teor de C3A têm maior capacidade de fixação dos cloretos, através da
reacção de formação do cloroaluminato (sal de Friedel). Se o betão se encontra carbonatado,
os iões cloreto até então combinados, passam a ficar livres, aumentando a sua concentração e
assim o risco de corrosão das armaduras. A ferrugem resultante da corrosão das armaduras

201
tem um volume superior ao do aço, conduzindo por essa razão, e invariavelmente, ao destaque
da camada de recobrimento 15).

Pelo exposto, e tendo em conta a grande divulgação de soluções de reforço estrutural de


edifícios de alvenaria ordinária com recurso a elementos de micro-betão ou betão armados,
preconizam-se as seguintes medidas ou recomendações adicionais, a definir em fase de projecto,
conjuntamente com a prescrição de soluções de reforço deste tipo: (i) medidas relacionadas
com os tipos de cimentos utilizados; (ii) medidas que impeçam ou dificultem o contacto da
água com os elementos estruturais e (iii) medidas de protecção das armaduras.
No primeiro grupo de medidas inclui-se a utilização de cimentos Portland do tipo III (com escórias)
ou do tipo IV (cimentos pozolânicos), em detrimento do cimento Portland tipo I (cimento com
95% de clinquer) [85]. Os cimentos compostos dos tipos III e IV minimizam em muito o problema
(pela reduzida presença de C3A), mas não o eliminam, uma vez que não são completamente
imunes ao ataque dos sulfatos [54, 85]. Segundo a Especificação E464-LNEC [100], apenas
poderão ser utilizados cimentos do tipo I com teor de C3A inferior a 5%, o que pressupõe a
utilização de adições de modo a reduzir o teor de C3A para valores inferiores àquele (5%).
O melhor comportamento dos cimentos tipo III e tipo IV resulta de na sua composição possuírem,
em relação ao cimento tipo I, um menor teor de clinquer e, por conseguinte, de C3A.

As medidas destinadas a impedir ou dificultar o contacto da água com os elementos estruturais


podem ser concretizadas da seguinte forma: (i) limitando ou evitando a possibilidade da entrada
da humidade ascendente do solo, através da verificação do nível freático do local de
implantação do edifício a reforçar, e promovendo, se necessário, o seu abaixamento através de
um adequado sistema de drenagem. Desta forma evita-se o contacto da água com as
fundações, e por conseguinte o mecanismo de ascensão de água por capilaridade ilustrado na
fig. 3.31, sem o que a acção dos sais não se faz sentir, como se referiu, e (ii) recorrendo a
revestimentos adequados que impeçam a absorção de água pela superfície das lâminas de
reforço, cuja manutenção deve ser assegurada ao longo do tempo, e à criação de barreiras
horizontais de impermeabilização da alvenaria, nas situações em que o abaixamento do nível
freático seja de difícil implementação ou em que se pretenda uma garantia adicional da
eliminação da humidade ascendente do solo.
_______________
15)
No caso do betão armado, a espessura mínima de recobrimento da armadura tem como intuitos,
entre outros, retardar a despassivação das armaduras pela acção do dióxido de carbono do ar
(reacção de carbonatação) e protegê-las da acção dos sais, nomeadamente dos cloretos [71, 83].

202
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Os produtos químicos que podem ser utilizados na impermeabilização das lâminas de reforço
são as resinas de silicones, constituídas por silanos e siloxanos que, aplicadas por
pulverização, promovem a protecção superficial. São eficazes em materiais como betão,
argamassas cimentíceas e bastardas, na protecção contra a humidade proveniente do exterior
(chuva incidente). Na criação de barreiras horizontais de impermeabilização da alvenaria
podem utilizar-se produtos impermeabilizantes ou hidrófobos em furos previamente abertos
para o efeito. Os produtos mais utilizados são as resinas de estearato de alumínio ou de zinco
[3], as quais tendem a diminuir a humidade proveniente do interior (humidade ascendente por
capilaridade).

Como medidas de protecção das armaduras metálicas, estas devem ter protecção anti-corrosiva
e deve ser sempre garantida a espessura mínima de recobrimento, em função das classes de
exposição ambiental [36, 83, 100]. A fibra de vidro deve ter protecção anti-alcalina (contra os
alcalis do cimento).

4.6 – Comentários ao Capítulo IV

Descreveram-se as soluções de reforço aplicadas aos muretes e caracterizaram-se os materiais


constituintes dessas soluções, em relação a algumas propriedades físicas e mecânicas.
A caracterização física teve como objectivo apreciar alguns aspectos relacionados com a
durabilidade da alvenaria / soluções de reforço, centrando-se na avaliação do comportamento
das lâminas de micro-betão e de argamassa bastarda perante a humidade. A caracterização
mecânica dos materiais constituintes das soluções de reforço, pretendeu ajudar a interpretar o
comportamento experimental dos muretes reforçados, durante os ensaios mecânicos.
Em seguida tecem-se alguns comentários sobre as soluções de reforço adoptadas.

4.6.1 – Sobre o confinamento transversal dos muretes (soluções I a IV)

Tendo presente as soluções de reforço estudadas, baseadas na utilização de lâminas de micro-


betão e de reboco armadas, o confinamento transversal surge como um meio de melhorar o
desempenho estrutural dos muretes reforçados, ao ajudar a mobilizar as resistências
mecânicas dos materiais usados. O modo de realização do confinamento pode ter uma grande
influência no desempenho de soluções do tipo das adoptadas neste trabalho, conforme se pode
constatar na diferença de comportamento entre as pregagens, que proporcionam um
confinamento transversal descontínuo ou parcial da alvenaria, e os conectores, que promovem

203
um confinamento contínuo ou total. No caso da solução IV foi notório que, para além do
confinamento transversal da alvenaria, o sistema de cosedura adoptado, necessário para
garantir o comprimento de amarração dos fios de aço zincado, contribuiu também para a
melhoria de ductilidade de alguns muretes.
Deve referir-se, no entanto, a dificuldade e até, por vezes, a impossibilidade, que pode haver na
abertura dos furos transversais (horizontais ou inclinados), para a realização do confinamento
transversal. Considera-se, todavia, que, face aos resultados obtidos (Capítulos V e VI), a sua
realização deve ter um carácter obrigatório sempre que a solução de reforço prescrita se baseie na
utilização de lâminas de micro-betão projectado ou de rebocos armados. O afastamento dos
elementos de confinamento em qualquer direcção, não deve, em princípio, ser superior à
espessura da parede. Por outro lado, são sempre preferíveis os conectores às pregagens, uma
vez que estas perdem eficácia a partir do momento em que se inicia a desagregação da
alvenaria, o que é frequente durante as acções sísmicas. No entanto, quando as condições
locais não permitirem a execução de conectores, como é o caso das paredes meeiras, as
pregagens devem atingir a maior profundidade possível.

4.6.2 – Sobre as lâminas de micro-betão, armadas com rede metálica

Os provetes obtidos por carotagem ou corte dos “cubos grandes” representaram com boa
aproximação o material aplicado, tendo-se como situação óptima o caroteamento ou o corte do
próprio micro-betão aplicado nos muretes.
Nas determinações do módulo de elasticidade secante e da resistência à compressão nos
provetes carotados é notória a influência da direcção de aplicação da carga nos resultados em
relação à direcção de enchimento dos moldes (estratificação), justificando o caroteamento nas
duas direcções ortogonais. Contrariamente ao desejado, verificou-se uma discrepância de
resistências entre as 1ª e 2ª camadas de micro-betão da solução III, e entre estas e a solução
IIB. Esta situação, contudo, não altera do ponto de vista qualitativo a diferença de
comportamentos dos muretes da solução III em relação aos restantes, sendo a repercussão do
ponto de vista quantitativo face aos valores obtidos, percentualmente baixa.
As dificuldades de realização do ensaio de aderência ao suporte da solução IIB, devido
nomeadamente à irregularidade superficial da alvenaria, levaram a que este não fosse repetido
nas soluções III e IV. Apreciando os resultados do ensaio efectuado, pode dizer-se que as roturas
nos planos de colagem se deveram: (i) ao refechamento das paredes das incisões, levando ao
descolamento (parcial) das pastilhas metálicas coladas ao micro-betão; e/ou (ii) a deficiente
colagem das pastilhas metálicas, apesar da regularização superficial efectuada no micro-betão.

204
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

No ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução III, um dos tubos de Carsten
utilizados (tubo 1), apresentou valores muito diferentes dos restantes desta solução e da
solução IIB, figs. 4.53 e 4.56. Como todas as superfícies foram igualmente limpas antes da
fixação dos tubos, esta diferença pode ser justificada pela alteração local da superfície, durante
a referida fixação, não parecendo provável que resulte da alteração da composição do material,
uma vez que o método de aplicação e a proximidade dos tubos exclui esta hipótese.
Os aspectos de durabilidade, nomeadamente das soluções IIB e III (tendo como ligante o
cimento) requerem uma atenção cuidada na escolha do tipo de cimento a utilizar e na tomada
de medidas que minimizem o contacto da água com os materiais de reforço e assim evitem a
sua degradação química, resultante da possibilidade dos sais (sulfatos) reagirem na presença da
água, originando compostos químicos sem a qual não se formariam [2] (etringite e taumasite).
Por outro lado, deve atender-se às condições de protecção da malha metálica, minimizando os
efeitos da carbonatação do micro-betão e da acção dos cloretos. A malha deve ter uma
protecção anti-corrosiva e deve garantir-se o recobrimento mínimo especificado na
normalização aplicável [36, 83, 100]. Como referência, a espessura mínima das lâminas de
micro-betão deve ser, pelo menos, igual ao dobro do recobrimento mínimo necessário.
Estas soluções de reforço estrutural de edifícios (excluindo os edifícios históricos e monumentais)
são muito divulgadas no meio técnico nacional, tendo sido referidos nos Capítulos I e II
alguns exemplos de aplicação.

4.6.3 – Sobre o reboco de argamassa bastarda, armada com rede de fibra de vidro

As redes de fibra de vidro têm sido utilizadas essencialmente como armaduras de argamassas
de revestimento, para melhorar a sua resistência à fendilhação (e nalguns casos ao choque).
Neste trabalho foram utilizadas como elementos de reforço estrutural, incorporadas num
reboco de argamassa bastarda, aplicado em duas camadas, cuja espessura, da ordem de 3 cm, é
compatível com os valores máximos admissíveis para os rebocos tradicionais, face a aspectos
arquitectónicos de acabamento das fachadas, como sejam as saliências das cantarias dos vãos
em relação aos paramentos das paredes. Ou seja, a reduzida espessura do reboco permite a sua
aplicação em paramentos exteriores de paredes exteriores, após a remoção da argamassa
existente, uma vez que não se sobreporá àqueles elementos arquitectónicos. Interessa, todavia,
salvaguardar o facto de a fibra de vidro ser atacada pelos álcalis do cimento, podendo levar à
sua degradação ao longo do tempo, traduzida em perda acentuada de resistência à tracção e de
extensão na rotura. Neste sentido, e estando subjacente a esta solução de reforço a utilização
de argamassas bastardas, em que um dos ligantes é o cimento, importa garantir que a rede de

205
fibra de vidro a aplicar tenha a necessária protecção anti-alcalina [47, 51], normalmente obtida
com o revestimento das fibras por uma resina acrílica ou por um revestimento da rede com PVC,
sendo que a primeira das soluções parece revelar um melhor comportamento a longo prazo.
Esta solução de reforço apresenta uma boa compatibilidade química e física com o suporte,
devido às características dos materiais utilizados em relação à argamassa de assentamento.
Naturalmente, o desempenho da solução não se deve à argamassa bastarda (cuja resistência
média à compressão de 4,5 MPa, não justifica os resultados obtidos nos ensaios dos muretes),
nem ao facto das lâminas de reboco apoiarem na base de ensaio, mas antes à forma como a
alvenaria foi “cosida”. O sistema de cosedura da alvenaria, permitiu diminuir bastante a espessura
geralmente ocupada pelas chapas de ancoragem e porcas nas extremidades dos conectores. O
confinamento transversal poderá ainda ser melhorado com a utilização de chapas de ancoragem
(sem porca) entre as dobras dos fios de aço zincado, à saída dos furos, e a primeira camada de
reboco, em detrimento do reforço local com a rede de fibra de vidro, fig. 4.36 - imagens 6 a 8.
De acordo com os ensaios de caracterização efectuados, a argamassa bastarda, embora
produzida em ambiente de obra, apresentou características semelhantes às produzidas em
condições laboratoriais [92], com excepção da resistência mecânica, que foi um pouco superior.
Do ponto de vista do comportamento à humidade, a solução apresenta um desempenho muito
favorável, pois permite a evaporação de água de forma mais célere do que as soluções com
lâminas de micro-betão projectado, como se verifica nos resultados do ensaio de permeabilidade
ao vapor de água. Os aspectos de durabilidade estão melhor salvaguardados com a solução
IV, pelo tipo de argamassa usada, e pela maior proximidade de características físicas entre o
reforço e a alvenaria, nomeadamente no que refere à porosidade e aos coeficientes de
permeabilidade dos materiais (tabela 4.36). Contudo, apenas deve ser usada malha de fibra de
vidro com protecção contra os álcalis do cimento, como se referiu, e os fios de aço utilizados
no confinamento da alvenaria devem possuir protecção anti-corrosiva por, contrariamente ao
micro-betão, a argamassa bastarda não garantir idênticas condições de passivação das
armaduras nela embebidas.

4.6.4 – Síntese de características comparáveis dos materiais de construção e de reforço


dos muretes

Na tabela 4.36 faz-se uma síntese das características comparáveis da argamassa de assentamento
da alvenaria, das lâminas de micro-betão (soluções IIB e III) e do reboco de argamassa
bastarda (solução IV). Na análise destes valores deve ser salvaguardada a diferença de idades
entre algumas amostras (impossível de ter sido evitada, nas condições de realização do trabalho).

206
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

Tabela 4.36 - Características comparáveis da argamassa de assentamento da alvenaria e do


micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço dos muretes
Características físicas Características mecânicas
Solução de Massa vol. Abs. água por Resistência Resistência à Módulo Elast. [MPa]
Porosidade PVA
reforço Aparente (1) Capilaridade à flexão compressão
3 Aberta [%] [kg/m.s.Pa]
[kg/m ] [kg/m2.h1/2] [Mpa] [MPa] Dinâmico Secante
Provetes
de Refº(2)

moldados 1742,9 32,7 15,4 (5) 18,61×10-12 (7) 0,32 (6) 0,58 (6) 2422 (6) 63
Mur.

Argamassa
dos muretes 1807,0 26,9 -- -- -- -- -- --
-12
1ª camada -- -- 3,1 4,40×10 -- 31,8 24600
-12
IIB 2ª camada -- -- 1,6 3,76×10 -- 40,2 31200
3 -12 4
Média 2132,3 18,8 2,4 ( ) 4,08×10 -- 36,0 ( ) 27900
--
1ª camada -- -- 1,3 2,74×10-12 -- 60,4 37500
-12
III 2ª camada -- -- 1,7 3,79×10 -- 41,7 30900
3 -12 4
Média 2232,3 15,8 1,5 ( ) 3,27×10 -- 51,1 ( ) 34200
1ª camada -- -- 13,1 16,82×10-12 1,14 4,6 5460 483
-12
IV 2ª camada -- -- 14,1 15,43×10 1,30 4,5 5813 385
-12
Média 1892,2 27,9 13,6 16,13×10 1,22 4,5 5637 434
1
( ) – Pelo método da pesagem hidrostática, sobre amostras extraídas dos próprios muretes
(2) – Ensaios relativos à argamassa de assentamento
(3) – Em provetes cortados do “tipo B” (fig. 4.52) que, tendo em atenção o método de aplicação, melhor simulam o contacto
entre as lâminas de micro-betão e a humidade ascendente do solo
(4) – Em provetes carotados do “tipo B” (fig. 4.52)
(5) – Último valor determinado (aos 733 dias, tabela 3.14)
(6) – Valor determinado durante os ensaios dos muretes de referência (média dos provetes P19-20-21 e P43-33-45, tab. 3.17 e 3.18)
(7) – Último valor determinado (aos 1072 dias, tabela 3.16)

Nas figs. 4.63 a 4.68 comparam-se dos valores de porosidade aberta [%], coeficiente de
absorção de água por capilaridade [kg/m2.h1/2], permeabilidade ao vapor de água [kg/m.s.Pa],
absorção de água sob baixa pressão, resistência à tracção por flexão [MPa], resistência à
compressão [MPa] e módulo de elasticidade secante [MPa], procurando estabelecer as
principais diferenças entre as características da alvenaria e os materiais de reforço dos muretes.

40
Porosidade aberta [%]

32,7

30 27,9
26,9

18,8
20
15,8

10

0
Solução IV
Solução IIB
moldados)

Sollução III
Mur. Ref.
Mur. Ref.

(muretes)
(provetes

Fig. 4.63 - Comparação entre os valores de porosidade aberta da argamassa de assentamento


e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço dos muretes
207
30

Coef. Capilaridade [kg/m 2 . hor 1/2]


20

15,4
13,6

10

2,4
1,5

Solução IV
Solução IIB
moldados)

Sollução III
Mur. Ref.
(provetes

Fig. 4.64 - Comparação entre os valores do coeficiente de absorção de água por capilaridade
da argamassa de assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de
reforço dos muretes

Estes valores mostram a maior velocidade de absorção por capilaridade da argamassa de


assentamento (argamassa de cal aérea), fruto de uma estrutura interna mais porosa.

30
Coef. PVA x 10-12 [kg/m.s.Pa]

20 18,61
16,13

10

4,08
3,27

0
Solução IV
Solução IIB
moldados)

Sollução III
Mur. Ref.
(provetes

Fig. 4.65 - Comparação entre os valores do coeficiente de permeabilidade ao vapor de água


da argamassa de assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço
dos muretes

Os resultados dos ensaios de PVA das soluções IIB e III devem ser entendidos como qualitativos
devido à porosidade dos provetes, causada pela consistência seca do material, granulometria
elevada dos agregados (brita fina) e reduzida altura dos moldes (1 cm), pelo que os resultados
relativos ao material aplicado deverão ser inferiores aos apresentados. Não obstante, pode
concluir-se que, de acordo com os valores obtidos, a secagem do reboco da solução IV é mais

208
Capítulo IV – Soluções de Reforço Aplicadas nos Muretes

rápida que a das lâminas de micro-betão, limitando assim a permanência da água junto do suporte;
ou seja: as soluções IIB e III atrasam mais que a solução IV a secagem do suporte (alvenaria).

4,0

[cm 3]
3,0

2,0

1,0

0,0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600

T empo [min]

Mur. refª (~) 90 dias Mur. refª - 813 dias Mur. refª - 949 dias
Solução IIB - 158 dias Solução III - 40 dias Solução IV - 104 dias

Fig. 4.66 - Comparação gráfica dos resultados médios do ensaio de absorção de água sob
baixa pressão da argamassa de assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das
lâminas de reforço dos muretes

Na fig. 4.66 desprezou-se os resultado do tubo 1 no cálculo da média da solução III, devido à
dispersão de valores face aos tubos 2 e 3 (fig. 4.56). Ainda assim, é notória a diferença de
comportamento relativamente à solução IIB. Com base nestes resultados, pode dizer-se que as
soluções IIB e III atrasam mais que a solução IV chegada da água da chuva ao suporte (alvenaria).
Porém, conjugando esta conclusão com o referido acerca dos ensaios de permeabilidade ao vapor
de água (PVA), pode-se concluir que a argamassa bastarda da solução IV apresenta uma maior
compatibilidade física com a alvenaria, na medida em promove mais rapidamente a sua secagem.

60
Resist. à compressão [MPa]

51,1
50

40 36,0

30

20

10
4,5
0,6
0
Solução IV
Solução IIB
moldados)

Sollução III
Mur. Ref.
(provetes

Fig. 4.67 - Comparação entre os valores da resistência à compressão da argamassa de


assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço dos muretes
209
Apesar da grande diferença dos valores de resistência à compressão entre o micro-betão da
solução IIB, e a argamassa bastarda da solução IV, da ordem de 8 vezes, a diferença de
resultados dos ensaios de compressão axial dos muretes sujeitos a estes dois tipos de reforços,
foi apenas da ordem de 1,2 vezes, como se verá nos Capítulos V e VI. Nesta análise, contudo,
deve ser tido em conta que os ensaios foram efectuados em provetes diferentes: “prismáticos”
para a argamassa de assentamento e cilíndricos para a solução IIB (e III), pelo que os valores
não são directamente comparáveis. No caso do betão a resistência obtida em ensaios de
provetes cilíndricos é cerca de 83% da obtida em provetes cúbicos [36].
Esta situação, no entanto, não altera a comparação efectuada para os materiais utilizados no
presente trabalho, uma vez que, face ao exposto, os resultados de resistência mecânica da
solução IIB estão apresentados por defeito, quando comparados com os resultados das
argamassas de assentamento e da lâmina de reforço da solução IV.

40000
E sec [MPa]

34200
35000

30000 27900

25000

20000

15000

10000

5000
63 434
0
Solução IV
Solução IIB
moldados)

Sollução III
Mur. Ref.
(provetes

Fig. 4.68 - Comparação entre os valores do módulo de elasticidade secante da argamassa de


assentamento e do micro-betão e da argamassa bastarda das lâminas de reforço dos muretes

Os valores do módulo de elasticidade secante indicados na fig. 4.68 apresentam também


diferenças significativas. Refira-se, contudo, que os valores do módulo de elasticidade do
micro-betão das soluções de reforço IIB e III são da ordem de grandeza dos referidos no
REBAP [137] .
Os valores obtidos não permitem estabelecer uma relação entre os módulos de elasticidade
dinâmico e secante dos provetes de argamassa de assentamento e da argamassa bastarda
utilizada na solução de reforço IV.

210
Capítulo V
ENSAIOS MECÂNICOS REALIZADOS SOBRE OS MURETES

5.1 – Introdução

Neste capítulo descrevem-se os dois sistemas de ensaios concebidos para estudar as


características mecânicas dos muretes de referência (simples) e reforçados, indicam-se as
principais fases de preparação dos muretes para a realização dos ensaios e relata-se, para cada
um deles, o comportamento mecânico observado durante os ensaios.

5.2 – Sistemas de ensaios mecânicos

Os dois sistemas de ensaios, de compressão axial e compressão-corte, foram concebidos tendo


por base as características geométricas e mecânicas dos muretes, aproveitando, numa primeira
fase, alguns equipamentos utilizados no trabalho experimental desenvolvido no âmbito de uma
tese de doutoramento recentemente concluída no DEC-FCT [159], o pórtico metálico existente
no Laboratório de Estruturas Pesadas do DEC (LabDEC) adquirido na mesma altura e, depois,
concebendo e produzindo no laboratório (ou no exterior) ou adquirindo os restantes equipamentos.
No Anexo III descrevem-se as fases de montagem dos dois sistemas de ensaio, as quais decorreram
em simultâneo com outras actividades, como a preparação e a execução dos lintéis sobre os
muretes e diversos ensaios de caracterização dos materiais de construção utilizados até então.

5.2.1 – Sistema de ensaio de compressão axial

O sistema de ensaio de compressão axial é composto por um pórtico metálico, formado por dois
pilares HEB300 e uma viga HEB450, fixa aos pilares por 8 parafusos M24 em cada extremidade.
O pórtico foi reforçado com 4 varões roscados de pré-esforço Dywidag, com diâmetro de 36 mm,
para permitir a actuação do cilindro hidráulico (macaco) em condições de segurança, na aplicação
da carga vertical sobre uma viga metálica intercalada entre o macaco e os lintéis. As extremidades
dos varões foram fixadas a duas vigas metálicas (perpendiculares à viga do pórtico) e à laje de
pavimento. Os muretes apoiavam numa base de betão armado preparada para o efeito, fig. 5.1.

211
4.31
0.15 0.17
0.99 2.00 0.99

2 células de carga 2 células de carga


(CC1 e CC2) (CC3 e CC4)

2 INP400 2 INP400
HEB450

Cilindro Viga metálica


hidráulico para distribuição
da carga vertical
HEB300

3.66
Lintel do
murete
MURETE
0,80mx1,20m(x0,40m)

Base de
apoio do
murete Base de
ensaio

0.60
Laje de pavimento

2 varões Dywidag 2 varões Dywidag


Ø36 c/2,00 m Ø36 c/2,00 m

2 varões Dywidag 2 varões Dywidag


Ø36 c/6,00 m ALÇADO POENTE Ø36 c/6,00 m

1.50
1.00
0.40

3.68

6.00
0.60

VISTA EM CORTE (dimensões em [m])


Fig. 5.1 - Representação esquemática do sistema de ensaio de compressão axial

212
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Complementarmente, foi montado um sistema de segurança que impedia a queda da viga


metálica e dos lintéis dos muretes, na fase final dos ensaios.
Para os ensaios preliminares dos muretes M47 e M46, referidos no ponto 5.4.1, foi utilizado um
macaco de 1000 kN (1 MN). Para todos os restantes foi instalado um outro com capacidade de
3 MN. No caso dos muretes menos resistentes, as cargas verticais foram medidas através de
um transdutor de carga (célula de carga) colocado entre o êmbolo do cilindro hidráulico e a
viga metálica subjacente. Para os mais resistentes foi possível adquirir quatro células de carga
com capacidade de 1 MN cada, que foram colocadas nas extremidades superiores dos varões
de reforço do pórtico (figs. 5.1 e 5.2).
A medição dos deslocamentos verticais foi efectuada através de deflectómetros (também
designados por transdutores de deslocamento ou LVDT’s, iniciais das palavras Linear Voltage
Displacement Transducer), com um curso de 100 mm e sensibilidade de 100×10-6 / mm. Estes
equipamentos foram instalados sobre um dispositivo que os permitia posicionar em qualquer
ponto acima da superfície dos lintéis.
Para a generalidade dos muretes, excepto nos da variante IIB1, foram utilizados dois
deflectómetros colocados na vertical dos pontos médios das arestas (de topo) dos lintéis; para
a variante IIB1 foram usados quatro deflectómetros colocados na vertical dos vértices dos lintéis.
Em relação aos muretes M32, M54 e M30, foi possível medir a deformação transversal ao nível
do ponto central através de um método de leitura indirecta, baseado em equipamento topográfico
com precisão de 0,1 mm, cuja descrição se faz no ponto 2 do Anexo III (fig. III.12) [112]. Os
conectores transversais dos muretes M26, M52 e M54, da solução IIB, foram instrumentados com
extensómetros eléctricos.
O primeiro macaco de 1000 kN, utilizado nos ensaios preliminares, foi accionado por uma
bomba hidráulica manual de duplo efeito, enquanto que o de 3000 kN foi sempre accionado
por uma bomba hidráulica eléctrica Enerpac GPEW 2020 WSN, de duplo efeito, com função
de load mantainer.
A informação recebida dos dispositivos de medição (células de carga, deflectómetros e
extensómetros) era centralizada num interface de ligação, conectado a um data logger, que
enviava os dados ao computador. O software utilizado para a aquisição de dados foi o
programa “Catman 4.0”, da Hottinger Baldwin Messtechnik GmbH (HBM).
Durante os ensaios, as porcas de aperto das bases do pórtico ao pavimento encontravam-se
desapertadas de forma a que a reacção à carga aplicada pelo macaco fosse transmitida apenas
aos varões de pré-esforço. Deste modo, a carga total aplicada aos muretes obtém-se
adicionando a força aplicada pelo macaco ao peso próprio de todos os equipamentos que se
encontravam acima de cada murete incluindo, nalguns casos, o pórtico (tabela 5.4).
213
Na fig. 5.2, representa-se uma vista geral do sistema de ensaio de compressão axial.

Fig. 5.2 - Aspecto do sistema de ensaio de compressão axial, no início da campanha experimental

Na fig. 5.3 representa-se de forma esquemática o posicionamento dos equipamentos de


aquisição de dados e o modo de controlo (comando) do sistema de ensaio.
Na tabela 5.1 indica-se os equipamentos utilizados em cada ensaio de compressão axial.

Fig. 5.3 - Representação esquemática do processo de aquisição de dados e controlo nos


ensaios de compressão axial
214
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

As siglas indicadas na fig. 5.3 têm o seguinte significado:

M - murete;

CC1 a CC4 - células de carga da marca HBM (Hottinger Baldwin Messtechnik GmbH), modelo
C6A, com capacidade de 1 MN cada;

CC5 - célula de carga de marca TML, tipo KC-50N, da Tokyo Sokki Kenkyujo Co., Ltd, com
capacidade de 500 kN;

D - deflectómetros (LVDT’s) para medição de deslocamentos verticais, da marca TML, modelo


CDP-1009, da Tokyo Sokki Kenkyujo Co., Ltd, com um curso de 100 mm e uma sensibilidade
de 100×10-6 / mm;

Ext - extensómetros eléctricos de resistência (de 120 Ω), da marca TML, modelo FLA-5-11;

LO - leitura óptica de deformações transversais, a meia altura dos muretes;

CH - cilindro hidráulico Enerpac RRH1006, de 1 MN (utilizado nos dois ensaios preliminares); ou


cilindro hidráulico Enerpac RRH3006, de 3 MN (nos restantes ensaios);

B - bomba hidráulica manual Enerpac P84 (utilizada nos dois ensaios preliminares) ou bomba
hidráulica eléctrica Enerpac GPEW 2020 WSN, de duplo efeito, com função de load mantainer
(nos restantes ensaios);

IL - interface de ligação;

DL - data logger da marca HBM, modelo Centípede 100 - UPM 100, com capacidade para
sessenta canais, substituído no final do trabalho por duas unidades da mesma marca, mas do
modelo Spider8, com capacidade para oito canais cada;

CP - computador portátil tendo como software para a aquisição de dados o programa


“Catman 4.0”, da HBM;

CM - comando manual do sistema de carga.

215
Tabela 5.1 - Equipamentos utilizados nos ensaios de compressão axial dos muretes
Equipamentos utilizados (2)
Solução de reforço (1) Muretes
CC1 CC2 CC3 CC4 CC5 D Ext LO CH B IL DL CP CM

Nenhuma (preliminares) 47, 46 • • • • • • • •

Nenhuma 43, 21 • • • • • • • •
(Muretes de referência) 32 • • • • • • • • •
I 41, 44, 28 • • • • • • • •
53, 51, 42 • • • • • • • • • • •
B1 - Pregagens - 1 face
30 • • • • • • • • • • • •
3
IIB B2 - Pregagens - 2 faces 22, 33, 50 ( ) • • • • • • • • • • •
26, 52 • • • • • • • • • • • •
B3 - Conectores
54 • • • • • • • • • • • • •
4
A1 - Conectores 31, 48, 49 ( )

III 5
25 • • • • • • •
A2 - Sem conectores ( ) • • •
55, 24 • • • • • • • • • • •
IV 34, 29, 27 • • • • • • • •
1
( ) – Soluções de reforço: I - conectores transversais de confinamento (isolados); IIB - micro betão armado com
malha metálica, sem apoio na base; III - micro betão armado com malha metálica, com apoio na base; IV - argamassa
bastarda, armada com rede fibra de vidro; (2) – de acordo com as siglas da fig. 5.3; (3) – M50 não foi ensaiado por
motivo de queda; (4) – Muretes não ensaiados por razões de segurança do sistema de ensaio; (5) – sendo a única
variante da solução III a ser ensaiada, foi designada genericamente por “solução III”, em vez de “solução IIIA2”
(fig. 4.28), como sucedeu com a solução IIB (fig. 4.19).

5.2.2 – Sistema de ensaio de compressão-corte

O sistema de ensaio de compressão-corte, fig. 5.4, é um pouco mais complexo que o anterior,
não só pela sua configuração, mas também pelo maior número de elementos de controlo em
cada ensaio, como sejam o processo de aplicação das cargas, a sua instrumentação e a própria
gestão das fases do ensaio: a primeira correspondente à aplicação das cargas verticais e a segunda
à imposição dos deslocamentos horizontais. O sistema consta de uma base de apoio dos muretes
com uma altura máxima de 0,50 m e dimensões em planta de 2,32 m × 0,60 m, com duas
reentrâncias superiores, perpendiculares às arestas maiores, para permitir a colocação dos muretes,
utilizando a ponte rolante do Laboratório. Esta base de ensaio foi preparada para a realização de
três tipos de ensaios diferentes (monotónicos, cíclicos ou alternados), dispondo de duas
saliências de travamento das bases dos muretes durante o avanço ou o recuo do actuador.
Sobre os lintéis apoiava uma viga metálica, designada por “viga metálica superior”, que transmitia
as forças verticais impostas por dois cilindros hidráulicos Enerpac RRH306 de 300 kN cada,
colocados sobre ela e ligados à base de ensaio por dois varões de pré-esforço Dywidag, fixos
a um eixo transversal. Os cilindros eram accionados pela bomba hidráulica eléctrica Enerpac
GPEW 2020 WSN, de duplo efeito, com função de load mantainer referida no ponto anterior.

216
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

1.48 2.37 1.20

2 células de carga
(CC1 e CC2) 2 cilindros
Parede de reacção
hidráulicos
Actuador mecânico
Sistema de segurança
de parafuso
contra a queda dos linteis
2 UPN140 Rótula Viga metálica para
2 varões Dywidag distribuição da carga vertical
Ø265 c/0,50 m

Lintel do murete
CC3
MURETE
2 varões Dywidag 1,20mx1,20m(x0,40m)
Ø265 c/2,00 m Dispositivo de
Base de apoio
do murete imobilização da base
Dispositivo de imobilização principal de ensaio
da base principal de ensaio, para movimentos
2 varões Dywidag
para movimentos horizontais verticais
Ø265 c/6,00 m

Base
Rótula de ensaio

Laje de pavimento
2 varões Dywidag 2 varões Dywidag
Ø36 c/2,00 m Ø36 c/2,00 m

0.60 5.82

ALÇADO POENTE

2 varões Dywidag
Ø265 c/3,60 m
3.08
2.00

0.60

1.00

ALÇADO SUL
(dimensões em [m])

Fig. 5.4 - Representação esquemática do sistema de ensaio de compressão-corte

217
Nos ensaios de compressão-corte a função de load mantainer da bomba hidráulica foi essencial,
uma vez que permitia manter a carga vertical “constante”, enquanto o actuador mecânico de
parafuso impunha os deslocamentos horizontais ao nível dos lintéis dos muretes, através de um
conjunto de peças metálicas rotuladas, fixas à viga metálica superior e ligadas ao actuador.
Para evitar a danificação por flexão dos varões de pré-esforço, além do eixo transversal
existente na base de ensaio, foi criada uma rótula sobre a viga metálica superior, que permitia
a rotação da viga de apoio dos cilindros. Os muretes e a viga metálica superior eram alinhados
segundo o eixo longitudinal do actuador através de um dispositivo criado para o efeito.
As cargas verticais eram medidas por duas células de carga Microtest MT KCM/300, de 300 kN
cada (CC1 e CC2), colocadas nos varões de pré-esforço, acima dos macacos, presas com
chapa de ancoragem contra as porcas dos varões. As cargas horizontais resultantes dos
movimentos impostos pelo actuador eram medidas por uma célula de carga da TML TCLP-20B,
com capacidade de ± 200 kN (CC3), colocada no “braço” articulado de ligação entre o actuador
e a viga metálica superior solidarizada aos lintéis dos muretes. Os deslocamentos foram
medidos por sete deflectómetros: quatro para leitura dos deslocamentos verticais (D3 a D6) e
três para os horizontais (D1, D2 e D7). Os deflectómetros D1 a D6 eram iguais aos referidos
no ponto anterior e foram instalados sobre um dispositivo, criado para o efeito, que os permitia
posicionar em qualquer ponto acima da viga metálica superior ou lateralmente aos lintéis. D7
era um deflectómetro “de fio”, com um curso de 500 mm e uma sensibilidade de 10×10-6 / mm,
ligado a um ponto fixo do actuador e à extremidade móvel, “conectada” à viga metálica superior.
A informação recebida das células de carga, deflectómetros e extensómetros era recebida por
um interface de ligação conectado ao data logger, que enviava os dados ao computador com o
software referido no ponto anterior.
Complementarmente ao sistema de ensaio, foi montada uma estrutura metálica reticulada,
para segurança de pessoas e equipamentos, durante a realização dos ensaios e todo o restante
trabalho experimental. Este dispositivo de segurança aplicado a todos os muretes ensaiados,
impedia a queda da viga metálica superior e dos lintéis, à qual eram fixos através de duas
vigas metálicas curtas colocadas nos topos dos lintéis, apertadas com dois varões roscados e,
por sua vez, ligadas à viga metálica superior por varões roscados.

Tal como nos ensaios de compressão axial, também aqui foi possível medir a deformação
transversal ao nível do ponto central dos muretes M12, M17 e M18, 0,60 m acima das bases
de apoio, através do mesmo processo de leitura indirecta [112].
Os conectores transversais do murete M18 (solução de reforço IIB3) foram instrumentados
com extensómetros.

218
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.5 mostra-se o aspecto do sistema de ensaio de “compressão-corte”, no início da


campanha experimental, o qual se manteve até ao final dos ensaios.

Fig. 5.5 - Aspecto do sistema de ensaio de compressão-corte, no início da campanha experimental

Na fig. 5.6 identificam-se esquematicamente os equipamentos de aquisição de dados e de


controlo e, na tabela 5.2, indica-se o modo de utilização destes equipamentos em cada murete.

Fig. 5.6 - Representação esquemática do processo de aquisição de dados e controlo nos


ensaios de compressão-corte sobre os muretes

219
O significado das siglas indicadas na fig. 5.6 é o mesmo do referido na fig. 5.3, com as
seguintes alterações:

AM - actuador mecânico de parafuso com capacidade para aplicação de cargas horizontais


até ± 500 kN e deslocamentos horizontais até 400 mm (– 200 mm a + 200 mm);

CH1, CH2 - dois cilindros hidráulicos Enerpac RRH307, de 300 kN cada;

CC1, CC2 - duas células de carga Microtest MT KCM/300 (CC1 e CC2), de 300 kN cada;

CC3 - célula de carga TML TCLP-20B (CC3), com capacidade de ± 200 kN;

D - seis deflectómetros eléctricos indutivos (D1 a D6);

D7 - deflectómetro (de fio) para medição do avanço e recuo do actuador, com um curso de
500 mm e uma sensibilidade de 10×10-6 / mm;

Tabela 5.2 - Equipamentos utilizados nos ensaios de compressão-corte dos muretes


1
Equipamentos utilizados (2)
Solução de reforço ( ) Muretes
CC1 CC2 CC3 D, D7 Ext LO CH B AM IL DL CP CM

Nenhuma 20, 5 • • • • • • • • • • •
(Muretes de referência) 12 • • • • • • • • • • • •
15, 16 • • • • • • • • • • •
IIB3
18 • • • • • • • • • • • • •
10, 13 • • • • • • • • • • •
I
17 • • • • • • • • • • • •
IV 14, 19, 11 • • • • • • • • • • •
1
( ) - Soluções de reforço (segundo a ordem dos ensaios): IIB3 - micro-betão armado com malha metálica e conectores
transversais, sem apoio na base; I - conectores transversais de confinamento (isolados); IV - argamassa bastarda,
armada com rede fibra de vidro e confinamento transversal; (2) – de acordo com as siglas da fig. 5.6.
Os muretes da solução III (M3, M4 e M7 - micro betão armado com malha metálica, com apoio na base) não
foram ensaiados por razões de segurança do sistema de ensaio.

A opção pelo sistema de ensaio representado nas figs. 5.4 e 5.5, em detrimento de outro,
utilizado em diversos trabalhos experimentais, caracterizado pela aplicação de cargas verticais
sobre provetes com os eixos de simetria inclinados, geralmente a 45º [129, 154, 179], resultou
dos seguintes factores: (i) as elevadas massas e dimensões dos muretes; (ii) a sua constituição,
nomeadamente dos muretes de referência, que desaconselhava a colocação naquela posição,
uma vez que corriam o risco de destruição antes dos ensaios e (iii) o facto de o sistema

220
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

adoptado permitir separar as componentes vertical e horizontal das cargas (ou forças) aplicadas
aos muretes.
Na fig. 5.7 representa-se uma vista superior do Laboratório de Estruturas pesadas do DEC-FCT
(LabDEC), após a conclusão da montagem dos dois sistemas de ensaio.

(1) - sistema de ensaio de compressão axial; (2) - sistema de ensaio de compressão-cortre


Fig. 5.7 - Vista superior e localização esquemática (em planta) dos dois sistemas de ensaio no
Laboratório de Estruturas Pesadas do DEC (LabDEC), no início do trabalho experimental

5.3 – Preparação final dos muretes

Antes do início dos ensaios de compressão axial e compressão-corte, cada murete era sujeito a
uma última preparação, que abrangia os procedimentos P1 a P7 a seguir indicados, tendo em
vista a realização do ensaio sem perturbações que pudessem afectar os resultados, para além
da pesagem de todos os muretes (de referência e reforçados) efectuada antes de cada ensaio:

P1 - Regularização das superfícies superiores dos lintéis dos muretes de referência e da


solução de reforço I (conectores metálicos transversais), tendo em vista a eliminação de
eventuais “saliências” deixadas aquando da betonagem, garantindo dessa forma um adequado
apoio das vigas metálicas superiores durante os ensaios, fig. 5.8.
221
Fig. 5.8 - Regularização das superfícies superiores dos lintéis dos muretes de referência e da
solução de reforço I, antes da sua colocação nos sistemas de ensaio

P2 - Regularização da superfície formada pelas faces superiores dos lintéis e das lâminas de
reforço das soluções IIB, III e IV (para apoio das vigas metálicas de distribuição das cargas),
que raramente ficava plana ou nivelada. Esta regularização consistia na aplicação de uma
camada de pequena espessura, em média de 1,5 a 2 cm, de um grout (Bettogrout ou Sikagrout
[59,174]), armada com malha electro-soldada e/ou de metal distendido (esta última sobrante
das soluções de reforço), sobre a qual apoiavam as vigas metálicas dos sistemas de ensaio,
fig. 5.9. Antes da colocação dos muretes nos sistemas de ensaio, as superfícies superiores
destas camadas de regularização eram sujeitas a um procedimento de regularização semelhante
ao representado na fig. 5.8.

1 - aspecto antes da regularização; 2 - armaduras em zona corrente e sobre a interface (vista de cima); 3 - aplicação
do material de regularização; 4 - aspecto final da superfície de apoio da viga metálica superior
Fig. 5.9 - Aspecto dos lintéis antes e depois da regularização superior, nos muretes reforçados
com lâminas de micro-betão (exemplo para a solução de reforço III)

222
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.10 representam-se as dimensões finais (médias) dos muretes de referência e das
soluções de reforço I e IIB; e na fig. 5.11 as dimensões médias dos muretes das soluções III e
IV, após estas últimas regularizações.

Muretes de referência

Solução I - muretes reforçados com conectores metálicos transversais

Solução IIB - muretes reforçados com lâminas de micro-betão e confinamento transversal, sem apoio na base
(exemplo para a solução de reforço IIB3)

Fig. 5.10 - Dimensões médias dos muretes de referência e das soluções de reforço I e IIB

223
Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão, sem confinamento transversal, com apoio na base

Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda, com confinamento transversal, com apoio
na base

Fig. 5.11 - Dimensões médias dos muretes pertencentes às soluções de reforço III e IV

P3 - Limpeza, no caso das soluções IIB e III, do micro-betão que apesar do fechamento das
juntas entre os muretes durante a sua aplicação (figs. 4.10 e 4.25), existia nas faces laterais,
nomeadamente nas juntas de argamassa, fig. 5.12.

Fig. 5.12 - Limpeza das faces laterais dos muretes reforçados com micro-betão (soluções IIB e III)
224
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

A tonalidade cinzenta que se observa nas faces laterais dos muretes representados na fig. 5.12
deve-se, na sua quase totalidade, a material aderente às pedras que só poderia sair percutindo-as,
o que não foi feito para evitar a sua vibração e consequente “separação” (perda) de argamassa
de assentamento.

P4 - No decurso do ensaio de compressão axial do primeiro murete da solução IIB (M22),


verificou-se que as duas cantoneiras metálicas (L50×50) fixas à base do murete se movimentaram
em relação às suas posições iniciais (devido ao abaixamento das lâminas de micro-betão),
funcionando como apoio parcial, sendo impossível quantificar o seu contributo para a
resistência total da solução de reforço, conforme nota 19) (pág. 275).
Por esta razão, após o ensaio de M22 foram removidas todas as cantoneiras metálicas dos
restantes muretes desta solução de reforço, tanto para os ensaios de compressão axial como
para os de compressão-corte, fig. 5.13.

1 - aspecto da base do murete com uma das cantoneiras metálicas; 2 - remoção da cantoneira (fixa com 3 varões
roscados e porcas M12, nos muretes pequenos, e com 4 nos grandes); 3 - corte das extremidades dos varões
roscados; 4 - aspecto da base do murete sem a cantoneira e os respectivos pontos de fixação

Fig. 5.13 - Remoção das cantoneiras metálicas L50×50 das bases dos muretes da solução de
reforço IIB (exemplo para um murete grande)

P5 - Nas soluções de reforço III e IV (lâminas de micro-betão e reboco de argamassa bastarda,


ambas com apoio na base), cujas forças de rotura eram previsivelmente “grandes”, procedeu-se
ao preenchimento das juntas entre as faces inferiores das lâminas de reforço e as bases de
ensaio, com resina epoxídica de secagem rápida (Anchorfix 1 da Sika [174]), eliminando as
folgas existentes.
Além disso, preencheram-se as reentrâncias das bases de ensaio com chapas metálicas, para
uma melhor distribuição das tensões sobre as bases, fig. 5.14.

225
Fig. 5.14 - Eliminação de “folgas” entre o reforço dos muretes e as bases de ensaio, nas
soluções de reforço III e IV

Enchimentos semelhantes foram realizados no contacto entre os cantos superiores dos


reforços das soluções IIB e IV (lâminas de micro-betão armado sem apoio na base e reboco de
argamassa bastarda) e o dispositivo de aplicação dos deslocamentos horizontais, no sistema de
ensaio de compressão-corte, fig. 5.15.

Fig. 5.15 - Ajuste do contacto entre os cantos superiores dos “rebocos” e o sistema de ensaio
compressão-corte

P6 - No caso dos muretes da solução I (conectores transversais isolados), a preparação final


contemplava, para além da regularização da superfície superior dos lintéis, o corte das
extremidades dos varões roscados (conectores), tendo em vista a sua adaptação à “chave
dinamométrica”, com a qual lhes era dado um aperto com um momento torsor de 1kg.m (igual
às soluções II e III), fig. 5.16.

Fig. 5.16 - Corte das extremidades dos conectores metálicos transversais (solução de reforço I) e
seu aperto com “chave dinamométrica”
226
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

P7 - No caso das soluções de reforço IIB a IV, procedeu-se ao reforço do dispositivo de


segurança do sistema de ensaio de compressão axial, através da sua fixação aos pilares do pórtico
com cintas ou “lingas” tubulares em polyester (as mesmas que serviam para pesar os muretes ou
colocá-los no sistema de ensaio compressão-corte), com capacidade de carga de 3 tf, evitando a
sua queda em caso de acidente, fig. 5.17.

Fig. 5.17 - Dispositivo de segurança adicional no sistema de ensaio de compressão axial, para
as soluções de reforço IIB a IV

Na tabela 5.3 sintetizam-se as principais fases de preparação dos muretes, de acordo com o tipo
de solução de reforço (procedimentos P1 a P7), imediatamente antes da realização dos ensaios.

Tabela 5.3 - Síntese das fases de preparação dos muretes antes dos ensaios mecânicos
Solução de reforço Procedimento
Nº Designação “abreviada” P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
-- Nenhuma (muretes de referência) •
I Conectores transversais de confinamento • •
IIB Micro betão armado com malha metálica, sem apoio na base • • • • • •
III Micro betão armado com malha metálica, com apoio na base • • • • • •
IV Argamassa bastarda armada com rede fibra de vidro, idem • • • •

A terminar a preparação de todos os muretes para a realização dos ensaios, procurava-se que
as cargas a aplicar passassem pelos eixos de simetria verticais, o que, em alguns casos, só era
conseguido após várias tentativas de colocação dos muretes sobre as bases de ensaio.
Por fim, antes do início dos ensaios (já com os muretes sobre as bases de ensaio), era
efectuado o levantamento geométrico dos muretes, do reforço e da instrumentação.
Nas secções 5.4 e 5.5, descreve-se em pormenor o modo de realização de cada um dos ensaios
de compressão axial e de compressão-corte, respectivamente, por ordem cronológica dentro de
cada série, com referência a: (i) estado dos muretes antes e após cada ensaio; (ii) interpretação
do comportamento experimental durante os ensaios; (iii) história de carga e de deslocamentos
e (iv) diagramas força-deslocamento.

227
5.4 – Comportamento dos muretes observado durante os ensaios de compressão axial

A apresentação dos ensaios de compressão axial começa pelos ensaios preliminares, passando
depois sucessivamente para: (i) muretes de referência; (ii) muretes sujeitos à solução de
reforço I (conectores transversais isolados); (iii) muretes sujeitos à solução de reforço IIB
(lâminas de micro-betão armadas, com confinamento transversal e sem apoio na base); (iv)
muretes sujeitos à solução de reforço III (lâminas de micro-betão armadas, sem confinamento
transversal mas com apoio na base) e (v) muretes sujeitos à solução de reforço IV (reboco de
argamassa bastarda, armado, com confinamento transversal e apoio na base).
Esta disposição não corresponde à ordem com que foram efectuados os ensaios, mas pretende
organizar os resultados de uma forma coerente.

Neste sistema de ensaio, todos os muretes foram sujeitos a ensaios monotónicos (fig. 5.152).
Nos ensaios dos muretes de referência (incluindo os ensaios preliminares) e das soluções I e
IV, a célula de carga (de 500 kN) estava posicionada abaixo do cilindro hidráulico. Por isso,
houve que somar às forças registadas os pesos da viga metálica superior, da peça metálica
(localizada entre o cilindro e a viga) e do lintel, num total de: (i) 5,7 kN para os ensaios
preliminares; (ii) 6,4 kN para os muretes de referência e da solução I; e (iii) 6,6 kN para a
solução IV, devido à maior espessura dos lintéis, que passou de 5 para 15 cm, em média.
Nos muretes reforçados com lâminas de micro-betão projectado, este valor é também de 6,6 kN,
correspondente à soma do valor de 6,4 kN com o peso do grout de regularização dos lintéis
(0,2 kN). Mas, devido ao facto de as cargas serem quantificadas a partir das quatro células de
carga posicionadas nas extremidades superiores dos varões de pré esforço, há ainda a somar a
este valor o peso do pórtico e todos os equipamento a ele fixos, num valor calculado de 30 kN,
perfazendo um total de 36,6 kN (como se verá no ponto 5.4.4).
Nos gráficos da história de carga dos ensaios, estas cargas “adicionais” são identificadas pelas
suas letras iniciais: V (viga metálica superior), L (lintel), G (grout de regularização) e P
(pórtico).
Na tabela 5.4 sintetizam-se os valores referidos para cada solução de reforço. Por razões de
simplificação, os pesos próprios dos muretes e das lâminas de reforço não foram considerados
como cargas actuantes.

Nos primeiros ensaios, interrompeu-se momentaneamente a aplicação das cargas para avaliação
do comportamento dos muretes e do sistema de ensaio.

228
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Tabela 5.4 - Estimativa da carga pré-existente (CPE) sobre os muretes, e não quantificada
pelas células de carga
Peso dos elementos pré-existentes sobre a alvenaria [kN]
Muretes Viga metálica e outros Lintel de Grout de CPE [kN]
Pórtico (P)
equipamentos (V) betão armado (L) regularização (G)
Ensaios preliminares 0,5 -- -- 5,7
Referência -- --
6,4
Solução I -- --
5,2
Solução IIB 1,2
30 36,6
Solução III 0,2
Solução IV -- 6,6

Na descrição dos ensaios, inclui-se, a seguir à identificação do murete, a data de realização do


ensaio (entre parêntesis), bem como o aspecto inicial dos muretes. Para facilitar a análise das
imagens dos ensaios, a identificação (numeração) dos muretes sobre a base de ensaio foi
colocada sempre na face voltada a Poente (fig. 5.7).

Os deflectómetros para medição dos deslocamentos verticais foram fixos a uma estrutura
metálica criada para o efeito. Exceptuando os dois ensaios preliminares, em que esta estrutura
foi fixada ao pavimento do laboratório, nos restantes ensaios de compressão axial foi amarrada
às faces laterais das bases de apoio dos muretes, de acordo com o esquema da fig. 5.18.

Vista de frente Vista lateral Vista de frente Vista lateral

(1) – dois deflectómetros (situação geral)


(2) – quatro deflectómetros, para os muretes da solução IIB1 (reforçados numa só face)

Fig. 5.18 - Posicionamento dos suportes dos deflectómetros e sua fixação às bases dos muretes
no sistema de ensaio de compressão axial

229
5.4.1 – Ensaios preliminares

Foram realizados dois ensaios preliminares sobre os muretes M47 e M46. No primeiro ensaio,
levou-se o murete (M47) à rotura. No segundo pretendeu-se fendilhar previamente o murete
(M46), para que este pudesse ser posteriormente reforçado (ponto 4.2.2.1, figs. 4.8 e 4.9) e,
por fim, ensaiado até à rotura.
Em seguida indica-se o comportamento experimental dos muretes durante os ensaios
preliminares.

- Murete M47 (1/8/2003)

Na altura da realização deste primeiro ensaio, ainda não tinham sido preparadas as bases de
ensaio, nem o sistema de segurança contra a queda dos lintéis, fig. 5.19, mas tal não
influenciou os resultados obtidos.
Durante o ensaio, as fendas na alvenaria apresentaram um desenvolvimento “em cunha”, com
a criação de uma superfície de deslizamento preferencial, relacionada com a configuração do
murete, que apresentava um pequeno desvio de verticalidade.

Fig. 5.19 - Aspecto do murete M47, antes do ensaio de compressão axial

Uma vez iniciada a desagregação da alvenaria, fig. 5.20, esta não apresentou capacidade de
recuperação dos danos causados, obtendo-se uma rotura do tipo frágil.
Tratando-se de um ensaio preliminar, foram efectuadas algumas paragens ao longo do tempo,
de forma a avaliar o comportamento de todos os elementos de ensaio em presença.

230
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.20 - Ensaio preliminar de compressão axial (até à rotura do murete M47)

A força máxima aplicada sobre o murete M47 foi R47 = 76,8 kN, a que corresponde a tensão
máxima de σmax = 0,24 MPa.
Na fig. 5.21 representa-se a história de carga e deslocamentos do ensaio (ampliados 10 vezes)
e, na fig. 5.22, o diagrama força-deslocamento.

100
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

75

50

25

0
2000 2500 3000 3500 4000 4500

T empo (seg)

CC500 + V +L Deslocamentos x10

Fig. 5.21 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio preliminar de compressão


axial sobre o murete M47
231
100

Força vertical (kN)


75

50

25

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L Correcção inicial

Fig. 5.22 - Diagrama força-deslocamento do ensaio preliminar de compressão axial sobre o


murete M47

- Murete M46 (2/8/2003)

O murete M46 foi sujeito a um ensaio de fendilhação prévia, como referido, com o qual se
pretendia alcançar os seguintes objectivos: (i) avaliar a força necessária a uma determinada
deformação imposta ao murete, antes da aplicação do reforço; (ii) determinar o valor da força
necessária para a mesma deformação após o reforço; (iii) avaliar a possibilidade de aplicação
de caldas de injecção em muretes previamente fendilhados e (iv) averiguar o desempenho e o
funcionamento do sistema de ensaio perante o murete M46-reforçado, (previsivelmente um
dos mais resistentes), antes do início da campanha experimental sobre os outros muretes.

Fig. 5.23 - Aspecto do murete M46, antes do ensaio de compressão axial

232
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Para a realização do ensaio de fendilhação prévia do murete M46, fig. 5.24, foram tidos em
conta os valores do ensaio do murete M47. Contudo, a força inicialmente estimada para
provocar a fendilhação prévia foi sucessivamente aumentada, passando dos cerca de 30 kN,
equivalente a 40% da força máxima de M47, para 56,5 kN, correspondente a 73,5% da força
máxima de M47. Esta situação deveu-se essencialmente ao facto de o lintel do murete M47
(não armado) ter fendilhado durante o ensaio, conduzindo à rotura prematura do murete M47,
em relação ao murete M46 (e aos muretes de referência). Neste ensaio foram também
efectuadas algumas paragens ao longo do tempo, para avaliação do comportamento dos
elementos em presença. A força máxima aplicada na fendilhação prévia do murete M46 foi de
56,5 kN, a que corresponde a tensão de σmax=0,18 MPa.
Na fig. 5.25 representa-se o gráfico da história de carga e deslocamentos (ampliados 10 vezes)
e, na fig. 5.26 o diagrama força-deslocamento.

Fig. 5.24 - Segundo ensaio de compressão axial preliminar (pré - fendilhação do murete M46)

100
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

75

50

25

0
500 1500 2500 3500 4500

T empo (seg)

CC500 + V + L Deslocamentos x10

Fig. 5.25 - História de carga e deslocamentos verticais do segundo ensaio de compressão axial
preliminar (fendilhação prévia do murete M46)
233
100

Força vertical (kN) 75

50

25

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Deslocamento (mm)

CC500+V+L Correcção inicial

Fig. 5.26 - Diagrama força-deslocamento do segundo ensaio de compressão axial preliminar


(fendilhação prévia do murete M46)

Estes dois ensaios preliminares foram importantes, porque permitiram enquadrar o estudo
experimental subsequente, tanto nos procedimentos de ensaio como na forma de preparação
dos muretes para os ensaios, para além de terem permitido avaliar o comportamento do
equipamento de ensaio.
Além disso, foi possível verificar o funcionamento dos lintéis destes dois muretes no decurso
dos ensaios, uma vez que: (i) o lintel do murete M47, com uma espessura média de 5 cm e
sem armadura, fracturou-se a cerca de 50% da força máxima média (RCA) dos três muretes
de referência (com lintéis de betão armado com 15 cm de espessura média), levando ao
colapso do murete; (ii) o lintel do murete M46, com a mesma espessura média (5 cm) mas
armado com malha electro-soldada, fig. 3.13, permitiu que o murete M46 embora não tivesse
sido levado à rotura, excedesse a carga de rotura do M47, sem sinais visíveis de degradação.

Na fig. 5.27 representa-se o aspecto final do murete M47 e do lintel, após a remoção da base
de ensaio.
Embora o lintel se apresente dividido em três partes, o comportamento experimental do
murete foi condicionado pela fenda esquerda (primeira a surgir). A fenda mais à direita surgiu
já no final do ensaio (fig. 5.20), com uma pequena expressão que não chegou a interferir nos
resultados.

234
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.27 - Aspecto final da base de apoio e do lintel e do murete M47

A fendilhação prévia dos muretes nos ensaios de compressão axial, para futura consolidação
com calda de injecção, foi efectuada apenas no ensaio preliminar do murete M46, pelas
seguintes razões: (i) os trabalhos de reforço dos muretes foram efectuados em séries de (pelo
menos) três muretes para cada solução de reforço, donde, após a fendilhação prévia de cada
murete, este teria de ser retirado do sistema de ensaio, para efectuar a mesma operação de
fendilhação prévia sobre o seguinte, e assim sucessivamente; (ii) devido à massa, dimensões e
constituição dos muretes, o transporte entre a base de ensaio e o local de aplicação do reforço
e vice-versa, poderia provocar o aumento dos danos nesses muretes, mesmo com os cuidados
de manuseio adequados, sendo esses danos diferentes para cada murete e de muito difícil
quantificação.
Em relação ao sistema de ensaio de compressão-corte, a situação seria ainda mais difícil.
A fendilhação prévia seria viável nas condições de se poder manter os muretes nas bases de
ensaio e serem aí reforçados, implicando a existência de pelo menos dois conjuntos de três
sistemas de ensaio, cujas condições de espaço e custo seriam incomportáveis.
Quanto à aplicação de caldas de injecção após a fendilhação prévia, a experiência obtida com
o murete M46 mostrou que tal apenas seria possível para grandes níveis de fendilhação que,
de acordo com o referido, era impraticável.

O ensaio de compressão axial sobre o murete M46-reforçado não foi efectuado, por se
entender que tal podia pôr em causa a segurança do sistema de ensaio, devido ao seu reforço
“perimetral” descrito no ponto 4.2.2.1.

5.4.2 – Muretes de referência

Com a realização dos ensaios de compressão axial sobre os muretes M43, M21 e M32
(muretes de referência, simples ou sem reforço) deu-se início à campanha experimental

235
propriamente dita. Os resultados obtidos nesta série de três muretes serviram de comparação e
referência aos ensaios de compressão axial sobre os muretes reforçados, que se seguiram.
Os muretes de referência apresentavam as características geométricas referidas na tabela 5.5.

Tabela 5.5 - Caracterização geométrica dos muretes de referência, para os ensaios de compressão
axial
Dimensões médias [m]
Murete
Comprimento Altura Espessura
M43
M21 0,80 1,20 0,40
M32

- Murete M43 (1/4/2004)

Fig. 5.28 - Aspecto do murete M43, antes do ensaio de compressão axial

O ensaio de compressão axial sobre o murete M43 foi realizado com algumas interrupções de
forma a poder avaliar-se o comportamento estrutural do murete e a resposta do sistema de
ensaio ao longo do tempo. Durante o ensaio, desenvolveu-se uma fenda inclinada desde o
canto superior esquerdo (Norte) do murete até ao canto inferior direito (Sul) que progrediu até
ao colapso do murete, fig. 5.29. Após a formação desta fenda verificou-se o desprendimento
sucessivo de pequenas quantidades de argamassa e pedras ao longo da sua linha de
desenvolvimento. No início, este fenómeno foi relativamente discreto, evoluindo, no caso da
argamassa, para uma perda cada vez maior de material.
Após a desagregação da alvenaria, principalmente no terço central esquerdo do murete,
(formando um “volume triangular” de alvenaria), atingiu-se o colapso do murete, e o ensaio

236
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

terminou. A alvenaria que sobrou imediatamente abaixo do lintel e sobre a base de apoio
apresentava alguma coesão.
A imagem inferior direita da fig. 5.29 representa o aspecto do murete após o ensaio, depois de
se percutir com um varão metálico sobre a alvenaria desagregada, que ruiu de imediato,
possibilitando o apoio da viga metálica superior no dispositivo de segurança e a desmontagem
16)
do ensaio . Esta operação foi fácil de efectuar, pois a coesão interna da alvenaria a meia
altura do murete, de ambos os lados da fenda diagonal, tinha-se perdido.

Fig. 5.29 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M43

_______________
16)
As imagens dos ensaios que se encontram emolduradas, como esta, foram obtidas após o
final dos ensaios, mas são apresentadas porque ajudam a elucidar o comportamento dos
muretes.

237
Na fig. 5.30 apresenta-se a história de carga e deslocamentos verticais do ensaio (ampliados
10 vezes), onde se registam as paragens ao longo do tempo e, na fig. 5.31, o diagrama força-
deslocamento.

200
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

175

150

125

100

75

50

25

0
0 500 1000 1500 2000 2500

T empo [seg]

CC500 + V + L Deslocamentos x 10

Fig. 5.30 - História de carga e de deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial do


murete M43

150
Força vertical (kN)

125

100

75

50

25

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L Correcção inicial

Fig. 5.31- Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M43

A força máxima aplicada sobre o murete M43 foi R43=134,2 kN, à qual corresponde a tensão
máxima σmax=0,42 MPa.

238
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

- Murete M21 (8/4/2004)

Fig. 5.32 - Aspecto do murete M21, antes do ensaio de compressão axial

O comportamento do murete M21 durante o ensaio de compressão axial foi algo diferente do
registado para o murete M43.
Neste caso, a degradação estrutural começou pela formação de uma fenda vertical a meio da
metade esquerda (Norte) do murete, com desenvolvimento do centro para o topo e para a base,
fig. 5.33. Tal ter-se-á ficado a dever à junta vertical “contínua”, visível nas três imagens
superiores desta figura, que antecedeu a formação daquela fenda vertical.
A perda de material correspondente à queda do “cunhal esquerdo” Poente do murete, teve
como consequência o aumento da excentricidade da força actuante, em relação ao centro de
gravidade da alvenaria.
Seguiu-se o aumento de desagregação e o colapso do “cunhal esquerdo” Nascente, em
simultâneo com a fendilhação da restante parte do murete, com um maior incremento
motivado pelo aumento de tensão devido à diminuição da secção transversal.
Tal como no caso de M43, a rotura do murete M21 foi do tipo frágil, mostrando-se
irreversível e com perda acentuada de capacidade resistente a partir do momento em que se
iniciou a desagregação da alvenaria.
Uma vez terminado o ensaio, foi possível observar que a alvenaria existente entre as duas
diagonais principais e o lintel e a base do murete apresentava uma razoável coesão, embora ao
longo e na zona de encontro das diagonais apresentasse elevada desagregação.

Na fig. 5.34 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, notando-se uma


interrupção do carregamento, seguida de descompressão e recarga.

239
Fig. 5.33 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M21
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

150

125

100

75

50

25

0
1250 1350 1450 1550 1650 1750

T empo [seg]

CC500 + V + L Deslocamentos x 10

Fig. 5.34 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial do


murete M21

Na fig. 5.35 representa-se o diagrama força-deslocamento. Os troços ascendentes iniciais do


ensaio apresentam inclinações semelhantes antes e depois da interrupção, denotando reduzida
degradação nesta fase do ensaio, ainda “longe” do colapso.

240
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

150

Força vertical (kN)


125

100

75

50

25

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L

Fig. 5.35 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M21

A força máxima aplicada sobre M21 foi R21=127,7 kN, à qual corresponde a tensão máxima
σmax=0,40 MPa.

- Murete M32 (22/4/2004)

Fig. 5.36 - Aspecto do murete M32, antes do ensaio de compressão axial

O último dos três muretes de referência ensaiados apresentou um comportamento mecânico


semelhante ao primeiro, com a formação no inicio do ensaio de uma fenda inclinada na frente
do murete (voltada a Poente), entre o canto superior esquerdo e sensivelmente meia altura do
quadrante inferior direito, fig. 5.37.

241
Esta fenda foi-se alargando, até causar o colapso do murete por um mecanismo de
“deslizamento” entre as duas cunhas criadas, que levou à desagregação total da alvenaria na
interface.
Na face Nascente desenvolveu-se uma fenda cruzada à primeira, que teve como consequência
o desmoronamento e a queda de alvenaria.
Tal como nos casos anteriores, a alvenaria existente entre as diagonais principais e o lintel e a
base do murete, evidenciava uma boa capacidade de coesão (sem desagregação visível).
A rotura do murete M32 foi do tipo frágil, tendo-se interrompido o ensaio no instante em que a
viga metálica superior apresentava já uma grande inclinação no sentido posterior (Nascente),
como se observa na imagem inferior central da fig. 5.37.

Fig. 5.37 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M32

242
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.38 representa-se a história de carga, deslocamentos verticais e deformação


transversal (total) do murete, onde se notam as paragens efectuadas para avaliação do ambiente
de ensaio. Na fig. 5.39 representa-se a história de deformação transversal por face do murete e
total.
Força vert. [kN] - Desl. vert. [mm] - Def. transv. [o/oo]

175

150

125

100

75

50

25

0
4300 4400 4500 4600 4700 4800
T empo [seg]

CC500 + V + L Desl. vertical x10 Def. transversal

Fig. 5.38 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio de


compressão axial do murete M32

3,0
Desf. transversal [%]

2,0

1,0

0,0
4300 4400 4500 4600 4700

-1,0
T empo [seg]

Face poente Face nascente T otal

Fig. 5.39 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão axial do
murete M32

Na fig. 5.40 apresenta-se o diagrama força-deslocamento e, na fig. 5.41, o diagrama força


vertical-deformação transversal do ensaio de compressão axial do murete M32.

243
150

Força vertical (kN) 125

100

75

50

25

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L

Fig. 5.40 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M32
Força vertical [kN]

150

125

100

75

50

25

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

εt [o/oo]

Deformação transversal

Fig. 5.41 - Diagrama força vertical - deformação transversal do ensaio de compressão axial do
murete M32

A força máxima aplicada sobre M32 foi R32=148,5 kN, à qual corresponde a tensão máxima
σmax=0,46 MPa.

244
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

5.4.3 – Solução I - muretes reforçados com conectores metálicos transversais

Nesta série de muretes (M41, M44 e M28) pretendia-se avaliar a influência do confinamento
transversal “simples” no comportamento mecânico dos muretes, uma vez que a quase totalidade
das soluções de reforço estudadas consideram esta aplicação.
As cargas verticais foram quantificadas por uma célula de carga de 500 kN colocada entre o
cilindro hidráulico e a viga metálica superior.
Os muretes da solução I apresentavam as características geométricas referidas na tabela 5.6.

Tabela 5.6 - Caracterização geométrica dos muretes da solução I, para os ensaios de compressão
axial
Dimensões médias [m]
Murete
Comprimento Altura Espessura
M41 0,80 1,21 0,40
M44 0,80 1,20 0,39
M28 0,81 1,20 0,40

- Murete M41 (3/2/2005)

Fig. 5.42 - Aspecto do murete M41, antes do ensaio de compressão axial

No início deste primeiro ensaio, fig. 5.43, havia alguma expectativa sobre o comportamento
estrutural do murete, reforçado apenas por conectores transversais isolados, em comparação
com os muretes de referência. As primeiras fendas verticais surgiram entre os conectores

245
superior e inferior direitos (nºs. 2 e 5, fig. 4.6). O início da fendilhação e da desagregação da
alvenaria surgiu mais tarde relativamente aos muretes de referência.
Com o aumento da carga vertical, o cunhal do murete entre aqueles conectores acabou por
romper, notando-se a partir desse instante um incremento no nível de fendilhação da alvenaria
restante, pelo acréscimo da tensão vertical. A alvenaria acima e abaixo dos conectores
manteve-se.
Em seguida, notou-se um acréscimo da desagregação da alvenaria entre os conectores superior
e inferior esquerdos Norte (nºs. 1 e 4), dando-se a sua queda pouco depois.

Fig. 5.43 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M41

No final do ensaio, os cinco conectores mantinham-se no local, sendo que: (i) a alvenaria em
torno do conector superior esquerdo (nº 1) e abaixo dos conectores central e inferiores (nºs. 3, 4
e 5, fig. 4.6), apresentava reduzidos sinais de desagregação. O conector superior direito (nº 2)
tinha perdido toda a alvenaria que o envolvia, apresentando-se até deslocado da sua posição

246
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

inicial. O conector central, tendo-se mantido no local, garantiu a “continuidade” da alvenaria


desde a base do murete até ao lintel.
As linhas de rotura adjacentes ao conector central, distavam deste cerca de 40 cm, uma vez
que se encontravam no alinhamento dos conectores esquerdos e direitos, respectivamente; a
viga metálica superior deslocou-se 1 cm para a esquerda da posição inicial dos deflectómetros
no sentido Sul-Norte, e cerca de 4,5 cm no sentido Nascente-Poente, relativamente à posição
inicial do deflectómetro D2, colocado a Sul (segundo o eixo longitudinal do murete).
Na fig. 5.44 representa-se a história de carga e de deslocamentos verticais do ensaio e na fig. 5.45
o diagrama força-deslocamento.

250
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

200

150

100

50

0
1000 1500 2000 2500 3000 3500

T empo (seg)

CC500 + V + L Deslocamentos x10

Fig. 5.44 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M41

250
Força vertical (kN)

200

150

100

50

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L Correcção inicial

Fig. 5.45 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M41

A força máxima aplicada sobre M41 foi R41=168,5 kN, à qual corresponde a tensão máxima
σmax=0,53 MPa.
247
Na fig. 5.46 representa-se o aspecto global do murete M41 após a realização do ensaio, sendo
notória a contribuição dos conectores transversais para a manutenção da sua configuração, não
obstante o elevado nível de desagregação.

Fig. 5.46 - Aspecto do murete M41 após o ensaio de compressão axial

- Murete M44 (5/2/2005)

Fig. 5.47 - Aspecto do murete M44, antes do ensaio de compressão axial

248
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

O ensaio sobre o murete M44 decorreu de forma um pouco diferente do anterior, tendo
apresentado figuras de rotura diferentes em cada uma das faces (Poente e Nascente).
Assim, na face Poente a figura de rotura foi mais limitada nos danos relativamente ao murete
M41, fig. 5.48.
Nesta face, ocorreu numa primeira fase a desagregação da alvenaria localizada entre os dois
conectores esquerdos, superior e inferior, com a linha de rotura a passar a cerca de 20 cm do
conector central.
Depois, conclui-se a segunda figura de rotura, simétrica da primeira, que se tinha iniciado a
meio dela.
Na face Nascente, pelo contrário, não houve perda de material, mas a alvenaria situada entre
os conectores superiores e inferiores, apresentava-se muito desagregada, notando-se a
existência de uma fenda inclinada entre as extremidades 1’ e 5’ (extremidades superior direita
e inferior esquerda da face Nascente, respectivamente, representadas na imagem inferior
esquerda da fig. 5.51), passando pelo conector central.

No final do ensaio, a alvenaria restante, contida acima da linha horizontal definida pelos dois
conectores superiores e abaixo da definida pelos dois conectores inferiores, em ambas as
faces, não apresentava sinais visíveis de desagregação.
Entre estes dois “blocos”, existia um volume de alvenaria desagregada que suportava o bloco
superior.
Dado que o conector central se encontrava na fronteira entre o bloco inferior e a parte da
alvenaria mais desagregada, este sofreu uma pequena rotação relativamente à sua posição
inicial. Os restantes quatro conectores, mantiveram-se imóveis em relação à alvenaria.
Verificou-se também que a viga metálica superior se tinha deslocado no sentido posterior-
frontal (Nascente-Poente), apresentando uma grande inclinação no sentido do conector
superior esquerdo (nº 1).
O deslocamento medido na horizontal, em relação ao deflectómetro Norte (D1), foi de 1,5 cm
no sentido Sul-Norte e de 6,8 cm no sentido Nascente-Poente e em relação ao deflectómetro
Sul (D2), de 2,5 cm no sentido Sul-Norte e 2 cm no sentido Nascente-Poente.

Na fig. 5.49 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, e na fig. 5.50 o


diagrama força-deslocamento.

249
Fig. 5.48 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M44

250
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

200

150

100

50

0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

T empo (seg)

CC500 + V + L Deslocamentos x10

Fig. 5.49 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M44

250
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Força vertical (kN)


250

200

150

100

50

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L Correcção inicial

Fig. 5.50 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M44

A força máxima aplicada sobre o murete M44 foi R44 = 226,0 kN, a que corresponde a tensão
máxima σmax = 0,72 MPa.
Na fig. 5.51 representa-se aspecto global do murete M44 após o ensaio, notando-se o efeito de
agregação que os conectores conferiram à alvenaria, evitando que esta se desmoronasse para
forças máximas superiores às dos muretes de referência.

Fig. 5.51 - Aspecto do murete M44 após o ensaio de compressão axial


251
- Murete M28 (10/2/2005)

Fig. 5.52 - Aspecto do murete M28, antes do ensaio de compressão axial

O murete M28 apresentou um comportamento na rotura semelhante ao primeiro murete desta


série (M41), embora com maior nível de degradação da sua metade esquerda (Norte).
As primeiras fendas verticais localizaram-se a cerca de 20 cm para a esquerda do conector
central. Progressivamente, estas fendas continuaram a abrir enquanto outras se desenvolviam
cada vez mais próximas do lado esquerdo do conector central.
Após a queda da alvenaria situada no “triângulo” compreendido entre os dois conectores
esquerdos (superior e inferior) e o conector central, foi atingida a rotura e o ensaio terminou
sem, todavia, ter ocorrido a queda da alvenaria situada à direita (Sul) do conector central.
A viga metálica superior possuía uma grande inclinação no sentido do conector nº1 (Norte),
não quantificada, abaixo do qual não havia alvenaria. Em resultado, formou-se na extremidade
Sul do murete, e acima do alinhamento horizontal definido pelo conector central, uma fenda
de tracção.

No final do ensaio, fig. 5.53, a alvenaria situada acima da linha definida pelos dois conectores
superiores e abaixo do triângulo formado pelo conector central e os dois inferiores não
apresentava sinais visíveis de desagregação.

Na fig. 5.54 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio e na fig. 5.55 o


diagrama força-deslocamento.

252
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.53 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M28

250
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

200

150

100

50

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000

T empo (seg)

CC500 + V + L Deslocament os x10

Fig. 5.54 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M28

253
250

Força vertical (kN)


200

150

100

50

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

Deslocamento (mm)

Carga vertical Correcção inicial

Fig. 5.55 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M28

A força máxima aplicada sobre M28 foi R28 = 203,3 kN, a que corresponde a tensão máxima
σmax = 0,63 MPa.
Na fig. 5.56 apresenta-se o aspecto global do murete M28 após o ensaio de compressão axial,
sendo visível o seu estado de degradação, sem a queda da alvenaria à direita do conector central,
devido à excentricidade com que a carga passou a actuar a partir da queda do bloco de alvenaria
oposto, uma vez que a linha de acção da força, resultante da posição fixa do cilindro continuava a
passar pelo conector central. Este facto levou à inclinação da viga metálica, no sentido da perda de
alvenaria, com o consequente alívio da pressão até então existente à direita do conector central.

Fig. 5.56 - Aspecto do murete M28 após o ensaio de compressão axial


254
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

No final desta série de três ensaios, foi possível evidenciar a função desempenhada pelos
conectores no atraso da fendilhação relativamente aos mesmos níveis de cargas aplicadas nos
muretes de referência, bem como na resistência que estes continuavam a oferecer após se
ultrapassar o pico de carga, traduzida na menor taxa de desagregação da alvenaria ao longo do
tempo.

5.4.4 – Solução IIB - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com
malha metálica e confinamento transversal, sem apoio na base

A apresentação destas três séries de ensaios, variantes à solução de reforço IIB (muretes M53,
17)
M51, M42, M30 - pregagens numa face; muretes M22, M33, M50 - pregagens nas duas
faces e muretes M26, M52, M54 - conectores inteiros) é efectuada por ordem crescente dos
valores de resistência, que não coincide com a ordem cronológica com que foram efectuados
(como se verifica nas datas indicadas).
Com a variante IIB1 (M53, M51, M42 e M30) pretendia-se avaliar o desempenho estrutural
de apenas uma lâmina de micro-betão, na qual existe uma elevada excentricidade na rigidez
do conjunto “murete + reforço”. Esta situação pretendia simular diversas intervenções de
reforço estrutural de paredes exteriores de edifícios antigos, sejam ou não paredes meeiras,
onde, por razões arquitectónicas (ou impossibilidade física, no caso das paredes meeiras),
apenas se pode aplicar o reforço estrutural no paramento interior.
17)
A variante IIB2 (M22, M33, M50 ), pretendia simular uma situação em que, devido à
grande espessura das paredes ou por opção de projecto, o seu confinamento transversal é
descontínuo em espessura.
A situação IIB3 (M26, M52, M54), com confinamento transversal contínuo, procurava avaliar
as diferenças de comportamento mecânico relativamente à situação anterior (IIB2).

Estas três séries de ensaios, cujas lâminas de reforço não contactam com a base de ensaio,
procuram também simular situações em que o reforço estrutural não apoia ou apoia
deficientemente nas fundações do edifício ou que, apoiando, estas não resistem ao acréscimo
de solicitações a que passam a ficar sujeitas, tanto com o aumento imediato das cargas
gravíticas como para as acções sísmicas.

________________
17)
Ensaio não realizado por motivo de queda do murete M50.
255
Nos ensaios das variantes IIB1 e IIB3 foram registadas as distâncias das lâminas de micro-
betão à base de ensaio, antes e após a realização dos ensaios, segundo o esquema da fig. 5.57.
Embora estes valores tenham um carácter apenas indicativo do “modo de rotura” dos muretes,
uma vez que dependem do instante de paragem de aplicação da carga, eles são apresentados
porque ajudam a interpretar a deformada final dos muretes, nomeadamente em relação à
forma como preservaram (ou não) a simetria inicial.

Fig. 5.57 - Representação esquemática das distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base
do sistema de ensaio de compressão axial (variantes IIB1 e IIB3)

De igual modo, são mostradas as posições das extremidades dos conectores transversais dos
muretes das variantes IIB1 e IIB3, que indicam o nível de degradação dos muretes e a forma
como a desagregação da alvenaria evolui em altura.
Nos diagramas força-deslocamento da variante IIB1, onde a excentricidade de rigidez do
conjunto “murete + reforço” é a mais elevada de todos os ensaios, são apresentados os
deslocamentos medidos em cada vértice dos lintéis dos muretes, correspondentes à força
máxima.

Como se indica na tabela 5.1, a carga vertical foi quantificada pelas 4 células de carga de
1MN colocadas nas extremidades superiores dos varões de pré-esforço e não pela célula de
carga de 500 kN colocada entre o macaco e a viga metálica superior, como nos ensaios
anteriores, uma vez que se estimava que as cargas a aplicar pudessem ser superiores àquele
valor (500 kN).
Em todos os ensaios de compressão axial o pórtico (cujo peso total se calculou em 30 kN),
elevava-se acima do pavimento do laboratório, devido às “folgas” deixadas nas porcas que o
fixavam ao pavimento, para esse efeito. Do ponto de vista do cálculo esta situação foi tratada,
por simplificação, adicionando-se ao somatório das forças registadas pelas quatro células de
carga, o valor de 6,6 kN, desde o início do ensaio (como nos casos anteriores), e o peso
calculado do pórtico (P), durante o período de tempo em que aquele somatório era superior
aos 30 kN (tabela 5.4).

256
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Os resultados obtidos com esta solução de reforço corresponderam em termos qualitativos aos
“esperados”, embora a dispersão de valores dos muretes reforçados apenas numa face
(variante IIB1) fosse algo inesperada, tendo por base a proximidade dos valores de resistência
mecânica nas séries de muretes até então ensaiadas (na realidade, esta série de muretes foi a
última da solução IIB a ser ensaiada). No final, todavia, esta dispersão de resultados constituiu
uma conclusão interessante do trabalho.
Em relação aos muretes M53, M51, M42 e M30 (variante IIB1), M33 (variante IIB2) e M26 e
M52 (variante IIB3), foram realizados ensaios de pós-rotura (PR), como forma de avaliar a
sua resistência “residual”, cuja descrição e resultados se apresentam no Anexo IV, referindo-se
neste capítulo apenas os gráficos de conjunto força-deslocamento englobando os “dois ensaios”
realizados, até cerca de 75% da carga vertical máxima aplicada nos ensaios de pós-rotura.
Nestes gráficos fez-se coincidir a origem dos deslocamentos do ensaio de pós-rotura com o
final do ensaio de rotura.
Os muretes desta solução de reforço apresentavam as características geométricas constantes
da tabela 5.7.

Tabela 5.7 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IIB, para os ensaios de
compressão axial
Murete Lâminas de micro-betão
2
Altura [m] Área em planta, sob a viga metálica [m ] Poente Nascente

(alvenaria) Sem micro-betão Com micro-betão (média) Área média [m2] Área média [m2]
M53 0,75 × 1,48 = 1,11 --
M51 0,75 × 1,47 = 1,10 --
1,20 0,36
M42 -- 0,77 × 1,47 = 1,13
M30 -- 0,75 × 1,47 = 1,10
0,80 × 0,40 = 0,32
M22 1,21 0,76 × 1,47 = 1,12 0,77 × 1,47 = 1,13
(lintel)
M33 0,77 × 1,47 = 1,13 0,77 × 1,47 = 1,13
M26 0,40 0,78 × 1,47 = 1,15 0,79 × 1,46 = 1,15
1,20
M52 0,76 × 1,47 = 1,12 0,75 × 1,47 = 1,10
M54 0,79 × 1,48 = 1,17 0,78 × 1,48 = 1,15
M53, M51, M42, M30:
0,80 × 0,45 = 0,36 m2
Áreas de referência 0,80 × 1,45 = 1,16 m2
M22, M33, M26, M52, M54:
0,80 × 0,50 = 0,40 m2

5.4.4.1 – Solução IIB1 - pregagens (uma face)

Esta série é composta por quatro muretes (M53, M51, M42 e M30), em vez de três, porque
inicialmente se pensou ensaiar dois a dois (um par com as lâminas de micro-betão voltadas
para o interior e outro para o exterior), como forma de “obviar” a excentricidade de rigidez
característica desta variante.

257
Tal não se concretizou, no entanto, porque assim apenas seria obtido o valor médio das duas
cargas de rotura (que podiam ocorrer em instantes diferentes), sendo impossível individualizar
os comportamentos dos muretes, e exigia a adaptação do sistema de ensaio à dimensão de dois
muretes, o que na prática não era viável, devido ao atraso que iria provocar no trabalho.
Os muretes foram ensaiados sem as cantoneiras metálicas utilizadas como apoio e referência
da espessura do micro-betão. Devido à excentricidade da solução de reforço, foram utilizados
quatro deflectómetros para medir os deslocamentos verticais (um sobre cada vértice do lintel,
fig. 5.18).

- Murete M53 (26/8/2004)

Fig. 5.58 - Aspecto do murete M53 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial

Após o início do ensaio, as maiores forças aplicadas sobre o murete foram quantificadas pelas
duas células de carga situadas sobre a lâmina de micro-betão (CC2 e CC3). A viga metálica
superior foi rodando no sentido da face livre de reforço, chegando à fase final do ensaio com
um desvio na ordem de 2 cm, em relação à posição (fixa) dos deflectómetros, registada no
início do ensaio; além disso, a viga metálica deslocou-se no sentido Sul-Norte cerca de 1 cm.
Na fig. 5.59 representam-se imagens do ensaio, vendo-se o afastamento crescente entre as
lâminas de micro-betão e a alvenaria do murete, com a consequente desagregação desta. Na
parte final do ensaio houve perda de ligação entre o computador e o data logger, levando à

258
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

interrupção do ensaio. No entanto, considerou-se que os resultados obtidos eram suficientes


para caracterizar a resistência mecânica deste murete, pois a falha do sinal ocorreu numa
altura em que a tangente ao gráfico força-deslocamento era praticamente nula (conforme se
pode observar no gráfico da fig. 5.61).
Na fig. 5.60 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio e na tabela 5.8 as
distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio, antes e após a realização do
ensaio (de acordo com a fig. 5.57). Na fig. 5.61 representa-se o diagrama força-deslocamento,
com indicação do deslocamento correspondente à força máxima.

Fig. 5.59 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M53

400
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

300

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. 5.60 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M53

259
Tabela 5.8 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M53, antes
e após a realização do ensaio de compressão axial
Distância a [cm] b [cm]
Antes do ensaio 10,2 10,3
Após o ensaio 8,9 9,4
Abaixamento 1,3 0,9

400
Força vertical (kN)

300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0
δv1 = 21,9 mm δv4 = 22,3 mm
-5

-10 δv2 = 0,1 mm δv3 = -0,6 mm


-15

-20
Deslocamento médio = 11,0 mm
-25

Fig. 5.61 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de compressão axial sobre o murete M53

No final do ensaio, a alvenaria apresentava sinais de desagregação acentuada, mas não eram
visíveis danos significativos nas extremidades das pregagens, num sinal de que estas tinham
sido pouco solicitadas, apesar do destacamento da lâmina de micro-betão em relação à
alvenaria, por perda de coesão desta. Este afastamento era maior junto à base do murete,
diminuindo progressivamente em altura.
A força máxima aplicada sobre o murete M53 foi R53=366,3 kN 18).
_______________
18)
Neste capítulo não são apresentados valores de tensões ou deformações nos muretes reforçados
com as soluções IIB, III e IV, devido à dificuldade de definição das condições de ligação
(aderência) entre o reforço e a alvenaria, que se traduz na impossibilidade de individualizar as
parcelas das cargas suportadas na secção transversal pela alvenaria e pelo reforço.
260
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.62 representa-se o aspecto do murete e das extremidades dos conectores, após o
ensaio.

Fig. 5.62 - Aspecto do murete M53 e das extremidades das pregagens, após o ensaio de
compressão axial

Na fig. 5.63 apresenta-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e pós-


rotura do murete M53, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R53(PR)=144,4 kN.

400
Força vertical (kN)

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento (mm)

Rotura Correcção inicial Pós rotura Correcção inicial

Fig. 5.63 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-rotura)


sobre o murete M53

261
- Murete M51 (1/9/2004)

Fig. 5.64 - Aspecto do murete M51 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial

O ensaio do murete M51 decorreu de forma semelhante ao anterior. Com a deformação do murete,
a lâmina de micro-betão começou a afastar-se em relação à base, ao mesmo tempo que a
alvenaria se ia desagregando. Tal como no murete M53, as extremidades das pregagens de
M51, cujo aspecto inicial se mostra na fig. 5.64, foram pouco solicitadas ao longo do ensaio.
No final, a lâmina de micro-betão encontrava-se desligada da alvenaria, sobretudo na metade
inferior, fig. 5.65. A rotura foi do tipo frágil, notando-se pelo som produzido, o aumento da
desagregação da alvenaria e da ligação entre esta e a lâmina de micro-betão, junto à base do murete.

Fig. 5.65 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M51


262
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.66 apresenta-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, observando-se


uma maior solicitação nos varões de pré-esforço situados junto à lâmina de micro-betão em
relação aos da face livre.
O ensaio voltou a terminar de forma brusca, o que se pode explicar pelo facto do macaco
perder o contacto com a viga metálica superior, no momento em que se atingiu a rotura do
murete, implicando que, a partir desse instante, as células de carga deixaram de efectuar o
registo.
A força máxima aplicada sobre o murete M51 foi de R51=317,7 kN.

400
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

300

200

100

0
1500 1700 1900 2100 2300 2500 2700 2900

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. 5.66 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M51

Na tabela 5.9 indicam-se as distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio (de
acordo com a fig. 5.57), antes e após a realização do ensaio de compressão axial, e na fig. 5.67
o diagrama força-deslocamento, com indicação do deslocamento correspondente à força
máxima.
Na fig. 5.68 representa-se o aspecto do murete M51 após o ensaio.

Tabela 5.9 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M51, antes
e após a realização do ensaio
Distância a [cm] b [cm]
Antes do ensaio 10,4 10,5
Após o ensaio 8,9 9,4
Abaixamento 1,5 1,1

263
400

Força vertical (kN)


300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0
δv1 = 16,7 mm δv4 = 15,2 mm
-5

δv2 = 1,6 mm δv3 = 0,4 mm


-10

-15 Deslocamento médio = 8,5 mm

-20

Fig. 5.67 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de compressão axial sobre o murete M51

Fig. 5.68 - Aspecto do murete M51 após o ensaio de compressão axial


264
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.68 pode-se observar o modo como a alvenaria fendilhou, segundo uma linha vertical,
“alinhada” com as extremidades das pregagens, eventualmente provocada pela reduzida
quantidade de perpianhos ou pela sua fractura durante o ensaio. Esta situação pode ainda ter
sido facilitada pela maior flexão da meia espessura do murete sem reforço, em relação àquela
em que foram aplicadas a lâmina de micro-betão e as pregagens.
É também visível a existência de fendilhação na lâmina de micro-betão, principalmente na sua
metade superior, onde o efeito do confinamento dado pelas pregagens superiores e central é
maior, já que na metade inferior, as duas pregagens aí existentes se começavam a desprender
da alvenaria.
A viga metálica superior deslocou-se cerca de 5 cm na horizontal, na direcção da face livre de
micro-betão, tendo mantido o alinhamento na outra direcção.
Na fig. 5.69 representa-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e pós-
rotura do murete M51, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R51(PR)=35,3 kN.

400
Força vertical (kN)

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento (mm)

Rotura Correcção inicial Pós rotura Correcção inicial

Fig. 5.69 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-rotura)


sobre o murete M51

- Murete M42 (7/9/2004)

O murete M42 foi colocado sobre a base de ensaio com a lâmina de micro-betão voltada a
Nascente, fig. 5.70, de forma a poder observar-se melhor o comportamento da alvenaria,
durante o ensaio, uma vez que o comportamento das lâminas de micro-betão nos dois ensaios
anteriores tinha sido semelhante.

265
Fig. 5.70 - Aspecto do murete M42 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial

Este murete apresentava uma pequena falta de alvenaria junto ao vértice inferior direito (Sul)
do lintel, de acordo com a disposição do murete indicada na fig. 5.71.
Contudo, a aparente existência de uma junta construtiva vertical no cunhal esquerdo (Norte)
do murete, desencadeou o aparecimento da fenda vertical que levou à queda de parte
significativa do cunhal (fig. 5.71), conduzindo à rotura do murete.

Fig. 5.71 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M42

266
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fase final do ensaio era visível a existência de uma fenda inclinada na alvenaria do murete,
desde o canto superior direito (Sul), até ao canto inferior esquerdo (Norte), fig. 5.84, notando-
se a maior abertura junto ao lintel, em resultado da rotação que a alvenaria situada à esquerda
da fenda sofreu durante o ensaio. De ambos os lados da fenda, a alvenaria encontrava-se com
boa coesão.
A lâmina de micro-betão apresentava-se desligada da alvenaria, principalmente na sua metade
inferior. Era ainda perceptível o início da formação de uma fenda inclinada, embora irregular,
entre a aresta horizontal inferior Poente do lintel e a aresta horizontal superior Nascente da
base do murete, correspondente ao início da separação do murete em dois corpos, em forma
de “cunha”, como resultado da agregação da alvenaria junta às pregagens superiores.
A viga metálica superior estava inclinada no sentido do cunhal que tinha caído, tendo-se
movimentado na direcção horizontal, sentido Sul-Norte, cerca de 2,2 cm. A viga rodou
também em planta, em torno do seu vértice Nascente direito, tendo o vértice Poente esquerdo
deslocado cerca de 1,4 cm, na direcção horizontal, sentido Poente-Nascente.

Na fig. 5.72 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, onde se observa


um ligeiro aumento das forças nos dois varões de pré-esforço situados junto à lâmina de
micro-betão, em relação aos correspondentes à face livre (situação repetida em todos os
muretes desta série IIB1).

400
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

300

200

100

0
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. 5.72 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M42

267
Na tabela 5.10 representa-se as distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio,
antes e após o ensaio (de acordo com a fig. 5.57). O maior abaixamento verificado na
extremidade inferior Norte da lâmina de micro-betão, ajuda a explicar o sentido da inclinação
da viga metálica superior.
Na fig. 5.73 representa-se o diagrama força-deslocamento com indicação do deslocamento
correspondente à força máxima e, na fig. 5.74, o aspecto do murete no final do ensaio.
A força máxima aplicada sobre o murete M42 foi de R42 = 224,3 kN.

Tabela 5.10 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M42,
antes e após a realização do ensaio

Distância a [cm] b [cm]


Antes do ensaio 10,3 10,2
Após o ensaio 10,0 8,7
Abaixamento 0,3 1,5

400
Força vertical [kN]

300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0
δv1 = 8,3 mm δv4 = 3,9 mm
-5
δv2 = 10,9 mm δv3 = 5,1 mm
-10
Deslocamento médio = 7.1 mm

-15

Fig. 5.73 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de compressão axial sobre o murete M42

268
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Nota: As “manchas” roxas visíveis nestas imagens resultam da realização do ensaio de determinação da profundidade
de carbonatação (Tabela I.73, Anexo I)

Fig. 5.74 - Aspecto do murete M42 após o ensaio de compressão axial

Na fig. 5.75 representa-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e


pós-rotura do murete M42, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R42(PR) =
121,8 kN.

400
Força vertical [kN]

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento [mm]

Rotura Correcção inicial Pós rotura Correcção inicial

Fig. 5.75 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-rotura)


sobre o murete M42

269
- Murete M30 (15/9/2004)

Como no caso anterior, o murete M30 foi colocado sobre a base de ensaio de forma a que a
alvenaria constituísse o alçado frontal (Poente), permitindo visualizar melhor a evolução do
comportamento estrutural durante o ensaio.

Fig. 5.76 - Aspecto do murete M30 e das extremidades das pregagens, antes do ensaio de
compressão axial

O ensaio desenvolveu-se de forma idêntica aos três anteriores, apresentando desagregação


distribuída por toda a alvenaria, que se ia desenvolvendo de forma equilibrada, sem
concentração de danos, fig. 5.77.
A rotura foi atingida com um ligeiro descolamento da lâmina de micro-betão, sem fendilhação
visível, em relação à alvenaria.
Neste ensaio foi efectuada a medição das deformações transversais por leitura óptica, segundo
o esquema da fig. 5.3.

Na fig. 5.78 representa-se a história de carga, deslocamentos verticais e deformação


transversal (total) do ensaio, e na fig. 5.79 a história de deformação transversal por face do
murete e total.

270
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.77 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M30

400
Força vertical [kN] - Desl. vertical [m m ] - Def. transv. [ o /o o ]

300

200

100

0
1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000

-100
T empo [seg]

CC1 CC2
CC3 CC4
CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Desloc. vertical (x10)
Def. transversal

Fig. 5.78 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio de


compressão axial do murete M30

271
2,0

Def. transversal [%]


1,6

1,2

0,8

0,4

0,0
1000 1500 2000 2500 3000
-0,4
T empo [seg]

Face Poente Face Nascente T otal

Fig. 5.79 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão axial do
murete M30

Na fig. 5.80 representa-se o diagrama força-deslocamento, com indicação do deslocamento


correspondente à força máxima. Na fig. 5.81 representa-se o diagrama força vertical-deformação
transversal do ensaio de compressão axial do murete M30.

400
Força vertical [Kn]

300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento [mm]

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0,0
δv1 = 0,6 mm δv4 = 0,6 mm
-2,5

δv2 = 7,8 mm δv3 = 7,7 mm


-5,0

-7,5 Deslocamento vertical médio = 4,2 mm


-10,0

Fig. 5.80 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de compressão axial do murete M30

272
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

400

Força vertical [kN]


300

200

100

0
-2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
o
εt [ /oo ]

Deformação transversal

Fig. 5.81 - Diagrama força vertical - deformação transversal do ensaio de compressão axial do
murete M30

No final do ensaio, fig. 5.82, o murete apresentava o início de formação de uma fenda vertical
irregular, sensivelmente a meio do quadrante superior esquerdo, não evidenciando grande
descolamento da lâmina de micro-betão em relação à alvenaria. A lâmina de micro-betão não
fendilhou, revelando uma reduzida mobilização das pregagens.

Fig. 5.82 - Aspecto do murete M30 após o ensaio de compressão axial

Na tabela 5.11 indica-se as distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio, antes e
após a realização do ensaio (de acordo com a fig. 5.57). O abaixamento “simétrico” da lâmina
de micro-betão, reflecte a deformada equilibrada do murete.
A força máxima aplicada sobre o murete M30 foi R30 = 255,7 kN.

273
Tabela 5.11 - Distâncias entre a lâmina de micro-betão e a base de ensaio do murete M30,
antes e após a realização do ensaio
Distância a [cm] b [cm]
Antes do ensaio 10,2 10,3
Após o ensaio 9,9 9,9
Abaixamento 0,3 0,4

Na fig. 5.83 representa-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e


pós-rotura do murete M30, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R30(PR) =
187,9 kN.

400
Força vertical (kN)

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento (mm)

Rotura Correcção inicial Pós-rotura Correcção inicial

Fig. 5.83 - Diagramas conjuntos força vertical-deslocamento vertical ensaio de compressão axial
(rotura e pós-rotura) do murete M30

Na fig. 5.84 representa-se uma imagem de conjunto desta série de quatro muretes, após os
ensaios de compressão axial (pós-rotura).

Fig. 5.84 - Aspecto global dos muretes M53, M51, M42 e M30 após os ensaios de compressão
axial (pós-rotura)
274
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

5.4.4.2 – Solução IIB2 - pregagens (duas faces)

- Murete M22 (9/7/2004)

O murete M22 foi ensaiado com as cantoneiras metálicas L50×50 servindo de apoio às lâminas
de micro-betão, como se pode observar na imagem central da fig. 5.85, cujo comportamento se
desconhecia nesta altura do trabalho 19).
No entanto, tendo-se constatado, durante o ensaio, a rotação (com ligeiro abaixamento) da
cantoneira metálica posterior (Nascente), em torno dos pontos que a fixavam à base do
murete, enquanto a outra ficou praticamente imóvel, todas as cantoneiras dos restantes
muretes desta solução de reforço foram retiradas, figs. 5.13 e 5.90, uma vez que não se podia
quantificar a contribuição destes apoios parciais para a resistência global do murete, nem a
situação correspondia a ocorrências reais significativas.

Fig. 5.85 - Aspecto do murete M22, antes do ensaio de compressão axial

Uma vez iniciado o ensaio, o movimento da lâmina de micro-betão Nascente no sentido


descendente obrigou à rotação da cantoneira de “apoio”, como se referiu. Este movimento
levou à formação de três fendas horizontais por flexão na lâmina de micro-betão Poente, uma vez
que a cantoneira onde apoiava se manteve praticamente imóvel (fig. 5.89).

_______________
19)
O murete M22 foi o primeiro da solução IIB a ser ensaiado, sendo então difícil prever se
estas cantoneiras metálicas iriam funcionar como apoio fixo das lâminas de micro-betão, ou
se iriam movimentar-se em relação à base de apoio do murete, funcionando desse modo como
apoio parcial.

275
A lâmina de micro-betão Nascente apresentava no final do ensaio um maior afastamento em
relação à alvenaria do que a lâmina Poente, devido ao maior percurso descendente efectuado,
pois à medida que a carga aplicada ia aumentando, a deformação do murete correspondia
essencialmente ao abaixamento da lâmina de micro-betão Nascente, com a consequente
rotação da viga metálica superior nesse sentido, fig. 5.86.
A força máxima aplicada sobre o murete M22 foi de R22 = 485,0 kN.

Fig. 5.86 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M22

Na fig. 5.87 representa-se a história de carga e de deslocamentos do murete M22, com os


deslocamentos ampliados 100 vezes, e na fig. 5.88 o diagrama força-deslocamento.

500
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

400

300

200

100

0
1000 2000 3000 4000 5000 6000

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x100

Fig. 5.87 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M22

276
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

500

Força vertical (kN)


400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0
Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. 5.88 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M22

Na fig. 5.89 representa-se o aspecto do murete após a conclusão do ensaio, onde se realçam as
fendas na lâmina de micro-betão Poente, o destacamento da lâmina Nascente em relação ao
“corpo” do murete e a posição final da cantoneira metálica sob a lâmina Nascente.

Fig. 5.89 - Aspecto do murete M22, após o ensaio de compressão axial

277
- Murete M33 (16/7/2004)

Fig. 5.90 - Aspecto do murete M33, antes do ensaio de compressão axial

A deformação do murete iniciou-se com a movimentação (expulsão) da alvenaria para o


exterior das faces laterais, não confinadas e, em simultâneo, a movimentação para o exterior
das duas lâminas de micro-betão, “livres” na extremidade inferior, num efeito que se poderá
designar por efeito de saia.
Esta movimentação (deslocação para o exterior) da alvenaria ocorria sem perda de material,
cuja “agregação” dependia essencialmente das pregagens e do atrito entre a alvenaria e o
lintel, na face inferior deste, fig. 5.91.

O ensaio foi parado antes da degradação total da alvenaria, para realizar um ensaio de pós-
rotura e avaliar, nessas condições, o comportamento do murete.
Por esta razão, o murete ficou globalmente integro, embora as duas lâminas de micro-betão se
apresentassem separadas da alvenaria em praticamente toda a altura, ocorrendo o maior
afastamento ao nível inferior do murete.
Era visível uma fenda horizontal na lâmina Poente do micro-betão, fig. 5.94, bem como uma
ligeira separação entre as duas camadas da lâmina de micro-betão, nas zonas das chapas de
ancoragem, perceptível através dos orifícios deixados nas zonas das pregagens.
A força máxima aplicada sobre o murete M33 foi de R33=362,2 kN.

Na fig. 5.92 representa-se a história de carga e de deslocamentos do murete (notando-se a


dificuldade no controlo da velocidade de aplicação de carga vertical, que se procurou corrigir
nos ensaios seguintes), e na fig. 5.93 o diagrama força-deslocamento.

278
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.91 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M33

500
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

400

300

200

100

0
500 1000 1500 2000 2500 3000

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. 5.92 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
Murete M33

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P

Fig. 5.93 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M33
279
Fig. 5.94 - Aspecto do murete M33, após o ensaio de compressão axial

Na fig. 5.95 apresenta-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e pós-


rotura do murete M33, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R33(PR)=212,2 kN.

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento (mm)

Rotura Pós rotura Correcção inicial

Fig. 5.95 - Diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de compressão axial (rotura e pós-
rotura) sobre o murete M33

5.4.4.3 – Solução IIB3 - conectores inteiros

A variante 3 da solução de reforço IIB apresentou um comportamento estrutural melhor que a


variante anterior, tanto nos valores das forças máximas como nas deformações correspondentes.

280
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Os conectores metálicos melhoraram o efeito de confinamento do micro-betão armado, em


relação às pregagens, pois retardaram o afastamento das lâminas de reforço em relação ao
“corpo” do murete, para iguais níveis de carga. Esta situação traduziu-se, por outro lado, na
ocorrência de maiores forças nas chapas de ancoragem dos conectores, relativamente à
variante anterior, em que as lâminas se afastaram mais.
No caso das pregagens, estas acompanharam o movimento de afastamento das lâminas de
reforço, à medida que a desagregação da alvenaria progredia, em resultado do carregamento
aplicado.
Nesta série de muretes (M26, M52 e M54), foram medidas as extensões nos conectores centrais,
apresentando-se os resultados no Capítulo VI (fig. 6.16). Contudo, as leituras relativas ao
murete M26 não são apresentadas devido a erros de ligação entre os extensómetros e o data
logger. Além disso, foi determinada a deformação transversal do murete M54 ao longo do
ensaio.

- Murete M26 (17/8/2004)

Fig. 5.96 - Aspecto do murete M26 antes do ensaio de compressão axial

A deformação do murete M26 iniciou-se com o deslizamento das lâminas de micro-betão em


relação à alvenaria, acompanhado da movimentação (expulsão) da alvenaria para fora das
faces laterais do murete, fig. 5.97.
A rotura do murete foi atingida de forma brusca, correspondendo certamente à rotura da
ligação entre as duas chapas de ancoragem inferiores, e a primeira camada de micro-betão
contra a qual apoiavam (com espessura média de 2,5 cm).
A força máxima aplicada sobre o murete M26 foi de R26=537,9 kN.

281
Fig. 5.97 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M26

Na fig. 5.98 representa-se a história de carga e de deslocamentos do murete e na fig. 5.99 o


diagrama força-deslocamento.

600
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

500

400

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+P+G Deslocamentos x10

Fig. 5.98 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M26

600
Força vertical (kN)

500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. 5.99 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M26
282
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na tabela 5.12 quantifica-se o abaixamento das lâminas de micro-betão em relação à base do


sistema de ensaio (fig. 5.57), verificando-se um maior abaixamento da lâmina Nascente, que
confirma o deslocamento médio global da viga metálica superior (lintel do murete) no sentido
Poente-Nascente, em relação ao posicionamento fixo dos extensómetros (de 2,6 cm).

Tabela 5.12 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio do murete M26,
antes e após a realização do ensaio
Distância a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do ensaio 10,3 10,4 10,0 10,3
Após o ensaio 8,4 8,7 7,9 8,1
Abaixamento 1,9 1,7 2,1 2,2

No final do ensaio, era visível o descolamento das lâminas de micro-betão em relação à


alvenaria, principalmente junto à base do murete, significando a ocorrência de flexão das
lâminas de micro-betão pelas forças perpendiculares ao plano, causadas pelo processo de
desagregação (deformação transversal) da alvenaria, fig. 5.100.

Fig. 5.100 - Aspecto do murete M26 após o ensaio de compressão axial

283
Na fig. 5.101 apresenta-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e pós-
rotura do murete M26, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R26(PR)=381,2 kN.

Força vertical (kN) 600

500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento (mm)

Rotura Correcção inicial Pós rotura Correcção inicial

Fig. 5.101 - Diagramas força - deslocamento do murete M26 (rotura e pós-rotura)

- Murete M52 (19/8/2004)

Fig. 5.102 - Aspecto do murete M52 e das extremidades dos conectores, antes do ensaio de
compressão axial
284
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Como no caso anterior, as lâminas de micro-betão iniciaram o seu afastamento do “corpo” do


murete pouco depois do início do ensaio.
Durante o ensaio, uma pedra fracturou-se de forma visível: tratava-se de um perpianho
localizado a cerca de 40 cm da base do murete, na face lateral Norte, figs. 5.103 e 5.106. Uma
reduzida espessura da argamassa de assentamento, propiciando o contacto directo entre duas
pedras e impedindo uma adequada distribuição de tensões, poderá explicar o sucedido. Outra
razão poderá residir numa “micro-fracturação” já existente naquela pedra.
Na fig. 5.104 apresenta-se a história de carga e deslocamentos do ensaio, bem como as extensões
no conector central. Na fig. 5.105 representa-se o diagrama força-deslocamento, e na tabela 5.13
as distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio (fig. 5.57).
A força máxima aplicada sobre o murete M52 foi de R52=554,1 kN.

Fig. 5.103 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M52


Carga [kN] - Desloc. [mm] - Ext. x10-5

600

500

400

300

200

100

0
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

T empo [seg]

CC1 CC2
CC3 CC4
CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10
Extensão no conector central x10-5

Fig. 5.104 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M52
285
600

Força vertical (kN)


500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. 5.105 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M52

Tabela 5.13 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M52 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio

Distância a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]


Antes do ensaio 10,3 10,2 10,1 10,0
Após o ensaio 7,4 7,3 7,7 7,7
Abaixamento 2,9 2,9 2,4 2,3

As lâminas do micro-betão apresentaram uma linha de fenda horizontal próxima do conector


central, reflexo do importante confinamento conferido pelos dois conectores inferiores, que
forçou o “efeito de pipa” ([23]), com maior expressão a meia altura do murete.

Embora o aspecto final das extremidades dos conectores não o demonstrasse, pois indicavam
uma degradação simétrica do murete em altura, no final do ensaio verificou-se um afastamento
de 2 cm no deflectómetro Norte e 1 cm no Sul, no sentido Poente-Nascente, em relação às
posições iniciais, mostrando que o lintel se deslocou no sentido contrário, ou seja para a frente
do murete (Poente).
Esta situação é “confirmada” pelos valores da tabela 5.13, que indicam um maior abaixamento
da lâmina de micro-betão Poente (distâncias a e b, fig. 5.57), em relação à lâmina Nascente.

Após o ensaio, constatou-se uma pequena fissura na base do murete, no lado Sul, fig. 5.106,
resultante de um deficiente apoio ou imperfeição superficial no contacto com a base do
sistema de ensaio.

286
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.106 - Aspecto do murete M52 e das extremidades dos conectores, após o ensaio de
compressão axial

Na fig. 5.107 apresenta-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de rotura e pós-


rotura do murete M52, até cerca de 75% da carga vertical máxima, no valor de R52(PR)=388,8 kN.

600
Força vertical (kN)

500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento (mm)

Rotura Correcção inicial Pós rotura Correcção inicial

Fig. 5.107 - Diagramas conjuntos força-deslocamento do ensaio do murete M52 (rotura e pós-rotura)
287
- Murete M54 (25/8/2004)

Fig. 5.108 - Aspecto do murete M54 e das extremidades dos conectores, antes do ensaio de
compressão axial

Durante o ensaio de M54, fig. 5.109, foi notória a deformação transversal da alvenaria,
sobretudo na metade inferior do murete, que levou ao afastamento da lâmina de micro-betão
Poente para o exterior, ao nível da base do murete, mas a lâmina Nascente não se
movimentou. Foram também audíveis alguns sons característicos da fractura de pedras no
interior da alvenaria, sendo visível uma dessas situações na face lateral Sul do murete. Neste
caso (visível), a fractura da pedra parece dever-se ao movimento descendente da lâmina de
micro-betão, razoavelmente aderente a uma das faces da pedra que se partiu (mas cujo
movimento estava “impedido” pela alvenaria existente abaixo).

No final do ensaio, o murete apresentava uma grande inclinação para a frente (Poente), fruto
da movimentação da lâmina Poente, como se referiu, confirmada pelo deslocamento de 8,7 cm
da viga metálica superior nesse sentido, relativamente aos pontos de contacto com ambos os

288
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

deflectómetros. Além disso, a viga metálica deslocou-se cerca de 1,9 cm no sentido Sul-
Norte, correspondendo a uma curvatura do murete nesse sentido, e evidenciava uma grande
inclinação para a frente do murete, apresentando um desnível entre as duas arestas maiores
superiores de cerca de 3,7 cm (medidos com o auxílio do nível de bolha-de-ar).

O murete M54 localizava-se numa das extremidades do grupo de muretes sujeitos à solução
de reforço IIB, fig. 4.19, pelo que nalguns pontos de um dos cunhais, o micro-betão
“envolveu” algumas das pedras aí existentes, melhorando a sua aderência global à alvenaria.
Esta situação foi corrigida na aplicação da solução de reforço III, colocando duas réguas de
madeira encostadas aos cunhais livres do murete extremo (no caso M55, figs. 4.25, 4.26 e
4.28).
A força máxima aplicada sobre o murete M54 foi de R54=531,8 kN.

Fig. 5.109 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M54

Na fig. 5.110 representa-se a história de carga, deslocamentos e deformação transversal do


ensaio, e na fig. 5.111 a história de deformação transversal por face do murete e total.

289
Carga [kN] - Desl. Vert. [mm] - Def. transversal [o/oo]
600

500

400

300

200

100

0
1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200

-100
T empo [seg]

CC1 CC2
CC3 CC4
CC1+CC2+C3+CC4+V+L+G+P Desloc. vert ical x10
Def. transversal Ext ensão no conector cent ral x10 -5

NOTA: As leituras para determinação da deformação transversal foram interrompidas antes do


final do ensaio devido a problemas técnicos, quando a carga vertical era FV=491kN (cerca de
92% da carga máxima).
Fig. 5.110 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio
compressão axial do murete M54

1,6
Def. transversal [%]

1,2

0,8

0,4

0,0
1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200

-0,4

T empo [seg]

Face poente Face nascente T otal

- - - Sinalização da interrupção da leitura óptica da deformação transversal


Fig. 5.111 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão axial
do murete M54

Na fig. 5.112 representa-se o diagrama força vertical-deslocamento vertical do ensaio de


compressão axial do murete M54 e, na fig. 5.113, o diagrama força vertical-deformação
transversal.

290
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

600

Força vertical (kN)


500

400

300

200

100

0
0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0
Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. 5.112 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de compressão axial do murete M54

600
Força vertical [kN]

500

400

300

200

100

0
-3,0 0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0
εt [ o /oo ]

Deformação transversal
- - - Sinalização da interrupção da leitura óptica da deformação transversal
Fig. 5.113 - Diagrama força vertical - deformação transversal do murete M54 20)

Na fig. 5.114 representa-se o aspecto do murete M54 e das extremidades dos conectores após
a realização do ensaio de compressão axial que, por apresentar deformação elevada (grande
inclinação do lintel), não foi sujeito ao ensaio de pós-rotura.

_______________
20)
Ver nota da fig. 5.110.

291
Fig. 5.114 - Aspecto do murete M54 e das extremidades dos conectores, após o ensaio de
compressão axial

Nesta figura, pode ver-se ainda a forte degradação ao nível das porcas nas extremidades nºs. 4
e 5 da lâmina de micro-betão Poente, relacionada com os valores da tabela 5.14, enquanto que
na lâmina oposta tal não ocorreu.
A interpretação para esta situação é a referida a propósito do ensaio de compressão axial (pós-
rotura) do murete M26 no ponto 2.1.2 do Anexo IV: separação localizada entre as duas
camadas da lâmina de micro-betão, devida às elevadas tensões de tracção existentes nos
conectores e transmitidas pelas chapas de ancoragem às suas zonas de apoio.
Na tabela 5.14 indicam-se as distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio
(fig. 5.57), antes e após a realização do ensaio.

Tabela 5.14 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio do murete M54,
antes e após a realização do ensaio
Distância a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do ensaio 10,2 10,0 10,2 10,1
Após o ensaio 6,1 6,6 10,1 9,1
Abaixamento 4,1 3,4 0,1 1,0

292
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.115 representam-se duas imagens de grupo dos muretes M26, M52 e M54, após a
realização dos ensaios de compressão axial.

Fig. 5.115 - Aspecto dos muretes M26, M52 e M54 após os ensaios de compressão axial

5.4.5 – Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com malha
de metal distendido, sem confinamento transversal, com apoio na base

Com os ensaios desta solução de reforço (variante A2 - sem confinamento transversal, fig. 4.28),
pretendia-se quantificar a influência do apoio das lâminas de micro-betão sobre as bases de
ensaio, como forma de justificar, nos casos reais de reforço de paredes de alvenaria ordinária,
a importância de prolongar o reforço até às fundações. Mesmo que para tal seja necessária a
remoção do pavimento térreo (no caso de paredes resistentes interiores e dos paramentos

293
interiores das paredes resistentes exteriores), porventura em “boas condições”, e dos
acabamentos exteriores envolventes do edifício, em intervenções mais ligeiras. Ou em
intervenções mais profundas, com remoção das paredes divisórias e a manutenção exclusiva
das paredes resistentes (cujos rebocos e cantarias dos vãos se prevê também remover). Nesta
última situação, a aplicação do reforço baseado em lâminas de micro-betão, com espessura
mínima de 5 cm (muitas vezes prescrita), não compromete os aspectos arquitectónicos
anteriormente referidos, desde que a reposição das cantarias tenha em conta o aumento da
espessura global das paredes exteriores.
Naturalmente, este procedimento requer, como os anteriores, a revisão das condições
estruturais e o eventual reforço das fundações do edifício, que tenha em conta, entre outros
aspectos: (i) o acréscimo da carga (permanente) devida à aplicação dos materiais de reforço;
(ii) a evolução da regulamentação sobre o projecto de estruturas, em especial no que se refere
à acção sísmica; e (iii) previsíveis alterações funcionais do edifício, após os trabalhos de
reforço.

A série ensaiada, constituída pelos muretes M25, M55 e M24, cujas características geométricas
se apresentam na tabela 5.15, distingue-se da solução de reforço IIB pela existência de micro-
betão armado em ambas as faces, em toda a altura do murete, incluindo a base de apoio e o
lintel, e pela ausência do confinamento transversal.
Como se referiu, as outras duas séries de três muretes com confinamento transversal desta
solução de reforço (uma para ensaios de compressão axial e outra para ensaios de
compressão-corte), fig. 4.28, não foram ensaiadas a tempo dos resultados serem incluídos
neste trabalho por razões que se prendem com a necessidade de reforço da segurança dos
sistemas de ensaio, devido às elevadas forças em presença. Neste sentido, a variante ensaiada
(variante IIIA2) é designada genericamente por “solução III”.

Tabela 5.15 - Caracterização geométrica dos muretes da solução III, sujeitos aos ensaios de
compressão axial

Murete Lâminas de micro-betão


2
Altura [m] Área em planta, sob a viga metálica [m ] Poente Nascente

(alvenaria) Sem micro-betão Com micro-betão (média) Área média [m2] Área média [m2]
M25 0,39 0,74 × 1,57 = 1,16 0,75 × 1,57 = 1,18
0,80 × 0,40 = 0,32
M55 1,20 0,40 0,81 × 1,58 = 1,28 0,80 × 1,58 = 1,26
(lintel)
M24 0,40 0,79 × 1,57 = 1,24 0,80 × 1,57 = 1,26
Área de referência 0,80 × 0,50 = 0,40 m2 0,80 × 1,55 = 1,24 m2

294
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

- Murete M25 (17/6/2005)

Fig. 5.116 - Aspecto do murete M25 antes, do ensaio de compressão axial

O ensaio sobre o murete M25 começou com uma célula de carga de 1 MN colocada sob o
cilindro hidráulico – célula de carga CC1 –, retirada da extremidade superior do varão de pré-
esforço nº1, no canto Norte do sistema de ensaio, assinalado na imagem inferior direita da
fig. 5.116, uma vez que se esperava que a carga de rotura superasse a média obtida nos
muretes mais resistentes da solução de reforço IIB, de RCA(IIB3)=541,3 kN, em virtude de,
agora, as lâminas de micro-betão contactarem com a base de ensaio.
As restantes três células de carga de 1 MN continuaram na sua posição, registando as forças
existentes nos varões 2, 3 e 4.
No entanto, o ensaio foi interrompido a cerca de 2/3 da força máxima (aos 1122 kN) para
retirar a célula de carga de 1 MN debaixo cilindro, por razões de segurança, uma vez que
estava a ultrapassar a sua capacidade de carga (1000 kN), sem que o murete apresentasse
sinais de degradação.

295
Na prática, esta situação correspondeu à aplicação de um primeiro carregamento sobre o
murete, no valor de 1122 kN (fig. 5.120).
Na fig. 5.117 apresenta-se a história de carga e de deslocamentos (ampliados 100 vezes) da “1ª
fase” do ensaio de M25, durante a qual, como se referiu, não foram visíveis deformações no
murete.

2000
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

1750
1500

1250
1000

750
500

250
0
500 1500 2500 3500 4500

T empo (seg)

CC2 CC3 CC4 CC1+V+L+G Deslocamentos x100

Fig. 5.117 - História de carga e deslocamentos verticais da 1ª fase do ensaio de compressão


axial sobre o Murete M25

Em seguida, o ensaio foi reiniciado sem a CC1 debaixo do cilindro e com a quantificação da
carga apenas com as células de carga CC2, CC3 e CC4, pois não era possível, naquela altura,
colocar a CC1 na sua posição inicial.
Com esta disposição das células de carga, para a determinação da resistência mecânica do
murete, recorreu-se ao coeficiente K, calculado a partir da relação entre a força máxima
registada pela CC1 (colocada sob o cilindro, na “1ª fase” do ensaio) e a soma dos valores das
restantes células de carga, no mesmo instante, de acordo com a seguinte expressão:

Max (CC1 + V + L + G ) 1121,6 kN


K= = = 1,45 (5.1)
Max (CC2 + CC3 + CC4 + V + L + G + P) 774,2 kN

em que V, L, G e P, têm o significado referido anteriormente (tabela 5.4).

O facto de o murete M25 ter rompido aparentemente do lado do varão de pré-esforço nº 1 (ao qual
estava associada a CC1), onde devem ter ocorrido os maiores esforços, pode explicar a razão do
valor de K=1,45, em vez de K=1,33 (4/3), que seria de esperar, ou, por outras palavras, que a
soma das forças existentes nos restantes três varões seja inferior a 3/4 da força total aplicada.

296
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na rotura, ocorreram duas importantes fendas na lâmina de micro-betão posterior (Nascente),


que a dividiram em três partes. A fenda superior formou-se a cerca de 8 cm de distância da
face superior do lintel (coincidente com o alinhamento dos dois furos abertos no lintel para
montagem do dispositivo de segurança contra a queda do lintel, fig. III.3 (Anexo III) e, a
outra, a 52 cm. As duas partes inferiores do micro-betão ficaram unidas pela malha metálica,
mas as duas partes superiores ficaram totalmente separadas.
No momento da rotura a parte inferior da lâmina de micro-betão foi projectada para fora da
base de ensaio, tendo caído sobre o pavimento do laboratório.
Na fig. 5.118 retrata-se os últimos 8 a 10 segundos do ensaio sobre o murete M25.

Fig. 5.118 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M25

A lâmina Poente manteve-se praticamente íntegra, apresentando “apenas” uma fenda um


pouco inclinada em cima, junto ao lintel (a cerca 20 cm do canto inferior Norte do lintel e 10 cm
do canto inferior Sul) e, em baixo, sinais de esmagamento na linha de contacto com a base de
ensaio, bem como um afastamento de cerca de 5 cm relativamente à base de apoio do murete.
Por estes motivos, a viga metálica superior apresentava no final do ensaio uma grande
inclinação no sentido Nascente, tendo-se movimentado cerca de 4,2 cm nesse sentido e 5 cm
no sentido Sul-Norte, relativamente à sua posição inicial.
A força máxima aplicada sobre o murete M25 foi de R25=1824,1 kN.

Na fig. 5.119 apresenta-se a história de carga e de deslocamentos da “2ª fase” do ensaio, e na


fig. 5.120 os diagramas força-deslocamento das “duas fases” do ensaio.

297
2000

Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]


1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

T empo (seg)

CC2 CC3 CC4 1,45*(CC2+C3+CC4)+V+L+G+P Deslocamentos x100

Fig. 5.119 - História de carga e deslocamentos verticais da 2ª fase do ensaio de compressão axial
sobre o murete M25

2000
Força vertical (kN)

1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

Deslocamento (mm)

1ª Fase - CC1+V+L+G 2ª Fase - 1,45x(CC2+CC3+CC4)+V+L+G+P Correcção inicial

- Não é possível apresentar (considerar) o troço descendente da “1ª fase” do carregamento do murete porque o data
logger foi desligado antes da “descarga”
Fig. 5.120 - Diagramas força - deslocamento do ensaio de compressão axial (1ª e 2ª fases) sobre
o murete M25

Na fig. 5.121 representa-se o aspecto final do murete após o ensaio, sendo visível a inclinação
da viga metálica superior no sentido Sul-Norte, resultante da grande perda de material
(alvenaria) do lado Norte e quase nenhuma perda do lado Sul.
Pode-se observar também o estado final das duas lâminas de micro-betão, e o seu afastamento
relativamente à alvenaria.

298
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.121 - Aspecto do murete M25 após o ensaio de compressão axial

- Murete M55 (23/6/2005)

Fig. 5.122 - Aspecto do murete M55 antes do ensaio de compressão axial

Para a realização deste ensaio, havia a expectativa de se confirmar o modo de rotura do


murete M55 em relação ao M25, que rompeu de forma totalmente diferente de todos os
anteriores, bem como o valor da força máxima, cujo valor no murete M55 já foi quantificado
pelas quatro células de carga de 1 MN (tal como no murete M24).

Assim, e à semelhança do murete M25, o murete M55 manteve-se sem danos visíveis até aos
9 a 10 segundos anteriores à rotura, que também se pode classificar como “brusca”, pelos
299
motivos referidos a propósito do murete anterior, como se pode observar na imagem central
da fig. 5.123, que registou o momento da rotura, com a “queda” instantânea do pórtico.

Fig. 5.123 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M55

Na lâmina de micro-betão posterior formou-se uma fenda inclinada, que a dividiu em duas
partes. A extremidade Norte desta fenda distava 37 cm da face superior do lintel e a outra
57 cm.
A parte inferior da lâmina de micro-betão manteve-se sobre a base de ensaio, após a rotura, e
permaneceu unida à parte superior pela malha metálica. Inferiormente encontrava-se afastada
da base de apoio do murete cerca de 2 cm a Norte e 7 cm a Sul.
A lâmina Poente não fendilhou, apresentando todavia sinais de esmagamento na linha de
contacto com a base de ensaio e um afastamento de cerca de 7 cm a Norte e 6 cm a Sul,
relativamente à base de apoio do murete.

A viga metálica superior apresentava uma pequena inclinação no sentido Nascente, tendo-se
movimentado cerca de 0,9 cm nesse sentido e 0,8 cm no sentido Sul-Norte, relativamente à
sua posição inicial.
A força máxima aplicada sobre o murete M55 foi de R55=1875,3 kN.

Na fig. 5.124 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, e na fig. 5.125 o


diagrama força-deslocamento.

300
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

2000

Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]


1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x100

Fig. 5.124 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M55

2000
Força vertical (kN)

1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. 5.125 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M55

Na fig. 5.126 representa-se o aspecto final do murete após o ensaio, sendo visível o
descolamento das lâminas de micro-betão em relação à alvenaria, a fenda da lâmina Nascente
e a existência de alguns “vestígios” de pedras aderentes à lâmina Poente que se fracturaram no
instante da rotura (colapso) do murete.

301
Fig. 5.126 - Aspecto do murete M55 após o ensaio de compressão axial

No final do ensaio, a base de ensaio ficou danificada por esmagamento causado pela lâmina
de micro-betão Nascente, por esta ter apoiado no betão de recobrimento das armaduras da
base, cuja resistência mecânica média aos 28 dias foi de 44,1 MPa, de acordo com os valores
fornecidos pela empresa fornecedora do betão.
Para reparar a base de ensaio removeu-se o betão afectado, reforçaram-se as armaduras
(incluindo a fixação de uma cantoneira metálica L50×50 por soldadura), e substituiu-se o
betão danificado por grout “Bettogrout” da Degussa Bettor MBT [59].

- Murete M24 (6/7/2005)

Tendo presente os instantes finais dos dois ensaios anteriores, foram tomadas medidas
adicionais de segurança, relativamente ao sistema de ensaio, prevenindo a rotura de algum dos
seus componentes, fixando o sistema de segurança contra a queda da viga metálica superior (e
dos lintéis) aos pilares do pórtico, e este à ponte rolante do LabDEC, fig. 5.127.

302
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.127 - Aspecto do murete M24 antes do ensaio de compressão axial 21)

A realização deste ensaio confirmou os dois resultados anteriores, uma vez que tanto o modo
de rotura como a força máxima foram muito semelhantes, com o murete a manter-se sem
danos visíveis até aos cerca de 10 segundos anteriores à rotura, também “brusca”, pelos
motivos referidos antes, como se pode observar na imagem central da fig. 5.128, que registou
o momento preciso do colapso, com o abaixamento instantâneo do pórtico.

Fig. 5.128 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M24

_______________
21)
De acordo com a cronologia de todo o trabalho, o murete M24 foi o último a ser ensaiado.

303
Nos instantes imediatamente anteriores à rotura, foi perceptível (audível) o “descolamento”
das lâminas de micro-betão em relação à alvenaria, o que permitiu registar a sua ocorrência
com grande nitidez (fig. 5.128).
Na lâmina de micro-betão Nascente formou-se uma fenda inclinada, sensivelmente à mesma
altura das duas anteriores (M55), que dividiu a lâmina em duas partes, unidas pela malha
metálica: a extremidade Norte da fenda distava 35 cm da face superior do lintel e a
extremidade Sul 50 cm; a parte inferior desta lâmina manteve-se sobre a base de ensaio, após
a rotura, tendo-se afastado em relação à base do murete cerca de 8 cm.
Na lâmina Poente formaram-se duas fendas: uma inclinada, superior, devida a flexão da
lâmina de micro-betão, com a extremidade Norte a 36 cm da face superior do lintel e a outra a
46 cm. A fenda inferior, também inclinada, devida a flexão da lâmina, tinha a extremidade
Norte a 1,00 m da face superior do lintel, e a outra a 1,12 m.
A extremidade inferior da lâmina de micro-betão Poente manteve-se sobre a base de ensaio,
após a rotura.
A viga metálica superior apresentava-se no final do ensaio com uma pequena inclinação no
sentido Nascente, tendo-se movimentado cerca de 0,5 cm nesse sentido e 1,1 cm no sentido
Sul-Norte, relativamente à sua posição inicial.
A força máxima aplicada sobre o murete M24 foi de R24=1913,4 kN.

Na fig. 5.129 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, e na fig. 5.130 o


diagrama força-deslocamento.

2000
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x100

Fig. 5.129 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M24

304
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

2000

Força vertical (kN)


1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. 5.130 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M24

Na fig. 5.131 representa-se o aspecto final do murete após o ensaio, muito semelhante aos
dois anteriores.

Fig. 5.131 - Aspecto do murete M24 após o ensaio de compressão axial

Na fig. 5.132 representa-se uma imagem de conjunto desta série de muretes após os ensaios
de compressão axial, cuja integridade física dependia do “sistema de cintagem” representado.
Sem esta cintagem o aspecto final dos muretes, nesta altura, seria idêntico ao dos muretes da
série IIB1 (M53, M51, M42 e M30), representados na fig. 5.84.

305
Fig. 5.132 - Aspecto dos muretes M25, M55 e M24 (cintados) após os ensaios de compressão axial

5.4.6 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda armada com
rede de fibra de vidro, com confinamento transversal e com apoio na base

Com esta série de muretes (M34, M29 e M27) pretendia-se avaliar a viabilidade de uma
solução de reforço a aplicar em ambos os paramentos de uma parede, independentemente de
esta ser interior ou exterior, pressupondo a sua aplicação desde as fundações do edifício, o que
foi simulado com o apoio das lâminas de reboco na base de ensaio.
Os pares de fios de aço zincado que contornavam os muretes ao nível dos furos superiores e
inferiores, afastados entre si de 0,80m, colocaram uma questão adicional de perceber a
influência deste confinamento suplementar, comparativamente às soluções anteriores em que
o confinamento da alvenaria (por conectores ou pregagens) era feito de forma a que os
“topos” dos muretes se encontravam livres.
Para procurar responder a esta questão, realizou-se o primeiro ensaio (M34) com os dois fios
de aço de cada par enrolados um no outro, de forma helicoidal, recorrendo a um dispositivo

306
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

que os impedia de desenrolar durante o ensaio. Este dispositivo consistia em dois varões
metálicos colocados nos topos dos muretes, unindo os pares de fios de aço, fig. 5.133.
Ao verificar-se, durante o ensaio, que os fios de aço não apresentavam tendência para se
desenrolar, optou-se por desenrolar os pares de fios nos dois ensaios restantes.
No final, constatou-se que qualquer que fosse a situação, esta não tinha influência significativa
nos resultados dos ensaios de compressão axial dos muretes, porque os dois fios não cortados
eram suficientes para garantir o confinamento e a coesão da alvenaria. Esta situação foi
verificada nos ensaios de compressão-corte efectuados com os fios de aço exteriores
totalmente desenrolados e até cortados. Mesmo de difícil quantificação, é ainda assim
razoável admitir que a forma como os dois fios contornavam a alvenaria, contribuiu para o
confinamento desses locais críticos, melhorando o desempenho dos muretes durante os ensaios.
Os muretes desta solução de reforço apresentavam as características geométricas constantes
da tabela 5.16.

Tabela 5.16 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IV, sujeitos aos ensaios de
compressão axial
Murete Lâminas de reboco
Altura [m] Área em planta, sob a viga metálica [m2] Poente Nascente

(alvenaria) Sem reboco Com reboco (média) Área média [m ] 2
Área média [m2]
M34 0,80 × 1,56 = 1,25 0,80 × 1,56 = 1,25
0,80 × 0,40 = 0,32
M29 1,20 0,37 0,79 × 1,57 = 1,24 0,77 × 1,57 = 1,21
(lintel)
M27 0,79 × 1,57 = 1,24 0,79 × 1,57 = 1,24
Área de referência 0,80 × 0,46 = 0,37 0,80 × 1,55 = 1,24 m2

- Murete M34 (15/4/2005)

Fig. 5.133 - Aspecto do murete M34, antes do ensaio de compressão axial

307
A deformação do murete M34 iniciou-se com o aparecimento de uma fenda horizontal no
reboco entre os furos superior esquerdo, nº 1, e central, nº 3 (fig. 4.6). A fenda foi progredindo
ao longo do ensaio, conforme representado nas imagens da fig. 5.134, de forma que a parte do
reboco localizada abaixo da fenda se sobrepôs à outra parte no final do ensaio, em quase toda
a largura do reboco (figs. 5.134 e 5.137), terminando do lado direito (Sul) do murete, segundo
a horizontal do furo central.
Ao mesmo tempo que esta fenda progredia, notava-se um fenómeno de esmagamento do
reboco no canto inferior Norte da lâmina de reboco Nascente, sobre a base de ensaio, e o
descolamento progressivo das duas lâminas de reboco em relação à alvenaria.
A sobreposição máxima do reboco, abaixo do furo nº 1, foi de 2,3 cm (assinalada na fig. 5.134
e “visível” nas imagens superiores da fig. 5.137).

Fig. 5.134 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M34

O murete apresentou uma rotura acompanhada de um som correspondente ao brusco


incremento da separação das lâminas de reboco e/ou à eventual fractura de pedras no interior
da alvenaria.
A viga metálica superior apresentava uma grande inclinação no sentido desta fenda, como se
observa na imagem direita da fig. 5.134.
A força máxima aplicada sobre o murete M34 foi de R34 = 467,5 kN.

Na fig. 5.135 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio e na fig. 5.136 o


diagrama força-deslocamento.

308
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

500

Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]


400

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000

T empo [seg]

CC500+V+L+G Deslocamentos x10

Fig. 5.135 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M34

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamento (mm)

CC500+V+L+G Correcção inicial

Fig. 5.136 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M34

No final do ensaio, fig. 5.137, o murete “mantinha” a sua integridade mas as duas lâminas de
reboco manifestavam configurações de rotura diferentes: (i) a lâmina Poente, apresentava a
fenda acima referida, bem visível na imagem superior direita da fig. 5.137, onde também se
observa a continuidade da rede de fibra de vidro ao longo de toda a fenda, mas a restante
superfície do reboco não fendilhou; (ii) a lâmina Nascente possuía um padrão de fendilhação
mais disperso, como se mostra na imagem inferior direita da fig. 5.137, embora as áreas de
reboco entre as fendas assinaladas se apresentassem também sem fendilhação. Ou seja, numa
das faces do murete, ocorreu uma fenda localizada enquanto na outra a fendilhação foi mais
distribuída na superfície. O facto de o furo nº 3 não estar centrado na face Poente do murete,
mas a cerca de 45 cm do lado Norte e 35 cm do lado Sul, relativamente às extremidades,
explica a maior abertura da fenda à esquerda deste furo, já que aí a alvenaria se encontrava
menos confinada. Tal era também perceptível, uma vez que, após o ensaio, a alvenaria à
esquerda do furo (onde a fenda abriu mais) se encontrava mais solta do que a do lado direito.
309
Fig. 5.137 - Aspecto do murete M34 após o ensaio de compressão

Outra conclusão susceptível é que, em virtude do reboco posterior (Nascente) ter fendilhado
menos, ocorreu o esmagamento da aresta inferior do reboco, contra a base de ensaio, na mesma
“metade” Norte do murete onde a fenda da face Poente ocorreu. As pontas inferiores do dispositivo
criado para evitar o “desenrolar” dos fios de aço, continuaram a movimentar-se livremente.
Para avaliar o “estado” interior do reboco após o ensaio, removeu-se com disco de corte o
reboco junto ao furo central, numa área de 12,5×12,5 cm2, fig. 5.138, tendo-se observado que:
(i) as duas camadas do reboco estavam separadas; (ii) a rede de fibra de vidro apresentava-se
íntegra e sem estiramentos visíveis ou roturas; (iii) os fios de aço zincado não se
movimentaram relativamente à posição inicial; (iv) a calda de cimento injectada no furo
envolvia todos os fios de aço que, por essa razão, não se podiam movimentar entre si; (v) a
primeira camada do reboco, interior ao confinamento, não mostrava sinais de esmagamento
por efeito dos fios de aço; (vi) quando o disco de corte tocava a primeira camada de reboco,
os pedaços removidos traziam também a fibra de vidro, cuja separação do reboco se mostrava
muito difícil.
310
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.138 - Aspecto da extremidade do furo transversal central do murete M34, após o ensaio de
compressão axial

- Murete M29 (19/4/2005)

Fig. 5.139 - Aspecto do murete M29, antes do ensaio de compressão axial

O ensaio do murete M29 decorreu de forma semelhante ao anterior, com o início da fendilhação
na face Nascente, localizada na metade superior do murete. Na face oposta (face Poente), a
fendilhação surgiu mais tarde e era menos pronunciada. Com o decorrer do ensaio, fig. 5.140,
duas das fendas inclinadas da face Nascente tomaram a forma de um “V”, desenvolvendo-se
segundo o alinhamento dos fios de aço zincado que ligavam o furo central aos dois superiores,
divergindo depois destes para as extremidades do reboco. No final do ensaio, a 2ª camada de
reboco da metade superior da face Nascente estava inteiramente fendilhada e separada da
primeira, apresentando sinais de esmagamento. As duas camadas de reboco da face Poente
apresentavam-se, em geral, separadas. Na rotura, a viga metálica superior deslocou-se no sentido
Poente-Nascente cerca 4,6 cm em relação ao deflectómetro Norte e 5,4 cm em relação ao Sul.
311
Fig. 5.140 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M29

Contrariamente ao murete anterior (que rompeu bruscamente após a formação da fenda


horizontal), o murete M29 rompeu de forma lenta e continuada, com a rotação do lintel, à
medida que a fendilhação no reboco da face posterior ia aumentando. O murete M29 apresentava
um padrão de degradação superior ao M34, o que pode explicar a menor resistência mecânica
de M29, pois enquanto a deformação na rotura do murete M34 correspondeu essencialmente a
uma fenda transversal inclinada a meia distância entre a furação central e as duas furações
superiores e a uma pequena fenda vertical, no murete M29 ocorreu essencialmente fendilhação
vertical que se foi agravando ao longo do tempo.
A força máxima aplicada sobre o murete M29 foi de R29 = 414,6 kN.
Na fig. 5.141 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, e na fig. 5.142 o
diagrama força-deslocamento.
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

500

400

300

200

100

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

T empo [seg]

CC1+V+L+G Deslocamentos x10

Fig. 5.141 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M29
312
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

500

Força vertical (kN)


400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamento (mm)

CC1(1MN)+V+L+G Correcção inicial

Fig. 5.142 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M29

Na fig. 5.143 mostra-se o aspecto do murete no final do ensaio, vendo-se que fios de aço
zincado não entrelaçados (que contornavam o murete) não apresentaram sinais de
deslizamento em relação à alvenaria, pois as marcas efectuadas antes do ensaio não se
afastaram entre si.

Fig. 5.143 - Aspecto do murete M29 após o ensaio de compressão axial

313
Na face Poente do murete, onde ocorreram menores danos, uma vez que o lintel rodou no
sentido da outra face, verificou-se uma maior degradação do reboco no contacto com a base
de ensaio. Já na face Nascente, onde a fendilhação foi muito mais generalizada na metade
superior do murete, o reboco apresentava-se menos danificado no contacto com a base de ensaio.
Tal como no murete M34, a fenda horizontal superior do murete M29 deveu-se aos elevados
esforços aí existentes em resultado da rotação excessiva do lintel, relativamente à alvenaria.
Na fig. 5.144 representa-se o aspecto final da extremidade do furo transversal central do
murete M29, após o ensaio de compressão, onde se pode constatar um quadro semelhante ao
do murete M34, destacando-se a inexistência de esmagamento local, a integridade da rede de
fibra de vidro e a muito boa aderência entre esta e o reboco.

Fig. 5.144 - Aspecto da extremidade do furo transversal central do murete M29, após o ensaio de
compressão axial

- Murete M27 (22/4/2005)

Fig. 5.145 - Aspecto do murete M27, antes do ensaio de compressão axial


314
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

O início da perda de rigidez (comportamento não linear) do murete M27 ocorreu com o
aparecimento da fendilhação horizontal acima do alinhamento dos dois furos superiores da
face posterior (Nascente), a cerca de 60% da carga máxima, após o que o ensaio foi
interrompido, mantendo-se a carga aplicada, devido a perda de contacto entre o data logger e
o computador, fig. 5.146. O ensaio foi reiniciado (cerca de 12 minutos depois), quando a
carga aplicada era de 261,8 kN.
A rotura do murete resultou dos esforços causados pela rotação excessiva do lintel em relação
à alvenaria, no sentido da face Nascente, de forma lenta mas progressiva (contrariamente ao
murete M34), com esmagamento e fendilhação local do reboco daquela face, que se destacou
por completo.
Na linha de contacto com a base de ensaio, o reboco apresentava sinais de esmagamento,
principalmente na extremidade inferior Norte. No final do ensaio era notório o deslocamento
da viga metálica superior no sentido Poente-Nascente, de cerca de 4,2 cm em relação ao
deflectómetro esquerdo (Norte) e 3,9 cm em relação ao direito.
O facto de a alvenaria apenas ter sido “cosida” entre os conectores, pode justificar, em parte, a
excessiva rotação da viga metálica, resultante da desagregação da alvenaria entre a linha
horizontal formada pelos dois conectores superiores (conectores 1 e 2), e a face inferior do
lintel. Outra razão, poderá residir na pequena rigidez das lâminas de reboco, com espessura
média de (apenas) 3 cm. A circunstância da alvenaria se apresentar comparativamente pouco
degradada abaixo da linha horizontal definida pelos conectores superiores, evidencia a
importância do confinamento transversal e a forma como este foi realizado (de modo contínuo).

Fig. 5.146 - Ensaio de compressão axial sobre o murete M27


315
No final do ensaio, o murete mantinha a sua integridade, e as duas lâminas de reboco
apresentavam um aspecto geral livre de fendilhação, excepto a acima referida. Tal como no
caso do murete M29, os fios de aço zincado (não entrelaçados) que contornavam o murete,
não apresentavam sinais de deslizamento em relação à alvenaria.
A força máxima aplicada sobre o murete M27 foi de R27 = 438,7 kN.

Na fig. 5.147 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio, com indicação


do tempo de paragem e, na fig. 5.148, o diagrama força-deslocamento.
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

500

400

300

200

100

0
0 1000 2000 3000 4000 5000

T empo [seg]

CC1MN+V+L+G Deslocamentos x10

Fig. 5.147 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de compressão axial sobre o
murete M27

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamento (mm)

CC1(1MN)+V+L+G Correcção inicial

Fig. 5.148 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de compressão axial sobre o murete M27

316
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.149 representa-se o aspecto final do murete M27 após o ensaio de compressão axial,
cuja lâmina de reboco posterior (Nascente) se encontrava mais destacada da alvenaria que a
oposta.
Em geral, a alvenaria abaixo dos dois furos transversais superiores apresentava sinais de
elevada coesão.

Fig. 5.149 - Aspecto do murete M27 após o ensaio de compressão axial

Na fig. 5.150 representa-se o aspecto da extremidade do furo central após o ensaio de


compressão, a propósito do qual se podem repetir as observações referidas para os muretes
M34 e M29 (inexistência de esmagamento local, boa integridade da rede de fibra de vidro e
muito boa aderência entre a rede e o reboco).

Na fig. 5.151, mostra-se uma imagem de conjunto destes três muretes após os ensaios de
compressão, registando-se as “boas condições” de integridade que apresentavam.

317
Fig. 5.150 - Aspecto final da extremidade do furo transversal central do murete M27, após o
ensaio de compressão axial

Fig. 5.151 - Aspecto global dos muretes M27, M29 e M34 após os ensaios de compressão
axial

318
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

5.5 – Comportamento dos muretes observado durante os ensaios de compressão-corte

Os ensaios de compressão-corte são apresentados segundo a ordem com que foram realizados,
começando-se pelos ensaios dos muretes de referência e passando depois para: (i) muretes sujeitos
à solução de reforço IIB3 (lâminas de micro-betão armadas, com confinamento transversal e sem
apoio na base); (ii) muretes sujeitos à solução de reforço I (conectores transversais isolados);
e (iii) muretes sujeitos à solução de reforço IV (reboco de argamassa bastarda, armado, com
confinamento transversal e apoio na base). Esta ordem de apresentação permite expor a
relação entre as cargas de rotura nos ensaios de compressão axial e as cargas verticais
aplicadas nos ensaios de compressão-corte, no instante da rotura, definida no final dos ensaios
dos muretes solução de reforço IIB3 (expressão 5.5), que foi depois utilizada para estimar as
cargas verticais a aplicar nos ensaios de compressão-corte dos muretes das soluções I e IV.
Neste sistema de ensaio não foram efectuados ensaios preliminares e, por motivos de segurança
do sistema de ensaio, como referido, não foram ensaiados os muretes da solução IIIA1 (reforçados
com lâminas de micro-betão armadas, com confinamento transversal e apoio na base), fig. 4.28.

5.5.1 – Condicionantes de ensaio

Os ensaios de compressão-corte foram realizados de acordo com as seguintes condicionantes,


previamente estabelecidas: (i) valor e velocidade de aplicação da carga vertical; (ii) tipo de ensaio
(monotónico, cíclico ou alternado) e os valores dos incrementos dos deslocamentos horizontais, nos
ensaios cíclicos e alternados; (iii) velocidade do actuador e (iv) os “critérios de paragem” do ensaio.

Carga vertical a aplicar

Para a determinação da carga vertical a aplicar sobre os muretes de referência, no início dos
ensaios de compressão-corte, considerou-se um edifício constituído por três pisos (r/chão com
caixa de ar de 0,60 m e dois pisos elevados) com pé-direito de 3,00 m, em todos os pisos. As
paredes do r/chão possuíam uma altura total de 3,60 m, devido à caixa-de-ar; a cobertura, de
duas águas, tinha uma altura na cumeeira de 2,00 m. A estrutura era constituída por fundações
(directas) e paredes resistentes em alvenaria ordinária, com os pavimentos, escadas e estrutura
da cobertura em madeira.
Deste modo, para a definição da carga vertical a aplicar sobre os muretes de referência, cada um
deles corresponderia a uma parte (painel) de uma parede de alvenaria ordinária, sem aberturas,
com 0,40 m de espessura, localizado no r/chão. Tendo por base a área de influência desta parede,
319
cujas características geométricas e construtivas seriam semelhantes às dos muretes de referência,
as massas volúmicas dos materiais e as acções (gravíticas) constantes do RSA [138], admitiu-se
como carga vertical actuante sobre aquele painel de alvenaria, o valor médio de 110 kN 22).
Do ponto de vista do trabalho experimental, considerou-se que esta carga de referência incluía
uma parcela de cerca de 10 kN, designada por “carga pré-existente” (CPE), tabela 5.17,
correspondente à soma dos pesos médios dos seguintes elementos existentes sobre os muretes
durante os ensaios mas não quantificados pelas células de carga, por se localizarem abaixo
delas: lintéis de betão armado (1,8 kN), viga metálica superior, incluindo rótula, viga metálica
transversal, macacos, células de carga, chapas de ancoragem, dispositivo de segurança contra a
queda dos lintéis, etc. (7,9 kN), fig. III.27 (Anexo III), varões de pré-esforço e braço de suporte
da célula de carga horizontal CC3 (0,5 kN). Nas situações em que foi necessária a regularização
da superfície dos lintéis, considerou-se como peso médio do grout utilizado o valor 0,4 kN.

Tabela 5.17 - Estimativa da carga pré-existente (CPE) sobre a alvenaria dos muretes, antes do
início dos ensaios de compressão-corte
Peso dos elementos pré-existentes sobre a alvenaria [kN]
CPE
Muretes Lintel de Viga metálica e “1/2 braço” de CC3 e Grout de [kN]
betão armado outros equipamentos varões de pré-esforço regularização
Referência e solução I -- 10,2
1,8 7,9 0,5
Soluções de reforço IIB e III 0,4 10,6

Tal como nos ensaios de compressão axial, a CPE foi adicionada ao somatório dos valores
registados pelas células de carga verticais, CC1 e CC2, nos respectivos ensaios, pelo que, nos
gráficos, os valores individuais das células de carga não contemplam a CPE.

Velocidade de aplicação da carga vertical

No início dos ensaios de compressão-corte sobre os muretes de referência não havia ainda
uma ideia definida sobre a velocidade de aplicação da carga vertical, sabendo-se, todavia, que
esta não podia ser muito elevada, para permitir que a alvenaria se fosse “adaptando” ao estado
crescente de tensão a que ia ser sujeita, antes de se iniciarem os deslocamentos horizontais
impostos pelo actuador.
_______________
22)
Nos muretes de referência, esta carga corresponde a uma tensão vertical inicial de 0,23 MPa.
Segundo a prEN 1052 (CEN, 1995) – Method of Test for Masonry - Part 3: Determination of
Initial Shear Strength [40], embora não directamente aplicável, refere-se como valores de
“partida”, os contidos no intervalo [0,2;1,0] MPa.
320
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Foi utilizada a bomba hidráulica eléctrica Enerpac GPEW 2020 WSN, de duplo efeito, com
função de load mantainer (a mesma usada nos ensaios de compressão axial), procurando-se
garantir que a velocidade de aplicação da carga vertical em cada ensaio fosse “constante” ao
longo do tempo, tendo por base a leitura dos resultados em tempo real, com observação
permanente do comportamento do murete durante a aplicação do carregamento. Esta
preocupação resultou do facto do endurecimento da argamassa de assentamento não estar
terminada nesta altura, já que, de acordo com os ensaios de determinação da profundidade de
carbonatação que vinham sendo realizados, esta apenas estava concluída em cerca de 28%.
Por outro lado, pretendia-se evitar a degradação estrutural dos muretes na fase de
carregamento vertical, por excesso de carga.
Uma vez atingido o valor previamente definido para a carga vertical (2×50 kN, no caso dos
muretes de referência), este era mantido através da função de load maintainer da bomba
hidráulica, permitindo assim concentrar a atenção no controlo do actuador, que marcava o
início da segunda fase dos ensaios de compressão-corte.

Tipo de ensaio (monotónico, cíclico ou alternado)

A tipificação dos ensaios em monotónicos, cíclicos ou alternados resulta da forma como são
aplicados os incrementos dos deslocamentos horizontais, mantendo-se a carga vertical
aproximadamente constante.
Assim, considera-se:
i) ensaio monotónico aquele em que o deslocamento horizontal é aplicado num só sentido,
até à rotura do modelo;
ii) ensaio cíclico quando os deslocamentos horizontais são aplicados em ciclos sucessivos de
carga e descarga, com amplitudes cada vez maiores (regressando e partindo sempre da
origem), até à rotura do modelo, podendo efectuar-se mais que um ciclo com a mesma
amplitude de deslocamento;
iii) ensaio alternado quando o deslocamento horizontal é aplicado em ciclos de deslocamentos
com dois sentidos opostos, com deslocamentos positivos e negativos de igual amplitude. Os
incrementos de deslocamentos são dados simetricamente em relação à origem, até à rotura do
modelo. Neste caso podem também efectuar-se vários ciclos completos de movimentos para
cada amplitude.
Na fig. 5.152 esquematizam-se os diagramas de deslocamentos horizontais ao longo do
tempo, em ensaios monotónicos, cíclicos e alternados, considerando, nos dois últimos casos,
três ciclos por cada amplitude de deslocamentos.

321
Deslocamento [mm]
d

0
0 t Tempo [seg]

(Ensaio monotónico, com imposição de deslocamento horizontal crescente até à rotura do modelo)
Deslocamento [mm]

d3

d2

d1

Tempo [seg]

(Ensaio cíclico, com três ciclos por amplitude de deslocamentos)


Deslocamento [mm]

d3

d2

d1

Tempo [seg]
-d1

-d2

-d3

(Ensaio alternado, com três ciclos completos por amplitude de deslocamentos)

Fig. 5.152 - Representação esquemática da história de deslocamentos horizontais em ensaios


monotónicos, cíclicos e alternados

322
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

A definição do tipo de ensaio a realizar baseou-se no que a seguir se refere: (i) o primeiro
ensaio de cada série de três muretes devia ser monotónico, para avaliar o comportamento do
murete de uma forma mais fácil e comparável em todas as séries de muretes; (ii) no caso dos
muretes de referência, tratando-se da primeira série de muretes a ser ensaiada neste sistema de
ensaio, foram realizados três ensaios monotónicos, como forma de confirmar os sucessivos
valores obtidos.
Na tabela 5.18 indica-se o tipo de ensaios de compressão-corte realizados sobre as quatro
séries de muretes, cuja justificação é efectuada durante a descrição dos ensaios.

Tabela 5.18 - Identificação dos tipos de ensaios de compressão-corte realizados (por ordem
cronológica)

Solução de reforço Murete Nº Tipo de ensaio


M20
Nenhuma
M5 Monotónico (1)
(muretes de referência)
M12
M15
Reboco de micro-betão armado com Cíclico
IIB3 M16
rede metálica, sem apoio na base
M18 Alternado
M10
Monotónico (1)
I Conectores transversais (isolados) M13
M17 Alternado
Reboco de argamassa bastarda M14
IV armado com rede de fibra de vidro, M19 Monotónico (1)
com apoio na base M11
(1) – Sentido Norte - Sul, de acordo com a fig. 5.7.

Valores dos incrementos dos deslocamentos horizontais, nos ensaios cíclicos e alternados
dos muretes reforçados

O actuador possui dois alvos (ou detectores de fim-de-curso), cuja distância entre eles definia
a amplitude dos deslocamentos horizontais nos ensaios cíclicos e alternados, e um sensor que
se desloca entre os alvos, fazendo inverter o sentido do movimento do actuador quando este
contacta com os alvos. Os valores dos incrementos dos deslocamentos horizontais, nos
ensaios cíclicos e alternados, foram de cerca de 5 mm para a solução IIB3 e 2 mm para a
solução I, sendo estes valores justificados na descrição dos ensaios.
Deste modo, no caso dos ensaios cíclicos, a amplitude dos primeiros três deslocamentos
horizontais foi definida pela distância inicial entre os alvos, encontrando-se o sensor junto do
alvo mais próximo do actuador (que definia a origem dos deslocamentos) no início de cada

323
ciclo. Quando o sensor e o alvo mais afastado (a Sul) se tocavam, invertia-se o sentido do
deslocamento, o qual, quando o sensor tocava o alvo de origem, se voltava a inverter,
repetindo-se esta situação por três vezes. Em seguida, com o actuador parado mas com a carga
vertical constante, a distância entre os alvos passava para o dobro da distância inicial, e assim
sucessivamente, até à rotura do murete.
Quanto aos ensaios alternados, o controlo dos deslocamentos era efectuado de forma
semelhante, com a diferença de que agora os alvos se afastavam simetricamente em relação à
origem.
Para se efectuar o afastamento dos alvos, o actuador era parado manualmente no regresso à
origem, após a conclusão do terceiro ciclo de cada amplitude, na posição de força horizontal
(FH) nula. Este procedimento foi seguido até à rotura dos muretes.

Apesar dos cuidados tidos, o modo de posicionamento (manual) dos alvos bem como o tempo
de reacção do motor do actuador retiraram alguma precisão ao valor da amplitude dos ciclos
de deslocamentos aplicados, como se verá.

Velocidade do actuador

A velocidade de translação do actuador foi definida com base no trabalho mencionado em


[145], tendo-se adoptado uma velocidade angular do parafuso do actuador de 2000 r.p.m.

Critérios de paragem do ensaio

Consideraram-se como critérios de paragem do ensaio: (i) um nível de deformação dos muretes
de tal forma elevado que pusesse em risco o equipamento de ensaio, nomeadamente as
extremidades rotuladas do braço de suporte da célula de carga horizontal (CC3) que, quando a
inclinação do murete ultrapassava determinado limite se podiam danificar contra as peças
metálicas a que estavam ligadas, como se referiu anteriormente, ou (ii) um valor da força
horizontal inferior a 50% da força máxima (FHmax).

5.5.2 – Instrumentação de ensaio

Em todos os ensaios de compressão-corte, as células de carga e os deflectómetros eram


colocados nas posições representadas esquematicamente na fig. 5.153.

324
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Dist. [m] Refª IIB I IV


a 1,10 1,05 1,05 1,05
b (1) 0,60 0,60 0,60 0,60
c 0,15 0,15 0,15 0,15
d 0,02 0,02 0,02 0,02
e 0,20 0,20 0,20 0,20
f 0,40 0,40 0,40 0,40
g 0,60 0,60 0,60 0,60
h 0,06 0,01 0,06 0,03
i 0,40 0,50 0,40 0,46
(1) – no murete M17 (sol. I): b=0,70 m

Fig. 5.153 - Representação esquemática da instrumentação do sistema de ensaio

As células de carga verticais (CC1 e CC2) estavam posicionadas sobre o eixo de simetria
transversal da viga metálica superior, e a célula de carga horizontal (CC3) no braço de ligação
do actuador aos lintéis. Os deflectómetros D1, D2 e D7 mediam o deslocamento horizontal do
lintel em relação à base do murete, na direcção da carga horizontal; D3 e D4, o deslocamento
vertical das faces Nascente e Poente do lintel, segundo o eixo de simetria transversal; D5 e
D6, o deslocamento vertical das faces Norte e Sul do lintel (respectivamente) segundo o eixo
de simetria longitudinal.
Em seguida descreve-se o comportamento dos muretes durante os ensaios de compressão-
corte referindo-se, a seguir à identificação do murete, a data e o tipo de ensaio realizado.

5.5.3 – Muretes de referência

Os muretes de referência (M20, M5 e M12) apresentavam as seguintes características geométricas.

Tabela 5.19 - Caracterização geométrica dos muretes de referência, para os ensaios de


compressão-corte
Dimensões médias [m]
Murete
Comprimento Altura Espessura
M20 1,19 1,19 0,40
M5 1,19 1,20 0,40
M12 1,20 1,20 0,40

325
- Murete M20 (3/3/2004) – Ensaio monotónico

Fig. 5.154 - Aspecto do murete M20, antes do ensaio de compressão-corte

O ensaio do murete M20 decorreu em duas fases, como referido. Na primeira foi aplicada a
carga vertical a uma velocidade média de 3,1 kN/min, até se atingir o valor médio de 108,9 kN 23),
que se manteve aproximadamente constante ao longo do ensaio. Durante a aplicação da carga
vertical não se registaram deformações visíveis no murete.
Na segunda fase, iniciada depois de concluído o carregamento vertical e de se observar o estado
do murete e do sistema de ensaio, foram impostos deslocamentos horizontais ao nível do
lintel, através do avanço do braço do actuador, até à rotura do murete, num ensaio monotónico.

_______________
23)
Em todos os ensaios de compressão-corte, apenas a carga transmitida pelos cilindros
hidráulicos foi aplicada gradualmente, uma vez que a CPE (tabela 5.17), já existia sobre o
murete antes de se iniciar o ensaio. O controlo manual da bomba hidráulica dificultou a
aplicação do valor exacto da carga vertical definida, neste caso, em 110 kN.

326
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Pouco depois do início da segunda fase do ensaio, começou a formar-se uma fenda inclinada a
45º, desde o canto superior Norte do murete até ao canto inferior Sul. Esta fenda, designada
genericamente por “fenda principal”, desenvolveu-se continuamente, pela acção do avanço do
actuador. A alvenaria acima e abaixo desta fenda apresentava sinais crescentes de desagregação,
à medida que o ensaio decorria.
Antes do final do ensaio formaram-se duas outras fendas inclinadas: uma desde o canto
inferior Norte do murete, até se encontrar com a fenda principal a cerca de ¼ do seu
comprimento, medido a partir do canto superior Norte, e outra, anti-simétrica desta,
formando-se desde o canto superior Sul do murete até se encontrar com a fenda principal a
cerca de ¼ do seu comprimento, medido a partir do canto inferior Sul.
Do encontro entre estas três fendas inclinadas, resultou uma figura de rotura formada pela
fenda principal, claramente definida, e por dois volumes triangulares de alvenaria situados nas
extremidades Norte e Sul do murete (em que um dos vértices, comum, se localizava
sensivelmente a meia altura do murete).
No final do ensaio, a alvenaria do “triângulo” Norte desagregou-se quase por completo.

Na fig. 5.155 pode-se observar algumas imagens do ensaio (vista Nascente, fig. 5.7), vendo-se a
formação da fenda principal enquanto que, na fig. 5.156 (vista Poente), se observa mais
facilmente as outras duas fendas.
Em ambas as figuras, no entanto, nota-se que a alvenaria existente acima e abaixo da fenda
principal, com excepção dos dois “volumes triangulares” acima referidos, mantém um razoável
estado de agregação.

Fig. 5.155 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M20 (vista Nascente)

327
Fig. 5.156 - Final do ensaio de compressão-corte sobre o murete M20 (vista Poente)

Na fig. 5.157 representa-se a história de carga e deslocamentos do ensaio, referindo-se os


períodos de espera à paragem do ensaio para observação do comportamento do murete e do
sistema de ensaio. Os deslocamentos horizontais correspondem ao valor médio das leituras
dos deflectómetros D1 e D2 e os deslocamentos verticais (ampliados 10 vezes) ao valor
médio dos deflectómetros D3 e D4 24) (fig. 5.153).
Na fig. 5.157 pode ver-se ainda a perturbação causada no carregamento vertical durante todo
o tempo de funcionamento do actuador. Esta perturbação, ocorrida em todos os ensaios,
resulta da reacção do sistema de load maintainer do carregamento vertical à deformação
vertical do murete, resultante da sua desagregação e consequente perda de rigidez, por sua vez
devidas ao deslocamento horizontal imposto. Na fig. 5.158 representa-se o diagrama força
horizontal – deslocamento horizontal do ensaio, para a carga vertical média de 108,9 kN.

140
Deslocamentos [mm]

120

100

80

60
-

40
Carga [kN]

20

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.157 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M20


_______________
24)
Esta apresentação será comum a todos os ensaios de compressão-corte.
328
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

carga vertical média = 108,9 kN

Força horizontal [kN]


30

25

20

15

10

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.158 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M20

Na fig. 5.159 representa-se o aspecto final do murete M20 após o ensaio de compressão-corte,
podendo observar-se, para além das fendas inclinadas já descritas, a ocorrência de fendilhação
vertical, fruto do deficiente funcionamento dos perpianhos, que se pode dever: (i) ao seu mau
posicionamento; (ii) suas insuficientes dimensões e/ou resistência mecânica (podendo ter
fracturado) e/ou (iii) sua insuficiente quantidade. A fendilhação generalizada causou inclinação
acentuada no murete e a sua rotura. As últimas três imagens da fig. 5.159 mostram a evolução
do aspecto do murete durante a retirada da viga metálica superior, para a desmontagem do ensaio,
podendo ver-se a alvenaria abaixo da fenda principal e a sua inclinação aproximada de 45º.

Fig. 5.159 - Aspecto do murete M20, após o ensaio de compressão-corte


329
A rotura do murete M20, determinada pela força horizontal máxima, ocorreu para o binómio
de cargas vertical (FV) / horizontal (FHmax) de 108,9 kN / 25,0 kN. Com base nestes valores,
calculou-se a força resultante (inclinada) pela expressão:

R= (FV ) 2 + (FH
max
)2 (5.2)

sendo FV a carga vertical (média) para a qual o murete rompeu em resultado do deslocamento
horizontal imposto pelo actuador, e FHmax a força (carga) horizontal máxima correspondente.

Nesta expressão despreza-se o efeito das cargas verticais aplicadas pelos varões de pré-esforço na
redução da carga horizontal (célula de carga horizontal CC3), devido à sua reduzida inclinação no
final de cada ensaio. A rotura do murete M20 deu-se, assim, para a carga resultante inclinada
de R20=111,7 kN.

- Murete M5 (30/4/2004) – Ensaio monotónico

Fig. 5.160 - Aspecto do murete M5, antes do ensaio de compressão-corte


330
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

O ensaio do murete M5 decorreu, em geral, de forma semelhante ao do murete M20.


Na primeira fase do ensaio foi aplicada a carga vertical (média) de 109,8 kN, a uma velocidade
média de 2,5 kN/min, durante a qual não ocorreram deformações visíveis no murete.
Na segunda fase, iniciada após a conclusão da aplicação da carga vertical, foram impostos os
deslocamentos horizontais, ao nível do lintel, através do avanço do actuador, até à rotura do
murete, num ensaio monotónico, tendo em vista a comparação dos resultados com o ensaio
anterior.
Pouco depois do início da segunda fase do ensaio, formou-se a fenda principal (a 45º), desde
o canto superior Norte do murete até ao canto inferior Sul. Tal como no caso anterior, esta
fenda, desenvolveu-se de forma contínua, pela acção do avanço do actuador. A alvenaria
acima e abaixo desta fenda apresentava sinais crescentes de desagregação, à medida que o
ensaio decorria. Além desta, desenvolveram-se as duas outras fendas inclinadas originando
volumes triangulares de alvenaria, situados nas extremidades Norte e Sul do murete, com uma
figura de rotura semelhante à do murete M20.

No final do ensaio, desagregou-se grande parte da alvenaria do “triângulo Sul”, pelo efeito
combinado das forças de compressão e corte, associado ao atrito causado pelo lintel sobre a
alvenaria, deixando bem evidente a linha de fendilhação principal, a 45º.
A resultante das forças actuantes sobre o murete correspondeu a uma biela de compressão
cujo efeito se traduziu na expulsão da alvenaria do “triângulo Sul”, impossível de contrariar
devido à reduzida coesão geral da alvenaria (por sua vez fruto das propriedades da argamassa
de assentamento) e à ausência de reforço estrutural.
A rotura do murete M5, determinada pela força horizontal máxima, ocorreu para o binómio
de cargas (FV/FHmax) de 109,8 kN / 22,4 kN, a que corresponde a resultante inclinada
R5=112,1 kN.

Na fig. 5.161 apresenta-se algumas imagens do ensaio, vistas a partir do lado Nascente,
salientando-se a formação da fenda principal e a desagregação da alvenaria contida no
“volume triangular” Sul, contrariamente ao que sucedeu com o murete M20.
Todavia, também aqui se regista que a alvenaria acima e abaixo da fenda principal (com
excepção dos dois “volumes triangulares”), mantém um razoável estado de agregação.

Na fig. 5.162, representa-se a história de carga e deslocamentos do ensaio e, na fig. 5.163, o


diagrama força horizontal-deslocamento horizontal, para a carga vertical média de 109,8 kN.

331
Fig. 5.161 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M5 (vista Nascente)

140
Deslocamentos [mm]

120

100

80
-

60
Carga [kN]

40

20

0
1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000

T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.162 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M5

332
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

30 carga vertical média = 109,8 kN

Força horizontal [kN]


25

20

15

10

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.163 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M5

Na fig. 5.164 representa-se o aspecto do murete M5 após se ter separado o lintel da alvenaria
que ficou acima da fenda principal no final do ensaio, uma vez que (como aconteceu com
M20), o murete não podia ser retirado da base de ensaio com a sua configuração de rotura
devido ao perigo de queda do lintel, nas operações de manuseamento.
A configuração triangular da alvenaria que ficou sobre a base do murete, resultou da queda
das pedras situadas acima, durante a operação de movimentação da viga metálica superior.
Salienta-se o razoável estado de agregação da alvenaria que ficou sobre a base do murete.

Fig. 5.164 - Aspecto do murete M5, após o ensaio de compressão-corte


333
- Murete M12 (10/5/2004) – Ensaio monotónico

Fig. 5.165 - Aspecto do murete M12, antes do ensaio de compressão-corte (rotação de 360º)

O ensaio do murete M12 decorreu de forma semelhante aos dois anteriores, tanto no que se
refere ao valor da resistência mecânica como ao modo de rotura.
Na primeira fase do ensaio, foi aplicada a carga vertical de 108,9 kN, a uma velocidade média
de 5,3 kN/min, durante a qual não foram visíveis deformações no murete.
Na segunda fase, iniciada em seguida, foram impostos os deslocamentos horizontais, ao nível
do lintel, através do avanço do actuador, até à rotura do murete, num ensaio também do tipo
monotónico.
Pouco depois do início da segunda fase do ensaio, formou-se a fenda “principal”, desde o
canto superior Norte do murete até ao canto inferior Sul, como nos casos anteriores, a qual
evoluía proporcionalmente ao avanço do actuador. Além disso, formaram-se as outras duas
fendas inclinadas, referidas para os muretes M20 e M5.
O modo de rotura foi semelhante ao murete M5, com a formação dos volumes triangulares de
alvenaria, situados nas extremidades Norte e Sul do murete, com desagregação e queda da

334
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

alvenaria do triângulo Sul, de forma mais expressiva do que no murete M5, pelo efeito
combinado das forças de compressão e corte, deixando evidente a linha de fendilhação
principal, a 45º, bem como as outras duas fendas.
Na fig. 5.166 apresentam-se imagens do ensaio, vistas a partir do lado Nascente, realçando-se
a formação da fenda principal e o modo como se formou o volume triangular Sul de alvenaria,
inicialmente apenas delimitado por uma fenda vertical, cujo ponto médio foi “avançando” na
direcção da fenda principal à medida que o ensaio progredia, até que a encontrou, dando-se
então a desagregação (queda) da alvenaria.

Fig. 5.166 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M12 (vista Nascente)

A alvenaria que restou sobre a base do murete (abaixo da fenda principal), apresentava sinais
de alguma agregação.
Na fig. 5.167 apresenta-se imagens do ensaio vistas a partir do lado Poente, onde são
evidentes as linhas de fendilhação, principalmente na imagem inferior central. Os triângulos
exteriores, limitados na fase final do ensaio por duas fendas inclinadas a 45º, estavam fixos à

335
restante alvenaria do murete apenas pela capacidade de ligação da argamassa de assentamento
(e algum imbricamento entre as pedras), cuja coesão se degradava continuamente. À medida
que o ensaio decorria, eles acabavam por se separar e cair.

Fig. 5.167 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M12 (vista Poente)

A rotura do murete M12, determinada por FHmax, ocorreu para o binómio de cargas (FV/FHmax)
de 108,9 kN / 24,0 kN, a que corresponde a resultante inclinada R12=111,5 kN.
Na fig. 5.168 representa-se a história de carga, deslocamentos e deformação transversal (total)
do ensaio, de acordo com o esquema da fig. 5.6 (leitura óptica). Tal como nos dois casos
anteriores, nota-se a influência do actuador na tentativa de manutenção da carga vertical
“constante”, por parte da bomba hidráulica, através do seu sistema de load maintainer.
Na fig. 5.169 representa-se a história de deformação transversal por face e total.

336
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

140

Carga [kN] - Desl. [mm] - Def. transv [ o /oo ]


120

100

80

60

40

20

0
3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
-20
T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE CC3


[(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2 Def. transversal

Fig. 5.168 - História de carga, deslocamentos verticais e horizontais e deformação transversal


do ensaio de compressão-corte do murete M12

1,5
Desf. transversal [%]

1,0

0,5

0,0
3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000

-0,5
T empo [seg]

Face poente Face nascente T otal

Fig. 5.169 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão-corte


do murete M12

Na fig. 5.170 representa-se o diagrama força horizontal-deslocamento horizontal e, na fig. 5.171,


o diagrama força horizontal-deformação transversal, com força vertical média de 108,9 kN,
no ensaio de compressão-corte.
Na fig. 5.172 representa-se o aspecto dos seis muretes de referência no final dos ensaios
mecânicos.

337
30 carga vertical média = 108,9 kN

Força horizontal [kN]


25

20

15

10

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.170 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M12

30 carga vertical média = 108,9 kN


Força horizontal [kN]

25

20

15

10

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0

εt [ /oo ]
o

Deformação transversal

Fig. 5.171 - Diagrama força horizontal-deformação transversal e relação entre as deformações


transversais e a distorção do ensaio de compressão-corte do murete M12

Fig. 5.172 - Aspecto final dos seis muretes de referência após os ensaios mecânicos

5.5.4 – Solução IIB3 - lâminas de micro-betão armadas com malha de metal distendido e
confinamento transversal, sem apoio na base

Os ensaios de compressão-corte efectuados sobre a série de muretes formada por M15, M16 e
M18, forneceram informação importante sobre as diferenças de comportamento experimental
338
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

às acções horizontais, em relação aos muretes de referência. Com os resultados obtidos


estabeleceu-se uma relação entre as cargas verticais aplicadas nos dois sistemas de ensaios, a
partir da qual foram estimadas as cargas verticais a adoptar nos ensaios de compressão-corte
dos muretes das soluções de reforço I e IV (expressão 5.5).
Os muretes desta série apresentavam as características geométricas constantes da tabela 5.20.

Tabela 5.20 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IIB3, para os ensaios de
compressão-corte
Murete Área média das lâminas de micro-betão [m2]
2
Área em planta média, sob a viga metálica [m ]
Nº Poente Nascente
Sem micro-betão Com micro-betão
M15 1,15 × 1,48 = 1,70 1,15 × 1,49 = 1,71
M16 1,20 × 0,40 = 0,48 1,20 × 0,50 = 0,60 1,18 × 1,46 = 1,72 1,17 × 1,46 = 1,71
M18 1,16 × 1,47 = 1,71 1,16 × 1,47 = 1,71
Área de referência 1,20 × 0,50 = 0,60 1,20 × 1,45 = 1,74 m2

- Murete M15 (23/7/2004) – Ensaio cíclico

Fig. 5.173 - Aspecto do murete M15, antes do ensaio de compressão-corte


339
Sendo M15 o primeiro murete da solução de reforço IIB3 a ser ensaiado, pretendia-se realizar
um ensaio monotónico, com uma carga vertical semelhante à dos muretes de referência (110 kN)
de forma a determinar o aumento de resistência deste murete ao esforço de corte,
relativamente aos muretes de referência. O carregamento vertical foi aplicado à velocidade de
4,7 kN/min.
Todavia, após o início do ensaio verificou-se que (em resultado do reforço efectuado) o
murete apresentava um comportamento de “corpo rígido”, começando a derrubar (à medida
que o deslocamento horizontal ia aumentando) para o binómio de cargas médias aplicadas
(FV/FH) de 111,2 kN / 52,6 kN.
O ensaio foi então interrompido, fazendo-se regressar o actuador à posição inicial (força
horizontal nula). A carga vertical foi aumentada em cerca de 50 kN, e deu-se de novo início
ao ensaio. O levantamento da base do murete verificou-se de novo, agora para o binómio (FV/FH)
de cerca de 163,2 kN / 70,4 kN. A carga vertical foi então aumentada para 215,0 kN, tendo o
levantamento da base do murete deixado de ocorrer a partir do binómio (FV/FH) de 215,0 kN /
84,6 kN.
A partir daqui, em vez da base do murete levantar verificou-se a abertura de uma fenda
horizontal na alvenaria acima da base de apoio do murete. O mesmo sucedeu para o binómio
(FV/FH) de cerca 260,8 kN / 90,6 kN, até que se assistiu à rotura do murete (no 5º ciclo de
deslocamentos horizontais), fig. 5.175, para valores (FV/FHmax) de 311,2 kN / 91,5 kN.
Deste modo, foi realizado um ensaio cíclico, com carga vertical crescente, em vez do ensaio
monotónico inicialmente previsto.
Como se pode observar na fig. 5.175, a carga vertical total aplicada sobre o murete no final do
ensaio foi de 368,3 kN, correspondendo ao incremento de mais um patamar de 50 kN,
relativamente à carga vertical na rotura, para avaliar a resposta do murete após a rotura. A este
último incremento de carga vertical, correspondeu uma carga horizontal máxima de 89,0 kN.

Na fig. 5.174 incluem-se imagens do ensaio relativas aos seis ciclos de deslocamentos
horizontais, onde se pode observar o levantamento da extremidade Norte da base do murete,
enquanto se procurava estabilizar a carga vertical que permitisse a aplicação dos
deslocamentos horizontais até à rotura.
As três últimas imagens desta figura correspondem sucessivamente aos três últimos binómios
de carga (FV/FH) de 260,8 kN / 90,6 kN, 311,2 kN / 91,5 kN e 368,3 kN / 89,0 kN, vendo-se a
separação crescente das lâminas de micro-betão em relação à alvenaria, à medida que o ensaio
avançava, num processo de deformação crescente e não reposta com o regresso do actuador à
posição de carga horizontal nula, antes do inicio de cada ciclo do ensaio.
340
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

(I)

(II) (III)

(IV) (V) (VI)

Fig. 5.174 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M15 (vista Sul/Nascente), nos seis
ciclos de deslocamentos horizontais

A extremidade Norte da viga metálica superior – a mais próxima do actuador – afastou-se


1,7 cm, no sentido Poente-Nascente, relativamente à sua posição inicial sob o deflectómetro

341
D5, e a extremidade Sul 1,1 cm, no mesmo sentido, relativamente à sua posição inicial sob
D6 (fig. 5.153).
A rotura do murete M15 ocorreu para o binómio de cargas (FV/FHmax) de 311,2 kN / 91,5 kN,
alcançado no 5º ciclo de deslocamentos horizontais, a que corresponde a resultante inclinada
R15=324,4 kN.

Na fig. 5.175 representa-se a história de carga e deslocamentos e nas figs. 5.176 e 5.177
representam-se os diagramas força-deslocamento de cada ciclo do ensaio.
Deslocamentos [kN]

400

350

300

250

200
-

150
Carga [kN]

100

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.175 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte sobre o murete


M15, com sinalização do instante de rotura

120 120

100 100
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média (1º ciclo) =111,2 kN Carga vertical média (2º ciclo) = 163,2 kN

1º ciclo 2º ciclo

Fig. 5.176 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal, nos 1º e 2º ciclos, do ensaio


de compressão-corte do murete M15

342
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

120 120

Força horizontal (CC3) [kN


100 100

Força horizontal (CC3) [kN


80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média (3º ciclo) = 215,0 kN Carga vertical média (4º ciclo) = 260,8 kN

3º ciclo 4º ciclo

120 120

100 100
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN ]


80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal
Carga horizontal

Carga vertical média (5º ciclo) =311,2 kN


Carga vertical média (6º ciclo) = 368,3 kN

5º ciclo 6º ciclo
Fig. 5.177 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal, nos 3º a 6º ciclos, do ensaio
de compressão-corte do murete M15

Na fig. 5.178 representa-se os diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal


(diagrama de histerese) do ensaio do murete M15.

120

100
Força horizontal (CC3) [kN]

80

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 4º ciclo 5º ciclo 6º ciclo

carga vertical média


1º ciclo=111,2 kN; 2º ciclo=163,2 kN; 3º ciclo=215,0 kN; 4º ciclo=260,8 kN; 5º ciclo=311,2 kN; 6º ciclo=368,3 kN

Fig. 5.178 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos 1 a 6, do


ensaio de compressão-corte do murete M15

343
Tendo por base o esquema da fig. 5.179, indica-se na tabela 5.21 as distâncias entre as lâminas
de micro-betão do murete M15 e a base de ensaio, antes e após a realização do ensaio.

vista Poente vista Nascente

Fig. 5.179 - Representação esquemática das distâncias entre as lâminas de micro-betão do


murete (solução de reforço IIB) e a base do sistema de ensaio de compressão-corte

Tabela 5.21 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M15 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio
Lâmina de micro-betão
Distância à base de ensaio Poente Nascente
a [cm] b [cm] b’ [cm] a’[cm]
Antes do ensaio -- 10,0 10,0 --
Após o ensaio -- 8,7 8,0 --
Abaixamento na extremidade -- 1,3 2,0 --

Estes valores indicam um maior abaixamento da lâmina Nascente, confirmando a inclinação


da viga metálica superior (e do lintel) no sentido Poente-Nascente acima referido.

Na fig. 5.180 apresenta-se o aspecto do murete no final do ensaio, podendo observar-se: (i) a
inclinação final da viga metálica superior, no sentido em que foi imposto o deslocamento
horizontal (Norte-Sul); (ii) a inclinação das lâminas de micro-betão, devida ao deslocamento
imposto (note-se que, superiormente, as lâminas de micro-betão tocavam no dispositivo de
ensaio (fig. 5.15) mas, inferiormente, podiam movimentar-se sem restrições); (iii) o
desenvolvimento de uma pequena fenda inclinada no quadrante inferior Norte da lâmina
Nascente, que terá eventualmente resultado do efeito do conector nº. 6, ao impedir a livre
rotação da lâmina de micro-betão, no sentido do deslocamento; (iv) o desvio de direcção do
braço da célula de carga horizontal, correspondente à inclinação final do murete para o lado
Nascente e (v) a fenda horizontal que se desenvolveu na alvenaria, acima da extremidade
Norte da base de apoio do murete, durante a imposição de deslocamentos horizontais, na fase
final do ensaio.

344
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.180 - Aspecto do murete M15, após o ensaio de compressão-corte

A análise do comportamento do murete M15 durante o ensaio permite concluir que nos três
primeiros ciclos de carga horizontal, a força máxima (horizontal) foi atingida quando o
murete apresentava indícios de perda de equilíbrio por derrube em torno da extremidade Sul
da sua base. Os valores da força máxima horizontal, FHmax, correspondem assim à força de
derrube do murete em torno desse ponto, a menos de desalinhamentos das forças horizontal e
vertical, de incertezas nos valores dos braços das forças em relação ao ponto de rotação e dos
efeitos de segunda ordem resultantes do deslocamento horizontal do murete.
As situações de derrube referidas (aumento do deslocamento horizontal sem reacção do murete)
não são perceptíveis no gráfico carga horizontal-deslocamento horizontal, figs. 5.176 a 5.178,
tendo apenas sido registadas pelo deflectómetro D7 (fig. 5.153).

- Murete M16 (27/7/2004) - Ensaio cíclico

O murete M16 foi sujeito a um ensaio semelhante ao anterior, com incrementos constantes de
50 kN na carga vertical, para cada ciclo de deslocamento horizontal, mas desta vez continuou-
se a aumentar a carga vertical até ao limite da capacidade dos cilindros hidráulicos e das
células de carga (300 kN cada).

345
Fig. 5.181 - Aspecto do murete M16, antes do ensaio de compressão-corte

Desta forma, o ensaio sobre o murete M16 iniciou-se com a aplicação crescente da carga
vertical, a uma velocidade média de 6,0 kN/min, até ao valor médio de 112,1 kN após o que
se iniciou o funcionamento do actuador, no sentido Norte-Sul, tendo-se verificado o início do
derrube do murete – no sentido do movimento imposto – para o binómio de cargas (FV/FH) de
cerca de 112,1 kN / 47,9 kN.
O ensaio foi interrompido, para repor o actuador na posição de carga horizontal nula e reiniciado
em seguida, verificando-se situações de derrube nos dois binómios de carga (FV/FH) seguintes, de
162,5 kN / 65,0kN e 209,0 kN / 79,2 kN, após o que a base do murete “estabilizou” sobre a base
de ensaio. O ensaio continuou a partir daqui com incrementos de carga vertical semelhantes,
reiniciando-se o actuador sempre a partir da posição de carga horizontal nula e parando-o quando
a célula de carga horizontal indicava a cedência da alvenaria, tendo sido atingidos os binómios de
carga (FV/FH) 262,6 kN / 97,1 kN; 311,0 kN / 97,2 kN; 360,6 kN / 103,8 kN e 411,6 kN / 105,1 kN.
Como o murete mostrava razoáveis condições de estabilidade (verticalidade), apesar dos níveis
de carga aplicados, decidiu-se continuar o ensaio, aumentando a carga vertical em patamares
de 50 kN, sendo alcançados os seguintes binómios de carga (FV/FH): 460,4 kN / 103,0 kN,
512,0 kN / 95,0 kN; 554,8 kN / 90,7 kN e 591,2 kN / 82,6 kN.
Nesta altura, terminou-se o ensaio, porque a bomba hidráulica tinha atingido a pressão máxima
de 700 bar, correspondente à capacidade máxima de cada macaco (300 kN), fig. 5.183.
346
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Mas, como o murete apresentava indícios de razoável resistência, decidiu-se fazer o ensaio de
pós-rotura, apresentado no ponto 2.2 do Anexo IV.
Na fig. 5.182 incluem-se imagens do ensaio de M16, onde se pode observar o levantamento
da extremidade Norte da base do murete até ao 3º ciclo de deslocamentos horizontais, enquanto
se procurava estabilizar a carga vertical que permitisse a aplicação dos deslocamentos horizontais
até à rotura. É também visível a degradação crescente ao longo do tempo da extremidade inferior
Sul do murete, onde o efeito combinado das cargas vertical e horizontal, conduz a um maior
estado de tensão na alvenaria. As três imagens inferiores da fig. 5.182 mostram os danos aqui
causados nos três últimos ciclos de carga horizontal. À maior degradação local da alvenaria no
canto inferior Sul do murete, está associada a separação crescente das lâminas de micro-betão em
relação ao corpo do murete, à medida que o ensaio progredia. Como no ensaio anterior, de cada
vez que se trazia o actuador para a posição de carga horizontal nula, a deformação residual do
murete aumentava, de modo que a carga nula acontecia para posições do actuador sucessivamente
mais afastadas da origem, no sentido do deslocamento imposto (Norte-Sul, fig. 5.153).

Fig. 5.182 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M16

A extremidade Norte da viga metálica superior (mais próxima do actuador) afastou-se 1,3 cm
no sentido Nascente-Poente (perpendicular ao eixo longitudinal do murete), relativamente à

347
sua posição inicial sob o deflectómetro D5, e a extremidade Sul 0,5 cm, no mesmo sentido,
relativamente à sua posição inicial sob D6. A rotura do murete M16 ocorreu para o binómio
de cargas (FV/FHmax) de 411,6 kN / 105,1 kN alcançado no 7º ciclo de deslocamentos
horizontais, a que corresponde a resultante “inclinada” R16=424,8 kN.
Na fig. 5.183 representa-se a história de carga e deslocamentos e, nas figs. 5.184 e 5.185, os
diagramas força-deslocamento de cada ciclo do ensaio.

650
Deslocamentos [mm]

600
550
500
450
400
350
-

300
Carga [kN]

250
200
150
100
50
0
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
T empo [seg]
CC1 CC2 CC1+CC2+CPE
CC3 [(D3+D4/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.183 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte sobre o murete


M16, com sinalização do instante de rotura
120 120
Força horizontal (CC3) [kN

Força horizontal (CC3) [kN

100 100

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 1º ciclo=112,1 kN Carga vertical média: 2º ciclo=162,5 kN

1º ciclo 2º ciclo

120 120
Força horizontal (CC3) [kN

Força ho rizontal (C C 3) [kN

100 100

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 3º ciclo=209,0 kN Carga vertical média: 4º ciclo=262,6 kN

3º ciclo 4º ciclo
Fig. 5.184 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 1º a 4º ciclos do ensaio
de compressão-corte do murete M16
348
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

120 120

Força horizontal (CC3) [kN

Força horizontal (CC3) [kN


100 100

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 5º ciclo=311,0 kN Carga vertical média: 6º ciclo=360,6 kN

5º ciclo 6º ciclo

120 120

Força horizontal (CC3) [kN


100 100
Força horizontal (CC3) [kN

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 7º ciclo=411,6 kN Carga vertical média: 8º ciclo=460,4 kN

7º ciclo 8º ciclo

120 120
Força horizontal (CC3) [kN

Força horizontal (CC3) [kN

100 100

80 80

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 9º ciclo=512,0 kN Carga vertical média: 10º ciclo=554,8 kN

9º ciclo 10º ciclo

120
Força horizontal (CC3) [kN

100

80

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal

Carga vertical média: 11º ciclo=591,2 kN

11º ciclo
Fig. 5.185 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 5º a 11º ciclos do ensaio
de compressão-corte do murete M16

Na fig. 5.186 representa-se os diagramas conjuntos força horizontal-deslocamento horizontal e,


na fig. 5.187, o aspecto do murete no final do ensaio do murete M16.

349
120

Força horizontal (CC3) [kN]


100

80

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 4º ciclo 5º ciclo 6º ciclo


7º ciclo 8º ciclo 9º ciclo 10º ciclo 11º ciclo

Carga vertical média:


1º ciclo=112,1 kN; 2º ciclo=162,5 kN; 3º ciclo=209,0 kN; 4º ciclo=262,6 kN; 5º ciclo=311,0 kN; 6º ciclo=360,6 kN
7º ciclo=411,6 kN; 8º ciclo=460,4 kN; 9º ciclo=512,0 kN; 10º ciclo=554,8 kN; 11º ciclo=591,2 kN

Fig. 5.186 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de


compressão-corte do murete M16

Fig. 5.187 - Aspecto do murete M16, após o ensaio de compressão-corte

Na fig. 5.187 pode observar-se: (i) a inclinação da viga metálica superior, no sentido do
deslocamento horizontal (Norte-Sul); (ii) a inclinação das lâminas de micro-betão, devida ao
mesmo deslocamento; (iii) o desenvolvimento de duas fendas inclinadas no quadrante inferior
350
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Norte da lâmina Nascente; (iv) a fenda horizontal na alvenaria (acima da extremidade Norte da
base de apoio do murete), durante o processo de imposição de deslocamentos horizontais, na fase
final do ensaio e (v) o afastamento final das lâminas de micro-betão da extremidade Sul do murete,
em relação à sua base. Na tabela 5.22 indica-se as distâncias entre as lâminas de micro-betão e
a base de ensaio, antes e após a realização do ensaio, de acordo com o esquema da fig. 5.179.

Tabela 5.22 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M16 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio
Lâmina de micro-betão
Distância à base de ensaio Poente Nascente
a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do ensaio 10,5 10,8 10,8 10,5
Após o ensaio 10,7 9,5 8,7 10,5
na extremidade -0,2 1,3 2,1 0
Abaixamento
médio 0,5 1,1

Estes valores indicam um maior abaixamento da lâmina de micro-betão Nascente, confirmando


a inclinação da viga metálica superior (lintel) no sentido Poente-Nascente acima referido. Tal
como no murete M15, as lâminas de micro-betão do murete M16 “tocavam” superiormente no
dispositivo de ensaio, fig. 5.15, mas, inferiormente, podiam movimentar-se sem restrições.
Na fig. 5.188 representa-se o diagrama conjunto força-deslocamento do ensaio de compressão-
corte (com os onze ciclos do ensaio de rotura e cinco ciclos do ensaio de pós-rotura), fazendo
coincidir a origem dos deslocamentos do ensaio de pós-rotura com o final do ensaio de rotura.

120
Força horizontal (CC3) [kN]

100

80

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]
Rotura (11 ciclos) Pós-rotura (5 ciclos)

Carga vertical média:


Rotura: 1º ciclo=112,1 kN; 2º ciclo=162,5 kN; 3º ciclo=209,0 kN; 4º ciclo=262,6 kN; 5º ciclo=311,0 kN;
6º ciclo=360,6 kN; 7º ciclo=411,6 kN; 8º ciclo=460,4 kN; 9º ciclo=512,0 kN; 10º ciclo=554,8 kN; 11º ciclo=591,2 kN
Pós-rotura: 1º ciclo=111,2 kN; 2º ciclo=162,2 kN; 3º ciclo=212,1 kN; 4º ciclo=263,9 kN; 5º ciclo=314,0 kN

Fig. 5.188 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de


compressão-corte (rotura e pós-rotura) do murete M16
351
Como se pode observar na fig. 5.188, para além da perda de resistência, o murete M16
apresentou uma acentuada diminuição de rigidez na transição do ensaio de rotura para o
ensaio de pós-rotura.

- Murete M18 (2/8/2004) – Ensaio alternado

Fig. 5.189 - Aspecto do murete M18, antes do ensaio de compressão-corte

Para a realização do ensaio de compressão-corte do murete M18 foram tidos em conta os


valores das resultantes inclinadas dos muretes M15 e M16, os comportamentos mecânicos e
os modos de rotura.
Assim, considerando para o murete M15 o binómio de cargas (FV/FHmax) de 311,2 kN / 91,5 kN,
atingido no 5º ciclo de deslocamentos horizontais, figs. 5.177 e 5.178, e para o murete M16 o
binómio 411,6 kN / 105,1 kN alcançado no 7º ciclo, respectivamente, figs. 5.185 e 5.186,
obtiveram-se, como se viu, as forças resultantes (inclinadas) de rotura dos muretes M15 e M16
os valores R15=324,4 kN e R16=424,8 kN, sendo R16 superior a R15 em cerca de 31%.
No que se refere ao comportamento estrutural durante os ensaios e respectivo modo de rotura
dos muretes M15 e M16, considerou-se não existirem variações significativas.

352
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Não obstante a diferença entre as resultantes dos muretes M15 e M16, decidiu-se que o ensaio
do murete M18 seria alternado, repetindo cada amplitude de deslocamentos por três vezes
(fig. 5.152), com uma carga vertical total de cerca de 360 kN, equivalente à “média” das
cargas verticais de M15 e M16 na rotura, de 361,4 kN. O carregamento vertical de M18 foi
aplicado previamente ao início dos ciclos de deslocamentos horizontais, a uma velocidade
média (controlada manualmente) de cerca de 11,6 kN/min, e mantida constante a partir daí.
Uma vez atingido o valor pré-definido, iniciou-se o funcionamento do actuador, no sentido
Norte-Sul, com a realização de três ciclos completos para cada amplitude de deslocamentos,
cujo valor foi determinado tendo por base as médias dos deslocamentos correspondentes a
FHmax dos muretes M15 e M16, de 15,2 mm, tendo-se decidido pela aplicação de um primeiro
deslocamento da ordem de |±5| mm (cerca de 1/3 da média dos deslocamentos
correspondentes a FHmax dos dois muretes anteriores, M15 e M16), crescendo em progressão
aritmética de razão |±5| mm, até à rotura do murete.
O ensaio desenvolveu-se normalmente, fig. 5.190, sendo todavia de registar que nos primeiros
três ciclos de deslocamentos horizontais, quando as cargas em presença ainda eram muito
inferiores à cargas máximas, os varões de aço utilizados como elementos de segurança contra
a queda dos lintéis, fig. III.22 (Anexo III), e simultaneamente utilizados no movimento de
recuo da viga metálica superior (lintel), no sentido Sul-Norte, entraram em cedência por
tracção, devido à sua pequena secção. Esta possibilidade tinha sido prevista, mas por razões
de logística não pode ser resolvida a tempo. A cedência destes varões – crescente com o
aumento da amplitude dos deslocamentos horizontais no sentido Sul-Norte – não pôs em risco
a segurança do ensaio, mas influenciou a leitura do deslocamento do deflectómetro D7.
Durante o ensaio, as forças horizontais correspondentes aos movimentos do lintel no sentido
Sul-Norte eram sempre superiores às registadas no sentido oposto. Nos 3 ciclos de deslocamentos
com amplitudes de 15 mm, o murete apresentava já uma grande inclinação no sentido Poente-
Nascente, que obrigou à paragem do ensaio no início do deslocamento Sul-Norte do 9º ciclo,
para evitar danos no equipamento, em especial no braço de suporte da CC3. Mas, como se
pode observar na fig. 5.191, a rotura do murete havia já ocorrido no 6º ciclo de deslocamentos
(com amplitude da ordem de 10 mm), no binómio de carga (FV/FHmax) 363,3 kN / 100,3 kN
(no sentido Sul-Norte – recuo do actuador), cujo valor da resultante inclinada, R18=376,9 kN,
se situa entre as resultantes de M15 (324,4 kN) e M16 (424,8 kN).
Estes valores indicam que a resistência do murete M18 não foi afectada pela maior severidade
do ensaio realizado (ensaio alternado com carga vertical constante) em relação aos muretes
M15 e M16 (ensaios cíclicos com carga vertical crescente).

353
Fig. 5.190 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M18

A extremidade Norte da viga metálica superior (mais próxima do actuador) afastou-se 5,0 cm
no sentido Nascente-Poente, relativamente à sua posição inicial sob o deflectómetro D5, e a
extremidade Sul 4,4 cm no mesmo sentido, relativamente à sua posição inicial sob o
deflectómetro D6.
Na fig. 5.191 apresenta-se a história de carga, deslocamentos (verticais e horizontais) e deformação
transversal (total) do ensaio e, na fig. 5.192 a história de deformação transversal por face e total.
A partir da marcação efectuada nos gráficos, interrompeu-se a leitura óptica da deformação
transversal por falta de energia nas baterias do equipamento, devida à longa duração do ensaio.
Nas figs. 5.193 e 5.194 representam-se os diagramas força-deslocamento de cada ciclo de
deslocamentos horizontais.
As extensões medidas nos conectores centrais (nºs 4 e 5, fig. 4.6) do murete M18 são
apresentadas no Capítulo VI (fig. 6.37).

450
Carga [kN] - Desl. [m m ] - Def. transv.[ o /o o ]

400
350
300
250
200
150
100
50
0
-50 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
-100
-150
T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2] (x10) (D1+D2)/2
Def. transversal (x10)
- - - Sinalização da interrupção da leitura óptica da deformação transversal
Fig. 5.191 - História de carga, deslocamentos (verticais e horizontais) e deformação transversal
do ensaio de compressão-corte sobre o murete M18, com sinalização do instante de rotura
354
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes
2,0

Desf. transversal [%]


1,5

1,0

0,5

0,0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
-0,5

-1,0

-1,5

-2,0
T empo [seg]
Face poente Face nascente T otal
--- Sinalização da interrupção da leitura óptica da deformação transversal
Fig. 5.192 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão-corte
do murete M18

120 120
100 100
Força horizontal (CC3) [kN ]

Força horizontal (CC3) [kN ]


80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 -20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-40 -40
-60 -60
-80 -80
-100 -100
-120 -120

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo

Carga vertical média = 363,3 kN Carga vertical média = 363,3 kN

1º ciclo 2º ciclo

120 120
100 100
Força horizontal (CC3) [kN ]
Força horizontal (CC3) [kN ]

80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 -20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-40 -40
-60 -60
-80 -80
-100 -100
-120 -120

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

3º ciclo 4º ciclo

Carga vertical média = 363,3 kN Carga vertical média = 363,3 kN

3º ciclo 4º ciclo

120 120
100 100
Força horizontal (CC3) [kN ]

Força horizontal (CC3) [kN ]

80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 -20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-40 -40
-60 -60
-80 -80
-100 -100
-120 -120

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

5º ciclo 6º ciclo

Carga vertical média = 363,3 kN Carga vertical média = 363,3 kN

5º ciclo 6º ciclo
Fig. 5.193 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 1º a 6º ciclos do ensaio
de compressão-corte sobre o murete M18
355
120 120
100 100
Força horizontal (CC3) [kN ]

Força horizontal (CC3) [kN ]


80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 -20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-40 -40
-60 -60
-80 -80
-100 -100
-120 -120

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

7º ciclo 8º ciclo

Carga vertical média = 363,3 kN Carga vertical média = 363,3 kN

7º ciclo 8º ciclo

120
100
Força horizontal (CC3) [kN ]

80
60
40
20
0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-40
-60
-80
-100
-120

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

9º ciclo

Carga vertical média = 363,3 kN

9º ciclo
(não considerado para o traçado da envolvente)
Fig. 5.194 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 7º a 9º ciclos do ensaio de
compressão-corte sobre o murete M18

Na fig. 5.195 representam-se os diagramas conjuntos força horizontal-deslocamento horizontal.


E, na tabela 5.23, as distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio, antes e
após a realização do ensaio (fig. 5.179).

120
100
Força horizontal (CC3) [kN ]

80
60
40
20
0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
-40
-60
-80
-100
-120
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 4º ciclo 5º ciclo 6º ciclo


7º ciclo 8º ciclo 9º ciclo

Carga vertical média (todos os ciclos) = 363,3 kN


Fig. 5.195 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de
compressão-corte do murete M18
356
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Tabela 5.23 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M18 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio
Lâmina de micro-betão
Distância à base de ensaio Poente Nascente
a [cm] b [cm] b‘ [cm] a‘ [cm]
Antes do ensaio 10,2 10,4 9,8 10,3
Após o ensaio 10,0 9,9 7,6 7,4
na extremidade 0,2 0,5 2,2 2,9
Abaixamento
médio 0,4 2,6

Estes valores indicam um (muito) maior abaixamento da lâmina Nascente, evidenciando a


inclinação da viga metálica superior (e do lintel) no sentido referido (Poente-Nascente). Como nos
casos de M15 e M16, as lâminas de micro-betão do murete M18 tocavam superiormente no
dispositivo de ensaio, mas inferiormente estavam afastadas da base de ensaio (cerca de 10 cm).
Na fig. 5.196 mostra-se o aspecto do murete M18 após o ensaio, podendo ver-se: (i) o abaixamento
“uniforme” das lâminas de micro-betão (setas assinaladas) devido aos deslocamentos impostos,
originando a posição final da viga metálica superior praticamente horizontal no sentido
Norte-Sul (direcção dos deslocamentos); (ii) a inclinação do murete no final do ensaio, no sentido
Poente-Nascente, cuja evolução ao longo do tempo se pode observar no gráfico da história de
deformação transversal (fig. 5.192); (iii) ausência de fendas nas lâminas de micro-betão e (iv) o
afastamento final das lâminas de micro-betão em relação à alvenaria, com expressão semelhante
nas extremidades Sul e Norte do murete.

Fig. 5.196 - Aspecto do murete M18, após o ensaio de compressão-corte


357
Na fig. 5.197 representa-se o aspecto da base de ensaio após a retirada do murete M18, onde
se notam os vestígios de degradação simétrica das duas extremidades livres (Sul e Norte) em
virtude da realização do ensaio alternado. Nesta figura pode observar-se ainda a forma como
era impedido o deslocamento horizontal das bases dos muretes, aquando da realização dos
ensaios alternados, através dos dispositivos de travamento criados para o efeito.

Fig. 5.197 - Aspecto da base de ensaio, após o ensaio de compressão-corte do murete M18

5.5.5 – Solução I - muretes reforçados com conectores transversais de confinamento

Nesta série de três muretes (M10, M13 e M17) pretendia-se essencialmente avaliar o efeito do
confinamento transversal nos ensaios de compressão-corte, relativamente aos muretes de
referência.
Para a determinação da carga vertical a aplicar sobre os muretes M10, M13 e M17 no ensaio
de compressão-corte, foram tidos em conta os valores das cargas verticais aplicadas nos muretes
de referência mas, principalmente, as cargas existentes sobre os muretes M15 e M16 na rotura,
e as respectivas relações com as forças máximas registadas nos ensaios de compressão axial.

Assim:
a) em relação aos muretes de referência:
sendo: (i) as cargas (forças) máximas dos muretes M43, M21 e M32 nos ensaios de compressão
axial de 134,2 kN, 127,7 kN e 148,5 kN, respectivamente, cuja média é RCA = 136,8 kN; (ii)
os binómios de cargas (FV/FHmax) dos muretes M20, M5 e M12 de 108,9 kN / 25,0 kN, 109,8 kN
/ 22,4 kN e 108,9 kN / 24,0 kN, respectivamente, cuja carga vertical média, correspondente às
forças FHmax, é FVmed = 109,2 kN; e (iii) f um factor de escala, relacionado com as características
geométricas dos muretes, em que f = 1,20m/0,80 m = 1,5, verifica-se a seguinte relação:

358
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

med
FV 109,2
= = 0,53 (5.3)
f × RCA 1,5 × 136,8

Esta relação, por si só não é muito relevante, uma vez que a carga vertical aplicada nos
ensaios de compressão-corte dos muretes de referência foi determinada, como se referiu,
independentemente dos resultados dos ensaios de compressão axial daqueles três muretes;

b) no que se refere aos muretes M15 e M16 da solução de reforço IIB3:


- sendo: (i) as cargas máximas dos muretes M26, M52 e M54 (solução de reforço comparável
à dos muretes M15 e M16) nos ensaios de compressão axial de: 537,9 kN, 554,1 kN e 531,8 kN,
cuja média é RCA = 541,3 kN; (ii) os binómios de cargas (FV/FHmax) dos muretes M15 e M16
de 311,2 kN / 91,5 kN e 411,6 kN / 105,1 kN, respectivamente, cuja carga vertical média,
relativa às forças FHmax, é FVmed = 361,4 kN (a carga vertical aplicada no ensaio de compressão-
corte do murete M18 foi definida como a média de M15 e M16, não sendo por essa razão
considerada nesta análise), e (iii) f, o mesmo factor de escala (f =1,5), verifica-se a seguinte
relação:

med
FV 361,4
= = 0,45 (5.4)
f × RCA 1,5 × 541,3

As expressões 5.3 (para os muretes de referência) e 5.4 (para os muretes da solução IIB3),
pareciam assim indicar uma relação entre a carga vertical média existente aquando da
ocorrência das forças FHmax nos ensaios de compressão-corte dos muretes “grandes”, e força
máxima (média) nos ensaios de compressão axial dos muretes “pequenos”, RCA, enquadrada
pelos seguintes valores:

med
FV
0,45 < k = < 0,53 (5.5)
1,5 × RCA

em que FVmed e RCA são os valores referidos nas expressões 5.3 e 5.4.

Deste modo, considerando: (i) os valores das forças máximas aplicadas nos ensaios de compressão
axial dos muretes M41, M44 e M28 (solução I) de 168,5 kN, 226,0 kN e 203,3 kN,
respectivamente, cujo valor médio é RCA=199,3 kN e (ii) a expressão 5.5 (fazendo k=0,5,
correspondente ao seu valor “central”), obtém-se;

med med
FV FV
= = 0,5 (5.6)
1,5 × RCA 1,5 × 199,3

359
Donde resulta como valor indicativo da carga vertical a aplicar aos três muretes da solução I o
valor FVmed = 150 kN.
Na realidade, esta foi a carga aplicada pelos macacos hidráulicos, que adicionada à CPE
(tabela 5.17), conduziu ao valor total de 160 kN, com a qual foram realizados dois ensaios
monotónicos e um alternado.
Os muretes desta série apresentavam as características geométricas constantes da tabela 5.24.

Tabela 5.24 - Caracterização geométrica dos muretes da solução I, para os ensaios de


compressão-corte
Dimensões médias [m]
Murete
Comprimento Altura Espessura
M10 1,19 1,20 0,40
M13 1,21 1,20 0,40
M17 1,20 1,20 0,40

- Murete M10 (25/2/2005) – Ensaio monotónico

Fig. 5.198 - Aspecto do murete M10, antes do ensaio de compressão-corte

360
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

No início do ensaio de M10, fig. 5.199, e tendo como referência os resultados dos ensaios de
compressão axial, havia uma grande expectativa sobre o seu comportamento mecânico,
nomeadamente no que se refere à deformação de rotura.
Com o decurso do ensaio verificou-se que as primeiras fendas na alvenaria se manifestaram
mais tarde do que nos muretes de referência. No resto, pode dizer-se que a configuração de
rotura de M10 foi semelhante à dos muretes de referência, com a criação da fenda diagonal
principal (entre o canto superior Norte e o canto inferior Sul), em simultâneo com a crescente
formação de dois volumes triangulares de alvenaria, nas extremidades Sul e Norte do murete,
acabando o volume Sul por cair durante o ensaio, mercê do maior estado de tensão instalado
nessa zona do murete, associado ao facto de a coesão da alvenaria apenas estar garantida pela
argamassa de assentamento.
A carga vertical (média) de 159,0 kN foi aplicada a uma velocidade de 2,6 kN/min.

Fig. 5.199 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M10 (vista Poente)

Os três conectores transversais situados mais a Sul (nºs. 3, 5 e 8, fig. 4.6) contribuíram para
retardar a rotura do murete, pois localizando-se na linha de fronteira entre o triângulo de
alvenaria que se desprendeu e a alvenaria que se manteve, garantiram um melhor
confinamento desta, em relação aos muretes de referência. Esta situação pode justificar o
maior deslocamento de rotura do murete M10 em relação aos muretes de referência,
proporcionando-lhe assim alguma ductilidade.

Na fig. 5.200 apresenta-se a história de carga e deslocamentos e, na fig. 5.201, o diagrama


força-deslocamento do ensaio.

361
200

Deslocamentos [mm]
175

150

125

100
-

75
Carga [kN]

50

25

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
T empo [seg]
CC1 CC2 CC1+CC2+CPE
CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.200 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M10

50 carga vertical média = 159,0 kN


Força horizontal (CC3) [kN]

40

30

20

10

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.201 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M10

Na fig. 5.202 apresenta-se o aspecto do murete após o ensaio de compressão-corte, notando-se


o destacamento da alvenaria na parte Sul do murete e a desagregação, em especial na linha de
fronteira definida pelos três conectores exteriores situados a Norte (junto do actuador). Por outro
lado, verifica-se que a alvenaria se encontra com boas condições de agregação nos volumes
triangulares imediatamente abaixo do lintel e acima da base. A imagem direita da fig. 5.202
corresponde ao aspecto final do murete, após ter sido levantada a viga metálica superior, para a
desmontagem do ensaio.
A rotura do murete M10 ocorreu para o binómio de cargas (FV/FHmax) de 159,0 kN / 34,5 kN,
a que corresponde a resultante inclinada R10=162,7 kN.

362
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.202 - Aspecto do murete M10, após o ensaio de compressão-corte

- Murete M13 (19/3/2005) – Ensaio monotónico

Fig. 5.203 - Aspecto do murete M13, antes do ensaio de compressão-corte

O ensaio do murete M13 foi também monotónico, com uma carga vertical média de 157,3 kN,
aplicada a uma velocidade média de 2,8 kN/min (fig. 5.205). Em relação ao ensaio anterior,
registou-se uma menor resistência mecânica e uma menor degradação estrutural, que poderão
ser justificadas pelo menor imbricamento da alvenaria ao longo da fenda diagonal principal do
murete, relativamente a M10, causando uma maior degradação da alvenaria situada no
triângulo a Sul daquela fenda, como se pode observar nas imagens do ensaio, fig. 5.204.
A rotura do murete M13 ocorreu de forma mais localizada, no triângulo de alvenaria situado a
Sul da fenda principal, onde o estado de tensão era maior, enquanto que no murete M10

363
ocorreu de uma forma geral dispersa em toda a alvenaria. Refira-se ainda o facto dos
conectores se terem mantido na posição e o “reduzido” volume do triângulo de alvenaria
expulso da extremidade Sul do murete, comparativamente a M10. Como se pode observar nas
imagens do ensaio (fig. 5.204), a alvenaria sobre a base do murete, a Norte da fenda diagonal
principal (à esquerda das imagens), apresenta razoáveis condições de agregação, embora se
note início de fendilhação a Norte. A rotura do murete M13 ocorreu para o binómio de cargas
(FV/FHmax) de 157,3 kN / 28,7 kN, a que corresponde a resultante inclinada R13=159,9 kN.

Fig. 5.204 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M13 (vista Poente)

Na fig. 5.205 apresenta-se a história de carga e deslocamentos do ensaio e, na fig. 5.206, o


diagrama força-deslocamento. Na fig. 5.207 representa-se o aspecto do murete após o ensaio,
registando-se a maior ductilidade da alvenaria, traduzida pela maior deformação apresentada no
final, sem perda significativa de carga, em conjugação com a reduzida desagregação na rotura.

200
Deslocamentos [mm]

175

150

125

100
-

75
Carga [kN]

50

25

0
4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000
T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.205 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M13

364
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

50 carga vertical média = 157,3 kN

Força horizontal (CC3) [kN]


40

30

20

10

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.206 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M13

Fig. 5.207 - Aspecto do murete M13, após o ensaio de compressão-corte

- Murete M17 (7/4/2005) – Ensaio alternado

Fig. 5.208 - Aspecto do murete M17, antes do ensaio de compressão-corte


365
Considerando a proximidade das resultantes inclinadas de R10=162,7 kN e R13=159,9 kN,
decidiu-se realizar um ensaio alternado sobre o murete M17, com uma carga vertical média de
160,3 kN, aplicada a uma velocidade média de 4,50 kN/min, com incrementos de amplitude nos
deslocamentos horizontais da ordem de 2 mm (1/3 da média dos deslocamentos correspondentes
a FHmax de M10 e M13, de 6,1 mm), fig. 5.209. A menor amplitude de deslocamentos imposta
ao murete M17, relativamente ao murete M18 (solução IIB3), resultou de se considerar que
amplitudes de deslocamentos daquela ordem de grandeza, 5 mm, conduziriam, neste caso, a
uma rápida desagregação da alvenaria, cuja solução de reforço é naturalmente menos resistente.

A numeração incluída nas imagens é utilizada na fig. 5.210, para identificar a resposta do murete, no gráfico da história de
carga e deslocamentos do ensaio

Fig. 5.209 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M17 (vista Poente)

Em relação aos ensaios de M10 e M13, o murete M17 apresentou um comportamento estrutural
que se pode caracterizar por uma degradação geral da alvenaria, com formação de múltiplas
fendas verticais dispersas, entre as quais se distinguiam, com alguma dificuldade, as fendas
366
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

diagonais principais. Este quadro geral de fendilhação resultou de um processo de formação


complexo, causado pela acção conjunta das cargas vertical e horizontal. Contrariamente ao
verificado nos dois ensaios anteriores, o conector transversal central superior (conector nº 2,
fig. 4.6) não se manteve na posição inicial, tendo caído durante a remoção da viga metálica
superior, em conjunto com o lintel. Esta situação é reveladora do maior estado de desagregação
da alvenaria deste murete, comparativamente aos dois anteriores. A degradação generalizada
de M17 parece indicar que toda a capacidade resistente do murete foi mobilizada.
Outra razão para o melhor desempenho estrutural do murete M17, apesar de ter sido sujeito a
um ensaio alternado, poderá ser uma melhor qualidade construtiva, nomeadamente no
posicionamento dos perpianhos, ou, até, um melhor desempenho dos conectores transversais
por via de maiores áreas de influência das respectivas chapas de ancoragem.

Na fig. 5.210 apresenta-se a história de carga, deslocamentos (verticais e horizontais) e


deformações transversais do ensaio, com identificação “cronológica” das imagens da fig. 5.209
e, na fig. 5.211 a história de deformação transversal por face e total.
Nas figs. 5.212 a 5.214 apresentam-se os diagramas força-deslocamento correspondentes a
cada ciclo de deslocamentos horizontais, para a carga vertical média de 160,3 kN.

200
[o /oo ]

175
v
Carga [kN] - Desl. [mm] - Def. transv.

150

125
1 2 5 6
100

75

50

25

0
4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-25

-50
T empo [seg]
3 4

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE CC3

[D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2 Def. transversal

Imagem (fig. 5.209) 1 2 3 4 5 6


Tempo [seg] 7535 12688 13037 14829 15261 15340

Fig. 5.210 - História de carga, deslocamentos (verticais e horizontais) e deformação transversal


do ensaio de compressão-corte do murete M17, com identificação das imagens do ensaio e
sinalização do instante de rotura

367
2,0

Desf. transversal [%]


1,5

1,0

0,5

0,0
4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-0,5
T empo [seg]

Face poente Face nascente T otal

Fig. 5.211 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de compressão-corte


do murete M17

50 50
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN]

40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

1º ciclo 2º ciclo

50 50
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN]

40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

3º ciclo 4º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

3º ciclo 4º ciclo
Fig. 5.212 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 1º a 4º ciclos do ensaio de
compressão-corte do murete M17

368
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

50 50

Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN]


40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

5º ciclo 6º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

5º ciclo 6º ciclo

50 50
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN]


40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

7º ciclo 8º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

7º ciclo 8º ciclo

50 50
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN]

40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

9º ciclo 10º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

9º ciclo 10º ciclo

50 50
Força horizontal (CC3) [kN]
Força horizontal (CC3) [kN]

40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

11º ciclo 12º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

11º ciclo 12º ciclo


Fig. 5.213 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 5º a 12º ciclos do ensaio
de compressão-corte do murete M17
369
50 50

Força horizontal (CC3) [kN]


Força horizontal (CC3) [kN]

40 40

30 30

20 20

10 10

0 0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20 -20

-30 -30

-40 -40

-50 -50

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

13º ciclo 14º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN Carga vertical média = 160,3 kN

13º ciclo 14º ciclo

50
Força horizontal (CC3) [kN]

40
30
20
10
0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

-20
-30
-40
-50

Deslocamento horizontal ((D1+D2)/2 [mm]

15º ciclo

Carga vertical média = 160,3 kN

15º ciclo
Fig. 5.214 - Diagramas força horizontal-deslocamento horizontal nos 13º a 15º ciclos do ensaio
de compressão-corte do murete M17

Na fig. 5.215 representam-se os diagramas conjuntos força horizontal-deslocamento horizontal


e, na fig. 5.216, o aspecto do murete M17 no final do ensaio.

50
Força horizontal (CC3) [kN]

40

30

20

10
0
-12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
-10

-20

-30
-40

-50
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 4º ciclo 5º ciclo 6º ciclo


7º ciclo 8º ciclo 9º ciclo 10º ciclo 11º ciclo 12º ciclo
13º ciclo 14º ciclo 15º ciclo

Carga vertical média: (todos os ciclos)= 160,3 kN

Fig. 5.215 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de


compressão-corte do murete M17

370
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.216 - Aspecto do murete M17 após o ensaio de compressão-corte

Considera-se que a rotura do murete M17 ocorreu para o binómio de cargas (FV/FHmax) de
160,3 kN / 48,9 kN, ocorrido no 10º ciclo de deslocamentos horizontais, a que corresponde a
resultante inclinada R17=167,6 kN.
Na fig. 5.217 mostra-se o aspecto dos muretes M10, M13 e M17 após a realização dos ensaios
de compressão-corte, podendo observar-se o aspecto da alvenaria que restou sobre as base de apoio
dos muretes, sobretudo a sua geometria triangular associada às fendas diagonais.

Fig. 5.217 - Aspecto dos muretes M10, M13 e M17 no final dos ensaios de compressão-corte

5.5.6 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda armada com
rede fibra de vidro, com confinamento transversal e com apoio na base

Foram efectuados dois ensaios monotónicos, com a disposição dos fios de aço zincado representada
na fig. 5.218 (muretes M14 e M19). Como os valores de resistência mecânica se revelaram muito
próximos, foram considerados válidos e representativos da solução de reforço, restando duas opções
371
de ensaio para o murete M11: realizar um ensaio alternado, mantendo a passagem dos fios de aço
por fora do murete, como nos dois casos anteriores, ou cortá-los e realizar um ensaio monotónico.

Fig. 5.218 - Aspecto da passagem dos fios de aço zincado pelo exterior das faces laterais do
murete M14

A opção tomada (corte dos fios de aço e realização de um ensaio monotónico) foi importante
no sentido em que contribuiu para esclarecer algumas dúvidas que vinham surgindo sobre a
influência dos fios exteriores no confinamento dos muretes (fig. 5.218). Tal como tinha acontecido
nos ensaios de compressão axial, esta solução de reforço revelou-se bastante eficaz perante os
ensaios de compressão-corte, tanto no que se refere à resistência como ao modo de rotura.
Para a determinação da carga vertical a aplicar sobre os muretes M14, M19 e M11 foi utilizada
a expressão 5.5, tendo por base os valores das resistências dos muretes M34, M29 e M27
(467,5 kN, 414,6 kN e 438,7 kN, respectivamente), obtidos nos ensaios de compressão axial,
cujo valor médio é 440,3 kN. Assim, aplicando aquela expressão, com k = 0,5 e f = 1,5, tem-se:

med med
FV FV
= = 0,5 (5.7)
f × RCA 1,5 × 440,3

donde resulta como carga vertical a aplicar aos três muretes da solução de reforço IV, durante
os ensaios de compressão-corte, o valor FVmed = 330 kN. Partindo deste valor, foi aplicada uma
carga vertical nos macacos de 320 kN que, adicionada da CPE (10 kN, tabela 5.17), totaliza os
330 kN.
Os muretes desta série apresentavam as características geométricas constantes da tabela 5.25.

Tabela 5.25 - Caracterização geométrica dos muretes da solução IV, para os ensaios de
compressão-corte
Murete Área média das lâminas de reboco [m2]
Área em planta, sob a viga metálica [m2]
Nº Poente Nascente
Sem reboco Com reboco
M14 1,20 × 1,56 = 1,87 1,20 × 1,56 = 1,87
M19 1,20 × 0,40 = 0,48 0,55 1,18 × 1,56 = 1,84 1,19 × 1,58 = 1,88
M11 1,19 × 1,58 = 1,88 1,19 × 1,57 = 1,87
Área de referência 0,55 1,86

372
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

- Murete M14 (29/4/2005) – Ensaio monotónico

Fig. 5.219 - Aspecto do murete M14, antes do ensaio de compressão-corte

O ensaio sobre o murete M14 iniciou-se com a aplicação prévia da carga vertical referida
(320 kN), a uma velocidade média de 2,5 kN/min. Tratando-se de um ensaio monotónico,
decorreu de forma semelhante aos anteriores, com o murete e o sistema de ensaio a
responderem adequadamente às cargas aplicadas.
Contudo, para valores de carga horizontal próximos de 88% da carga de rotura (67 kN)
verificou-se que o murete começou a “derrubar”, em resultado do deslocamento horizontal
imposto ao lintel, não em torno da aresta inferior Sul da sua base de apoio, impedida de
deslizar, mas a partir de uma fenda horizontal que se formara acima e ao longo da base do murete,
abrindo de forma crescente no sentido Norte-Sul (conforme o sentido do deslocamento
imposto).
Julga-se que este fenómeno resultou da menor aderência da argamassa bastarda nas faces
laterais da base de apoio do murete M14 em relação à solução IIB3 – embora as lâminas de

373
micro-betão só preenchessem meia altura das faces laterais das bases de apoio –, o que fez
com que a argamassa bastarda descolasse daquelas faces, proporcionando a criação de uma
fenda horizontal sobre a base do murete. Devido à deformação crescente do murete, após a
rotura, foi necessário retirar o deflectómetro D1 (fig. 5.153), quando a carga horizontal aplicada
era da ordem de 72 % da carga de rotura (54,6 kN), para evitar a sua danificação.
Na fig. 5.220 representam-se imagens do ensaio de compressão-corte do murete M14.

A numeração incluída nas imagens é utilizada na fig. 5.222, para identificar a resposta do murete, no gráfico da história de
carga e deslocamentos do ensaio

Fig. 5.220 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M14 (vista Poente)

De acordo com a análise efectuada, esta carga horizontal (54,6 kN) era inferior à necessária para
provocar o derrube do murete, por alteração do equilíbrio estático. Donde, a fenda na base do
murete não ocorreu por movimento de rotação de corpo rígido mas antes pela deformação do
murete acima da base de apoio, por desagregação interna da alvenaria com eventual ocorrência

374
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

de esmagamento localizado, no canto inferior Sul da alvenaria, onde se registou a tensão


máxima, pela acção conjunta das cargas vertical e horizontal aplicadas durante o ensaio. Esta
situação originava uma “perda” cada vez maior de alvenaria por esmagamento/desagregação na
zona referida, fazendo diminuir a capacidade resistente à crescente carga aplicada, e assim
sucessivamente.

No final do ensaio, confirmou-se que a extremidade Norte da base do murete (do lado do
actuador) não levantou em relação à base de ensaio e a lâmina de reboco Poente apresentava
uma fenda horizontal na zona de transição entre a alvenaria e a sua base de apoio. A lâmina
Nascente possuía uma fenda mais acima que esta, desenvolvendo-se entre a extremidade Sul
da base de apoio do murete e a extremidade do furo transversal nº 6 (fig. 4.6).
Simultaneamente a esta fendilhação, registou-se o afastamento das lâminas de reboco
relativamente à alvenaria nos dois quadrantes inferiores Sul. Os fios de aço zincado desta
extremidade, apresentavam ainda algumas folgas, denotando a reduzida solicitação a que
foram sujeitos.
A extremidade Norte da viga metálica superior (mais próxima do actuador) afastou-se 0,5 cm
no sentido Nascente - Poente, relativamente à sua posição inicial sob o deflectómetro D5, e a
extremidade Sul 2,8 cm, no mesmo sentido, relativamente à sua posição inicial sob D6, fig. 5.221.
No sentido Norte-Sul, o deslocamento horizontal para a máxima força horizontal foi de 2,1 cm,
fig. 5.222.

Fig. 5.221 - Posições da viga metálica superior antes e após a realização do ensaio de compressão-
corte sobre o murete M14, relativamente ao deflectómetro D6

375
A rotura do murete M14 ocorreu para o binómio de cargas aplicadas (FV/FHmax) de 331,7 kN /
76,2 kN, a que corresponde a resultante inclinada R14=340,3 kN.
Na fig. 5.222, apresenta-se a história de carga e de deslocamentos (com identificação das
imagens apresentadas na fig. 5.220) e, na fig. 5.223, o diagrama força-deslocamento, para a
carga vertical média de 331,7 kN.

400
Deslocamentos [mm]

350

300

250 2 3 4 5 6

200
1
-

150
Carga [kN]

100

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Imagem (fig. 5.220) 1 2 3 4 5 6


Tempo [seg] 8496 8619 8867 9133 9461 9481

Fig. 5.222 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M14,


com identificação das imagens do ensaio

90 carga vertical média = 331,7 kN


Força horizontal (CC3) [kN]

80

70

60

50

40

30

20

10

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.223 - Diagrama força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M14

Na fig. 5.224 representa-se o aspecto final do murete M14 após a realização do ensaio
podendo observar-se: (i) a inclinação final da viga metálica superior, no sentido em que foi
376
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

imposto o deslocamento horizontal (Norte-Sul); (ii) as fendas horizontais das lâminas de


reboco resultantes do levantamento da alvenaria relativamente à sua base de apoio; (iii) o
afastamento final das lâminas de reboco da extremidade Sul do murete, em relação à alvenaria;
(iv) a posição final do deflectómetro D1 relativamente ao seu prato de medição e, (v), o
desvio de direcção do braço da célula de carga horizontal no sentido Nascente-Poente.
As situações (iv) e (v) estão directamente relacionadas com a posição final da viga metálica
superior, representada na fig. 5.221.

Fig. 5.224 - Aspecto do murete M14 (e algum equipamento) após o ensaio de compressão-corte

377
Na imagem central esquerda da fig. 5.224 é notória a desagregação interna da alvenaria e, nas
imagens da direita, a fendilhação acima da base de ensaio.

- Murete M19 (17/5/2005) – Ensaio monotónico

Fig. 5.225 - Aspecto do murete M19, antes do ensaio de compressão-corte

O ensaio sobre o murete M19, fig. 5.226, iniciou-se também com a aplicação prévia da carga
vertical de referência, a uma velocidade média de 3,5 kN/min, tendo-se em seguida iniciado o
deslocamento horizontal do lintel pela acção do actuador.
Para um valor de carga horizontal de cerca 70 kN, a extremidade Norte da base de apoio do
murete começou a levantar, estabilizando em seguida, passando então a registar-se a
degradação das lâminas de reboco da seguinte forma: (i) na lâmina Poente formou-se
fendilhação dispersa por toda a superfície, embora com a prevalência de três fendas na sua

378
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

metade inferior, que sobressaíam claramente das restantes. Além destas, havia uma quarta
fenda inclinada, paralela ao alinhamento definido pelos furos transversais nºs. 3 e 5, passando
a cerca de 7 cm da extremidade do furo transversal nº 5 (fig. 4.6); (ii) na lâmina Nascente
formaram-se duas fendas, contidas na altura da base do murete (20 cm), não sendo visível
fendilhação dispersa.

Tal como em M14, os fios de aço zincado da extremidade Sul do murete M19, apresentavam
algumas folgas, não tão evidentes como antes do ensaio, mas, ainda assim indicativas da
reduzida solicitação a que foram sujeitos, sobretudo na fase final do ensaio.
A extremidade Norte da viga metálica superior (mais próxima do actuador) afastou-se 2,9 cm
no sentido Poente-Nascente, relativamente à sua posição inicial sob o deflectómetro D5, e a
extremidade Sul 3,2 cm, no mesmo sentido, relativamente à sua posição inicial sob D6.

Fig. 5.226 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M19 (vista Poente)

A rotura do murete M19 ocorreu para o binómio de cargas (FV/FHmax) de 329,2 kN / 79,7 kN,
a que corresponde a resultante inclinada R19=338,7 kN.
Na fig. 5.227, apresenta-se a história de carga e deslocamentos e na fig. 5.228 o diagrama
força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio, para a carga vertical média de 329,2 kN.

379
400

Deslocamentos [mm]
350

300

250

200
-

150
Carga [kN]

100

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.227 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M19

90 carga vertical média = 329,2 kN


Força horizontal (CC3) [kN]

80

70

60

50

40

30

20

10

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.228 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-


corte do murete M19

Na fig. 5.229 apresenta-se o aspecto final do murete M19 após a realização do ensaio, podendo
observar-se: (i) a inclinação final da viga metálica superior, no sentido em que foi imposto o
deslocamento horizontal (Norte-Sul); (ii) a fendilhação mais dispersa na lâmina de reboco
Poente e mais “localizada” na lâmina a Nascente; (iii) o afastamento final das lâminas de
reboco da extremidade Sul do murete, em relação à alvenaria e (v) a posição final do murete,
com grande inclinação no sentido Poente-Nascente.
Nas duas imagens inferiores esquerdas da fig. 5.229 nota-se bem a desagregação interna da
alvenaria que conduziu aos fenómenos descritos (aparente derrube e esmagamento da
alvenaria no “topo inferior” Sul).

380
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.229 - Aspecto do murete M19 e do posicionamento final dos deflectómetros D5 e D6,
após o ensaio de compressão-corte

381
- Murete M11 (30/5/2005) – Ensaio monotónico

Fig. 5.230 - Aspecto do murete M11, antes do ensaio de compressão-corte

Como se referiu, antes de se iniciar o ensaio sobre o murete M11, foram cortados todos os
troços de fio de aço zincado que contornavam as extremidades do murete (fig. 4.38), tendo em
vista comparar o seu comportamento experimental com os muretes M14 e M19, fig. 5.231.

Fig. 5.231 - Corte dos fios de aço zincado que contornavam o murete M11, antes do ensaio de
compressão-corte
382
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Após esta operação, deu-se início ao ensaio de M11, fig. 5.232, com a aplicação prévia da
carga vertical média de 329,0 kN, a uma velocidade média de 3,1 kN/min, tendo-se em
seguida iniciado o deslocamento horizontal do lintel pela acção do actuador.
Na parte final do ensaio, quando a carga horizontal era apenas cerca de 27,5 kN, fig. 5.233,
formou-se uma fenda horizontal imediatamente acima da base de apoio do murete,
procedendo-se em seguida ao aumento da carga vertical em cerca de 10%, passando para
cerca de 350 kN, mas mantendo o nível de carga horizontal durante esse processo.
Este procedimento resultou de, nesta fase do trabalho experimental, não ter sido efectuada
ainda a análise detalhada dos resultados dos muretes M14 e M19, onde se constatou que esta
situação resultava do processo de desagregação interna, com esmagamento local da alvenaria,
e não de derrube. Nesta altura, porém, deu-se o ensaio por concluído devido a falta de reacção
do murete.

Fig. 5.232 - Ensaio de compressão-corte sobre o murete M11 (vista Poente)

No final do ensaio eram visíveis os danos causados nas duas lâminas de reboco (mais
pronunciados na lâmina Poente), ao nível das faces laterais da base do murete, com a
ocorrência de fendilhação acentuada, caracterizada por fendas de tracção nas duas metades
Norte das faces laterais da base de apoio do murete, e rotura na zona de compressão nas
metades opostas, a Sul (fig. 5.235). Esta situação era acompanhada da separação parcial do
reboco em relação àquelas faces. A lâmina de reboco Poente registava duas fendas de grande

383
expressão, uma vertical e uma horizontal, ambas com maior abertura nas extremidades do que
nos troços centrais, onde praticamente não tinham significado, denotando os “esforços de
flexão” no plano, uma vez que o reboco não podia “rodar” livremente, porque estava apoiado
na base do sistema de ensaio.
A lâmina de reboco Nascente apresentava uma fendilhação mais localizada (confinada à base
de apoio do murete).
Em resultado destes padrões de fendilhação o murete desequilibrou-se e inclinou-se no
sentido da lâmina Nascente.
A extremidade Norte da viga metálica superior (mais próxima do actuador) afastou-se 2,8 cm
no sentido Poente-Nascente, relativamente à sua posição inicial sob o deflectómetro D5, e a
extremidade Sul 2,5 cm, no mesmo sentido, relativamente à sua posição inicial sob D6.

Na fig. 5.233 apresenta-se a história de carga do ensaio, podendo observar-se o incremento da


carga vertical para obviar a situação de aparente início de derrube do murete no final do
ensaio, numa altura em que o murete já tinha rompido pela carga horizontal aplicada, antes do
incremento da carga vertical, indicando que a situação de levantamento da alvenaria acima da
base de apoio do murete, do lado Norte, correspondeu a um fenómeno de esmagamento local
da alvenaria sobre a extremidade Sul do murete.

400
Deslocamentos [mm]

350

300

250

200
-

150
Carga [kN]

100

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. 5.233 - História de carga e deslocamentos do ensaio de compressão-corte do murete M11

384
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Na fig. 5.234 apresenta-se o diagrama força horizontal-deslocamento horizontal, para a carga


vertical média de 329,0 kN.

90 carga vertical média = 329,0 kN


Força horizontal (CC3) [kN]
80

70

60

50

40

30

20

10

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

CC3

Fig. 5.234 - Diagrama força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte


do murete M11

Pelo exposto antes, considerou-se que a rotura do murete M11 ocorreu para o binómio de
cargas aplicadas (FV/FHmax) de 329,0 kN / 77,5 kN a que corresponde a resultante inclinada
R11=338,0 kN.

Na fig. 5.235 apresenta-se o aspecto final do murete M11 após a realização do ensaio,
podendo observar-se, tal como nos dois casos anteriores: (i) a inclinação final da viga
metálica superior, no sentido em que foi imposto o deslocamento horizontal (Norte-Sul); (ii) a
fendilhação acentuada das lâminas de reboco, em particular junto à base de apoio do murete;
(iii) o afastamento final das lâminas de reboco da extremidade Sul; (iv) a posição final do
murete, com grande inclinação no sentido Poente-Nascente.

Como se pode observar pelo aspecto das extremidades, o corte dos fios de aço zincado que
contornavam o murete não teve interferência visível nem no modo de rotura nem na
capacidade resistente do murete.

385
Fig. 5.235 - Aspecto do murete M11 após o ensaio de compressão-corte

Na fig. 5.236 mostram-se duas imagens de conjunto desta série de três muretes após os
ensaios de compressão-corte, registando-se as “boas condições” de integridade que os muretes
apresentam, tal como acontecera com os restantes três desta solução de reforço, a seguir aos
ensaios de compressão axial.

386
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Fig. 5.236 - Aspecto global dos muretes M11, M14 e M19 após os ensaios de compressão-corte

5.6 – Comentários ao Capítulo V

Descreveram-se os dois sistemas de ensaios preparados para este estudo e o comportamento


experimental (individual) dos muretes observado nos 35 ensaios realizados: 23 ensaios de
compressão axial (incluindo um ensaio de pré-fendilhação) e 12 ensaios de compressão-corte,
e procurou-se justificar e interpretar o modo como cada murete reagiu ao carregamento
imposto.
No Anexo IV apresentam-se e comentam-se os 8 ensaios de pós-rotura realizados sobre
muretes da solução IIB (7 ensaios de compressão axial e 1 ensaio de compressão-corte).

5.6.1 – Sobre os muretes de referência

Os dois ensaios preliminares de compressão axial (M47 e M46), prévios aos ensaios dos
muretes de referência, foram muito importantes tanto para a verificação de funcionamento do
sistema de ensaio, como para a orientação das soluções de reforço a estudar. Em relação ao
sistema de ensaio de compressão-corte, os ensaios preliminares foram desnecessários, porque,

387
no essencial para este estudo, o sistema (nomeadamente o actuador e a instrumentação de
ensaio) tinha sido “testado” com o trabalho de investigação imediatamente anterior [145].

Para além dos muretes construídos para este trabalho, foi solicitada colaboração a uma das
empresas patrocinadoras no sentido de se tentar obter algumas “amostras” de paredes de
alvenaria ordinária, de obras em curso, para posteriores ensaios de compressão axial. Contudo,
apesar da disponibilidade mostrada, razões de ordem logística (ausência de meios de elevação
e transporte) inviabilizaram o transporte dos dois exemplares representados na fig. 5.237 para
o laboratório LabDEC, a fim de se determinar a resistência à compressão.

Fig. 5.237 - Amostras de paredes de alvenaria ordinária (nembos)

Na impossibilidade de realização destes ensaios, recorreu-se aos seguintes trabalhos, tendo em


vista enquadrar os resultados de resistência à compressão dos muretes de referência, cujo
valor médio é de 0,43 MPa: o trabalho realizado por J. Roque et al [162], que indica a
resistência à compressão das paredes estruturais de alvenaria de pedra de um edifício antigo,
situado no Centro Histórico de Bragança, da ordem de 1 MPa e o Relatório 201/91 do LNEC
[97], que refere os resultados dos ensaios de compressão efectuados sobre seis carotes (com
15,6 cm de diâmetro e 20 a 30 cm de comprimento), retiradas em laboratório de um troço de
parede de um edifício da zona do Chiado (Lisboa), variáveis entre 2,0 e 2,8 MPa.
Deste modo, considerando a idade dos muretes de referência (M43, M21 e M32), quando
ensaiados à compressão axial, de 627 dias (valor médio), pode dizer-se que a sua resistência
mecânica se “enquadra” nestes valores, salvaguardando os seguintes aspectos: (i) a dificuldade
de encontrar resultados relativos a alvenarias com constituição idêntica à dos muretes de
referência e (ii) ser de esperar um incremento da resistência mecânica média dos muretes de
referência ao longo do tempo, uma vez que a profundidade de carbonatação média da

388
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

argamassa de assentamento daqueles três muretes, à data dos ensaios, era apenas de 27,5%,
em relação à espessura dos muretes (tabela I.73, Anexo I).

Considerando a fórmula semi-empírica (expressão 3.1) proposta pelo Eurocódigo 6 [86], para
a determinação da “resistência característica à compressão da alvenaria realizada com argamassa
convencional”, definida por:

f k = k × f b0,65 × f m0, 25 [MPa] (5.8)

em que: fk é a tensão de rotura característica da alvenaria; fb a tensão de rotura das unidades;


fm a tensão de rotura da argamassa e k uma constante com valores entre 0,40 e 0,60, que tem
em conta a influência de outros parâmetros (sem aplicação no tipo de alvenaria que constitui
os muretes), verifica-se que a expressão 5.8 não fornece resultados comparáveis aos obtidos
neste trabalho.
Com efeito, tendo em conta a resistência mecânica média da pedra de σrotpedra = 47,8 MPa e da
argamassa de σrotarg ≅ 0,6 MPa 25) (média dos provetes P19-P20-P21 e P43-P44-P45, tabela 3.18),
à data dos ensaios dos muretes de referência, aquela fórmula daria: fk = 0,4 × 47,8 0, 65 × 0,6 0, 25 =

= 4,35 MPa, que é um valor muito acima da resistência mecânica média dos muretes de
referência, de σrotalvenaria = 0,43 MPa.
Esta conclusão, parece justificar a necessidade de adaptação da expressão 5.8 a paredes de
alvenaria ordinária, no sentido de que permita estimar a resistência de uma parede com base na
resistência dos seus elementos constituintes principais (argamassa de assentamento e pedra),
devido à preponderância que esta solução construtiva apresenta no nosso país. Uma
aproximação que parece razoável, decorrente do trabalho experimental realizado, corresponde
a limitar superiormente a resistência mecânica da parede à resistência da argamassa de
assentamento.
De facto, considerando a resistência média à compressão axial dos muretes M43, M21 e M32,
ensaiados respectivamente aos 618, 626 e 638 dias de 0,43 MPa e a resistência média à
compressão dos provetes da argamassa de assentamento de σrotarg ≅ 0,6 MPa 25)
, verifica-se
que a resistência mecânica dos muretes de referência é cerca de 70% dos provetes moldados,
_______________
25)
Embora o valor máximo da resistência mecânica dos últimos provetes ensaiados de
argamassa de assentamento seja de 0,8 MPa (provetes P7-P8-P9, tabela 3.18), considera-se
aqui a resistência mecânica média dos provetes P19-P20-P21 e P43-P44-P45 “à data” dos
ensaios dos muretes de referência, de 0,6 MPa.
389
para as proporções volumétricas de argamassa e pedra consideradas, e para o traço
volumétrico da argamassa de 1:3 (cal aérea:areia), como referido.
No entanto, devem ser salvaguardados os seguintes aspectos: (i) a expressão 5.8 fornece o
valor característico da resistência mecânica, enquanto que a resistência mecânica dos muretes,
apesar da proximidade dos valores, corresponde ao seu valor médio, naturalmente influenciado
pelo reduzido valor da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento; (ii) as
“unidades de alvenaria” consideradas no EC6 [86] e a forma como são assentes, segundo
juntas bem definidas, são diferentes das utilizadas neste trabalho (alvenaria ordinária); (iii)
aquela expressão não considerada as percentagens relativas de argamassa / unidades de
alvenaria, neste caso de 25% / 75%, respectivamente.

Tendo por base os resultados da deformação transversal do murete M32 obtidos durante o
ensaio de compressão axial (fig. 5.41), é possível estimar um valor do coeficiente de Poisson
da alvenaria deste murete, dado pelo quociente entre a deformação transversal e a deformação
axial [181], da ordem de ν = 0,24. Este valor, contudo, deve ser entendido apenas como
indicativo, pelas seguintes razões: (i) os dois primeiros valores de deformação transversal
registados (medidos) no gráfico da fig. 5.41, ocorrem para valores de força vertical de cerca de
60,7 kN e 119,5 kN, correspondentes a cerca de 41% e 80% da força máxima aplicada sobre o
murete; (ii) estes valores de força acontecem numa fase em que o diagrama força-deslocamento
começa a aproximar-se do regime não linear (fig. 5.40); e (iii) trata-se de um valor único. No
entanto, é comparável ao coeficiente de Poisson admitido no EC6 [86], de ν = 0,25.
O coeficiente ν foi calculado considerando os valores de deformação transversal de 0 %o e
0,25 %o e deformação axial de 0,65 %o e 1,68 %o, respectivamente, relativos àquelas forças.

Não obstante a variabilidade das características dos materiais de construção, os resultados dos
ensaios dos muretes de referência apresentaram uma dispersão reduzida, que permite encarar
os resultados obtidos nos ensaios de compressão axial e compressão-corte com alguma
representatividade. Esta tendência manteve-se, com excepção da variante IIB1, em todas séries de
muretes ensaiadas. Porém, teria sido interessante ensaiar três muretes simples no final do
trabalho, para comparar a sua resistência mecânica com os valores de M43, M21 e M32.

Para os muretes de referência, foram obtidas as seguintes resistências mecânicas (médias):

- à compressão axial dos muretes M43, M21 e M32:


RCA = (134,2 + 127,7 + 148,5) / 3 = 136,8 kN

390
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

- à “compressão inclinada” dos muretes M20, M5 e M12:


RCC = (111,7 + 112,1 + 111,5) / 3 = 111,8 kN

5.6.2 – Sobre a solução de reforço I (conectores metálicos isolados)

Os ensaios realizados sobre esta série de muretes permitiram evidenciar a influência do


confinamento transversal em relação à alvenaria simples, que se traduziu na melhoria do seu
desempenho estrutural. A par da melhoria da capacidade resistente global dos muretes, o
confinamento transversal proporcionou também o retardamento dos mecanismos de colapso,
em relação aos muretes de referência.
Quando aplicado em soluções de reforço do tipo IIB e III, com base em lâminas de micro-betão
armadas, o confinamento transversal promove a melhoria da resistência mecânica do conjunto
“alvenaria + reforço + confinamento” uma vez que, ligando as lâminas de micro-betão, aplicadas
em ambas as faces da alvenaria, permite uma maior mobilização da resistência mecânica do
material (micro-betão). De outra forma, a resistência mecânica do conjunto “alvenaria + reforço”
não pode ser totalmente mobilizada, devido à ausência de ligação entre duas camadas distintas de
materiais (o suporte de alvenaria de pedra, assente com argamassa de cal, e o reforço), que impeça
os fenómenos de encurvadura por compressão das lâminas de micro-betão.

Para a solução I, foram obtidas as seguintes resistências mecânicas (médias):

- à compressão axial dos muretes M41, M44 e M28:


RCA = (168,5 + 226,0 + 203,3) / 3 = 199,3 kN

- à “compressão inclinada” dos muretes M10, M13 e M17:


RCC = (162,7 + 159,9 + 167,6) / 3 = 163,4 kN

5.6.3 – Sobre a solução de reforço IIB (lâminas de micro-betão armadas com malha metálica,
com confinamento transversal, sem apoio na base)

Nas variantes IIB1 e IIB2 (pregagens numa e em duas faces, respectivamente) verificou-se,
durante os ensaios, que, quanto maior era a desagregação da alvenaria com o aumento da
carga aplicada, menor era o desempenho das pregagens e do confinamento que deviam
garantir, facto que contribuiu para uma maior desagregação da alvenaria. Esta situação será
muito gravosa perante acções cíclicas, como é o caso da acção sísmica, por promover a
desagregação rápida e continuada da alvenaria.

391
Ao contrário, a variante IIB3 (conectores metálicos “inteiros”), embora mais difícil de
executar, principalmente em paredes de grande espessura, garante o confinamento eficaz da
alvenaria, desde que não ocorra degradação na zona das chapas de ancoragem, de modo a que
as tensões de tracção existentes nos conectores possam ser absorvidas.
O facto do reforço não apoiar sobre as bases dos sistemas de ensaio fez com que os conectores
(e as pregagens) mais solicitados fossem os inferiores e não os centrais, razão pela qual os
extensómetros deviam ter sido colocados naqueles varões e não nestes.

Apesar das lâminas de micro-betão terem uma espessura média de 5 cm, as chapas de
ancoragem só estão ancoradas em meia espessura das mesmas, embora sobre a malha metálica,
o que faz diminuir a eficiência da solução de reforço. Esta situação pode ser melhorada com a
utilização de chapas de maior área e maior espessura, e poderia ter evitado (ou diminuído) o
movimento da segunda camada de micro-betão em relação à primeira, ocorrida nos muretes
M54, M52 e M26, conforme se observa nas figs. 5.114, IV.31 e IV.35 (Anexo IV),
respectivamente.
Por outro lado, como ficou patente após o ensaio de pós-rotura do murete M53, fig. IV.6
(Anexo IV), as chapas de ancoragem devem apresentar “relevos”, ou pelo menos, os cantos
dobrados alternadamente, de forma a melhorar a aderência do micro-betão.
As lâminas de micro-betão contribuíram para o aumento da resistência mecânica global dos
muretes na medida em que garantiram o confinamento da alvenaria, podendo dizer-se que,
para os esforços aplicados, elas praticamente não sofreram esforços no plano mas sim na
perpendicular ao plano (devido à ausência de apoio na base de ensaio), em virtude dos
esforços de tracção existentes nas pregagens e especialmente dos conectores metálicos,
durante os ensaios.
Na sequência do referido no ponto 5.6.2, os conectores, ligando as duas lâminas de micro-
betão armado, melhoram a resistência mecânica global dos muretes porque, confinando a
alvenaria, retardam o afastamento das lâminas que, por sua vez, evitam a desagregação rápida
da alvenaria. A contribuição directa dos conectores para a melhoria da resistência mecânica
dos muretes verifica-se pela sua resistência à tracção e ao corte.

Pelas condições de realização dos ensaios, nomeadamente no que se refere à necessidade de


reposição de alguns deflectómetros, os ensaios de compressão axial de “pós-rotura” realizados
sobre os muretes M53, M51, M42 e M30 (variante IIB1), M33 (variante IIB2) e M26 e M52
(variante IIB3) são apresentados no Anexo IV como “segundos ensaios”, realizados após os
ensaios de “rotura”, o mesmo se passando em relação ao ensaio de compressão-corte “pós-
392
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

rotura” do murete M16. No entanto, foi possível contabilizar a deformação residual dos
muretes no final dos ensaios de “rotura”, o que permitiu apresentar os diagramas força -
deslocamento dos ensaios de “pós-rotura”, tendo em consideração aquela deformação
residual.
De um modo geral pode dizer-se, analisando os diagramas conjuntos força-deslocamento
relativos aos ensaios de rotura e pós-rotura em compressão axial, que o comportamento
mecânico dos muretes não sofreu alterações significativas após a obtenção das forças
máximas nos ensaios de rotura, uma vez que os ensaios de pós-rotura funcionaram como
ensaios de recarga, após descarga até força vertical nula. Isto é: a inclinação dos diagramas
força-deslocamento, após as forças máximas, é semelhante nos ensaios de rotura e pós-rotura
(figs. 5.63, 5.75, 5.83, 5.95, 5.101 e 5.107).

Para a solução IIB, foram obtidas as seguintes resistências mecânicas (médias):

Variante IIB1:

- à compressão axial dos muretes M53, M51, M42 e M30:


RCA = (366,3 + 317,7 + 224,3 + 255,7) / 4 = 291,0 kN

Variante IIB2 (1):

- à compressão axial dos muretes M22 = 485,0 kN e M33 = 362,2 kN

(1) - Devido à diferença das condições de apoio das lâminas de micro-betão nos dois muretes, não foi calculada a
média destes dois valores, sendo todavia de realçar a sua variação relativa (maior resistência de M22) com os
restantes muretes da solução IIB, e a forma coerente como todos os valores da solução se relacionam.

Variante IIB3:

- à compressão axial dos muretes M26, M52 e M54:


RCA = (537,9 + 554,1 + 531,8) / 3 = 541,3 kN

- à “compressão inclinada” dos muretes M15, M16 e M18:


RCC = (324,4 + 424,8 + 376,9) / 3 = 375,4 kN

393
5.6.4 – Sobre a solução de reforço III (lâminas de micro-betão armadas com malha
metálica, sem confinamento transversal, com apoio na base)

O ensaio sobre o murete M25 decorreu de forma que a sua rotura que se pode classificar como
“explosiva”, quer pela violência com que ocorreu (como sugere a imagem central da fig. 5.119),
quer pelo som produzido – cuja maior componente se deveu à “queda” instantânea, mas
controlada, do pórtico sobre o pavimento do Laboratório.
Durante o ensaio não foram visíveis nem deformações nem fendilhação significativas no murete
até ao instante imediatamente anterior à rotura, uma vez que foram as lâminas de micro-betão,
com apoio na base de ensaio mas sem confinamento transversal, que suportaram a generalidade
da carga aplicada.
Nesta situação, a carga aplicada na rotura do murete M25 correspondeu a uma tensão de
26)
24,7 MPa nas duas lâminas de reforço, cuja resistência à compressão de 51,1 MPa não
podia, no entanto, ser atingida uma vez que a rotura ocorreu por encurvadura lateral das
lâminas de micro-betão.
O deslocamento de 1,0 mm, imposto ao murete M25 pela carga aplicada de 136,8 kN (carga
de rotura média dos muretes de referência) é muito inferior ao valor médio do deslocamento
na rotura dos muretes de referência de 5,8 mm (figs. 5.31, 5.35 e 5.40) o que significa que,
para esse valor de carga, a alvenaria do murete M25 se encontrava ainda (muito) longe da
rotura. As lâminas de micro-betão contribuíram para o forte aumento da resistência mecânica
global do murete porque funcionaram como placas carregadas axialmente.
Pelos resultados obtidos, iguais conclusões podem retiradas para os muretes M55 e M24, em
relação aos muretes de referência, sendo previsível que nos muretes em que foram utilizados
conectores (figs. 4.28 e 4.29), a resistência mecânica global se aproxime da resistência
mecânica do micro-betão projectado, com uma secção transversal total de (≅) 0,80×0,10 m2.

No final dos ensaios de compressão axial dos três muretes da solução III, registou-se a
coincidência de diversas fendas das lâminas de micro-betão se localizarem próximo da linha
divisória dos terços superior e central, ou seja, nas zonas onde “deviam estar” os varões de
confinamento transversal, tabela 5.26.

_______________
26)
Valor determinado a partir do ensaio de provetes cilíndricos carotados do “tipo B”, tabela 4.19,
que são os que melhor caracterizam a resistência do micro-betão das lâminas, de acordo com
o carregamento aplicado.

394
Capítulo V – Ensaios Mecânicos Realizados Sobre os Muretes

Tabela 5.26 - Distância média das fendas ocorridas nas lâminas de micro-betão armado (sem
confinamento transversal), nos muretes M25, M55 e M24
Distância média das fendas à face superior do lintel Posição dos
Murete
Lâmina de micro-betão Nascente ( ) 1 1
Lâmina de micro-betão Poente ( ) Conectores (2)
M25 8 e 54 cm 31 cm
M55 48 cm -- 35 cm
M24 37 cm 37 e 120 cm
(1) – Supondo os muretes sobre a base de ensaio; (2) – Posição média em relação à face superior dos lintéis

Para a solução III, foi obtida a seguinte resistência mecânica (média):

- à compressão axial, dos muretes M25, M55 e M24 (3):


RCA = (1875,3 + 1913,4) / 2 = 1894,4 kN

(3) - Apesar das resistências mecânicas dos três muretes desta série serem semelhantes (R25=1824,1 kN), apenas se
considerou a média dos muretes M55 e M24, devido ao facto de ter sido aplicada sobre o murete M25 uma pré-carga
equivalente a 2/3 da sua força máxima, o que não se verificou nos restantes.

5.6.5 – Sobre a solução de reforço IV (reboco de argamassa bastarda armado com rede
de fibra de vidro, com confinamento transversal e com apoio na base)

Os resultados de resistência mecânica obtidos nos muretes desta série, evidenciaram a grande
importância do confinamento da alvenaria nas soluções de reforço a adoptar.
De acordo com a análise efectuada, os resultados desta solução deveram-se não apenas à
existência do confinamento transversal, mas também ao facto deste ter sido concretizado de
“forma contínua”, permitindo o envolvimento da alvenaria pelos fios de aço zincado.
Do ponto de vista experimental pode concluir-se sobre a elevada performance da solução IV
em relação à solução IIB3 (a mais próxima da solução IV, constituída por lâminas de micro-
betão armadas com malha metálica, com confinamento transversal por conectores, sem apoio
na base), uma vez que para as condições de realização do reforço dos muretes, a solução IV
apresentou uma resistência mecânica média de cerca de 81% em relação aos muretes da
solução IIB3, nos ensaios de compressão axial, sendo a relação entre as resistências mecânicas da
argamassa bastarda da solução IV e o micro-betão da solução IIB3 de apenas 13%. Isto, para uma
espessura média das lâminas de reboco da argamassa bastarda de 3 cm, e de micro-betão de 5 cm.

Para a solução IV, foram obtidas as seguintes resistências mecânicas (médias):

- à compressão axial dos muretes M34, M29 e M27:


RCA = (467,5 + 414,6 + 438,7) / 3 = 440,3 kN

395
- à “compressão inclinada” dos muretes M14, M19 e M11:
RCC = (340,3 + 338,7 + 338,0) / 3 = 339,0 kN

5.6.6 – Sobre os ensaios realizados

O facto de se terem ensaiado em média três muretes por solução ou variante de reforço,
permite encarar os valores de resistência mecânica obtidos com alguma confiança, devido à
baixa dispersão de resultados, que apenas foi contrariada pela solução IIB1. A variabilidade
dos resultados ocorrida nesta variante (única aplicada em quatro muretes), com lâminas de
micro-betão sem apoio / pregagens / uma face, deve ser encarada como uma conclusão
interessante, pois reflectiu a variabilidade do comportamento mecânico destes muretes nos
sucessivos ensaios. Uma das causas desta variabilidade de resultados prende-se com a
aleatoriadade e o número de pedras furadas para a realização das pregagens, com influência
no modo de confinamento global da alvenaria.
Por outro lado, verificou-se que os modos de rotura dos muretes da solução IIB1 foram muito
condicionados pela reacção da alvenaria às solicitações das pregagens, cuja capacidade de
confinamento se mostrou reduzida (devido ao estado de desagregação crescente da alvenaria,
no decurso dos ensaios).
Tendo presente que esta solução é muitas vezes utilizada em trabalhos de reforço estrutural de
edifícios, estas conclusões podem apoiar uma melhor definição dos projectos que a prescrevam.

Considerando o “longo” período de vida útil da tipologia construtiva objecto deste trabalho,
pode dizer-se que todos os muretes foram ensaiados em intervalos de tempo relativamente
curtos entre eles, pelo que o facto da profundidade de carbonatação da argamassa de
assentamento ter variado entre 28,3% (média dos seis muretes de referência) e 37,5% (média
dos três últimos muretes ensaiados à compressão axial - solução III - micro-betão armado,
sem confinamento transversal, com apoio na base), em relação à espessura da alvenaria, não
terá influenciado de modo significativo os resultados obtidos – tabela I.73, Anexo I.

396
Capítulo VI
ANÁLISE DOS RESULTADOS
DOS ENSAIOS MECÂNICOS SOBRE OS MURETES

6.1 – Introdução

27)
Neste capítulo faz-se a análise dos resultados dos ensaios descritos no capítulo anterior ,
segundo a mesma ordem, precedidos da representação esquemática dos modelos. Comparam-se
os resultados obtidos nos ensaios de compressão axial e compressão-corte, em termos de
rigidez e resistência mecânica e faz-se a aplicação do “método das escoras e tirantes” [158],
para os muretes de referência e soluções de reforço I, IIB3 e IV. Por fim, apresentam-se as
relações custo-benefício das soluções de reforço estudadas, em termos de resistências
mecânicas obtidas nos ensaios de compressão axial.
Assim, para os ensaios de compressão axial (ensaios monotónicos, fig. 5.152) são apresentados:
(i) - gráficos ou diagramas conjuntos tensão-deformação, para os muretes de referência
(incluindo os ensaios preliminares) e para a solução I. Para os restantes muretes, devido à
dificuldade em quantificar a distribuição de tensões na alvenaria e nas lâminas de reforço, os
diagramas tensão-deformação não são apresentados;

(ii) - gráficos ou diagramas conjuntos força-deslocamento, para todos os muretes ensaiados,


por séries de dois, três ou quatro muretes 28);

(iii) - valores das forças máximas aplicadas (FVmax), que definem a resistência mecânica dos
muretes e os deslocamentos (δVFmax) correspondentes a FVmax;

(iv) - módulo de elasticidade inicial dos muretes de referência e da solução I, calculados para
30% da força máxima;
_______________
27)
Os resultados dos oito ensaios de pós-rotura (sete de compressão axial e um de compressão-
corte), realizados em muretes da solução de reforço IIB, são apresentados no Anexo IV.
28)
Os diagramas são prolongados até uma perda de capacidade resistente de 25% em relação à
força máxima, ou seja até 75% da força vertical máxima (75%FVmax), excepto nos muretes da
solução III, cujos diagramas terminam, tal como os ensaios, logo após a obtenção da força máxima.
397
(v) - rigidez axial (Kaxial) de todos os muretes, calculada para 30% da força máxima de acordo
com a expressão:

H
Kaxial = FV × [kN.m/m] (6.1)
δV
em que: FV corresponde a 30% da força vertical máxima; H é a altura dos muretes (alvenaria)
e δV o deslocamento vertical correspondente a 30% da força vertical máxima.
O cálculo de Kaxial (e de Ktransv) permite “ultrapassar” a dificuldade de definição da secção
transversal dos muretes reforçados, para determinação dos módulos de elasticidade axial (e
transversal), a partir das tensões aplicadas.

(vi) - energia dissipada por deformação (Ediss) em cada ensaio, até à obtenção da força
máxima (100%FVmax) e até 85%FVmax 29), calculada a partir dos diagramas força-deslocamento
por integração numérica, de acordo com a expressão:

n
Fi + Fi −1
E diss = ∑ [ × (δ i − δ i −1 )] [kN.mm] (6.2)
i =1 2

sendo: Ediss a energia dissipada por deformação, Fi e Fi-1 as forças verticais aplicadas nos
muretes, e δi e δi-1 os deslocamentos verticais correspondentes.
Este valor (Ediss) corresponde à área compreendida entre o diagrama força-deslocamento e o eixo
dos deslocamentos, e permite analisar a variação conjunta dos valores “força×deslocamento”.

Para os ensaios de compressão-corte (ensaios monotónicos, cíclicos e alternados, fig. 5.152)


são apresentados os seguintes resultados:
(i) - diagramas conjuntos força horizontal-deslocamento horizontal, por séries de três
muretes 30). Nos ensaios cíclicos e alternados – muretes M15, M16, M18 (solução IIB3) e M17
(solução I) – são apresentadas, previamente aos diagramas conjuntos força-deslocamento, as
envolventes dos diagramas completos (diagramas de histerese) constantes do Capítulo V.

(ii) - forças verticais médias (FVmed) durante os deslocamentos horizontais nos ensaios
monotónicos, e em cada ciclo de deslocamentos nos ensaios cíclicos e alternados;
_______________
29)
A energia dissipada por deformação é calculada para dois níveis de força: um até à força máxima,
identificada por 100%FVmax, e outro até uma perda de resistência de 15% em relação àquele valor,
identificada por 85%FVmax (força de rotura convencional).
30)
Os diagramas são prolongados até uma perda de capacidade resistente de cerca de 25% em
relação à força máxima, ou seja até cerca de 75% da força horizontal máxima (75%FHmax).
398
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

(iii) - forças horizontais máximas (FHmax) e deslocamentos correspondentes a FHmax (δHFmax);

(iv) - resultante inclinada, que define a resistência mecânica de cada murete, calculada a partir
da força vertical média (FVmed) e da força horizontal máxima (FHmax), segundo a expressão 5.2;

(v) - rigidez transversal (Ktransv) de todos os muretes, calculada para 30% da força horizontal
máxima, de acordo com a expressão:

H
Ktransv = FH × [kN.m/m] (6.3)
δH

em que: FH corresponde a 30% da força horizontal máxima; H é a altura dos muretes


(alvenaria) e δH o deslocamento horizontal correspondente a 30% da força horizontal máxima.

(vi) - energia dissipada por deformação (Ediss) em cada ensaio monotónico, até à obtenção
da força máxima (100%Fmax) e até 85%Fmax, calculada a partir dos diagramas força
horizontal-deslocamento horizontal, de acordo com a expressão 6.2, em que Ediss é a energia
dissipada por deformação, Fi e Fi-1 as forças horizontais aplicadas no topo (lintel) dos muretes,
e δi e δi-1 os deslocamentos horizontais correspondentes.

(vii) - coeficiente de ductilidade em deslocamento (µd), definido pela expressão:

δ 85 FH max
µd = (6.4)
δ0

em que:
δ85FHmax é o deslocamento medido experimentalmente em cada ensaio para 85%FHmax após a
rotura, ou seja, para uma perda de resistência de 15% em relação à força horizontal máxima,
conforme referido na nota 29) (pág. 398);

e, δ0 é o deslocamento teórico correspondente à carga de 85%FHmax anterior à rotura (fig. 6.1),


determinado a partir do valor da rigidez transversal (Ktransv), segundo a expressão:

max
0,85 × FH
δ0 = [mm]
K transv (6.5)
H

De acordo com esta definição, tem-se sempre: δ0 < δFHmax < δ85FHmax.
O coeficiente de ductilidade em deslocamento é um parâmetro de análise dos ensaios de
compressão-corte, devido ao facto destes ensaios caracterizarem o comportamento dos muretes
399
face a acções horizontais. Este coeficiente é utilizado na análise experimental de modelos de
betão armado, não existindo, contudo, consenso quanto à sua forma de cálculo [159].
No presente estudo o coeficiente de ductilidade em deslocamento define a relação entre
δ85FHmax (deslocamento último) correspondente a 85%FHmax, e o deslocamento sofrido até ao
ponto de transição do regime elástico para o regime plástico, δ0, num diagrama elasto-plástico
equivalente ao comportamento real (não-linear) observado, fig. 6.1.

24
Fmax

85%Fmax
18
Força

12

0
Fmax 85Fmax
0,0 δ0 1,5 δ 3,0 δ 4,5 6,0
Deslocamento
Diagrama real Diagrama elasto-plástico equivalente

Fig. 6.1 - Diagrama elasto-plástico equivalente ao comportamento real (não-linear), para 85%Fmax

(viii) - drift (∆), definido pela expressão:

δ 85 FH max
∆= [%] (6.6)
H

Este parâmetro define a “inclinação” dos muretes, no plano de carga, para 85%FHmax (fig. 6.1).

6.2 – Análise dos resultados dos ensaios de compressão axial

6.2.1 – Ensaios preliminares (M47, M46)

Fig. 6.2 - Representação esquemática dos muretes utilizados nos ensaios preliminares de
compressão axial

400
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Na fig. 6.3 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento e tensão-deformação


relativos aos dois ensaios preliminares, cuja análise é feita conjuntamente com os muretes de
referência. Na tabela 6.1 indicam-se os resultados obtidos.

100 0,31

[MPa]
Força vertical [kN]

75 0,23

Tensão
50 0,16

25 0,08

0 0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Deslocamento [mm]

0,00 1,67 3,33 5,00 6,67 8,33

Extensão ε [0 /00 ]

M47 Correcção M47 M46 Correcção M46

Fig. 6.3 - Diagramas conjuntos força-deslocamento e tensão-deformação dos muretes M47 e M46
(ensaios preliminares)

6.2.2 – Muretes de referência (M43, M21, M32)

Fig. 6.4 - Representação esquemática dos muretes de referência, para os ensaios de


compressão axial

Na fig. 6.5 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento e tensão-deformação


relativos aos ensaios dos três muretes de referência. Na tabela 6.1 resumem-se os resultados
dos ensaios de compressão axial destes muretes.

401
150 0,47

[MPa]
Força vertical [kN]
125 0,39

Tensão
100 0,31

75 0,23

50 0,16

25 0,08

0 0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Deslocamento [mm]

0,00 1,67 3,33 5,00 6,67 8,33 10,00 11,67

Extensão ε [ 0 /00 ]

M43 M21 M32

Fig. 6.5 - Diagramas conjuntos força - deslocamento e tensão - deformação dos muretes de
referência (M43, M21 e M32)

Tabela 6.1 - Resultados dos ensaios de compressão axial preliminares e dos muretes de referência

Módulo de
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia dissipada (1) [kN.mm]
elasticidade
Murete
100% 85%
[kN] Média [mm] Média [MPa] Média [kN.m/m] Média Média Média
FVmax FVmax (2)
Ensaios M47 76,8 -- 4,5 -- 93 -- 30×103 -- 221,0 -- 401,6 --
preliminares M46 56,5 -- 2,3 -- -- -- -- -- -- -- -- --
3
Muretes M43 134,2 6,8 239 76×10 686,5 1143,5
de M21 127,7 136,8 6,4 5,8 409 305 131×10 3
98×103 686,8 611,0 1005,2 1126,3
referência
M32 148,5 4,3 267 86×103 459,8 1230,2

(1) - Quando utilizada em tabelas deste capítulo, a expressão “energia dissipada por deformação” é referida
abreviadamente por “energia dissipada”.
(2) - Quando referida ao cálculo da energia dissipada por deformação, a expressão “85%FVmax” corresponde ao
valor obtido até 85% da força vertical máxima (FVmax), ou seja para uma perda de resistência de 15% do valor
máximo, que se obtém “prolongando” o diagrama força-deslocamento até 85% da força vertical máxima.

Análise dos resultados

Nos muretes de referência regista-se a proximidade entre os valores das tensões máximas,
cuja média de 0,43 MPa é “comparável” aos resultados de ensaios realizados in situ por J.
Roque et al [162], da ordem de 1 MPa, tendo em conta que, no caso dos muretes de
referência, a profundidade de carbonatação média à data dos ensaios (627 dias) era de apenas
5,5 cm (27,5%), fig. 3.59 e tabela I.73-Anexo I (pág. 567).

402
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Por sua vez, o módulo de elasticidade secante, de 305 MPa (tabela 6.1) é comparável aos
obtidos em ensaios realizados in situ por A. Costa [44], num edifício da Ilha do Faial (0,23 GPa),
e por C. S. Oliveira et al [127], num edifício em Angra do Heroísmo (valores entre 0,2 GPa e
0,5 GPa).

Comparativamente aos valores de resistência mecânica dos muretes de referência (M43, M21
e M32), o comportamento mecânico do murete M47, no ensaio preliminar de compressão
axial, foi prejudicado pela fendilhação do lintel na fase final do ensaio, perdendo o efeito de
confinamento local da alvenaria e permitindo, dessa forma, uma mais rápida desagregação
que conduziu a uma rotura extemporânea, com uma força igual a 56,1% da média dos muretes
de referência.
Este aspecto evidencia a importância dos lintéis ou vigas de coroamento das paredes, nos
trabalhos de reabilitação estrutural de construções de alvenaria de pedra, nomeadamente
quando estas estão sujeitas a cargas aplicadas através destes lintéis.

6.2.3 – Solução de reforço I – muretes reforçados com conectores metálicos transversais


(M41, M44, M28)

Fig. 6.6 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço I, para os ensaios de
compressão axial

Na fig. 6.7 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento e tensão-deformação


relativos aos ensaios dos três muretes da solução de reforço I, e na tabela 6.2 comparam-se os
resultados obtidos.

403
250 0,78

Força vertical [kN]

[MPa]
200 0,63

Tensão
150 0,47

100 0,31

50 0,16

0 0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Deslocamento [mm]

0,00 1,67 3,33 5,00 6,67 8,33 10,00


Extensão ε [ 0 /00 ]

M41 M44 M28

Fig. 6.7 - Diagramas conjuntos força - deslocamento e tensão - deformação dos muretes M41,
M44 e M28

Tabela 6.2 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução I

Módulo de Energia dissipada


FVmax δVFmax Rigidez axial
elasticidade [kN.mm]
Murete
100% 85%
[kN] Média [mm] Média [MPa] Média [kN.m/m] Média Média Média
FVmax FVmax
M41 168,5 4,0 477 152×103 507,2 885,4
M44 226,0 199,3 5,8 4,7 485 489 155×103 156×103 952,0 697,2 1514,5 1171,6
3
M28 203,3 4,3 505 162×10 632,4 1115,0

Análise dos resultados

Esta série de ensaios mostrou a importância do confinamento simples da alvenaria face aos
muretes de referência, sem confinamento, traduzida na melhoria de resistência máxima,
deformação correspondente, rigidez axial e energia média dissipada por deformação em cada
ensaio.
Prolongando os diagramas força-deslocamento individuais dos muretes M41, M44 e M28,
representados nas figs. 5.45, 5.50 e 5.55 (Capítulo V), respectivamente, verifica-se que o
murete M41 (o menos resistente) apresentou a maior deformação pós-rotura, contrariamente a
M44 (o mais resistente), que colapsou com menor deformação, mas com a maior dissipação
de energia dos três muretes da série, fig. 6.8 (a).
Na fig. 6.8 (b) pode-se observar o aumento da deformação pós-rotura dos muretes M41, M44
e M28 em relação aos muretes de referência.

404
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

250 250
Força vertical (kN)

Força vertical (kN)


200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

M41 M44 M28 M43 M21 M32 M41 M44 M28

(a) (b)
Fig. 6.8 - Comparação do comportamento dos muretes M41, M44 e M28 (solução I) entre si e
com os muretes de referência

Os muretes da solução I têm rigidez semelhante mas valores de resistência mecânica


diferentes, o que se pode explicar pela irregularidade do material (alvenaria), nomeadamente
no que se refere ao posicionamento dos perpianhos, à granulometria média das pedras utilizadas
e à forma como foram dispostas nas fiadas.
Outra justificação, já referida no capítulo anterior, pode estar relacionada com a forma como
foram efectuadas as furações para a execução dos conectores, no que se refere ao número e
dimensão das pedras furadas.

Na tabela 6.3 comparam-se os resultados obtidos nesta série com os dos muretes de
referência.

Tabela 6.3 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial dos
muretes da solução I com os muretes de referência
Módulo de
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia Dissipada [kN.mm]
elasticidade
Muretes
100% 100%
[kN] Sol I / Refª [mm] Sol I / Refª [MPa] Sol I / Refª [kN.m/m] Sol I / Refª Sol I / Refª Sol I / Refª
FVmax FVmax
Solução I 199,3 4,7 489 156 ×103 697,2 1171,6
1,46 0,81 1,60 1,60 1,14 1,04
Referência 136,8 5,8 305 98×103 611,0 1126,3

Para além dos ganhos médios de resistência mecânica da solução I em relação aos muretes de
referência, a principal diferença entre ambas as séries de muretes reside na melhoria das
condições de rotura dos muretes da solução I, que finalizaram os ensaios com uma maior
integridade e coesão da alvenaria que os muretes de referência.

405
6.2.4 – Solução de reforço IIB - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas
com malha de metal distendido e confinamento transversal, sem apoio na base

6.2.4.1 – Solução IIB1 - pregagens / uma face (M53, M51, M42, M30)

Fig. 6.9 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB1 (pregagens, uma
face), para os ensaios de compressão axial

Representa-se na fig. 6.10 os diagramas conjuntos força-deslocamento (rotura e pós-rotura), e


na tabela 6.4 os resultados obtidos nesta série de ensaios (rotura).

400
Força vertical (kN)

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento (mm)

M53 M53-ci M53(PR) M53(PR)-ci


M51 M51-ci M51(PR) M51(PR)-ci
M42 M42-ci M42(PR) M42(PR)-ci
M30 M30-ci M30(PR) M30(PR)-ci

Fig. 6.10 - Diagramas força - deslocamento dos muretes M53, M51, M42, M30 (rotura e pós-rotura)

406
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Tabela 6.4 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IIB1

Energia dissipada
FVmax δVFmax Rigidez axial
Murete [kN.mm]
[kN] Média [mm] Média [kN.m/m] Média 100%FVmax Média 85%FVmax Média
3
M53 366,3 11,0 97×10 2809,8 3137,9
3
M51 317,7 8,5 100×10 1770,5 2064,4
291,0 7,7 105×103 1587,2 1999,2
M42 224,3 7,1 122×103 1175,6 1804,5
M30 255,7 4,2 99×103 592,8 990,1

Análise dos resultados

Nesta série de ensaios a resistência mecânica e a energia dissipada por deformação da secção
composta “alvenaria + lâmina de micro-betão” apresentam uma dispersão em relação aos
valores médios, superior à que se verifica com a rigidez axial.
Em simultâneo, nota-se uma grande divergência entre os valores dos deslocamentos na rotura,
relacionados com os respectivos modos de rotura, por sua vez dependentes da eficácia das
pregagens.
Os valores médios das forças máximas e os deslocamentos correspondentes, bem como da
energia dissipada por deformação, são apresentados na tabela 6.5 a título indicativo (devido à
dispersão dos resultados obtidos), para efeitos da comparação com os resultados dos ensaios
dos muretes de referência.

Tabela 6.5 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial dos
muretes da solução IIB1 com os muretes de referência

FVmax δVFmax Rigidez axial Energia Dissipada [kN.mm]


Muretes
(solução) 100% 85%
[kN] IIB1 / Refª [mm] IIB1 / Refª [kN.m/m] IIB1 / Refª IIB1 / Refª IIB1 / Refª
FVmax FVmax
3
II B1 291,0 7,7 105×10 1587,2 1999,2
2,13 1,33 1,07 2,60 1,78
Referência 136,8 5,8 98×103 611,0 1126,3

Os valores indicados na tabela 6.5 permitem concluir sobre a melhoria dos parâmetros em
análise nos ensaios da solução IIB1, relativamente aos muretes de referência, com excepção
da rigidez, que se “manteve”.

407
6.2.4.2 – Solução IIB2 - pregagens / duas faces (M22, M33)

Fig. 6.11 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB2 (pregagens, duas
faces), para os ensaios de compressão axial

Na fig. 6.12 representa-se os diagramas conjuntos força-deslocamento (rotura e pós-rotura), e


na tabela 6.6 os resultados obtidos nesta série de ensaios.

500
Força vertical [kN]

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Deslocamento [mm]

M22 M22-ci M33 M33(PR) M33(PR)-ci

Fig. 6.12 - Diagramas conjuntos força - deslocamento dos muretes M22 e M33 (rotura e pós-rotura)

Tabela 6.6 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IIB2
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia dissipada [kN.mm]
Murete
[kN] [mm] [kN.m/m] 100%FVmax 85%FVmax
M22 485,0 1,1 344×103 113,2 --
3
M33 362,2 7,7 401×10 2137,9 4245,8

408
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Análise dos resultados

O comportamento do murete M22 pode ser explicado pela contribuição das cantoneiras
metálicas no apoio (parcial) das lâminas de micro-betão, nomeadamente da que se manteve
“imóvel”, de forma que a alvenaria praticamente não interferiu na capacidade resistente da
secção composta “alvenaria + lâminas de micro-betão”. A rigidez do murete M22 é
“semelhante” à rigidez de M33, até as duas lâminas de micro-betão iniciarem a separação da
alvenaria, por desagregação desta, e consequente perda de capacidade aderência, marcando o
primeiro dos dois instantes da rotura deste murete (M33). O segundo instante corresponde já à
rotura do conjunto “alvenaria + lâminas de micro-betão”, podendo dizer-se que o diferencial
de resistência entre estes dois instantes se deveu essencialmente à contribuição da alvenaria,
uma vez que as pregagens, e por conseguinte, as lâminas de micro-betão foram perdendo a
capacidade de confinamento, determinante até ao primeiro instante da rotura.
Doutro modo, pode dizer-se que, numa primeira fase do ensaio do murete M33 (até ao
“primeiro” instante de rotura), houve uma grande contribuição das lâminas de micro-betão no
comportamento mecânico do murete, que apresentou deformação e rigidez semelhantes a M22. A
partir deste primeiro instante, o processo de degradação passou a ser condicionado pela alvenaria.
O deslocamento de rotura do murete M33 (7,7 mm), correspondente ao conjunto “alvenaria +
lâminas de micro-betão”, é superior ao deslocamento de rotura médio dos muretes de
referência (5,8 mm), podendo o diferencial ser atribuído à contribuição das lâminas de micro-
betão e das pregagens para o retardamento do colapso.
Na fig. 6.13 compara-se o comportamento do murete M33 no ensaio de compressão axial com
os muretes de referência.

400
Força vertical [kN]

350

300

250

200

150

100

50

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamentos [mm]

M43 M21 M32 M33

Fig. 6.13 - Comparação entre os diagramas força - deslocamento dos muretes de referência e
do murete M33 (pregagens - 2 faces)

409
A fig. 6.13 permite concluir que o comportamento de M33 é composto pelas duas “parcelas”
acima referidas, podendo-se identificar a contribuição da alvenaria, através da deslocação da
origem do referencial para o final do “primeiro” instante de rotura.

Na tabela 6.7 compara-se os resultados obtidos nos ensaios dos muretes da solução IIB2 com
os valores médios dos muretes de referência.

Tabela 6.7 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial dos
muretes da solução IIB2 com os muretes de referência
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia Dissipada [kN.mm]
Muretes
(solução) 100% 85%
[kN] IIB2 / Refª [mm] IIB2 / Refª [kN.m/m] IIB2 / Refª IIB2 / Refª IIB2 / Refª
FVmax FVmax
M22 485,0 1,1 344×103 113,2 --
3,55 0,19 3,51 0,19 --
Referência 136,8 5,8 98×103 611,0 1126,3
M33 362,2 7,7 401×103 2137,9 4245,8
2,65 1,33 3
4,09 3,50 3,77
Referência 136,8 5,8 98×10 611,0 1126,3

A análise destes resultados permite concluir sobre a influência do apoio parcial no murete
M22, tanto no aumento da resistência mecânica do “murete+reforço” como na diminuição do
deslocamento correspondente à força máxima, relativamente ao murete M33.

6.2.4.3 – Solução IIB3 - conectores inteiros (M26, M52, M54)

Fig. 6.14 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB3 (conectores),
para os ensaios de compressão axial

Na fig. 6.15 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento (rotura e pós-rotura)


e, na tabela 6.8, os resultados obtidos nesta série de ensaios.

410
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

600

Força vertical [kN]


500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Deslocamento[mm]

M26 M26-ci M26(PR) M26(PR)-ci


M52 M52-ci M52(PR) M52(PR)-ci
M54 M54-ci

Fig. 6.15 - Diagramas conjuntos força-deslocamento dos muretes M26, M52 e M54 (rotura e
pós-rotura)

Tabela 6.8 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IIB3
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia dissipada [kN.mm]
Murete
[kN] Média [mm] Média [kN.m/m] Média 100%FVmax Média 85%FVmax Média
3
M26 537,9 3,3 362×10 999,8 7749,1
M52 554,1 541,3 9,4 5,9 493×103 422×103 4268,6 2398,2 10832,8 7858,6
M54 531,8 4,9 412×103 1926,2 4994,0

Análise dos resultados

A proximidade dos valores das forças máximas alcançadas nos três ensaios dos muretes que
compõem esta série confere-lhes alguma semelhança de comportamento mecânico. No
entanto, os deslocamentos correspondentes às forças máximas e a energia dissipada por
deformação apresentam uma dispersão de valores.
Os muretes M52 e M54 apresentam dois instantes de rotura diferenciados, mais marcados que
M26 (cuja força máxima no primeiro instante de rotura é superior à do segundo), notando-se
claramente quando ocorreu o movimento relativo entre as lâminas de micro-betão e a
alvenaria, correspondente ao “primeiro” instante de rotura. Este movimento ocorreu não
obstante a existência dos conectores, cujas chapas de ancoragem provocaram a separação
local entre as duas camadas que constituem cada lâmina de micro-betão. A partir desse instante,
a alvenaria passou a condicionar a resistência do conjunto “alvenaria+lâminas de micro-betão”,
determinando o segundo instante de rotura, seguido de um patamar de deformação nos
diagramas força-deslocamento. O conjunto “conectores + lâminas de micro-betão” confinou a
alvenaria, retardando a sua desagregação e posterior colapso. Isto é: apesar da perda de coesão

411
da alvenaria (ligação entre as pedras conferida pela argamassa), o conjunto manteve a sua
“forma”, continuando a resistir à carga aplicada pela alvenaria confinada. Esta situação mostra a
eficiência acrescida dos conectores em relação às pregagens, no confinamento da alvenaria.
Numa fase inicial, anterior à desagregação da alvenaria, o conjunto tem um comportamento linear,
isto é: os deslocamentos são proporcionais à carga aplicada, até se atingir o primeiro instante de
rotura. A partir daqui, as deformações aumentam à medida que a alvenaria se vai desagregando
e a aderência entre esta e as lâminas de micro-betão deixa de existir. Nesta fase, os conectores são
solicitados de forma mais significativa em tracção, facto que se manifesta no aumento brusco das
deformações axiais, medidas pelos extensómetros eléctricos instalados numa secção central dos
conectores centrais dos muretes M52 e M54, fig. 6.16, como descrito no Capítulo IV (fig. 4.19).
Esta tracção aumenta ligeiramente com o aumento do deslocamento vertical.
Contudo, não foi atingida a cedência do aço dos conectores centrais, uma vez que a extensão
máxima do conector 3 do murete M54 (fig. 4.6), para uma perda de resistência de 25%
relativamente a FVmax (correspondente ao valor máximo registado na fig. 6.16), foi de:

σ 0,2% 506 MPa


εconector 3 ≅ 1320 × 10-6 < ε0,2% = ≅ = 2530 × 10-6 (6.7)
Es 200 000 MPa

Nesta expressão σ0,2% é a tensão limite convencional de proporcionalidade a 0,2% em tracção


[137] obtida a partir do gráfico da fig. 4.47, ε0,2% é a extensão correspondente e Es é o módulo
de elasticidade do aço (200 GPa).

M52 M54
-5

600 600
-5

F o r ç a v e r tic a l ( k N ) - E x t. x 1 0
F o r ç a v e r tic a l ( k N ) - E x t. x 1 0

500 500

400 400

300 300

200 200

100 100

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 0,0 3,0 6,0 9,0 12,0 15,0

Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)


CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial
Extensão no conector central x10-5 Extensão no conector central x 10-5

Fig. 6.16 - Diagramas força-deslocamento com indicação das extensões nos conectores centrais
dos muretes M52 e M54

O confinamento conferido pelos conectores e lâminas de micro-betão permite grandes


deformações sem perda significativa de resistência do murete de alvenaria reforçado. Como se
referiu no Capítulo V, a resistência ao corte dos conectores e o atrito entre estes e a alvenaria

412
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

contribuem também para a resistência final da variante IIB3, sobretudo a partir do primeiro
instante de rotura. Na tabela 6.9 comparam-se os resultados obtidos nos ensaios dos muretes
desta variante com os valores médios dos muretes de referência.

Tabela 6.9 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial dos
muretes da solução IIB3 com os muretes de referência
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia Dissipada [kN.mm]
Muretes
(solução) 100% 85%
[kN] IIB3 / Refª [mm] IIB3 / Refª [kN.m/m] IIB3 / Refª IIB3 / Refª IIB3 / Refª
FVmax FVmax
Sol IIB3 541,3 5,9 422×103 2398,2 7858,6
3,96 1,02 4,31 3,93 6,98
Referência 136,8 5,8 98×103 611,0 1126,3

De acordo com estes resultados, o ganho de resistência mecânica média nos ensaios dos
muretes M26, M52 e M54 (confinamento transversal por conectores, sem apoio na base) em
relação aos muretes de referência, de 3,96 vezes, é superior ao ganho de resistência do murete
M22 (confinamento transversal por pregagens, com apoio parcial), de 3,55 vezes (tabela 6.7).
Comparando com o murete M33 (confinamento transversal por pregagens, sem apoio na
base), os ganhos de resistência média dos muretes M26, M52 e M54 em relação aos muretes
de referência, passam de 2,65 vezes para 3,96 vezes. Esta análise justifica a maior eficácia dos
conectores em relação às pregagens no confinamento da alvenaria uma vez que, mesmo com
apoio parcial, a variante de confinamento transversal por pregagens (IIB2) é menos eficaz que
a variante de conectores (IIB3) sem qualquer apoio. Esta conclusão é reforçada pela comparação
directa das variantes de confinamento transversal por pregagens e por conectores, obtendo-se
uma redução de eficácia comparativamente aos muretes de referência de 2,65/3,96 = 67%.

6.2.5 – Solução III - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas com malha
de metal distendido, sem confinamento transversal, com apoio na base (M25, M55, M24)

Fig. 6.17 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço III, para os ensaios
de compressão axial
413
Representam-se na fig. 6.18 os diagramas conjuntos força-deslocamento e na tabela 6.10 os
resultados obtidos nesta série de ensaios.

2000
Força vertical (kN)
1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

Deslocamento (mm)

M25-1ª Fase M25-2ª Fase M55 M24

Nota: Não é possível apresentar o troço descendente da “1ª fase” do carregamento do murete M25 porque o data
logger foi desligado antes da “descarga”
Fig. 6.18 - Diagramas conjuntos força-deslocamento dos muretes M25 (1ª e 2ª fases), M55 e M24

Tabela 6.10 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução III (1)
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia dissipada [kN.mm]
Murete
[kN] Média [mm] Média [kN.m/m] Média (100%FVmax) Média
3
M25 1824,1 -- 5,5 -- 666×10 -- 5198,3 --
3
M55 1875,3 3,1 1289×10 2939,7
1894,4 3,2 3
1211×103 2843,6
M24 1913,4 3,2 1133×10 2747,5
(1) – Os valores do murete M25 não são considerados para o cálculo dos valores médios, porque as condições de
ensaio foram diferentes (em M55 e M24 não houve “pré-carregamento”)

Análise dos resultados

A realização do primeiro carregamento de 1122 kN sobre o murete M25 provocou-lhe uma


perda de rigidez na realização da segunda fase do ensaio comparativamente aos outros dois
muretes (M55 e M24), como se pode inferir da fig. 6.18 e do valor δVFmax referido na tabela 6.10.
Este facto, contudo, não afectou a sua resistência mecânica, pois os três valores são muito
semelhantes. A perda de rigidez entre a primeira e a segunda fase do ensaio do murete M25
foi de cerca de 58% (666×103 kN.m/m / 1149×103 kN.m/m, sendo este último valor a rigidez
axial correspondente à primeira fase do ensaio).
De acordo com o referido em 5.6.4, acerca da reduzida deformação da alvenaria no momento
da rotura dos muretes desta série, julga-se adequado desprezar a contribuição da alvenaria para
a resistência mecânica destes muretes, e considerar apenas as lâminas de micro-betão (com
apoio na base de ensaio). Assim, e tendo em vista a comparação dos resultados da tabela 6.10
com os valores médios de resistência à compressão e rigidez das amostras de material endurecido

414
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

(provetes cilíndricos de micro-betão, carotados, do “tipo B”, tabela 4.19), de 51,1 MPa e 34,2 GPa,
respectivamente, são estimadas em seguida a resistência mecânica e a rigidez das lâminas de
micro-betão (mb) destes três muretes, cuja secção média das lâminas de mb é 0,079 m2:
- resistência mecânica: Rmb ≅ 51,1 MPa × 0,079 m2 = 4037 kN
- rigidez axial: (EA)mb ≅ 34,2 GPa × 0,079 m2 = 2702 ×103 kN.m/m
Comparando estes valores com os resultados dos ensaios de compressão axial dos muretes
M25, M55 e M24 (tabela 6.10), pode dizer-se que a esbelteza das lâminas de reforço impediu
que toda a sua resistência à compressão fosse mobilizada, reduziu-lhes a rigidez e conduziu à
sua rotura por encurvadura lateral.

Na tabela 6.11 faz-se a estimativa das forças aplicadas nas lâminas de micro-betão e na alvenaria
no instante da rotura dos muretes (regime elástico), de acordo com a seguinte expressão [66]:

EiAi
Fi = × Ftotal [kN] (6.8)
∑ EiAi

Esta análise é efectuada em duas situações distintas: (i) considerando para as lâminas de micro-
betão a rigidez obtida a partir dos provetes cilíndricos acima referidos (provetes carotados, do “tipo
B”, tabela 4.19), de Emb=34,2 GPa, que pressupõe a inexistência da encurvadura lateral das lâminas
de micro-betão registada nos ensaios; (ii) considerando para os muretes a rigidez axial total
(alvenaria + lâminas de micro-betão) referida na tabela 6.10, que tem em conta o comportamento
real ocorrido nos ensaios, ou seja, a encurvadura lateral das lâminas de micro-betão.

Para a aplicação da expressão 6.8 consideraram-se os seguintes valores:


- área total da secção transversal das lâminas de micro-betão: AM25 ≅ (0,74 + 0,75) × 0,05 = 0,075 m2,
AM55 ≅ (0,81 + 0,80) × 0,05 = 0,081 m2 e AM24 ≅ (0,79 + 0,80) × 0,05 = 0,080 m2; e
- área média da secção transversal da alvenaria (muretes de referência) de A = 0,80×0,40 = 0,320 m2
e módulo de elasticidade da alvenaria (idem) de E = 0,305 GPa, que conduzem à rigidez axial
média dos muretes de referência registada na tabela 6.1, de Kaxial = 98×103 [kN.m/m].

Tabela 6.11 - Estimativa das forças aplicadas sobre a alvenaria e sobre as lâminas de micro-
betão, no instante da rotura dos muretes da solução III
Situação (i) – sem encurvadura lateral no mb Situação (ii) – com encurvadura lateral no mb
FVmax Força nas duas Força na Tensão em cada Força nas duas Força na Tensão em cada
Murete
[kN] lâminas de alvenaria [kN] lâmina de micro- lâminas de alvenaria [kN] lâmina de micro-
micro-betão [kN] [kN] Média betão [MPa] micro-betão kN] [kN] Média betão [MPa]
M25 1824,1 1760,3 63,8 23,5 1668,5 155,6 22,3
M55 1875,3 1809,7 65,6 65,5 22,3 1732,7 142,6 153,9 21,4
M24 1913,4 1846,4 67,0 23,1 1747,9 163,5 21,8

415
Na situação (i) a rigidez das lâminas de micro-betão é determinada a partir da rigidez dos provetes
cilíndricos acima referidos e na situação (ii) a partir dos valores registados na tabela 6.10
(considerando para o murete M25 a rigidez da primeira fase do ensaio de 1149×103 kN.m/m),
aos quais é deduzida a rigidez axial média dos muretes de referência.
De acordo com os valores da tabela 6.11 verifica-se que: na situação (i), no instante da rotura
dos muretes M25, M55 e M24, a percentagem da força total aplicada sobre a alvenaria destes
muretes é cerca de 48% (65,5 kN / 136,8 kN) da resistência média dos muretes de referência
(tabela 6.1); na situação (ii), pelo contrário, no momento da rotura dos muretes a força média
aplicada sobre a alvenaria é 1,13 vezes superior à resistência média dos muretes de referência.
Esta análise é efectuada em regime elástico pois, como se pode observar na fig. 6.18, os
muretes da solução III apresentam um comportamento aproximadamente linear até à rotura.

Na tabela 6.12 comparam-se os valores médios obtidos nos muretes da solução III com os
muretes de referência. Esta comparação é realizada apenas com os muretes M55 e M24 que,
face aos resultados obtidos no conjunto dos três muretes da solução III, se consideram
representativos (conforme se refere no ponto 5.4.5).

Tabela 6.12 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial dos
muretes da solução III com os muretes de referência
Energia Dissipada
Muretes FVmax δVFmax Rigidez axial
(100%FVmax)
(solução)
[kN] Sol III / Refª [mm] Sol III / Refª [kN.m/m] Sol III / Refª [kN.mm] Sol III / Refª
3
Sol III 1894,4 3,2 1211×10 2843,6
13,85 0,55 3
12,36 4,65
Referência 136,8 5,8 98×10 611,0

Comparando a eficácia da solução de reforço III no que se refere à melhoria da resistência


mecânica dos muretes de referência, em relação às variantes B2 (pregagens - duas faces, sem apoio
na base) e B3 (conectores, sem apoio na base) da solução IIB, tabela 6.7, tem-se, respectivamente:
- para IIB2 (murete M33) = 13,85/2,65 = 5,2;
- para IIB3 (muretes M26, M52, M54) = 13,85/3,96 = 3,5.

Estes valores significam que, mesmo sem confinamento transversal e para “iguais” custos de
material 31), o efeito das condições de apoio do reforço é crucial para a melhoria da resistência
global dos modelos. Daqui resulta também o interesse em conhecer os resultados dos ensaios
_______________
31)
Nas condições de realização dos ensaios, uma vez que a parcela do custo relativa aos 10 cm de
micro-betão que a solução III tem a mais que a solução IIB (em cada face), para o estabelecimento
do contacto entre o reforço e as bases de ensaio, são desprezáveis (tabelas 4.32, 4.33 e 4.34).

416
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

dos restantes muretes reforçados com conectores e com apoio na base (variante IIIA1, figs. 4.28
e 4.29), directamente comparáveis aos da variante IIB3. Estes resultados deverão situar-se
entre a resistência dos muretes da solução III ensaiados, de 1894,4 kN (tabela 6.10), e a
resistência mecânica dos provetes cilíndricos carotados, de 4037 kN (pág. 415).
Transpondo os resultados desta série (tabela 6.10) para situações reais de construções de alvenaria
ordinária, fica reconhecida a importância do reforço apoiar sobre as fundações, cuja segurança
deve ser avaliada e, se necessário, reforçadas mediante um ou mais métodos referidos no Capítulo I.

6.2.6 – Solução IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda, armado com
rede de fibra de vidro e confinamento transversal, com apoio na base (M34, M29, M27)

Fig. 6.19 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IV, para os ensaios
de compressão axial

Na fig. 6.20 representa-se os diagramas conjuntos força-deslocamento e na tabela 6.13 os


resultados obtidos.

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0

Deslocamento (mm)

M34 M29 M27

Fig. 6.20 - Diagramas força - deslocamento dos muretes M34, M29 e M27
417
Tabela 6.13 - Resultados obtidos nos ensaios de compressão axial dos muretes da solução IV
FVmax δVFmax (1) Rigidez axial Energia dissipada [kN.mm] (1)
Murete
[kN] Média [mm] Média [kN.m/m] Média 100%FVmax Média 85%FVmax Média
3
M34 467,5 3,3 235×10 738,7 1161,9
3 3
M29 414,6 440,3 9,1 4,9 284×10 278×10 2992,4 1456,2 5348,0 3249,5
3
M27 438,7 2,4 315×10 637,6 3238,6
1
( ) – Devido à dispersão de resultados, os valores médios são apresentados a título indicativo.

Análise dos resultados

Nesta série de ensaios os diagramas força-deslocamento têm um andamento algo semelhante


ao dos muretes da solução IIB, com a ocorrência (embora menos pronunciada) de dois
“instantes” de rotura, principalmente no murete M29, cujo modo de rotura (descrito no
capítulo anterior) apresenta algumas semelhanças com os muretes da solução IIB2 e IIB3,
com degradação acentuada das lâminas de reboco do murete M29.
Em relação aos muretes M34 e M27, pelo contrário, verificou-se uma degradação mais
localizada entre os pontos de confinamento e os lintéis, num sinal de que o sistema de
cosedura adoptado limitou os danos abaixo desse nível. Este facto parece justificar a
inexistência de uma “recuperação” da resistência dos muretes M34 e M27, uma vez que
nestes dois casos a rotura inicial ocorreu de modo mais pronunciado na alvenaria (a rotura
inicial ocorreu para um valor mais alto que no murete M29). Daí que o sistema resistente após
esta primeira fase possua uma capacidade inferior, contrariamente ao que se verifica no M29.
Face aos resultados dos ensaios, admite-se que esta solução de reforço poderia ainda ter tido
um melhor desempenho se a rede de fibra de vidro fosse mais densa, ou tivesse sido utilizado um
maior número de camadas de rede por face, uma vez que nesse caso, o contributo das lâminas
de reboco para o confinamento transversal da alvenaria, entre furos transversais, teria sido maior.
Na tabela 6.14 comparam-se os resultados obtidos nos ensaios dos muretes da solução IV com
os valores médios dos muretes de referência, confirmando a sua proximidade nos resultados de
resistência mecânica com a solução IIB3 (micro-betão, confinamento transversal por conectores,
sem apoio na base), e um melhor desempenho comparativamente ao murete M33 (micro-betão,
confinamento transversal por pregagens, sem apoio na base).

Tabela 6.14 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão axial dos
muretes da solução IV com os muretes de referência
FVmax δVFmax Rigidez axial Energia Dissipada [kN.mm]
Muretes
(solução) 100% 85%
[kN] Sol IV / Refª [mm] Sol IV / Refª [kN.m/m] Sol IV / Refª Sol IV / Refª Sol IV / Refª
FVmax FVmax
Sol IV 440,3 4,9 278×103 1456,2 3249,5
3,22 0,84 2,84 2,38 2,89
Referência 136,8 5,8 98×103 611,0 1126,3

418
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

6.2.7 – Síntese de resultados dos ensaios de compressão axial

Na tabela 6.15 resumem-se os resultados dos ensaios de compressão axial, em termos de


forças máximas e deslocamentos correspondentes e, na tabela 6.16, em termos de rigidez axial
para 30%FVmax e energia dissipada por deformação para 100% e 85% da força máxima
(“prolongando” o diagrama força-deslocamento até 85% da força vertical máxima).

Tabela 6.15 - Forças máximas e deslocamentos correspondentes dos muretes de referência e


das soluções de reforço, nos ensaios de compressão axial
Relação Deslocamento Relação
Força
Solução correspondente
Murete máxima (Fmax) F max max
δFmed
de reforço med a Fmax (δVFmax)
max
Fmax
δFRef,
[kN] Média Ref, med [mm] Média med

M47 76,8 0,56 4,5 0,76


Ensaios preliminares
M46 56,5 (1) -- 2,3 (2) --
-- M43 134,2 6,8
Muretes de referência M21 127,7 136,8 -- 6,4 5,8 --
M32 148,5 4,3
M41 168,5 4,0
I Conectores isolados M44 226,0 199,3 1,46 5,8 4,7 0,81
M28 203,3 4,3
M53 366,3 11,0
armado sem apoio na base

M51 317,7 8,5


Lâminas de micro-betão

B1 - Pregagens
291,0 2,13 7,7 1,33
1 face (3) M42 224,3 7,0
M30 255,7 4,2
II B2 - Pregagens M22 485,0 3,55 1,1 0,19
2 faces M33 362,2 2,65 7,7 1,33
M26 537,9 3,3
B3 - Conectores M52 554,1 541,3 3,96 9,4 5,9 1,02
M54 531,8 4,9
M25 1824,1 -- -- 5,5 -- --
Lâminas de micro-betão
III M55 1875,3 3,1
armado com apoio na base 1894,4 13,85 3,2 0,55
M24 1913,4 3,2
M34 467,5 3,3
Reboco de argamassa
IV M29 414,6 440,3 3,22 9,1 4,9 (1) 0,84
bastarda com apoio na base
M27 438,7 2,4
max max
Fref , med
– valor médio das forças máximas dos muretes de referência; Fmed – valor médio das forças máximas dos muretes
reforçados; δFrefmax
, med
– deslocamento médio (valor médio dos deslocamentos correspondentes às forças máximas) dos muretes
de referência; δFmed
max
– deslocamento médio (idem) dos muretes reforçados.
(1) – Força máxima aplicada no ensaio de pré-fendilhação; (2) – Deslocamento correspondente à força máxima aplicada no
ensaio de pré-fendilhação; (3) – Devido à dispersão de resultados, os valores médios são apresentados a título indicativo.

A apresentação é feita em termos de forças e não em termos de tensões porque, no caso das
soluções IIB, III e IV, a melhoria de resistência mecânica, resulta não só do contributo dos
materiais de reforço mas também do aumento da secção transversal dos muretes e da
interacção entre a alvenaria e o reforço, dificultando assim a definição de uma área
419
32)
equivalente para distribuição das cargas aplicadas . No caso da solução IIB, a definição de
uma secção transversal equivalente é ainda dificultada pelo facto de a área dos muretes sob a
viga metálica superior (0,80×0,50 m2) ser diferente da área que apoia sobre a base de ensaio
(0,80×0,40 m2). Além disso, existe dificuldade em definir da rigidez relativa entre as lâminas
de micro-betão e a alvenaria.

Tabela 6.16 - Rigidez axial e energia dissipada por deformação dos muretes de referência e das
soluções de reforço, nos ensaios de compressão axial
Rigidez Relação
Energia dissipada (Ediss)
Solução axial (Kaxial)
Murete [kN.mm] E (85%Fmax )
med
(×103) diss
de reforço
E (100%Fmax )
med
[kN.m/m] Média 100%Fmax Média 85%Fmax Média diss

Preliminar M47 30 221,0 401,6 1,82


M43 76 686,5 1143,5
--
Muretes de referência M21 131 98 686,8 611,0 1005,2 1126,3 1,84
M32 86 459,8 1230,2
M41 152 507,2 885,4
I Conectores isolados M44 155 156 952,0 697,2 1514,5 1171,6 1,68
M28 162 632,4 1115,0
M53 97 2809,8 3137,9
Lâminas de micro-betão armado

B1 - Pregagens M51 100 1770,5 2064,4


105 1587,2 1999,2 1,26
1 face (1) M42 122 1175,6 1804,5
sem apoio na base

M30 99 592,8 990,1


II B2 - Pregagens M22 344 113,2 -- -- --
2 faces M33 401 2137,9 4245,8 1,99
M26 362 999,8 7749,1
B3 - Conectores M52 493 422 4268,6 2398,2 10832,8 7858,6 3,28
M54 412 1926,2 4994,0

Lâminas de micro- M25 666 -- 5198,3


III betão armado com M55 1289 2939,7 3628,5 -- -- --
apoio na base 1211
M24 1133 2747,5

Reboco de argamassa M34 235 738,7 1161,9


1456,2 3249,5
IV bastarda com apoio na M29 284 278 2992,4 5348,0 2,23
(1) (1)
base
M27 315 637,6 3238,6
1
( ) – Devido à dispersão de resultados, os valores médios são apresentados a título indicativo.

Na fig. 6.21 representam-se graficamente as forças máximas e deslocamentos correspondentes


obtidos nos ensaios de compressão axial, possibilitando uma melhor comparação dos
resultados referidos na tabela 6.15.
_______________
32)
Apenas para a aplicação do “método das escoras e tirantes” (secção 6.5) é considerada uma
“área de referência” que, por simplificação, se admite igual à área da secção transversal dos
muretes de referência, para o cálculo das tensões correspondentes às forças aplicadas.

420
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

76,8
M47 44,9

134,2
M43 67,6

127,7
M21 64,0

148,5
M32 43,2

168,5
M41 40,3

226,0
M44 58,4

M28 203,3
43,4

366,3
M53 109,9

M51 317,7
84,6

224,3
M42 70,5

255,7
M30 41,7

485,0
M22 10,9

362,2
M33 77,2

0,0

537,9
M26 32,5

554,1
M52 94,0

531,8
M54 49,0

1824,1
M25

1875,3
M55 30,7

M24 1913,4
32,1

467,5
M34 33,2

M29 414,6
90,6

438,7
M27 24,5

Forças máximas [kN] Deslocamentos correspondentes às forças máximas x 10 [mm]


Força vertical (kN)

M47 ensaio preliminar; M43, M21, M32 - muretes de referência; M41, M44, M28 - solução I (conectores metálicos isolados);
M53, M51, M42, M30 - solução IIB1 (lâmina de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 1 face); M22, M33 - solução
IIB2 (lâminas de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 2 faces); M26, M52, M54 - solução IIB3 (lâminas de micro-
betão sem apoio na base - conectores); M25, M55, M24 - solução III (lâminas de micro-betão com apoio na base, sem
confinamento transversal); M34, M29, M27 - solução IV(reboco de argamassa bastarda com apoio na base)

Fig. 6.21 - Forças máximas e deslocamentos correspondentes, nos ensaios de compressão axial
dos muretes de referência e soluções de reforço

Na fig. 6.22 representam-se as forças máximas e energia dissipada por deformação nos
ensaios de compressão axial.

421
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000

76,8
M47 221,0
401,6

134,2
M43 686,5
1143,5
127,7
M21 686,8
1005,2
148,5
M32 459,8
1230,2

168,5
M41 507,2
885,4
226,0
M44 952,0
1514,5
203,3
M28 632,4
1115,0

366,3
M53 2809,8
3137,9
317,7
M51 1770,5
2064,4
224,3
M42 1175,6
1804,5
255,7
M30 592,8
990,1

485,0
M22 113,2

362,2
M33 2137,9
4245,8

537,9
M26 999,8
7749,1
554,1
M52 4268,6
10832,8
531,8
M54 1926,2
4994,0

1824,1
M25 5198,3

1875,3
M55 2937,7

1913,4
M24 2747,5

467,5
M34 738,7
1161,9
414,6
M29 2992,4
5348,0
438,7
M27 637,6
3238,6

Forças máximas [kN] Energia dissipada (100% Fmax) [kN.mm] Energia dissipada (85% Fmax) [kN.mm]

M47 ensaio preliminar; M43, M21, M32 - muretes de referência; M41, M44, M28 - solução I (conectores metálicos isolados);
M53, M51, M42, M30 - solução IIB1 (lâmina de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 1 face); M22, M33 - solução IIB2
(lâminas de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 2 faces); M26, M52, M54 - solução IIB3 (lâminas de micro-betão sem
apoio na base - conectores); M25, M55, M24 - solução III (lâminas de micro-betão com apoio na base, sem confinamento
transversal); M34, M29, M27 - solução IV(reboco de argamassa bastarda com apoio na base)
Fig. 6.22 - Forças máximas e energia dissipada por deformação nos ensaios de compressão
axial dos muretes de referência e soluções de reforço

Analisando os resultados da fig. 6.22 verifica-se que os muretes M44, M53, M52, M25 e M29
apresentam uma dispersão nos valores de energia dissipada por deformação nos respectivos
ensaios que contraria a regularidade existente nos restantes resultados.
Sendo este parâmetro definido em cada ensaio pela área compreendida entre o diagrama
força-deslocamento e o eixo dos deslocamentos, como se referiu, e havendo, dentro de cada
série (solução de reforço), alguma concordância nos valores da resistência mecânica e da
422
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

rigidez do conjunto “alvenaria+reforço”, a diferença de valores assinalada resulta


essencialmente da maior ou menor deformação dos muretes na fase de comportamento não
linear.
Em termos gerais, verifica-se que a energia dissipada por deformação depende da resposta do
confinamento transversal, por sua vez influenciada pela capacidade de confinamento da
alvenaria pelos materiais de reforço e da influência da furação das pedras (principalmente no
número e na dimensão de pedras furadas) para realização do confinamento transversal. Note-se,
a este respeito, que a furação era realizada sobre a primeira das duas camadas do reforço, pelo
que podia abranger, na interface, pedras maiores ou menores, ou apenas juntas de argamassa,
podendo encontrar, nesse caso, pedras mais profundas, sendo por isso a capacidade de
confinamento da alvenaria bastante variável.
Para além destes factores que justificam, em parte, os diferentes níveis de energia dissipada,
podem ainda referir-se os seguintes, em relação aos casos mais díspares (fig. 6.22):

- para o murete M44 (conectores isolados), o aumento da energia de deformação tem como
principal causa a maior resistência mecânica do murete reforçado, cumulativamente com o
maior deslocamento de rotura, em relação aos muretes M41 e M28, figs. 6.7 e 6.8;

- o murete M53 pertence à variante IIB1 (pregagens - 1 face), na qual se registou a maior
dispersão de valores de resistência mecânica de toda a campanha experimental. A maior
energia dissipada por este murete em relação aos restantes três da sua série resulta
directamente do facto de ser o mais resistente e ter apresentado a maior deformação de rotura,
fig. 6.10 (cuja justificação se poderá encontrar na maior eficácia das pregagens deste murete);

- em relação ao murete M52 da variante IIB3 (conectores), a maior energia dissipada por
deformação no decurso do ensaio resulta deste murete, para além de ser o mais resistente, ter
também o maior patamar de deformação da série (fig. 6.15);

- quanto ao murete M25 (solução III), a justificação para o valor de energia dissipada por
deformação, de 1,83 vezes da média dos muretes M55 e M24, pode ser encontrada na pré-
carga (não programada) de cerca de 62% da força máxima, aumentando-lhe substancialmente a
deformação, para iguais valores de carga, em relação aos outros dois muretes da série, fig. 6.18.
Esta conclusão tem por base as menores deformações, para iguais níveis de força, do
diagrama da “1ª fase” do ensaio do murete M25 (comparável às deformações iniciais dos
muretes M55 e M24), relativamente ao diagrama da “2ª fase” do ensaio (fig. 6.18).
423
- para o murete M29 (solução IV), a maior energia dissipada por deformação resulta de uma
melhor mobilização da solução de reforço, originando um maior patamar de deformação,
fig. 6.20, apesar de ter uma resistência mecânica inferior ao murete M34, mas cujo deslocamento
de rotura é apenas 36% do murete M29 (tabela 6.13).

Na fig. 6.23 representa-se a rigidez axial dos muretes de referência e das soluções de reforço,
nos ensaios de compressão axial (tabela 6.16).

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400

M47 30

M43 76

M21 131

M32 86

M41 152

M44 155

M28 162

M53 97

M51 100

M42 122

M30 99

M22 344

M33 401

M26 362

M52 493

M54 412

M25 666

M55 1289

M24 1133

M34 235

M29 284

M27 315

Rigidez axial x103 [kN.m/m]

M47 ensaio preliminar; M43, M21, M32 - muretes de referência; M41, M44, M28 - solução I (conectores metálicos isolados);
M53, M51, M42, M30 - solução IIB1 (lâmina de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 1 face); M22, M33 - solução
IIB2 (lâminas de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 2 faces); M26, M52, M54 - solução IIB3 (lâminas de micro-
betão sem apoio na base - conectores); M25, M55, M24 - solução III (lâminas de micro-betão com apoio na base, sem
confinamento transversal); M34, M29, M27 - solução IV(reboco de argamassa bastarda com apoio na base)
Fig. 6.23 - Rigidez axial dos muretes de referência e soluções de reforço nos ensaios de
compressão axial, para 30%FVmax

424
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Analisando os resultados da fig. 6.23, pode dizer-se que a rigidez axial dos muretes de
referência, solução I (conectores isolados) e solução IIB1 (pregagens uma face, sem apoio na
base) apresentam valores da mesma ordem de grandeza. Esta situação permite concluir que o
comportamento mecânico destes muretes, observado durante os ensaios, é determinado
essencialmente pelo comportamento da alvenaria.
De facto, se na solução I existe confinamento transversal (contínuo) por conectores, a sua
eficácia não pode ser completamente alcançada, em virtude da reduzida área de influência do
confinamento, traduzida pela área das chapas de ancoragem, comparativamente à
proporcionada pela lâmina de micro-betão da solução IIB1, a qual, todavia, devido à ausência
da lâmina homóloga na face oposta e de confinamento por elementos (conectores) contínuos,
também não permite a adequada mobilização do reforço aplicado.
Em relação às outras variantes e soluções de reforço verifica-se a melhoria da rigidez axial de
todos os muretes, fruto do reforço aplicado.

6.2.8 – Comparação de resultados dos ensaios de compressão axial

Embora tenham sido analisadas todas as combinações de resultados possíveis entre os muretes
de referência e as diferentes soluções de reforço, optou-se por apresentar apenas as
comparações que envolvem os muretes de referência e as soluções de reforço individuais e
conjuntas, de acordo com a sequência:

(1) - muretes de referência (M43, M21, M32) / solução I (M41, M44, M28)
(2) - muretes de referência / solução I / solução IIB2 (M22, M33) / solução IIB3 (M26, M52, M54)
(3) - muretes de referência / solução IIB1 (M53, M51, M42, M30) / solução IIB2
(4) - muretes de referência / solução IIB3 / solução III (M25, M55, M24)
(5) - muretes de referência / solução IIB3 / solução IV (M34, M29, M27)
(6) - muretes de referência (incluindo os ensaios preliminares) / todas as soluções de reforço

Nas figs. 6.24 a 6.29 faz-se a “comparação gráfica” dos resultados relativa às seis situações
identificadas, considerando apenas os ensaios de rotura da solução IIB, seguida da respectiva
análise. No caso dos muretes de referência, foram eliminados, para efeitos desta comparação,
os troços dos diagramas relativos às descargas/recargas.

425
(1) - Muretes de referência (M43, M21, M32) / solução I (M41, M44, M28)

600

Força vertical [kN]


500

400

300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Deslocamentos [mm]

M43 M21 M32 M41 M44 M28

Fig. 6.24 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / solução I

Análise dos resultados

A solução I (confinamento transversal por conectores metálicos isolados) proporcionou, devido


ao confinamento transversal, um aumento de resistência médio de 1,46 (199,3 kN / 136,8 kN),
em relação aos muretes de referência, enquanto o módulo de elasticidade teve um incremento
médio de 1,60 (489 MPa / 305 MPa), evidenciando a eficiência do confinamento nestes
parâmetros.

(2) - Muretes de referência (M43, M21, M32) / solução I (M41, M44, M28) / IIB2 (M22, M33) /
IIB3 (M26, M52, M54)

600
Força vertical [kN]

500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Deslocamentos[mm]

M43 M21 M32 M41 M44 M28


M22 M33 M26 M52 M54

Fig. 6.25 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / solução I / IIB2 / IIB3
426
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Análise dos resultados

A variante IIB3 apresenta valores de resistência cerca de 4 vezes superior à dos muretes de
referência (541,3 kN / 136,8 kN) e cerca de 1,5 vezes em relação à variante IIB2 (M33)
(541,3 kN / 362,2 kN), revelando uma melhor eficiência dos conectores em relação às pregagens.
A rigidez das variantes IIB2 e IIB3 é da mesma ordem de grandeza, sendo ambas bastante dúcteis
(M33); isto é, nestas duas variantes da solução IIB foi possível obter grandes deslocamentos
sem perda significativa de resistência.
Tendo presente o comportamento dos muretes durante os ensaios de compressão axial e o
gráfico da fig. 6.25, pode concluir-se que, enquanto o nível de degradação da alvenaria é
reduzido (o que se verifica na fase inicial dos ensaios), a acção dos conectores e das pregagens
é eficiente, mobilizando o funcionamento das lâminas de micro-betão, em conjunto com a
alvenaria e o comportamento global dos muretes com confinamento transversal por duas
pregagens (IIB2) ou conectores (IIB3) é semelhante. Pode ainda dizer-se que, em igualdade
de condições (neste caso, sem o apoio parcial do murete M22), as duas variantes IIB2 e IIB3
apresentam rigidez inicial semelhante até a alvenaria perder a capacidade de garantir a
eficácia das pregagens, o que sucede com o início da desagregação da alvenaria.
A comparação da solução I com a variante IIB3, revela, como esperado, que os conectores
isolados sem lâminas de micro-betão é uma solução muito menos eficiente 33).

(3) - Muretes de referência (M43, M21, M32) / IIB1 (M53, M51, M42, M30) / IIB2 (M22, M33)
Força vertical [kN]

600

500

400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamentos [mm]

M43 M21 M32 M53 M51 M42 M30


M22 M33

Fig. 6.26 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / solução IIB1 / IIB2
_______________
33)
Não é de prever a prescrição da solução I (isoladamente) como técnica de reforço. Como se
referiu, o seu estudo teve como principal objectivo individualizar o efeito dos conectores, para
quantificar a influência do confinamento transversal no comportamento mecânico dos muretes.
427
Análise dos resultados

A variante IIB1 proporcionou um aumento de resistência médio, em relação aos muretes de


referência de 2,13 vezes (291,0 kN/136,8 kN), embora com grande dispersão de valores da
força máxima, revelando ser uma solução com fiabilidade reduzida.
Esta variante tem o inconveniente de apresentar resistência e rigidez excêntricas em relação
ao centro geométrico dos modelos, o que é um inconveniente neste tipo de ensaios. Contudo,
em situações reais, tal poderá não ser um factor negativo, sobretudo no caso das cargas
gravíticas, provenientes dos pavimentos, serem aplicadas directamente sobre as lâminas de
reforço, uma vez que ponto de aplicação destas cargas fica mais próximo do centro de
resistência e de rigidez das paredes.
No caso de acções horizontais (como os sismos) a falta de simetria da secção constitui um
factor de redução da eficiência da solução de reforço.

A variante IIB2 com apoio parcial (M22) apresentou uma melhoria de resistência de 3,55 vezes
(485,0 kN / 136,8 kN) e um aumento de rigidez na mesma proporção (344×103 kN.m/m /
98×103 kN.m/m), em relação aos muretes de referência.
A melhoria de resistência da variante IIB2 (M22) relativamente à variante IIB1 a foi de 1,67
vezes (485,0 kN / 291,0 kN), mas a melhoria de rigidez foi semelhante à anterior (344×103
kN.m/m / 105×103 kN.m/m).
A variante IIB2, sem apoio parcial (M33), apresentou uma melhoria de resistência de 2,65 vezes
(362,2 kN/136,8 kN) em relação aos muretes de referência e de 1,24 vezes (362,2 kN/291,0 kN)
em relação à variante IIB1, com rigidez inicial ”semelhante” à situação de apoio parcial
(M22).
Apesar de apenas se possuírem resultados relativos a estes dois ensaios (um com e outro sem
apoio parcial), a variante IIB2 indiciou ser mais eficaz que a IIB1, apresentando um
comportamento na rotura mais dúctil e atingindo grandes deslocamentos sem perda de
resistência significativa (M33).
Em termos de resistência mecânica final, verifica-se que a diferença entre as variantes IIB1 e
IIB2 (neste caso considerando apenas M33) são de apenas 35% (392,9 kN / 291,0 kN) o que
demonstra a limitação das pregagens, independentemente de aplicadas numa ou em duas
faces, uma vez que o seu desempenho depende directamente do estado de coesão da alvenaria.

428
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

(4) - Muretes de referência (M43, M21, M32) / IIB3 (M26, M52, M54) / III (M25, M55, M24)

Força vertical [kN]


2000

1750

1500

1250

1000

750

500

250

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Deslocamentos [mm]

M43 M21 M32


M26 M52 M54
M25 (2ª fase) M55 M24

Fig. 6.27 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / IIB3 / III

Análise dos resultados

A solução IIB3 apresenta um grande patamar de deformabilidade, o qual, no entanto, resulta


da desagregação da alvenaria junto à base de apoio dos muretes, consequência do aumento
progressivo da carga aplicada, em simultâneo com o afastamento para o exterior das lâminas
de micro-betão, em relação à mesma base.

A solução III (lâminas de micro-betão apoiadas na base mas sem conectores transversais)
apresenta valores de resistência mecânica muito altos, cerca de 14 vezes superiores à dos
muretes de referência (1894,4 kN/136,8 kN), indicando uma elevada eficiência da solução,
resultante de esta apoiar sobre a base de ensaio (comparativamente a IIB3).
A falta de ligação entre ambas as lâminas de micro-betão na solução III, isto é, de
confinamento da alvenaria, conduziu a uma rotura frágil, condicionada pela instabilidade
lateral das lâminas de micro-betão, com reduzidas deformações na rotura.
A rigidez inicial média da solução III (1211×103 kN.m/m) é cerca de 2,9 vezes superior à
rigidez obtida na variante IIB3 (422×103 kN.m/m).

429
(5) - Muretes de referência (M43, M21, M32) / IIB3 (M26, M52, M54 / IV (M34, M29, M27)

Força vertical [kN] 600

500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Deslocamentos [mm]

M43 M21 M32 M26 M52 M54


M34 M29 M27

Fig. 6.28 - Diagramas força - deslocamento: muretes de referência / IIB3 / IV

Análise dos resultados

A solução IV possui uma resistência média (RCA) comparativamente à solução IIB3, da ordem
de 81% (440,3 kN / 541,3 kN). Assim, do ponto de vista da resistência mecânica dos muretes,
em ambos os casos confinados por armaduras (fios de aço na solução IV e conectores na solução
IIB3), que os atravessam na sua espessura e com “revestimentos” com função estrutural, mas
com resistências mecânicas à compressão distintas (36,0 MPa para o micro-betão da solução
IIB, tabela 4.12 - média dos provetes “tipo B”, e 4,55 MPa para a solução IV, tabela 4.26),
apresentam valores não muito diferentes. Neste sentido, a solução IV revela-se quase tão
eficiente como a solução IIB3, tendo a vantagem de ser compatível com aspectos construtivos
e arquitectónicos (como as cantarias) e apresentar uma espessura total do conjunto “alvenaria
+ reforço” reduzida, em comparação com as soluções IIB e III. Além disso, o seu
comportamento face à humidade é mais próximo do comportamento da parede original, com
implicações favoráveis nas condições de durabilidade da alvenaria e da solução de reforço.
Quando à rigidez axial, os muretes da solução IV apresentam valores da ordem de 66% em
relação à solução IIB3 (278×103 kN.m/m / 422×103 kN.m/m), mas do ponto de vista do
comportamento mecânico, tal não constituiu uma desvantagem para estes muretes.
Deste modo, quando não for necessário atingir resistências elevadas, como as implícitas com
as soluções IIB3 (e III), a solução IV é, sob diversos aspectos, muito eficiente.

430
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

(6) - Muretes de referência (incluindo os ensaios preliminares) / todas as soluções de reforço

2000
Força vertical [kN]
FVmax δVFmax
Murete
[kN] [mm]
1900
M47 76,8 4,5
M46 -- --
1800
M43 134,2 7,0
M21 127,7 6,4
1700
M32 148,5 4,3
M41 168,5 4,4
1600
M44 226,0 6,0
M28 203,3 4,5
1500 M53 366,3 11,2
M51 317,7 8,5
1400 M42 224,3 7,0
M30 255,7 4,2
1300 M22 485,0 1,1
M33 362,2 7,7
1200 M26 537,9 3,3
M52 554,1 9,4

1100 M54 531,8 4,9


M25 1824,1 5,5
M55 1875,3 3,1
1000
M24 1913,4 3,2
M34 467,5 3,3
900
M29 414,6 9,1
M27 438,7 2,4
800

700

600

500

400

300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Deslocament os [mm]

M47 M46 M43 M21 M32


M41 M44 M28 M53 M51
M42 M30 M22 M33 M26
M52 M54 M25 (1ª fase) M25 (2ª fase) M55
M24 M34 M29 M27

M47, M46 - ensaios preliminares; M43, M21, M32 - muretes de referência; M41, M44, M28 - solução I (conectores
metálicos isolados); M53, M51, M42, M30 - solução IIB1 (lâmina de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 1 face);
M22, M33 - solução IIB2 (lâminas de micro-betão sem apoio na base - pregagens - 2 faces); M26, M52, M54 - solução IIB3
(lâminas de micro-betão sem apoio na base - conectores); M25, M55, M24 - solução III (lâminas de micro-betão com apoio
na base, sem confinamento transversal); M34, M29, M27 - solução IV(reboco de argamassa bastarda com apoio na base)

Fig. 6.29 - Diagramas força-deslocamento: muretes de referência e soluções de reforço

431
Análise dos resultados

A variação de resistência entre o murete menos resistente (M47, no primeiro ensaio preliminar)
e o mais resistente (M24, solução III) foi de cerca de 25 vezes (1913,4 kN / 76,8 kN). Por
outro lado, e como esperado, a rigidez axial de todos os muretes ensaiados situa-se entre os
muretes M47 (e M46), de 30×103 kN.m/m, e os muretes da solução III (lâminas de micro-betão
com apoio na base), de 1211×103 kN.m/m, sendo esta última cerca de 40 vezes superior à primeira.
A maior deformação do murete M52, sem perda significativa de resistência, deveu-se
essencialmente à desagregação crescente da alvenaria com o aumento da carga aplicada, mas
cujo colapso era impedido pelos conectores que ligavam ambas as lâminas de micro-betão. A
ausência de contacto entre o reforço e a base de ensaio proporcionou esta deformabilidade.
A diferença em relação a uma situação real, cujas lâminas de reforço não contactem com as
fundações do edifício é que, nesse caso, a desagregação será extensível às fundações, em
geral, constitutivamente semelhantes às paredes. No caso dos muretes tal não podia acontecer,
porque a “fundação” (base de apoio) era em betão armado.

6.3 – Análise dos resultados dos ensaios de compressão-corte

6.3.1 – Muretes de referência (M20, M5, M12)

Fig. 6.30 - Representação esquemática dos muretes de referência, para os ensaios de


compressão-corte

Na fig. 6.31 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento relativos aos ensaios


de compressão-corte dos três muretes de referência, e na tabela 6.17 os resultados obtidos.

432
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

30 carga vertical média = 109 kN

Força horizontal - CC3 [kN]


25

20

15

10

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

M20 M5 M12

Fig. 6.31 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal dos muretes M20, M5 e M12

Tabela 6.17 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes de referência

Energia Coeficiente de
Resultante Rigidez
FVmed FHmax δHFmax dissipada [kN.mm] Drift
Murete Inclinada transversal ductilidade em
[kN] [kN] [mm] [%]
[kN] [kN.m/m] 100% 85% deslocamento
FHmax FHmax
M20 108,9 25,0 111,7 4,6 163×103 99,0 152,0 46 0,6
3
M5 109,8 22,4 112,1 2,7 145×10 48,6 79,7 26 0,3
3
M12 108,9 24,0 111,5 4,0 113×10 81,0 124,7 30 0,6
3
Média 109,2 23,8 111,8 3,8 140×10 76,2 118,8 34 0,5

Análise dos resultados

Os muretes de referência apresentaram valores de resistência mecânica às cargas horizontais


muito próximos, com um valor médio de 23,8 kN para uma carga vertical média de 109,2 kN.
No que diz respeito à rigidez transversal inicial e à deformação na rotura, pelo contrário,
apresentam alguma variabilidade, embora pouco significativa, que pode ser atribuída à
variabilidade das características construtivas dos muretes, nomeadamente no que se refere à
forma, dimensão e arranjo das pedras no interior da alvenaria.
Esta justificação é válida, mesmo considerando como valores de referência as percentagens de
75% de pedra e 25% de argamassa de assentamento por unidade de volume de alvenaria, que
se procuraram manter constantes em todos os muretes, mas que, só por si, não garantem
uniformidade nas propriedades mecânicas dos muretes. Estas dependem também das
características individuais dos materiais de construção, e da heterogeneidade típica desta
solução construtiva, como se referiu no Capítulo I.

433
6.3.2 – Solução de reforço IIB3 - muretes reforçados com lâminas de micro-betão armadas
com malha de metal distendido, sem apoio na base e com confinamento transversal por
conectores (M15, M16, M18)

Fig. 6.32 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IIB3, para os ensaios
de compressão-corte

Nas figs. 6.33 a 6.35 representam-se as envolventes dos diagramas força horizontal-
deslocamento horizontal dos três muretes da solução IIB (incluindo o ensaio de pós rotura de
M16), cujos diagramas de histerese estão representados nas figs. 5.178, 5.188 e 5.195,
respectivamente.

M15
120
Força horizontal (CC3) [kN]

100

80

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Envolvente

Fig. 6.33 - Envolvente dos diagramas força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos 1 a 6, do
murete M15

434
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Nas tabelas 6.18 a 6.20 indicam-se as forças verticais médias e as forças horizontais máximas
registadas em cada ciclo de deslocamentos dos três muretes desta série.

Tabela 6.18 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M15
Ciclo de deslocamentos Força vertical Força horizontal Resultante da biela de
horizontais média [kN] máxima [kN] compressão [kN]
1º 111,2 52,6 123,0
2º 163,2 70,4 177,7
3º 215,0 84,6 231,0
4º 260,8 90,6 276,1
5º 311,2 91,5 324,4
6º 368,3 89,0 378,9

M16
120
Força horizontal (CC3) [kN]

100

80

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Envolvente - Rotura (11 ciclos) Envolvente - Pós-rotura (5 ciclos)

Fig. 6.34 - Envolventes dos diagramas força horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de


compressão-corte do murete M16 (11 ciclos do ensaio de rotura; 5 ciclos do ensaio de pós-rotura)

A fig. 6.34 permite concluir sobre a elevada perda de rigidez no ensaio de pós-rotura do
murete M16, nas condições de realização do ensaio (carga vertical crescente, por ciclo de
deslocamentos horizontais) em resultado da grande deformação sofrida na primeira fase do
ensaio (rotura).

435
Tabela 6.19 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M16
Ciclo de deslocamentos Força vertical Força horizontal Resultante da biela
horizontais média [kN] máxima [kN] de compressão [kN]
1º 112,1 47,9 121,9
2º 162,5 65,0 175,0
3º 209,0 79,2 223,5
4º 262,6 97,1 280,0
5º 311,0 97,2 325,8
6º 360,6 103,8 375,2
7º 411,6 105,1 424,8
8º 460,4 103,0 471,8
9º 512,0 95,0 520,7
10º 554,8 90,7 562,2
11º 591,2 82,6 596,9

M18
120
Força horizontal (CC3) [kN]

100
80
60
40
20
0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

-40
-60
-80
-100
-120

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Envolvente (positiva) Envolvente (negativa)

Carga vertical média (todos os ciclos) = 363,3 kN

Fig. 6.35 - Envolvente dos diagramas força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos 1 a 9, do
murete M18

436
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Tabela 6.20 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M18

Ciclo de deslocamentos Força vertical Força horizontal Resultante da biela


horizontais média [kN] máxima [kN] de compressão [kN]

1º +41,2 -64,6 + 365,6 - 369,0


2º +50,9 -63,2 + 366,8 - 368,8
3º +55,2 -72,1 + 367,5 - 370,4
4º +73,1 -92,8 + 370,6 - 375,0
5º 363,3 +74,9 -98,9 + 370,9 - 376,5
6º +74,8 -100,3 + 370,9 - 376,9
7º +77,6 -96,0 + 371,5 - 375,8
8º +69,3 -87,4 + 369,9 - 373,7
9º +52,8 -- + 367,1 --

Na fig. 6.36 representam-se as envolventes dos diagramas força horizontal-deslocamento


horizontal dos muretes M15, M16 e M18, incluindo a envolvente do ensaio de pós-rotura do
murete M16.

120
Força horizontal (CC3) [kN]

100
80
60
40
20
0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 -20 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

-40
-60
-80
-100
-120
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

M15 M16 M16 (PR) M18 (env. negativa) M18 (env. positiva)

Fig. 6.36 - Envolventes dos diagramas força horizontal-deslocamento horizontal dos muretes
M15, M16 (rotura e pós-rotura) e M18

O murete M18 foi sujeito a ciclos de carga mais severos que os dois muretes anteriores (M15
e M16), mas tal não se reflectiu numa perda de resistência por parte de M18, o que permite
concluir sobre o bom desempenho da solução de reforço, sobretudo no que se refere ao
confinamento transversal, uma vez que a capacidade resistente das lâminas de reforço não foi
totalmente mobilizada devido à ausência de apoio na base de ensaio.
Na tabela 6.21 sintetizam-se os resultados obtidos nesta série de ensaios.

437
Tabela 6.21 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes da solução IIB3 (1)

Resultante Rigidez Coeficiente de


FVmed FHmax δHFmax Drift
Murete Inclinada transversal ductilidade em
[kN] [kN] [mm] [%]
[kN] [kN.m/m]
deslocamento
M15 311,2 91,5 324,4 16,0 189×103 73 3,0
3
M16 411,6 105,1 424,8 14,3 395×10 67 1,5
3
M18 363,3 100,3 376,9 10,0 104×10 16 1,3
Média 362,0 99,0 375,4 13,4 229×103 52 1,9

(1) – Os valores médios são apresentados a título indicativo, uma vez que os muretes foram sujeitos a ensaios de
tipos diferentes.

Análise dos resultados

O tipo de carregamento teve influência na ductilidade dos muretes desta série, pois o murete
M18, que foi sujeito a ciclos de carga positivos e negativos (ensaio alternado) apresentou um
comportamento menos dúctil que os dois anteriores.
As forças horizontais máximas variaram entre os 91,5 e os 105,1 kN.

Na tabela 6.22 comparam-se os resultados obtidos nos ensaios dos muretes da solução IIB3
com os valores médios dos muretes de referência.

Tabela 6.22 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão-corte dos
muretes da solução IIB3 com os muretes de referência
Resultante inclinada δHFmax Rigidez transversal
Muretes
[kN] Sol IIB3 / Refª [mm] Sol IIB3 / Refª [kN.m/m] Sol IIB3 / Refª
Solução II B3 375,4 13,4 229×103
3,36 3,52 1,64
Referência 111,8 3,8 140×103

Na fig. 6.37 apresenta-se a extensão média dos conectores centrais (conectores nºs. 4 e 5, fig. 4.6)
do murete M18 ao longo do tempo do ensaio, conjuntamente com a evolução das cargas
aplicadas e dos deslocamentos verticais e horizontais.
A apresentação é feita em função do tempo porque no diagrama força horizontal-deslocamento
horizontal não é perceptível.
A análise desta figura permite concluir que a deformação transversal do murete M18 ocorreu
de modo contínuo, durante o ensaio, tal como a deformação vertical, a partir do início dos
ciclos de deslocamentos horizontais e que a deformação dos conectores 4 e 5 (fig. 4.6) se
processa de forma alternada, e acumulada, em função da carga aplicada, fruto da sua localização
(equidistante) em relação aos eixos de simetria vertical das lâminas de micro-betão.

438
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

900

Extensão (x10 -6)


Carga [kN] - Desl. [mm]
800
700
600
500
400
300
200
100
0
-100 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000

-200
Tempo [seg]

CC1+CC2+CPE CC3
[(D3+D4)/2] (x10) [(D1+D2)/2] (x10)
6 6
Extens.-conector 4 (x10 ) Extens.-conector 5 (x10 )

Fig. 6.37 - Evolução das extensões dos conectores centrais com o carregamento do murete M18

A análise da fig. 6.37 permite ainda verificar (como sucedeu nos conectores centrais dos
muretes M52 e M54, nos ensaios de compressão axial), que não foi atingida a cedência do aço
do conector 5, uma vez que a extensão máxima neste conector foi de:

εconector 5 ≅ 800 × 10-6 < ε0,2% = 2530 × 10-6 (6.9)

Nesta expressão ε0,2% é a extensão correspondente à tensão limite convencional de


proporcionalidade a 0,2% determinada na expressão 6.7, a partir do gráfico do ensaio de
tracção de um varão metálico roscado M12 (fig. 4.47).

6.3.3 – Solução de reforço I – muretes reforçados com conectores metálicos transversais


(M10, M13, M17)

Fig. 6.38 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço I, para os ensaios de
compressão-corte
439
Na fig. 6.39 representam-se as envolventes “positiva” e “negativa” do diagrama força
horizontal-deslocamento horizontal do ensaio de compressão-corte do murete M17, cujo
diagrama de histerese se representa na fig. 5.215 e, na tabela 6.23, os valores das forças
horizontais máximas em cada ciclo de carga.

M17
50
Força horizontal (CC3) [kN]

40
30
20
10
0
-10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 -10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

-20
-30
-40
-50
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Envolvente positiva Envolvente negativa

Carga vertical média: (todos os ciclos)= 160,3 kN

Fig. 6.39 - Envolvente dos diagramas força horizontal - deslocamento horizontal, ciclos 1 a 15, do
murete M17

Tabela 6.23 - Forças máximas em cada ciclo do ensaio de compressão-corte do murete M17
Ciclo de deslocamentos Força vertical Força horizontal Resultante da biela
horizontais média [kN] máxima [kN] de compressão [kN]
1º +10,4 -31,1 + 160,6 - 163,3
2º +19,4 -32,5 + 161,5 - 163,6
3º +21,8 -32,2 + 161,8 - 163,5
4º +31,3 -34,3 + 163,3 - 163,9
5º +35,8 -33,1 + 164,2 - 163,7
6º +36,5 -34,3 + 164,4 - 163,9
7º +41,3 -42,9 + 165,5 - 165,9
8º 160,3 +44,9 -44,7 + 166,5 - 166,4
9º +45,6 -42,3 + 166,7 - 165,8
10º +48,9 -44,7 + 167,6 - 166,4
11º +46,1 -41,6 + 166,8 - 165,6
12º +43,8 -38,2 + 166,2 - 164,8
13º +41,4 -37,7 + 165,6 - 164,7
14º +42,1 -30,7 + 165,7 - 163,2
15º +37,3 -- + 164,6 --

Na fig. 6.40 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento relativos aos ensaios


dos três muretes da solução I.

440
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

50

Força horizontal (CC3) [kN]


40
30
20
10
0
-10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0-10 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0

-20
-30
-40
-50
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]
M 10 M 13 M 17 (env. positiva) M 17 (env. negativa)

Carga vertical média: M 10 = 159,0 kN; M 13 = 157,3 kN; M 17 = 160,3 kN

Fig. 6.40 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal dos muretes M10, M13 e M17

Na tabela 6.24 representa-se os valores obtidos nos ensaios dos muretes da solução I e na
tabela 6.25 compara-se os resultados obtidos com os valores médios dos muretes de referência.

Tabela 6.24 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes da solução I (1)

Energia Coeficiente de
Resultante Rigidez
FVmed FHmax δHFmax dissipada [kN.mm] Drift
Murete Inclinada transversal ductilidade em
[kN] [kN] [mm] [%]
[kN] [kN.m/m] 100% 85% deslocamento
FHmax FHmax
M10 159,0 34,5 162,7 5,5 65×103 142,6 424,4 26 1,2
M13 157,3 28,7 159,9 6,7 83×103 160,0 261,3 30 0,9
3
M17 160,3 48,9 167,6 5,3 42×10 -- -- 7 0,7
3
Média 158,9 37,4 163,4 5,8 63×10 151,3 342,9 -- 0,9
1
( ) – Os valores médios são apresentados a título indicativo, uma vez que os muretes foram sujeitos a ensaios de
tipos diferentes

Tabela 6.25 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão-corte dos
muretes da solução I com os muretes de referência
Resultante
δHFmax Rigidez transversal Energia Dissipada [kN.mm] (1)
inclinada
Muretes
100% 100%
[kN] Sol I / Refª [mm] Sol I / Refª [kN.m/m] Sol I / Refª Sol I / Refª Sol I / Refª
FHmax FHmax
3
Solução I 163,4 5,8 63×10 151,3 342,9
1,46 1,53 0,45 1,99 2,89
Referência 111,8 3,8 140×103 76,2 118,8
(1) – apenas para os muretes M10 e M13 (ensaios monotónicos)

Os resultados alcançados reflectem o efeito do confinamento proporcionado pelos conectores,


tendo-se obtido um aumento médio da resistência dos muretes da solução I de cerca de 50%,
em relação aos muretes de referência.

441
6.3.4 – Solução de reforço IV - muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda,
armado com rede de fibra de vidro e confinamento transversal, com apoio na base (M14,
M19, M11)

Fig. 6.41 - Representação esquemática dos muretes da solução de reforço IV, para os ensaios
de compressão axial

Na fig. 6.42 representam-se os diagramas conjuntos força-deslocamento relativos aos ensaios


dos três muretes da solução IV, e na tabela 6.26 indicam-se os resultados obtidos.

90
Força horizontal (CC3) [kN]

80

70

60

50

40

30

20

10

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

M 14 M 19 M 11

Fig. 6.42 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal dos muretes M14, M19 e M11

Tabela 6.26 - Resultados dos ensaios de compressão-corte dos muretes da solução IV


Energia Coeficiente de
Resultante Rigidez
FVmed FHmax δHFmax dissipada [kN.mm] Drift
Murete Inclinada transversal ductilidade em
[kN] [kN] [mm] [%]
[kN] [kN.m/m] 100% 85%
deslocamento
FHmax FHmax
M14 331,7 76,2 340,3 20,8 252×103 1443,2 2256,9 103 2,7
3
M19 329,2 79,7 338,7 1,6 225×10 95,4 362,4 14 0,4
3
M11 329,0 77,5 338,0 2,1 377×10 135,0 184,4 13 0,2
Média 330,0 77,8 339,0 -- 285×103 -- -- -- --

442
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Análise dos resultados

Nos muretes M19 e M11 não existiu “reorganização” interna do material após a rotura, como
no M14, a qual permitiu neste último a existência do segundo instante de rotura.
Na tabela 6.27, comparam-se os resultados obtidos nos ensaios dos muretes desta solução
com os valores médios dos muretes de referência, em termos de resistência mecânica e rigidez
transversal.

Tabela 6.27 - Comparação de resultados médios obtidos nos ensaios de compressão-corte dos
muretes da solução IV com os muretes de referência
Resultante inclinada Rigidez transversal Energia Dissipada [kN.mm]
Muretes
[kN] Sol IV / Refª [kN.m/m] Sol IV / Refª 100%FHmax Sol IV / Refª 85%FHmax Sol IV / Refª
Solução IV 339,0 285×103 -- --
3,03 2,04 -- --
Referência 111,8 140×103 76,2 118,8

Apesar da falta de ductilidade apresentada pela rotura dos muretes M19 e M11, a solução de
reforço IV proporcionou um aumento significativo de resistência e de rigidez.

6.3.5 – Síntese de resultados dos ensaios de compressão-corte

Nas tabelas 6.28 e 6.29 sintetizam-se os resultados dos ensaios de compressão-corte, em termos
de forças máximas e deslocamentos correspondentes, rigidez transversal para 30% da força
horizontal máxima, energia dissipada por deformação até 100% e 85% de FHmax e µd.
Na fig. 6.43 representam-se as forças máximas e deslocamentos horizontais correspondentes.

Tabela 6.28 - Forças máximas e deslocamentos correspondentes dos muretes de referência e


soluções de reforço, nos ensaios de compressão-corte
Resultante Relação Desl. horizontal Relação
Solução Tipo FVmed FHmax
de Murete de inclinada max
Fmed correspondente a FHmax δFmax
med
reforço ensaio (1) [kN] Média [kN] Média [kN] Média max
FRef, [mm] Média δF max
med Ref, med

Muretes M20 108,9 25,0 111,7 4,6


de M5 M 109,8 109,2 22,4 23,8 112,1 111,8 -- 2,7 3,8 --
referência M12 108,9 24,0 111,5 4,0
M15 311,2 91,5 324,4 16,0
C
IIB3 M16 411,6 362,0 105,1 99,0 424,8 375,4 3,36 14,3 13,4 3,52
M18 A 363,3 100,3 376,9 10,0
M10 159,0 34,5 162,7 5,5
M
I M13 157,3 158,9 28,7 37,4 159,9 163,4 1,46 6,7 5,8 1,53
M17 A 160,3 48,9 167,6 5,3
M14 331,7 76,2 340,3 20,8
IV M19 M 329,2 330,0 79,7 77,8 338,7 339,0 3,03 1,6 8,2 (2) 2,15
M11 329,0 77,5 338,0 2,1
max max
Fref , med
– valor médio das forças máximas dos muretes de referência; Fmed – valor médio das forças máximas dos muretes
reforçados; δFrefmax
, med
– deslocamento médio (valor médio dos deslocamentos correspondentes às forças máximas) dos muretes
de referência; δFmed max
– deslocamento médio (idem) dos muretes reforçados.
(1) – M - monotónico; C - cíclico; A - alternado (fig. 5.152); (2) – Devido à discrepância de resultados, o valor médio é
apresentado a título indicativo

443
Tabela 6.29 - Rigidez transversal, energia dissipada por deformação e coeficiente de ductilidade
em deslocamento dos muretes de referência e soluções de reforço, nos ensaios de compressão-corte
Tipo Rigidez Relação Coeficiente de
Solução Transversal (Ktransv) Energia dissipada (Ediss) (2)
de [kN.mm]
med max
Ediss (85%F ) ductilidade em
de Murete 3
(×10 )
Ensaio deslocamento
reforço med max
(1) [kN.m/m] Média 100%FHmax Média 85%FHmax Média Ediss (100%F ) (µd)

Muretes M20 163 99,0 152,0 46


de M5 M 145 140 48,6 76,2 79,7 118,8 1,56 26
referência M12 113 81,0 124,7 30
M15 189 73
C
IIB3 M16 395 229 -- 67
M18 A 104 --
M10 65 142,6 424,4 26
M 151,3 342,9 2,27
I M13 83 63 160,0 261,3 30
M17 A 42 -- 7
M14 252 1443,2 2256,9 103
IV M19 M 225 285 95,4 -- 362,4 -- -- 14
M11 377 135,0 184,4 13
(1) – M - monotónico; C – cíclico; A – alternado (fig. 5.152); (2) – Somente nos ensaios monotónicos (valores directamente
comparáveis).

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

108,9
M20 25,0
111,7
4,6
109,8
M5 22,4
112,1
2,7
108,9
M12 24,0
111,5
4,0

311,2
M15 91,5
324,4
16,0
411,6
M16 105,1
424,8
14,3
363,3
M18 100,3
376,9
10,0

159,0
M10 34,5
162,7
5,5
157,3
M13 28,7
159,9
6,7
160,3
M17 48,9
167,6
5,3

331,7
M14 76,2
340,3
20,8
329,2
M19 79,7
338,7
1,6
329,0
M11 77,5
338,0
2,1
Forças [kN]
Deslocamentos [mm]

Força vertical [kN] Força horizontal máxima (FHmax) [kN]


Resultante [kN] Deslocamento horizontal correspondente a FHmax [mm]

M20, M5, M12 – muretes de referência; M15, M16, M18 – Sol. IIB3; M10, M13, M17 – Sol. I; M14, M19, M11 – Sol. IV

Fig. 6.43 - Forças máximas e deslocamentos horizontais correspondentes, dos muretes de


referência e soluções de reforço, nos ensaios de compressão-corte
444
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Na fig. 6.44 representam-se graficamente as forças máximas (inclinadas) e a energia dissipada


por deformação nos ensaios monotónicos de compressão-corte, podendo verificar-se, como
esperado, que os muretes reforçados possuem maior capacidade de dissipação de energia do
que os muretes de referência.

0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500

111,7
M20 99,0
152,0

112,1
M5 48,6
79,7

111,5
M12 81,0
124,7

162,7
M10 142,6
424,4

159,9
M13 160,0
261,3

340,3
M14 1443,2
2256,9

338,7
M19 95,4
362,4

338,0
M11 135,0
184,4

Força [kN]
Energia [kN.mm]

Resultante inclinada [kN] Energia dissipada (100% FHmax) [kN.mm] Energia dissipada (85% FHmax) [kN.mm]

M20, M5, M12 – muretes de referência; M10, M13 – Sol. I; M14, M19, M11 – Sol. IV

Fig. 6.44 - Forças máximas inclinadas (resultantes) e energia dissipada por deformação nos
ensaios monotónicos de compressão-corte

Na fig. 6.45 representa-se a rigidez transversal dos muretes de referência e das soluções de
reforço, notando-se a perda de rigidez dos muretes da solução I (conectores isolados) em
relação aos muretes de referência.
Nas soluções de reforço IIB e IV, a melhoria das condições de confinamento transversal em
relação aos muretes de referência, resultantes das lâminas de micro-betão e do sistema de
445
cosedura da alvenaria, respectivamente, proporcionou em regra um aumento da rigidez
transversal. Nesta análise deve ter-se em conta que os resultados dependem do carregamento
vertical aplicado durante os ensaios de compressão-corte [197], os quais foram diferentes
entre alguns muretes da mesma série e entre séries diferentes (tabela 6.28).

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

M20 163

M5 145

M12 113

M15 189

M16 395

M18 104

M10 65

M13 83

M17 42

M14 252

M19 225

M11 377

3
Rigidez transversal x10 [kN.m/m]

M20, M5, M12 – muretes de referência; M15, M16, M18 – Sol. IIB3;
M10, M13, M17 – Sol. I; M14, M19, M11 – Sol. IV

Fig. 6.45 - Rigidez transversal dos muretes de referência e soluções de reforço nos ensaios de
compressão-corte, para 30%FHmax

6.3.6 – Comparação de resultados dos ensaios de compressão-corte

No caso dos ensaios de compressão-corte não é efectuada a comparação gráfica de resultados


por solução de reforço, uma vez que a carga vertical não foi constante em todas as soluções.
No entanto, representam-se na fig. 6.46 os diagramas força horizontal - deslocamento horizontal
de todos os muretes ensaiados, com indicação, entre outras, das forças máximas e deslocamentos
horizontais correspondentes. Estes diagramas permitem, ainda assim, comparar a rigidez inicial
e o comportamento mecânico global dos muretes.

446
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

120

Força horizontal (CC3) [kN]


100

80

60

40

20

0
-20,0 -15,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
-20

-40

-60

-80

-100

-120
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

M20 M5 M12 M15 M16


M18 (neg) M18 (pos) M10 M13 M17 (neg)
M17 (pos) M14 M19 M11
med max
FV FH Resultante
Solução de reforço Murete δHFmax [mm]
[kN] [kN] inclinada[kN]
M20 108,9 25,0 111,7 4,6
Muretes de referência M5 109,8 22,4 112,1 2,7
M12 108,9 24,0 111,5 4,0
M15 311,2 91,5 324,4 16,0
IIB3 - lâminas de micro-betão
M16 411,6 105,1 424,8 14,3
sem apoio na base (conectores)
M18 363,3 100,3 376,9 10,0
M10 159,0 34,5 162,7 5,5
I - conectores metálicos isolados M13 157,3 28,7 159,9 6,7
M17 160,3 48,9 167,6 5,3
M14 331,7 76,2 340,3 20,8
IV - reboco de argamassa bastarda
M19 329,2 79,7 338,7 1,6
com apoio na base
M11 329,0 77,5 338,0 2,1

Fig. 6.46 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal: muretes de referência e


soluções de reforço

Os diagramas força horizontal - deslocamento horizontal são caracterizados por dois tipos de
comportamento: no início os muretes apresentam grande rigidez mas depois ocorrem grandes
deformações. Em regra, as soluções de reforço proporcionam maiores deslocamentos após a
obtenção da força máxima, e, consequentemente, maior ductilidade.

6.4 – Comparação de resultados dos ensaios de compressão axial e compressão-corte,


por solução de reforço

Nesta secção comparam-se os resultados obtidos nos ensaios de compressão axial e


compressão-corte em termos de rigidez (axial e transversal) e de resistência mecânica (forças

447
máximas), por solução de reforço.
Para efeitos da comparação entre a rigidez axial e a rigidez transversal, os valores da rigidez
axial são majorados por um coeficiente igual a 1,5, correspondente à relação entre os
comprimentos dos muretes grandes e os muretes pequenos (1,20m/0,80m), sendo apresentados
na tabela 6.30 com a designação “1,5×Kaxial”.
A comparação dos resultados de resistência mecânica é efectuada em termos de forças e não
de tensões, devido à dificuldade em quantificar, com precisão, a distribuição de tensões entre
a alvenaria e as lâminas de reforço, como referido anteriormente.
Para efeitos da comparação da resistência mecânica média, é também estimada a resistência à
compressão axial em muretes com dimensões dos utilizados nos ensaios de compressão-corte,
majorando os resultados obtidos nos ensaios de compressão axial (RCA) pelo referido
coeficiente (1,5). Os valores assim calculados são apresentados na tabela 6.31 com a
designação “1,5×RCA”.

6.4.1 – Rigidez axial e transversal

Na tabela 6.30 apresentam-se os valores da rigidez axial (Kaxial e 1,5×Kaxial) e da rigidez


transversal (Ktransv) dos muretes de referência e das soluções de reforço homólogas. Na última
med
coluna desta tabela apresentam-se as relações entre 1,5× K axial e K med
transv .

Tabela 6.30 - Rigidez axial e transversal médias dos muretes de referência e soluções de
reforço homólogas, nos ensaios de compressão axial e compressão-corte
Rigidez axial, Kaxial 1,5× Kaxial Rigidez transversal, Ktransv Relação
[kN.m/m] [kN.m/m] [kN.m/m]
Solução 1,5 × K med
axial
Individual Individual Média Tipo de Individual Média
Murete
(×103) (×103)
Murete
Ensaio (1) (×103)
K med
(×103) (×103) transv

Muretes M43 76 114 M20 163


de M21 131 197 147 M5 M 145 140 1,05
referência M32 86 129 M12 113
M26 362 543 M15 189
C
IIB3 M52 493 740 634 M16 395 229 2,76
M54 412 618 M18 A 104
M41 152 228 M10 65
M
I M44 155 233 235 M13 83 63 3,71
M28 162 243 M17 A 42
M34 235 353 M14 252
IV M29 284 426 417 M19 M 225 285 1,46
M27 315 473 M11 377
(1) – M - monotónico; C - cíclico; A - alternado (fig. 5.152).

448
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Na fig. 6.47 representa-se os gráficos de rigidez axial estimada em muretes pequenos e rigidez
transversal obtida em muretes grandes, de acordo com os valores da tabela 6.30, relativos aos
ensaios de compressão axial e compressão-corte, respectivamente.

0 100 200 300 400 500 600 700 800

M43 114

M21 197

M32 129

M20 163

M5 145

M12 113

M41 228

M44 233

M28 243

M10 65

M13 83

M17 42

M26 543

M52 740

M54 618

M15 189

M16 395

M18 104

M34 353

M29 426

M27 473

M14 252

M19 225

M11 377

Rigidez axial e transversal (x103) [kN.m/m]

med
Rigidez axial estimada em muretes, a partir da obtida em muretes pequenos (1,5× K axial )

Rigidez transversal obtida em muretes grandes ( K med


transv
)

M43, M21, M32, M20, M5, M12 – muretes de referência; M41, M44, M28, M10, M13, M17 – Sol. I
M26, M52, M54, M15, M16, M18 – Sol. IIB3; M34, M29, M27, M14, M19, M11 – Sol. IV

Fig. 6.47 - Rigidez axial e transversal dos muretes de referência e soluções de reforço, nos
ensaios de compressão axial e compressão-corte, respectivamente

A análise deste gráfico permite concluir que os muretes de referência apresentam níveis de
rigidez axial e transversal semelhantes, mas em relação às soluções de reforço, tal não
ocorre.

449
6.4.2 – Resistência mecânica

Na tabela 6.31 apresentam-se as relações entre: (i) as componentes horizontal e vertical das
forças máximas dos ensaios de compressão-corte e (ii) e as resultantes das forças máximas
dos ensaios de compressão axial e as resultantes dos ensaios compressão-corte.
Como referido, a resistência à compressão axial é majorada em 50%. Em relação aos ensaios
de compressão-corte, tendo em conta a “reduzida” influência do tipo de ensaio (monotónico,
cíclico ou alternado) nos resultados de resistência mecânica dos muretes, considerou-se, para
cada solução de reforço, a média conjunta dos três ensaios realizados.

Tabela 6.31 - Relação entre forças máximas nos ensaios de compressão axial e compressão-corte (1)
Compressão axial Compressão-corte
max Relação
Resultante Tipo Resultante FH
Solução FV média de FV FHmax Resultante
inclinada med 1,5 × RCA
Murete 1,5×RCA Murete Ensaio inclinada FV RCC
[kN] [kN] média [kN]
( ) [kN] Média [kN] Média [kN]
2
(RCA) (RCC) Ind Med

Muretes M43 134,2 M20 108,9 25,0 111,7 0,23


de M21 127,7 136,8 205,2 M5 M 109,8 109,2 22,4 23,8 112,1 111,8 0,20 0,22 1,84
referência M32 148,5 M12 108,9 24,0 111,5 0,22
M26 537,9 M15 311,2 91,5 324,4 0,29
C
IIB3 M52 554,1 541,3 812,0 M16 411,6 362,0 105,1 99,0 424,8 375,4 0,26 0,29 2,16
M54 531,8 M18 A 363,3 100,3 376,9 0,28
M41 168,5 M10 159,0 34,5 162,7 0,22
M
I M44 226,0 199,3 299,0 M13 157,3 158,9 28,7 37,4 159,9 163,4 0,18 0,23 1,83
M28 203,3 M17 A 160,3 48,9 167,6 0,29
M34 467,5 M14 331,7 76,2 340,3 0,23
IV M29 414,6 440,3 660,5 M19 M 329,2 330,0 79,7 77,8 338,7 339,0 0,24 0,24 1,95
M27 438,7 M11 329,0 77,5 338,0 0,24
(1) – Apenas entre soluções comparáveis, e tendo em conta, todavia, que os níveis de carga vertical nos ensaios de
compressão-corte são diferentes para cada solução de reforço. (2) – M - monotónico; C - cíclico; A - alternado (fig. 5.152).

A análise dos valores desta tabela permite concluir sobre a maior severidade dos ensaios de
compressão-corte em comparação com os ensaios de compressão axial, traduzida pelos
valores da relação (1,5×RCA)/RCC superiores à unidade.
Uma das razões que se pode apontar para esta situação é que, enquanto nos ensaios de
compressão axial a secção transversal resistente à carga vertical é sempre constante,
permitindo dessa forma a mobilização total da alvenaria, segundo camadas de assentamento
perpendiculares à direcção de actuação da carga, nos ensaios de compressão-corte a secção
resistente vai-se alterando quer na área de alvenaria envolvida, quer na sua própria inclinação
em relação aos eixos de simetria vertical dos muretes, uma vez que o aumento da carga
horizontal (até à rotura) mantendo a carga vertical constante, se traduz na inclinação variável
da resultante da biela de compressão (resultante inclinada), levando a uma maior e mais
450
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

generalizada desagregação da alvenaria. Nos muretes da solução I nota-se uma maior


dispersão de valores individuais da relação FHmax/FV, para a qual terá contribuído a
aleatoriadade da furação para colocação dos conectores, que não pode ser absorvida ou
atenuada pelas lâminas de reforço (inexistentes).
Na fig. 6.48 comparam-se as forças máximas estimadas dos ensaios de compressão axial
(1,5×RCA) com as resultantes inclinadas dos ensaios de compressão-corte (RCC), para os
muretes de referência e as soluções de reforço (por ordem crescente de valores), de acordo
com os valores da tabela 6.31.
Na fig. 6.49 faz-se a ponderação entre estas forças, segundo os valores da fig. 6.48.
Força [kN]

1000

812,0
800
660,5

600

375,4
400 339,0
299,0
205,2
200 163,4
111,8

0
Referência Sol. I Sol. IV Sol. IIB3

Estimativa compressão axial (1,5xRCA) Compressão-corte (RCC)

Sol. I - Conectores metálicos isolados; Sol. IIB3 - Lâminas de micro-betão sem apoio na base / conectores
Sol. IV - Reboco de argamassa bastarda com apoio na base

Fig. 6.48 - Comparação entre forças máximas nos ensaios de compressão axial e compressão-corte

[%] 100,0
31,6
33,9
35,3

35,3

50,0
68,4
66,1
64,7

64,7

0,0
Referência Sol. I Sol. IV Sol. IIB3

1,5xRCA/(1,5xRCA+RCC) RCC/(1,5xRCA+RCC)

Sol. I - Conectores metálicos isolados; Sol. IIB3 - Lâminas de micro-betão sem apoio na base / conectores
Sol. IV - Reboco de argamassa bastarda com apoio na base

Fig. 6.49 - Ponderação entre forças máximas nos ensaios de compressão axial e compressão-corte
451
A análise da fig. 6.49 permite constatar uma regularidade de resposta dos muretes nos dois
sistemas de ensaio, e confirma a ideia anteriormente referida, segundo a qual os muretes
apresentam uma redução de resistência quando são sujeitos a ensaios de compressão
inclinada, face aos ensaios de compressão axial [(1,5×RCA)/RCC>1]. De acordo com os
resultados, a redução de resistência nos muretes sujeitos aos ensaios de compressão-corte face
à (estimativa de) resistência em muretes de iguais dimensões nos ensaios de compressão axial
(1,5×RCA, tabela 6.31) é da ordem de 50% (34,0/66,0 ≅ 51,5%).
Na fig. 6.50 representa-se graficamente a relação entre a resultante inclinada obtida nos
ensaios de compressão-corte (RCC) e a resultante média (estimada) dos ensaios de compressão
axial (1,5×RCA), indicadas na tabela 6.31 para cada uma das soluções de reforço.
Compressão-corte (RCC) [kN]

500

y = 0,45x + 27,2
400 SOL II B3
R2 = 0,99 (812,0; 375,4)
(660,5; 339,0)
300 SOL IV

200
(299,0; 163,4)
SOL I
(205,2; 111,8)
100

Muretes referência

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Compressão axial (1,5xRCA) [kN]

Resultante estimada comp axial (1,5xRCA) / resultante compressão-corte (RCC)


Linear (Resultante estimada comp axial / resultante comp-corte)

Sol. I - Conectores metálicos isolados; Sol. IIB3 - Lâminas de micro-betão sem apoio na base / conectores
Sol. IV - Reboco de argamassa bastarda com apoio na base
Fig. 6.50 - Relação entre as forças máximas dos ensaios de compressão axial e compressão-corte

A análise da fig. 6.50 mostra a existência de uma relação aproximadamente linear entre as
forças aplicadas nos muretes, cujo declive da recta de regressão se aproxima de 0,5. Esta
linearidade pode ser explicada em primeiro lugar pelas características geométricas dos
muretes, e não parece depender do tipo de ensaio de compressão-corte (monotónico, cíclico
ou alternado). Deste modo, para a hierarquização da eficiência das soluções de reforço
consideram-se suficientes os ensaios de compressão axial.
A partir dos resultados obtidos e tendo presente a relação de forças indicada na fig. 6.50, uma
vez conhecida a resistência mecânica à compressão axial, torna-se possível estimar a
resistência mecânica de muretes com idêntica solução de reforço, nos ensaios de compressão-
corte, ou vice-versa.

452
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Tendo ainda presentes os valores da tabela 6.31, representa-se na fig. 6.51 as relações entre:
(i) a força vertical média (FVmed) e a força horizontal máxima (FHmax) e (ii) a resultante
inclinada (RCC) e FHmax, obtidas nos ensaios de compressão-corte dos muretes grandes.

Força horizontal [kN] 120


A
100 SOL II B3

y = 0,27x - 5,85
80 R2 = 0,95
SOL IV
60

y = 0,26x - 5,72
40
R2 = 0,96
SOL I
20
Muretes referência B
0
0 100 200 300 400 500
FVmed [kN]
RCC [kN]

A - FVmed (COMP-CORTE) / FHmax (COMP-CORTE)


B - Resultante (COMP-CORTE) / FHmax (COMP-CORTE)
Linear (A - FVmed (COMP-CORTE) / FHmax (COMP-CORTE))
Linear (B - Resultante (COMP-CORTE) / FHmax (COMP-CORTE))

Sol. I - Conectores metálicos isolados; Sol. IIB3 - Lâminas de micro-betão sem apoio na base / conectores
Sol. IV - Reboco de argamassa bastarda com apoio na base
Fig. 6.51 - Relação entre as componentes horizontais das resultantes e outras forças, dos
ensaios de compressão-corte

Com base nas relações entre forças máximas (médias) estabelecidas nas figs. 6.50 e 6.51, e
tendo presente as relações lineares existentes entre elas, pode-se concluir, para modelos
experimentais com características geométricas iguais aos estudados (muretes construídos no
âmbito do presente trabalho mas ainda não ensaiados) que, uma vez definida a resultante
inclinada (RCC, fig. 6.50) pode ser estimada a força horizontal máxima (FHmax) relativa aos
ensaios de compressão-corte a partir da força máxima obtida nos ensaios de compressão axial
(RCA, fig. 6.50), da seguinte forma:
(i) colocando o valor de RCC, obtido na fig. 6.50, sobre a “relação B” da fig. 6.51;
(ii) transpondo o valor registado sobre a “relação B” para a “relação A”, segundo a vertical,
obtendo no eixo das abcissas da fig. 6.51 o respectivo valor da força vertical média no ensaio
de compressão-corte;
(iii) com este valor, é finalmente possível obter o correspondente valor de força horizontal
máxima (FHmax), no eixo das ordenadas da fig. 6.51.

A “relação A”, FHmax = 0,27 × FVmed − 5,85 [kN] (fig. 6.51), não parece depender das
condições de apoio ou do tipo de reforço aplicado aos muretes, mas apenas do nível de carga
453
(tensão) instalado. Como se referiu, nesta expressão, FHmax [kN] representa a força máxima
horizontal aplicada aos muretes por imposição de deslocamentos horizontais e FVmed [kN] a
força vertical média actuante.
Para “enquadrar” as relações A e B constantes da fig. 6.51 com outros trabalhos de
investigação, recorreu-se aos resultados obtidos por Daniel Oliveira et al [124] e Pere Roca
[158] (referidos no Capítulo II), em que paredes de “junta seca” e de “junta argamassada”,
com carga vertical uniforme, foram submetidas a cargas horizontais, resultantes da imposição
de deslocamentos horizontais por actuador horizontal (figs. 2.12 e 2.14).
Os valores das cargas verticais e horizontais obtidas naqueles trabalhos, estão registados nas
tabelas anexas à fig. 6.52.
Os valores da tabela superior da fig. 6.52 são os referidos na tabela 2.5; os da tabela inferior,
foram extrapolados a partir do gráfico adjacente à mesma figura.

Paredes de “junta seca” [124]


Carga vertical [kN] Carga horizontal [kN]
30,0 22
30,0 23
100,0 42
100,0 49
200,0 72
200,0 69
250,0 102

Paredes de “junta argamassada” [158]


Carga vertical [kN] Carga horizontal [kN] (1)
1,0 0,6
9,5 3,5
12,7 7,0
15,3 8,2
20,0 10,6
24,9 12,3
34,6 14,1
27,8 14,7
40,0 17,0
30,7 17,5
(1) – Nesta tabela foi excluído o último valor da figura, 50,0 18,2
correspondente à força horizontal nula 45,0 19,2
63,0 20,4
56,5 23,1

Fig. 6.52 - Relação entre forças verticais e horizontais consideradas em [124, 158]

454
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Transpondo estes valores para o gráfico da fig. 6.51, e considerando apenas a relação entre a
força vertical média e a força horizontal máxima (relação A), dos ensaios de compressão-
corte realizados no presente trabalho, obtém-se o resultado indicado na fig. 6.53.
Força horizontal [kN]

120
110 y = 0,32x + 12,09
100 R2 = 0,96 SOL II B3
90
80
70 y = 0,34x + 2,86 SOL IV

60 R2 = 0,90

50 y = 0,27x - 5,85
40 R2 = 0,95
30 SOL I
20
10 Muretes refª

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Força Vertical [kN]

Presente trabalho Ref. bibliográfica [124] Ref. bibliográfica [158]


Linear (Presente trabalho) Linear (Ref. bibliográfica [124]) Linear (Ref. bibliográfica [158])

Sol. I - Conectores metálicos isolados; Sol. IIB3 - Lâminas de micro-betão sem apoio na base / conectores
Sol. IV - Reboco de argamassa bastarda com apoio na base
Fig. 6.53 - Comparação dos resultados obtidos no presente trabalho com os referidos em
[124, 158]

A diferente localização dos pontos correspondentes aos três trabalhos em presença pode ser
justificada, entre outros, pelos seguintes factores: (i) uma diferente geometria dos modelos
experimentais, que influencia directamente a análise das forças aplicadas, e que seria menos
evidente no caso da comparação ser efectuada em termos de tensões e (ii) a natural diferença
entre a constituição dos modelos. As inclinações “semelhantes” das três rectas de regressão,
permitem sublinhar a “relação A”, entre a força vertical média (FVmed) e a força horizontal
máxima (FHmax) nos ensaios de compressão corte, referida no gráfico da fig. 6.51, e, por essa
via, também, a “relação B” incluída no mesmo gráfico, entre a resultante dos ensaios de
compressão corte (RCC) e a força horizontal máxima (FHmax).

6.5 – Aplicação do “método das escoras e tirantes”

Como se refere no ponto 2.2, as paredes de alvenaria podem ser analisadas, mediante certas
restrições, através de modelos simplificados de encaminhamento dos campos de tensões de
compressão. Este método de análise tem por base princípios semelhantes aos do “método das
escoras e tirantes”, comummente utilizado na análise de elementos de betão armado, sendo
455
que, no caso das paredes de alvenaria ordinária e salvo situações pontuais, não existem
tirantes correspondentes às armaduras traccionadas nas estruturas de betão armado.
O “método das escoras e tirantes” baseia-se no Teorema Estático da Teoria da Plasticidade,
segundo o qual, para qualquer sistema equilibrado, a força que não excede em nenhum ponto
a capacidade resistente do sistema, é inferior à carga de colapso. Para que estes sistemas se
formem é necessário que os materiais possuam ductilidade suficiente para permitir a
redistribuição das tensões internas. Segundo este método os campos de tensões de compressão
são simulados por escoras, cuja força de compressão é a resultante, em intensidade, direcção
e sentido, das tensões de compressão actuantes numa determinada secção da alvenaria; os tirantes
simulam elementos (discretos ou distribuídos), resistentes à tracção, tais como as armaduras
ordinárias em estruturas de betão armado, ou os elementos de madeira, entre outros, com
resistência à tracção significativa, integrados nas estruturas de alvenaria. Para um mesmo
problema podem-se estabelecer vários sistemas ou modelos de escoras e tirantes (fig. 2.13),
dos quais o que melhor se aproxima da carga de colapso real será o que corresponde à maior
carga sem exceder a capacidade resistente em nenhum ponto do modelo [158].

No caso dos ensaios de compressão-corte realizados no presente trabalho, o encaminhamento


(trajectória) dos campos de tensões de compressão, desde o topo do murete até à base, pode
ser descrito, de modo simplificado, como se representa na fig. 6.54 (a).

FVmed

FHmax
RCC

H
θ
σref

P
θ FHmax
a
a FVmed
B
(a) (b)
(a) - campos de tensões; (b) - resultantes dos campos de tensões
Fig. 6.54 - Representação esquemática dos campos de tensões e respectivas resultantes num
murete grande, sujeito a um ensaio de compressão-corte

456
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

Neste modelo, FVmed é a força vertical média e FHmax a força horizontal máxima (ambas
aplicadas ao nível do lintel), cuja resultante se designa por RCC, de acordo com a expressão 5.2,
e com a fig. 6.54 (b). A reacção, na base do murete, terá, por equilíbrio do sistema, igual valor
(RCC) e direcção, mas sentido oposto.
De acordo com a fig. 6.54 (b), admite-se que o ponto de aplicação da reacção se situa a uma
distância a/2 do canto inferior direito do murete (ponto P). Esta distância pode ser determinada
por equilíbrio de momentos em relação ao ponto P, segundo a expressão:

max
a B F
= − H × H med (6.10)
2 2 FV

em que: B é o comprimento do murete (1,20 m); H é a altura da alvenaria (1,20 m); a, FVmed e
FHmax têm os significados anteriores.

O campo de tensões de compressão, fig. 6.54 (a), pode então ser representado por uma escora
de alvenaria com a trajectória representada na fig. 6.54 (b), sujeita a uma força de compressão
(resultante inclinada, RCC) dada por:

RCC = (FV
med 2
) + ( FH
max 2
) (6.11)

cuja inclinação com a vertical é dada pela expressão:

max
FH
θ = arctg med (6.12)
FV

Considerando desprezável a resistência à tracção da alvenaria, e uma distribuição plástica das


tensões de compressão na secção transversal da escora esta terá, junto à base, a largura mínima
dada por “a × cosθ”, sendo o valor máximo da força de compressão na escora dado por:

R’ = σref × (a × cos θ) × e (6.13)

em que: σref é a tensão de rotura (de referência) relativa aos ensaios de compressão axial e e é
uma espessura (também de referência), tomada igual à espessura média dos muretes de
referência (e = 0,40 m).

Para a aplicação do “método das escoras e tirantes” é necessário calcular o valor médio da tensão
de compressão axial dos muretes de referência e das soluções de reforço (σref). Para este efeito e
457
por simplificação, considera-se que todos os muretes são constituídos por um material
homogéneo. Porém, como se referiu na secção 6.1, esta simplificação apenas é verdadeira
para os muretes de referência e da solução I. A determinação é efectuada de acordo com a
expressão 6.14, indicando-se na tabela 6.32 os valores obtidos.

RCA
σ ref = (6.14)
A

Nesta expressão RCA é a força vertical (média) obtida nos ensaios de compressão axial e A é
a área de referência mencionada na nota 32) (pág. 420), de 0,80 m × 0,40 m = 0,320 m2.

Tabela 6.32 - Tensões de compressão médias dos muretes de referência e reforçados, nos
ensaios de compressão axial, para efeitos de aplicação do “método das escoras e tirantes”
Secção transversal de Força média de Tensão de compressão média
Solução de reforço referência compressão axial (1) RCA [kN/m²]
A [m²] RCA [kN]
σ ref =
A
Muretes de referência 136,8 428
Solução I 0,320 199,3 623
Solução IV (0,80m×0,40m) 440,3 1376
Solução IIB3 541,3 1692
1
( ) - Valores médios por solução de reforço, obtidos nos ensaios de compressão axial, retirados da tabela 6.15.

Na tabela 6.33 apresentam-se os resultados de R’ (expressão 6.13), os quais são comparados


com os valores médios da força resultante inclinada (RCC), obtidos nos ensaios de
compressão-corte.

Tabela 6.33 - Resultados da aplicação do “método das escoras e tirantes” aos ensaios de
compressão-corte (1)
Valores experimentais [kN] (1) Método das escoras e tirantes Relação
Solução de reforço Resultante θ a a×cosθ R'=σref×(a×cosθ)×e R'
FVmed FHmax RCC
inclinada, RCC [º] [m] [m] [kN]
Muretes de referência 109,2 23,8 111,8 12,3 0,677 0,661 113 1,01
Solução I 158,9 37,4 163,4 13,2 0,636 0,619 154 0,94
Solução IV 330,0 77,8 339,0 13,3 0,634 0,617 339 1,00
Solução IIB3 362,0 99,0 375,4 15,3 0,544 0,525 355 0,95
1
( ) - Valores médios por solução de reforço, obtidos nos ensaios de compressão-corte, retirados da tabela 6.28;

De acordo com estes valores, verifica-se que o método proposto para a análise da resistência
dos muretes fornece bons resultados em comparação com os obtidos experimentalmente,
podendo concluir-se que apresenta potencialidades para ser usado na verificação da segurança
mecânica de paredes de alvenaria ordinária, sujeitas a forças no seu plano.
458
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

6.6 – Relações custo/benefício das soluções de reforço

Embora as relações custo/benefício (C/B) das soluções de reforço sejam calculadas com base
nos resultados dos ensaios de compressão axial, a sua apresentação é efectuada nesta secção
(após a análise global dos resultados), porque se considera que tal não faria sentido antes dos
resultados dos ensaios de compressão-corte. A apresentação é efectuada apenas com base nos
resultados dos ensaios de compressão axial devido ao maior número de soluções (variantes)
de reforço aplicadas aos muretes pequenos, e à regularidade de resultados evidenciada pela
fig. 6.49, a partir da qual se considera suficiente, para a avaliação da relação C/B, realizar esta
análise apenas a partir dos muretes pequenos. Assim, tendo por base os custos das soluções de
reforço por m2 de alvenaria (muretes pequenos), calculados nas tabelas 4.30 a 4.35, e as forças
máximas correspondentes, registadas na tabela 6.15, cujos valores se sintetizam na tabela 6.34,
indica-se na fig. 6.55, o gráfico da relação C/B em termos de resistências mecânicas, onde se
inclui também o custo de cada solução, tendo em vista uma melhor apreciação dos resultados.

Tabela 6.34 - Relações custo/benefício das soluções de reforço aplicadas nos muretes (pequenos)
Custo da solução Força Relação
Solução de reforço de reforço Máxima média custo/benefício
[€/m2] (RCA) [kN] [€/m2.kN] (×10-2)
I Conectores isolados 56,5 199,3 28,3

Lâminas de micro- B1 - Pregagens - 1 face 49,7 291,0 17,1


IIB betão armado, sem B2 - Pregagens - 2 faces (1) 99,4 362,2 27,4
apoio na base
B3 - Conectores 92,5 541,3 17,1
III Lâminas de micro-betão armado com apoio na base 48,4 1894,4 2,6
IV Reboco de argamassa bastarda com apoio na base 62,0 440,3 14,1
1
( ) – Por razões de representatividade da solução de reforço, foi apenas considerada a resistência do murete M33 (sem apoio
parcial nas lâminas de reforço)
Custo [euros / m2]

C / Bx10 -2 [euros / kN]

120
99,4
100 92,5

80
62,0
56,5
60 49,7 48,4

40 28,3 27,4
17,1 17,1 14,1
20
2,6
0
Solução IV
Sollução III
Sol. I

Sol. IIB1

Sol. IIB2

Sol. IIB3

Custo de cada solução Relação custo / benefício

Fig. 6.55 - Custo de cada solução de reforço por m2 de alvenaria (com espessura e = 0,40 m) e
relações custo/benefício
459
Do ponto de vista da relação C/B, a solução I é a menos favorável, reforçando assim a
consideração de que não deve ser utilizada como solução de reforço per se.
Em relação à solução IIB, verifica-se que a variante IIB3 (conectores), a que apresenta melhor
resistência mecânica, possui uma relação C/B igual à da variante IIB1 (pregagens/1 face),
correspondente à menos resistente das três variantes da solução IIB. Por fim, confirma-se
também do ponto de vista da relação C/B que a variante IIB2 (pregagens/2 faces) é francamente
desaconselhável perante a variante IIB3, mantendo todas as outras condições de ensaio.
A relação C/B da solução de reforço III é de todas a melhor, sendo este um argumento a seu
favor. Face a estes resultados, julga-se que a relação C/B relativa aos muretes da solução III
ainda não ensaiados – com confinamento transversal –, será (muito) inferior ao valor apresentado
para a variante sem confinamento.
Quanto à solução IV, regista-se a segunda melhor relação C/B, o que se constitui em mais um
factor favorável pois, além de apresentar melhores resultados médios que a solução IIB, em
termos de resistência mecânica, possui também uma melhor compatibilidade física e química
com a alvenaria dos muretes (o mesmo não se verificando em relação à solução III).

Aos custos das soluções IIB e III devem ainda ser adicionados os valores correspondentes à
aplicação de um reboco de “regularização” a aplicar sobre as lâminas de micro-betão, de modo
a preparar as superfícies para o acabamento final, em condições comparáveis às que podem
ser realizadas pela solução IV.

6.7 – Comentários ao Capítulo VI

Neste capítulo analisaram-se os resultados obtidos nos ensaios de compressão axial e


compressão-corte (num total de trinta e cinco ensaios) e procurou-se justificar e comparar os
diversos comportamentos mecânicos dos muretes de referência (ou simples) e dos reforçados.
Nesta análise ressalta a regularidade nos valores da resistência mecânica dos muretes das
várias séries (com excepção da variante IIB1), em oposição à dispersão nos valores de energia
dissipada por deformação nos diversos ensaios, fruto da maior irregularidade na deformação
dos muretes, no que se refere aos deslocamentos correspondentes às forças máximas (100%Fmax)
e a uma perda de 15% da força máxima (85%Fmax), que serviram de base ao cálculo da
energia dissipada por deformação em cada ensaio.
Esta situação, embora indesejável do ponto de vista experimental, deve ser encarada como
uma consequência dos processos construtivos dos muretes e das soluções de reforço, os quais,
como se refere nos Capítulos III e IV, seguiram os preceitos utilizados em situações reais, embora
460
Capítulo VI – Análise dos Resultados dos Ensaios Sobre os Muretes

aqui tivessem sido tomados cuidados adicionais tendo em vista, justamente, a minimização da
dispersão de resultados.

Na análise realizada, todavia, não foi possível confirmar o coeficiente de Poisson de ν = 0,24,
calculado no ponto 5.6.1, uma vez que não foi possível determinar o módulo de elasticidade
transversal dos muretes de referência, G, a partir dos resultados dos ensaios de compressão
axial e compressão-corte, através da expressão [181]:

E
G= [MPa] (6.15)
2 × (1 + ν)

em que: E representa o módulo de elasticidade axial e ν o coeficiente de Poisson.

De acordo com a investigação realizada, tal deve-se essencialmente aos seguintes factores: (i) a
impossibilidade de individualizar as deformações de corte e de flexão, nos ensaios de
compressão-corte, de modo a determinar a deformação transversal devida apenas à solicitação
por corte (a partir da deformação total medida em cada ensaio), necessária para a determinação
de G; (ii) a heterogeneidade dos muretes – apesar dos cuidados tidos na sua construção –,
típica desta solução construtiva (alvenaria ordinária), como referido na introdução ao trabalho
(Capítulo I); (iii) a ausência de linearidade no comportamento mecânico dos muretes,
associada a esta heterogeneidade construtiva; e (iv) a conjugação dos dois factores anteriores,
tendo como consequência a existência de módulos de elasticidade transversal diferentes em
função do estado de tensão vertical instalado nos muretes durante a aplicação dos deslocamentos
horizontais, nos ensaios de compressão-corte. Este quarto factor é apontado por G.
Vasconcelos e P. Lourenço (2004) na referência [197], na qual são determinados diversos
módulos de elasticidade em função do nível de tensão instalado (tabela 2.1).
O valor do coeficiente de Poisson encontrado (ν = 0,24) é, no entanto comparável ao admitido
no EC6 [86], para construções de alvenaria, de ν = 0,25.

Nos muretes de referência e da solução I os valores determinados para o módulo de


elasticidade correspondem ao comportamento individualizado da alvenaria. Mas, em relação à
rigidez (axial e transversal) das soluções IIB, III e IV, o facto desta ser determinada para cerca
de 30% da força máxima (diagramas força-deslocamento) leva a que os valores sejam
calculados antes de se concluir a separação entre as lâminas de reforço e a alvenaria,
correspondendo assim à secção composta “reforço + murete”.

461
Os muretes das solução IIB3 apresentam um coeficiente de ductilidade em deslocamento
ligeiramente superior ao dos muretes de referência. Nos muretes da solução I este parâmetro é
semelhante e na solução IV é inferior. Esta situação significa a redução dos deslocamentos
para iguais níveis de força.

A aplicação do “método das escoras e tirantes” aos resultados obtidos nos ensaios de
compressão-corte, a partir das tensões médias (determinadas de forma simplificada, para as
soluções de reforço IIB3 e IV) registadas nos ensaios de compressão axial, deu resultados
satisfatórios. Neste sentido, o método poderá vir a ser implementado na verificação da
segurança de edifícios de alvenaria ordinária e no reforço deste tipo de construções.
Tendo por base o referido cálculo simplificado de tensões, foi também verificado o critério de
rotura de Mohr-Coulomb. Porém, os resultados não são apresentados porque se considerou que
alguns dos pressupostos tidos em conta na sua aplicação carecem de maior aprofundamento.

A análise das relações custo/benefício (C/B) das diversas soluções e variantes (em termos de
resistência mecânica), efectuada no final do capítulo, justifica do ponto de vista económico a
importância das condições de apoio do reforço estrutural dos muretes, no que se refere à
solução III, que apresenta a melhor relação C/B nos ensaios de compressão axial, e a
importância do confinamento transversal da alvenaria, em relação à solução IV, que obteve a
segunda melhor relação C/B, no mesmo tipo de ensaios.

462
Capítulo VII
COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES.
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

7.1 – Introdução

Para este trabalho foram construídos diversos modelos experimentais de alvenaria ordinária,
designados por muretes, que procuraram ser representativos desta solução construtiva, muito
divulgada no nosso País até ao final do primeiro quartel do século XX, dando lugar
progressivamente às construções de betão armado.
Os muretes foram construídos com dimensões distintas, consoante se destinavam a ensaios de
compressão axial ou a ensaios de compressão-corte: os primeiros, designados por “muretes
pequenos”, tinham dimensões de 0,80 m×1,20 m×0,40 m (comprimento × altura × espessura)
e os segundos, designados por “muretes grandes”, com dimensões de 1,20 m×1,20 m×0,40 m
(idem).
Sobre parte dos muretes foram aplicadas soluções de reforço, algumas do tipo das que são
utilizadas correntemente em intervenções de reabilitação estrutural de edifícios antigos. Estas
soluções de reforço foram constituídas por confinamento transversal simples (por conectores
metálicos), lâminas de micro-betão e rebocos de argamassa bastarda, armados, com diversas
situações de confinamento transversal e apoio na base dos sistemas de ensaio concebidos para
este estudo.
A campanha experimental decorreu em boas condições de segurança, tendo em conta as
dimensões dos muretes e dos sistemas de ensaios.

Para a caracterização dos materiais de construção utilizados foram determinadas algumas das
suas propriedades físicas, químicas e mecânicas, o mesmo sucedendo com os materiais de
reforço. Destas propriedades, os valores (coeficientes) de porosidade aberta, absorção de água
por capilaridade, permeabilidade ao vapor de água, absorção de água sob baixa pressão,
resistência mecânica e módulo de elasticidade da argamassa de assentamento foram
comparados com os valores homólogos dos materiais de reforço.

463
Desta comparação, ressalta a maior resistência mecânica do micro-betão, mas o seu pior
comportamento perante a humidade, tanto em relação à argamassa bastarda como, e
especialmente, em relação à argamassa de assentamento (tabela 4.36).
Relativamente às soluções de reforço, são referidas as condições de exequibilidade
arquitectónica, técnica e económica (secção 4.4), demonstrando-se com os resultados
alcançados que, nalgumas situações, o maior custo da solução não é compensado pela
melhoria da resistência mecânica.
No final dos Capítulos II a VI, são apresentados comentários relativos aos assuntos
abordados. Neste capítulo final procura-se: (i) comentar o trabalho realizado no seu conjunto,
no que se refere: à pesquisa bibliográfica efectuada, às opções tomadas sobre os materiais
utilizados na construção dos muretes e nas soluções de reforço e às questões relacionadas com
a sua durabilidade; (ii) sintetizar as principais conclusões e resultados dos ensaios de
caracterização dos materiais de construção e de reforço, e dos ensaios de compressão axial e
compressão-corte dos muretes simples e reforçados; (iii) fazer o balanço entre os objectivos
inicialmente propostos e os alcançados e, por fim, (iv) apresentar propostas de desenvolvimento
do trabalho experimental, recorrendo aos modelos experimentais ainda não ensaiados ou
construindo outros, e de análise numérica dos resultados obtidos e a obter.

7.2 – Comentários finais e conclusões

7.2.1 – Sobre a pesquisa bibliográfica

Os dois capítulos iniciais tiveram como objectivo contextualizar o trabalho realizado, com
base na consulta de bibliografia diversa, apresentando-se no Capítulo I: (i) as principais
características das construções de alvenaria ordinária e a sua vulnerabilidade face a diversas
acções (como a acção sísmica, assentamentos diferenciais de fundações e outras) (ii) as
anomalias estruturais e os principais métodos de inspecção e diagnóstico, bem como diversas
técnicas de reabilitação estrutural conhecidas, documentos normativos e recomendações
aplicáveis e, por fim, (iii) a motivação e objectivos a alcançar com o presente trabalho de
investigação.
No Capítulo II, mostraram-se alguns estudos realizados no âmbito das construções de
alvenaria, como forma de enquadrar o trabalho experimental, apoiar alguns procedimentos
experimentais a realizar e, quando possível, comparar os resultados obtidos no presente
trabalho com valores obtidos por outros autores, tanto em trabalhos laboratoriais como em
trabalhos realizados in situ.
464
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

Na bibliografia analisada, existe já muita informação sobre os assuntos tratados no Capítulo I,


mas no que se refere ao Capítulo II sentiu-se alguma dificuldade em encontrar dados que
permitissem apoiar algumas decisões no trabalho experimental realizado. De facto, verificou-
se, nas referências consultadas, não terem sido realizados no nosso País estudos envolvendo
modelos experimentais com alvenaria ordinária, sujeitos a ensaios de compressão axial e/ou
compressão-corte.
Os principais trabalhos desenvolvidos nesta área a nível nacional foram realizados na
Universidade do Minho e no LNEC. A nível internacional, foi encontrado algum trabalho, no
âmbito da alvenaria de pedra, na Universidade de Pádua [194, 195] e na Universidade
Politécnica da Catalunha [124].
Foram ainda analisados outros trabalhos realizados em Itália, Grécia, Canadá, EUA, Brasil e
Peru mas, nestes casos, e como se referiu no Capítulo II, a sua apresentação justificou-se mais
pelos procedimentos experimentais e modo de obtenção dos resultados do que pelas
conclusões obtidas, uma vez que, em geral, as características construtivas dos modelos
utilizados é diferente da considerada no presente trabalho (alvenaria ordinária), típica no
nosso País até ao advento do betão armado.

7.2.2 – Sobre os materiais de construção dos muretes

A selecção dos materiais de construção dos muretes procurou respeitar vários requisitos, dos
quais se salientam: (i) a sua representatividade em relação à solução construtiva em estudo
(alvenaria ordinária), traduzida na utilização de pedra, areias e ligante (cal aérea hidratada)
com características tão próximas quanto possível, nas condições de realização do trabalho, das
utilizadas em construções reais; (ii) a proporção com que foram utilizados os materiais,
nomeadamente na preparação da argamassa de assentamento de cal aérea e areia, ao traço 1:3,
e no volume de argamassa por m3 de alvenaria (25% de argamassa / 75% de pedra) e (iii) o
processo construtivo dos muretes, que procurou respeitar as regras tradicionais de construção
aplicáveis a esta tipologia, em especial no que se refere à colocação das pedras (irregulares)
sobre camadas de argamassa dispostas horizontalmente, evitando a formação de juntas
verticais seguidas em camadas contíguas no assentamento e colocando pedras adequadamente
espaçadas em altura para o travamento transversal da alvenaria (perpianhos).
Os lintéis construídos sobre a alvenaria permitiram a distribuição das cargas verticais e
horizontais, para além de suportarem alguns equipamentos durante os ensaios dos muretes.
Na tabela 3.1 estão identificados todos os muretes construídos para este trabalho.

465
Os ensaios de caracterização dos materiais de construção, realizados no DEC-FCT, no LNEC
e nos laboratórios de duas das vinte e três empresas que patrocinaram o trabalho experimental
(SECIL Outão, SA e Lusical, SA), apresentados no Capítulo III e descritos no Anexo I,
revelaram que, apesar das amostras terem sido preparadas mais em ambiente de obra do que
de laboratório, nomeadamente no que respeita à mão-de-obra (não especializada em trabalhos
de laboratório) utilizada na amassadura da argamassa de assentamento, os resultados de
resistência mecânica e o comportamento face à presença da água (ensaios de absorção de água
por capilaridade e permeabilidade ao vapor de água), se aproximam de valores obtidos em
estudos recentes de caracterização de argamassas com composição "semelhante” [160, 202].
O abrigo, construído para o efeito, proporcionou as melhores condições possíveis de cura dos
muretes, face aos meios e recursos disponíveis (figs. 3.11 e 3.12).
Os ensaios de caracterização da alvenaria revelaram, entre outros, os seguintes valores: (i)
massa volúmica média de 1758 kg/m3 (comparável a resultados obtidos in situ por A. Costa
[44] e C. S. Oliveira [127], ambos de 18 kN/m3) e (ii) profundidade de carbonatação média no
início da campanha experimental de cerca de 6 cm (30%) aos cerca de 630 dias, e de 7,5 cm
(37,5%) no final do trabalho, aos cerca de 1080 dias.

7.2.3 – Sobre os materiais de reforço

Os materiais de reforço contribuíram para a melhoria da resistência mecânica dos muretes,


criando elementos adicionais de resistência ou confinando a alvenaria existente
Para a determinação de algumas características físicas e mecânicas destes materiais, cujos
resultados se apresentam no Capítulo IV e a respectiva descrição no Anexo II, foi
desenvolvida uma campanha de ensaios no DEC-FCT e no LNEC para avaliação, entre
outros, dos valores médios da resistência mecânica e dos coeficientes de absorção de água por
capilaridade e de permeabilidade ao vapor de água, das amostras preparadas durante a
aplicação das soluções de reforço.
A análise destas características permite concluir sobre a (esperada) melhor compatibilidade
física e mecânica dos materiais da solução de reforço IV (argamassa bastarda) em relação à
alvenaria dos muretes, do que os materiais das soluções IIB e III (micro-betão).

7.2.4 – Sobre as soluções de reforço

As soluções de reforço estudadas são identificadas na tabela 4.1, referindo-se em seguida o


número de muretes reforçados e as suas principais características:
466
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

- solução I: seis muretes reforçados com conectores metálicos transversais (figs. 4.6 e 4.7);

- solução IIB: catorze muretes reforçados com lâminas de micro-betão aplicadas por meios
mecânicos (projecção por via seca), armadas com malha de metal distendido e confinamento
transversal, sem apoio na base. Esta solução foi adoptada, e depois ensaiada, após uma
aplicação preliminar, manual, num murete pequeno, tendo em vista avaliar a possibilidade da
sua aplicação mecânica e a resposta do sistema de ensaio de compressão axial.
A aplicação preliminar, cujo murete não foi ensaiado por razões de segurança do sistema de
ensaio (conforme referido em 5.4.1), foi designada de solução IIA, e a solução definitiva, com
aplicação do micro-betão por projecção mecânica, de solução IIB.

A solução IIB teve quatro variantes (figs. 4.19 e 4.20), mas apenas as três últimas foram
sujeitas a ensaios mecânicos:
- solução IIB0: reforço com lâmina de micro-betão na face de um murete (sem malha metálica
e sem confinamento transversal), para realização de ensaios de aderência ao suporte e de
absorção de água sob baixa pressão;
- solução IIB1: reforço com lâminas de micro-betão e confinamento transversal por pregagens
(confinamento parcial ou descontínuo), realizado apenas numa face;
- solução IIB2: reforço com lâminas de micro-betão e confinamento transversal por pregagens
(idem), realizado em ambas as faces;
- solução IIB3: reforço com lâminas de micro-betão e confinamento transversal por conectores
inteiros (confinamento total ou contínuo);

- solução III: dez muretes reforçados com lâminas de micro-betão aplicadas (projectadas) por
meios mecânicos (como na solução IIB), armadas com malha de metal distendido e
confinamento transversal, com apoio na base.
Esta solução teve três variantes (figs. 4.28 e 4.29), designadas por:
- solução IIIA0: aplicada apenas na face oposta do murete onde foi aplicada a variante IIB0,
para realização do ensaio de absorção de água sob baixa pressão;
- solução IIIA1: reforço com lâminas de micro-betão e confinamento transversal por conectores
inteiros;
- solução IIIA2: reforço com lâminas de micro-betão mas sem confinamento transversal.
Por razões de segurança de ambos os sistemas de ensaios, a variante IIIA1 não foi ensaiada,
pelo que a variante IIIA2 foi utilizada com a designação genérica de solução III.

467
- solução IV: sete muretes reforçados com reboco de argamassa bastarda, armado com rede de
fibra de vidro e confinamento transversal contínuo por fios de aço zincado e com apoio na base
(figs. 4.43 e 4.44).

As conclusões obtidas com a realização dos ensaios mecânicos sobre os muretes permitem
evidenciar o efeito do confinamento transversal e das condições de apoio das soluções de
reforço na melhoria da resistência mecânica dos muretes reforçados.
Verificou-se também a melhoria de ductilidade dos muretes da solução de reforço IIB (reforço
com lâminas de micro-betão armadas com malha metálica, com confinamento transversal,
sem apoio na base), nomeadamente nos ensaios de compressão-corte.
A melhoria de ductilidade, a par da melhoria da resistência mecânica conferida pelas soluções
de reforço, é muito importante na prevenção das situações de colapso.

As soluções de reforço IIB e III, baseadas na utilização de lâminas de micro-betão armadas


aplicadas por meios mecânicos nas faces dos muretes, conduziram à formação de conjuntos
“alvenaria + reforço”, em que, no caso das características de resistência do material de reforço
não serem muito elevadas, a resistência final do conjunto reforçado é também influenciada
pela resistência do próprio elemento a reforçar (alvenaria). Quando a resistência mecânica do
reforço é muito superior ao elemento a reforçar, demonstrou-se que a contribuição deste para
a resistência mecânica final do conjunto “alvenaria + reforço” (solução III) é diminuta.
Quanto à compatibilidade com elementos arquitectónicos, principalmente com as cantarias
dos vãos, a solução IV revelou ser a mais adequada, em virtude da menor espessura e da
possibilidade de se constituir como camada de revestimento final, embora devido às suas
características de material resistente, contrarie a disposição construtiva de redução do teor de
ligante, do interior para o exterior, entre duas camadas sucessivas de revestimento. Contudo, a
presença da rede de fibra de vidro permite minimizar a fendilhação por retracção do material
(argamassa bastarda).

Como se refere no Capítulo IV, não foram efectuados ensaios específicos para a avaliação das
condições de durabilidade dos materiais utilizados nas soluções de reforço, em particular do
micro-betão, uma vez que o enfoque do trabalho se centra na quantificação da melhoria de
resistência mecânica conferida aos muretes de alvenaria ordinária, pelas soluções de reforço
estudadas. Não obstante, referem-se na secção 4.5 os principais agentes causadores de degradação
química e mecânica do micro-betão, e apresentam-se medidas (recomendações) que permitem
reduzir substancialmente a sua vulnerabilidade, nomeadamente à acção dos sulfatos.

468
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

Estas medidas, baseadas na utilização de cimentos com baixo teor de aluminato tricálcico e na
minimização do contacto da humidade com o material (micro-betão), são consideradas muito
importantes devido à forte presença de materiais cimentíceos nas soluções de reabilitação
estrutural das construções de alvenaria ordinária. Neste contexto, foram realizados ensaios de
caracterização do comportamento face à humidade, cujos resultados se apresentam no ponto
seguinte.
Por outro lado, no que se refere às armaduras, devem ser respeitadas as espessuras mínimas de
recobrimento da malha metálica (em função das classes de exposição ambiental), prevenindo
situações de despassivação das mesmas.
A malha metálica deve possuir uma adequada protecção química devendo, idealmente, ser de
aço inox. A rede de fibra de vidro deve ter protecção anti-alcalina.

7.2.5 – Sobre os resultados obtidos

7.2.5.1 – Ensaios de caracterização dos materiais de construção da alvenaria e das


soluções de reforço

A comparação entre as características da argamassa de assentamento da alvenaria e dos


materiais de reforço (tabela 4.36 e figs. 4.63 a 4.68), permite concluir sobre:
i) a proximidade dos valores de porosidade aberta da argamassa de assentamento de amostras
retiradas directamente dos muretes de referência (26,9%) e da argamassa bastarda da solução
de reforço da solução IV (27,9%);

ii) os maiores coeficientes de absorção de água por capilaridade das argamassas de


assentamento da alvenaria (15,4 kg/m2.h1/2) e da solução IV (13.6 kg/m2.h1/2) em relação à
média do micro-betão das soluções IIB e III (1,9 kg/m2.h1/2).
Nesta análise, regista-se, como esperado, o maior valor do coeficiente de capilaridade da
argamassa de assentamento da alvenaria, comparativamente à argamassa da solução IV.

iii) os maiores valores dos coeficientes de permeabilidade ao vapor de água da argamassa dos
muretes de referência (18,6×10-12 kg/m.s.Pa) e da solução IV (16,1×10-12 kg/m.s.Pa) e a média
das soluções IIB e III (3,7×10-12 kg/m.s.Pa).
Nesta análise, nota-se também o maior valor do coeficiente de permeabilidade ao vapor de
água da argamassa de assentamento, comparativamente à solução IV.

469
iv) o facto do tempo de duração dos ensaios de absorção de água sob baixa pressão para as
soluções III e IIB, IV e muretes de referência, respectivamente, estar em consonância com os
resultados dos restantes ensaios efectuados na presença da água;

v) a maior (esperada) resistência mecânica à compressão dos materiais (micro-betão) das


soluções IIB e III (média de 44 MPa), em relação à argamassa de assentamento (0,6 MPa, à data
dos ensaios dos muretes de referência, tabela 3.18) e à argamassa da solução IV (4,5 MPa).

A comparação destes resultados permite concluir sobre o melhor comportamento face à


humidade da argamassa da solução IV, em relação ao micro-betão das soluções IIB e III, que
embora absorva a água mais rapidamente, proporciona também a sua mais rápida evaporação,
fruto da sua maior porosidade aberta. Este último parâmetro, associado à sua composição,
permite também concluir sobre as melhores condições de durabilidade da argamassa da
solução IV, em relação ao micro-betão das soluções II e III, de acordo com os conceitos
referidos na secção 4.5.

7.2.5.2 – Nos ensaios mecânicos sobre os muretes

Os muretes pequenos foram sujeitos a ensaios mecânicos de compressão axial e os grandes a


ensaios de compressão-corte. A apresentação efectuada em seguida tem por base o
comportamento dos muretes durante estes ensaios, descrito no Capítulo V, e a análise dos
resultados incluída no Capítulo VI.
Os dois sistemas de ensaio estão descritos no Anexo III e os resultados dos ensaios de pós-
rotura realizados em muretes da solução IIB são detalhados no Anexo IV.

a) ensaios de compressão axial

Nos ensaios de compressão axial os muretes pequenos foram sujeitos a carregamento


vertical monotónico, sendo a resistência mecânica definida para a força vertical máxima, FVmax,
conforme referido nas secções 5.4 e 6.2.

No primeiro ensaio preliminar sobre o murete M47 (simples), cujos resultados foram
influenciados pela rotura precoce do lintel, não armado e apenas com 5 cm de altura,
obtiveram-se: força máxima de Fmax=76,8 kN, a que corresponde σmax=0,24 MPa, módulo
de elasticidade secante, calculado para 30% da força vertical máxima, de E=93 MPa e
470
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

rigidez axial, calculada para igual percentagem de Fmax, de Kaxial=30×103 kN.m/m (tabela 6.1).
A energia dissipada por deformação para a força máxima (100%Fmax) foi de Ediss=221,0 kN.mm e
para uma perda de resistência de 15% em relação à força máxima (85%Fmax) foi de
Ediss=401,6 kN.mm, representando um acréscimo de 1,82 vezes.

Os muretes de referência apresentaram valores (médios) de resistência máxima de:


RCA=136,8 kN, a que corresponde σmax=0,43 MPa, e módulo de elasticidade secante de
E=305 MPa. A rigidez axial foi de Kaxial=98×103 kN.m/m (tabela 6.1).
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax foi de Ediss=611,0 kN.mm e para 85%Fmax foi
de Ediss=1126,3 kN.mm, representando um acréscimo de 1,84 vezes.
Nestes resultados regista-se a proximidade entre os valores das tensões máximas, cuja média
(0,43 MPa) é da ordem de grandeza dos resultados de ensaios realizados in situ [97, 162]. Por
sua vez, o módulo de elasticidade secante (305 MPa) é comparável aos obtidos em ensaios
realizados in situ por A. Costa [44] de 0,23 GPa, e por C. S. Oliveira et al [127], com valores
entre 0,2 GPa e 0,5 GPa.
Nos ensaios de compressão axial foi estimado um valor para o coeficiente de Poisson
(ν=0,24), indicado no ponto 5.6.1, num murete de referência (M32), a partir da relação entre
as deformações transversais e axiais medidas nesse caso. No entanto não foi possível
confirmar este valor, através da relação entre os módulos de elasticidade axial e transversal
(expressão 6.15) devido à dificuldade de cálculo deste último parâmetro, como referido na
secção 6.7.
Assim, embora este valor seja comparável ao referenciado no EC6 [86], de ν=0,25, ele deve
ser encarado com alguma reserva porque: (i) foi determinado apenas com base num ensaio de
compressão axial e (ii) o tipo de alvenaria a que o EC6 se refere não é directamente
comparável à utilizada na construção dos muretes.

De acordo com a tabela 6.15, a relação entre a força máxima obtida no ensaio preliminar
sobre o murete M47, cuja rotura precoce do murete resultou da fendilhação do lintel, não
armado, e a média das forças máximas dos muretes de referência, nos ensaios de compressão
axial, é 0,56 (76,8 kN/136,8 kN). Esta situação confirma a importância dos lintéis nas paredes
de alvenaria ordinária, nas situações de aplicação de elevadas cargas verticais (e horizontais),
simuladas pelos ensaios de compressão axial (e compressão-corte) realizados. Além disso,
evidencia a limitação na resistência a cargas concentradas, devido à baixa resistência à
tracção.

471
Os muretes da solução I (confinamento transversal por conectores metálicos isolados),
revelaram um acréscimo de resistência mecânica de cerca de 1,46 vezes em relação aos
muretes de referência, passando para RCA=199,3 kN, a que corresponde σmax=0,62 MPa, e
módulo de elasticidade secante médio de E=489 MPa. A rigidez axial média foi de
Kaxial=156×103 kN.m/m.
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax foi de Ediss=697,2 kN.mm, representando
um aumento de 1,14 vezes em relação aos muretes de referência, e para 85%Fmax foi de
Ediss=1171,6 kN.mm, representando um acréscimo de 1,04 vezes (tabelas 6.2 e 6.3).
A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax), para a solução I, é de 1,68 vezes.

Os resultados médios das resistências mecânicas das três variantes da solução IIB (lâminas de
micro-betão, com confinamento transversal, sem apoio na base) melhoraram, em geral, em
relação aos muretes de referência, de acordo com os seguintes valores:
i) solução IIB1 (reforço apenas numa face, com confinamento por lâmina de micro-betão
armada e ligada por pregagens): aumento da resistência mecânica de cerca de 2,13 vezes em
relação aos muretes de referência, passando para RCA=291,0 kN. A rigidez axial média nos
ensaios de rotura foi de Kaxial=105×103 kN.m/m.
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax foi de Ediss=1587,2 kN.mm, representando
um aumento de 2,60 vezes em relação à média dos muretes de referência, e para 85%Fmax foi
de Ediss=1999,2 kN.mm, representando um acréscimo de 1,78 vezes (tabelas 6.4 e 6.5).
A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax), para a solução IIB1, é de 1,26 vezes.

ii) solução IIB2 (reforço em ambas as faces, com confinamento por lâminas de micro-betão
armadas e ligadas por pregagens): na situação de apoio parcial (M22), aumento da resistência
mecânica de cerca de 3,55 vezes em relação aos muretes de referência, obtendo-se
RCA=485,0 kN, e na situação de ausência de apoio na base (M33), aumento de cerca de
cerca de 2,65 vezes em relação aos muretes de referência, passando para RCA=362,2 kN, no
ensaio de rotura. A rigidez axial do murete M22 foi de Kaxial=344×103 kN.m/m e, de M33, de
Kaxial=401×103 kNm.m.
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax (M22) foi de Ediss=113,2 kN.mm,
representando cerca de 19% da média dos muretes de referência. Para M33, Ediss (100%Fmax)
foi de Ediss=2137,9 kN.mm, representando um acréscimo de cerca de 3,5 vezes em relação à
média dos muretes de referência, enquanto que para 85%Fmax foi de Ediss=4245,8 kN.mm,
representando um acréscimo de 3,77 vezes (tabelas 6.6 e 6.7).
A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax) de M33 é de 1,99 vezes.
472
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

iii) solução IIB3 (reforço em ambas as faces, com confinamento por lâminas de micro-betão
armadas e ligadas por conectores): aumento da resistência mecânica de cerca de 3,96 vezes
em relação à média dos muretes de referência, passando para, RCA=541,3 kN. A rigidez axial
média foi de Kaxial=422×103 kN.m/m.
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax foi de Ediss=2398,2 kN.mm,
representando um aumento de 3,93 vezes em relação à média dos muretes de referência, e
para 85% max foi de Ediss=7858,6 kN.mm, representando um acréscimo de 6,98 vezes (tabelas
6.8 e 6.9).
A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax), para a solução IIB3, é de 3,28 vezes.

Os muretes da solução III (lâminas de micro-betão armadas, sem confinamento transversal,


com apoio na base) foram os mais resistentes de todos os ensaiados, tendo apresentado uma
resistência máxima de cerca de 13,85 vezes em relação aos muretes de referência, passando
para RCA=1894,4 kN, e rigidez axial média de Kaxial=1211×103 kN.m/m;
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax foi de Ediss=2843,6 kN.mm,
representando um aumento de 4,65 vezes em relação aos muretes de referência (tabelas 6.10 e
6.12).

A solução IV (reboco de argamassa bastarda armada com rede de fibra de vidro, com
confinamento transversal por fios de aço zincado e apoio na base) apresentou valores de
resistência mecânica média um pouco inferiores aos muretes mais resistentes da solução IIB,
tendo sido obtida a força máxima (média) de RCA=440,3 kN, correspondente a um aumento
de cerca de 3,22 vezes em relação à média dos muretes de referência, enquanto que a rigidez
axial média foi de Kaxial=278×103 kN.m/m;
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax foi de Ediss=1456,2 kN.mm (valor com
grande dispersão), representando um aumento de 2,38 vezes em relação aos muretes de
referência, e para 85%Fmax foi de Ediss=3249,5 kN.mm (idem), representando um acréscimo de
2,89 vezes (tabelas 6.13 e 6.14).
A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax), para a solução IV, é de 2,23 vezes.

O efeito das condições de apoio do reforço e do confinamento da alvenaria foi determinante


para a melhoria da resistência mecânica global do “elemento a reforçar”, como se verificou na
solução III (lâminas de micro-betão armadas com malha metálica, sem confinamento
transversal e com apoio na base) em relação à solução IIB (lâminas de micro-betão armadas

473
com malha metálica, com confinamento transversal mas sem apoio na base), e desta em
relação à solução IV (reboco de argamassa bastarda armado com malha de fibra de vidro,
confinamento transversal e apoio na base), nos ensaios de compressão axial.
De facto, apesar da resistência mecânica média da argamassa bastarda ser de 4,55 MPa (tabela
4.26) e a resistência média do micro-betão da solução IIB (em provetes cilíndricos do “tipo B”,
tabela 4.12) ser de 36,0 MPa, cerca de oito vezes maior, a resistência à compressão média dos
muretes da solução IIB3 (“comparáveis” com a solução IV) foi de RCA=541,3 kN, enquanto
que para os muretes da solução IV foi de RCA=440,3 kN, “apenas” cerca de 1,2 vezes
superior.
A respeito desta análise, há ainda a referir a circunstância de a espessura média das lâminas de
reforço da argamassa bastarda ser de 3 cm, e do micro-betão de 5 cm.
Assim, de acordo com os resultados obtidos, pode concluir-se que o tipo de confinamento
transversal (ponto 6.2.4.3) conjugado com as condições de apoio do reforço em relação às
bases dos sistemas de ensaio (ponto 6.2.5), pode ser tão importante como a resistência
mecânica do material de reforço, como se verifica na comparação dos resultados das soluções
IIB3 / III e IIB3 / IV. Nesta medida, o reforço das fundações deve, em princípio, ser
equacionado e fazer parte integrante dos trabalhos de reabilitação estrutural, não só para
suportar o aumento das cargas gravíticas resultantes dos novos materiais utilizados mas
também para concretizar a resistência intrínseca de cada solução.

Comparando os resultados e o comportamento mecânico dos muretes da solução IIB (lâminas


de micro-betão armadas, com confinamento transversal por pregagens e conectores, sem
apoio na base) com a solução III (lâminas de micro-betão armadas, sem confinamento
transversal, mas com apoio na base), pode-se concluir que no primeiro caso (IIB) a rotura foi
principalmente condicionada pelo comportamento da alvenaria (figs. 6.10, 6.13 e 6.15),
enquanto que no segundo caso foi condicionada pela resistência das lâminas do micro-betão
(fig. 6.18). No entanto, o desempenho dos muretes da solução III foi prejudicado pela
ausência de ligação entre as lâminas de micro-betão (confinamento transversal), que levou à
sua rotura predominantemente por encurvadura lateral.
Com efeito, este modo de rotura impediu que toda a resistência à compressão das lâminas de
micro-betão fosse mobilizada, obtendo-se assim uma tensão resistente da ordem de 22 MPa
(tabela 6.11), muito inferior à dos cilindros carotados do “tipo B”, cujo valor médio é 51 MPa
(tabela 4.19).

474
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

Por outro lado, e como ficou implícito nos ensaios de pós-rotura apresentados no Anexo IV,
as pregagens utilizadas nas soluções IIB1 e IIB2 dificilmente garantem a coesão da alvenaria
em fase de rotura, uma vez que confinam e agregam a alvenaria entre elas, mas não ligam essa
alvenaria à alvenaria adjacente. A ligação entre os dois “volumes” de alvenaria (“perto” e
“longe” das pregagens) continua a depender da capacidade de ligação da argamassa de
assentamento, tal como em toda a alvenaria onde as pregagens não existem.
A coesão interna do material, e por conseguinte, a ligação entre os dois “volumes” de alvenaria
(com e sem pregagens), poderá ser melhorada no caso de se utilizarem caldas de injecção que
melhorem a ligação entre as pedras, o que requer condições especiais de aplicação, para garantir
o desejado aumento de coesão interna (nomeadamente a necessidade da calda poder percolar e
preencher todos os espaços vazios existentes). Nesta aplicação devem ser salvaguardados os
requisitos de durabilidade da alvenaria e das caldas a utilizar, de acordo com os princípios
referidos na secção 4.5. Além disso, deve-se ter em conta que a utilização de caldas de
injecção inviabiliza sempre o princípio da reversibilidade (reparabilidade) das intervenções,
referido no Capítulo I.

Na solução IIB, a ligação entre as lâminas de micro-betão e a alvenaria era assegurada


sobretudo pelo sistema de confinamento (ligação) transversal, devido à diferença de características,
e sobretudo de rigidez, dos materiais de construção (argamassa de assentamento) e de reforço
(micro-betão). No entanto, nas zonas em que as pedras das faces dos muretes se encontravam
salientes da argamassa de assentamento, pode considerar-se a existência da ligação entre estas
e o reforço, pelo facto de se ter observado a fractura de algumas dessas pedras nalguns
ensaios.
Do ponto de vista da avaliação da melhoria de resistência mecânica conferida pelas soluções e
variantes de reforço estudadas (tabelas 5.1 e 5.2), os resultados apresentam, em geral, pequena
dispersão. Exceptua-se a variante IIB1, onde os resultados apresentaram uma variação relativa
entre si de 163% (366,3 kN/224,3 kN) a qual, no entanto, constituiu uma conclusão
importante, ao evidenciar o deficiente comportamento mecânico desta variante de reforço,
constituída por lâminas de micro-betão armadas com confinamento transversal por pregagens,
em apenas uma face. Esta variante (IIB1) proporcionou um aumento de resistência médio em
relação aos muretes de referência de 2,13 vezes, como se referiu, embora com grande
dispersão de valores da força máxima, revelando ser uma solução com fiabilidade reduzida.
Além disso, tem ainda o inconveniente de apresentar resistência e rigidez excêntricas em
relação ao centro geométrico dos modelos, o que é um inconveniente neste tipo de ensaios.
Contudo, em situações reais, tal poderá não ser um factor negativo, principalmente no caso
475
das cargas gravíticas provenientes dos pavimentos serem aplicadas directamente sobre as
lâminas de reforço, ficando assim o ponto de aplicação destas cargas mais próximo do centro
de resistência e de rigidez das paredes. No caso de acções horizontais (acção sísmica) a falta
de simetria da secção é um factor de redução da eficiência da solução de reforço.

Em relação aos valores de energia dissipada por deformação em cada ensaio, a dispersão foi
maior do que na resistência mecânica, revelando essencialmente maior irregularidade na
deformabilidade dos muretes, traduzida pela dispersão das deformações correspondentes à
força máxima (100%Fmax) e a 85%Fmax, como sucede com os muretes M44 (sol. I), M53 (sol.
IIB1), M52 (sol. IIB3), M25 (sol. III) e M29 (sol. IV).
Correspondendo a energia dissipada por deformação à área compreendida entre o diagrama
força-deslocamento e o eixo dos deslocamentos, como se referiu, e havendo, dentro de cada
série (solução de reforço), alguma concordância nos valores da resistência mecânica e da
rigidez do conjunto “alvenaria+reforço”, a diferença de valores assinalada resulta sobretudo da
maior ou menor deformação dos muretes em fase de comportamento não linear.
No ponto 6.2.7 procurou-se justificar, para estes muretes, as razões da dispersão de valores de
Ediss. Em termos gerais, no entanto, pode dizer-se que este parâmetro depende da capacidade
de confinamento da alvenaria pelos elementos de reforço e da influência da furação das
pedras (para a realização do confinamento transversal), na melhoria do confinamento
transversal.

Duma forma geral, os muretes (excepto os da solução III), apresentaram melhoria de


ductilidade, em relação aos muretes de referência. Em particular, ressalta-se as soluções IIB3
e IV, (fig. 6.29), fruto do sistema de confinamento da alvenaria.
Os muretes da solução III apresentaram rotura frágil, resultante principalmente da rotura por
flexão das lâminas de micro-betão, que não se encontravam ligadas entre si por dispositivos
específicos.

Em relação à rigidez axial dos muretes nos ensaios de compressão axial (fig. 6.23), pode
dizer-se que nos muretes de referência, da solução I (conectores isolados) e da solução IIB1
(lâminas de micro-betão com pregagens numa face, sem apoio na base) apresenta valores da
mesma ordem de grandeza, o que permite concluir que o comportamento mecânico destes
muretes, observado durante os ensaios, é determinado essencialmente pelo comportamento da
alvenaria.

476
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

De facto, se na solução I existe confinamento transversal (contínuo) por conectores, a sua


eficácia não pode ser completamente alcançada, em virtude da reduzida área de influência do
confinamento, traduzida pela área das chapas de ancoragem, comparativamente à
proporcionada pela lâmina de micro-betão da solução IIB1, a qual, todavia, devido à ausência
da lâmina homóloga na face oposta e de confinamento por conectores, também não permite a
adequada mobilização do reforço aplicado.
Neste parâmetro (rigidez axial), a solução IV revela-se quase tão eficiente como a solução IIB3.

b) ensaios de compressão-corte

Os ensaios de compressão-corte são assim designados em virtude do tipo de carregamento


aplicado sobre os muretes: numa primeira fase o carregamento vertical (compressão), aplicado
até se atingir o valor previamente definido e mantido aproximadamente constante a partir daí.
Em seguida, iniciavam-se os deslocamentos horizontais (corte) ao nível do lintel, através do
actuador mecânico, até à rotura dos muretes, em ensaios monotónicos, cíclicos ou alternados,
conforme referido nas secções 5.5 e 6.3.
A rotura dos muretes nos ensaios de compressão-corte é definida pela força horizontal máxima,
FHmax, sendo a resistência mecânica correspondente dada pela expressão 5.2, na qual é
considerada a força vertical média existente nessa altura.
Tendo em vista a simplificação da comparação dos resultados, apresentam-se em seguida os
valores médios das forças verticais, FV, horizontais (máximas), FHmax, e resultantes, RCC,
registadas para as várias soluções no instante da rotura (100%FHmax), independentemente do
tipo de ensaio realizado (monotónico, cíclico ou alternado, fig. 5.152), bem como os valores
da rigidez transversal para todos os ensaios e da energia dissipada por deformação nos ensaios
monotónicos.

Assim, nos muretes de referência registaram-se valores (médios) de FV=109,2kN e


FHmax=23,8 kN, a que corresponde a resultante inclinada média RCC=111,8 kN. A rigidez
transversal, calculada para 30% da força horizontal máxima foi de Ktransv=140×103 kN.m/m.
A energia dissipada por deformação para 100%FHmax foi de 76,2 kN.mm e para 85%FHmax foi
de 118,8 kN.mm (tabela 6.17). A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax) para os
muretes de referência é de 1,56 vezes.
O coeficiente de ductilidade em deslocamento médio é de µd=34, e o drift médio
(“inclinação” dos muretes, no plano de carga, no final dos ensaios, para 85%FHmax) é de 0,5%.

477
Os muretes da solução I (confinamento transversal por conectores metálicos isolados),
apresentaram valores (médios) de FV=158,9 kN e FHmax=37,4 kN, a que corresponde a resultante
inclinada média RCC=163,4 kN, equivalente a um aumento de cerca de 46% em relação aos
muretes de referência. A rigidez transversal média foi Ktransv=63×103 kN.m/m.
A energia dissipada por deformação para 100%Fmax (muretes M10 e M13, sujeitos a ensaios
monotónicos) foi de 151,3 kN.mm, representando um aumento de 1,99 vezes em relação aos
muretes de referência, e para 85%Fmax foi de 342,9 kN.mm, representando um acréscimo de
2,89 vezes (tabelas 6.24 e 6.25).
A relação entre Ediss (85%Fmax) e Ediss (100%Fmax), para a solução I, é de 2,27 vezes.
O coeficiente de ductilidade em deslocamento médio é de µd=21, sendo a redução em relação
aos muretes devida à redução de rigidez transversal. O drift médio, para 85% FHmax, é de 0,9%.

Para os muretes da solução IIB3 (lâminas de micro-betão armadas em ambas as faces, ligadas
entre si por conectores metálicos, sem apoio na base), obteve-se FV=362,0 kN e FHmax=99,0 kN,
a que corresponde a resultante inclinada média de RCC=375,4 kN, ou seja um aumento de
cerca de 3,36 vezes em relação aos muretes de referência. A rigidez transversal média foi
Ktransv=229×103 kN.m/m (tabelas 6.21 e 6.22).
O coeficiente de ductilidade em deslocamento médio é de µd=52, e o drift médio, para
85%FHmax, de 1,9%. Estes dois parâmetros evidenciam a ductilidade conferida por esta
solução de reforço, relativamente aos muretes de referência.

Nos muretes da solução IV (reboco de argamassa bastarda, com confinamento transversal e


apoio na base) as forças máximas alcançadas foram FV=330,0 kN e FHmax=77,8 kN, a que
corresponde a resultante inclinada média de RCC=339,0 kN, isto é um aumento de cerca de
3,0 vezes em relação à média dos muretes de referência.
A rigidez transversal média foi de Ktrasnv=285×103 kN.m/m.
O coeficiente de ductilidade em deslocamento médio dos muretes M19 e M11 é de µd=44, e o
drift de 0,3%. Para o murete M14 estes parâmetros são significativamente superiores, sendo
respectivamente de µd=103 e ∆=2,7%

Os resultados de resistência mecânica obtidos nos ensaios de compressão-corte, dos muretes


de referência e das soluções de reforço, apresentam uma relação de proporcionalidade da
mesma ordem de grandeza da registada nos ensaios de compressão axial, não obstante a maior
severidade dos ensaios de compressão-corte, quer devida ao tipo de carregamento quer devido

478
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

ao tipo de ensaios (nomeadamente os cíclicos e alternados) em alguns muretes (tabelas 6.15 e


6.28).
Estes resultados mostram também a existência de uma relação aproximadamente linear entre as
resistências mecânicas dos muretes pequenos e grandes, cujo declive da recta de regressão se
aproxima de 0,5, fig. 6.50. Esta linearidade pode ser explicada pelas características geométricas
dos muretes, e não parece depender do tipo de ensaio de compressão-corte (monotónico, cíclico
ou alternado). Por esta razão, para a hierarquização da eficiência das soluções de reforço
consideram-se suficientes os ensaios de compressão axial.

A partir dos resultados obtidos nos ensaios de compressão-corte realizados sobre os muretes
de referência e as soluções de reforço I, IIB3 e IV, foi possível determinar os principais
parâmetros do critério de rotura de Mohr-Coulomb.
Por outro lado, e tendo em conta as simplificações introduzidas, nomeadamente no que se
refere: (i) à análise em termos de tensões, calculadas com base em secções transversais de
referência dos muretes das soluções IIB e IV, diferentes das secções reais dos muretes
reforçados, e (ii) ao campo de tensões e respectiva resultante considerados, o “modelo de
escoras e tirantes” proposto para a análise da resistência dos muretes forneceu bons resultados
face os obtidos nos ensaios de compressão axial e compressão-corte realizados (tabela 6.36).
Deste modo, pode concluir-se que o modelo apresenta potencialidades para ser usado na
verificação da segurança mecânica de paredes de alvenaria ordinária, sujeitas a forças no seu
plano.

A análise das relações “custo/benefício” (C/B) em termos de resistência mecânica obtida nos
ensaios de compressão axial (tabela 6.37 e fig. 6.58) confirmou a importância das condições
de apoio das lâminas de micro-betão em relação à base de ensaio nos muretes da solução III,
comparativamente aos da solução IIB, cujas relações C/B das três variantes são sempre
superiores à relação C/B da solução III.
Ainda em relação à solução IIB, é interessante verificar que a variante IIB1 (lâmina de micro-
betão com pregagens apenas numa face) apresenta uma relação C/B igual à da variante IIB3
(lâminas de micro-betão com conectores transversais inteiros), mas as resistências médias são
totalmente diferentes, uma vez que: RCA(IIB1)=291,0 kN enquanto RCA(IIB3)=541,3 kN
(cerca de 1,86 vezes superior).
Já em relação à variante IIB2 (M33, sem apoio parcial), esta possui uma relação C/B superior
em 60% comparativamente à solução IIB3, sendo RCA(IIB2, M33)=362,2 kN, mas
mantendo-se RCA(IIB3)=541,3 kN (cerca de 1,49 vezes superior).
479
A análise das relações C/B permite também realçar a importância do confinamento transversal
da alvenaria, uma vez que a relação C/B da solução de reforço IV foi a segunda mais baixa,
não podendo tal desempenho ser atribuído à resistência da argamassa bastarda, mas antes ao
sistema de cosedura aplicado à alvenaria, devendo salientar-se ainda que os três muretes
ensaiados romperam sistematicamente no volume de alvenaria compreendido entre a fiada
superior de furos transversais e os lintéis para distribuição das cargas, onde o confinamento da
alvenaria não foi aplicado. Face aos resultados dos ensaios, admite-se que esta solução de
reforço (IV) poderia ainda ter tido um melhor desempenho se a rede de fibra de vidro fosse
mais densa, ou tivesse sido utilizado um maior número de camadas de rede por face.
A solução IV apresenta melhores resultados que a solução IIB também no que se refere à
compatibilidade física e química com a alvenaria, donde se pode concluir, experimentalmente,
sobre o elevado desempenho da solução IV em relação à solução IIB3, cujos custos de execução são
cerca de 50% mais elevados (tabela 6.30), para as condições de realização do reforço dos muretes.
Ainda no que se refere às condições de exequibilidade técnica, a solução IV é mais favorável,
uma vez que apresenta menor necessidade de recursos humanos e técnicos.

Deste modo, ponderando e comparando todos os resultados obtidos, nomeadamente em


termos de: (i) características físicas, mecânicas e químicas da alvenaria e dos materiais de
reforço dos muretes (pontos 3.8.5 e 4.3.4 e Anexo II); (ii) condições de exequibilidade
técnica, arquitectónica e económica (secção 4.4); (iii) compatibilidade física, mecânica e
química entre as soluções de reforço e a alvenaria dos muretes, e aspectos de durabilidade das
soluções de reforço (secções 4.5 e 4.6); (iv) resultados obtidos nos ensaios mecânicos realizados
sobre todos os muretes (simples e reforçados), sobretudo em termos de resistência mecânica,
rigidez e energia dissipada por deformação (pontos 5.4.6, 5.5.6, 5.6.5, 6.2.6 e 6.3.4) e (v) relação
custo/benefício (secção 6.6), pode afirmar-se que a solução de reforço IV (muretes reforçados
com reboco de argamassa bastarda, armado com rede de fibra de vidro e confinamento
transversal por fios de aço zincado, com apoio na base) é a que apresenta maiores vantagens
para ser utilizada em trabalhos de reforço de estruturas de alvenaria ordinária.

7.2.6 – Sobre os objectivos propostos e os objectivos alcançados

Considerando que os objectivos do trabalho eram essencialmente a quantificação da resistência


mecânica de modelos experimentais de alvenaria ordinária, simples e sujeitos a várias soluções
de reforço, com destaque também para a influência das condições de confinamento transversal
e apoio das lâminas de reforço nas bases de ensaio, para o estudo dos processos construtivos e

480
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

das características físicas, químicas e mecânicas dos materiais de construção utilizados e para a
análise da compatibilidade física e mecânica entre os materiais de reforço e a alvenaria, pode
dizer-se que, no essencial, estes objectivos foram alcançados.
Contudo, muito trabalho ficou por concretizar, parte do qual se deve a condicionantes de
ordem logística, não obstante o apoio e patrocínio dado pelas empresas referidas no início,
sem o que este estudo teria sido impossível. Em particular, ficou por analisar uma solução de
consolidação dos muretes M57 a M62, e a realização de, pelo menos, um ensaio de compressão
axial e outro de compressão-corte de muretes de referência no final do trabalho, tendo em vista
confrontar os resultados com os dos muretes de referência ensaiados no início do trabalho.
Ficaram por aprofundar alguns aspectos da análise das condições de durabilidade dos
materiais utilizados nas soluções de reforço. E, por fim, ficaram por realizar os ensaios de
resistência mecânica das duas amostras de paredes de alvenaria ordinária representadas na
fig. 5.237, bem como a realização de ensaios in situ (nomeadamente com macacos planos),
tendo em vista a sua comparação com os resultados laboratoriais. Neste último caso, no
entanto, a situação foi parcialmente ultrapassada, recorrendo-se a resultados de ensaios
efectuados in situ por alguns autores.

7.3 – Desenvolvimentos futuros

Dos 62 muretes construídos (fig. 3.9), foram utilizados 37 no estudo experimental (35 nos
ensaios mecânicos de compressão axial e compressão-corte, e dois nos ensaios de absorção de
água sob baixa pressão), perdendo-se acidentalmente dois muretes. Restam assim 23 muretes
por ensaiar. As principais razões para a diferença entre o número de muretes construídos e
ensaiados foram as seguintes (que se interligam): (i) necessidade de garantir que, no caso de
ocorrer algum acidente, tal não inviabilizasse a continuação do trabalho por falta de modelos;
(ii) razões de segurança dos sistemas de ensaios (em relação aos restantes muretes da solução
III), que deverá ser melhorada com a implementação de reforços adequados, para o ensaio de
muretes mais resistentes, e (iii) razões de prazo, aliadas à falta de pessoal técnico de apoio na
realização do trabalho experimental, bem como o tempo dispendido na concepção e
montagem dos sistemas de ensaio. Esta situação, por outro lado, facilita a continuação do
trabalho experimental, ensaiando os muretes já reforçados (solução III), os que não puderam
ser consolidados com injecção de caldas (M57 a M62) e os construídos deliberadamente em
excesso, sujeitando-os a novas soluções de reforço.
Pese embora a necessidade de algumas alterações nos dois sistemas de ensaio criados (para
reforço da segurança), estes continuarão a ser utilizados na prossecução do estudo agora iniciado.
481
O recomeço dos ensaios mecânicos sobre os muretes possibilitará retomar o acompanhamento da
evolução da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento ao longo do tempo (a
realizar no final de cada ensaio).
Outro aspecto que importa estudar é o efeito das diferenças de comportamento estrutural
relativas a outras distribuições de conectores (em malha quadrada ou rectangular, por exemplo
com manutenção do afastamento na direcção vertical e o aumento ou a diminuição do
afastamento na direcção horizontal, relativamente à espessura dos muretes, ou vice-versa), bem
como a utilização de chapas de ancoragem com área superior à utilizada (100×100 mm2),
continuando os ensaios do tipo dos realizados com a solução I, fig. 7.1.

a – espessura do murete (0,40 m); b – espaçamento a estudar

- em cima: manutenção do afastamento vertical, e diminuição do afastamento horizontal, em relação à espessura dos muretes;
- em baixo: vice-versa

Fig. 7.1 - Outras distribuições de conectores

482
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

Este estudo poderá levar a conclusões interessantes, sobretudo (i) no que se refere à influência
do afastamento dos conectores na ductilidade e no modo de colapso dos muretes, e (ii) na
pesquisa de uma regra de distribuição dos conectores transversais em função da espessura das
paredes a reforçar. Esta questão é muito importante do ponto de vista económico, uma vez
que o custo e a dificuldade de execução dos furos são elevados (tabelas 4.30 a 4.35).
Este aspecto deverá também ser objecto de futura modelação numérica, tendo por base os
resultados obtidos no estudo já realizado, que permita, por exemplo, analisar a influência do
afastamento dos conectores na resistência e ductilidade das paredes.

Outra solução de reforço a estudar, relacionada com a solução I, consiste na utilização de um


conjunto de barras metálicas, formando uma estrutura treliçada, plana, em cada face dos
muretes, com as extremidades das barras fixas (aparafusadas) às extremidades dos conectores
metálicos, tornando desnecessárias as chapas de ancoragem dos conectores. Esta solução tem,
no entanto, a desvantagem de ocupar mais espaço que as chapas de ancoragem, mas deve
apresentar ganhos de ductilidade e resistência em relação aos da solução I, que importaria
analisar.
De igual forma, deviam ser ensaiados outros materiais de confinamento transversal, como
cabos de aço ou fitas metálicas (com protecção anticorrosiva), estas últimas semelhantes às
representadas na fig. 7.2. Em ambos os casos o espaço ocupado é reduzido, mas existe maior
facilidade de dobragem que no sistema usado neste trabalho (fios de aço zincado, com 4 mm de
diâmetro) 34).

Fig. 7.2 - Exemplo de fitas metálicas que podem ser usadas no confinamento transversal da
alvenaria

_______________
34)
O recurso à alvenaria “cosida” com fita metálica é uma prática desenvolvida nos Estados
Unidos, já há algum tempo [125], mas pouco divulgada no nosso País.

483
Em relação às soluções IIB e III, preconiza-se o desenvolvimento de um estudo sobre as
condições de resistência ao ataque por sulfatos, no murete M56. Neste murete foi aplicada, em
cada face, uma lâmina de micro-betão de cada uma daquelas soluções de reforço, para
realização dos ensaios de absorção de água sob baixa pressão e de aderência (apenas na face
onde foi aplicada a solução IIB), facilitando esta análise futura.

Outro aspecto que se considera com interesse, consiste na moldagem de conjuntos de cinco
lâminas de micro-betão, com espessura individual de 5 cm, armadas com rede semelhante à
usada (fig. 4.15) e ligadas mecanicamente entre si, após a cura do material, de forma a ficar
um espaço mínimo de 5 cm nos pontos correspondentes aos conectores, e proceder a ensaios
de compressão axial e compressão-corte dos modelos assim obtidos. Este estudo terá como
objectivo individualizar o comportamento mecânico das lâminas de micro-betão.
A preparação destes modelos chegou a ser tentada aquando da preparação da solução de
reforço IIB, mas, motivos de ordem logística, que se prenderam com dificuldades no
fornecimento da malha metálica, num prazo compatível com a realização do trabalho,
inviabilizaram a sua concretização, fig. 7.3.

Fig. 7.3 - Aspecto das cinco lâminas (painéis) de micro-betão, com espessura média de 2,5 cm,
preparados durante a aplicação da 1ª camada de micro-betão da solução de reforço IIB

A solução de reforço IV (reboco de argamassa bastarda armado com rede de fibra de vidro com
confinamento transversal) revelou resultados bastante satisfatórios, tanto no que se refere aos
valores de resistência mecânica como em termos de compatibilidade física com a alvenaria
dos muretes, nomeadamente no comportamento face à humidade. Isto, para além de ver
minimizados os aspectos de durabilidade referidos para as soluções IIB e III. Deverão, no
entanto, ser exploradas outras redes de fibra de vidro, mais densas ou com um maior número

484
Capítulo VII – Comentários Finais e Conclusões

de camadas de rede semelhante à usada, e outras soluções alternativas de confinamento (fitas


metálicas, cabos, etc.).

Propõe-se também a construção de novos modelos experimentais de alvenaria ordinária, com


estrutura de madeira embutida, em “cruz de Sto. André”, para avaliação do acréscimo de
resistência conferido por este material (madeira). Nestes modelos, seria primeiro construída a
armação de madeira, que depois seria envolvida pela alvenaria, num processo semelhante ao da
construção das paredes de frontal, características dos edifícios da Baixa Pombalina. Em
paralelo, seriam ensaiadas apenas as armações de madeira, segundo a configuração que
viessem a ter no interior dos muretes, procurando quantificar a sua resistência em ensaios de
compressão axial e compressão-corte.
Além disso, mantém-se o interesse em ensaiar amostras de paredes retiradas de edifícios reais,
com dimensões semelhantes aos muretes (fig. 5.237).

Os muretes M57 a M62 deverão finalmente ser ensaiados, três simples e três consolidados
com calda de injecção a estudar.
Seria ainda interessante o desenvolvimento de soluções mistas, de injecção de caldas,
refechamento de juntas e confinamento transversal, do tipo das realizadas por Valluzzi et al [194],
mas aplicadas a muretes de alvenaria ordinária, cujo mecanismo para permitir a realização das
injecções, sem fendilhação prévia dos modelos, deverá ser adequadamente estudado. As
argamassas a utilizar devem obedecer a determinados requisitos, como retracção reduzida e
compatibilidade química e física com os materiais existentes.

Na parte final da elaboração deste trabalho, foi feita uma análise numérica simples (macro-
modelação) dos muretes de referência, simulando o carregamento aplicado nos ensaios de
compressão axial e compressão-corte e considerando o comportamento elástico linear dos
materiais. Porém, os resultados desta análise não são apresentados porque carecem de um
maior aprofundamento. Neste sentido, deverá ser realizada uma análise mais detalhada, que
tenha em conta os dados obtidos no trabalho experimental, nomeadamente as características
mecânicas dos materiais de construção e de reforço.
Estes dados deverão também ser utilizados no estudo de modelos numéricos que permitam
analisar o comportamento mecânico de paredes de alvenaria ordinária e dos próprios edifícios,
perante a acção de cargas verticais e horizontais.

485
Por fim, considera-se muito interessante a possível construção de um edifício de alvenaria
ordinária em escala adequada, em condições e local a estudar oportunamente, cujas paredes
seriam construídas segundo os critérios utilizados na construção dos muretes. As paredes deste
edifício seriam depois sujeitas a fendilhação prévia através de um ensaio de corte,
materializado pela aplicação de deslocamentos horizontais ao nível do(s) piso(s), após o que
seriam reforçadas segundo métodos apropriados. Em seguida seria repetido o ensaio até ao
colapso do edifício, com a análise detalhada dos resultados obtidos.

486
Anexo I
ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DOS MURETES
488
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

1 – Introdução

Apresentam-se neste Anexo os procedimentos de ensaio e cálculos realizados para a determinação


das características físicas, mecânicas e químicas dos materiais de construção e dos próprios
muretes, referidas no Capítulo III (secção 3.8).

2 – Caracterização da pedra

2.1 – Características físicas

- Massa volúmica e porosidade aberta (pelo método da pesagem hidrostática)

• equipamentos utilizados: estufa ventilada; balança com precisão de 0,001 g; excicador;


bomba de vácuo; funil de vidro; recipiente com sílica gel; mangueiras de plástico, fig. I.1.

1 – estufa ventilada para a secagem de diversos materiais; 2 – balança com precisão de 0,001g; 3 – amostra de pedras a
ensaiar; 4 – excicador com a amostra; 5 – bomba de vácuo; 6 – recipiente com sílica gel; 7 – vacuómetro; 8 – funil de
vidro em suporte próprio; 9 – vista global do equipamento
Fig. I.1 - Determinação da massa volúmica e porosidade aberta da pedra

• procedimento seguido [182, 183]: i) secagem dos provetes na estufa ventilada a 60 ± 5 ºC de


temperatura, até massa constante 1); (ii) determinação da massa M1 (dos provetes secos); (iii)
introdução dos provetes no excicador provocando uma depressão gradual até 2667 Pa, com
o auxílio da bomba de vácuo e mantendo-se assim durante 24 horas; (iv) colocação de água
_______________
1)
Atingida quando a variação entre duas pesagens intervaladas de 24 h é menor ou igual a 0,1%
da massa do provete [182].
489
no excicador, lentamente e a uma temperatura de 15 a 20 ºC, até à imersão total dos provetes,
durante cerca de 15 minutos (nesta operação, a bomba de vácuo continua ligada, sendo a água
introduzida no excicador através de uma mangueira de PVC que entra na abertura própria da
tampa); (v) manutenção dos provetes em imersão total à pressão referida durante 24 horas e à
pressão atmosférica normal durante mais 24 horas, após o que se efectua a pesagem dos
provetes em imersão (pesagem hidrostática), obtendo-se a massa M2; (vi) retiraram-se os
provetes da água, enxugam-se com um pano húmido e determina-se a massa M3, dos provetes
saturados.

• resultados: são obtidos através das expressões seguintes, que definem as massas volúmicas
real (MVR) e aparente (MVA) em kg/m3, e a porosidade aberta (PA) em [%], respectivamente.

M1
- massa volúmica real: × 103 [kg/m3] (I.1)
M1 − M 2

M1
- massa volúmica aparente: × 103 [kg/m3] (I.2)
M3 − M 2

M3 − M1
- porosidade aberta: × 10 2 [%] (I.3)
M3 − M 2

Tabela I.1 - Massa volúmica e porosidade aberta da pedra


Data Massas [g] MVR MVA PA
Amostra Provete
do M1 ( )1
M2 M3
Nº Nº [Kg/m3] Média [Kg/m3] Média [%] Média
ensaio
T= 61ºC T= 25,5º
1 97,336 61,470 99,329 2713,9 2571,0 5,3
2 176,955 111,543 181,821 2705,2 2517,9 6,9
3 146,900 92,670 150,616 2708,8 2709,7 2535,1 2531,5 6,4 6,6
1
4 61,985 39,091 63,666 2707,5 2522,3 6,8
5 93,865 59,252 96,664 2711,8 2509,0 7,5
6 125,109 78,957 128,338 2710,8 2533,5 6,5
7 107,934 68,123 113,584 2711,2 2374,2 12,4
8 122,926 77,540 129,502 2708,5 2365,7 12,7
19 a 22/11/02

9 97,041 61,230 99,936 2709,8 2709,4 2507,1 2482,1 7,5 8,4


2
10 165,047 104,135 169,898 2709,6 2509,7 7,4
11 97,174 61,302 98,265 2708,9 2629,0 3,0
12 65,764 41,483 67,719 2708,5 2506,6 7,5
13 119,029 75,108 122,042 2710,1 2536,1 6,4
14 105,720 66,695 108,129 2709,0 2551,5 5,8
15 122,663 77,354 126,666 2707,3 2487,5 8,1 9,3
3 2709,1 2458,2
16 178,199 112,408 185,693 2708,6 2431,6 10,2
17 100,849 63,634 106,575 2709,9 2348,5 13,3
18 86,114 54,337 90,311 2709,9 2393,8 11,7
Média 2709,4 2490,6 8,1
1
( ) - Massa constante, após condicionamento em estufa ventilada a 61 ºC

490
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Em seguida procede-se à verificação das expressões I.1 a I.3, considerando: (i) M1 a massa
do provete seco (m); (ii) M2 a massa obtida em pesagem hidrostática; (iii) M3 a massa do
provete saturado; (iv) V o volume total do provete (matéria + vazios); (v) v o volume de
vazios do provete; (vi) Imp a impulsão da água (peso total do líquido deslocado) e γágua a
massa específica da água.
Assim, sendo:

M1 = m (I.4)

M2 = M1 – Imp (I.5)

com: Imp = γágua × (V – v) (I.6)

M3 = M1 + v × γágua (I.7)

tem-se:

Imp
de (I.6): V–v= (I.8)
γ água

M3 − M1
de (I.7): v= (I.9)
γ água

Imp M3 − M1 M3 − M2
de (I.8) e (I.9): V = (V – v) + v = + = (I.10)
γ água γ água γ água

logo:

m M1
- para a massa volúmica real: Ù × 103 [kg/m3] [I.1]
V−v M1 − M 2

m M1
- para a massa volúmica aparente: Ù × 103 [kg/m3] [I.2]
V M3 − M 2

v
- para a porosidade aberta: Ù M3 − M1 ×10 2 [%] [I.3]
V M3 − M 2

- Índice ou coeficiente volumétrico (ensaio realizado no laboratório de uma das empresas que
forneceu os materiais de construção dos muretes – SECIL, SA)

• equipamentos utilizados: craveira com abertura até 40 cm; recipiente para determinações
volumétricas, com capacidade não inferior ao dobro do maior dos volumes a ensaiar e
com precisão de ±1 cm3; balança com precisão de 1g.
491
• procedimento seguido [52, 89], fig. I.2: (i) medição do comprimento de cada pedra com a
craveira; (ii) cálculo dos volumes das esferas cujos diâmetros são os comprimentos
medidos; (iii) colocação das pedras, uma a uma, no recipiente graduado, com volume
conhecido de água (até cerca de metade da sua altura), evitando salpicos; (iv) verificação que
as bolhas de ar eventualmente aderentes às pedras foram expulsas; (v) anotação do novo
volume de água com a pedra no interior do recipiente.

Fig. I.2 - Determinação do índice volumétrico da pedra

O índice ou coeficiente volumétrico avalia a forma (ou esfericidade) das partículas, definindo-se
para uma partícula como o quociente entre o seu volume (V) e o volume da esfera de diâmetro
igual à maior dimensão (N) [52, 89], de acordo com a expressão seguinte:

V V
IVp = 3
= 1,91 × 3
πN N (I.11)
6

Deste modo, o coeficiente volumétrico médio de um conjunto de partículas cujas maiores


dimensões são N1, N2,…, Nn, com os volumes V1, V2,…,Vn, respectivamente, é dado por:

∑ Vi
IVa = 1,91 × i =1
n (I.12)
∑N
i =1
3
i

Como as dimensões das pedras utilizadas na construção dos muretes eram superiores às
consideradas na especificação E223 LNEC [89], por apresentarem um comprimento médio
superior a 50 mm, não pode ser utilizada a série de peneiros ASTM de malha quadrada (com
aberturas de 50,8 mm, 38,1 mm, 24,5 mm, 19,0 mm, 12,7 mm, 9,51 mm, 6,35 mm, e 4,76 mm),
para definir o número de “partículas” de cada fracção granulométrica a ensaiar.
492
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Em sua “substituição”, foram retiradas amostras em três datas distintas do trabalho, com cerca
de 0,200 m3 cada: uma no início, outra a meio e a última no final da construção dos muretes.
De cada uma destas amostras foram, por fim, retiradas 50 pedras cujas dimensões se
consideraram representativas para a determinação do índice volumétrico.

As amostras foram armazenadas num espaço fechado do DEC (Lab. 1.10), de modo a serem
ensaiadas com o menor teor de humidade possível, dado não existir uma estufa compatível
com estas dimensões e quantidades.

• resultados: índice volumétrico de cada amostra, dado por:

∑ (V 2 i − V1)
IVa = i =1
(I.13)
n

∑ Ve i
i =1

em que: V1 é o volume de água contida no recipiente graduado; V2i é a soma do volume


de água contido no recipiente graduado com o volume da pedra i, e Vei é o volume de
cada esfera de diâmetro igual ao comprimento de cada partícula (pedra).

Na tabela I.2 representa-se os valores do índice volumétrico de cada uma das amostras (IVa)
de pedras, cujo valor médio (IVm) é:

0,25 + 0,25 + 0,28


IVm = = 0,26 (I.14)
3

Para estimar o “comprimento médio” das pedras utilizadas na determinação de IVa, recorreu-se
à segunda coluna das tabelas de cálculo do índice volumétrico (correspondente ao diâmetro da
menor esfera envolvente de cada pedra), obtendo-se os valores médios de 15,5 cm, 17,4 cm e
17,3 cm, para as amostras 1, 2 e 3 respectivamente.
Desta forma, considera-se que o “comprimento médio global” das pedras utilizadas na
construção dos muretes é de 16,7 cm.

Tendo presente os procedimentos de ensaio, os resultados obtidos dependem das dimensões


médias de cada amostra. No entanto, os cuidados tidos na sua selecção contribuíram para
minimizar o erro inerente.

493
Tabela I.2 - Determinação do índice volumétrico das três amostras de pedra
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
Provete
Nº Diâmetro Volume Volume da Diâmetro Volume Volume da Diâmetro Volume Volume da
[cm] [cm3] esfera [cm3] [cm] [cm3] esfera [cm3] [cm] [cm3] esfera [cm3]
1 12,5 436,0 1022,65 16,0 617,0 2144,66 26,3 1881,0 9525,02
2 14,7 461,0 1663,22 15,6 643,0 1987,80 25,2 2243,0 8379,16
3 14,5 420,0 1596,26 18,5 654,0 3315,23 23,6 1906,0 6882,32
4 14,4 496,0 1563,46 16,4 517,0 2309,56 25,3 1201,0 8479,30
5 17,0 499,0 2572,44 18,0 431,0 3053,63 20,5 1078,0 4510,87
6 15,7 358,0 2026,27 16,0 670,0 2144,66 18,8 1419,0 3479,14
7 16,5 402,0 2352,07 19,3 592,0 3764,18 20,5 1767,0 4510,87
8 14,3 476,0 1531,11 25,0 1274,0 8181,23 18,1 596,0 3104,81
9 19,1 353,0 3648,37 24,5 1809,0 7700,11 13,8 1197,0 1376,06
10 12,2 386,0 950,78 15,0 510,0 1767,15 15,7 924,0 2026,27
11 14,7 602,0 1663,22 14,8 645,0 1697,40 17,5 575,0 2806,16
12 14,1 328,0 1467,76 34,0 2166,0 20579,53 17,6 1027,0 2854,54
13 14,8 529,0 1697,40 19,8 871,0 4064,38 13,6 446,0 1317,09
14 16,4 417,0 2309,56 14,0 623,0 1436,76 18,2 899,0 3156,55
15 13,3 391,0 1231,84 14,1 609,0 1467,76 18,1 841,0 3104,81
16 16,0 445,0 2144,66 21,6 1060,0 5276,67 18,6 1264,0 3369,28
17 13,2 481,0 1204,26 15,7 631,0 2026,27 19,9 1205,0 4126,27
18 14,0 625,0 1436,76 17,2 912,0 2664,31 13,8 431,0 1376,06
19 14,4 409,0 1563,46 13,9 447,0 1406,19 16,3 799,0 2267,57
20 16,1 593,0 2185,12 18,0 673,0 3053,63 15,4 610,0 1912,32
21 14,5 434,0 1596,26 14,4 679,0 1563,46 13,7 403,0 1346,36
22 13,4 422,0 1259,83 17,5 1025,0 2806,16 15,3 459,0 1875,31
23 12,8 537,0 1098,07 16,1 823,0 2185,12 15,8 540,0 2065,24
24 13,8 611,0 1376,06 12,3 437,0 974,35 14,7 403,0 1663,22
25 14,5 557,0 1596,26 14,2 528,0 1499,21 17,7 309,0 2903,48
26 15,9 735,0 2104,70 17,0 757,0 2572,44 18,2 652,0 3156,55
27 14,2 417,0 1499,21 14,9 577,0 1732,04 13,2 442,0 1204,26
28 15,7 393,0 2026,27 14,1 473,0 1467,76 17,6 794,0 2854,54
29 14,9 544,0 1732,04 15,1 722,0 1802,72 13,5 461,0 1288,25
30 13,9 386,0 1406,19 14,4 515,0 1563,46 14,3 597,0 1531,11
31 16,5 742,0 2352,07 16,1 609,0 2185,12 14,8 523,0 1697,40
32 12,3 513,0 974,35 16,1 557,0 2185,12 17,4 787,0 2758,33
33 13,6 443,0 1317,09 21,2 1415,0 4988,92 18,1 740,0 3104,81
34 13,0 385,0 1150,35 17,3 710,0 2711,05 16,1 547,0 2185,12
35 13,6 362,0 1317,09 14,5 567,0 1596,26 20,2 1637,0 4315,71
36 14,2 428,0 1499,21 16,4 677,0 2309,56 24,4 1605,0 7606,21
37 13,8 338,0 1376,06 16,0 566,0 2144,66 16,3 673,0 2267,57
38 14,5 484,0 1596,26 15,1 586,0 1802,72 17,4 789,0 2758,33
39 16,1 650,0 2185,12 16,8 581,0 2482,71 15,8 869,0 2065,24
40 14,7 471,0 1663,22 15,7 588,0 2026,27 13,7 453,0 1346,36
41 16,9 861,0 2527,31 16,5 473,0 2352,07 14,6 609,0 1629,51
42 17,8 599,0 2952,97 17,7 895,0 2903,48 16,6 681,0 2395,10
43 14,3 590,0 1531,11 16,4 667,0 2309,56 15,9 433,0 2104,70
44 15,0 670,0 1767,15 15,0 634,0 1767,15 19,3 899,0 3764,18
45 19,5 908,0 3882,42 18,0 1195,0 3053,63 12,0 350,0 904,78
46 14,7 398,0 1663,22 15,8 639,0 2065,24 18,2 739,0 3156,55
47 14,9 417,0 1732,04 16,8 838,0 2482,71 15,8 827,0 2065,24
48 23,5 1628,0 6795,20 14,8 560,0 1697,40 15,9 614,0 2104,70
49 22,2 1312,0 5728,72 27,7 2228,0 11128,53 13,7 426,0 1346,36
50 31,6 1719,0 16521,90 28,0 3418,0 11494,04 16,5 770,0 2352,07
Totais [cm3] -- 28061,00 112058,40 -- 41293,0 163894,04 -- 42340,0 150381,04
Índice
0,25 0,25 0,28
Volumétrico

494
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

2.2 – Características mecânicas

- Resistência mecânica (ensaio realizado no laboratório de uma das empresas que forneceu os
materiais de construção dos muretes – SECIL, SA)

• equipamentos utilizados: máquinas de corte e polimento das pedras; prensa; balança com
precisão de 0,1g, dispositivo para medições lineares com precisão de 0,05 mm.

• procedimento seguido [87, 98], fig. I.3: (i) preparação das amostras, constituídas por
pedras retiradas ao acaso entre as de maiores dimensões, pela necessidade de serem
cortadas; (ii) obtenção de provetes cúbicos, sempre que possível com arestas de 70 ± 5 mm,
por corte das amostras; (iii) polimento das duas faces de cada provete que iam contactar
com os pratos da prensa; (iv) medição das dimensões das duas faces, para definir a área
média da secção transversal; (v) colocação dos provetes na prensa, depois de se limparem
os pratos e aplicação da carga, de forma contínua, com incremento constante da taxa de
compressão; e (vi) registo da carga máxima aplicada sobre cada provete.

1, 2 – corte do provete (pedra); 3 – aspecto do provete antes do polimento; 4 – polimento das faces de contacto
com a prensa; 5 – prensa; 6,7 – realização do ensaio de compressão; 8,9 – aspecto do provete após o ensaio
Fig. I.3 - Determinação da resistência à compressão da pedra
495
• resultados: obtidos pela expressão I.15 que define a resistência à compressão uniaxial de
cada provete:

σ=
F
[MPa] (I.15)
A

sendo: F a força máxima e A a área da secção transversal de cada provete, medida antes
do ensaio.

Tabela I.3 - Resistência mecânica à compressão da pedra (calcário branco, rosa e castanho)
Data do Dimensões [m] Força Tensão máxima
Amostra Provete
ensaio Comprimento Largura Altura máxima [KN] [MPa] Média
1 0,058 0,048 0,076 94,9 34,09
1 2 0,050 0,051 0,040 113,8 44,63 43.55
3 0,046 0,046 0,045 109,9 51,94
1 2/12/02 0,061 0,050 0,052 69,8 22,89
2 34,76
2 0,049 0,064 0,056 146,2 46,62
1 0,063 0,048 0,064 52,2 17,26
3 28,71
2 0,061 0,048 0,054 117,6 40,16
4 1 24/1/03 0,059 0,059 0,057 258,9 75,01 75,01
1 0,070 0,069 0,069 220,0 45,55
5 2 0,069 0,071 0,069 282,9 58,16 41,11
3 0,064 0,052 0,0690 65,3 19,62
21/4/03
1 0,072 0,071 0,067 563,8 111,07
6 2 0,071 0,052 0,068 162,7 44,07 63,37
3 0,071 0,054 0,068 134,1 34,98
Média 47,75

2.3 – Características químicas

- Composição química (ensaio realizado no laboratório de uma das empresas que forneceu os
materiais de construção dos muretes – SECIL, SA)

• equipamentos utilizados: balança com precisão de 0,001g; prensa; forno eléctrico;


equipamento para análise de raios-x.

• procedimento seguido, fig. I.4: (i) colocação num frasco de vidro de 13,0 g do fundente
referido na tabela I.4 e da quantidade de amostra necessária (4,600 g); (ii), homogeneização
do conteúdo do frasco com uma espátula, que em seguida é tapado e agitado vigorosamente;
(iii) prensagem da amostra, constituída pelas seguintes etapas: colocação do material na
prensa (que deve estar completamente limpa) fechando-a em seguida; depois de sair todo o ar
do material, aguarda-se 30 segundos e retira-se cuidadosamente a amostra da prensa, que em
seguida é colocada no cadinho (recipiente) de grafite; (iv) fusão da amostra, constituída pelas

496
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

seguintes fases: colocação do cadinho com a amostra num alvéolo de recepção, e introdução
do conjunto no forno, onde se dá a fusão. O tempo de arrefecimento é de 8 minutos; depois de
arrefecida a pérola, esta é retirada do cadinho e etiquetada na face inferior, com o cuidado de
não tocar com os dedos na superfície a ensaiar (caso contrário, deve ser limpa com papel
macio e álcool puro); (v) por fim, as amostras são analisadas por raios-x.

Tabela I.4 - Parâmetros para a preparação das amostras de pedra, para a análise química
Massa da amostra Temperatura de Tempo de fusão
Amostra Fundente
[g] fusão [ºC] [min]
Calcário LiB4O7 4,600 1200 20

1 – amostras (neste caso: de areias de areeiro e de rio); 2 – mistura moída das três amostras; 3 – pesagem das
amostras com o fundente; 4,5 – prensagem das amostras com o fundente; 6 – forno para fusão da amostra; 7 –
amostra prensada (com forma cilíndrica), antes de entrar no forno; 8 – aspecto (incandescente) da amostra à saída
do forno; 9 – arrefecimento; 10 – análise química por raios-x

Fig. I.4 - Determinação da composição química

• resultados: determinação da composição química da pedra calcária, utilizando hardware e


software próprios para o efeito (tabela 3.3).

497
3 – Caracterização das areias (de rio e de areeiro)

3.1 – Características físicas

- Análise granulométrica

A análise granulométrica (por peneiração gravítica) foi efectuada sobre as duas areias usadas
na construção dos muretes, em amostras retiradas no início, a meio e no final dos trabalhos.

• equipamentos utilizados: balança com precisão de 0,01 g; estufa ventilada; peneiros


ASTM com aberturas de malha quadrada de 4,76 mm (nº4), 2,38 mm (nº8), 1,19 mm (nº16),
0,595 mm (nº30), 0,297 mm (nº50), 0,149 mm (nº100) e 0,075 mm (nº200); agitador de
peneiros eléctrico.

• procedimento seguido [52, 80], fig. I.5: (i) secagem de cada uma das amostras das areias em
estufa ventilada a T = 60 ºC, até obtenção de massa constante; (ii) colocação da amostra da
areia, com massa de 1200 g, no interior do peneiro superior do agrupamento de peneiros,
dispostos de forma a que a abertura das malhas diminua de cima para baixo; (iii) colocação
do conjunto dos peneiros no agitador de peneiros, funcionando cerca de 10 minutos para
cada amostra; (iv) pesagem do material retido em cada um dos peneiros, incluindo o
“peneiro” de fundo (cuja base é fechada), correspondente ao refugo.

1 – agitador mecânico de peneiros; 2 – balança com precisão de 0,1 g, para pesagem das amostras

Fig. I.5 - Ensaio de análise granulométrica das areias utilizadas na argamassa de assentamento

• resultados: determinação da massa retida em cada peneiro, representando-se nas tabelas


I.5 e I.6 os resultados médios das três amostras de cada areia.

498
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.5 - Análise granulométrica – areia de rio


Peneiros Retido Passado Retido
Designação Abertura [mm] [g] [%] Acumulado [%] Acumulado [%]
1"1/2 38,1
_
1" 25,4
3/4" 19,1
_
1/2" 12,7
3/8" 9,52 100,0
nº 4 4,76 10,9 0,9 99,1 0,9
nº 8 2,38 36,6 3,1 96,0 4,0
nº 16 1,19 155,1 12,9 83,1 16,9
nº 30 0,595 474,6 39,6 43,5 56,5
nº 50 0,297 434,5 36,3 7,2 92,8
nº 100 0,149 78,0 6,5 0,7 99,3
nº 200 0,075 5,8 0,5 0,2 _

_
refugo 2,8 0,2 0,0 _

Total 1198,2 100,0 270,4


Módulo de finura 2,7
Máxima dimensão do agregado (D) = 2,38 mm; Mínima dimensão do agregado (d) = 0,149 mm

Tabela I.6 - Análise granulométrica – areia de areeiro


Peneiros Retido Passado Retido
Designação Abertura [mm] [g] [%] Acumulado [%] Acumulado [%]
1"1/2 38,1
_
1" 25,4
3/4" 19,1
_
1/2" 12,7
3/8" 9,52 100,0
nº 4 4,76 0,0 0,0 100,0 0,0
nº 8 2,38 0,1 0,0 100,0 0,0
nº 16 1,19 1,4 0,1 99,9 0,1
nº 30 0,595 43,3 3,6 96,2 3,8
nº 50 0,297 886,9 74,4 21,9 78,1
nº 100 0,149 224,6 18,8 3,0 97,0
nº 200 0,075 33,3 2,8 0,2 _

_
refugo 2,8 0,2 0,0 _

Total 1192,4 100,0 179,0


Módulo de finura 1,8
Máxima dimensão do agregado (D) = 0,595 mm; Mínima dimensão do agregado (d) = 0,149 mm

- Massa volúmica

• equipamentos utilizados: balança com precisão de 0,001 g; estufa ventilada; proveta


graduada.

499
• procedimento seguido, fig. I.6: (i) determinação das massas das amostras (M), secas em
estufa ventilada a 60±5º e 105±5 ºC (para averiguar a influência da temperatura de
secagem nos resultados finais); (ii) colocação, na proveta graduada, de uma quantidade de
água com registo do volume (Vi), para que depois de introduzida a areia a água fique
acima desta; (iii) leitura do volume final da água no interior da proveta (Vf).
As amostras das areias foram extraídas dos respectivos montes em três datas distintas:
uma no início, outra a meio e a última no final dos trabalhos.

Fig. I.6 - Ensaio de determinação da massa volúmica das areias

• resultados: determinação da massa volúmica da areia pelo quociente entre a massa da


amostra e a diferença dos volumes registados na proveta graduada, de acordo com a
expressão:

M
Mv = [kg/m3] (I.16)
Vf − Vi

Tabela I.7 - Massa volúmica – areia de rio, a 60 ± 5 ºC

Massa da Volume de água em


Massa Volúmica
Amostra Leitura amostra a proveta de 50 ml
61ºC [Kg] Vi [ml] Vf [ml] [Kg/m3] Média
1 30,121 31,5 2619,2
1 2 30,177 31,5 2624,1 2629,6
3 30,159 31,4 2645,5
1 30,031 31,5 2611,4
2 2 30,131 20,0 31,4 2643,1 2621,8
3 30,026 31,5 2611,0
1 30,106 31,2 2688,0
3 2 30,155 31,5 2622,2 2642,9
3 30,114 31,5 2618,6
Média 2631,5

500
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.8 - Massa volúmica – areia de rio, a 105 ± 5 ºC


Massa da Volume de água em
Massa Volúmica
Amostra Leitura amostra a proveta de 50 ml
61ºC [Kg] Vi [ml] Vf [ml] [Kg/m3] Média
1 41,567 35,7 2647,6
1 2 34,585 33,3 2600,4 2638,7
3 28,015 30,5 2668,1
1 42,316 36,4 2580,2
2 2 24,215 20,0 29,2 2632,1 2605,6
3 40,369 35,5 2604,5
1 37,415 34,1 2653,5
3 2 44,557 37,1 2605,7 2630,6
3 24,219 29,2 2632,5
Média 2624,9

Tabela I.9 - Massa volúmica – areia de areeiro, a 60 ± 5 ºC


Massa da Volume de água em
Massa Volúmica
Amostra Leitura amostra a proveta de 50 ml
61ºC [Kg] Vi [ml] Vf [ml] [Kg/m3] Média
1 30,687 31,5 2668,4
1 2 20,223 27,5 2696,4 2649,4
3 40,041 35,5 2583,3
1 30,004 31,2 2678,9
2 2 30,017 20,0 31,4 2633,1 2657,2
3 30,055 31,3 2659,7
1 30,007 31,3 2655,5
3 2 30,056 31,4 2636,5 2636,0
3 30,085 31,5 2616,1
Média 2647,5

Tabela I.10 - Massa volúmica – areia de areeiro, a 105 ± 5 ºC


Massa da Volume de água em
Massa Volúmica
Amostra Leitura amostra a proveta de 50 ml
61ºC [Kg] Vi [ml] Vf [ml] [Kg/m3] Média
1 30,160 31,5 2622,6
1 2 30,092 31,5 2616,7 2634,3
3 30,098 31,3 2663,5
1 30,147 31,5 2621,5
2 2 30,130 20,0 31,3 2666,4 2644,7
3 30,168 31,4 2646,3
1 30,074 31,3 2661,4
3 2 30,152 31,4 2644,9 2662,3
3 30,023 31,2 2680,6
Média 2647,1

501
- Baridade

• equipamentos utilizados: (i) estufa ventilada; (ii) balança com precisão de 0,01 g; (iii)
recipiente metálico cilíndrico com capacidade de 3,0 litros; (iv) varão de aço com 16 mm
de diâmetro e extremidade esférica.

• procedimento seguido [187], fig. I.7: (i) secagem da areia em estufa ventilada a 60 ± 5º (e a
105± 5 ºC); (ii) confirmação prévia da capacidade do recipiente (V); (iii) determinação da
massa do recipiente vazio (Mi); (iv) colocação da areia em pequenas porções no interior do
recipiente, compactando cada terço com 25 pancadas do varão; (v) nivelamento da superfície
com o auxílio de uma régua; (vi) determinação da massa do recipiente cheio (Mf).

Fig. I.7 - Ensaio de determinação da baridade das areias

• resultados: determinação da baridade pelo quociente entre a diferença de massas e o


volume do recipiente, de acordo com a expressão:

Mf − Mi
B= [kg/m3] (I.17)
V

Tabela I.11 - Baridade – areia de rio, a 60 ± 5 º


Volume do Massa da amostra a 60ºC Baridade
Amostra
recipiente [litros] [kg] [kg/m3]
1 4764,4 1588,1
2 3,0 4745,6 1581,9
3 4749,6 1583,2
Média 1584,4

Tabela I.12 - Baridade – areia de rio, a 105 ± 5 ºC


Volume do Massa da amostra a 105ºC Baridade
Amostra
recipiente [litros] [kg] [kg/m3]
1 4756,3 1585,4
2 3,0 4743,5 1581,2
3 4757,8 1585,9
Média 1584,2

502
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.13 - Baridade – areia de areeiro, a 60 ± 5 ºC


Volume do Massa da amostra a 61ºC Baridade
Amostra
recipiente [litros] [kg] [kg/m3]
1 4565,6 1521,9
2 3,0 4600,9 1533,6
3 4579,1 1526,4
Média 1527,3 (1)

Tabela I.14 - Baridade – areia de areeiro, a 105 ± 5 ºC


Volume do Massa da amostra a 105ºC Baridade
Amostra
recipiente [litros] [kg] [kg/m3]
1 4604,3 1534,8
2 3,0 4630,6 1543,5
3 4619,1 1539,7
Média 1539,3 (1)
(1) - A baridade a 105 ± 5 ºC devia ser inferior, como sucedeu com a areia do rio. Um eventual problema de
amostragem, originou valores diferentes

- Volume de vazios

• equipamentos utilizados: estufa ventilada; provetas graduadas de 250 ml.

• procedimento seguido [193]: (i) secagem dos provetes em estufa ventilada a 105 ± 5 ºC de
temperatura até massa constante; (ii) colocação de um volume conhecido de areia V1 na
proveta graduada, compactando-a devidamente; (iii) medição de um volume equivalente de
água V2, à temperatura de 20 ºC, e sua colocação dentro da proveta que contém a areia,
agitando bem; (iv) deixa-se repousar durante uma hora removendo eventuais bolhas de ar
e lê-se o volume total do conjunto, V3.

• resultados: são obtidos pela expressão seguinte, que define o volume de vazios, Vv, da
areia, em percentagem:

V1 + V2 − V3 (I.18)
Vv = × 100 [%]
V1

Tabela I.15 - Volume de vazios – areia de rio, a 105±5 ºC


Amostra V1 [litros] V2 [litros] V3 [litros] Vol. Vazios [%]
1 0,108 0,108 0,174 38,9
2 0,095 0,095 0,155 36,8
3 0,090 0,090 0,145 38,9
Média 38,2

503
Tabela I.16 - Volume de vazios – areia de areeiro, a 105 ± 5 ºC
Amostra V1 [litros] V2 [litros] V3 [litros] Vol. Vazios [%]
1 0,172 0,172 0,279 37,8
2 0,110 0,110 0,177 39,1
3 0,065 0,065 0,103 41,5
Média 39,5

- teor de partículas finas

• equipamentos utilizados: proveta graduada de 250 ml; régua; soluto a 1% de cloreto de


sódio, fig. 1.8;

• procedimento seguido [52, 188], fig. I.8: (i) secagem dos provetes em estufa ventilada a
105 ± 5 ºC de temperatura até massa constante; (ii) colocação de 50 cm3 do soluto de cloreto
de sódio na proveta graduada; (iii) colocação da amostra de areia no interior da proveta até a
solução atingir 100 cm3; (iv) adição de nova quantidade de soluto até ao nível dos 150 cm3;
(v) agitação da proveta tapada com a mão, ficando em repouso durante 3 horas.

Fig. I.8 - Ensaio de determinação do teor de partículas finas da areia de areeiro

• resultados: determinação do valor percentual de partículas finas presentes na amostra, pelo


quociente entre a altura da camada de partículas finas (Vf) e a altura da amostra no
interior da proveta graduada (Vt) , de acordo com a expressão:

Vf (I.19)
× 100 [%]
Vt

504
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.17 - Teor de partículas finas – areia de rio, a 105 ± 5 ºC


Volume Total Volume areia Volume finos Teor de partículas finas
Amostra
Vt = Va + Vf [ml] Va [ml] Vf [ml] [%]
1 95,0 93,0 2,0 2,1
2 95,0 94,0 1,0 1,1
3 98,5 98,0 0,5 0,5
Média 1,2

Tabela I.18 - Teor de partículas finas – areia de areeiro, a 105 ± 5 ºC


Volume Total Volume areia Volume finos Teor de partículas finas
Amostra
Vt = Va + Vf [ml] Va [ml] Vf [ml] [%]
1 95,0 89,0 6,0 6,3
2 95,5 88,0 7,5 7,9
3 93,0 85,0 8,0 8,6
Média 7,6

3.2 – Características químicas

- composição química

• equipamentos utilizados: os mencionados para a determinação da composição química da


pedra (fig. I.4).

• procedimento seguido: o referido para a determinação da composição química da pedra,


fig. I.4, com a diferença de ser necessário definir previamente a quantidade de amostra de
areia a ensaiar, depois de calculada a sua perda ao fogo (PF), segundo o procedimento
referido na tabela I.19.

Tabela I.19 - Parâmetros para a preparação das amostras (pérolas) de areia, para a análise química
Quantidade de Temperatura Tempo de fusão
Amostra Fundente
amostra [g] de fusão [ºC] [min]
80% LiBO2 / 260,01
Areias 1200 20
20% LiB4O7 100 − PF

4 – Caracterização da cal aérea hidratada

A caracterização física e química da cal aérea hidratada (Lusical) foi efectuada num laboratório
associado do fabricante, em Paris. Por esta razão são apenas identificadas as normas de ensaio
adoptadas: NF X 11-666 [6], para a granulometria laser, e NF P 15-467 [7] para a análise química.
Nas tabelas 3.6 e 3.7 indicam-se os valores recebidos.

505
5 – Caracterização da argamassa de assentamento

5.1 – Argamassa em pasta

- ensaio de espalhamento (ou de consistência)

O ensaio de espalhamento (ou consistência) da argamassa de assentamento foi realizado logo


após a “recolha” das amostras, ao longo dos 12 dias de construção dos muretes, de acordo com
as seguintes condições:

• equipamentos utilizados: mesa de consistência; molde tronco-cónico; craveira; varão


metálico de compactação, com 15 mm de diâmetro.

• procedimento seguido [190], fig. I.9: (i) colocação do molde no centro da mesa de
consistência; (ii) enchimento em duas camadas aproximadamente iguais; (iii) compactação
com o varão, mantendo-se o molde fixo sobre a mesa de consistência; (iv) rotação da
manivela, provocando 15 pancadas em 15 segundos; (v) medição com a craveira, segundo
os quatro diâmetros marcados no tampo da mesa, do afastamento entre dois pontos de
intersecção de cada um deles com o contorno da argamassa, após o espalhamento
provocado pelas 15 pancadas; (vi) cálculo da média das quatro medições, d, arredondada a
0,5 cm.

Foram efectuados três ensaios de espalhamento por cada amostra de argamassa (fig. 3.22)

1 – molde tronco-cónico sobre a mesa de consistência; 2 – aspecto do provete de argamassa após se retirar o
molde; 3 – aspecto do provete de argamassa no final do ensaio

Fig. I.9 - Ensaio de espalhamento (ou consistência) sobre a argamassa em pasta

506
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

• resultados: são obtidos pela expressão I.20, que define o valor do espalhamento da
argamassa em pasta.

d − 10
Esp = × 100 [%] (I.20)
10

Tabela I.20 - Valores da consistência da argamassa de assentamento

Amostra Murete Ensaio de consistência [cm] (1) Espalhamento


Data OBS.
Nº Nº d1 d2 d3 d med (2) médio [%]
1 M1 21,0 18,5 18,5 19,3 93
15/7/02 Calcidrata
2 M6 19,0 18,5 18,0 18,5 85
3 M3 16,0 17,0 17,0 16,7 67
16/7/02
4 M5 17,0 17,0 17,0 17,0 70
5 17/7/02 M9 19,0 18,5 18,0 18,5 85
6 19/7/02 M18 19,0 18,0 18,0 18,3 83
7 22/7/02 M24 17,0 18,0 18,0 17,7 77
8 23/7/02 M45 17,5 18,0 19,0 18,2 82
9 M28 18,0 18,0 18,0 18,0 80
24/7/02 Lusical
10 M32 18,0 19,0 19,0 18,7 87
11 25/7/02 M49 18,0 18,5 19,0 18,5 85
12 26/7/02 M37 19,0 18,0 18,0 18,3 83
13 M55 18,0 19,0 19,0 18,7 87
29/7/02
14 M57 18,0 17,5 17,0 17,5 75
15 M60 18,0 18,0 18,0 18,0 80
30/7/02
16 M62 19,0 19,0 19,0 19,0 90
(1) – Três ensaios por amostra; (2) – Média da amostra = (d1+d2+d3)/3.

5.2 – Argamassa endurecida

Previamente à apresentação dos resultados dos ensaios de caracterização da argamassa


endurecida, indicam-se os resultados das pesagens dos provetes identificados na tabela 3.10,
desde a desmoldagem e durante cerca de nove meses.

As “manchas” cinzentas marcadas nas tabelas I.21 a I.26 correspondem a provetes ensaiados
durante este período, nomeadamente para a determinação das resistências à tracção por flexão
e à compressão.

507
- Evolução das massas dos provetes da argamassa de assentamento, após a desmoldagem

Tabela I.21 - Massas dos provetes prismáticos da argamassa de assentamento (16cm×4cm×4cm),


após o início do endurecimento (provetes P1 a P9)

Provete Nº
Data Média Média Média
P1 P2 P3 P1 a P4 P5 P6 P4 a P7 P8 P9 P7 a
P3 P6 P9
31/7/02 12:00 h 431,3 431,8 436,7 433,3 425,5 422,3 422,0 423,3 428,6 427,7 429,2 428,5
2/8/02 14:00 h 431,4 431,9 436,7 433,3 425,7 422,7 422,2 423,5 428,8 428,0 429,3 428,7
3/8/02 14:00 h 431,7 432,2 437,1 433,7 425,9 422,8 422,5 423,7 429,1 428,3 429,6 429,0
5/8/02 16:00 h 431,8 432,2 437,0 433,7 426,6 423,0 422,6 424,1 429,2 428,6 429,6 429,1
7/8/02 12:30 h 432,1 432,6 437,4 434,0 426,3 423,2 422,9 424,1 429,4 428,8 429,8 429,3
9/8/02 13:30 h 432,4 432,6 437,6 434,2 426,5 423,4 423,0 424,3 429,4 428,8 430,0 429,4
11/8/02 16:30 h 432,6 432,9 437,9 434,5 426,8 423,6 423,3 424,6 429,6 429,1 430,1 429,6
14/8/02 12:30 h 432,9 433,2 438,1 434,7 427,1 423,9 423,5 424,8 429,9 429,1 430,4 429,8
18/8/02 15:30 h 433,4 433,7 438,3 435,1 427,4 424,3 424,0 425,2 430,2 429,7 430,7 430,2
21/8/02 10:15 h 433,7 433,8 438,7 435,4 427,7 424,6 424,3 425,5 430,4 429,7 430,9 430,3
25/8/02 10:30 h 433,8 434,1 439,0 435,6 427,9 424,9 424,4 425,7 430,6 430,0 431,0 430,5
29/8/02 13:00 h 434,2 434,3 439,2 435,9 428,3 425,1 425,4 426,3 430,9 430,0 431,0 430,6
3/9/02 11:00 h 429,1 426,0 425,4 426,8 431,5 431,1 431,9 431,5
9/9/02 15:00 h 429,8 426,7 426,2 427,6 432,4 431,8 432,8 432,3
16/9/02 13:00 h 430,8 427,7 427,0 428,5 433,2 432,6 433,6 433,1
23/9/02 11:30 h 431,8 428,1 427,2 429,0 433,6 433,2 434,0 433,6
30/9/02 13:00 h 432,1 428,7 428,4 429,7 434,3 433,8 434,7 434,3
7/10/02 13:00 h 432,6 429,2 428,9 430,2 434,7 434,2 435,0 434,6
14/10/02 13:15 h 433,1 429,8 429,3 430,7 434,9 434,6 435,2 434,9
23/10/02 15:45 h 433,6 430,2 429,7 431,2 435,2 434,9 435,8 435,3
29/10/02 13:00 h 433,9 430,6 430,0 431,5 435,4 435,1 435,8 435,4
5/11/02 15:00 h 434,1 430,9 430,3 431,8 435,5 435,2 435,9 435,5
21/11/02 12:00 h 434,7 431,3 430,8 432,3 435,6 435,4 436,1 435,7
6/12/02 13:30 h 434,9 431,4 431,0 432,4 435,4 435,5 436,0 435,6
27/12/02 14:30 h 434,9 431,7 431,1 432,6 435,5 435,4 436,1 435,7
17/1/03 11:00 h 434,8 431,4 431,0 432,4 435,2 435,0 435,7 435,3
29/1/03 15:00 h 434,6 431,4 430,9 432,3 434,9 434,7 435,4 435,0
18/2/03 14:30 h 434,8 431,6 431,0 432,5 434,9 434,7 435,5 435,0
24/3/03 11:00 h 434,7 431,3 430,8 432,3 434,7 434,6 435,2 434,8
16/4/03 15:00 h 434,7 431,3 430,7 432,2 434,5 434,5 435,0 434,7

508
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.22 - Massas dos provetes prismáticos da argamassa de assentamento (16cm×4cm×4cm),


após o início do endurecimento (provetes P10 a P18)

Provete Nº
Data Média Média Média
10 11 12 P10 a 13 14 15 P13 a 16 17 18 P16 a
P12 P15 P18
31/7/02 12:00 h 432,8 427,0 430,4 430,1 420,8 422,5 423,6 422,3 427,0 422,3 420,5 423,3
2/8/02 14:00 h 433,0 427,4 430,7 430,4 421,4 423,0 424,0 422,8 427,4 422,7 420,8 423,6
3/8/02 14:00 h 433,4 427,5 430,9 430,6 421,6 423,3 424,3 423,1 427,7 423,0 421,1 423,9
5/8/02 16:00 h 433,6 427,7 431,0 430,8 421,5 423,4 424,5 423,1 427,7 423,1 421,4 424,1
7/8/02 12:30 h 433,7 427,9 431,2 430,9 421,7 423,5 424,6 423,3 427,9 423,3 421,6 424,3
9/8/02 13:30 h 433,9 427,8 431,2 431,0 422,2 423,8 425,0 423,7 428,3 423,5 422,1 424,6
11/8/02 16:30 h 433,8 428,1 431,3 431,1 422,1 424,2 425,2 423,8 428,5 423,8 422,2 424,8
14/8/02 12:30 h 434,2 428,4 431,5 431,4 422,6 424,5 425,7 424,3 428,9 424,3 422,6 425,3
18/8/02 15:30 h 434,7 428,8 431,8 431,8 423,0 425,0 426,1 424,7 429,4 424,9 423,4 425,9
21/8/02 10:15 h 434,8 428,9 432,0 431,9 423,1 425,2 426,4 424,9 429,7 425,1 423,6 426,1
25/8/02 10:30 h 434,9 429,1 432,2 432,1 423,6 425,7 426,8 425,4 429,8 425,6 423,9 426,4
29/8/02 13:00 h 435,2 429,3 432,1 432,2 423,7 426,1 427,2 425,7 430,0 425,8 424,3 426,7
3/9/02 11:00 h 424,8 427,3 428,1 426,7 431,0 426,8 424,9 427,6
9/9/02 15:00 h 425,7 428,4 429,2 427,8 431,8 427,5 425,7 428,3
16/9/02 13:00 h 426,8 429,2 430,2 428,7 432,7 428,4 426,4 429,2
23/9/02 11:30 h 427,5 430,0 431,0 429,5 433,3 429,2 427,0 429,8
30/9/02 13:00 h 428,2 430,8 431,8 430,3 433,9 429,6 427,4 430,3
7/10/02 13:00 h 428,6 431,1 432,1 430,6 434,3 430,1 427,8 430,7
14/10/02 13:15 h 429,2 432,0 432,8 431,3
23/10/02 15:45 h 429,8 432,3 433,3 431,8
29/10/02 13:00 h 430,3 432,7 433,8 432,3
5/11/02 15:00 h 430,3 433,2 434,0 432,5
21/11/02 12:00 h 431,0 434,0 434,0 433,0
6/12/02 13:30 h 431,3 434,3 435,0 433,5
27/12/02 14:30 h 431,7 434,5 435,1 433,8
17/1/03 11:00 h 431,3 434,2 434,9 433,5
29/1/03 15:00 h 431,2 434,2 434,8 433,4
18/2/03 14:30 h 431,2 434,3 434,8 433,4
24/3/03 11:00 h 430,9 434,0 434,5 433,1
16/4/03 15:00 h 430,8 433,8 434,6 433,1

509
Tabela I.23 - Massas dos provetes prismáticos da argamassa de assentamento (16cm×4cm×4cm),
após o início do endurecimento (provetes P19 a P27)

Provete Nº
Data Média Média Média
19 20 21 P19 a 22 23 24 P22 a 25 26 27 P25 a
P21 P24 P27
31/7/02 12:00 h 433,4 428,3 428,6 430,1 427,7 425,3 426,2 426,4 424,4 420,7 424,1 423,1
2/8/02 14:00 h 433,9 428,5 428,9 430,4 427,7 425,1 426,2 426,3 424,4 420,9 424,6 423,3
3/8/02 14:00 h 434,0 428,5 429,2 430,6 428,1 425,3 426,4 426,6 424,7 421,1 424,8 423,5
5/8/02 16:00 h 434,5 428,5 429,4 430,8 428,2 425,5 426,8 426,8 425,1 421,5 425,1 423,9
7/8/02 12:30 h 434,7 428,8 429,5 431,0 428,7 425,9 427,0 427,2 425,3 421,7 425,3 424,1
9/8/02 13:30 h 434,9 429,1 429,8 431,3 428,9 426,0 427,3 427,4 425,6 421,8 425,5 424,3
11/8/02 16:30 h 435,2 429,2 429,9 431,4 429,1 426,3 427,4 427,6 425,7 422,1 425,7 424,5
14/8/02 12:30 h 435,3 429,5 430,0 431,6 429,4 426,6 427,7 427,9 426,0 422,3 425,9 424,7
18/8/02 15:30 h 435,8 430,0 430,5 432,1 429,9 427,0 428,0 428,3 426,3 422,8 426,5 425,2
21/8/02 10:15 h 436,6 430,1 430,5 432,4 430,0 427,3 428,1 428,5 426,5 423,0 426,4 425,3
25/8/02 10:30 h 436,4 430,4 430,9 432,6 430,4 427,6 428,7 428,9 426,7 423,2 429,9 426,6
29/8/02 13:00 h 436,8 430,7 431,1 432,9 430,8 427,9 428,9 429,2 426,9 423,5 427,2 425,9
3/9/02 11:00 h 437,5 431,4 431,6 433,5 431,6 428,7 429,8 430,0 427,5 424,2 428,0 426,6
9/9/02 15:00 h 438,0 432,3 432,6 434,3 432,5 429,8 430,7 431,0 428,5 425,1 428,8 427,5
16/9/02 13:00 h 438,7 433,0 433,2 435,0 433,3 430,6 431,5 431,8 429,1 425,7 429,6 428,1
23/9/02 11:30 h 439,3 433,4 433,4 435,4 433,9 431,2 432,1 432,4 429,3 426,2 430,2 428,6
30/9/02 13:00 h 439,6 433,8 433,9 435,8 434,5 431,8 432,7 433,0 430,0 426,8 430,7 429,2
7/10/02 13:00 h 439,7 434,2 434,0 436,0 434,8 432,3 433,0 433,4 430,2 427,2 431,2 429,5
14/10/02 13:15 h 440,2 434,5 434,5 436,4 430,8 427,7 431,5 430,0
23/10/02 15:45 h 440,4 435,0 434,9 436,8 431,0 428,1 431,8 430,3
29/10/02 13:00 h 440,6 435,1 435,2 437,0 431,4 428,4 432,0 430,6
5/11/02 15:00 h 440,7 435,4 435,3 437,1 431,6 428,7 432,2 430,8
21/11/02 12:00 h 440,7 435,5 435,5 437,2 431,8 429,0 432,3 431,0
6/12/02 13:30 h 440,5 435,3 435,5 437,1 431,7 428,8 432,3 430,9
27/12/02 14:30 h 440,6 435,5 435,5 437,2 431,9 428,9 432,3 431,0
17/1/03 11:00 h 440,2 435,1 435,0 436,8 431,6 428,8 432,2 430,9
29/1/03 15:00 h 439,9 434,9 434,8 436,5 431,4 428,3 432,0 430,6
18/2/03 14:30 h 440,0 434,9 434,9 436,6 431,6 428,5 432,2 430,8
24/3/03 11:00 h 439,6 434,8 434,5 436,3 431,3 428,5 432,0 430,6
16/4/03 15:00 h 439,8 434,6 434,4 436,3 431,2 428,3 432,0 430,5

510
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.24 - Massas dos provetes prismáticos da argamassa de assentamento (16cm×4cm×4cm),


após o início do endurecimento (provetes P28 a P36)

Provete Nº
Data Média Média Média
28 29 30 P28 a 31 32 33 P31 a 34 35 36 P34 a
P30 P33 P36
31/7/02 12:00 h 424,1 425,6 421,8 423,8 422,1 421,8 422,9 422,3 429,0 430,7 421,7 427,1
2/8/02 14:00 h 424,1 425,2 420,6 423,3 418,3 416,8 420,0 418,4 417,6 415,9 412,2 415,2
3/8/02 14:00 h 424,3 425,1 420,9 423,4 418,6 417,2 420,4 418,7 417,4 415,4 412,5 415,1
5/8/02 16:00 h 424,6 425,4 421,0 423,7 419,0 417,6 420,8 419,1 417,7 415,4 412,7 415,3
7/8/02 12:30 h 424,8 425,7 421,4 424,0 419,2 418,1 421,2 419,5 418,8 415,7 412,9 415,8
9/8/02 13:30 h 425,0 426,0 421,6 424,2 419,5 418,3 421,6 419,8 418,4 416,1 413,2 415,9
11/8/02 16:30 h 425,2 426,1 422,0 424,4 419,8 418,7 421,9 420,1 418,6 416,3 413,6 416,2
14/8/02 12:30 h 425,5 426,5 422,3 424,8 420,1 418,9 422,3 420,4 419,2 416,4 413,9 416,5
18/8/02 15:30 h 425,8 426,9 422,7 425,1 420,4 419,4 423,0 420,9 419,7 417,2 414,2 417,0
21/8/02 10:15 h 426,0 426,9 422,8 425,2 420,6 419,6 423,2 421,1 420,2 417,3 414,6 417,4
25/8/02 10:30 h 426,4 427,4 423,3 425,7 421,2 420,1 423,7 421,7 420,3 417,7 414,9 417,6
29/8/02 13:00 h 426,7 427,7 423,3 425,9 421,2 420,3 423,9 421,8 420,6 418,1 415,3 418,0
3/9/02 11:00 h 422,1 421,0 424,6 422,6 421,4 419,2 416,2 418,9
9/9/02 15:00 h 422,9 421,9 425,3 423,4 422,1 419,8 416,8 419,6
16/9/02 13:00 h 423,9 422,6 426,1 424,2 423,0 420,7 417,9 420,5
23/9/02 11:30 h 424,7 423,4 426,6 424,9 423,6 421,4 418,6 421,2
30/9/02 13:00 h 425,1 424,0 427,2 425,4 423,9 422,1 419,1 421,7
7/10/02 13:00 h 425,3 424,3 427,5 425,7 424,3 422,4 419,6 422,1
14/10/02 13:15 h 425,7 424,7 427,7 426,0
23/10/02 15:45 h 426,0 424,9 428,0 426,3
29/10/02 13:00 h 426,1 425,2 428,1 426,5
5/11/02 15:00 h 426,2 425,3 428,2 426,6
21/11/02 12:00 h 426,3 425,4 428,2 426,6
6/12/02 13:30 h 426,1 425,2 428,1 426,5
27/12/02 14:30 h 426,1 425,3 428,2 426,5
17/1/03 11:00 h 425,9 425,0 427,9 426,3
29/1/03 15:00 h 425,7 425,0 427,5 426,1
18/2/03 14:30 h 425,9 425,1 427,8 426,3
24/3/03 11:00 h 425,6 425,0 427,5 426,0
16/4/03 15:00 h 425,4 424,9 427,4 425,9

511
Tabela I.25 - Massas dos provetes prismáticos da argamassa de assentamento (16cm×4cm×4cm),
após o início do endurecimento (provetes P37 a P45)

Provete Nº
Data Média Média Média
37 38 39 P37 a 40 41 42 P40 a 43 44 45 P43 a
P39 P42 P45
31/7/02 12:00 h 451,3 455,6 454,0 453,6 -- -- -- -- -- -- -- --
2/8/02 14:00 h 430,0 431,3 433,1 431,5 453,8 461,0 464,1 459,6 457,5 463,1 462,4 461,0
3/8/02 14:00 h 428,9 429,5 432,8 430,4 437,6 445,3 446,7 443,2 440,7 445,5 445,6 443,9
5/8/02 16:00 h 428,8 428,5 432,4 429,9 426,0 428,5 429,7 428,1 431,3 431,2 432,7 431,7
7/8/02 12:30 h 428,9 428,7 432,2 429,9 422,8 424,0 425,3 424,0 428,1 426,9 428,3 427,8
9/8/02 13:30 h 429,1 428,9 432,3 430,1 422,6 423,1 424,5 423,4 427,7 426,3 427,2 427,1
11/8/02 16:30 h 429,5 429,2 432,5 430,4 422,9 423,6 424,7 423,7 427,9 426,7 427,3 427,3
14/8/02 12:30 h 429,8 429,6 433,0 430,8 423,3 423,8 425,1 424,1 428,2 427,3 427,8 427,8
18/8/02 15:30 h 430,4 430,3 433,5 431,4 423,8 424,3 425,6 424,6 428,7 427,5 428,5 428,2
21/8/02 10:15 h 430,6 430,3 433,9 431,6 424,1 424,7 426,2 425,0 428,9 427,8 428,7 428,5
25/8/02 10:30 h 430,9 430,8 434,1 431,9 424,5 425,1 426,4 425,3 429,2 428,0 428,9 428,7
29/8/02 13:00 h 431,2 431,1 434,4 432,2 427,4 425,2 426,6 426,4 429,5 428,3 429,2 429,0
3/9/02 11:00 h 432,1 431,9 435,3 433,1 430,3 429,2 430,0 429,8
9/9/02 15:00 h 432,8 432,7 436,1 433,9 431,1 430,1 430,8 430,7
16/9/02 13:00 h 433,7 433,8 437,0 434,8 432,1 430,8 431,5 431,5
23/9/02 11:30 h 434,4 434,2 437,5 435,4 432,6 431,6 432,1 432,1
30/9/02 13:00 h 435,0 435,0 438,4 436,1 433,1 432,0 432,7 432,6
7/10/02 13:00 h 435,4 435,4 438,7 436,5 433,5 432,6 432,9 433,0
14/10/02 13:15 h 435,9 435,9 439,0 436,9 433,7 432,8 433,6 433,4
23/10/02 15:45 h 436,4 436,1 439,4 437,3 434,2 433,2 433,7 433,7
29/10/02 13:00 h 436,6 436,5 439,7 437,6 434,4 433,5 434,1 434,0
5/11/02 15:00 h 436,7 436,6 439,7 437,7 434,6 433,6 434,3 434,2
21/11/02 12:00 h 436,7 436,9 440,1 437,9 434,6 433,6 434,6 434,3
6/12/02 13:30 h 436,5 436,7 439,9 437,7 434,5 433,6 434,4 434,2
27/12/02 14:30 h 436,7 436,8 439,9 437,8 434,6 433,8 434,6 434,3
17/1/03 11:00 h 436,4 436,3 439,7 437,5 434,3 433,6 434,4 434,1
29/1/03 15:00 h 436,1 436,2 439,6 437,3 434,2 433,2 433,8 433,7
18/2/03 14:30 h 436,2 436,3 439,6 437,4 434,1 433,4 433,9 433,8
24/3/03 11:00 h 435,9 436,0 439,3 437,1 433,8 433,1 433,9 433,6
16/4/03 15:00 h 435,8 435,9 439,3 437,0 433,8 432,6 433,9 433,4

512
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.26 - Massas dos provetes prismáticos da argamassa de assentamento (16cm×4cm×4cm)


após o início do endurecimento (provetes P46 a P51), e condições de temperatura e humidade do
local de cura
Provete Nº
Data T [ºC] HR [%]
Média Média
46 47 48 49 50 51
P46 a P48 P49 a P51
31/7/02 12:00 h -- -- -- -- -- -- -- -- 25.0 61
2/8/02 14:00 h 465,9 469,9 471,4 469,1 466,6 468,3 468,0 467,6 24,5 54
3/8/02 14:00 h 447,5 450,4 451,8 449,9 449,3 452,2 444,8 448,8 24,0 75
5/8/02 16:00 h 431,5 432,3 435,1 433,0 432,9 432,7 421,8 429,1 24,5 77
7/8/02 12:30 h 424,0 422,2 425,1 423,8 419,3 416,9 417,3 417,8 24,0 79
9/8/02 13:30 h 420,9 417,9 420,9 419,9 414,9 413,8 417,0 415,2 24,5 65
11/8/02 16:30 h 421,0 418,1 420,9 420,0 415,2 414,1 417,5 415,6 24,0 66
14/8/02 12:30 h 421,4 418,4 421,4 420,4 415,7 414,6 418,1 416,1 25,0 71
18/8/02 15:30 h 422,1 419,1 422,0 421,1 416,4 415,3 418,9 416,9 25,0 81
21/8/02 10:15 h 422,4 419,4 422,2 421,3 416,6 415,6 419,3 417,2 25,0 78
25/8/02 10:30 h 422,7 419,8 422,6 421,7 417,1 416,1 419,5 417,6 24,0 75
29/8/02 13:00 h 423,1 420,2 422,9 422,1 417,3 416,5 420,2 418,0 25.0 63
3/9/02 11:00 h 423,8 420,9 423,6 422,8 418,2 417,3 420,9 418,8 23.5 75
9/9/02 15:00 h 425,0 422,0 424,8 423,9 419,2 418,2 421,6 419,7 22.5 75
16/9/02 13:00 h 425,6 423,0 425,6 424,7 420,1 419,1 422,4 420,5 23,0 94
23/9/02 11:30 h 426,2 423,6 426,3 425,4 420,6 419,8 423,0 421,1 22,0 89
30/9/02 13:00 h 426,8 424,2 426,9 426,0 421,3 420,4 423,5 421,7 23,5 96
7/10/02 13:00 h 427,2 424,6 427,4 426,4 421,8 420,7 423,8 422,1 23,5 82
14/10/02 13:15 h 422,2 421,3 424,3 422,6 22,5 89
23/10/02 15:45 h 422,7 421,5 424,6 422,9 21,5 79
29/10/02 13:00 h 423,0 421,8 424,8 423,2 23,0 76
5/11/02 15:00 h 423,2 422,1 425,1 423,5 22,0 75
21/11/02 12:00 h 423,5 422,2 425,1 423,6 19,5 70
6/12/02 13:30 h 423,2 422,0 424,8 423,3 18,5 63
27/12/02 14:30 h 423,4 422,3 424,9 423,5 20,0 78
17/1/03 11:00 h 423,3 422,0 424,7 423,3 18,0 59
29/1/03 15:00 h 422,9 421,9 424,7 423,2 21,5 52
18/2/03 14:30 h 423,1 422,1 424,7 423,3 18,5 89
24/3/03 11:00 h 423,1 421,9 424,5 423,2 21,5 70
16/4/03 15:00 h 423,2 421,8 424,5 423,2 20,0 76

513
5.2.1 – Características físicas da argamassa endurecida

- Massa volúmica real, massa volúmica aparente e porosidade aberta

• equipamentos utilizados e procedimento seguido: os referidos no ponto 2.1 [182, 183]. Os


provetes de argamassa utilizados neste ensaio eram as “extremidades” resultantes dos meios
prismas ensaiados à compressão, fig. I.33, como definido no ponto 5.2.2 deste Anexo.

Fig. I.10 - Provetes de argamassa no interior do excicador, para determinação da massa volúmica
e da porosidade aberta

• resultados: obtidos por aplicação das expressões I.1 a I.3, resumindo-se nas tabelas I.27 e I.28
os valores obtidos.

Tabela I.27 - Massas volúmicas e porosidade aberta da argamassa de assentamento, entre as


seis e as oito semanas após a moldagem

Datas Idade Massas dos provetes [g] MVR MVA PA


Provete
do em M1 (1) M2 M3
Nº [kg/m3] Média [kg/m3] Média [%] Média
ensaio 9/9/02 T= 61ºC T= 25,5º
1 58,901 36,128 69,276 2586,4 1776,9 31,3
2 54 d 59,160 35,130 69,543 2461,9 2542,0 1719,1 1752,8 30,2 31,0
3 58,772 35,970 69,320 2577,5 1762,3 31,6
10 47,771 29,345 56,977 2592,6 1728,8 33,3
11 53 d 28,168 17,290 33,423 2589,4 2591,0 1746,0 1745,2 32,6 32,6
9 a 12/9/02

12 32,098 19,710 37,939 2591,1 1760,8 32,0


28 50,886 31,326 60,583 2601,5 1739,3 33,1
29 45 d 53,820 32,681 63,807 2546,0 2581,4 1729,1 1737,1 32,1 32,7
30 49,880 30,670 59,287 2596,6 1743,0 32,9
40 43,664 26,915 51,811 2607,0 1753,9 32,7
41 40 d 52,803 32,439 62,612 2593,0 2597,7 1750,0 1755,1 32,5 32,4
42 56,134 34,486 66,352 2593,0 1761,6 32,1
Média 2590,0 Média 1745,8 Média 32,6
1
( ) - Massa constante, após condicionamento em estufa ventilada a 61 ºC

514
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.28 - Massas volúmicas e porosidade aberta da argamassa de assentamento, 90 dias


após a moldagem

Datas Idade Massas dos provetes [g] MVR MVA PA


Provete
do no início M1 (1) M2 M3
Nº [kg/m3] Média [kg/m3] Média [%] Média
ensaio do ensaio T= 61ºC T= 25,5º
16_1 60,218 37,055 71,513 2599,7 1747,6 32,8
16_2
15 a 18/10/02

45,073 27,607 53,488 2580,6 1741,5 32,5


17_1 61,923 38,096 74,152 2598,9 1717,4 33,9
90 d 2593,6 1749,5 32,5
17_2 60,845 37,337 72,479 2588,3 1731,4 33,1
18_1 66,831 41,174 77,841 2604,8 1822,6 30,0
18_2 61,598 37,809 73,288 2589,3 1736,2 32,9
22_1 71,526 44,233 84,996 2620,7 1754,7 33,0
22_2
20 a 23/10/02

50,684 31,043 60,063 2580,5 1746,5 32,3


23_1 56,307 34,773 66,637 2614,8 1767,1 32,4
90 d 2601,6 1750,6 32,7
23_2 56,383 34,628 67,117 2591,7 1735,4 33,0
24_1 57,548 35,506 68,446 2610,8 1747,1 33,1
24_2 53,750 33,004 63,671 2590,9 1752,7 32,4
34_1 55,072 33,934 65,606 2605,4 1738,8 33,3
34_2 59,821 36,729 71,360 2590,6 1727,4 33,3
23 a 26/10/02

35_1 51,832 31,850 61,723 2593,9 1735,1 33,1


90 d 2591,7 1726,6 33,4
35_2 33,214 20,380 39,835 2588,0 1707,2 34,0
36_1 62,120 38,159 74,078 2592,5 1729,4 33,3
36_2 53,960 33,042 64,380 2579,6 1721,9 33,3
46_1 46,708 28,869 55,351 2618,3 1763,8 32,6
46_2 29,873 18,144 35,229 2546,9 1748,5 31,3
29 a 1/11/02

47_1 50,456 30,840 59,974 2572,2 1731,9 32,7


91 d 2573,4 1745,0 32,2
47_2 28,920 17,684 34,353 2573,9 1735,0 32,6
48_1 53,093 32,410 62,903 2567,0 1741,2 32,2
48_2 27,883 17,000 32,936 2562,1 1749,7 31,7
Média 2590,1 Média 1742,9 Média 32,7
(1) - Massa constante, após condicionamento em estufa ventilada a 61 ºC

- Absorção de água por capilaridade

Este ensaio foi realizado com provetes indicados na tabela 3.10.

• equipamentos utilizados: tabuleiro de material não absorvente; balança com precisão de


0,01 g; estufa ventilada.

• procedimento seguido [185], fig. I.11: (i) secagem dos provetes (prismas inteiros ou um dos
meios prismas resultante do ensaio de flexão) na estufa ventilada a 60 ± 5 ºC, até massa
constante; (ii) determinação da massa do provete seco (M0); (iii) colocação do tabuleiro dentro
de uma caixa plástica com tampa, com uma altura de água de cerca de 10 cm (para criação de

515
condições de saturação), assente em apoios estáveis que impediam a entrada de água para
o seu interior; (iv) colocação de papel absorvente no fundo do tabuleiro, ainda seco; (v)
criação de uma lâmina de água no interior do tabuleiro de forma a que, depois de
concluída a colocação dos provetes, esta mantivesse uma altura de 2 mm; (vi) os provetes
eram colocados de forma a que a face de 4cm×4cm em contacto com a água fosse a face
plana (esta observação aplica-se apenas aos meios prismas); (vii) colocação da tampa da
caixa logo após a colocação do último provete; (viii) determinação da massa Mi de cada
provete após 5, 15, 30, 60, 180, 360 min e de 24 em 24 horas, até massa constante.

Fig. I.11 - Ensaio de absorção de água por capilaridade da argamassa de assentamento

• resultados: são obtidos pela determinação da quantidade de água absorvida até ao instante
t, de acordo com a expressão seguinte:

Mi − M0 2
Mt = [kg/m ] (I.21)
A

sendo Mi a massa do provete i, M0 a massa do provete seco e A a área da base do provete


em contacto com a água (no caso, A = 0,04 × 0,04 = 0,0016 m2).

Com os valores obtidos, traça-se o gráfico correspondente à absorção de água por capilaridade
ao longo do tempo, até massa constante, com abcissas em t [hora1/2] e ordenadas em kg/m2. A
inclinação do troço inicial do gráfico define o coeficiente de absorção de água por capilaridade
em [kg/(m2.h1/2)] e a assímptota horizontal do gráfico, define o valor assimptótico, em kg/m2.
Nas figs. I.12 a I.26, representam-se os gráficos de absorção de água por capilaridade 2), com os
resultados conjuntos das séries de três provetes e respectivo valor médio. Os provetes P1 a P3 foram
produzidos com cal aérea da marca Calcidrata e todos os restantes com cal aérea da marca Lusical.
Os resultados são apresentados por ordem cronológica de realização dos ensaios.
_______________
2)
Embora tenha sido efectuado um maior número de pesagens, são apresentados apenas os
valores conducentes à “massa constante” (definida na nota 1 deste Anexo - pág. 489).
516
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.29 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P1, P2 e P3 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 a P3
t = 0 <>11:55 h 0,0 (1) 0,00 212,218 201,353 238,854 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 217,879 206,905 244,447 3,54 3,47 3,50 3,50
t = 15 min 0,3 0,50 221,567 210,831 248,176 5,84 5,92 5,83 5,86
9/9/02

t = 30 min 0,5 0,71 225,232 214,653 251,720 8,13 8,31 8,04 8,16
t=1h 1,0 1,00 230,415 219,876 256,712 11,37 11,58 11,16 11,37
t=3h 3,0 1,73 236,954 225,347 266,442 15,46 15,00 17,24 15,90
t=6h 6,0 2,45 237,231 225,621 267,028 15,63 15,17 17,61 16,14
1d 10/9/02 - 13:30 h 25,6 5,06 237,764 226,101 267,681 15,97 15,47 18,02 16,48
2d 11/9/02 - 13:15 h 49,3 7,02 238,163 226,454 268,135 16,22 15,69 18,30 16,73
3d 12/9/02 - 13:30 h 73,6 8,58 238,506 226,715 268,405 16,43 15,85 18,47 16,92
Os provetes P1 a P3 foram produzidos com cal aérea Calcidrata e todos os restantes com cal aérea Lusical.
(1) - Em todas as tabelas para a determinação do coeficiente de absorção de água por capilaridade, a primeira pesagem é feita
após a retirada do provete da estufa ventilada, onde permaneceu a 60ºC, até massa constante. É a última pesagem efectuada
antes do contacto da base do provete com a lâmina de água.

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P1 P2 P3

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P1-P2-P3

Fig. I.12 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P1, P2 e P3 (meios provetes), da argamassa de assentamento

517
Tabela I.30 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P10, P11 e P12 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P10 P11 P12 P10 P11 P12 P10 a P12
t = 0 <>11:55 h 0,0 0,00 218,957 225,063 224,361 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 226,896 232,200 232,129 4,96 4,46 4,86 4,76
t = 15 min 0,3 0,50 231,793 238,148 237,151 8,02 8,18 7,99 8,06
9/9/02

t = 30 min 0,5 0,71 236,597 242,918 241,927 11,03 11,16 10,98 11,05
t=1h 1,0 1,00 243,077 249,478 248,490 15,08 15,26 15,08 15,14
t=3h 3,0 1,73 247,039 254,693 254,032 17,55 18,52 18,54 18,20
t=6h 6,0 2,45 247,175 254,830 254,182 17,64 18,60 18,64 18,29
1d 10/9/02 - 13:30 h 25,6 5,06 247,400 255,078 254,480 17,78 18,76 18,82 18,45
2d 11/9/02 - 13:15 h 49,3 7,02 247,741 255,411 254,869 17,99 18,97 19,07 18,68
3d 12/9/02 - 13:30 h 73,6 8,58 247,983 255,744 255,162 18,14 19,18 19,25 18,86

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P10 P11 P12

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P10-P11-P12

Fig. I.13 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P10, P11 e P12 (meios provetes), da argamassa de assentamento

518
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.31 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P28, P29 e P30 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P28 P29 P30 P28 P29 P30 P28 a P30
t = 0 <>11:55 h 0,0 0,00 225,624 222,717 213,717 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 232,501 229,983 220,425 4,30 4,54 4,19 4,34
t = 15 min 0,3 0,50 237,262 234,768 225,042 7,27 7,53 7,08 7,29
9/9/02

t = 30 min 0,5 0,71 241,691 239,269 229,357 10,04 10,35 9,77 10,05
t=1h 1,0 1,00 247,725 245,395 235,047 13,81 14,17 13,33 13,77
t=3h 3,0 1,73 255,756 252,921 242,156 18,83 18,88 17,77 18,49
t=6h 6,0 2,45 255,949 253,188 242,400 18,95 19,04 17,93 18,64
1d 10/9/02 - 13:30 h 25,6 5,06 256,118 253,402 242,683 19,06 19,18 18,10 18,78
2d 11/9/02 - 13:15 h 49,3 7,02 256,397 253,693 243,007 19,23 19,36 18,31 18,97
3d 12/9/02 - 13:30 h 73,6 8,58 256,659 254,018 243,263 19,40 19,56 18,47 19,14

25
Massas [kg/m 2 ]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P28 P29 P30

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

Média P28-P29-P30

Fig. I.14 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P28, P29 e P30 (meios provetes), da argamassa de assentamento

519
Tabela I.32 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P40, P41 e P42 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P40 P41 P42 P40 P41 P42 P40 a P42
t = 0 <>11:55 h 0,0 0,00 224,399 226,732 224,528 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 232,843 234,506 232,513 5,28 4,86 4,99 5,04
t = 15 min 0,3 0,50 237,868 239,576 237,648 8,42 8,03 8,20 8,22
9/9/02

t = 30 min 0,5 0,71 242,572 244,175 242,624 11,36 10,90 11,31 11,19
t=1h 1,0 1,00 249,510 250,730 249,476 15,69 15,00 15,59 15,43
t=3h 3,0 1,73 255,104 256,730 254,887 19,19 18,75 18,97 18,97
t=6h 6,0 2,45 255,280 256,909 255,074 19,30 18,86 19,09 19,08
1d 10/9/02 - 13:30 h 25,6 5,06 255,423 257,119 255,270 19,39 18,99 19,21 19,20
2d 11/9/02 - 13:15 h 49,3 7,02 255,747 257,398 255,548 19,59 19,17 19,39 19,38
3d 12/9/02 - 13:30 h 73,6 8,58 256,016 257,651 255,820 19,76 19,32 19,56 19,55

25
Massas [kg/m 2 ]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P40 P41 P42

25
Massas [kg/m 2 ]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P40-P41-P42

Fig. I.15 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P40, P41 e P42 (meios provetes), da argamassa de assentamento

520
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.33 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P16, P17 e P18 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P16 P17 P18 P16 P17 P18 P16aP18
t = 0 <>12:40 h 0,0 0,00 223,131 209,432 195,386 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 231,865 218,424 204,457 5,46 5,62 5,67 5,58
t = 15 min 0,3 0,50 237,664 224,390 210,647 9,08 9,35 9,54 9,32
15/10/02

t = 30 min 0,5 0,71 243,409 230,187 216,746 12,67 12,97 13,35 13,00
t=1h 1,0 1,00 251,498 238,161 223,887 17,73 17,96 17,81 17,83
t=3h 3,0 1,73 255,038 240,090 224,479 19,94 19,16 18,18 19,10
t=6h 6,0 2,45 255,118 240,178 224,585 19,99 19,22 18,25 19,15
1d 16/10/02 - 12:30 h 23,8 4,88 255,433 240,476 224,907 20,19 19,40 18,45 19,35
2d 17/10/02 - 12:30 h 47,8 6,92 255,807 240,810 225,211 20,42 19,61 18,64 19,56
3d 18/10/02 - 13:45 h 73,1 8,55 256,023 241,033 225,428 20,56 19,75 18,78 19,69

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

P16 P17 P18

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P16-P17-P18

Fig. I.16 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P16, P17 e P18 (meios provetes), da argamassa de assentamento

521
Tabela I.34 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P22, P23 e P24 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P22 P23 P24 P22 P23 P24 P22aP24
t = 0 <>11:25 h 0,0 0,00 210,210 212,430 217,534 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 218,304 221,014 225,755 5,06 5,37 5,14 5,19
t = 15 min 0,3 0,50 224,061 227,256 231,489 8,66 9,27 8,72 8,88
20/10/02

t = 30 min 0,5 0,71 229,617 233,134 237,037 12,13 12,94 12,19 12,42
t=1h 1,0 1,00 237,252 241,124 244,575 16,90 17,93 16,90 17,25
t=3h 3,0 1,73 239,709 242,968 248,046 18,44 19,09 19,07 18,86
t=6h 6,0 2,45 239,830 243,081 248,192 18,51 19,16 19,16 18,94
1d 21/10/02 - 13:30 h 25,1 5,01 240,119 243,364 248,466 18,69 19,33 19,33 19,12
2d 22/10/02 - 12:15 h 47,8 6,92 240,480 243,636 248,751 18,92 19,50 19,51 19,31
3d 23/10/02 - 12:45 h 72,3 8,50 240,678 243,893 249,033 19,04 19,66 19,69 19,46

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P22 P23 P24

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P22-P23-P24

Fig. I.17 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P22, P23 e P24 (meios provetes), da argamassa de assentamento

522
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.35 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P34, P35 e P36 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P34 P35 P36 P34 P35 P36 P34aP36
t = 0 <>14:10 h 0,0 0,00 209,098 213,084 206,878 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 215,294 221,848 215,237 3,87 5,48 5,22 4,86
t = 15 min 0,3 0,50 221,703 227,598 221,035 7,88 9,07 8,85 8,60
23/10/02

t = 30 min 0,5 0,71 227,334 232,891 226,484 11,40 12,38 12,25 12,01
t=1h 1,0 1,00 234,750 239,743 233,483 16,03 16,66 16,63 16,44
t=3h 3,0 1,73 237,941 243,029 235,773 18,03 18,72 18,06 18,27
t=6h 6,0 2,45 237,952 243,116 235,879 18,03 18,77 18,13 18,31
1d 24/10/02 - 15:00 h 24,8 4,98 238,300 243,501 236,169 18,25 19,01 18,31 18,52
2d 25/10/02 - 14:15 h 48,1 6,93 238,416 243,648 236,320 18,32 19,10 18,40 18,61
3d 26/10/02 - 12:00 h 69,8 8,36 238,639 243,833 236,572 18,46 19,22 18,56 18,75

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

P34 P35 P36

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P34-P35-P36

Fig. I.18 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P34, P35 e P36 (meios provetes), da argamassa de assentamento

523
Tabela I.36 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P46, P47 e P48 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P46 P47 P48 P46 P47 P48 P46aP48
t = 0 <>12:00 h 0,0 0,00 223,374 221,182 224,154 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 233,264 229,511 231,560 6,18 5,21 4,63 5,34
t = 15 min 0,3 0,50 238,639 235,881 238,450 9,54 9,19 8,94 9,22
29/10/02

t = 30 min 0,5 0,71 244,277 241,923 244,516 13,06 12,96 12,73 12,92
t=1h 1,0 1,00 251,934 250,003 252,669 17,85 18,01 17,82 17,90
t=3h 3,0 1,73 255,694 253,583 256,619 20,20 20,25 20,29 20,25
t=6h 6,0 2,45 255,789 253,687 256,778 20,26 20,32 20,39 20,32
1d 30/10/02 - 14:00 h 26,0 5,10 256,103 254,039 257,146 20,46 20,54 20,62 20,54
2d 31/10/02 - 11:00 h 47,0 6,86 256,431 254,296 257,438 20,66 20,70 20,80 20,72
3d 01/11/02 - 15:30 h 75,5 8,69 256,740 254,586 257,780 20,85 20,88 21,02 20,92

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

P46 P47 P48

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P46-P47-P48

Fig. I.19 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P46, P47 e P48 (meios provetes), da argamassa de assentamento

524
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.37 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P31, P32 e P33 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P31 P32 P33 P31 P32 P33 P31a P33
t = 0 <>17:35 h 0,0 0,00 211,017 212,344 193,329 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 213,907 216,981 198,405 1,81 2,90 3,17 2,63
t = 15 min 0,3 0,50 218,998 223,433 205,246 4,99 6,93 7,45 6,46
6/8/03

t = 30 min 0,5 0,71 225,317 229,202 211,143 8,94 10,54 11,13 10,20
t=1h 1,0 1,00 233,900 237,378 218,202 14,30 15,65 15,55 15,16
t=3h 3,0 1,73 239,026 240,800 219,392 17,51 17,79 16,29 17,19
t=4h 4,0 2,00 239,187 240,798 219,322 17,61 17,78 16,25 17,21
1d 07/8/03 - 16:10 h 22,6 4,75 239,685 241,205 219,696 17,92 18,04 16,48 17,48
2d 08/8/03 - 15:45 h 46,2 6,79 240,008 241,494 219,958 18,12 18,22 16,64 17,66
3d 09/8/03 - 14:30 h 71,9 8,48 240,293 241,782 220,220 18,30 18,40 16,81 17,83

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]
P31 P32 P33

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

Média P31-P32-P33

Fig. I.20 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P31, P32 e P33 (meios provetes), da argamassa de assentamento

525
Tabela I.38 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P25, P26 e P27 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P25 P26 P27 P25 P26 P27 P25a P27
t = 0 <>10:45 h 0,0 0,00 209,899 211,836 232,415 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 211,491 220,642 235,368 1,00 5,50 1,85 2,78
t = 15 min 0,3 0,50 214,040 226,551 239,959 2,59 9,20 4,72 5,50
7/10/03

t = 30 min 0,5 0,71 218,864 232,227 244,938 5,60 12,74 7,83 8,72
t=1h 1,0 1,00 226,212 239,483 253,191 10,20 17,28 12,99 13,49
t=3h 3,0 1,73 238,128 240,765 263,341 17,64 18,08 19,33 18,35
t=6h 6,0 2,45 238,442 240,827 263,689 17,84 18,12 19,55 18,50
1d 08/10/03 - 12:10 h 26,6 5,16 238,950 241,331 264,257 18,16 18,43 19,90 18,83
2d 09/10/03 - 15:30 h 52,8 7,26 239,333 241,638 264,710 18,40 18,63 20,18 19,07
3d 10/10/03 - 12:00 h 73,3 8,56 239,575 241,905 264,955 18,55 18,79 20,34 19,23

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
Tempo [horas1/2]

P25 P26 P27

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,0 2,5 5,0 7,5 10,0
Tempo [horas1/2]

Média P25-P26-P27

Fig. I.21 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P25, P26 e P27 (meios provetes), da argamassa de assentamento

526
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.39 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P19, P20 e P21 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P19 P20 P21 P19 P20 P21 P19a P21
t = 0 <>11:00 h 0,0 0,00 213,830 211,340 228,140 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 219,773 -- 236,306 3,71 -- 5,10 4,41
t = 15 min 0,3 0,50 225,094 220,138 242,365 7,04 5,50 8,89 7,14
18/3/04

t = 30 min 0,5 0,71 230,575 225,284 247,868 10,47 8,71 12,33 10,50
t=1h 1,0 1,00 238,315 232,461 255,572 15,30 13,20 17,15 15,22
t=3h 3,0 1,73 242,580 239,493 259,329 17,97 17,60 19,49 18,35
t=6h 6,0 2,45 242,978 239,895 259,609 18,22 17,85 19,67 18,58
1d 19/3/04 - 11:00 h 24,0 4,90 243,482 240,411 260,092 18,53 18,17 19,97 18,89
2d 20/3/04 - 12:00 h 49,0 7,00 243,766 240,763 260,313 18,71 18,39 20,11 19,07
3d 21/3/04 - 11:00 h 72,0 8,49 243,978 240,970 260,540 18,84 18,52 20,25 19,20

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P19 P20 P21

25
Massas [kg/m2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

Média P19-P20-P21

Fig. I.22 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P19, P20 e P21 (meios provetes), da argamassa de assentamento

527
Tabela I.40 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P37, P38 e P39 (provetes inteiros), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P37 P38 P39 P37 P38 P39 P37e P38
t = 0 <>11:00 h 0,0 0,00 433,820 434,560 437,600 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 438,913 438,120 438,065 3,18 2,23 0,29 2,70
t = 15 min 0,3 0,50 443,520 441,555 438,629 6,06 4,37 0,64 5,22
18/3/04

t = 30 min 0,5 0,71 447,962 444,649 439,431 8,84 6,31 1,14 7,57
t=1h 1,0 1,00 455,041 449,077 442,614 13,26 9,07 3,13 11,17
t=3h 3,0 1,73 472,171 465,700 455,260 23,97 19,46 11,04 21,72
t=6h 6,0 2,45 486,241 485,130 475,622 32,76 31,61 23,76 32,18
1d 19/3/04 - 11:00 h 24,0 4,90 491,590 493,412 495,506 36,11 36,78 36,19 36,44
2d 20/3/04 - 12:00 h 49,0 7,00 492,305 494,110 496,325 36,55 37,22 36,70 36,89
3d 21/3/04 - 11:00 h 72,0 8,49 492,802 494,544 496,756 36,86 37,49 36,97 37,18

50
Massas [kg/m2]

40

30

20

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ]

P37 P38 P39

50
Massas [kg/m2]

40

30

20

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P37-P38

Nota: Os resultados do provete P39 foram excluídos da média devido à discrepância de resultados evidenciada
no gráfico acima

Fig. I.23 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P37, P38 e P39 (provetes inteiros), da argamassa de assentamento
528
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.41 - Registo de massas durante o ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P13, P14 e P15 (provetes inteiros), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P13 P14 P15 P13 P14 P15 P13aP14
t = 0 <>15:30 h 0,00 0,00 429,64 432,87 433,49 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,08 0,29 431,69 434,49 440,18 1,28 1,01 4,18 2,16
t = 10 min 0,17 0,41 433,87 436,98 443,80 2,64 2,57 6,44 3,89
19/7/04

t = 15 min 0,25 0,50 435,89 439,24 446,49 3,91 3,98 8,13 5,34
t = 30 min 0,5 0,71 441,41 444,99 452,59 7,36 7,58 11,94 8,96
t=1h 1,0 1,00 450,41 453,82 460,88 12,98 13,09 17,12 14,40
t=3h 3,0 1,73 471,87 475,35 480,68 26,39 26,55 29,49 27,48
t=6h 6,0 2,45 489,23 492,57 495,55 37,24 37,31 38,79 37,78
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 493,49 496,73 497,89 39,91 39,91 40,25 40,02
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 494,04 497,29 497,35 40,25 40,26 39,91 40,14
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 494,39 497,68 498,71 40,47 40,51 40,76 40,58
Massas [kg/m 2]

50

40

30

20

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]
P13 P14 P15

50
Massas [kg/m 2]

40

30

20

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P13-P14-P15

Fig. I.24 - Gráficos de conjunto e médio, do ensaio de absorção de água por capilaridade dos
provetes P13, P14 e P15 (provetes inteiros), da argamassa de assentamento
529
Tabela I.42 - Registo de massas durante o “segundo” ensaio de absorção de água por capilaridade
dos provetes P19, P20 e P21 (meios provetes), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P19 P20 P21 P19 P20 P21 P19aP21
t = 0 <>15:30 h 0,00 0,00 214,44 211,95 228,66 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,08 0,29 222,23 218,91 236,98 4,87 4,35 5,20 4,81
t = 10 min 0,17 0,41 224,96 221,62 240,06 6,58 6,04 7,13 6,58
19/7/04

t = 15 min 0,25 0,50 227,27 223,87 242,42 8,02 7,45 8,60 8,02
t = 30 min 0,5 0,71 232,41 228,96 247,64 11,23 10,63 11,86 11,24
t=1h 1,0 1,00 239,41 235,79 254,79 15,61 14,9 16,33 15,61
t=3h 3,0 1,73 243,14 240,04 259,76 17,94 17,56 19,44 18,31
t=6h 6,0 2,45 243,31 240,23 259,93 18,04 17,68 19,54 18,42
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 243,59 240,53 260,24 18,22 17,86 19,74 18,61
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 243,80 240,78 260,48 18,35 18,02 19,89 18,75
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 244,04 240,98 260,65 18,50 18,14 19,99 18,88

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P19 P20 P21

25
Massas [kg/m 2]

20

15

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P19-P20-P21

Fig. I.25 - Gráficos de conjunto e médio, do “segundo” ensaio de absorção de água por
capilaridade dos provetes P19, P20 e P21 (meios provetes), da argamassa de assentamento

530
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.43 - Registo de massas durante o “segundo” ensaio de absorção de água por capilaridade
dos provetes P37, P38 e P39 (provetes inteiros), da argamassa de assentamento
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g] Média
Datas [(Mi-M1)/A]
[horas] [horas1/2] P37 P38 P39 P37 P38 P39 P37eP38
t = 0 <>15:30 h 0,00 0,00 434,74 435,91 438,96 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,08 0,29 441,84 443,02 443,45 4,44 4,44 2,81 4,44
t = 10 min 0,17 0,41 444,77 445,90 446,36 6,27 6,24 4,63 6,26
19/7/04

t = 15 min 0,25 0,50 446,79 448,04 448,80 7,53 7,58 6,15 7,56
t = 30 min 0,5 0,71 451,54 452,80 453,69 10,50 10,56 9,21 10,53
t=1h 1,0 1,00 457,88 459,27 460,26 14,46 14,60 13,31 14,53
t=3h 3,0 1,73 472,89 474,81 476,01 23,84 24,31 23,16 24,08
t=6h 6,0 2,45 486,29 488,87 490,04 32,22 33,10 31,93 32,66
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 493,08 494,72 497,09 36,46 36,76 36,33 36,61
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 493,73 495,25 497,68 36,87 37,09 36,70 36,98
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 494,63 496,06 498,19 37,43 37,59 37,02 37,51

50
Massas [kg/m 2]

40

30

20

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

P37 P38 P39

50
Massas [kg/m 2]

40

30

20

10

0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2]

Média P37-P38

Nota: Para efeitos de comparação com o gráfico da fig. I.23 (pág. 528), os resultados do provete P39 foram
excluídos da média
Fig. I.26 - Gráficos de conjunto e médio, do “segundo” ensaio de absorção de água por
capilaridade dos provetes P37, P38 e P39 (provetes inteiros), da argamassa de assentamento
531
- Permeabilidade ao vapor de água (PVA)

Este ensaio foi realizado com os provetes identificados na tabela 3.11.

• equipamentos utilizados: cápsula de material impermeável; balança com precisão de 0,01 g;


substâncias condicionadoras; silicone; câmara climática.

• procedimento seguido (método da cápsula húmida) [95, 184], fig. I.27: (i) secagem dos
provetes em estufa ventilada a 60 ± 5 ºC até massa constante; (ii) condicionamento dos
provetes em ambiente condicionado, com temperatura de 22 ± 2 ºC e humidade relativa de
50 ± 5 %, durante cerca de 15 dias antes de cada ensaio; (iii) colocação de 1 cm de altura de
água destilada (cerca de 43 g) no interior de cada cápsula, juntando-se em seguida algodão
hidrófilo para evitar salpicos durante as operações de pesagem e garantir um teor de humidade
relativa interior de 100 %; (iv) colocação do provete sobre a cápsula, vedando-se em seguida
a zona cilíndrica de contacto com silicone; (v) colocação das cápsulas com os respectivos
provetes assim preparados na câmara climática com temperatura de 23 ºC e humidade
relativa de 50 % com pesagem prévia de cada conjunto; (vi) pesagem periódica com registo
das massas e das datas de pesagem, até se atingir um regime estacionário (quando a
diferença entre duas pesagens consecutivas é inferior a 5%).

1 – provetes no local de cura (fig. 3.25); 2 – preparação do ensaio; 3,4 – criação do ambiente húmido no interior da
cápsula; 5 – provetes posicionados sobre as cápsulas, antes de colocação do anel de fecho, vedado com silicone no
perímetro exterior; 6 – provetes no interior da câmara climática; 7 – valores de referência de humidade relativa e
temperatura de ensaio; 8 – pesagem dos provetes ao longo tempo

Fig. I.27 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água

532
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

• resultados: determinação da permeabilidade ao vapor de água, π (tabela 3.16), através da


expressão:
G×e
π= [kg/m.s.Pa] (I.22)
A × ∆P × 36 × 10 5

sendo: G o fluxo de vapor por unidade de tempo, calculado a partir da média das diferenças
de massa por unidade de tempo (em g/h), com pelo menos três valores obtidos em regime
estacionário; e a espessura do provete, em [m]; A a área de ensaio do provete, em [m2]; e ∆P
o diferencial de pressão do vapor de água entre os dois lados do provete, em [Pa].

Tabela I.44 - Registo de massas durante o ensaio de permeabilidade ao vapor de água (PVA) do
conjunto “provete+cápsula húmida”, provetes P1, P3, P5, P14 e P16, da argamassa de assentamento
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Dias Horas Horas1/2
1 3 5 14 16
22/10/02 - 11:00 h 0 0 0,00 421,16 426,96 415,32 409,93 402,54
23/10/02 - 11:00 h 1 24 4,90 420,19 425,97 414,29 408,79 401,43
24/10/02 - 11:00 h 2 48 6,93 419,38 425,10 413,41 407,84 400,46
25/10/02 - 11:00 h 3 72 8,49 418,58 424,21 412,51 406,90 399,52
28/10/02 - 11:00 h 6 144 12,00 416,87 422,78 410,66 406,49 397,72
29/10/02 - 11:00 h 7 168 12,96 415,97 421,83 409,71 405,42 396,66
30/10/02 - 11:00 h 8 192 13,86 415,05 420,84 408,72 404,32 395,59
31/10/02 - 11:00 h 9 216 14,70 414,21 419,90 407,80 403,31 394,63
05/11/02 - 11:00 h 14 336 18,33 409,85 415,26 403,19 398,26 389,63
06/11/02 - 11:00 h 15 360 18,97 409,02 414,36 402,30 397,28 388,65
07/11/02 - 11:00 h 16 384 19,60 408,11 413,40 401,32 396,24 387,61
08/11/02 - 11:00 h 17 408 20,20 407,24 412,47 400,41 395,27 386,58
11/11/02 - 11:00 h 20 480 21,91 404,67 409,68 397,65 392,29 383,58
14/11/02 - 11:00 h 23 552 23,49 402,09 406,97 394,94 389,38 380,60
15/11/02 - 11:00 h 24 576 24,00 401,18 406,00 393,96 388,32 379,53
19/11/02 - 11:00 h 28 672 25,92 397,84 402,28 390,29 384,26 375,50
20/11/02 - 11:00 h 29 696 26,38 396,98 401,35 389,38 383,28 374,49
21/11/02 - 11:00 h 30 720 26,83 396,19 400,46 388,50 382,31 373,54
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 99 98 97 85 84
(1) - Massas só dos provetes no inicio do ensaio (22/10/02): P1=140,27g; P3=140,57g; P5=134,14g;
P14=120,91g; P16=118,73g

440,00
M assas (Pro v +cap su la) [g ram as]

430,00
420,00
410,00
400,00
390,00
380,00
370,00
360,00
350,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

Tempo [horas1/2]

P1 P3 P5 P14 P16

Fig. I.28 - Evolução das massas durante o ensaio de PVA do conjunto “provete+cápsula
húmida”, provetes P1, P3, P5, P14 e P16, da argamassa de assentamento
533
Tabela I.45 - Registo de massas durante o ensaio de PVA do conjunto “provete+cápsula húmida”,
provetes P2, P4 e P6, da argamassa de assentamento
Massas do conjunto Provete + cápsula ” húmida" (1)
Data Dias Horas Horas1/2
2 4 6
10/3/04 - 11:45 h 0 0,0 0,00 424,60 426,70 413,96
10/3/04 - 14:00 h 0 2,3 1,50 424,53 426,62 413,87
11/3/04 - 14:00 h 1 26,3 5,12 423,59 425,70 412,86
12/3/04 - 14:00 h 2 50,3 7,09 422,69 424,79 411,90
15/3/04 - 14:00 h 5 122,3 11,06 420,01 422,38 408,96
16/3/04 - 14:00 h 6 146,3 12,09 419,08 421,17 408,00
17/3/04 - 14:00 h 7 170,3 13,05 418,24 420,31 407,04
18/3/04 - 14:00 h 8 194,3 13,94 417,38 419,49 406,14
19/3/04 - 14:00 h 9 218,3 14,77 416,49 418,61 405,18
22/3/04 - 14:00 h 12 290,3 17,04 413,88 416,05 402,33
23/3/04 - 14:00 h 13 314,3 17,73 413,00 415,20 401,39
24/3/04 - 14:00 h 14 338,3 18,39 412,14 414,32 400,43
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 604 603 602
(1) Massas só dos provetes no inicio do ensaio (10/3/04): P2=137,03g; P4=145,92g; P6=131,18g

440,00
Massas (Prov+capsula) [gramas]

430,00
420,00
410,00
400,00
390,00
380,00
370,00
360,00
350,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

T empo [horas1/2]

P2 P4 P6

Fig. I.29 - Evolução das massas durante o ensaio de PVA do conjunto “provete+cápsula húmida”,
provetes P2, P4 e P6, da argamassa de assentamento

534
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.46 - Registo de massas durante o ensaio de PVA do conjunto “provete+cápsula húmida”,
provetes P7, P8, P9, P11, P12, P13, P15 e P17, da argamassa de assentamento
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Dias Horas Horas1/2
7 8 9 11 12 13 15 17
30/6/05 - 12:00 h 0 0 0,00 436,15 430,84 425,02 416,08 419,77 390,08 420,93 418,21
1/7/05 - 12:00 h 1 24 4,90 435,11 429,80 423,99 414,88 418,62 388,96 419,88 417,15
4/7/05 - 12:00 h 4 96 9,80 431,94 426,72 420,59 411,40 415,26 385,74 416,6 413,87
5/7/05 - 12:00 h 5 120 10,95 430,93 425,73 419,50 410,28 414,19 384,72 415,57 412,83
6/7/05 - 12:00 h 6 144 12,00 429,94 424,74 418,44 409,21 413,18 383,74 17-Fev 14-Fev
7/7/05 - 12:00 h 7 168 12,96 428,68 423,86 417,59 408,14 411,78 382,69 16-Fev 13-Fev
8/7/05 - 12:00 h 8 192 13,86 427,91 422,71 416,29 406,98 410,99 381,64 412,44 409,68
11/7/05 - 12:00 h 11 264 16,25 424,92 419,72 413,09 403,72 407,73 378,42 409,19 406,40
12/7/05 - 12:00 h 12 288 16,97 424,02 418,84 412,10 402,66 406,74 377,49 408,23 405,42
13/7/05 - 12:00 h 13 312 17,66 422,99 417,81 411,04 401,60 405,69 376,50 407,22 404,40
14/7/05 - 12:00 h 14 336 18,33 421,89 416,72 409,87 400,10 404,49 375,35 406,03 403,21
15/7/05 - 12:00 h 15 360 18,97 420,94 415,77 408,84 399,34 403,49 374,40 405,04 402,22
18/7/05 - 12:00 h 18 432 20,78 418,00 412,83 405,74 396,18 400,37 371,52 402,00 399,24
19/7/05 - 12:00 h 19 456 21,35 416,98 411,79 404,67 395,07 399,25 370,42 400,94 398,10
20/7/05 - 12:00 h 20 480 21,91 416,15 410,96 403,72 394,11 398,29 369,51 399,98 397,16
21/7/05 - 12:00 h 21 504 22,45 415,02 409,91 402,63 392,95 397,14 368,39 398,81 396,03
22/7/05 - 12:00 h 22 528 22,98 413,92 408,16 399,99 390,35 395,83 366,94 397,02 394,47
25/7/05 - 12:00 h 25 600 24,49 411,25 406,00 398,46 388,73 392,98 364,44 394,78 391,87
26/7/05 - 12:00 h 26 624 24,98 410,16 404,91 397,29 387,53 391,77 363,33 393,63 390,67
27/7/05 - 12:00 h 27 648 25,46 409,30 404,06 396,37 386,56 390,82 362,42 392,73 389,73
28/7/05 - 12:00 h 28 672 25,92 408,66 402,95 395,41 385,60 389,91 361,52 391,80 388,81
29/7/05 - 11:30 h 29 696 26,38 407,37 402,12 394,33 384,97 388,72 360,41 390,64 387,63
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 1077 1074 1073 1072 1071 1070 1067 1066
(1) - Massas só dos provetes no início do ensaio (30/6/05): P7=136,41g; P8=133,2g; P9=130,14g; P11=120,4g;
P12=121,98g; P13=121,15g; P15=121,59g; P17=120,06g

450,00
Massas (Prov+capsula) [gramas]

440,00
430,00
420,00
410,00
400,00
390,00
380,00
370,00
360,00
350,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

T empo [horas1/2]

P7 P8 P9 P11 P12 P13 P15 P17

Fig. I.30 - Evolução das massas durante o ensaio de PVA do conjunto “provete+cápsula húmida”,
provetes P7, P8, P9, P11, P12, P13, P15, P17, da argamassa de assentamento

535
- Determinação de variações dimensionais lineares

Este ensaio foi realizado com os provetes referidos na tabela 3.8.

• equipamentos utilizados: aparelho (deflectómetro) para medição das variações dimensionais,


equipado com um sistema de leitura com precisão de 0,001 mm; pequenas peças (pinos)
2
metálicos colados ou embutidos nos centros das duas faces de 4×4 cm dos prismas de
argamassa; balança com precisão de 0,01 g.

• procedimento seguido [189], fig. I.31: (i) na altura da execução dos muretes foram moldados
provetes de 16cm×4cm×4cm propositadamente para este ensaio (que não foram sujeitos a
outros ensaios); (ii) colocação dos provetes, após desmoldagem, no dinamómetro,
posicionando os pinos colocados nas faces menores dos prismas nos apoios existentes no
dinamómetro para o efeito; (iii) medição das distâncias entre as extremidades de cada
provete bem como as respectivas massas em datas pré-definidas.

Fig. I.31 - Provetes e equipamento para o ensaio de variação dimensional linear

• resultados: traçado das curvas médias das variações dimensionais, em [mm/m], em função
do tempo de secagem.

Apenas se incluem os resultados relativos aos provetes R7 a R9, moldados a partir da amostra
de argamassa de assentamento do murete M45, por dificuldades de leitura nos restantes.
Os valores das variações dimensionais estão ampliados 100 vezes, para que se possa registar
no mesmo gráfico a evolução das massas dos provetes ao longo do tempo (fig. 3.35).

536
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.47 - Evolução das massas e variações dimensionais lineares nos provetes R7, R8 e R9
(Agosto a Dezembro/2002)
Leituras no Variação dimensional linear ×10-2
Massas
DATA Horas [Hor 1/2
] deflectómetro [mm] [mm/m]
R7 R8 R9 R7 R8 R9 R7 R8 R9 MÉDIA
1/8/02 14:00 h 0,00 0,00 490,9 488,9 488,7 1,648 0,864 1,973 0,000 0,000 0,000 0,000
2/8/02 14:00 h 24,00 4,90 459,8 455,9 456,2 1,392 0,637 1,743 -160,313 -141,875 -143,750 -148,646
3/8/02 15:00 h 49,00 7,00 446,6 443,8 439,8 1,392 0,636 1,743 -160,000 -142,500 -143,750 -148,750
5/8/02 16:45 h 98,75 9,94 430,8 428,6 429,8 1,389 0,635 1,731 -162,188 -143,438 -151,563 -152,396
7/8/02 12:30 h 142,50 11,94 427,0 425,5 428,7 1,380 0,638 1,723 -167,813 -141,250 -156,250 -155,104
9/8/02 13:40 h 191,70 13,85 427,1 425,9 429,1 1,371 0,638 1,714 -173,438 -141,250 -162,188 -158,958
11/8/02 16:55 h 242,95 15,59 427,7 426,2 429,3 1,370 0,636 1,709 -173,750 -142,500 -165,000 -160,417
14/8/02 13:10 h 311,20 17,64 428,1 426,7 429,9 1,365 0,636 1,710 -176,875 -142,813 -164,375 -161,354
18/8/02 16:05 h 410,20 20,25 428,8 427,4 430,6 1,366 0,636 1,710 -176,563 -142,500 -164,375 -161,146
21/8/02 9:30 h 475,69 21,81 429,0 427,6 430,8 1,371 0,642 1,716 -173,438 -139,063 -160,625 -157,708
25/8/02 10:55 h 573,19 23,94 429,6 428,1 431,4 1,362 0,637 1,711 -178,750 -142,188 -163,750 -161,563
29/8/02 13:45 h 672,19 25,93 430,1 428,4 431,7 1,361 0,638 1,711 -179,688 -141,250 -163,750 -161,563
3/9/02 11:40 h 790,19 28,11 430,6 429,2 432,4 1,369 0,644 1,718 -174,688 -137,500 -159,375 -157,188
9/9/02 15:45 h 938,19 30,63 431,3 430,2 433,1 1,369 0,643 1,718 -174,688 -138,125 -159,688 -157,500
16/9/02 16:45 h 1107,19 33,27 432,1 430,7 433,8 1,361 0,637 1,714 -179,688 -141,875 -161,875 -161,146
23/9/02 12:00 h 1270,44 35,64 432,7 431,3 434,3 1,356 0,630 1,708 -182,813 -146,250 -165,625 -164,896
30/9/02 13:30 h 1439,94 37,95 433,3 431,8 434,9 1,358 0,635 1,711 -181,563 -143,125 -164,063 -162,917
7/10/02 13:30 h 1607,94 40,10 433,7 432,3 435,4 1,359 0,635 1,710 -180,938 -143,125 -164,375 -162,813
14/10/02 13:30 h 1775,94 42,14 434,0 432,5 435,8 1,357 0,637 1,712 -181,875 -141,875 -163,438 -162,396
23/10/02 16:15 h 1995,19 44,67 434,4 433,0 436,1 1,354 0,633 1,710 -184,063 -144,688 -164,688 -164,479
29/10/02 14:30 h 2137,44 46,23 434,7 433,3 436,5 1,355 0,634 1,710 -183,438 -144,063 -164,375 -163,958
5/11/02 15:20 h 2258,44 47,52 435,1 433,7 436,6 1,355 0,636 1,711 -183,125 -142,500 -163,750 -163,125
21/11/02 12:30 h 2639,44 51,38 435,4 434,0 436,6 1,356 0,632 1,709 -182,813 -145,000 -165,000 -164,271
06/12/02 13:00 h 2999,94 54,77 435,4 433,9 436,6 1,358 0,639 1,713 -181,250 -140,625 -162,500 -161,458

5.2.2 – Características mecânicas da argamassa endurecida

- Módulo de elasticidade dinâmico (Edin)

Este ensaio foi efectuado sobre os provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, identificados na


tabela 3.10, imediatamente antes de serem ensaiados à tracção por flexão e à compressão, razão
pela qual as datas destes três ensaios (módulo de elasticidade dinâmico, resistência à tracção por
flexão e resistência à compressão) coincidem.

• equipamentos utilizados: estufa ventilada; balança com precisão de 0,001 g; equipamento


adequado para a emissão de vibrações e registo da frequência de ressonância longitudinal
associada.

537
• procedimento seguido [186], fig. I.32: (i) secagem dos provetes até massa constante a 65 ºC;
(ii) colocação de cada provete no equipamento referido aplicando-se numa extremidade
uma fonte emissora e na outra a unidade de recepção; (iii) accionamento do oscilador de
frequência variável que alimenta o vibrador, com registo das amplitudes das vibrações,
correspondendo as condições de ressonância às amplitudes máximas. A frequência de
ressonância fundamental longitudinal corresponde à frequência mais baixa para a qual se
obtém uma amplitude máxima.
São efectuadas duas determinações, com o provete em posições diferentes, cujos valores
não devem diferir mais que 5%.
O valor final corresponde à média dos dois anteriores.

1 – provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm; 2 – equipamento para a emissão de vibrações e registo da frequência de


ressonância longitudinal; 3,4 – posicionamento dos provetes no equipamento; 5 – out put de resultados
Fig. I.32 - Ensaio para determinação do módulo de elasticidade dinâmico, nos prismas de
argamassa de assentamento

• resultados: o valor do módulo de elasticidade dinâmico é determinada pela expressão:

ρ
E din = (2 × l × f 0 ) 2 × × 10 −6 [MPa] (I.23)
g

sendo: Edin o modulo de elasticidade dinâmico; l o comprimento do provete [m]; fo a


frequência de ressonância de longitudinal [Hz]; ρ a massa volúmica [N/m3] e g a
aceleração da gravidade (9,81 m/s2).

538
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Nas tabelas I.48 a I.50 indicam-se os resultados obtidos, encontrando-se referenciados na


tabela I.48 os dois tipos de argamassas com que foram produzidos os provetes. Relativamente
aos valores comparáveis, a argamassa produzida com cal aérea Calcidrata conduziu a valores
de Edin superiores aos da cal aérea Lusical.
Os provetes referidos nas tabelas I.49 e I.50 foram produzidos exclusivamente com cal aérea
Lusical.

Tabela I.48 - Módulo de elasticidade dinâmico da argamassa de assentamento entre as 4 e as


6 semanas de idade, determinado a partir de provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Provete Data do Idade E1 [MPa] E2 [MPa] E E med Média
Massa
Nº ensaio [dias] (1ª leitura) (2ª leitura) [MPa] [MPa] (cal aérea)
1 433,8 4202 4225 4214
3988
2 47 434,0 3975 3912 3944 3988
(Calcidrata)
3 438,9 3807 3807 3807
10 434,9 2346 2310 2328
11 46 429,0 2199 2199 2199 2280
12 431,8 2294 2333 2314
2/9/02
Média = 39

28 426,4 2416 2418 2417


2233
29 38 427,7 2401 2390 2396 2407
(Lusical)
30 423,4 2399 2418 2409
40 424,5 1933 1945 1939
41 33 425,1 1999 2006 2003 2011
42 426,5 2104 2081 2093

Tabela I.49 - Módulo de elasticidade dinâmico da argamassa de assentamento aos 90 dias,


determinado a partir de provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Provete Data do Idade E1 [MPa] E2 [MPa] E E med
Massa Média
Nº ensaio [dias] (1ª leitura) (2ª leitura) [MPa] [MPa]
16 433,4 2225 2230 2228
17 15/10/02 90 429,2 2247 2284 2266 2222
18 426,9 2170 2173 2172
22 434,3 2302 2281 2292
23 20/10/02 90 431,8 2303 2331 2317 2348
Média = 90

24 432,5 2432 2441 2437


2310
34 423,3 2404 2412 2408
35 23/10/02 90 421,5 2325 2338 2332 2386
36 418,8 2443 2394 2419
46 426,1 2260 2266 2263
47 29/10/02 91 423,7 2337 2310 2324 2284
48 426,3 2259 2274 2267

539
Tabela I.50 - Módulo de elasticidade dinâmico da argamassa de assentamento ao longo do
tempo, determinado a partir de provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Provete Data do Idade E1 [MPa] E2 [MPa] E Emed
Massa
Nº ensaio [dias] (1ª leitura) (2ª leitura) [MPa] [MPa]
31 424,6 2459 2442 2451
32 6/8/03 378 424,1 2483 2497 2490 2516
33 4,2,7 2605 2607 2606
25 430,34 2521 2564 2543
26 22/9/03 426 427,15 2670 2635 2653 2613
27 430,98 2653 2636 2645
19 437,91 2074 2099 2087
20 433,31 2128 2144 2136 2113
21 433,00 2125 2107 2116
17/3/04 607 2214
37 434,66 2128 2133 2131
38 434,90 2288 2318 2303 2314
39 438,14 2504 2514 2509
43 432,3 2582 2572 2577
44 7/8/04 739 431,2 2633 2625 2629 2630
45 432,4 2690 2678 2684
7 433,31 2773 2783 2778
8 21/7/05 1101 433,16 2651 2649 2650 2735
9 433,65 2784 2772 2778

- Resistências à tracção por flexão e à compressão

Estes ensaios foram efectuados sobre os provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, identificados


na tabela 3.10.

• equipamentos utilizados: estufa ventilada; máquina universal de tracção ZWICK 050 do


DEC-FCT; suporte para ensaio de flexão; suporte (pratos) para ensaio de compressão.

• procedimento seguido [191], fig. I.33:

- no ensaio de tracção por flexão: (i) secagem dos provetes em estufa ventilada a 60 ± 5 ºC
até massa constante; (ii) colocação dos prismas de argamassa sobre o suporte para o
ensaio de flexão, com os pontos de apoio afastados de 100 mm e as faces de moldagem
em contacto com as superfícies do carregamento; (iii) aplicação da carga a meio vão, com
uma velocidade de 5,1 mm/min (50 ± 10 N/s), até à rotura, com determinação da força Ff ;

540
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

- no ensaio de compressão: (i) colocação dos meios prismas resultantes do ensaio de flexão no
suporte para ensaio de compressão (com uma área de contacto de 1600 mm2) e com as faces
de moldagem em contacto com as superfícies do carregamento; (ii) aplicação da carga com
uma velocidade de 5,25 mm/min (100 ± 10 N/s), até à rotura, com determinação da força Fc.

1 – máquina universal de tracção (Zwick 050); 2 – ensaio de tracção por flexão; 3 – ensaio de compressão
Fig I.33 - Equipamento para determinação das tensões de resistência à tracção por flexão e à
compressão, de provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm

• resultados:

- determinação da resistência à tracção por flexão (σf), de acordo com a expressão do cálculo da
tensão máxima à flexão simples, em secções rectangulares:

Ff × l h
×
M×c 4 2 = 1,5 × F × l
σf = = 3 f [MPa] (I.24)
I bh b3
12

- determinação da resistência à compressão (σc) pela expressão:

Fc
σc = [MPa]
1600 (I.25)

sendo: M o momento flector devido à carga aplicada a meio vão do provete; I o momento
de inércia; c a distância à linha neutra (c=h/2), Ff e Fc as forças de rotura à flexão e à
compressão, respectivamente; l, a distância entre apoios (100 mm) e b e h, os lados das
secção quadrada do provete (40 mm).

Nas tabelas I.51 a I.55 apresentam-se os resultados, encontrando-se referenciados na tabela I.51 os
dois tipos de argamassas com que foram produzidos os provetes. Tal como sucedeu com o
módulo de elasticidade dinâmico, a argamassa produzida com cal aérea da marca Calcidrata
541
apresentou resistências mecânicas superiores aos da argamassa produzida com cal aérea Lusical. Os
provetes mencionados nas tabelas I.52 a I.55 foram produzidos apenas com cal aérea Lusical.

Na fig. I.34 representam-se os diagramas força-deslocamento do ensaio de compressão dos


provetes P43-P44-P45, cujas forças de rotura (máximas) se representam na tabela I.53. Com
base nestes diagramas foram construídos os diagramas tensão-deformação representados na
fig. 3.37.

Tabela I.51 - Resistências à tracção por flexão e à compressão da argamassa de assentamento


entre as 4 e as 6 semanas de idade, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Resistência à tracção por flexão Resistência à compressão
Provete Data do Idade
Massa Obs.
Nº ensaio [dias] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa]
1 433,8 257,08 0,603 1370,19 0,856
2 47 434,0 167,46 0,392 0,467 1173,66 0,734 0,800 Calcidrata
3 438,9 181,76 0,426 1211,96 0,757
10 434,9 119,49 0,280 784,96 0,491
11 46 429,0 102,66 0,241 0,233 660,27 0,413 0,467
12 431,8 94,67 0,222 808,81 0,506
2/9/02
28 426,4 132,12 0,310 762,95 0,477
29 38 427,7 139,69 0,327 0,300 696,46 0,435 0,467
Lusical
30 423,4 145,16 0,340 741,48 0,463
40 424,5 86,27 0,202 554,22 0,346
41 33 425,1 81,64 0,191 0,200 526,02 0,329 0,300
42 426,5 77,01 0,180 554,64 0,347
Média -- 0,244 -- 0,411

Tabela I.52 - Resistências à tracção por flexão e à compressão da argamassa de assentamento


aos 90 dias, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Resistência à tracção por flexão Resistência à compressão
Provete Data do Idade
Massa
Nº ensaio [dias] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa]
16 433,4 101,40 0,238 1053,62 0,659
17 15/10/02 90 429,2 113,60 0,266 0,267 974,10 0,609 0,633
18 426,9 121,18 0,284 997,66 0,624
22 434,3 125,39 0,294 1154,61 0,722
23 20/10/02 90 431,8 127,07 0,298 0,333 1147,45 0,717 0,700
24 432,5 142,22 0,333 1101,59 0,688
34 423,3 129,17 0,303 1176,02 0,735
35 23/10/02 90 521,5 137,16 0,321 0,300 1020,34 0,638 0,667
36 418,8 124,12 0,291 1090,19 0,681
46 426,1 139,28 0,326 983,35 0,615
47 29/10/02 91 423,7 138,01 0,323 0,300 997,66 0,624 0,600
48 426,3 145,17 0,340 964,00 0,603
Média -- 0,300 -- 0,650

542
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.53 - Resistências à tracção por flexão e à compressão da argamassa de assentamento


ao longo do tempo, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm
Resistência à tracção por flexão Resistência à compressão
Provete Data do Idade
Massa
Nº ensaio [dias] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa]
31 424,6 139,30 0,326
32 6/8/03 378 424,1 140,57 0,329 0,347 --
33 426,7 164,56 0,386
31 1125,38 0,703
(meios
32 17/9/03 420 -- 1244,48 0,778 0,745
prismas)
33 1204,50 0,753
25 430,34 -- -- 1039,88 0,650
26 22/9/03 426 427,15 120,78 0,283 0,311 973,81 0,609 0,617
27 430,98 144,77 0,339 945,62 0,591
19 437,91 898,34 0,561
20 17/3/04 607 433,31 -- 903,81 0,565 0,559
21 433,00 883,19 0,552
1001,79 0,626
43 432,34 -- --
727,35 0,455
1027,46 0,642
44 7/8/04 739 431,24 138,48 0,325 0,317 0,602
1029,99 0,644
986,21 0,616
45 432,39 131,75 0,309
1009,36 0,631
1384,31 0,865
7 433,31 135,95 0,319
1376,73 0,860
1293,81 0,809
8 21/7/05 1101 433,16 136,79 0,321 0,307 0,817
1260,56 0,788
1295,08 0,809
9 433,65 119,95 0,281
1234,47 0,772

1200
Força [N]

1000

800

600

400

200

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Deslocamento [mm]

P43-1 P44-1 P44-2 P45-1 P45-2

Fig. I.34 - Diagramas força-deslocamento do ensaio de compressão dos provetes de argamassa de


assentamento P43-P44-P45
543
Tabela I.54 - Resistência à compressão da argamassa de assentamento, em provetes prismáticos
de 16cm×4cm×4cm, secos, após o ensaio de absorção de água por capilaridade
Massa Resistência à compressão
Provete Data do Idade Tempo de contacto
(meios
Nº ensaio (dias) com a água [dias] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa]
prismas)
31 1794,13 1,121
32 17/9/03 420 26 -- 1721,74 1,076 1,121
33 1866,09 1,166
25 1691,45 1,057
26 9/3/04 599 30 -- 1717,53 1,073 1,059
27 1673,36 1,046
37 223,34 1258,40 0,787
38 15/2/05 935 31 211,82 1475,93 0,922 0,904
39 203,72 1602,57 1,002

Tabela I.55 - Resistência à compressão da argamassa de assentamento, em provetes prismáticos


de 16cm×4cm×4cm, húmidos, logo após o ensaio de absorção de água por capilaridade
Massa Resistência à compressão
Provete Data do Idade Tempo de contacto
(meios
Nº ensaio (dias) com a água [dias] Força [N] σ [MPa] σmed [MPa]
prismas)
P37/2 245,76 825,06 0,516
P38/2 935 31 260,83 838,50 0,524 0,529
P39/2 272,81 875,55 0,547
15/2/05
P19/2 958,40 0,599
P20/2 942 31 -- 891,50 0,557 0,575
P21/2 910,89 0,569
P13/2 1173,20 0,733
P14/2 21/7/05 1101 71 -- 1153,66 0,721 0,754
P15/2 1293,81 0,809

- Aderência ao suporte (pedra)

Este ensaio foi realizado com os provetes identificados na tabela 3.12.

• equipamentos utilizados: moldes metálicos cilíndricos com diâmetros interiores de 5,0 cm e


alturas de 1,5 e 2,5 cm; dinamómetro adequado para ensaios de arrancamento; pastilhas
cilíndricas de alumínio com diâmetro de 5,0 cm e altura de 1 cm, com sistema de rosca na
face oposta à da colagem; cola de alta resistência.

• procedimento seguido [101], fig. I.35: (i) selecção/preparação de diversas pedras com pelo
menos uma face “plana” para aplicação da argamassa; (ii) lavagem das pedras; (iii)
aplicação sobre a superfície de três porções de argamassa com a forma cilíndrica dos moldes
(retirados com a argamassa ainda fresca) e aguardar o endurecimento; (iv) colagem das
pastilhas sobre os “cilindros” de argamassa, deixando secar a cola; (v) posicionamento do
dinamómetro sobre cada “cilindro”, verificando-se o zero no manómetro e rodando-se o
manípulo até à rotura; (vi) verificação do tipo de rotura: rotura adesiva (no plano da
ligação entre a argamassa e a superfície pétrea), rotura coesiva (no seio da argamassa),
rotura mista ou ainda rotura no plano de colagem da pastilha metálica à argamassa.
544
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

1 – aspecto dos provetes sobre o suporte; 2,3 – colagem das pastilhas metálicas; 4,5 – realização do ensaio;
6,7 – aspecto de um provete após o ensaio
Fig. I.35 - Ensaio de aderência ao suporte (pedra) da argamassa de assentamento

• resultados: determinação dos valores da aderência pela expressão:

F
σa = [kPa] (I.26)
A
sendo: F a força de rotura; A a área da pastilha metálica em mm2 (no caso, 1963 mm2).

Tabela I.56 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte (pedra) da argamassa de assentamento


Força Tipo de Tensão de rotura
Provete Murete Data Idade Obs.
[N] rotura [kPa] Média
A 200 101,9
Ad1 (1) B M57 91 100 plano de 50,9 74,7 h = 2,5 cm
C 140 colagem (4) 71,3
28/10/02
A 300 152,8
1
Ad4 ( ) B M60 90 280 adesiva (5) 142,6 153,6
C 325 coesiva (6) 165,5
h = 1,5 cm
A 310 157,9
2 plano de
Ad5 ( ) B M60 10/3/04 588 345 175,7 160,4
colagem
C 290 147,7
A 340 173,2
coesiva
Ad1 (2) B M57 625 220 112,0 124,8 Repetição do
C 175 adesiva 89,1 ensaio, após
2 regularização
Ad4 ( ) A M60 15/4/04 624 320 163,0 163,0
adesiva das superfícies
A 340 173,2 com rotura
Ad5 (2) B M60 624 345 coesiva 175,7 165,5 adesiva
C 290 adesiva 147,7
Ad2 (3) B M57 1096 190 96,8 96,8
A 300 adesiva 152,8
h = 2,5 cm
Ad3 (3) B M57 1096 280 142,6 139,2
C 29/7/05 240 coesiva 122,2
A 130 66,2
adesiva
Ad6 (3) B M62 1095 220 112,0 106,1 h = 1,5 cm
C 275 coesiva 140,1
Os provetes entraram na câmara climática a T=23±2ºC e H=50±5% em: (1) 14/10/02 - 11 h; (2) 21/1/04 - 11 h e (3) 25/7/05 - 11 h
(4) - no plano de colagem da pastilha metálica, com uma fina camada de argamassa aderente à pastilha metálica; (5) - no plano
da ligação entre a argamassa e o suporte (pedra); (6) - no seio da camada de argamassa

545
5.2.3 – Características químicas da argamassa endurecida

- Profundidade de carbonatação

Este ensaio foi realizado com os provetes identificados na tabela 3.9.

• equipamentos utilizados: serrote para corte dos provetes; régua; solução de fenolftaleína 2).

• procedimento seguido [192], fig. I.36: (i) secagem dos provetes na estufa ventilada a 60 ºC,
até massa constante; (ii) corte dos prismas de argamassa segundo secções paralelas às
bases de 4cm×4cm; (iii) colocação da solução de fenolftaleína na zona de corte com
observação da cor resultante da superfície. A cor-de-rosa ou purpura indica a presença de
zonas alcalinas (não carbonatadas) e a não alteração de cor, zonas neutras ou ácidas (já
carbonatadas); (iv) cada provete de 16cm×4cm×4cm foi cortado três vezes, com
afastamentos de 4 cm cada.

Fig. I.36 - Ensaio de determinação da profundidade de carbonatação nos provetes prismáticos


da argamassa de assentamento

• resultados: com as leituras realizadas, em [mm], são traçados os gráficos correspondentes à


média aritmética das leituras das quatro faces do provete, segundo o esquema da fig. I.37.

Na fig. I.38 representam-se os resultados obtidos por lotes de três provetes, aos 30 e aos 90 dias.
A distância “d” tem um valor nulo na leitura dos 30 dias de idade porque os provetes estiveram
assentes numa superfície plana durante este período de endurecimento, sendo logo depois
colocados sobre pequenos apoios (com secção de 1 cm2).
_______________
2)
A solução alcoólica de fenolftaleína é um indicador ácido-base utilizado frequentemente em
titulações. Mantém-se incolor em soluções ácidas ou neutras e cor-de-rosa ou purpura em
soluções básicas [209].

546
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Fig. I.37 - Representação esquemática da secção transversal dos provetes prismáticos de


argamassa de assentamento, para o traçado dos gráficos de profundidade de carbonatação
Pro f. Carb . [m m ]

20
Data do Idade Profundidade de carb. [mm]
Provete
ensaio [dias] a b c d Média
15
C1 26/8/02 32 6 8 7 0 7
10 C2 7 7 7 0 7 6,9
30/8/02 36
C3 6 7 7 0 6,7
5 C1 -- -- -- -- --
C2 23/10/02 90 18 14 17 14 15,8 15,8
0 C3 -- -- -- -- --
0 30 60 90
Tempo [dias]
Prof. Carb. [m m ]

20
Data do Idade Profundidade de carb. [mm]
Provete
ensaio [dias] a b c d Média
15
C4 26/8/02 31 7 6 6 0 6,3
10 C5 7 7 7 0 7 6,5
30/8/02 35
C6 6 6 7 0 6,3
C4 -- -- -- -- --
5
C5 24/10/02 90 11 13 15 13 11 13,5
C6 -- -- -- -- --
0
0 30 60 90
T empo [dias]
Prof. Carb. [m m ]

20
Data do Idade Profundidade de carb. [mm]
Provete
ensaio [dias] a b c d Média
15
C7 5 7 6 0 6
30/8/02 32 6,0
10 C8 5 5 8 0 6
C7 15 16 18 14 15,8
27/10/02 90 15,8
C8 15 16 18 14 15,8
5

0
0 30 60 90
T empo [dias]

20
Pro f. Carb . [m m ]

Data do Idade Profundidade de carb. [mm]


Provete
ensaio [dias] a b c d Média
15
C9 4 4 6 0 4,7
C10 30/8/02 30 4 4 6 0 4,7 4,9
10
C11 6 4 6 0 5,3
C9 14 13 14 12 13,3
5
C10 28/10/02 90 14 14 14 13 13,8 13,7
C11 14 14 15 13 14,0
0
0 30 60 90
Tempo [dias]
Fig. I.38 - Resultados do ensaio de determinação da profundidade de carbonatação da argamassa
de assentamento, em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, aos (≅) 30 e aos 90 dias
547
6 – Muretes

6.1 – Características físicas

- Massa volúmica real, massa volúmica aparente e porosidade aberta da argamassa de


assentamento (extraída directamente de alguns muretes)

• equipamentos utilizados e procedimento seguido [182, 183]: os referidos no ponto 2.1,


representando-se na fig. I.39 as amostras utilizadas.

Fig. I.39 - Amostras de argamassa de assentamento, extraídas directamente de alguns muretes,


para determinação das suas massas volúmicas real e aparente, e porosidade aberta

• resultados: são obtidos por aplicação das expressões I.1 a I.3, e resumem-se nas tabelas
I.57 e I.58.

Tabela I.57 - Massa volúmica real, massa volúmica aparente e porosidade aberta da argamassa
de assentamento (extraída directamente de alguns muretes), aos (~) 90 dias
Argamassa Massas [g] MVR MVA PA
Data de
do murete Idade M1 M2 M3
início do
(amostra)
ensaio
[dias] [Kg/m3] Média [Kg/m3] Média [%] Média
Nº T= 61ºC T= 25,5ºC
M12-1 10,558 5,839 11,333 2237,3 1921,7 14,1
M12-2 99 10,501 7,325 14,232 3306,4 2666,6 1520,3 1760,7 54,0 31,1
M12-3 6,256 3,709 7,109 2456,2 1840,0 25,1
M24-1 9,892 6,464 12,341 2885,6 1683,2 41,7
24/10/02

94 2549,3 1786,0 28,2


M24-2 4,605 2,524 4,962 2212,9 1888,8 14,6
M49-1 91 11,998 6,764 12,988 2292,3 2292,3 1927,7 1927,7 15,9 15,9
M60-1 14,035 8,653 16,590 2607,8 1768,3 32,2
M60-2 86 35,253 21,781 41,999 2616,8 2601,4 1743,6 1754,4 33,4 32,6
M60-3 42,255 25,875 50,002 2579,7 1751,4 32,1
Média 2527,4 Média 1807,2 Média 26,9

548
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.58 - Massa volúmica real, massa volúmica aparente e porosidade aberta da argamassa
de assentamento (extraída directamente de alguns muretes), em Junho/05
Data de Massas [g] MVR MVA PA
Amostra Idade
início do M1 M2 M3

ensaio
[dias] [Kg/m3] Média [Kg/m3] Média [%] Média
T= 61ºC T= 25,5ºC
1 97,180 60,219 116,863 2629,3 1715,6 34,7
2 104,627 65,829 126,074 2696,7 1736,7 35,6
3 68,588 42,447 82,164 2623,8 1726,9 34,2
17/6/05

4 1052 97,271 60,055 116,124 2613,7 2645,7 1734,8 1742,3 33,6 34,1
5 84,740 53,587 101,162 2720,1 1781,2 34,5
6 98,164 60,656 117,366 2617,1 1731,0 33,9
7 74,610 46,128 88,280 2619,5 1770,0 32,4

- Massa volúmica (aparente) de cada murete

• equipamentos utilizados: células de carga (CC), com capacidade de carga de 300 kN ou de


500 kN, posteriormente usadas nos ensaios mecânicos sobre os muretes; ponte rolante
com capacidade de 16 ton (existente no LabDEC); cintas e estrutura metálica (concebida
para o efeito) para elevação e suporte dos muretes e permitir o funcionamento das células
de carga interpostas no sistema de elevação, de forma a puder pesar os muretes suspensos
pela ponte rolante; data logger e computador, fig. I.40.

1,2 – Muretes (pequeno e grande) suspensos; 3 – posicionamento da célula de carga (no caso, uma CC500, com capacidade
de carga de 500 kN); 4 – equipamento para recolha e tratamento de dados
Fig. I.40 - Pesagem dos muretes, para determinação da massa volúmica (aparente)
549
• procedimento seguido: (i) suspensão do equipamento de elevação e pesagem dos muretes
na ponte rolante, colocando em seguida a célula de carga a “zero”; (ii) elevação dos
muretes com o auxílio da ponte rolante; (iii) registo dos valores fornecidos pelo data
logger, fig. I.41.

Fig. I.41 - Resultado da pesagem de um murete (neste caso, M17)

Os resultados das pesagens são apresentados nas tabelas I.59 e I.60, estando ordenados pela
ordem cronológica de realização dos ensaios dos muretes de referência e das soluções de
reforço.
A massa volúmica (MVA) da alvenaria de cada murete é obtida pela expressão:

P 1 (I.27)
MVA = × × 103 [kg/m3]
g Vm

sendo: P o peso de cada murete (fig. I.40), deduzido do lintel e da base de apoio (cerca de
2,8 kN, no caso dos muretes pequenos, e 4,1 kN, nos grandes); g a aceleração da gravidade e
Vm, o volume médio de cada murete (cuja determinação era feita antes de cada ensaio, no
caso dos muretes de referência, ou antes da aplicação das soluções de reforço, nos outros
casos).
Para o cálculo de Vm, a largura e a espessura da alvenaria eram medidas (em ambas as faces
maiores de cada murete), a 20 cm da base, a meia altura e a 20 cm do lintel.
Do mesmo modo, no caso dos muretes com confinamento transversal, estas medições eram
realizadas ao nível do alinhamento das furações transversais (fig. 4.6).
Para obter a altura média faziam-se as medições a meio das duas faces laterais (topos).

550
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.59 - Massa volúmica da alvenaria dos muretes pequenos


Peso do murete Peso da Massa da Volume de Volume médio Massa
Data da do murete
Muretes (1) (com base e alvenaria alvenaria referência volúmica
pesagem
lintel) [kN] [kN] [kg] [m3] (B×H×e) [m3] [kg/m3]
(Ensaios M47 -- -- -- -- 0,79×1,19×0,40 0,376 --
Preliminares) M46 2/8/03 9,41 6,97 710,3 0,81×1,20×0,39 0,382 1859
Muretes M43 9,06 6,26 638,1 0,80×1,20×0,40 0,384 1662
27/3/04
de M21 9,72 6,92 705,4 0,80×1,20×0,40 0,384 1837
referência M32 12/4/04 9,61 6,81 694,2 0,80×1,20×0,39 0,377 1840
M41 9,68 6,88 701,3 0,80×1,21×0,40 0,387 1811
Solução de
M44 31/10/04 9,64 6,84 697,2 0,80×1,20×0,39 0,374 1862
reforço I
M28 9,72 6,92 705,4 0,81×1,20×0,40 0,389 1788
M53 9,00 6,20 632,0 0,80×1,20×0,40 0,384 1646

0,80 m ×1,20 m ×0,40 m = 0,384


M51 9,50 6,70 683,0 0,81×1,20×0,40 0,384 1779
M42 8,96 6,16 627,9 0,79×1,20×0,40 0,379 1656
M30 9,05 6,25 637,1 0,80×1,20×0,40 0,384 1659
Solução de M22 24/4/04 9,32 6,52 664,6 0,80×1,21×0,40 0,387 1717
reforço IIB M33 9,04 6,24 636,1 0,80×1,20×0,40 0,384 1657
M50 9,52 6,72 685,0 0,80×1,20×0,40 0,384 1784
M26 9,18 6,38 650,4 0,80×1,20×0,40 0,384 1694
M52 9,26 6,46 658,5 0,80×1,20×0,40 0,384 1715
M54 20/4/04 9,39 9,39 671,8 0,80×1,20×0,40 0,384 1749
M25 9,68 6,88 701,3 0,80×1,20×0,40 0,384 1826
M55 28/12/04 9,07 6,27 639,1 0,80×1,20×0,40 0,384 1664
Solução de M24 9,31 6,51 663,6 0,81×1,20×0,40 0,389 1707
reforço III M31(2) 9,21 6,41 653,4 0,80×1,20×0,40 0,384 1702
M48(2) 26/12/04 9,36 6,56 668,7 0,80×1,20×0,40 0,384 1741
M49(2) 9,23 6,43 655,5 0,81×1,20×0,40 0,384 1707
M34 9,52 6,72 685,0 0,80×1,20×0,40 0,384 1784
Solução de
M29 15/11/04 9,42 6,62 674,8 0,79×1,20×0,40 0,379 1778
reforço IV
M27 9,20 6,40 652,4 0,79×1,20×0,40 0,379 1720
Média 1744
1 2
( ) – Numeração segundo a ordem dos ensaios apresentada nos Capítulos V e VI; ( ) – Muretes não ensaiados por
razões de segurança do sistema de ensaio.

Tabela I.60 - Massa volúmica da alvenaria dos muretes grandes


Peso do murete Peso da Massa da Volume de Volume médio Massa
1 Data da do murete
Muretes ( ) (com base e alvenaria alvenaria referência volúmica
pesagem
lintel) [kN] [kN] [kg] [m3] (B×H×e) [m3] [kg/m3]
Muretes M20 5/2/04 13,78 9,68 986,7 1,19×1,19×0,40 0,566 1742
de M5 14,08 9,98 1017,3 1,19×1,20×0,40 0,571 1781
12/4/04
referência M12 14,32 10,22 1041,8 1,20×1,20×0,40 0,576 1809
1,20 m × 1,20 m × 0,40 m = 0,576

M15 24/4/04 13,70 9,60 986,7 1,20×1,20×0,40 0,576 1713


Solução de
M16 23/4/04 14,18 10,08 1027,5 1,20×1,20×0,40 0,576 1784
reforço IIB
M18 24/4/04 13,65 9,55 973,5 1,20×1,20×0,40 0,576 1692
M10 13,80 9,70 988,8 1,19×1,20×0,40 0,571 1731
Solução de
M13 31/10/04 14,17 10,07 1026,5 1,21×1,20×0,40 0,574 1790
reforço I
M17 14,21 10,11 1030,6 1,20×1,20×0,40 0,576 1789
M14 13,88 9,78 996,9 1,20×1,20×0,40 0,576 1731
Solução de
M19 15/11/04 14,30 10,20 1039,8 1,19×1,20×0,40 0,571 1820
reforço IV
M11 13,94 9,84 1003,1 1,19×1,19×0,40 0,566 1771
M3 (2) 14,11 10,01 1020,4 1,20×1,20×0,40 0,576 1772
Solução de
M4 (2) 26/12/04 14,84 10,74 1094,8 1,20×1,20×0,40 0,576 1901
reforço III
M7 (2) 13,90 9,80 999,0 1,20×1,20×0,40 0,576 1734
Média 1771
(1) – Numeração segundo a ordem dos ensaios apresentada nos Capítulos V e VI; (2) – Muretes não ensaiados por
razões de segurança do sistema de ensaio.

551
- Variações dimensionais lineares

• equipamento utilizado: “pastilhas” metálicas com pequeno furo central; deflectómetro digital.

• procedimento seguido, fig. I.42: (i) após a construção dos muretes M37, M45 e M62, foram
coladas seis pastilhas metálicas em cada um deles, tabela I.61, alinhadas verticalmente, sobre
pontos de argamassa de cimento fixados à alvenaria acabada de construir, afastadas entre si
cerca de 0,20 m, de forma a que o afastamento entre a primeira e a última pastilha fosse de
cerca de 1,00 m; (ii) depois da cura destes pontos de argamassa, começaram a ser medidas
as distâncias entre estas pastilhas ao longo do tempo (com este tempo de espera perderam-
se as leituras iniciais); (iii) os valores obtidos nas leituras de cada murete eram somados
algebricamente, correspondendo o somatório à variação dimensional linear, segundo a altura.
O murete M62 tem apenas 75% da argamassa de assentamento dos restantes dois (figs. 3.11 e
3.46).

Tabela I.61 - Muretes para o ensaio de determinação das variações dimensionais lineares
Murete Nº Data de construção Data de colagem das “pastilhas”
M37 26/7/02 26/7/02
M45 23/7/02 26/7/02
M62 30/7/02 31/7/02

1 – representação esquemática dos muretes, com indicação do posicionamento das “pastilhas” metálicas, cujo
afastamento de 0,20 m foi dado pelo dispositivo 2; 3,4 – deflectómetro digital utilizado na determinação
variações dimensionais lineares (vistas de lado e frente)
Fig. I.42 - Preparação do ensaio de variações dimensionais lineares sobre os muretes M37,
M45 e M62, segundo a altura
552
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

• resultados: apresentam-se nas tabelas I.62 a I.64, onde se registam as leituras ao longo do
tempo dos três muretes monitorizados, que se prolongaram até ao mês de Fevereiro/04
(cerca de 19 meses).

Tabela I.62 - Registo das leituras correspondentes às variações lineares do murete M37
Tempo M37
Data - Hora 1/2
[Horas] [Horas ] a b c d e Total
1/8/02 12:00 h 144,0 12,0 -0,067 0,017 0,204 0,131 -0,155 0,000
2/8/02 12:00 h 168,0 13,0 -0,076 0,017 0,202 0,110 -0,163 -0,040
3/8/02 14:30 h 194,5 13,9 -0,070 0,033 0,209 0,131 -0,149 0,024
5/8/02 18:00 h 246,0 15,7 -0,073 0,035 0,203 0,126 -0,155 0,006
7/8/02 15:30 h 291,5 17,1 -0,079 0,035 0,205 0,127 -0,151 0,007
9/8/02 15:00 h 339,0 18,4 -0,077 0,034 0,206 0,121 -0,156 -0,003
11/8/02 17:30 h 389,5 19,7 -0,083 0,026 0,201 0,118 -0,157 -0,025
14/8/02 14:30 h 458,5 21,4 -0,088 0,030 0,210 0,123 -0,153 -0,008
18/8/02 12:00 h 552,0 23,5 -0,085 0,025 0,201 0,118 -0,151 -0,022
21/8/02 10:00 h 622,0 24,9 -0,074 0,029 0,211 0,131 -0,159 0,007
25/8/02 11:30 h 719,5 26,8 -0,081 0,034 0,211 0,131 -0,158 0,006
29/8/02 15:00 h 819,0 28,6 -0,080 0,030 0,202 0,126 -0,162 -0,014
3/9/02 15:30 h 939,5 30,7 -0,079 0,027 0,204 0,119 -0,161 -0,020
9/9/02 19:00 h 1087,0 33,0 -0,086 0,031 0,208 0,125 -0,156 -0,008
16/9/02 17:30 h 1253,5 35,4 -0,071 0,028 0,217 0,130 -0,152 0,022
23/9/02 13:00 h 1417,0 37,6 -0,073 0,042 0,225 0,132 -0,138 0,058
2/10/02 14:00 h 1634,0 40,4 -0,077 0,043 0,216 0,129 -0,142 0,039
15/10/02 16:00 h 1948,0 44,1 -0,066 0,049 0,228 0,136 -0,138 0,079
23/10/02 18:30 h 2142,5 46,3 -0,077 0,047 0,217 0,127 -0,146 0,038
29/10/02 16:00 h 2284,0 47,8 -0,084 0,043 0,214 0,124 -0,144 0,023
5/11/02 15:00 h 2451,0 49,5 -0,064 0,056 0,219 0,129 -0,137 0,073
21/11/02 16:00 h 2836,0 53,3 -0,092 0,041 0,218 0,131 -0,135 0,033
5/12/02 15:00 h 3171,0 56,3 -0,079 0,041 0,223 0,130 -0,136 0,049
27/12/02 15:00 h 3699,0 60,8 -0,071 0,038 0,217 0,134 -0,133 0,055
16/1/03 11:00 h 4175,0 64,6 -0,067 0,062 0,235 0,122 -0,125 0,097
29/1/03 16:30 h 4492,5 67,0 -0,090 0,046 0,233 0,123 -0,140 0,042
18/2/03 14:00 h 4970,0 70,5 -0,062 0,056 0,243 0,132 -0,128 0,111
13/3/03 15:30 h 5523,5 74,3 -0,084 0,048 0,228 0,130 -0,131 0,061
2/4/03 14:00 h 6005,0 77,5 -0,078 0,055 0,224 0,120 -0,137 0,054
26/6/03 14:00 h 8045,0 89,7 -0,093 0,028 0,205 0,094 -0,160 -0,056
14/7/03 17:30 h 8477,0 92,1 -0,074 0,042 0,213 0,104 -0,135 0,020
3/9/03 15:30 h 9701,0 98,5 -0,098 0,018 0,206 0,100 -0,149 -0,053
6/9/03 16:15 h 9773,8 98,9 -0,088 0,040 0,224 0,101 -0,143 0,004
6/9/03 16:35 h 9774,3 98,9 -0,103 0,038 0,229 0,107 -0,131 0,010
25/2/04 15:00 h 13902,3 117,9 -0,091 0,051 0,218 0,118 -0,129 0,037

553
Tabela I.63 - Registo das leituras correspondentes às variações lineares do murete M45
Tempo M45
Data - Hora 1/2
[Horas] [Horas ] a b c d e Total
1/8/02 12:00 h 216,0 14,7 0,063 -0,096 -0,036 0,036 -0,367 0,000
2/8/02 12:00 h 240,0 15,5 0,065 -0,093 -0,035 0,039 -0,357 0,018
3/8/02 14:30 h 266,5 16,3 0,073 -0,088 -0,026 0,038 -0,359 0,037
5/8/02 18:00 h 318,0 17,8 0,065 -0,090 -0,030 0,032 -0,366 0,011
7/8/02 15:30 h 363,5 19,1 0,063 -0,088 -0,030 0,028 -0,364 0,009
9/8/02 15:00 h 411,0 20,3 0,058 -0,097 -0,041 0,028 -0,368 -0,021
11/8/02 17:30 h 461,5 21,5 0,057 -0,095 -0,032 0,040 -0,369 0,001
14/8/02 14:30 h 530,5 23,0 0,058 -0,102 -0,039 0,026 -0,373 -0,031
18/8/02 12:00 h 624,0 25,0 0,053 -0,095 -0,037 0,022 -0,377 -0,035
21/8/02 10:00 h 694,0 26,3 0,065 -0,083 -0,032 0,034 -0,367 0,016
25/8/02 11:30 h 791,5 28,1 0,064 -0,092 -0,038 0,034 -0,377 -0,009
29/8/02 15:00 h 891,0 29,8 0,051 -0,092 -0,046 0,036 -0,379 -0,031
3/9/02 15:30 h 1011,5 31,8 0,056 -0,093 -0,046 0,036 -0,379 -0,028
9/9/02 19:00 h 1159,0 34,0 0,051 -0,099 -0,046 0,033 -0,380 -0,042
16/9/02 17:30 h 1325,5 36,4 0,055 -0,094 -0,037 0,025 -0,361 -0,013
23/9/02 13:00 h 1489,0 38,6 0,064 -0,072 -0,036 0,034 -0,367 0,022
2/10/02 14:00 h 1706,0 41,3 0,063 -0,084 -0,032 0,051 -0,356 0,042
15/10/02 16:00 h 2020,0 44,9 0,070 -0,077 -0,020 0,049 -0,348 0,074
23/10/02 18:30 h 2214,5 47,1 0,063 -0,075 -0,036 0,049 -0,366 0,035
29/10/02 16:00 h 2356,0 48,5 0,064 -0,076 -0,026 0,053 -0,357 0,058
5/11/02 15:00 h 2523,0 50,2 0,066 -0,081 -0,034 0,045 -0,354 0,042
21/11/02 16:00 h 2908,0 53,9 0,064 -0,081 -0,035 0,045 -0,364 0,029
5/12/02 15:00 h 3243,0 56,9 0,066 -0,087 -0,037 0,048 -0,368 0,022
27/12/02 15:00 h 3771,0 61,4 0,064 -0,085 -0,032 0,042 -0,363 0,026
16/1/03 11:00 h 4247,0 65,2 0,080 -0,066 -0,044 0,061 -0,369 0,062
29/1/03 16:30 h 4564,5 67,6 0,069 -0,072 -0,059 0,054 -0,373 0,019
18/2/03 14:00 h 5042,0 71,0 0,077 -0,065 -0,048 0,055 -0,364 0,055
13/3/03 15:30 h 5595,5 74,8 0,075 -0,074 -0,056 0,051 -0,377 0,019
2/4/03 14:00 h 6077,0 78,0 0,074 -0,074 -0,063 0,051 -0,380 0,008
26/6/03 14:00 h 8117,0 90,1 0,053 -0,083 -0,086 0,050 -0,403 -0,069
14/7/03 17:30 h 8549,0 92,5 0,051 -0,087 -0,088 0,034 -0,405 -0,095
15/7/03 18:30 h 8574,0 92,6 0,057 -0,078 -0,080 0,049 -0,395 -0,047
16/7/03 18:30 h 8598,0 92,7 0,056 -0,078 -0,081 0,050 -0,392 -0,045
19/7/03 16:15 h 8668,3 93,1 0,046 -0,087 -0,090 0,039 -0,407 -0,099
19/7/03 16:45 h 8668,8 93,1 0,048 -0,080 -0,078 0,046 -0,398 -0,062
22/7/03 17:00 h 8741,0 93,5 0,053 -0,083 -0,083 0,048 -0,393 -0,058
26/7/03 17:50 h 8837,8 94,0 0,046 -0,088 -0,084 0,042 -0,396 -0,080
28/7/03 13:30 h 8881,5 94,2 0,046 -0,090 -0,081 0,043 -0,401 -0,083
3/9/03 15:30 h 9771,5 98,9 0,038 -0,087 -0,086 0,044 -0,309 0,000
25/2/04 15:30 h 13971,5 118,2 0,045 -0,089 -0,080 0,045 -0,375 -0,054

554
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.64 - Registo das leituras correspondentes às variações lineares do murete M62
Tempo M62
Data - Hora 1/2
[Horas] [Horas ] a b c d e Total
1/8/02 12:00 h 48,0 6,9 -0,014 0,165 0,021 -0,038 0,066 0,000
2/8/02 12:00 h 72,0 8,5 -0,025 0,150 0,002 -0,067 0,047 -0,093
3/8/02 14:30 h 98,5 9,9 0,005 0,154 0,013 -0,058 0,055 -0,032
5/8/02 18:00 h 150,0 12,2 -0,005 0,143 0,007 -0,069 -0,069 -0,193
7/8/02 15:30 h 195,5 14,0 -0,018 0,140 0,013 -0,068 0,044 -0,090
9/8/02 15:00 h 243,0 15,6 -0,015 0,130 0,007 -0,070 0,039 -0,109
11/8/02 17:30 h 293,5 17,1 -0,018 0,126 0,005 -0,064 0,038 -0,112
14/8/02 14:30 h 362,5 19,0 -0,025 0,120 0,006 -0,057 0,039 -0,117
18/8/02 12:00 h 456,0 21,4 -0,020 0,107 -0,001 -0,060 0,032 -0,142
21/8/02 10:00 h 526,0 22,9 -0,008 0,112 0,013 -0,049 0,043 -0,091
25/8/02 11:30 h 623,5 25,0 -0,004 0,099 0,008 -0,045 0,037 -0,105
29/8/02 15:00 h 723,0 26,9 -0,005 0,068 0,006 -0,054 0,022 -0,164
3/9/02 15:30 h 843,5 29,0 0,000 0,084 0,011 -0,042 0,028 -0,120
9/9/02 19:00 h 991,0 31,5 0,012 0,063 0,013 -0,042 0,034 -0,122
16/9/02 17:30 h 1157,5 34,0 -0,001 0,102 0,014 -0,044 0,046 -0,083
23/9/02 13:00 h 1321,0 36,3 0,007 0,091 0,017 -0,042 0,045 -0,082
2/10/02 14:00 h 1538,0 39,2 0,013 0,080 0,013 -0,038 0,041 -0,091
15/10/02 16:00 h 1852,0 43,0 0,026 0,093 0,025 -0,023 0,053 -0,026
23/10/02 18:30 h 2046,5 45,2 0,015 0,060 0,016 -0,032 0,033 -0,108
29/10/02 16:00 h 2188,0 46,8 0,020 0,068 0,017 -0,024 0,036 -0,083
5/11/02 15:00 h 2355,0 48,5 0,023 0,068 0,014 -0,024 0,048 -0,071
21/11/02 16:00 h 2740,0 52,3 0,024 0,050 0,022 -0,018 0,041 -0,081
5/12/02 15:00 h 3075,0 55,5 0,038 0,043 0,022 -0,009 0,030 -0,076
27/12/02 15:00 h 3603,0 60,0 0,031 0,048 0,019 -0,006 0,041 -0,067
16/1/03 11:00 h 4079,0 63,9 0,068 0,025 0,045 0,033 0,031 0,002
29/1/03 16:30 h 4396,5 66,3 0,066 0,007 0,031 0,024 -0,002 -0,074
18/2/03 14:00 h 4874,0 69,8 0,044 0,058 0,043 0,029 0,019 -0,007
13/3/03 15:30 h 5427,5 73,7 0,052 0,023 0,036 0,030 0,006 -0,053
2/4/03 14:00 h 5909,0 76,9 0,011 0,037 0,031 -0,032 -0,008 -0,161
26/6/03 14:00 h 7949,0 89,2 0,026 -0,010 0,025 0,031 -0,048 -0,176
14/7/03 17:30 h 8381,0 91,5 0,001 0,019 0,029 0,033 -0,031 -0,149
3/9/03 15:30 h 9605,0 98,0 -0,008 0,015 0,026 0,026 -0,039 -0,180
6/9/03 16:15 h 9677,8 98,4 -0,017 0,033 0,029 0,029 -0,040 -0,166
6/9/03 16:35 h 9678,3 98,4 -0,018 0,041 0,024 0,024 -0,040 -0,169
25/2/04 15:00 h 13806,3 117,5 0,054 0,014 0,030 0,041 -0,035 -0,096

- “Influência” do teor de humidade da argamassa de assentamento e da pedra nas variações


dimensionais lineares

• equipamento utilizado: balança com precisão de 0,001 g e estufa ventilada.

• procedimento seguido: (i) extracção das amostras de argamassa de assentamento e de pedra


dos muretes; (ii) determinação imediata da massa M1 das amostras; (iii) colocação das
amostras em estufa ventilada a 105 ºC, até massa constante; (iv) determinação da massa M2.

555
• resultados: cálculo do teor humidade, tH, por aplicação da expressão I.27, apresentando-se
os resultados na tabela I.65.

M1 − M 2 (I.28)
tH = × 100 [%]
M2

sendo: M1 a massa do provete “húmido” e M2 a massa do provete seco.

Tabela I.65 - Teor de humidade da argamassa de assentamento e da pedra, retiradas de muretes


em cura (no interior do abrigo)

Data de início Tempo (após a construção de M62) Teor de humidade Teor de humidade
do ensaio [dias] [horas] 1/2
[horas ] da argamassa [%] da pedra [%]

18/2/03 203 4872 69,8 0,689 0,180


13/3/03 226 5424 73,6 0,279 0,050
26/6/03 330 7920 89,0 0,171 0,032
25/2/04 574 13776 117,4 0,188 0,057

- Absorção de água sob baixa pressão

Este ensaio foi realizado sobre diversos muretes, em datas distintas (a seguir mencionadas).

3
• equipamentos utilizados: conjunto de pequenos tubos de vidro graduados de 0 a 4 cm
(tubos de Carsten), silicone e respectiva pistola de aplicação manual; frasco de plástico
com esguicho.

• procedimento seguido [96, 102], fig. I.43: (i) fixação dos tubos de Carsten aos muretes,
nas juntas de assentamento, com o auxílio do silicone colocado no bordo de apoio do tubo.
Nesta operação os tubos eram cuidadosamente pressionados contra os muretes, algumas
vezes com o auxílio de arames finos que envolviam o murete e o tubo; (ii) aguardar o
tempo necessário para a secagem do silicone (geralmente um dia); (iii) enchimento dos
tubos até à graduação de 0 cm3; (iv) registo das leituras correspondentes ao abaixamento
do nível da água aos 5, 10, 15, 30 e 60 minutos.
Nalguns casos, foram lidos os tempos correspondentes aos volumes 1, 2, 3 e 4 cm3.

556
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

1,2,3 – Tubo de Carsten para superfícies verticais [102]; 4 – posicionamento do tubo de Carsten;
5 – realização do ensaio; 6 – localização esquemática dos tubos de Carsten (três tubos por murete)
Fig. I.43 - Ensaio de absorção de água sob baixa pressão (na argamassa de assentamento)

Na tabela I.66 identifica-se os muretes sujeitos ao ensaio de absorção de água sob baixa
pressão, e nas figs. I.44 a I.47 apresenta-se os resultados obtidos em cada ensaio.

Tabela I.66 - Identificação dos muretes sujeitos ao ensaio de absorção de água sob baixa pressão
Murete Dimensões [m2] Data do ensaio Idade [dias]
M13 1,20 × 1,20 96
22/10/02
M41 0,80 × 1,20 91
M20 1,20 × 1,20 97
24/10/02
M21 0,80 × 1,20 94
M19 1,20 × 1,20 103
30/10/02
M23 0,80 × 1,20 100
M12 1,20 × 1,20 110
5/11/02
M24 0,80 × 1,20 106
M34 0,80 × 1,20 111
13/11/02
107
M56 0,80 × 1,20
19/10/04 813
M39 0,80 × 1,20 4/3/05 949

557
• resultados: traçado das curvas correspondentes ao volume de água absorvida ao longo do
tempo, para cada tubo.

a) aos (~) 90 dias:

4,0
[cm 3]

Tempo M13 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 -- 0,0 0,0
2,0
5,0 -- 1,2 3,8
1,0 10,0 -- 2,4
15,0 -- 3,6
0,0
0 5 10 15 20 25 30 17,0 -- 4,0
T empo [min]

T ubo 2 T ubo 3 Média

4,0
[cm 3]

Tempo M41 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 -- 0,0 --
2,0
5,0 -- 4,0 --
1,0

0,0
0 5 10 15 20 25 30

T empo [min]

T ubo 2

4,0
[cm 3]

Tempo M20 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
1,0 4,0 2,7 0,5
1,0 1,5 4,0 0,8
5,0 2,6
0,0
0 5 10 15 10,0 4,0
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. I.44 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão nos muretes M13,
M41 e M20

558
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

4,0

[cm 3]
Tempo M21 - Volume [cm3]
3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
5,0 1,1 1,7 2,6
1,0 10,0 1,9 2,9 4,0
16,0 2,7 4,0
0,0
0 5 10 15 20 25 30 28,0 4,0
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

4,0
[cm 3]

Tempo M19 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
4,0 2,5 4,0 2,4
1,0 5,0 3,1 3,0
6,5 4,0 3,6
0,0
0 5 10 15 7,5 4,0
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

4,0
[cm 3]

Tempo M23 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
3,0 2,2 0,7 4,0
5,0 3,7 1,2
1,0 6,0 4,0 1,4
10,0 2,1
0,0 15,0 2,9
0 5 10 15 20 25 30
24,0 4,0
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. I.45 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão nos muretes M21,
M19 e M23

559
4,0
[cm 3]

Tempo M12 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
3,5 4,0 2,4 2,1
1,0 5,0 3,4 3,0
6,0 4,0 3,4
0,0
0 5 10 15 7,5 4,0
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

4,0
[cm 3]

Tempo M24 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
2,5 1,3 4,0 2,0
1,0 5,0 2,5 4,0
8,0 4,0
0,0
0 5 10 15

T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

4,0
[cm 3]

Tempo M34 - Volume [cm3]


3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
5,0 2,2 3,3 3,0
1,0 6,5 2,7 4,0 3,6
7,5 3,1 4,0
0,0
0 5 10 15 10,0 4,0
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. I.46 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão nos muretes M12,
M24 e M34

560
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

4,0

[cm 3]
Tempo M56 - Volume [cm3]
3,0 [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
2,0
3,0 3,0 4,0 4,0
1,0 4,0 4,0

0,0
0 5 10 15

T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. I.47 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão no murete M56

Como se verifica da análise dos gráficos, a rápida absorção da água levou a uma pequena
alteração nos tempos de registo das leituras, referidos na ficha de ensaio [90].

b) aos 813 dias (murete M56)

Este murete foi utilizado, antes e após a aplicação de duas soluções de reforço, para a
realização dos seguintes ensaios relacionados com a presença da água:

- ainda antes da execução do lintel, foi realizado o ensaio de absorção de água sob baixa
pressão, cujos resultados se apresentam na fig. I.47;

- mais tarde, foi aplicada numa das faces uma lâmina de micro-betão (da solução de reforço
IIB), para realização do mesmo ensaio, mas sobre o micro-betão (fig. 4.11, Capítulo IV).
Nesta lâmina de micro-betão foi ainda realizado o ensaio de aderência ao suporte, referido
mais adiante;

- em seguida, foi realizado o presente ensaio de absorção de água sob baixa pressão na face
livre do reboco (para o qual foram utilizados quatro tubos de Carsten), fig. I.48;

- por fim, foi aplicada nesta face uma lâmina de reboco da solução de reforço III, sobre a qual
foi efectuado o mesmo ensaio, para comparação de resultados (figs. 4.22 e 4.2.6, Capítulo IV).

Na tabela I.67 apresenta-se os resultados obtidos.

561
Fig. I.48 - Repetição do ensaio de absorção de água sob baixa pressão, na argamassa de
assentamento do murete M56, aos 813 dias

Tabela I.67 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão, na argamassa de
assentamento do murete M56, aos 813 dias
Tempo [min]
Volume [cm3]
Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4
0 0 0 0 0,0
0,5 0,7 0,2 0,2 1,0
1,6 1,7 0,7 0,6 2,0
3,0 3,0 1,3 1,1 3,0
4,9 4,5 2,0 1,8 4,0

c) aos 949 dias (Murete M39)

A realização deste ensaio teve como principal objectivo obter mais um conjunto de resultados
para comparação com os anteriores, tendo em vista a análise deste parâmetro ao longo do
tempo.
Para além disso, no entanto, foram realizadas mais nove repetições de leituras em cada tubo,
para averiguar a evolução da capacidade de absorção de água à medida que a alvenaria
(argamassa) ia ficando saturada.

Nas tabelas I.68 a I.71 e na fig. I.49 apresentam-se os resultados obtidos para a primeira leitura e
para as nove repetições.

562
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.68 - Volume de água absorvida ao longo do tempo no ensaio de absorção de água
sob baixa pressão no murete M39 (1ª leitura)
Tempo [min]
Volume [cm3]
Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3
0,0 0,0 0,0 0,0
0,2 0,1 0,1 1,0
0,5 0,2 0,3 2,0
0,9 0,4 0,5 3,0
1,4 0,6 0,8 4,0

Tabela I.69 - Volume de água absorvida ao longo do tempo no ensaio de absorção de água
sob baixa pressão no murete M39 (10 leituras) - tubo 1 3)
Tempo [seg] Volume
3
1ª leitura 2ª leitura 3ª leitura 4ª leitura 5ª leitura 6ª leitura 7ª leitura 8ª leitura 9ª leitura 10ª leitura cm
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
12 28 40 49 58 56 66 70 72 70 1,0
31 63 85 102 117 121 137 143 149 150 2,0
55 102 135 160 183 193 209 224 230 224 3,0
84 146 189 221 252 267 285 306 318 322 4,0

Tabela I.70 - Volume de água absorvida ao longo do tempo no ensaio de absorção de água
sob baixa pressão no murete M39 (10 leituras) - tubo 2
Tempo [seg] Volume
1ª leitura 2ª leitura 3ª leitura 4ª leitura 5ª leitura 6ª leitura 7ª leitura 8ª leitura 9ª leitura 10ª leitura cm3

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 11 13 16 16 16 15 17 17 17 1,0
14 24 30 35 37 37 33 35 37 37 2,0
25 39 49 58 61 60 54 58 60 61 3,0
38 58 72 83 90 88 79 85 89 89 4,0

Tabela I.71 - Volume de água absorvida ao longo do tempo no ensaio de absorção de água
sob baixa pressão no murete M39 (10 leituras) - tubo 3
Tempo [seg] Volume
3
1ª leitura 2ª leitura 3ª leitura 4ª leitura 5ª leitura 6ª leitura 7ª leitura 8ª leitura 9ª leitura 10ª leitura cm
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
6 13 17 19 21 23 25 25 26 26 1,0
15 30 38 43 47 52 54 57 58 60 2,0
28 49 62 70 77 83 89 93 95 100 3,0
45 72 88 102 111 119 125 133 137 143 4,0

_______________
3)
Nas tabelas I.69 a I.71 e na fig. I.49, os tempos são apresentados em [segundos] para
permitir uma melhor leitura dos resultados.
563
Tubo 1
4,0

[cm3]
3,0

2,0

1,0

0,0
0 60 120 180 240 300 360

Tempo (seg)

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10

Tubo 2
4,0
[cm 3 ]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 60 120 180

Tempo (seg)

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10

Tubo 3
4,0
[cm3]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 60 120 180

Tempo (seg)

L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10

Fig. I.49 - Resultados das dez leituras consecutivas do ensaio de absorção de água sob baixa
pressão, no murete M39 (tubos 1 a 3)

564
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

- Velocidade de propagação de ultra sons

No início dos ensaios mecânicos sobre os muretes tentou-se realizar este ensaio sobre o
murete M46, antes e após o ensaio de pré-fendilhação, fig. I.50.
Mas, como os resultados foram inconclusivos, o mesmo não foi repetido.

Fig. I.50 - Ensaio de determinação da velocidade de propagação de ultra sons no murete M46,
antes do ensaio de pré-fendilhação

6.2 – Características químicas

- Profundidade de carbonatação (argamassa de assentamento)

Este ensaio foi realizado sobre diversos muretes: no interior do abrigo até aos 365 dias,
figs. 3.11 e I.51 (1 a 4) e depois, no final de cada ensaio de compressão axial e compressão-
corte, fig. I.51 (5 a 7).

• equipamentos utilizados: solução de fenolftaleína; conta-gotas; frasco de spray; régua

• procedimento seguido:

- nas determinações efectuadas aos 30 e aos 90 dias: (i) realização de incisões na argamassa
de assentamento dos muretes, de acordo com o esquema da fig. I.51 (1); (ii) aspiração das
partículas soltas; (iii) colocação da solução de fenolftaleína com o conta-gotas, fig. I.51 (2);
(iv) medição da profundidade de carbonatação com a régua.

- após estas datas: as determinações passaram a ser efectuadas logo depois de cada ensaio
mecânico realizado sobre os muretes, pulverizando a solução de fenolftaleína com o auxílio
do frasco de spray, fig. I.51 (5 a 7), e medindo a profundidade de carbonatação com a régua,
em diversos pontos.

565
Este procedimento foi adoptado devido à necessidade de aberturas cada vez mais
profundas na argamassa de assentamento dos muretes, conduzindo a alterações estruturais
localizadas.
Por outro lado, a realização do ensaio de determinação da profundidade de carbonatação
logo após cada ensaio mecânico (sempre que havia destruição do murete), permitia muito
facilmente pulverizar a solução de fenolftaleína em várias zonas do murete, obtendo-se
assim um resultado muito fiável.

1 a 4 – incisões na argamassa de assentamento dos muretes (nos primeiro ano de idade); 5 a 7 – imediatamente após
a conclusão dos ensaios de compressão axial e compressão-corte
Fig. I.51 - Ensaio de determinação da profundidade de carbonatação da argamassa de assentamento
dos muretes

• resultados: nas tabelas I.72 e I.73 representam-se os resultados das leituras efectuadas
ao longo do tempo, em vários muretes.

Os resultados apresentados até ao inicio dos ensaios mecânicos sobre os muretes correspondem
à média das leituras efectuadas no interior do abrigo, nas datas de 30, 90, 180 e 365 dias.
A partir daí, cada valor corresponde à média das diversas leituras efectuadas em cada murete.

566
Anexo I – Caracterização dos Materiais Utilizados na Construção dos Muretes

Tabela I.72 - Evolução da profundidade de carbonatação (média) dos muretes, no interior do


abrigo
Profundidade de carbonatação média
Muretes Idade [dias]
[mm] [%]
30 3,2 1,6
M14, M20, M27, M37, 90 6,3 3,2
M49, M50, M57, M60 180 15,4 7,7
365 33,3 16,7

Tabela I.73 - Evolução da profundidade de carbonatação (média) dos muretes, após o inicio
dos ensaios mecânicos
Muretes Profundidade de carbonatação média
Idade [dias]
(sol. reforço) Nº [mm] [%]
M20 593 60 30,0
M43 618 55 27,5
Muretes de M21 626 50 25,0
referência M32 638 60 30,0
M5 654 60 30,0
M12 662 55 27,5
M53 762 65 32,5
Solução de M51 769 58 29,0
reforço IIB M42 777 65 32,5
M30 784 55 27,5
M41 925 59 29,5
M44 927 60 30,0
Solução de M28 931 60 30,0
reforço I M10 952 54 27,0
M13 974 56 28,0
M17 992 55 27,5
M25 1065 74 37,0
Solução de
M55 1070 75 37,5
reforço III
M24 1083 75 37,5

567
Anexo II
ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
UTILIZADOS NAS SOLUÇÕES DE REFORÇO DOS MURETES
570
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

1 – Introdução

Referem-se neste Anexo os procedimentos de ensaio e cálculos realizados para a


caracterização dos materiais utilizados nas soluções de reforço dos muretes, descritas no
Capítulo IV, de acordo com os preceitos referidos no Anexo I. Além disso, acrescentam-se os
procedimentos relativos a ensaios efectuados apenas sobre os materiais de reforço.
A apresentação é feita por solução de reforço, segundo a ordem indicada no Capítulo IV
(tabela 4.1), indicando-se, para cada material, as características físicas e mecânicas
determinadas.
Não foram determinadas características químicas dos materiais de reforço.

2 – Solução de reforço I - conectores metálicos transversais

• Micro-argamassa pozolânica de injecção dos furos dos conectores metálicos transversais

Ensaios realizados: determinação da massa volúmica aparente por leitura directa em


provetes e secos em estufa ventilada a 60 ºC até massa constante, fig. II.1, módulo de
elasticidade dinâmico [186] e resistências à tracção por flexão e à compressão [191] em
provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm.

Fig. II.1 - Verificação dimensional dos provetes de micro argamassa de injecção dos furos dos
conectores transversais da solução de reforço I, para determinação da massa volúmica
aparente, por “leitura directa” 1)

_______________
1)
Quociente entre a massa do provete e o seu volume aparente (comprimento×largura×altura).

571
Tabela II.1 - Massa volúmica aparente dos provetes de micro argamassa de injecção dos furos
dos conectores transversais, determinada por “leitura directa”, da solução de reforço I

Idade Dimensões [cm] MVA


Provete Massa [g]
[dias] 3
Comprimento Largura Altura [kg/m ] Média
1 15,45 3,84 3,43 229,00 1125,3
2 15,45 3,84 3,45 229,36 1120,6
3 15,35 3,81 3,45 232,50 1152,3
4 15,55 3,83 3,52 230,80 1100,9
5 103 15,50 3,85 3,55 231,62 1093,3 1109,5
6 15,50 3,84 3,56 231,79 1093,9
7 15,40 3,80 3,52 229,82 1115,7
8 15,50 3,85 3,50 226,79 1085,8
9 15,45 3,84 3,58 233,15 1097,7

Tabela II.2 - Módulo de elasticidade dinâmico e resistência mecânica dos provetes de micro
argamassa de injecção dos furos dos conectores transversais, da solução de reforço I
Frot à σrot à tracção Área de
Idade Edin Frot comp σrot comp
Provete tracção por por flexão contacto
[dias] [N] (2)
[MPa] Média flexão [N] [MPa] Média [mm2] [MPa] Média
1 851 50,10 0,19 2577,80 1536 1,68
2 658 57,22 0,21 2327,10 1536 1,52
3 804 45,86 0,17 3324,60 1524 2,18
4 503 (1) -- 1699,30 1532 1,11
5 103 499 693 (1) -- 0,22 1645,91 1540 1,07 1,38
6 706 75,70 0,25 1985,44 1536 1,29
7 690 82,04 0,28 1870,58 1520 1,23
8 910 -- -- 1822,62 1540 1,18
9 612 58,90 0,19 1816,31 1536 1,18
(1) valor não registado pela prensa;
(2) apenas sobre uma das metades dos provetes resultantes do ensaio de flexão.

Na fig. II.2 mostra-se o aspecto dos provetes após a realização do ensaio resistência à tracção
por flexão vendo-se que, apesar da carga ser aplicada a meio vão do provete, a rotura ocorreu,
nalguns casos, longe do ponto de aplicação. O ensaio de resistência à compressão foi
efectuado sobre uma das duas “metades” resultantes do ensaio de flexão.

Fig. II.2 - Aspecto dos nove provetes de micro argamassa pozolânica de injecção, da solução
de reforço I, após o ensaio de tracção por flexão

572
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

• Argamassa de cimento, utilizada no apoio das chapas de ancoragem dos conectores


metálicos transversais

As chapas de ancoragem dos conectores assentam sobre “apoios” de argamassa de cimento e


areia, ao traço volumétrico de 1:3 (cimento:areia), sendo 50 % de areia de areeiro e 50% de
areia de rio, com uma relação A/C de 0,6, aproximadamente.
Ensaios realizados: análise granulométrica das areias de rio e areeiro [80], módulo de
elasticidade dinâmico [186] e resistências mecânicas à flexão e à compressão [191] dos
provetes de argamassa de apoio das chapas de ancoragem dos conectores metálicos transversais.

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. 100

M aterial que passa [%]


1"1/2 38,1 90
_
1" 25,4 80
3/4" 19,1 70
_
1/2" 12,7 60
3/8" 9,52 100,0 0,0 50
nº 4 4,76 4,9 0,4 99,6 0,4 40
nº 8 2,38 36,7 3,1 96,5 3,5
30
nº 16 1,19 199,2 16,6 79,9 20,1
20
nº 30 0,595 597,1 49,8 30,2 69,8
10
nº 50 0,297 322,2 26,9 3,3 96,7
0
nº 100 0,149 38,5 3,2 0,1 99,9 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 1,0 0,1 0,0 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 0,0 0,0
D = 2,38 mm; d = 0,297 mm
Total 1199,6 100,0 290,4
Módulo de finura 2,9

Fig. II.3 - Análise granulométrica da areia de rio da argamassa de apoio das chapas de ancoragem
dos conectores metálicos transversais, da solução de reforço I

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul.
100
1"1/2 38,1
M aterial que passa [%]

90
_
1" 25,4
80
3/4" 19,1
70
_
1/2" 12,7
60
3/8" 9,52 100,0 0,0 50
nº 4 4,76 1,1 0,1 99,9 0,1 40
nº 8 2,38 4,7 0,4 99,5 0,5 30
nº 16 1,19 12,1 1,0 98,5 1,5 20
nº 30 0,595 47,7 4,0 94,5 5,5 10
nº 50 0,297 870,4 72,6 22,0 78,0 0
nº 100 0,149 239,4 20,0 2,0 98,0 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 20,5 1,7 0,3 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 3,7 0,3 0,0
D = 0,595 mm; d = 0,149 mm
Total 1199,6 100,0 183,5
Módulo de finura 1,8
Fig. II.4 - Análise granulométrica da areia de areeiro da argamassa de apoio das chapas de
ancoragem dos conectores metálicos transversais, da solução de reforço I

573
Tabela II.3 - Resultados dos ensaios de módulo de elasticidade dinâmico e das resistências
mecânicas dos provetes da argamassa utilizada no apoio das chapas de ancoragem, da solução
de reforço I

Edin σrot Flexão Área de σrot comp


Idade Massa Frot flexão Frot comp
Provete contacto
[dias] [g] [MPa] Média [N] [MPa] Média [N] (3)
[mm2] [MPa] Média
CI1 (2) 96 494,09 2585 1602,76 3,8 25735,55 16,1
CI2 (1) 498,70 2174 1609,60 3,8 24830,40 15,5
89
CI3 (1) 494,55 2285 1519,60 3,6 24027,20 15,0
CI4 (2) 96 492,99 2762 1447,92 3,4 26323,40 16,5
CI5 (1) 505,03 2369 2442 1114,90 2,6 3,32 25313,80 1600 15,8 15,73
89
CI6 (1) 504,77 2802 1262,90 3,0 22639,70 14,1
CI7 (2) 96 502,70 2429 1620,44 3,8 25174,20 15,7
CI8 (1) 507,80 2330 1299,96 3,0 26483,10 16,6
89
CI9 (1) 508,24 2238 1286,10 3,0 25963,50 16,2
(1) Estes provetes foram ensaiados em 15/2/05, sem terem estado na estufa ventilada
(2) Estes provetes entraram na estufa ventilada (a 60 º) em 15/2/05, e foram ensaiados em 22/2/05
(3) Média das duas metades resultantes do ensaio de flexão

• Varões roscados M12, utilizados como elementos de confinamento transversal

Ensaio realizado (no LNEC): determinação da tensão de resistência à tracção, segundo a


Norma EN 10002-1 [38], fig. II.5.

Fig. II.5 - Ensaio de resistência à tracção de um varão metálico roscado M12, utilizado no
confinamento transversal dos muretes das soluções de reforço I, II e III

• resultados: obtenção da força de rotura de Frot = 49,5 kN.

574
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

3 – Solução de reforço II - lâminas de micro-betão armadas com malha de metal distendido,


sem apoio na base

3.1 – Solução IIA (aplicação preliminar)

O murete M46 não foi sujeito ao ensaio de compressão axial depois de reforçado, por razões de
segurança do sistema de ensaio. No entanto, apresentam-se em seguida os resultados dos ensaios
de caracterização dos materiais de reforço (agregados, micro-betão e calda de injecção).
O micro-betão foi preparado segundo as proporções indicadas na tabela 4.2 (Capítulo IV), e a
calda de injecção segundo as indicações do fabricante.
Na fig. II.6 representam-se algumas das amostras obtidas.

1-provetes cúbicos (15cm×15cm×15 cm) de micro-betão; 2-provetes cúbicos e prismáticos (16cm×4cm×4cm) de calda de injecção
Fig. II.6 - Provetes para ensaios relativos à solução de reforço IIA

• Agregados

Ensaios realizados: análise granulométrica [80] da areia de rio e brita fina, secas em estufa
ventilada a 60ºC, até massa constante. Os valores apresentados correspondem à média de três
determinações, sobre 1000 g no caso das areias e 1500 g, nas britas. O tempo médio de agitação
mecânica foi de 10 minutos.

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul.
100
M aterial q u e p assa [%]

1"1/2 38,1
_ 90
1" 25,4
80
3/4" 19,1
_ 70
1/2" 12,7
60
3/8" 9,52 100,0 0,0 50
nº 4 4,76 10,3 1,0 99,0 1,0 40
nº 8 2,38 41,0 4,1 94,9 5,1 30
nº 16 1,19 200,4 20,1 74,8 25,2 20
nº 30 0,595 496,4 49,7 25,1 74,9 10
nº 50 0,297 228,1 22,8 2,3 97,7 0
nº 100 0,149 20,6 2,1 0,2 99,8 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 1,7 0,2 0,1 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 0,7 0,1 0,0
D = 2,38 mm; d = 0,297
Total 1199,6 100,0 303,7
Módulo de finura 3,0

Fig. II.7 - Análise granulométrica da areia de rio do micro-betão da solução de reforço IIA
575
Peneiros Retido Passado Retido
Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul.
100

M aterial q u e p assa [%]


1"1/2 38,1
90
_
1" 25,4
80
3/4" 19,1
70
_
1/2" 12,7 60
3/8" 9,52 100,0 0,0 50
nº 4 4,76 86,2 5,7 94,3 5,7 40
nº 8 2,38 618,4 41,2 53,0 47,0 30
nº 16 1,19 345,1 23,0 30,0 70,0 20
nº 30 0,595 180,1 12,0 18,0 82,0 10
nº 50 0,297 112,4 7,5 10,5 89,5 0
nº 100 0,149 69,7 4,6 5,9 94,1 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 51,0 3,4 2,5 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 37,0 2,5 0,0
D = 4,76 mm; d = 0,075 mm
Total 1499,8 100,0 388,3
Módulo de finura 3,9

Fig. II.8 - Análise granulométrica da brita fina utilizada no micro-betão da solução de reforço IIA

• Micro-betão (material endurecido)

Ensaios realizados: massa volúmica aparente de provetes moldados, por leitura directa (de
acordo com o referido na nota 1) da pág. 571), resistência à tracção por flexão e à compressão
[191] em provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm, e resistência à compressão em provetes
cúbicos de 15cm×15cm×15cm.

Tabela II.4 - Massa volúmica aparente dos provetes moldados (1ª e 2ª camadas de reforço), da
solução de reforço IIA
Idade Dimensões Massa volúmica
Camada Provete Massa [kg] Volume [m3]
[dias] [cm3] [kg/m3] Média
P1 0,520 2031
P2 16×4×4 0,526 0,256×10-3 2055 2034
P3 0,516 2016
1ª 44
C1 7,072 2095
C2 15×15×15 7,079 3,375×10-3 2097 2085
C3 6,962 2063
P1 0,493 1926
P2 16×4×4 0,498 0,256×10-3 1945 1921
P3 0,484 1891
2ª 38
C1 6,740 1997
C2 15×15×15 6,586 3,375×10-3 1951 1968
C3 6,602 1956

576
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.5 - Resistências à tracção por flexão e à compressão, em prismas de 16cm×4cm×4cm e


resistência à compressão, em cubos com 15cm×15cm×15cm, da solução de reforço IIA
Força rot. Tensão rotura Força rot. Tensão rotura em
Área de
Idade Dimensões flexão em flexão, σ rot comp. compressão, σ rot
Camada Provete 3 contacto flex comp
[dias] [cm ] (Frot) (Frot)
[mm2] [MPa] Média [MPa] Média
[kN] [kN]
P1 1,50 3,5 22,66 14,2
P2 16×4×4 1600 1,33 3,1 3,5 19,31 12,1 13,5
P3 44 1,72 4,0 22,48 14,1

C1 -- -- 498,5 22,2
C2 15×15×15 22,5×103 -- -- -- 480,0 21,3 20,4
C3 -- -- 401,3 17,8
P1 0,90 2,1 -- --
P2 16×4×4 1600 1,09 2,6 2,3 -- -- --
P3 -- -- -- --
2ª 38
C1 -- -- 295,6 13,1
C2 15×15×15 22,5×103 -- -- -- 225,4 10,0 11,0
C3 -- -- 225,4 10,0

• Calda de injecção (material endurecido) – provetes moldados

Ensaios realizados: massa volúmica aparente em provetes moldados de 16cm×4cm×4cm e


15cm×15cm×15cm, por leitura directa, módulo de elasticidade dinâmico [186] e resistência
à tracção por flexão e à compressão [191] em provetes de 16cm×4cm×4cm.

Tabela II.6 - Massa volúmica aparente em provetes moldados de 16cm×4cm×4cm e


15cm×15cm×15cm, da solução de reforço IIA
Dimensões Idade Massa Volume MVA
Provete
[cm3] [dias] [kg] [m3] [kg/m ]3
Média
P1 -- --
P2 16×4×4 0,315 0,256×10-3 1230 1230
P3 90 0,315 1230
C1 4,153 1231
15×15×15 3,375×10-3 1228
C2 4,132 1224

Tabela II.7 - Módulo de elasticidade dinâmico e resistências mecânicas, em provetes moldados


de 16cm×4cm×4cm, da calda de injecção da solução de reforço IIA
Força rot. Tensão rotura Tensão rotura em
Área de Força rot.
Idade Edin flexão em flexão, σ rot
compressão, σ comp
rot
Provete contacto flex comp (Frot)
[dias] [MPa] (Frot)
[mm2] [MPa] Média
[kN]
[MPa] Média
[N]
P1 -- -- -- 14,5 9,07
P2 90 1600 3615 364,5 0,9 0,7 13,9 8,70 8,8
P3 2021 215,5 0,5 13,9 8,70

577
3.2 – Solução IIB (aplicação definitiva)

• Agregados

Ensaios realizados: baridade [187] e análise granulométrica [80] sobre a areia de rio, brita
fina e mistura secas em estufa ventilada a 60ºC, até massa constante.

Tabela II.8 - Baridade areia de rio, brita fina e mistura secas, da solução de reforço IIB
capacidade do 1ª camada 2ª camada
Material recipiente Massa da amostra Baridade Massa da amostra Baridade
[litros] [Kg] [Kg/m3] [Kg] [Kg/m3]
- areia de rio (1) -- -- --
- brita fina 3,0 (1) -- 4,184 1394,7
- mistura 5,121 1707,0 5,237 1745,7
1
( ) – Não foram recebidas amostras de material

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. 100
M aterial q u e p assa [%]

1"1/2 38,1 90
_
1" 25,4 80

3/4" 19,1 70
_
1/2" 12,7 60

3/8" 9,52 100,0 0,0 50

nº 4 4,76 145,7 9,7 90,3 9,7 40

nº 8 2,38 417,4 27,8 62,4 37,6 30

nº 16 1,19 108,7 7,2 55,2 44,8 20

nº 30 0,595 274,0 18,3 36,9 63,1 10

nº 50 0,297 328,4 21,9 15,0 85,0 0


0,01 0,1 1 10 100
nº 100 0,149 54,2 3,6 11,4 88,6
_ Abertura das malhas [mm]
nº 200 0,075 30,1 2,0 9,4
_ _
refugo 141,0 9,4 0,0 D = 4,76 mm d = --
Total 1499,6 100,0 328,7
Módulo de finura 3,3
Fig. II.9 - Análise granulométrica da mistura utilizada na 1ª camada da solução de reforço IIB

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. 100
M aterial q u e p assa [%]

1"1/2 38,1 90
_
1" 25,4 80

3/4" 19,1 70
_
1/2" 12,7 60

3/8" 9,52 100,0 0,0 50

nº 4 4,76 1,0 0,1 99,9 0,1 40

nº 8 2,38 34,5 2,9 97,0 3,0 30

nº 16 1,19 207,3 17,3 79,8 20,2 20

nº 30 0,595 10
603,3 50,3 29,5 70,5
nº 50 0,297 0
329,3 27,4 2,0 98,0
0,01 0,1 1 10 100
nº 100 0,149 23,8 2,0 0,0 100,0
Abertura das malhas [mm]
_
nº 200 0,075 0,5 0,0 0,0
_ _
refugo 0,0 0,0 0,0 D = 2,38 mm d = 0,297 mm
Total 1199,7 100,0 291,7
Módulo de finura 2,9

Fig. II.10 - Análise granulométrica da areia de rio utilizada na 2ª camada da solução de reforço IIB
578
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. 100

M aterial q u e p assa [%]


1"1/2 38,1 90
_
1" 25,4 80

3/4" 19,1 70
_
1/2" 12,7 60

3/8" 9,52 100,0 0,0 50

nº 4 4,76 334,1 22,3 77,7 22,3 40

nº 8 2,38 30
1118,1 74,6 3,2 96,8
20
nº 16 1,19 34,0 2,3 0,9 99,1
10
nº 30 0,595 1,9 0,1 0,8 99,2
0
nº 50 0,297 2,3 0,2 0,6 99,4
0,01 0,1 1 10 100
nº 100 0,149 5,7 0,4 0,2 99,8 Abertura das malhas [mm]
_
nº 200 0,075 2,0 0,1 0,1
_ _
refugo 1,6 0,1 0,0 D = 9,52 mm d = 2,38 mm
Total 1499,7 100,0 516,6
Módulo de finura 5,2

Fig. II.11 - Análise granulométrica da brita fina utilizada na 2ª camada da solução de reforço IIB

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul.
100

M aterial qu e p assa [%]


1"1/2 38,1 90
_
1" 25,4 80
3/4" 19,1 70
_
1/2" 12,7 60
3/8" 9,52 100,0 0,0 50
nº 4 4,76 207,0 13,8 86,2 13,8 40
nº 8 2,38 536,0 35,7 50,4 49,6 30
nº 16 1,19 155,8 10,4 40,0 60,0 20
nº 30 0,595 308,7 20,6 19,5 80,5 10
nº 50 0,297 164,5 11,0 8,5 91,5 0
nº 100 0,149 15,7 1,0 7,4 92,6 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 17,6 1,2 6,3 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 94,1 6,3 0,0
D = 9,52 mm; d = --
Total 1499,4 100,0 387,9
Módulo de finura 3,9

Fig. II.12 - Análise granulométrica da mistura seca utilizada na 2ª camada da solução de reforço IIB

• Micro-betão (material endurecido)

Ensaios realizados: massa volúmica aparente dos cubos moldados de 15cm×15cm×15cm,


provetes prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm e “cubos grandes”, por leitura directa; massa
volúmica e porosidade aberta de amostras de micro-betão extraídas dos próprios muretes e de
vários prismas cortados, pelo método da pesagem hidrostática [182, 183]; absorção de água
por capilaridade em provetes prismáticos cortados e moldados de 16cm×4cm×4cm [185];
permeabilidade ao vapor de água, em provetes moldados com φ = 9,4 cm e h = 1 cm [184];
absorção de água sob baixa pressão (na superfície do micro-betão projectado numa das faces
do murete M56) [96]; aderência ao suporte [101]; módulo de elasticidade secante e resistência
à compressão [90], em cilindros carotados com φ = 74 mm e verificação da espessura média
do micro-betão pela diferença de massas dos muretes antes e após a aplicação do reforço.

579
Tabela II.9 - Massa volúmica aparente por leitura directa de provetes prismáticos moldados de
16cm×4cm×4cm e cúbicos de 15cm×15cm×15cm (1ª camada de micro-betão), e dos cubos
grandes (1ª e 2ª camadas), da solução de reforço IIB
Idade Dimensões MVA
Camada Provete Volume [m3] Massa [kg]
[dias] [cm3] [kg/m3] Média
C1 7,138 2115,0
-3
C2 15×15×15 3,375×10 7,232 2142,8 2120,0
C3 7,095 2102 ,2
38
1ª P1 0,534 2086,0
P2 16×4×4 0,256×10-3 0,525 2050,8 2076,9
P3 0,536 2093,8
Cubo 1 33 50×46×37 85,1×10-3 167 1962,4
2ª Cubo 2 19 46×40×38 69,9×10-3 148 2117,3

Tabela II.10 - Massa volúmica e porosidade aberta pelo método da pesagem hidrostática, de
amostras de micro-betão da solução IIB extraídas de prismas cortados e dos próprios muretes
Idade no Massas [g] MVR MVA PA
Provete
início do
Nº M1 M2 M3 [Kg/m3] Média [Kg/m3] Média [%] Média
ensaio [dias]
C1-1 81,533 51,002 87,518 2670,5 2232,8 16,4
399
C1-2 87,446 53,929 93,887 2609,0 2631,9 2188,4 2195,6 16,1 16,6
(cubo 1)
C1-3 80,133 49,505 86,507 2616,3 2165,6 17,2
C2-1 98,830 60,800 106,189 2598,7 2177,4 16,2
385
C2-2 87,000 53,413 92,499 2590,3 2607,6 2225,9 2227,2 14,1 14,6
(cubo 2)
C2-3 77,276 47,935 81,852 2633,7 2278,4 13,5
S1 50,714 31,352 55,544 2619,3 2096,3 20,0
S2 46,993 29,207 51,168 2642,1 2139,8 19,0
S3 385 99,349 61,474 107,640 2623,1 2152,0 18,0
2624,9 2132,3 18,8
S4 (muretes) 43,527 26,858 47,544 2611,3 2104,2 19,4
S5 83,008 51,384 89,980 2624,8 2150,7 18,1
S6 153,683 95,225 166,684 2628,9 2150,6 18,2

Os ensaios de absorção de água por capilaridade foram efectuados sobre provetes prismáticos
(obtidos por corte a partir dos “cubos grandes”), designados de acordo com os esquemas das
figs. 4.49, 4.52 (Capítulo IV) e II.13.

Provetes “tipo A” Provetes “tipo B”

Fig. II.13 - Provetes prismáticos de 16cm×4cm×4cm obtidos por corte dos “cubos grandes” de
micro-betão, para o ensaio de absorção de água por capilaridade, da solução de reforço IIB
580
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.11 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo A”,
de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IIB
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C1A1 C1A3 C1A5 C1A1 C1A3 C1A5
t = 0 <>15:30 h 0,0 0,00 578,76 573,48 579,94 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 -- -- 581,04 -- -- 1,10 1,10
t = 10 min 0,2 0,41 580,10 575,00 581,43 1,34 1,52 1,49 1,45
19/7/04

t = 15 min 0,3 0,50 580,35 575,31 581,74 1,59 1,83 1,80 1,74
t = 30 min 0,5 0,71 580,99 575,96 582,50 2,23 2,48 2,56 2,42
t=1h 1,0 1,00 581,94 576,76 583,45 3,18 3,28 3,51 3,32
t=3h 3,0 1,73 583,73 578,45 585,34 4,97 4,97 5,40 5,11
t=6h 6,0 2,45 585,00 580,04 587,10 6,24 6,56 7,16 6,65
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 588,77 585,18 592,40 10,01 11,70 12,46 11,39
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 591,33 588,33 595,12 12,57 14,85 15,18 14,20
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 593,45 590,53 596,89 14,69 17,05 16,95 16,23
4d 23/7/04 - 18:30 h 99,0 9,95 595,20 592,34 598,43 16,44 18,86 18,49 17,93
5d 24/7/04 - 16:15 h 120,8 10,99 596,49 593,50 599,30 17,73 20,02 19,36 19,04
6d 25/7/04 - 15:30 h 144,0 12,00 597,99 594,75 600,11 19,23 21,27 20,17 20,22
7d 26/7/04 - 15:15 h 167,8 12,95 599,30 595,69 600,99 20,54 22,21 21,05 21,27
8d 27/7/04 - 16:10 h 192,7 13,88 600,65 596,91 602,04 21,89 23,43 22,10 22,47
9d 28/7/04 - 15:15 h 215,8 14,69 601,73 597,86 602,82 22,97 24,38 22,88 23,41
10d 29/7/04 - 17:00 h 241,5 15,54 602,98 599,01 603,82 24,22 25,53 23,88 24,54
11d 30/7/04 - 14:15 h 262,8 16,21 603,85 599,84 604,48 25,09 26,36 24,54 25,33
12d 31/7/04 - 16:00 h 288,5 16,99 604,79 600,70 605,20 26,03 27,22 25,26 26,17
14d 02/8/04 - 13:45 h 334,3 18,28 606,51 602,29 606,64 27,75 28,81 26,70 27,75
17d 05/8/04 - 13:15 h 405,8 20,14 608,88 604,39 608,58 30,12 30,91 28,64 29,89
18d 06/8/04 - 23:45 h 440,3 20,98 609,65 605,10 609,14 30,89 31,62 29,20 30,57
21d 09/8/04 - 17:20 h 505,8 22,49 611,45 606,70 610,82 32,69 33,22 30,88 32,26
24d 12/8/04 - 13:45 h 574,3 23,96 612,94 607,94 612,23 34,18 34,46 32,29 33,64
28d 16/8/04 - 18:30 h 675,0 25,98 614,61 607,50 614,03 35,85 34,02 34,09 34,65
29d 17/8/04 - 18:00 h 698,5 26,43 614,85 609,64 614,30 36,09 36,16 34,36 35,54
31d 19/8/04 - 21:00 h 749,5 27,38 615,37 610,21 615,05 36,61 36,73 35,11 36,15
32d 20/8/04 - 16:30 h 769,0 27,73 615,55 610,30 615,21 36,79 36,82 35,27 36,29
38d 26/8/04 - 18:40 h 915,2 30,25 616,71 611,28 616,68 37,95 37,80 36,74 37,50
43d 31/8/04 - 10:20 h 1026,8 32,04 617,56 612,10 617,81 38,80 38,62 37,87 38,43
47d 04/9/04 - 17:30 h 1130,0 33,62 618,18 612,70 618,70 39,42 39,22 38,76 39,13
52d 09/9/04 - 15:30 h 1248,0 35,33 618,87 613,28 619,44 40,11 39,80 39,50 39,80
58d 15/9/04 - 12:00 h 1388,5 37,26 619,49 613,80 619,91 40,73 40,32 39,97 40,34

50,0
Massas [kg/m2]

50,0
Massas [kg/m2]

40,0 40,0

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

T empo [horas1/2] T empo [horas1/2]

C1A1 C1A3 C1A5 Média C1A1-C1A3-C1A5

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C1A1, C1A3, C1A5 14/5/04 19/7/04 64 3,3

Fig. II.14 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo A”, de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IIB

581
Tabela II.12 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo B”,
de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IIB
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C1B3 C1B4 C1B5 C1B3 C1B4 C1B5
t = 0 <>15:30 h 0,0 0,00 573,47 580,89 577,62 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 574,72 582,12 580,02 0,78 0,77 1,50 1,02
t = 10 min 0,2 0,41 575,12 582,46 580,64 1,03 0,98 1,89 1,30
19/7/04

t = 15 min 0,3 0,50 575,45 582,81 581,19 1,24 1,20 2,23 1,56
t = 30 min 0,5 0,71 576,23 583,45 582,59 1,72 1,60 3,11 2,14
t=1h 1,0 1,00 577,23 584,49 584,94 2,35 2,25 4,58 3,06
t=3h 3,0 1,73 579,76 586,86 589,29 3,93 3,73 7,29 4,99
t=6h 6,0 2,45 582,06 589,09 592,24 5,37 5,13 9,14 6,54
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 588,71 595,47 599,19 9,53 9,11 13,48 10,71
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 592,60 599,42 603,02 11,96 11,58 15,88 13,14
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 595,21 601,92 604,86 13,59 13,14 17,03 14,59
4d 23/7/04 - 18:30 h 99,0 9,95 597,28 603,84 606,44 14,88 14,34 18,01 15,75
5d 24/7/04 - 16:15 h 120,8 10,99 598,47 604,89 607,20 15,63 15,00 18,49 16,37
6d 25/7/04 - 15:30 h 144,0 12,00 599,93 605,98 608,00 16,54 15,68 18,99 17,07
7d 26/7/04 - 15:15 h 167,8 12,95 601,17 606,89 608,63 17,31 16,25 19,38 17,65
8d 27/7/04 - 16:10 h 192,7 13,88 602,37 608,00 609,38 18,06 16,94 19,85 18,29
9d 28/7/04 - 15:15 h 215,8 14,69 603,54 608,82 609,96 18,79 17,46 20,21 18,82
10d 29/7/04 - 17:00 h 241,5 15,54 604,63 609,76 610,79 19,48 18,04 20,73 19,42
11d 30/7/04 - 14:15 h 262,8 16,21 604,47 610,52 611,33 19,38 18,52 21,07 19,65
12d 31/7/04 - 16:00 h 288,5 16,99 606,62 611,42 611,94 20,72 19,08 21,45 20,42
14d 02/8/04 - 13:45 h 334,3 18,28 608,40 612,75 612,99 21,83 19,91 22,11 21,28
17d 05/8/04 - 13:15 h 405,8 20,14 610,92 614,72 614,65 23,41 21,14 23,14 22,56
18d 06/8/04 - 23:45 h 440,3 20,98 611,57 615,42 614,97 23,81 21,58 23,34 22,91
21d 09/8/04 - 17:20 h 505,8 22,49 613,09 616,86 615,82 24,76 22,48 23,88 23,71
24d 12/8/04 - 13:45 h 574,3 23,96 614,37 618,10 616,54 25,56 23,26 24,33 24,38
28d 16/8/04 - 18:30 h 675,0 25,98 615,95 619,75 617,45 26,55 24,29 24,89 25,24
29d 17/8/04 - 18:00 h 698,5 26,43 616,09 619,89 617,50 26,64 24,38 24,93 25,31
31d 19/8/04 - 21:00 h 749,5 27,38 616,63 620,34 617,84 26,98 24,66 25,14 25,59
32d 20/8/04 - 16:30 h 769,0 27,73 616,69 620,49 617,90 27,01 24,75 25,18 25,65
38d 26/8/04 - 18:40 h 915,2 30,25 617,92 621,60 618,53 27,78 25,44 25,57 26,26
43d 31/8/04 - 10:20 h 1026,8 32,04 618,78 622,40 619,22 28,32 25,94 26,00 26,75
47d 04/9/04 - 17:30 h 1130,0 33,62 619,45 623,09 619,88 28,74 26,38 26,41 27,18
52d 09/9/04 - 15:30 h 1248,0 35,33 620,20 623,80 620,47 29,21 26,82 26,78 27,60

40,0 40,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

C1B3 C1B4 C1B5 Mèdia C1B3-C1B4-C1B5

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C1B3, C1B4, C1B5 14/5/04 19/7/04 64 3,1

Fig. II.15 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo B”, de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IIB

582
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.13 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo A”,
de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IIB
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C2A1 C2A10 C2A11 C2A1 C2A10 C2A11
t = 0 <>15:30 h 0,0 0,00 602,01 598,55 601,16 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 602,70 599,47 602,30 0,69 0,92 1,14 0,92
t = 15 min 0,3 0,50 603,05 599,87 602,82 1,04 1,32 1,66 1,34
19/7/04

t = 30 min 0,5 0,71 603,37 600,35 603,29 1,36 1,80 2,13 1,76
t=1h 1,0 1,00 603,90 601,10 604,11 1,89 2,55 2,95 2,46
t=3h 3,0 1,73 605,06 602,80 605,86 3,05 4,25 4,70 4,00
t=6h 6,0 2,45 606,34 604,32 607,37 4,33 5,77 6,21 5,44
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 610,13 608,48 611,71 8,12 9,93 10,55 9,53
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 612,65 610,96 614,30 10,64 12,41 13,14 12,06
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 614,41 612,55 615,86 12,40 14,00 14,70 13,70
4d 23/7/04 - 18:30 h 99,0 9,95 615,87 613,82 617,06 13,86 15,27 15,90 15,01
5d 24/7/04 - 16:15 h 120,8 10,99 616,73 614,60 617,85 14,72 16,05 16,69 15,82
6d 25/7/04 - 15:30 h 144,0 12,00 617,50 615,28 618,49 15,49 16,73 17,33 16,52
7d 26/7/04 - 15:15 h 167,8 12,95 618,29 615,90 619,08 16,28 17,35 17,92 17,18
8d 27/7/04 - 16:10 h 192,7 13,88 618,99 616,64 619,74 16,98 18,09 18,58 17,88
9d 28/7/04 - 15:15 h 215,8 14,69 619,59 617,16 620,28 17,58 18,61 19,12 18,44
10d 29/7/04 - 17:00 h 241,5 15,54 620,37 617,82 620,94 18,36 19,27 19,78 19,14
11d 30/7/04 - 14:15 h 262,8 16,21 620,90 618,31 621,40 18,89 19,76 20,24 19,63
12d 31/7/04 - 16:00 h 288,5 16,99 621,53 618,88 621,97 19,52 20,33 20,81 20,22
14d 02/8/04 - 13:45 h 334,3 18,28 622,65 619,82 623,04 20,64 21,27 21,88 21,26
17d 05/8/04 - 13:15 h 405,8 20,14 624,19 621,18 624,30 22,18 22,63 23,14 22,65
18d 06/8/04 - 23:45 h 440,3 20,98 624,67 621,48 624,76 22,66 22,93 23,60 23,06
21d 09/8/04 - 17:20 h 505,8 22,49 625,89 622,68 626,00 23,88 24,13 24,84 24,28
24d 12/8/04 - 13:45 h 574,3 23,96 627,03 623,70 626,94 25,02 25,15 25,78 25,32
28d 16/8/04 - 18:30 h 675,0 25,98 628,80 625,28 628,30 26,79 26,73 27,14 26,89
29d 17/8/04 - 18:00 h 698,5 26,43 629,09 625,51 628,58 27,08 26,96 27,42 27,15
31d 19/8/04 - 21:00 h 749,5 27,38 629,69 626,05 629,10 27,68 27,50 27,94 27,71
32d 20/8/04 - 16:30 h 769,0 27,73 629,79 626,15 629,22 27,78 27,60 28,06 27,81
38d 26/8/04 - 18:40 h 915,2 30,25 631,36 627,65 630,45 29,35 29,10 29,29 29,25
43d 31/8/04 - 10:20 h 1026,8 32,04 632,37 628,62 631,39 30,36 30,07 30,23 30,22
47d 04/9/04 - 17:30 h 1130,0 33,62 633,19 629,44 632,15 31,18 30,89 30,99 31,02
52d 09/9/04 - 15:30 h 1248,0 35,33 633,94 630,32 632,99 31,93 31,77 31,83 31,84

40,0 40,0
Massas [kg/m2 ]

Massas [kg/m2 ]

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

C2A1 C2A10 C2A11 Média C2A1-C2A10-C2A11

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C2A1, C2A10, C2A11 28/5/04 19/7/04 50 2,5

Fig. II.16 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo A”, de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IIB

583
Tabela II.14 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo B”,
de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IIB
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C2B1 C2B6 C2B8 C2B1 C2B6 C2B8
t = 0 <>15:30 h 0,0 0,00 599,67 601,40 608,44 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 600,47 602,28 609,36 0,50 0,55 0,57 0,54
t = 15 min 0,3 0,50 600,90 602,74 609,70 0,77 0,84 0,79 0,80
19/7/04

t = 30 min 0,5 0,71 601,29 603,20 610,28 1,01 1,13 1,15 1,10
t=1h 1,0 1,00 601,97 603,85 611,12 1,44 1,53 1,67 1,55
t=3h 3,0 1,73 603,61 605,54 612,86 2,46 2,59 2,76 2,60
t=6h 6,0 2,45 605,04 607,10 614,44 3,36 3,56 3,75 3,56
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 609,75 611,76 618,88 6,30 6,48 6,52 6,43
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 613,02 615,11 621,70 8,34 8,57 8,29 8,40
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 615,12 617,18 623,65 9,66 9,86 9,51 9,67
4d 23/7/04 - 18:30 h 99,0 9,95 616,90 618,83 625,19 10,77 10,89 10,47 10,71
5d 24/7/04 - 16:15 h 120,8 10,99 617,88 619,92 626,10 11,38 11,58 11,04 11,33
6d 25/7/04 - 15:30 h 144,0 12,00 618,87 620,81 626,88 12,00 12,13 11,53 11,89
7d 26/7/04 - 15:15 h 167,8 12,95 619,83 621,80 627,69 12,60 12,75 12,03 12,46
8d 27/7/04 - 16:10 h 192,7 13,88 620,82 622,60 628,48 13,22 13,25 12,53 13,00
9d 28/7/04 - 15:15 h 215,8 14,69 621,45 623,29 629,10 13,61 13,68 12,91 13,40
10d 29/7/04 - 17:00 h 241,5 15,54 622,35 624,16 629,96 14,18 14,23 13,45 13,95
11d 30/7/04 - 14:15 h 262,8 16,21 623,95 624,76 630,48 15,18 14,60 13,78 14,52
12d 31/7/04 - 16:00 h 288,5 16,99 624,00 625,39 631,11 15,21 14,99 14,17 14,79
14d 02/8/04 - 13:45 h 334,3 18,28 624,55 626,47 632,07 15,55 15,67 14,77 15,33
17d 05/8/04 - 13:15 h 405,8 20,14 625,95 627,97 633,35 16,43 16,61 15,57 16,20
18d 06/8/04 - 23:45 h 440,3 20,98 626,48 628,44 633,92 16,76 16,90 15,92 16,53
21d 09/8/04 - 17:20 h 505,8 22,49 627,77 629,79 635,01 17,56 17,74 16,61 17,30
24d 12/8/04 - 13:45 h 574,3 23,96 628,83 630,80 635,88 18,23 18,38 17,15 17,92
28d 16/8/04 - 18:30 h 675,0 25,98 630,24 632,11 637,03 19,11 19,19 17,87 18,72
29d 17/8/04 - 18:00 h 698,5 26,43 630,56 632,44 637,34 19,31 19,40 18,06 18,92
31d 19/8/04 - 21:00 h 749,5 27,38 631,09 636,07 637,85 19,64 21,67 18,38 19,90
32d 20/8/04 - 16:30 h 769,0 27,73 631,20 633,25 637,97 19,71 19,91 18,46 19,36
38d 26/8/04 - 18:40 h 915,2 30,25 632,16 634,20 639,19 20,31 20,50 19,22 20,01
43d 31/8/04 - 10:20 h 1026,8 32,04 632,99 635,21 640,00 20,83 21,13 19,73 20,56
47d 04/9/04 - 17:30 h 1130,0 33,62 633,59 636,01 640,92 21,20 21,63 20,30 21,04
52d 09/9/04 - 15:30 h 1248,0 35,33 634,28 636,65 641,62 21,63 22,03 20,74 21,47

40,0 40,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

1/2
T empo [horas ] T empo [horas1/2 ]

C2B1 C2B6 C2B8 Média C2B1, C2B6, C2B8

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C2B1, C2B6, C2B8 28/5/04 19/7/04 50 1,6

Fig. II.17 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo B”, de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IIB

584
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.15 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos moldados de


16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IIB
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] P1 P6 P1 P6
t = 0 <>15:30 h 0,0 0,00 541,63 541,86 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 542,94 -- 1,31 -- 1,31
t = 10 min 0,2 0,41 543,35 543,62 1,72 1,76 1,74
19/7/04

t = 15 min 0,3 0,50 543,72 543,97 2,09 2,11 2,10


t = 30 min 0,5 0,71 544,60 544,87 2,97 3,01 2,99
t=1h 1,0 1,00 545,61 546,38 3,98 4,52 4,25
t=3h 3,0 1,73 548,53 549,98 6,90 8,12 7,51
t=6h 6,0 2,45 551,12 553,40 9,49 11,54 10,52
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 559,40 564,78 17,77 22,92 20,35
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 564,79 572,51 23,16 30,65 26,91
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 568,81 578,31 27,18 36,45 31,81
4d 23/7/04 - 18:30 h 99,0 9,95 572,10 582,40 30,47 40,54 35,51
5d 24/7/04 - 16:15 h 120,8 10,99 573,81 582,66 32,18 40,80 36,49
6d 25/7/04 - 15:30 h 144,0 12,00 576,21 583,24 34,58 41,38 37,98
7d 26/7/04 - 15:15 h 167,8 12,95 577,78 583,24 36,15 41,38 38,77
8d 27/7/04 - 16:10 h 192,7 13,88 579,31 583,31 37,68 41,45 39,56
9d 28/7/04 - 15:15 h 215,8 14,69 580,44 583,37 38,81 41,51 40,16
10d 29/7/04 - 17:00 h 241,5 15,54 581,33 583,60 39,70 41,74 40,72
11d 30/7/04 - 14:15 h 262,8 16,21 581,88 583,92 40,25 42,06 41,16
12d 31/7/04 - 16:00 h 288,5 16,99 582,05 583,92 40,42 42,06 41,24
14d 02/8/04 - 13:45 h 334,3 18,28 582,57 584,00 40,94 42,14 41,54

50,0 50,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

40,0 40,0

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

P1 P6 Média P1, P6

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
P1, P6 14/5/04 19/7/04 64 4,3

Fig. II.18 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
moldados de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IIB

585
Tabela II.16 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos moldados de
16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IIB
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] P3 P4 P6 P3 P4 P6
t = 0 <>15:30 h 0,0 0,00 548,00 544,41 543,24 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 10 min 0,2 0,41 549,43 546,21 545,04 1,43 1,80 1,80 1,68
t = 15 min 0,3 0,50 549,60 546,59 545,39 1,60 2,18 2,15 1,98
19/7/04

t = 30 min 0,5 0,71 550,26 547,35 546,27 2,26 2,94 3,03 2,74
t=1h 1,0 1,00 551,08 548,63 547,70 3,08 4,22 4,46 3,92
t=3h 3,0 1,73 553,23 551,44 550,64 5,23 7,03 7,40 6,55
t=6h 6,0 2,45 555,20 554,04 553,23 7,20 9,63 9,99 8,94
1d 20/7/04 - 16:00 h 24,5 4,95 561,48 561,47 561,10 13,48 17,06 17,86 16,13
2d 21/7/04 - 15:40 h 48,2 6,94 565,44 565,88 566,05 17,44 21,47 22,81 20,57
3d 22/7/04 - 16:40 h 73,2 8,55 569,25 568,81 569,34 21,25 24,40 26,10 23,92
4d 23/7/04 - 18:30 h 99,0 9,95 570,29 570,97 571,78 22,29 26,56 28,54 25,80
5d 24/7/04 - 16:15 h 120,8 10,99 571,42 572,18 574,37 23,42 27,77 31,13 27,44
6d 25/7/04 - 15:30 h 144,0 12,00 572,69 573,52 574,74 24,69 29,11 31,50 28,43
7d 26/7/04 - 15:15 h 167,8 12,95 573,61 574,41 575,84 25,61 30,00 32,60 29,40
8d 27/7/04 - 16:10 h 192,7 13,88 574,64 575,43 576,91 26,64 31,02 33,67 30,44
9d 28/7/04 - 15:15 h 215,8 14,69 575,15 576,05 577,60 27,15 31,64 34,36 31,05
10d 29/7/04 - 17:00 h 241,5 15,54 576,21 577,02 578,64 28,21 32,61 35,40 32,07
11d 30/7/04 - 14:15 h 262,8 16,21 576,86 577,68 579,28 28,86 33,27 36,04 32,72
12d 31/7/04 - 16:00 h 288,5 16,99 577,32 578,20 579,75 29,32 33,79 36,51 33,21
14d 02/8/04 - 13:45 h 334,3 18,28 578,55 579,30 580,74 30,55 34,89 37,50 34,31
17d 05/8/04 - 13:15 h 405,8 20,14 580,09 580,43 581,67 32,09 36,02 38,43 35,51
18d 06/8/04 - 23:45 h 440,3 20,98 580,52 580,66 581,97 32,52 36,25 38,73 35,83
21d 09/8/04 - 17:20 h 505,8 22,49 581,70 581,61 582,95 33,70 37,20 39,71 36,87
24d 12/8/04 - 13:45 h 574,3 23,96 582,43 582,11 583,45 34,43 37,70 40,21 37,45
28d 16/8/04 - 18:30 h 675,0 25,98 583,35 582,73 584,27 35,35 38,32 41,03 38,23
29d 17/8/04 - 18:00 h 698,5 26,43 583,46 582,87 584,29 35,46 38,46 41,05 38,32
31d 19/8/04 - 21:00 h 749,5 27,38 583,88 583,05 584,48 35,88 38,64 41,24 38,59
32d 20/8/04 - 16:30 h 769,0 27,73 583,88 583,05 584,53 35,88 38,64 41,29 38,60
38d 26/8/04 - 18:40 h 915,2 30,25 584,60 583,33 584,62 36,60 38,92 41,38 38,97
43d 31/8/04 - 10:20 h 1026,8 32,04 585,21 583,78 585,11 37,21 39,37 41,87 39,48
47d 04/9/04 - 17:30 h 1130,0 33,62 585,65 584,06 585,44 37,65 39,65 42,20 39,83
52d 09/9/04 - 15:30 h 1248,0 35,33 585,87 584,13 585,70 37,87 39,72 42,46 40,02

50,0 50,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

40,0 40,0

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

P3 P4 P6 Média P3, P4, P6

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
P3, P4, P6 28/5/04 19/7/04 50 3,6

Fig. II.19 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
moldados de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IIB

586
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.17 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água: evolução das massas do conjunto
“provete + cápsula húmida” ao longo do tempo, da 1ª camada da solução de reforço IIB
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Horas Horas1/2
P1 P2 P3
22/6/04 - 15:15 h 0,0 0,00 468,31 474,60 470,32
23/6/04 - 15:10 h 23,9 4,89 468,27 474,51 470,07
24/6/04 - 15:00 h 47,8 6,91 468,13 474,22 469,69
25/6/04 - 15:30 h 72,3 8,50 468,02 474,12 469,31
28/6/04 - 15:00 h 143,8 11,99 467,06 473,43 468,93
29/6/04 - 15:00 h 167,8 12,95 466,93 473,35 468,71
30/6/04 - 15:00 h 191,8 13,85 466,60 473,09 468,48
01/7/04 - 15:00 h 215,8 14,69 466,38 472,84 468,23
02/7/04 - 12:00 h 236,8 15,39 466,06 472,55 467,93
05/7/04 - 15:00 h 311,8 17,66 465,30 471,87 467,27
06/7/04 - 15:00 h 335,8 18,32 464,98 471,71 466,90
07/7/04 - 12:15 h 357,0 18,89 464,65 471,65 466,81
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 39

(1) - Massas dos provetes no inicio do ensaio: P1 = 180,45 g; P2 = 177,33 g; P3 = 180,20 g

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Provetes P1, P2, P3

480,00
Massas [gramas]

470,00

460,00

450,00

440,00

430,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

T empo [horas1/2 ]

P1 P2 P3

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] Coeficiente PVA médio [kg/m.s.Pa]
P1, P2, P3 14/5/04 22/6/04 39 π = 4,40×10-12

Fig. II.20 - Gráfico do ensaio de permeabilidade ao vapor de água de provetes da 1ª camada da


solução de reforço IIB

587
Tabela II.18 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água: evolução das massas do conjunto
“provete + cápsula húmida” ao longo do tempo, da 2ª camada da solução de reforço IIB
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (*)
Data Horas Horas1/2
P1 P2 P3
22/7/04 - 11:00 h 0,0 0,00 459,96 460,35 477,03
23/7/04 - 11:00 h 24,0 4,90 459,79 460,16 476,84
26/7/04 - 11:00 h 96,0 9,80 459,13 459,51 476,24
27/7/04 - 11:00 h 120,0 10,95 458,97 459,28 476,07
28/7/04 - 12:00 h 145,0 12,04 458,72 459,07 475,85
29/7/04 - 11:00 h 168,0 12,96 458,54 458,83 475,60
30/7/04 - 11:00 h 192,0 13,86 458,33 458,58 475,40
06/8/04 - 11:00 h 360,0 18,97 456,93 457,08 474,01
09/8/04 - 11:00 h 432,0 20,78 456,32 456,41 473,39
10/8/04 - 11:00 h 456,0 21,35 456,14 456,21 473,14
11/8/04 - 11:00 h 480,0 21,91 455,95 456,00 473,00
12/8/04 - 11:00 h 504,0 22,45 455,77 455,83 472,80
13/8/04 - 11:00 h 528,0 22,98 455,37 455,60 472,61
16/8/04 - 11:00 h 600,0 24,49 455,03 454,95 472,01
17/8/04 - 11:00 h 624,0 24,98 454,82 454,73 471,83
18/8/04 - 11:00 h 648,0 25,46 454,64 454,51 471,62
19/8/04 - 11:00 h 672,0 25,92 454,44 454,30 471,39
20/8/04 - 11:00 h 696,0 26,38 454,25 454,06 471,22
23/8/04 - 11:00 h 768,0 27,71 453,71 453,47 470,62
24/8/04 - 11:00 h 792,0 28,14 453,51 453,22 470,40
25/8/04 - 11:00 h 816,0 28,57 453,33 453,04 470,22
26/8/04 - 11:00 h 840,0 28,98 453,12 452,80 470,05
27/8/04 - 09:25 h 862,3 29,36 452,97 452,61 469,83
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 55

(*) - Massas dos provetes no inicio do ensaio: P1 = 171,01 g; P2 = 170,52 g; P3 = 180,00

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Provetes P1, P2, P3
480,00
Massas [gramas]

470,00

460,00

450,00

440,00

430,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

T empo [horas1/2 ]

P1 P2 P3

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] Coeficiente PVA médio [kg/m.s.Pa]
P1, P2, P3 28/5/04 22/7/04 55 π = 3,76×10-12
Fig. II.21 - Gráfico do ensaio de permeabilidade ao vapor de água de provetes da 2ª camada da
solução de reforço IIB

588
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão foi efectuado na superfície do micro-betão
projectado numa das faces do murete M56, em 19/10/04. Foram utilizados quatro tubos de
Carsten mas apenas foi possível considerar as leituras em dois deles (tubos 1 e 4), fig. II.22.

Idades à data do ensaio: murete = 815 dias; micro-betão = 158 dias


Fig. II.22 - Ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de reforço IIB

Tabela II.19 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na face do murete
M56, com a solução de reforço IIB
Volume de água absorvida [cm3]
Tempo [min]
Tubo 1 Tubo 4 Média
0,0 0,0 0,0 0,00
1
1,1 0,2 () 0,5 0,35
2,9 0,5 0,7 (1) 0,58
1
6,8 0,7 () 1,0 0,84
10,0 1,0 1,3 1,13
14,4 1,2 (1) 1,5 1,34
15,0 1,2 (1) 1,5 1,36
22,2 1,5 1,9 (1) 1,69
1
24,5 1,6 () 2,0 1,80
30,0 1,8 2,3 2,03
36,1 1,9 (1) 2,5 2,22
38,5 2,0 2,6 (1) 2,30
1
49,2 2,3 () 3,0 2,64
58,0 2,5 3,4 (1) 2,96
60,0 2,6 3,5 3,00
65,1 2,7 (1) 3,5 3,11
78,5 3,0 3,9 (1) 3,46
80,9 3,0 (1) 4,0 3,52
103,8 3,5 --
130,0 4,0 --
(1) – Por extrapolação

Na fig. II.22 são também visíveis três tubos fixos ao micro-betão (para além das incisões
efectuadas aquando da projecção, para o ensaio de aderência ao suporte). Tratou-se da
tentativa de realizar este ensaio com tubos de PVC maiores, preparados para o efeito, mas não
resultou por falta de estanquidade.
589
O ensaio de aderência do micro-betão ao suporte foi realizado de acordo com o procedimento
referido no ponto 5.2.2 do Anexo I, com a particularidade do dinamómetro apoiar na superfície
vertical do micro-betão, cuja tensão de aderência ao suporte se pretendia determinar.

1 – “pastilha” de alumínio colada na incisão previamente efectuada, de diâmetros iguais (5 cm); 2 – dinamómetro
analógico; 3, 4 – realização do ensaio
Fig. II.23 - Ensaio de aderência da lâmina de micro-betão ao suporte (alvenaria), da solução de
reforço IIB

Tabela II.20 - Resultados do ensaio de aderência da lâmina de micro-betão ao suporte de alvenaria,


da solução de reforço IIB
Idade do Idade do Força de Tensão de
Data do Tipo de
Provetes murete micro-betão aderência aderência
ensaio rotura (1)
[dias] [dias] [kN] [MPa]
P1 1,52 0,077 plano de colagem
P2 0,76 0,039 coesiva
18/06/04 690 35
P3 0,94 0,048 plano de colagem
P4 2,93 0,149 coesiva
(1) - plano de colagem: no plano de colagem da pastilha metálica, com uma fina camada de micro-betão aderente à pastilha
metálica; coesiva: no seio da camada de micro-betão

O ensaio para determinação do módulo de elasticidade secante e da resistência à compressão,


foi efectuado no LNEC sobre provetes cilíndricos com diâmetro de 7,5 cm e altura de 15 cm
segundo a especificação E397-1993 do LNEC [90], tendo sido ensaiados provetes “tipo A” e
“tipo B”, figs. 4.52 (Capítulo IV) e II.24.

Provetes “tipo A” Provetes “tipo B”

Fig. II.24 - Provetes cilíndricos obtidos por carotagem a partir dos “cubos grandes” de micro-
betão, para os ensaios de resistência mecânica soluções de reforço IIB e III
590
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

• equipamentos utilizados: prensa de compressão e flexão FORM TEST, de 200 kN;


transdutores de indução HBM-DD1, com curso de 5 mm e sensibilidade de 10×10-6 m;
sistema de aquisição de dados HEWLETT PACKARD 75000, Série B.

• procedimento seguido [90]: (i) cálculo da tensão de rotura à compressão do micro-betão,


que serviu de referência à tensão máxima a aplicar nos provetes para a determinação do
módulo de elasticidade secante (cerca de 1/3 da tensão média de rotura do betão); (ii) uma
vez determinado o valor de E [MPa] de cada um dos provetes, prosseguiu a aplicação da
carga até à rotura.

O ensaio foi realizado à temperatura de 20 ºC e humidade relativa de 65%, fig. II.25.

1 a 3 – determinação do módulo de elasticidade secante; 4 e 5 – determinação da resistência mecânica (continuação do


ensaio após a determinação do módulo de elasticidade secante)
Fig. II.25 - Ensaio para determinação do módulo de elasticidade secante e da resistência mecânica
à compressão do micro-betão, das soluções de reforço IIB e III

• resultados: são apresentados na tabela II.21.

Tabela II.21 - Módulo de elasticidade secante e resistência à compressão da solução de reforço


IIB, em provetes cilíndricos carotados com φ = 74 mm
Módulo de Força de Tensão de
Provete Idade Altura Área
Camada elasticidade rotura rotura (σrot)
[dias] [mm] [mm2]
Tipo Designação [GPa] Média (Frot) [kN] [MPa] Média
C1 74 (1) -- -- 146,28 34,0
C2 29,6 173,89 40,4
A 35,1
C3 26,7 26,7 152,10 35,4
1ª C4 55 23,9 131,00 30,5
C1 24,9 134,05 31,2
B C2 19,1 24,6 95,59 22,2 31,8
C3 29,8 180,29 41,9
C1 150 4301 33,0 198,08 46,1
C2 30,6 176,55 41,1
A 31,5 42,6
C3 30,3 161,86 37,6
2ª C4 41 31,9 195,42 45,4
C1 28,9 156,51 36,4
B C2 31,7 31,2 170,51 39,6 40,2
C3 33,1 191,83 44,6
(1) – Provete inicialmente utilizado para estimativa de Frot

591
O ensaio para determinação da resistência à compressão em prismas cortados de
16cm×4cm×4cm, realizou-se na prensa do DEC-FCT, porque, para estes últimos, a máquina
universal de tracção utilizada para todos os restantes materiais incluídos neste estudo (fig. I.33,
Anexo I), não tinha capacidade para efectuar os ensaios.
Os ensaios de resistência à tracção por flexão dos provetes prismáticos foram realizados na
máquina universal de tracção do DEC-FCT.

Tabela II.22 - Resistência à compressão, em “meios” prismas cortados, com 8cm×4cm×4cm, da


solução de reforço IIB
Provete Força Tensão
Data do Idade
Camada de rotura (Frot) de rotura (σrot)
Tipo Designação Área [mm2] ensaio [dias]
[kN] [MPa] Média
C1A4-1 69,5 43,4
C1A4-2 61,5 38,4
C1A6-1 68,0 42,5
A 45,1
C1A6-2 71,1 44,4
C1A7-1 74,9 46,8
1ª camada C1A7-2 88,1 55,1
161
(cubo 1) C1B1-1 47,6 29,8
C1B1-2 57,1 35,7
C1B10-1 54,9 34,3
B 34,2
C1B10-2 51,2 32,0
C1B12-1 59,8 37,7
C1B12-2 57,5 35,9
1600 22/10/04
C2A2-1 83,2 52,0
C2A2-2 91,4 57,1
C2A6-1 83,2 52,0
A 51,2
C2A6-2 81,8 51,8
C2A9-1 73,9 46,2
2ª camada C2A9-2 81,5 50,9
147
(cubo 2) C2B2-1 90,0 56,3
C2B2-2 101,8 68,0
C2B3-1 83,6 52,3
B 59,5
C2B3-2 89,9 56,2
C2B13-1 104,5 65,3
C2B13-2 93,7 58,6

Para verificar (avaliar) a espessura média da lâmina de micro-betão, em cada uma das faces
dos muretes da solução IIB, tabela II.23, recorreu-se aos resultados das pesagens dos muretes
antes e depois da aplicação do reforço (tabelas I.59 e I.60, Anexo I, e II.23), ao valor da massa
volúmica aparente do micro-betão projectado de 2132,3 kg/m3, determinada pelo método da
pesagem hidrostática (tabela 4.7), e à seguinte expressão:

M
e= [m] (II.1)
A × MVA

592
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

sendo: e a espessura média de cada “lâmina” de micro-betão projectado, em cada murete; M a


massa média de cada “lâmina” de micro-betão de cada murete, em [kg]; A a área média de cada
“lâmina” de micro-betão de cada murete, em [m2] e MVA a massa volúmica aparente média das
amostras de micro-betão retiradas dos muretes, calculada pelo método da pesagem hidrostática,
em [kg/m3].

Fig. II.26 - Pesagem dos muretes após a aplicação da solução de reforço IIB

Tabela II.23 - Verificação da espessura média das lâminas de micro-betão, tendo por base a
diferença de massas dos muretes antes e após a aplicação da solução de reforço IIB
Área
Massas [kg] Espessura
média de
média de
cada
Murete Alvenaria Alvenaria + base + M. betão Uma lâmina Cinco Oito Uma lâmina de cada lâmina
conectores conectores
+ base + lintel + m.b. armado armado + armada + completos completos lâmina de m. betão de m. betão
1 2 [m] (3)
lintel ( ) + confinamento ( ) confinamento confinamento + 2 redes + 4 redes m. betão [m2]
M42 913 1050 137 137 -- 131,7 1,03 0,060
M30 Pregagens 923 1091 168 168 -- 162,7 1,10 0,069
5,3
M51 1 face 968 1094 126 126 -- 120,7 1,10 0,051
M53 917 1068 151 151 -- 145,7 1,10 0,062
M33 922 1196 274 137 -- 126,4 1,17 0,051
Pregagens
M22 2 faces 950 1231 281 141 10,6 -- 130,4 1,10 0,055
M50 970 1228 258 129 -- 118,4 -- --
M15 1570 1864 294 221 -- 128,4 1,73 0,055
M18 1565 1837 272 217 -- 18,6 117,4 1,72 0,054
M16 1625 1873 248 222 -- 105,4 1,68 0,056
Conectores
M26 936 1248 312 156 -- 145,4 1,16 0,059
M52 944 1221 277 139 10,6 -- 128,4 1,11 0,054
M54 957 1247 290 145 -- 134,4 1,13 0,056
(1) – Pesagem do murete antes do reforço; (2) – Pesagem do murete após o reforço; (3) – Com base na massa volúmica de
amostras de micro-betão extraídas dos próprios muretes de MVA = 2132,3 kg/m3 (tabela II.10)

593
4 – Solução de reforço III - lâminas de micro-betão armadas com malha de metal distendido,
com apoio na base

• Agregados

Ensaios realizados: baridade [187] e análise granulométrica [80] de areia de rio, brita fina e
mistura secas em estufa ventilada a 60ºC até massa constante.

Tabela II.24 - Baridade de areia de rio, brita fina e mistura da solução de reforço III
capacidade do 1ª camada 2ª camada
Material recipiente Massa da amostra Baridade Massa da amostra Baridade
[litros] [Kg] [Kg/m3] [Kg] [Kg/m3]
1
- areia de rio () 4,611 1537,0
- brita fina 3,0 (1) 4,327 1442,3
- mistura 4,850 1616,7 4,870 1623,3
1
( ) - Não foram recebidas amostras de material

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. 100
Material que passa [%]

1"1/2 38,1 90

1" 25,4 -- 80

3/4" 19,1 70

1/2" 12,7 -- 60

3/8" 9,52 100,0 50

nº 4 4,76 145,6 9,7 90,3 9,7 40

nº 8 2,38 399,8 26,6 63,7 36,3 30

nº 16 1,19 137,4 9,2 54,5 45,5 20

nº 30 0,595 425,7 28,4 26,1 73,9 10

nº 50 0,297 308,8 20,6 5,6 94,4 0


0,01 0,1 1 10 100
nº 100 0,149 24,8 1,7 3,9 96,1
_
Abertura das malhas [mm]
nº 200 0,075 20,1 1,3 2,6
_ _
refugo 38,4 2,6 0,0 D = 4,76 mm d = 0,149 mm
Total 1500,6 100,0 356,0
Módulo de finura 3,6
Massa inicial = 1500 g; Tempo de agitação = 10 min.
Fig. II.27 - Análise granulométrica da mistura seca com cimento da 1ª camada da solução de
reforço III

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul.
100
1"1/2 38,1
Material que passa [%]

_ 90
1" 25,4
80
3/4" 19,1
_ 70
1/2" 12,7
60
3/8" 9,52 100,0
50
nº 4 4,76 1,9 0,2 99,8 0,2
40
nº 8 2,38 43,3 3,6 96,2 3,8
30
nº 16 1,19 195,2 16,3 80,0 20,0
20
nº 30 0,595 537,7 44,8 35,1 64,9
10
nº 50 0,297 379,3 31,6 3,5 96,5
0
nº 100 0,149 39,7 3,3 0,2 99,8 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 1,5 0,1 0,1 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 0,9 0,1 0,0
Total 1199,5 100,0 285,1 D = 2,38 mm d = 0,297 mm
Módulo de finura 2,9
Massa inicial = 1200 g; Tempo de agitação = 10 min.
Fig. II.28 - Análise granulométrica da areia do rio da 2ª camada da solução de reforço III
594
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul.
100

Material que passa [%]


1"1/2 38,1
90
_
1" 25,4
80
3/4" 19,1
70
_
1/2" 12,7
60
3/8" 9,52 100,0 50
nº 4 4,76 571,1 38,1 61,9 38,1 40
nº 8 2,38 896,8 59,8 2,1 97,9 30
nº 16 1,19 17,1 1,1 1,0 99,0 20
nº 30 0,595 3,3 0,2 0,8 99,2 10
nº 50 0,297 2,3 0,2 0,6 99,4 0
nº 100 0,149 5,3 0,4 0,3 99,7 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 2,9 0,2 0,1 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 1,0 0,1 0,0
D = 9,52 mm d = 2,38 mm
Total 1499,8 100,0 533,3
Módulo de finura 5,3
Massa inicial = 1500 g; Tempo de agitação = 10 min.
Fig. II.29 - Análise granulométrica da brita fina da 2ª camada da solução de reforço III

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. 100
Material que passa [%]
1"1/2 38,1 90
_ 80
1" 25,4
70
3/4" 19,1
_ 60
1/2" 12,7
50
3/8" 9,52 100,0
40
nº 4 4,76 171,6 11,4 88,6 11,4
30
nº 8 2,38 421,2 28,1 60,5 39,5
20
nº 16 1,19 117,6 7,8 52,6 47,4
10
nº 30 0,595 335,2 22,3 30,3 69,7
0
nº 50 0,297 311,4 20,8 9,5 90,5 0,01 0,1 1 10 100
nº 100 0,149 31,4 2,1 7,4 92,6 Abertura das malhas [mm]
_
nº 200 0,075 49,3 3,3 4,2
refugo _
62,3 4,2 0,0 _ D = 9,52 mm d = --
Total 1500,0 100,0 351,1
Módulo de finura 3,5
Massa inicial = 1500 g; Tempo de agitação = 10 min.
Fig. II.30 - Análise granulométrica da mistura seca com cimento da 2ª camada da solução de
reforço III

• Micro-betão (material endurecido)

Ensaios realizados: massa volúmica aparente dos cubos grandes, por leitura directa; massa
volúmica e porosidade aberta de amostras de micro-betão extraídas dos próprios muretes e
de prismas cortados, pelo método da pesagem hidrostática [182, 183]; absorção de água por
capilaridade em provetes prismáticos cortados e moldados de 16cm×4cm×4cm [185];
permeabilidade ao vapor de água, em provetes moldados com φ = 9,4 cm e h = 1 cm [184];
absorção de água sob baixa pressão (na superfície do micro-betão projectado na “segunda” face
do murete M56) [96]; módulo de elasticidade secante e resistência à compressão, em cilindros
carotados com φ = 74 mm [90]; verificação da espessura média das lâminas de micro-betão.

595
Tabela II.25 - Massa volúmica aparente por leitura directa dos cubos grandes (1ª e 2ª camadas),
da solução de reforço III
Massa
Idade volúmica
Provete Camada Dimensões [cm3] Volume [m3] Massa [kg]
[dias] [kg/m3]
Cubo 1 1ª 170 50×46,2×37,7 87,1×10-3 186,7 2143,5
Cubo 2 2ª 147 50,5×46×37,5 87,1×10-3 183,1 2102,2

Tabela II.26 - Massa volúmica e porosidade aberta pelo método da pesagem hidrostática, de
amostras de micro-betão de cilindros carotados (resultantes dos ensaios de resistências
mecânicas) e extraídas dos próprios muretes, da solução de reforço III (1)
Idade no Massas [g] MVR MVA PA
Provete
início do
Nº M1 M2 M3 [Kg/m3] Média [Kg/m3] Média [%] Média
ensaio [dias]
C1-1 131,767 80,182 139,513 2554,4 2220,9 13,1
C1-2 62,284 37,507 65,223 2513,8 2247,2 10,6
170
C1-3 150,962 92,476 160,384 2581,2 2563,3 2223,0 2225,0 13,9 13,2
(cubo 1)
C1-4 87,915 53,961 93,887 2589,2 2201,9 15,0
C1-5 66,169 40,500 70,144 2577,8 2232,1 13,4
C2-1 154,718 94,942 165,990 2588,3 2177,7 15,9
147
C2-2 179,883 110,385 190,764 2588,3 2601,4 2237,9 2217,4 13,5 14,8
(cubo 2)
C2-3 111,241 68,906 118,642 2627,6 2236,6 14,9
C1 79,185 48,877 84,961 2612,7 2194,5 16,0
C2 65,308 40,233 70,180 2604,5 2180,8 16,3
C3 170 40,409 25,035 43,541 2628,4 2183,6 16,9
2651,9 2232,3 15,8
C4 (muretes) 59,489 36,928 63,789 2636,8 2214,7 16,0
C5 76,759 49,494 81,135 2815,3 2425,9 13,8
C6 54,207 33,466 58,171 2613,5 2194,2 16,0
(1) Nesta tabela, a designação Ci-j, significa provete nº j do cubo (ou camada) i; Ck, significa amostra nº k extraída
directamente dos muretes reforçados, não sendo possível, por razões construtivas, distinguir entre 1ª e 2ª camadas.

O ensaio de absorção de água por capilaridade foi efectuado sobre provetes obtidos por corte dos
“cubos grandes”, mantendo-se as designações da solução IIB, figs. II.13 e II.31.

Os 12 provetes mais claros da imagem direita foram obtidos por corte (seis “tipo” A e seis “tipo B”, fig. 4.52)
e os restantes 12 por moldagem
Fig. II.31 - Ensaio de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos da solução de
reforço III, obtidos por corte dos “cubos grandes” e por moldagem (1ª e 2ª camadas)
596
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.27 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo A”,
de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço III
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C1A1 C1A2 C1A3 C1A1 C1A2 C1A3
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 583,18 580,22 570,84 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 583,83 581,77 571,48 0,41 0,97 0,40 0,59
t = 10 min 0,2 0,41 583,97 582,19 571,64 0,49 1,23 0,50 0,74
t = 15 min 0,3 0,50 584,12 582,49 571,76 0,59 1,42 0,57 0,86
2/6/05

t = 30 min 0,5 0,71 584,49 583,30 572,02 0,82 1,92 0,74 1,16
t=1h 1,0 1,00 584,93 583,76 572,49 1,09 2,21 1,03 1,45
t=3h 3,0 1,73 585,90 584,82 573,73 1,70 2,88 1,81 2,13
t=6h 6,0 2,45 586,71 585,87 574,82 2,21 3,53 2,49 2,74
1d 03/6/05 - 15:15 h 26,8 5,17 589,08 589,39 578,31 3,69 5,73 4,67 4,70
4d 06/6/05 - 15:30 h 99,0 9,95 592,56 593,41 583,04 5,86 8,24 7,62 7,24
5d 07/6/05 - 14:30 h 122,0 11,05 593,30 594,13 584,08 6,33 8,69 8,28 7,76
7d 09/6/05 - 15:15 h 170,8 13,07 594,81 595,52 585,84 7,27 9,56 9,38 8,74
8d 10/6/05 - 14:00 h 193,5 13,91 595,35 595,96 586,42 7,61 9,84 9,74 9,06
9d 11/6/05 - 15:30 h 219,0 14,80 595,93 596,50 587,19 7,97 10,18 10,22 9,45
12d 14/6/05 - 14:30 h 290,0 17,03 597,41 597,87 588,91 8,89 11,03 11,29 10,41
13d 15/6/05 - 15:45 h 315,3 17,76 597,78 598,24 589,50 9,13 11,26 11,66 10,68
14d 16/6/05 - 16:00 h 339,5 18,43 598,16 598,60 590,05 9,36 11,49 12,01 10,95
15d 17/6/05 - 17:30 h 365,0 19,10 598,56 598,97 590,61 9,61 11,72 12,36 11,23
16d 18/6/05 - 16:00 h 387,5 19,69 598,87 599,28 590,99 9,81 11,91 12,59 11,44
17d 19/6/05 - 15:00 h 412,5 20,31 599,25 599,60 591,43 10,04 12,11 12,87 11,68
18d 20/6/05 - 16:00 h 435,5 20,87 599,58 599,91 591,87 10,25 12,31 13,14 11,90

30,0 30,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

25,0 25,0

20,0 20,0

15,0 15,0

10,0 10,0

5,0 5,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

C1A1 C1A2 C1A3 Média C1A1, C1A2, C1A3

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C1A1, C1A2, C1A3 29/12/04 2/6/05 155 1,45

Fig. II.32 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo A”, de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço III

597
Tabela II.28 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo B”, de
16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço III
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C1B1 C1B2 C1B3 C1B1 C1B2 C1B3
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 573,26 552,44 554,40 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 573,85 553,39 555,23 0,37 0,59 0,52 0,49
t = 10 min 0,2 0,41 574,05 553,65 555,47 0,49 0,76 0,67 0,64
t = 15 min 0,3 0,50 574,20 553,90 555,66 0,59 0,91 0,79 0,76
2/6/05

t = 30 min 0,5 0,71 574,52 554,37 556,08 0,79 1,21 1,05 1,01
t=1h 1,0 1,00 574,90 554,92 556,54 1,02 1,55 1,34 1,30
t=3h 3,0 1,73 575,69 556,13 557,74 1,52 2,31 2,09 1,97
t=6h 6,0 2,45 576,38 557,27 558,84 1,95 3,02 2,78 2,58
1d 03/6/05 - 15:15 h 26,8 5,17 578,62 560,78 562,30 3,35 5,21 4,94 4,50
4d 06/6/05 - 15:30 h 99,0 9,95 582,00 564,57 566,33 5,46 7,58 7,46 6,83
5d 07/6/05 - 14:30 h 122,0 11,05 582,75 565,36 567,31 5,93 8,07 8,07 7,36
7d 09/6/05 - 15:15 h 170,8 13,07 584,28 566,88 568,60 6,89 9,02 8,88 8,26
8d 10/6/05 - 14:00 h 193,5 13,91 584,77 567,34 569,10 7,19 9,31 9,19 8,56
9d 11/6/05 - 15:30 h 219,0 14,80 585,35 567,94 569,59 7,56 9,69 9,49 8,91
12d 14/6/05 - 14:30 h 290,0 17,03 586,78 569,46 570,83 8,45 10,64 10,27 9,79
13d 15/6/05 - 15:45 h 315,3 17,76 587,14 569,90 571,34 8,68 10,91 10,59 10,06
14d 16/6/05 - 16:00 h 339,5 18,43 587,54 570,32 571,78 8,92 11,18 10,86 10,32
15d 17/6/05 - 17:30 h 365,0 19,10 587,98 570,79 572,26 9,20 11,47 11,16 10,61
16d 18/6/05 - 16:00 h 387,5 19,69 588,32 571,09 572,51 9,41 11,66 11,32 10,80
17d 19/6/05 - 15:00 h 412,5 20,31 588,67 571,50 572,93 9,63 11,91 11,58 11,04
18d 20/6/05 - 16:00 h 435,5 20,87 589,02 571,85 573,27 9,85 12,13 11,79 11,26
19d 21/6/05 - 15:00 h 458,5 21,41 589,29 572,18 573,63 10,02 12,34 12,02 11,46
23d 25/6/05 - 13:00 h 553,5 23,53 590,61 573,72 574,86 10,84 13,30 12,79 12,31
26d 28/6/05 - 14:00 h 629,5 25,09 591,39 574,66 575,75 11,33 13,89 13,34 12,85
28d 30/6/05 - 18:00 h 677,5 26,03 591,92 575,25 576,26 11,66 14,26 13,66 13,19
29d 01/7/05 - 17:00 h 700,5 26,47 592,07 575,49 576,51 11,76 14,41 13,82 13,33

30,0 30,0
Massas [kg/m2 ]

Massas [kg/m2 ]

25,0 25,0
20,0 20,0

15,0 15,0

10,0 10,0

5,0 5,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

C1B1 C1B2 C1B3 Média C1B1, C1B2, C1B3

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C1B1, C1B2, C1B3 29/12/04 2/6/05 155 1,30

Fig. II.33 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo B”, de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço III

598
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Embora os provetes moldados das 1ª e 2ª camadas apresentem grande “efeito de parede” (e


porosidade aberta), entendeu-se por bem apresentar os resultados do ensaio de absorção de
água por capilaridade (tabelas II.31 e II.32).

Tabela II.29 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo A”,
de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço III
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C2A1 C2A2 C2A3 C2A1 C2A2 C2A3
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 546,85 557,68 552,97 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 547,67 558,37 553,72 0,51 0,43 0,47 0,47
t = 10 min 0,2 0,41 547,93 558,61 553,92 0,67 0,58 0,59 0,62
t = 15 min 0,3 0,50 548,15 558,81 554,13 0,81 0,71 0,72 0,75
2/6/05

t = 30 min 0,5 0,71 548,58 559,18 554,55 1,08 0,94 0,99 1,00
t=1h 1,0 1,00 549,03 559,98 555,26 1,36 1,44 1,43 1,41
t=3h 3,0 1,73 550,27 560,77 556,79 2,14 1,93 2,39 2,15
t=6h 6,0 2,45 551,25 561,77 558,11 2,75 2,56 3,21 2,84
1d 03/6/05 - 15:15 h 26,8 5,17 554,76 564,93 562,39 4,94 4,53 5,89 5,12
4d 06/6/05 - 15:30 h 99,0 9,95 559,18 569,12 566,87 7,71 7,15 8,69 7,85
5d 07/6/05 - 14:30 h 122,0 11,05 560,14 569,96 567,84 8,31 7,68 9,29 8,43
7d 09/6/05 - 15:15 h 170,8 13,07 561,96 571,65 569,57 9,44 8,73 10,38 9,52
8d 10/6/05 - 14:00 h 193,5 13,91 562,62 572,23 570,33 9,86 9,09 10,85 9,93
9d 11/6/05 - 15:30 h 219,0 14,80 563,46 572,85 570,97 10,38 9,48 11,25 10,37
12d 14/6/05 - 14:30 h 290,0 17,03 565,29 574,45 572,97 11,53 10,48 12,50 11,50
13d 15/6/05 - 15:45 h 315,3 17,76 565,78 574,93 573,49 11,83 10,78 12,83 11,81
14d 16/6/05 - 16:00 h 339,5 18,43 566,23 575,35 573,97 12,11 11,04 13,13 12,09
15d 17/6/05 - 17:30 h 365,0 19,10 566,70 575,80 574,48 12,41 11,33 13,44 12,39

30,0 30,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

25,0 25,0
20,0 20,0
15,0 15,0
10,0 10,0
5,0 5,0
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

C2A1 C2A2 C2A3 Média C2A1, C2A2, C2A3

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C2A1, C2A2, C2A3 21/1/05 2/6/05 132 1,41
Fig. II.34 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo A”, de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço III

599
Tabela II.30 -A absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos cortados “tipo B”,
de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço III
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] C2B1 C2B2 C2B3 C2B1 C2B2 C2B3
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 560,39 557,62 571,52 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 561,54 558,58 572,30 0,72 0,60 0,49 0,60
t = 10 min 0,2 0,41 561,88 558,94 572,54 0,93 0,83 0,64 0,80
t = 15 min 0,3 0,50 562,11 559,19 572,72 1,08 0,98 0,75 0,94
2/6/05

t = 30 min 0,5 0,71 562,70 559,82 573,16 1,44 1,38 1,02 1,28
t=1h 1,0 1,00 563,47 560,60 573,70 1,93 1,86 1,36 1,72
t=3h 3,0 1,73 565,27 562,52 574,96 3,05 3,06 2,15 2,75
t=6h 6,0 2,45 567,04 564,25 575,93 4,16 4,14 2,76 3,69
1d 03/6/05 - 15:15 h 26,8 5,17 572,79 569,65 579,26 7,75 7,52 4,84 6,70
4d 06/6/05 - 15:30 h 99,0 9,95 579,07 575,68 584,15 11,68 11,29 7,89 10,29
5d 07/6/05 - 14:30 h 122,0 11,05 580,10 576,59 585,17 12,32 11,86 8,53 10,90
7d 09/6/05 - 15:15 h 170,8 13,07 582,41 578,72 587,17 13,76 13,19 9,78 12,24
8d 10/6/05 - 14:00 h 193,5 13,91 583,26 579,57 587,95 14,29 13,72 10,27 12,76
9d 11/6/05 - 15:30 h 219,0 14,80 584,07 580,44 588,83 14,80 14,26 10,82 13,29
12d 14/6/05 - 14:30 h 290,0 17,03 586,12 582,86 591,36 16,08 15,78 12,40 14,75
13d 15/6/05 - 15:45 h 315,3 17,76 586,60 583,41 591,92 16,38 16,12 12,75 15,08
14d 16/6/05 - 16:00 h 339,5 18,43 587,04 583,85 592,49 16,66 16,39 13,11 15,39
15d 17/6/05 - 17:30 h 365,0 19,10 587,50 584,30 593,06 16,94 16,68 13,46 15,69

30,0 30,0
Massas [kg/m2 ]
Massas [kg/m2 ]

25,0 25,0
20,0 20,0

15,0 15,0

10,0 10,0

5,0 5,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

C2B1 C2B2 C2B3 Média C2B1, C2B2, C2B3

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
C2B1, C2B2, C3B3 21/1/05 2/6/05 132 1,72

Fig. II.35 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
cortados “tipo B”, de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço III

600
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.31 - Absorção de água por capilaridade de prismas moldados de 16cm×4cm×4cm da 1ª


camada da solução de reforço III
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] P1 P2 P3 P4 P5 P6 P1 P2 P3 P4 P5 P6
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 500,82 492,47 508,57 519,48 530,40 526,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 518,63 509,68 527,72 534,53 541,34 542,22 11,13 10,76 11,97 9,41 6,84 10,01 10,02
t = 10 min 0,2 0,41 519,97 511,15 528,82 536,01 542,63 543,22 11,97 11,68 12,66 10,33 7,64 10,64 10,82
t = 15 min 0,3 0,50 520,57 511,66 529,42 536,72 543,22 543,64 12,34 11,99 13,03 10,78 8,01 10,90 11,18
2/6/05

t = 30 min 0,5 0,71 521,41 512,79 530,25 537,98 544,60 544,32 12,87 12,70 13,55 11,56 8,88 11,33 11,81
t=1h 1,0 1,00 522,96 513,98 530,90 539,35 546,31 545,01 13,84 13,44 13,96 12,42 9,94 11,76 12,56
t=3h 3,0 1,73 523,24 515,57 532,16 541,98 549,33 546,42 14,01 14,44 14,74 14,06 11,83 12,64 13,62
t=6h 6,0 2,45 524,32 516,75 533,34 544,11 551,08 547,72 14,69 15,18 15,48 15,39 12,93 13,45 14,52
1d 03/6/05 - 15:15 h 26,8 5,17 527,88 520,31 537,04 548,54 556,31 551,99 16,91 17,40 17,79 18,16 16,19 16,12 17,10
4d 06/6/05 - 15:30 h 99,0 9,95 529,37 521,40 538,49 549,19 557,96 553,83 17,84 18,08 18,70 18,57 17,23 17,27 17,95
5d 07/6/05 - 14:30 h 122,0 11,05 529,46 521,48 538,59 549,39 558,12 553,96 17,90 18,13 18,76 18,69 17,33 17,35 18,03
7d 09/6/05 - 15:15 h 170,8 13,07 529,66 521,77 538,86 549,71 558,34 554,30 18,03 18,31 18,93 18,89 17,46 17,56 18,20
8d 10/6/05 - 14:00 h 193,5 13,91 529,69 521,87 538,96 549,76 558,37 554,35 18,04 18,38 18,99 18,93 17,48 17,59 18,24

30,0 30,0
Massas [kg/m2]

Massas [kg/m2]

25,0 25,0

20,0 20,0

15,0 15,0

10,0 10,0

5,0 5,0
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

P1 P2 P3 P4 P5 P6 Média P1 a P6

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
P1 a P6 29/12/04 2/6/05 155 34,71 (1)
(1) – Valor não considerado

Fig. II.36 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de prismas moldados,
de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço III

601
Tabela II.32 - Absorção de água por capilaridade de prismas moldados de 16cm×4cm×4cm da 2ª
camada da solução de reforço III
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] P1 P3 P4 P6 P8 P9 P1 P3 P4 P6 P8 P9
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 556,60 540,87 571,00 569,83 554,31 536,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 559,00 544,40 572,63 571,95 557,46 542,00 1,50 2,21 1,02 1,33 1,97 3,43 1,91
t = 10 min 0,2 0,41 559,51 544,92 573,15 572,49 558,13 542,88 1,82 2,53 1,34 1,66 2,39 3,98 2,29
t = 15 min 0,3 0,50 559,88 545,41 573,57 572,94 558,57 543,40 2,05 2,84 1,61 1,94 2,66 4,30 2,57
2/6/05

t = 30 min 0,5 0,71 560,66 546,29 574,45 573,87 559,38 544,42 2,54 3,39 2,16 2,52 3,17 4,94 3,12
t=1h 1,0 1,00 561,73 547,53 575,82 575,31 560,65 545,70 3,21 4,16 3,01 3,42 3,96 5,74 3,92
t=3h 3,0 1,73 564,62 550,48 579,18 578,51 563,29 548,33 5,01 6,01 5,11 5,42 5,61 7,38 5,76
t=6h 6,0 2,45 567,10 552,96 582,20 581,49 565,43 550,40 6,56 7,56 7,00 7,29 6,95 8,68 7,34
1d 03/6/05 - 15:15 h 26,8 5,17 575,49 561,75 592,45 591,50 572,53 556,75 11,81 13,05 13,41 13,54 11,39 12,64 12,64
4d 06/6/05 - 15:30 h 99,0 9,95 587,87 573,61 608,25 605,83 582,74 565,72 19,54 20,46 23,28 22,50 17,77 18,25 20,30
5d 07/6/05 - 14:30 h 122,0 11,05 590,09 575,00 609,82 608,00 584,59 567,39 20,93 21,33 24,26 23,86 18,93 19,29 21,43
7d 09/6/05 - 15:15 h 170,8 13,07 592,95 576,11 610,56 609,17 586,98 569,50 22,72 22,03 24,73 24,59 20,42 20,61 22,51
8d 10/6/05 - 14:00 h 193,5 13,91 593,20 576,11 610,56 609,29 587,47 569,91 22,88 22,03 24,73 24,66 20,73 20,87 22,65
9d 11/6/05 - 15:30 h 219,0 14,80 593,47 576,31 610,73 609,48 587,83 570,23 23,04 22,15 24,83 24,78 20,95 21,07 22,80

30,0 30,0
Massas [kg/m2]
Massas [kg/m2]

25,0 25,0

20,0 20,0

15,0 15,0

10,0 10,0

5,0 5,0

0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
T empo [horas1/2 ] T empo [horas1/2 ]

P1 P3 P4 P6 P8 P9 Média P1, P3, P4, P6, P8, P9

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
P1, P3, P4, P6, P8, P9 21/1/05 2/6/05 132 3,92
Fig. II.37 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de prismas moldados,
de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço III

602
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.33 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água: evolução das massas do conjunto
“provete + cápsula húmida” ao longo do tempo, da 1ª camada da solução de reforço III
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Horas Horas1/2
P1 P2 P3 P4 P5 P6
30/6/05 - 12:00 h 0,0 0,00 885,88 471,49 451,57 835,31 481,92 887,06
01/7/05 - 12:00 h 24,0 4,90 885,71 471,27 451,40 835,22 481,83 886,94
04/7/05 - 12:00 h 96,0 9,80 885,11 470,61 450,80 834,78 481,45 886,43
05/7/05 - 12:00 h 120,0 10,95 884,92 470,40 450,61 834,62 481,30 886,23
06/7/05 - 12:00 h 144,0 12,00 884,75 470,20 450,40 834,50 481,22 886,10
07/7/05 - 12:00 h 168,0 12,96 884,50 469,95 450,19 834,28 481,01 885,87
08/7/05 - 12:00 h 192,0 13,86 884,38 469,80 450,06 834,18 480,93 885,75
11/7/05 - 12:00 h 264,0 16,25 883,87 469,22 449,50 833,77 480,55 885,25
12/7/05 - 12:00 h 288,0 16,97 883,63 468,96 449,32 833,62 480,42 885,08
13/7/05 - 12:00 h 312,0 17,66 883,48 468,81 449,13 833,51 480,31 884,94
14/7/05 - 12:00 h 336,0 18,33 883,27 468,52 448,94 833,35 480,20 884,77
15/7/05 - 12:00 h 360,0 18,97 883,11 468,37 448,80 833,19 480,06 884,61
18/7/05 - 12:00 h 432,0 20,78 882,64 467,83 448,27 832,79 479,67 884,12
19/7/05 - 12:00 h 456,0 21,35 882,43 467,60 448,12 832,66 479,59 884,00
20/7/05 - 12:00 h 480,0 21,91 882,23 467,38 448,03 832,50 479,44 883,79
21/7/05 - 12:00 h 504,0 22,45 882,03 467,17 447,99 832,37 479,32 883,65
22/7/05 - 12:00 h 528,0 22,98 881,98 467,01 447,47 832,11 479,08 883,38
25/7/05 - 12:00 h 600,0 24,49 881,40 466,44 447,04 831,80 478,82 883,01
26/7/05 - 12:00 h 624,0 24,98 881,19 466,19 446,81 831,66 478,72 882,84
27/7/05 - 12:00 h 648,0 25,46 881,07 466,06 446,74 831,57 478,62 882,73
28/7/05 - 12:00 h 672,0 25,92 880,94 465,91 446,62 831,40 478,50 882,62
29/7/05 - 11:30 h 695,5 26,37 880,69 465,65 446,42 831,28 478,39 882,43
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 183
(1) - Massas dos provetes no inicio do ensaio: P1 = 169,82 g; P2 = 171,99 g; P3 = 171,75 g; P4 = 179,13 g;
P5 = 182,55 g; P6 = 177,64 g

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Provetes P1, P2, P3, P4, P5, P6
900,00
Massas [gramas]

850,00
800,00
750,00
700,00
650,00
600,00
550,00
500,00
450,00
400,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

T empo [horas1/2 ]

P1 P2 P3 P4 P5 P6

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] Coeficiente PVA médio [kg/m.s.Pa]
P1 a P6 29/12/04 30/6/05 183 π = 2,74×10-12
Fig. II.38 - Gráfico do ensaio de permeabilidade ao vapor de água de provetes da 1ª camada da
solução de reforço III

603
Tabela II.34 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água: evolução das massas do conjunto
“provete + cápsula húmida” ao longo do tempo, da 2ª camada da solução de reforço III
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Horas Horas1/2
P1 P2 P3 P4 P5 P6
30/6/05 - 12:00 h 0,0 0,00 909,00 865,58 880,24 875,77 926,82 940,00
01/7/05 - 12:00 h 24,0 4,90 908,80 865,46 880,06 875,47 926,57 939,76
04/7/05 - 12:00 h 96,0 9,80 908,20 864,87 879,45 874,63 925,81 939,01
05/7/05 - 12:00 h 120,0 10,95 908,01 864,67 879,25 874,34 925,56 938,77
06/7/05 - 12:00 h 144,0 12,00 907,84 864,49 879,05 874,08 925,32 938,56
07/7/05 - 12:00 h 168,0 12,96 907,58 864,25 878,80 873,73 925,00 938,25
08/7/05 - 12:00 h 192,0 13,86 907,46 864,13 878,66 873,54 924,83 938,06
11/7/05 - 12:00 h 264,0 16,25 906,90 863,55 878,07 872,74 924,10 937,37
12/7/05 - 12:00 h 288,0 16,97 906,70 863,35 877,88 872,43 923,85 937,13
13/7/05 - 12:00 h 312,0 17,66 906,53 863,17 877,71 872,22 923,64 936,96
14/7/05 - 12:00 h 336,0 18,33 906,35 862,98 877,51 877,91 923,39 936,67
15/7/05 - 12:00 h 360,0 18,97 906,13 862,79 877,32 871,65 923,15 936,47
18/7/05 - 12:00 h 432,0 20,78 905,58 862,23 876,74 870,86 922,46 935,79
19/7/05 - 12:00 h 456,0 21,35 905,43 862,09 876,60 870,66 922,26 935,62
20/7/05 - 12:00 h 480,0 21,91 905,22 861,87 876,40 870,40 921,99 935,35
21/7/05 - 12:00 h 504,0 22,45 905,03 861,69 876,19 870,13 921,77 935,11
22/7/05 - 12:00 h 528,0 22,98 904,73 861,41 875,89 869,85 921,42 934,71
25/7/05 - 12:00 h 600,0 24,49 904,34 861,00 875,49 869,13 920,88 934,31
26/7/05 - 12:00 h 624,0 24,98 904,15 860,80 875,30 869,88 920,66 934,05
27/7/05 - 12:00 h 648,0 25,46 903,99 860,63 875,15 868,68 920,47 933,88
28/7/05 - 12:00 h 672,0 25,92 903,88 860,51 875,00 868,49 920,29 933,69
29/7/05 - 11:30 h 695,5 26,37 903,65 860,28 874,78 868,18 920,00 933,43
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 160
(1) - Massas dos provetes no inicio do ensaio: P1 = 195,80 g; P2 = 189,58 g; P3 = 187,65 g; P4 = 169,34 g;
P5 = 194,52 g; P6 = 186,63 g

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Provetes P1, P2, P3, P4, P5, P6

950,00
Massas [gramas]

930,00

910,00

890,00

870,00

850,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

T empo [horas1/2 ]

P1 P2 P3 P4 P5 P6

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] Coeficiente PVA médio [kg/m.s.Pa]
P1 a P6 21/1/05 30/6/05 160 π = 3,79×10-12
Fig. II.39 - Gráfico do ensaio de permeabilidade ao vapor de água de provetes da 2ª camada da
solução de reforço III

604
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão foi iniciado em 2/3/05 na face do murete
M56, revestida com o micro-betão da solução III (oposta à que tinha sido revestida com a solução
IIB). Neste caso, o micro-betão foi aplicado em duas camadas, perfazendo uma espessura
total (média) de 5 cm, e não foi armado. Foram utilizados três tubos de Carsten, fig. II.40.

Fig. II.40 - Ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de reforço III

Tabela II.35 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução III
Volume de água absorvida [cm3]
Data Tempo [min] Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Média
0 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,40 0,10 0,17
8,25 0,00 0,50 0,13 (1) 0,21
10 0,00 0,55 0,15 0,23
15 0,00 0,60 0,20 0,27
30 0,10 0,80 0,30 0,40
60 0,10 1,00 0,50 0,53
75 0,10 1,10 0,60 0,60
90 0,10 1,20 0,60 0,63
105 0,15 1,30 0,70 0,72
120 0,15 1,40 0,70 0,75
132 0,18 (1) 1,50 0,74 (1) 0,81
135 0,19 1,50 0,75 0,81
2/3/05 165 0,20 1,68 0,81 0,90
180 0,20 1,81 0,82 0,94
185 0,20 (1) 2,00 0,83 (1) 1,01
210 0,21 2,20 0,90 1,10
240 0,22 2,40 1,00 1,21
261 0,24 (1) 2,50 1,01 (1) 1,25
270 0,25 2,60 1,02 1,29
300 0,27 2,80 1,10 1,39
330 0,29 2,95 1,12 1,45
338 0,29 (1) 3,00 1,14 (1) 1,48
360 0,30 3,08 1,20 1,53
390 0,30 3,20 1,25 1,58
460 0,33 3,40 1,40 1,71
575 0,40 3,70 1,70 1,93
1525 0,63 -- -- --
3/3/05 1762 0,70 -- -- --
1885 0,71 -- -- --
2855 0,95 -- -- --
3035 1,00 -- -- --
4/3/05
3155 1,05 -- -- --
3245 1,05 -- -- --
5/3/05 4700 1,45 -- -- --
7/3/05 8400 3,70 -- -- --
(*) – Por extrapolação

605
O ensaio para determinação do módulo de elasticidade secante e resistência mecânica à
compressão foi efectuado no LNEC sobre provetes cilíndricos com diâmetro de 7,4 cm e altura de
16 cm segundo a especificação E397-1993, do LNEC [90]. Foram ensaiados provetes “tipo
A” e “tipo B”, fig. II.13, apresentando-se na tabela II.36 os resultados obtidos.

Tabela II.36 - Módulo de elasticidade secante e resistência mecânica à compressão, em


cilindros carotados com diâmetro de 74 mm e altura de 16 cm, da solução de reforço III
Provete Idade Número Módulo de elasticidade Tensão de rotura (σrot)
Camada
Tipo Designação [dias] de ciclos [GPa] Média [MPa] Média
C1A4 6 38,9 54,1
A C1A5 7 35,0 36,9 61,3 61,8
C1A6 5 36,7 70,1
1ª 95
C1B2 5 35,4 50,8
B C1B3 5 36,8 37,5 61,9 60,4
C1B5 6 40,4 68,4
C2A2 6 32,0 35,6
A C2A3 5 28,9 28,1 32,1 34,4
C2A6 6 23,4 35,5
2ª 69
C2B3 5 31,9 42,8
B C2B4 5 31,7 30,9 41,0 41,7
C2B5 5 29,0 41,4

A avaliação da espessura média das lâminas de micro-betão em cada face dos muretes da
solução III foi efectuada tendo em conta as massas dos muretes antes e após a aplicação das
duas camadas de reforço e a expressão II.1.

Tabela II.37 - Cálculo da espessura média das lâminas de micro-betão da solução de reforço III
Massas [kg] Área média Espessura
Alvenaria Alvenaria + base de cada lâmina média de cada
Murete Mic. betão Das duas redes Duas lâminas Uma lâmina de mic. betão lâmina de mic.
+ base + + lintel + mic.
1 2 armado metálicas de mic. betão de mic. betão [m2] betão [m] (3)
lintel ( ) betão armado ( )
M24 949 1246 297 292,8 146,4 1,25 0,052
M25 987 1253 266 4,2 261,8 130,9 1,17 0,050
M55 925 1279 354 349,8 174,9 1,28 0,061
(1) – Pesagem do murete antes do reforço; (2) – Pesagem do murete após o reforço; (3) – Com base na massa volúmica de
amostras de micro-betão extraídas dos próprios muretes, de MVA = 2232,3 kg/m3 (tabela II.26)

5 – Solução de reforço IV - reboco de argamassa bastarda armado com malha de fibra de


vidro, com apoio na base

• Agregados

Ensaios realizados: baridade [187] e análise granulométrica [80] sobre as areias de rio e de
areeiro, após secagem em estufa ventilada a 110 ºC, até massa constante.
606
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.38 - Baridade das areias de rio e de areeiro da solução de reforço IV


capacidade do 1ª e 2ª camadas
Material
recipiente [litros] Massa da amostra [kg] Baridade [kg/m3]
Areia de rio 4,625 1541,7
3,0
Areia de areeiro 4,659 1553,0

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. Análise granulométrica
- Areia do rio - Solução III
1"1/2 38,1
_
1" 25,4 100

Material que passa [%]


90
3/4" 19,1
_ 80
1/2" 12,7 70
3/8" 9,52 100,0 0,0 60
nº 4 4,76 5,4 0,5 99,5 0,5 50

nº 8 2,38 26,0 2,2 97,4 2,6 40

nº 16 1,19 122,1 10,2 87,2 12,8 30


20
nº 30 0,595 484,4 40,4 46,8 53,2
10
nº 50 0,297 481,8 40,2 6,6 93,4 0
nº 100 0,149 70,6 5,9 0,7 99,3 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 5,8 0,5 0,2 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 2,8 0,2 0,0 D = 2,38 mm d = 0,149 mm
Total 1198,9 100,0 261,8
Módulo de finura 2,6
Fig. II.41 - Análise granulométrica da areia de rio da solução de reforço IV

Peneiros Retido Passado Retido


Desig. Abert. [mm] [g] [%] acumul. acumul. Análise granulométrica
- Areia de areeiro - Solução III
1"1/2 38,1
_
1" 25,4 100
Material que passa [%]

90
3/4" 19,1
_ 80
1/2" 12,7 70
3/8" 9,52 60
nº 4 4,76 100,0 0,0 50

nº 8 2,38 1,6 0,1 99,9 0,1 40

nº 16 1,19 3,3 0,3 99,6 0,4 30


20
nº 30 0,595 30,6 2,6 97,0 3,0
10
nº 50 0,297 888,4 74,1 23,0 77,0 0
nº 100 0,149 249,2 20,8 2,2 97,8 0,01 0,1 1 10 100
_
nº 200 0,075 19,8 1,7 0,6 Abertura das malhas [mm]
_ _
refugo 6,7 0,6 0,0 D = 0,595 mm d = 0,149 mm
Total 1199,6 100,0 178,3
Módulo de finura 1,8
Fig. II.42 - Análise granulométrica da areia de areeiro da solução de reforço IV

• Argamassa bastarda (material endurecido)

Ensaios realizados: massa volúmica aparente de provetes prismáticos moldados de 16×4×4 cm3,
por leitura directa; massa volúmica e porosidade aberta de amostras de reboco extraídas dos
muretes e de vários prismas moldados, pelo método da pesagem hidrostática [182, 183]; absorção
de água por capilaridade em provetes prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm [185];
permeabilidade ao vapor de água, em provetes moldados com φ=9,4 cm e h=1 cm [184];
absorção de água sob baixa pressão (na superfície do reboco aplicado numa das faces do murete
M23) [96]; módulo de elasticidade dinâmico e resistências à flexão e à compressão, provetes
prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm [186, 191]; verificação da espessura média do reboco.

607
As determinações de massa volúmica real, massa volúmica aparente e porosidade aberta de
amostras de reboco extraídas dos muretes e de vários prismas moldados foram efectuadas de
sobre as amostras representadas na fig. 4.58 (Capítulo 4) , secas em estufa ventilada a 60 ºC, até
massa constante, antes do início do ensaio, tabela II.39. No caso das amostras extraídas dos
muretes, não é possível, por razões construtivas, fazer a separação entre a 1ª e a 2ª camada de
reboco. Nesta tabela, a designação “FVi-j”, significa “provete nº j” da camada “i”; a designação
“FVk” significa “provete nº k”.

Tabela II.39 - Massa volúmica aparente por leitura directa de provetes prismáticos moldados de
16×4×4 cm3 da solução de reforço IV, após secagem em estufa ventilada a 60 ºC até massa constante
Idade Massa Volume Massa volúmica (1)
Camada Provete OBS.
[dias] [g] [m3] [kg/m ] 3
Média Média global
FV1 458,69 1792
FV2 456,31 1782
FV3 457,28 1786
115 (2)
FV7 452,98 1769
FV8 455,50 1779
FV9 457,55 1787
1ª 1786
FV4 460,58 1799
FV5 457,67 1788
FV6 459,74 1796
154 (3)
FV10 455,80 1780
FV11 454,04 1774
FV12 458,98 0,256×10-3 1793 1793
FV1 460,83 1800
FV4 115 467,69 1827 (2)
FV7 456,15 1782
FV2 461,08 1801
2ª FV3 462,27 1806 1800
FV5 461,97 1805
146 (3)
FV6 461,62 1803
FV8 456,42 1783
FV9 458,87 1792
(1) – resultado do quociente entre a massa e o volume dos provetes prismáticos moldados, após secagem em estufa ventilada
a 60 ºC, até massa constante.; (2) – massa obtida após secagem em estufa ventilada a 60 ºC, até massa constante, antes do
início do ensaio de absorção de água por capilaridade; (3) – idem, antes do início dos ensaios de resistência mecânica

Tabela II.40 - Massa volúmica e porosidade aberta pelo método da pesagem hidrostática, de
provetes moldados e amostras de reboco extraídas dos muretes, da solução de reforço IV
Provete Idade no Massas [g] MVR MVA PA
início do
Nº ensaio [dias] M1 M2 M3 [Kg/m3] Média [Kg/m3] Média [%] Média
FV1-1 73,739 47,524 86,406 2812,9 1896,5 32,6
210
FV1-2 61,334 37,848 71,970 2611,5 2745,8 1797,5 1865,0 31,2 32,1
(1ª camada)
FV1-3 69,647 44,888 81,522 2813,0 1901,2 32,4
2767,8 1874,8 32,2
FV2-1 61,993 40,786 72,555 2923,2 1951,4 33,2
181
FV2-2 64,414 42,015 75,782 2875,8 2789,8 1907,6 1884,6 33,7 32,4
(2ª camada)
FV2-3 60,012 36,665 70,100 2570,4 1794,9 30,2
FV1 171,772 106,370 195,555 2626,4 1926,0 26,7
FV2 72,798 45,038 84,263 2622,4 1855,9 29,2
FV3 181 131,775 81,617 149,949 2627,2 1928,5 26,6
FV4 a 75,956 46,995 86,464 2622,7 1924,4 26,6
2624,7 1892,2 27,9
FV5 210 71,732 44,385 81,665 2623,0 1924,1 26,6
(muretes)
FV6 79,695 49,347 91,772 2626,0 1878,5 28,5
FV7 87,102 53,977 101,25 2629,5 1842,5 29,9
FV8 69,011 42,672 79,814 2620,1 1858,0 29,1

608
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

O ensaio de absorção de água por capilaridade foi realizado sobre seis provetes moldados de
16cm×4cm×4cm, da 1ª camada do reboco, e três da 2ª camada, apresentando-se os resultados
nas tabelas II.41 e II.42.

Tabela II.41 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos moldados de


16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IV
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] FV1 FV2 FV3 FV7 FV8 FV9 FV1 FV2 FV3 FV7 FV8 FV9
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 458,69 456,31 457,28 452,98 455,50 457,55 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 465,04 462,47 463,65 458,41 460,99 463,43 3,97 3,85 3,98 3,39 3,43 3,68 3,72
t = 10 min 0,2 0,41 467,85 465,28 466,48 461,18 463,70 466,20 5,73 5,61 5,75 5,12 5,12 5,41 5,46
14/3/05

t = 15 min 0,3 0,50 470,07 467,42 468,63 463,41 465,80 468,38 7,11 6,94 7,09 6,52 6,44 6,77 6,81
t = 30 min 0,5 0,71 474,92 472,21 473,46 468,21 470,52 473,24 10,14 9,94 10,11 9,52 9,39 9,81 9,82
t=1h 1,0 1,00 481,45 478,58 479,96 474,73 476,91 480,04 14,23 13,92 14,18 13,59 13,38 14,06 13,89
t=3h 3,0 1,73 495,49 492,44 493,91 488,85 490,55 494,40 23,00 22,58 22,89 22,42 21,91 23,03 22,64
t=6h 6,0 2,45 507,76 504,63 505,93 500,44 501,78 506,07 30,67 30,20 30,41 29,66 28,93 30,33 30,03
1d 15/3/05 -15:00 h 27,0 5,20 524,20 521,30 521,64 516,76 518,08 519,90 40,94 40,62 40,23 39,86 39,11 38,97 39,96
2d 16/3/05 - 15:00 h 51,0 7,14 524,69 521,77 522,13 517,19 518,48 520,31 41,25 40,91 40,53 40,13 39,36 39,23 40,24
3d 17/3/05 - 15:00 h 75,0 8,66 524,93 522,02 522,42 517,45 518,72 520,56 41,40 41,07 40,71 40,29 39,51 39,38 40,39

50,0 50,0
Massas [kg/m2]

Massas [kg/m2]

40,0 40,0

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2] Tempo [horas1/2]

FV1 FV2 FV3 FV7 FV8 FV9 Média FV1, FV2, FV3, FV7, FV8, FV9

Provetes Data moldagem Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
FV1, 2, 3, 7, 8 e 9 19/11/04 14/3/05 115 13,1
Fig. II.43 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
moldados de 16cm×4cm×4cm, da 1ª camada da solução de reforço IV

609
Tabela II.42 - Absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos moldados de
16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IV
Quantidades absorvidas
Tempo Massas [g]
Datas [(Mi-M1)/A] Média
[horas] [horas1/2] FV1 FV4 FV7 FV1 FV4 FV7
t = 0 <>10:30 h 0,0 0,00 460,83 467,69 456,15 0,00 0,00 0,00 0,00
t = 5 min 0,1 0,29 467,02 473,44 464,43 3,87 3,59 5,18 4,21
t = 10 min 0,2 0,41 469,80 475,91 467,98 5,61 5,14 7,39 6,05
12/4/05

t = 15 min 0,3 0,50 471,90 477,89 470,70 6,92 6,37 9,09 7,46
t = 30 min 0,5 0,71 476,58 482,10 476,67 9,84 9,01 12,83 10,56
t=1h 1,0 1,00 482,93 488,06 484,71 13,81 12,73 17,85 14,80
t=3h 3,0 1,73 497,57 501,45 503,15 22,96 21,10 29,38 24,48
t=6h 6,0 2,45 510,61 513,09 519,35 31,11 28,38 39,50 33,00
1d 13/4/05 - 15:00 h 28,5 5,34 525,29 525,44 525,08 40,29 36,09 43,08 39,82
2d 14/4/05 - 15:00 h 52,5 7,25 525,71 525,73 525,44 40,55 36,28 43,31 40,04
3d 15/4/05 - 15:30 h 77,0 8,77 526,02 526,07 525,81 40,74 36,49 43,54 40,26

50,0 50,0
Massas [kg/m2]

Massas [kg/m2]

40,0 40,0

30,0 30,0

20,0 20,0

10,0 10,0

0,0 0,0
0,00 2,50 5,00 7,50 10,00 0,00 2,50 5,00 7,50 10,00
Tempo [horas1/2 ] Tempo [horas1/2]

FV1 FV4 FV7 Média FV1, FV4, FV7

Provetes Data fabrico Data início ensaio Idade [dias] CCap [kg/m2.hor1/2]
FV1, 4 e 7 17/12/05 12/4/05 116 14,1
Fig. II.44 - Gráfico e coeficiente de absorção de água por capilaridade de provetes prismáticos
moldados de 16cm×4cm×4cm, da 2ª camada da solução de reforço IV

610
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.43 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água: evolução das massas do conjunto
“provete + cápsula húmida” ao longo do tempo, da 1ª camada da solução de reforço IV
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Horas Horas1/2
P1 P2 P3 P4 P5 P6
14/3/05 - 15:00 h 0,0 0,00 415,94 421,99 419,36 419,98 414,05 419,43
15/3/05 - 15:00 h 24,0 4,90 414,94 420,99 418,36 418,91 412,98 418,36
16/3/05 - 15:00 h 48,0 6,93 414,02 420,07 417,39 417,93 412,00 417,39
17/3/05 - 15:00 h 72,0 8,49 413,10 419,17 416,46 416,98 411,03 416,44
18/3/05 - 15:00 h 96,0 9,80 412,19 418,28 415,54 416,04 410,07 415,49
19/3/05 - 15:00 h 120,0 10,95 411,28 417,38 414,62 415,09 409,11 414,54
21/3/05 - 15:00 h 168,0 12,96 409,45 415,61 412,77 413,21 407,20 412,66
22/3/05 - 15:00 h 192,0 13,86 408,58 414,73 411,86 412,28 406,27 411,73
23/3/05 - 15:00 h 216,0 14,70 407,66 413,84 410,93 411,33 405,31 410,79
26/3/05 - 15:00 h 288,0 16,97 405,00 411,18 408,22 408,55 402,50 408,00
30/3/05 - 15:00 h 384,0 19,60 401,00 407,76 404,63 404,89 398,77 404,36
31/3/05 - 13:30 h 406,5 20,16 400,67 406,98 403,83 404,07 397,95 403,54
01/4/05 - 16:00 h 433,0 20,81 399,66 406,00 402,82 403,04 396,89 402,51
02/4/05 - 15:30 h 456,5 21,37 398,79 405,14 401,89 402,13 396,00 401,64
04/4/05 - 17:00 h 506,0 22,49 396,98 403,38 400,10 400,27 394,08 399,75
05/4/05 - 16:30 h 529,5 23,01 396,11 402,53 399,23 399,39 393,18 398,85
07/4/05 - 16:30 h 577,5 24,03 394,36 400,82 397,47 397,58 391,35 397,06
08/4/05 - 14:15 h 599,3 24,48 393,55 400,04 396,63 396,74 390,49 396,22
11/4/05 - 11:00 h 668,0 25,85 390,99 397,55 394,07 394,13 387,84 393,61
12/4/05 - 15:00 h 696,0 26,38 390,01 396,56 393,04 393,08 386,82 392,53
13/4/05 - 15:00 h 720,0 26,83 389,16 395,73 392,22 392,24 385,92 391,72
14/4/05 - 15:00 h 744,0 27,28 388,29 394,91 391,35 391,34 385,02 390,84
15/4/05 - 15:30 h 768,5 27,72 387,43 394,06 390,47 390,47 384,11 389,96
18/4/05 - 15:30 h 840,5 28,99 384,83 391,55 387,85 387,82 381,41 387,29
19/4/05 - 15:30 h 864,5 29,40 383,95 390,70 386,98 386,92 380,50 386,43
20/4/05 - 15:00 h 888,0 29,80 383,14 389,90 386,14 386,07 379,63 385,55
21/4/05 - 15:30 h 912,5 30,21 382,24 389,02 385,26 385,17 378,70 384,69
22/4/05 - 16:30 h 937,5 30,62 381,36 388,17 384,36 384,25 377,77 383,76
26/4/05 - 16:00 h 1033,0 32,14 377,91 384,83 380,91 380,72 374,18 380,26
27/4/05 - 16:30 h 1057,5 32,52 377,01 383,96 380,02 379,79 373,25 379,35
28/4/05 - 17:00 h 1082,0 32,89 376,12 383,11 379,13 378,90 372,34 378,45
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 115
(1) - Massas dos provetes no inicio do ensaio: FV1 = 126,42 g; FV2 = 130,20 g; FV3 = 129,65 g; FV4 = 129,31 g;
FV5 = 124,07 g; FV6 = 126,33 g
Permeabilidade ao vapor de água (PVA)
Provetes FV1, FV2, FV3, FV4, FV5, FV6

430,00
Massas [gramas]

420,00
410,00
400,00
390,00
380,00
370,00
360,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00

T empo [horas1 /2 ]

FV1 FV2 FV3 FV4 FV5 FV6

Provetes Data fabrico Data início ensaio Idade [dias] Coeficiente PVA médio [kg/m.s.Pa]
FV1 a FV6 19/11/04 14/3/05 115 π = 16,82×10-12
Fig. II.45 - Gráfico do ensaio de permeabilidade ao vapor de água de provetes da 1ª camada da
solução de reforço IV
611
Tabela II.44 - Ensaio de permeabilidade ao vapor de água: evolução das massas do conjunto
“provete + cápsula húmida” ao longo do tempo, da 2ª camada da solução de reforço IV
Massas do conjunto "Provete + cápsula húmida" (1)
Data Horas Horas1/2
FV1 FV2 FV3 FV4 FV5 FV6 FV7 FV8 FV9
12/4/05 - 15:00 h 0,0 0,00 832,84 838,64 881,29 805,69 861,63 816,30 848,52 843,31 788,38
13/4/05 - 15:00 h 24,0 4,90 831,99 837,72 880,31 804,81 860,66 815,32 847,54 842,34 787,47
14/4/05 - 15:00 h 48,0 6,93 831,13 836,83 879,49 803,91 859,77 814,36 846,65 841,45 786,57
15/4/05 - 15:30 h 72,5 8,51 830,26 835,95 878,67 803,01 858,87 813,50 845,71 840,56 785,69
18/4/05 - 15:30 h 144,5 12,02 827,76 833,38 876,30 800,50 856,35 810,80 843,04 837,96 783,13
19/4/05 - 15:30 h 168,5 12,98 826,93 832,58 875,57 799,67 855,55 809,94 842,18 837,13 782,29
20/4/05 - 15:00 h 192,0 13,86 826,14 831,78 874,83 798,86 854,76 809,11 841,36 836,32 781,48
21/4/05 - 15:30 h 216,5 14,71 825,34 830,94 874,07 798,05 853,88 808,21 840,47 835,46 780,63
22/4/05 - 16:30 h 241,5 15,54 824,50 830,11 873,30 797,19 853,08 807,36 839,61 834,64 779,75
26/4/05 - 16:00 h 337,0 18,36 821,31 826,88 870,36 793,94 849,86 803,98 836,18 831,33 776,41
27/4/05 - 16:30 h 361,5 19,01 820,48 826,03 869,59 793,10 849,01 803,10 835,30 830,49 775,54
28/4/05 - 17:00 h 386,0 19,65 819,66 825,21 868,84 792,26 848,19 802,24 834,45 829,65 774,70
29/4/05 - 16:15 h 409,3 20,23 818,88 824,42 868,10 791,46 847,39 801,35 833,62 828,85 773,89
2/5/05 - 16:00 h 481,0 21,93 816,53 822,06 865,96 789,07 845,04 798,94 831,14 826,44 771,45
3/5/05 - 16:00 h 505,0 22,47 815,74 821,25 865,26 788,29 844,25 798,10 830,30 825,62 770,63
4/5/05 - 16:30 h 529,5 23,01 814,95 820,47 864,52 787,49 843,44 797,25 829,46 824,81 769,80
5/5/05 - 17:00 h 554,0 23,54 814,13 819,63 863,76 786,64 842,60 796,40 828,58 823,94 768,93
Idade dos provetes no início do ensaio [dias] 116
1
( ) - Massas dos provetes no inicio do ensaio: FV1=132,07g; FV2=128,01g; FV3=132,41g; FV4=135,90g;
FV5=135,25g; FV6=128,88g; FV7=140,13 g; FV8=142,69g; FV9=139,59g

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Provetes FV1, FV2, FV3, FV4, FV5, FV6, FV7, FV8, FV9

900,00
Massas [gramas]

875,00

850,00

825,00

800,00

775,00

750,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

T empo [horas1/2 ]

FV1 FV2 FV3 FV4 FV5


FV6 FV7 FV8 FV9

Provetes Data fabrico Data início ensaio Idade [dias] Coeficiente PVA médio [kg/m.s.Pa]
FV1 a FV9 17/12/05 12/4/05 116 π = 15,43×10-12
Fig. II.46 - Gráfico do ensaio de permeabilidade ao vapor de água de provetes da 2ª camada da
solução de reforço IV

612
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

O ensaio de absorção de água sob baixa pressão [97] foi efectuado na superfície do reboco não
armado, aplicado em duas camadas numa das faces do murete M23, com espessura média de 1,5 cm
cada, nas mesmas datas dos muretes destinados aos ensaios mecânicos, fig. II.47. O ensaio foi
realizado de acordo com o referido no ponto 6.1 do Anexo I, mas com algumas diferenças no tempo
das leituras, e com repetições, tendo o murete 984 dias, e o reboco (2ª camada), 104 dias de idade.

Fig. II.47 - Ensaio de absorção de água sob baixa pressão da solução de reforço IV

Tabela II.45 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na face do murete
M23 rebocada com argamassa bastarda, da solução de reforço IV
Volume de água absorvida [cm3]
Tempo [min]
Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Média
0,0 0,00 0,00 0,00 0,00
2,2 0,34 (1) 0,23 (1) 0,50 0,36
3,2 0,50 0,34 (1) 0,64 (1) 0,49
4,7 0,67 (1) 0,50 0,86 (1) 0,68
5,0 0,70 0,50 0,90 0,71
5,5 0,75 (1) 0,53 (1) 1,00 0,76
7,8 1,00 0,67 (1) 1,31 (1) 0,99
9,2 1,13 (1) 0,75 (1) 1,50 1,13
10,0 1,20 0,80 1,60 1,21
12,3 1,38 (1) 1,00 1,86 (1) 1,42
13,5 1,48 (1) 1
1,04 ( ) 2,00 1,51
13,8 1,50 1,06 (1) 2,04 (1) 1,53
15,0 1,60 1,10 2,20 1,62
18,2 1,84 (1) 1,29 (1) 2,50 1,88
20,4 2,00 1,42 (1) 2,74 (1) 2,05
21,7 2,09 (1) 1,50 2,88 (1) 2,16
22,8 2,16 (1) 1,55 (1) 3,00 2,24
27,8 2,50 1,79 (1) 3,49 (1) 2,59
27,9 2,51 (1) 1,80 (1) 3,50 2,60
30,0 2,60 1,90 3,70 2,73
32,3 2,76 (1) 2,00 3,90 (1) 2,89
33,4 2,83 (1) 2,05 (1) 4,00 2,96
35,7 3,00 2,15 (1) --
43,3 3,50 2,48 (1) --
43,7 3,52 (1) 2,50 --
51,6 4,00 2,84 (1) --
55,3 3,00 --
60,0 3,20 --
67,7 3,50 --
79,7 4,00 --
(1) – Por extrapolação

613
No final das leituras constantes da tabela II.45, repetiu-se o ensaio mais duas vezes, procurando
observar a influência das repetições na velocidade de absorção da água. As repetições do ensaio
consistiam em voltar a repor os 4 cm3 de água, logo que o volume em cada tubo chegava ao
nível “zero”. Nas tabelas II.46 e II.47 e nas figs. II.48 a II.50 indicam-se os resultados obtidos.

Tabela II.46 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na face do murete
M23, rebocada com argamassa bastarda da solução de reforço IV – 1ª repetição
Volume de água absorvida [cm3]
Tempo [min]
Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Média
0,0 0,00 0,00 0,00 0,00
5,7 0,32 (1) 0,18 (1) 0,50 0,33
9,0 0,50 0,29 (1) 0,80 (1) 0,53
11,2 0,63 (1) 0,36 (1) 1,00 0,66
15,5 0,87 (1) 0,50 1,39 (1) 0,92
16,7 0,94 (1) 0,55 (1) 1,50 1,00
22,3 1,26 (1) 0,78 (1) 2,00 1,35
23,0 1,30 0,81 (1) 2,06 (1) 1,37
28,2 1,60 (1) 1,03 (1) 2,50 1,71
30,0 1,70 1,10 2,65 (1) 1,82
34,2 1,91 (1) 1,25 (1) 3,00 2,05
39,8 2,19 (1) 1,45 (1) 3,50 2,38
40,0 2,20 1,46 (1) 3,52 (1) 2,39
44,0 2,47 (1) 1,60 3,83 (1) 2,63
1
46,0 2,60 1,67 ( ) 3,99 (1) 2,75
46,1 2,61 (1) 1
1,68 ( ) 4,00 2,76
57,0 3,10 2,06 (1) -- --
58,0 3,15 (1) 2,10 -- --
70,0 3,80 2,56 (1) -- --
71,0 3,85 (1) 2,60 -- --
74,0 4,00 2,70 (1) -- --
82,6 -- 3,00 -- --
101,0 -- 3,70 -- --
109,0 -- 4,00 -- --
1
( ) – Por extrapolação

ABSORÇÃO DE ÁGUA SOB BAIXA PRESSÃO


SOLUÇÃO IV - 1ª Repetição
4,0
Volume [cm3 ]

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
0 15 30 45 60 75 90 105 120
T empo [min]

T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. II.48 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de reforço IV
– 1ª repetição
614
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.47 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na face do murete
M23, rebocada com argamassa bastarda da solução de reforço IV – 2ª repetição
Volume de água absorvida [cm3]
Tempo [min]
Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Média
0,0 0,00 0,00 0,00 0,00
5,6 0,26 (1) 0,18 (1) 0,50 0,31
11,0 0,50 0,34 (1) 0,98 (1) 0,61
11,2 0,51 (1) 0,35 (1) 1,00 0,62
1
16,0 0,75 ( ) 0,50 1,43 (1) 0,89
16,8 0,79 (1) 0,53 (1) 1,50 0,94
21,0 1,00 0,68 (1) 1,87 (1) 1,18
22,5 1,08 (1) 0,73 (1) 2,00 1,27
27,9 1,37 (1) 0,92 (1) 2,50 1,60
33,0 1,65 (1) 1,10 2,94 (1) 1,90
33,7 1,68 (1) 1,02 (1) 3,00 1,90
34,0 1,70 1,13 (1) 3,03 (1) 1,95
38,8 1,97 (1) 1,28 (1) 3,50 2,25
43,0 2,20 1,41 (1) 3,86 (1) 2,49
44,7 2,29 (1) 1,47 (1) 4,00 2,58
49,0 2,50 (1) 1,60 -- --
53,0 2,70 1,75 (1) -- --
62,0 3,09 (1) 2,10 -- --
69,0 3,40 2,36 (1) -- --
73,0 3,60 (1) 2,50 -- --
75,0 3,70 2,57 (1) -- --
80,0 4,00 2,73 (1) -- --
94,0 -- 3,20 -- --
105,0 -- 3,60 -- --
117,0 -- 4,00 -- --
1
( ) – Por extrapolação

ABSORÇÃO DE ÁGUA SOB BAIXA PRESSÃO


SOLUÇÃO IV - 2ª Repetição

4,0
Volume [cm3]

3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
0 15 30 45 60 75 90 105 120
T empo [min]
T ubo 1 T ubo 2 T ubo 3 Média

Fig. II.49 - Resultados do ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de reforço IV
– 2ª repetição

Na fig. II.50 representa-se a média das três leituras efectuadas (1ª leitura e duas repetições),
até ao instante em que foi absorvida toda a água (4 cm3) do primeiro dos três tubos.

615
4,0

Vo lu m e [cm 3]
3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
0 15 30 45 60
T empo [min]

Média 1ª leitura Média 1ª repetição Média 2ª repetição

Fig. II.50 - Resultados médios das três leituras efectuadas (1ª leitura e duas repetições), do
ensaio de absorção de água sob baixa pressão na solução de reforço IV

Os ensaios para determinação do módulo de elasticidade dinâmico [186], resistência à


flexão e à compressão [196] foram efectuados de acordo com o mencionado no ponto 5.2.2
do Anexo I, sobre 21 provetes prismáticos moldados de 16cm×4cm×4cm: 12 a partir da argamassa
da 1ª camada de reboco e 9 da argamassa da 2ª camada. Na 1ª moldagem os provetes foram
numerados de 1 a 12 e na segunda de 1 a 9. Em relação à 1ª camada, foram sujeitos a ensaios
mecânicos os provetes FV4, FV5, FV6, FV10, FV11 e FV12; relativamente à 2ª camada,
foram ensaiados os provetes FV2, FV3, FV5, FV6, FV8 e FV9. Os restantes provetes de cada
moldagem foram sujeitos ao ensaio de absorção de água por capilaridade; alguns provetes
foram ensaiados à compressão e à flexão logo após o ensaio de absorção de água por
capilaridade (provetes saturados), para avaliar as diferenças em relação aos provetes secos,
apresentando-se os resultados nas tabelas II.49 e II.50. A resistência à compressão de cada
provete corresponde à média dos valores dos “meios provetes” provenientes do ensaio de flexão.

Tabela II.48 - Módulo de elasticidade dinâmico, em prismas moldados, com 16cm×4cm×4cm,


da solução de reforço IV
Camada Provete Idade [dias] Massa [g] Edin [MPa] Média
FV4 460,58 5119
FV5 457,67 5226
FV6 459,74 5070
1ª 154 5460
FV10 455,80 5898
FV11 454,04 5815
FV12 458,98 5633
FV2 461,08 7077
FV3 462,27 6884
FV5 461,97 5666
2ª 146 5813
FV6 461,62 5906
FV8 456,42 4641
FV9 458,87 4704

616
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.49 - Resistência mecânica à flexão e à compressão, em prismas moldados, com


16cm×4cm×4cm da solução de reforço IV

Frot σrot Frot Área de σrot


Idade Média
Camada Provete flexão flexão comp contacto comp Média
[dias] [MPa]
[N] [MPa] [N] [mm2] [MPa]
FV4 372,39 0,873 7101,05 4,438
FV5 454,45 1,065 6796,20 4,248
FV6 465,81 1,092 6702,15 4,189
1ª 154 1,136 4,636
FV10 520,93 1,221 8068,03 5,043
FV11 541,97 1,270 7886,67 4,929
FV12 552,49 1,295 7951,89 4,970
1600
FV2 678,75 1,591 9200,78 5,750
FV3 616,05 1,444 8908,31 5,568
FV5 537,78 1,260 6678,39 4,174
2ª 146 1,297 4,458
FV6 582,39 1,365 6713,96 4,196
FV8 447,73 1,049 5675,58 3,547
FV9 456,57 1,070 5624,24 3,515

Tabela II.50 - Resistência mecânica à flexão e à compressão, em prismas moldados, com


16cm×4cm×4cm, após o ensaio de absorção de água por capilaridade (provetes saturados), da
solução de reforço IV

Massa [g] Frot σrot Frot Área de σrot


Idade Média
Camada Provete (prov. flexão flexão comp contacto comp Média
[dias] [MPa]
saturados) [N] [MPa] [N] [mm2] [MPa]
FV1 527,34 733,44 1,719 8060,68 5,038
FV2 524,38 615,62 1,443 7876,16 4,923
FV3 524,76 612,67 1,436 8218,27 5,136
1ª 154 1,597 4,928
FV7 519,40 708,61 1,661 7456,00 4,660
FV8 520,71 646,34 1,515 7871,95 4,920
FV9 522,84 771,73 1,809 7829,61 1600 4,894
FV1 529,54 983,19 2,304 10022,44 6,264
2ª FV4 146 529,33 876,71 2,055 1,980 8212,82 5,133 5,177
FV7 529,20 674,26 1,580 6613,86 4,134

Na fig. II.51 representam-se os diagramas força-deslocamento das duas séries de ensaios de


compressão de prismas moldados de 16cm×4cm×4cm da solução de reforço IV (1ª e 2ª
camadas de reboco), cujas forças de rotura (máximas) se representam na tabela II.50.
Tal como no caso da argamassa de assentamento, com base nestes diagramas foram construídos os
diagramas tensão-deformação representados na fig. 4.60 donde, por sua vez, foi determinado o
módulo de elasticidade secante médio de 434 MPa, representado na tabela 4.26.

617
1ª camada
Força [N] 10000

9000

8000

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0
0,0 1,0 2,0 3,0

Deslocamento [mm]

FV4-1 FV4-2 FV5-1 FV5-2 FV6-1 FV6-2


FV10-1 FV10-2 FV11-1 FV11-2 FV12-1 FV12-2

2ª camada
10000
Força [N]

9000

8000

7000

6000

5000
4000

3000
2000

1000

0
0,0 1,0 2,0 3,0
Deslocamento [mm]

FV2-1 FV2-2 FV3-1 FV3-2 FV5-1 FV5-2


FV6-1 FV6-2 FV8-1 FV8-2 FV9-1 FV9-2

Fig. II.51 - Diagramas força-deslocamento do ensaio de compressão dos provetes prismáticos


moldados de 16cm×4cm×4cm da solução de reforço IV

A avaliação da espessura média do reboco, em cada uma das faces dos muretes da solução
IV foi efectuada tendo por base as massas dos muretes antes e após a aplicação das duas
camadas de reboco e a expressão II.1.

618
Anexo II – Caracterização dos Materiais Utilizados nas Soluções de Reforço

Tabela II.51 - Cálculo da espessura média do reboco da solução de reforço IV


Massas [kg]
Área média de Espessura média
Murete Alvenaria Alvenaria + base + Reb. armado Uma lâmina cada lâmina de de cada lâmina de
Uma lâmina de
+ base + lintel + reb. armado + armada + reboco [m2] reboco [m] (3)
1 2 reboco
lintel ( ) + confinamento ( ) confinamento confinamento
M11 1421 1617 196 98 98 1,86 0,028
M14 1415 1578 163 82 82 1,88 0,023
M19 1458 1636 178 89 89 1,87 0,025
M27 938 1109 171 86 86 1,22 0,037
M29 960 1087 127 64 64 1,23 0,027
M34 970 1116 146 73 73 1,25 0,031
1 2 3
( ) – Pesagem do murete antes do reforço; ( ) – Pesagem do murete após o reforço; ( ) – Com base na massa volúmica de
amostras de reboco extraídas dos próprios muretes = 1892,2 kg/m3 (tabela II.40)

• Calda de injecção utilizada nos furos transversais

Ensaios realizados: determinação da resistência à flexão e à compressão [191] da calda de


cimento, em provetes moldados de 16cm×4cm×4cm, preparados com uma razão A/C de 0,4.

Tabela II.52 - Resistência mecânica à flexão e à compressão, em prismas moldados 16cm×4cm×4cm


da calda de cimento utilizada na injecção dos furos transversais da solução de reforço IV
Frot σrot Área de σrot
Idade Média Frot comp Média
Camada Provete flexão flexão contacto comp
[dias] [MPa] [kN] [MPa]
[N] [MPa] [mm2] [MPa]
1 2898,56 6,8 42,1 26,3
1ª 2 144 2332,90 5,5 4,9 43,2 1600 27,0 26,7
3 1000,84 2.3 -- --

• Fio de aço zincado, utilizado como elemento de confinamento transversal

Foi efectuado um ensaio de resistência à tracção sobre uma amostra de fio de aço zincado,
fig. II.5, tendo sido obtidos os resultados indicados na tabela II.53. Este ensaio foi efectuado
no LNEC em 17/5/05, de acordo com a Norma EN 10002-1 [38].

Tabela II.53 - Resultados do ensaio de resistência à tracção do fio de aço zincado, da solução
de reforço IV
Provete φ [mm] A0 [mm2] Fm [kN] σrot [MPa] L0 [mm] Lu-L0 [mm] ε [%]
1 3,85 11,61 5,90 508 200 23,67 11,8

sendo: φ o diâmetro efectivo; A0 a área da secção inicial da zona útil; Fm a força máxima; σrot
a tensão de rotura à tracção; L0 o comprimento inicial entre referências; Lu o comprimento final
entre referências e ε a extensão após rotura.

619
Anexo III
DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSAIOS MECÂNICOS
622
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

1 – Introdução

Descreve-se neste Anexo a constituição dos dois sistemas de ensaios concebidos para avaliar
o comportamento mecânico dos muretes, antes e após reforço estrutural, incluindo as suas
principais características e fases construtivas.
A preparação dos sistemas de ensaios foi feita tendo em conta as características mecânicas e
geométricas dos muretes, aproveitando e/ou adaptando equipamentos existentes no Laboratório
de Estruturas Pesadas do DEC-FCT (LabDEC), e concebendo e produzindo outros.
No caso do sistema de ensaio de compressão-corte, parte dos equipamentos utilizados,
nomeadamente o actuador mecânico, as células de carga, os cilindros hidráulicos, a bomba
hidráulica eléctrica e diversas peças metálicas, resultaram da dissertação de doutoramento
precedente [159].
No caso do sistema de ensaio de compressão axial, apenas existia em laboratório o pórtico
metálico, também utilizado nos trabalhos experimentais relativos àquela dissertação.
Noutros casos ainda, foi solicitado apoio a diversas empresas, que forneceram (ofereceram)
ou emprestaram os equipamentos em falta.

2 – Sistema de ensaio de compressão axial

O sistema de ensaio de compressão axial consta de um pórtico metálico, constituído por dois
pilares HEB300 e uma viga HEB450, ligada aos pilares por oito parafusos M24, em cada
extremidade. Posteriormente, o pórtico foi reforçado com quatro varões roscados de pré-esforço
Dywidag, com diâmetro de 36 mm, de forma a permitir a actuação do cilindro hidráulico fixo à
viga, em condições de segurança.

A descrição começa pela configuração base do sistema, para os ensaios preliminares sobre os
muretes M47 e M46, referindo-se depois as principais alterações introduzidas para melhorar a
capacidade de carga, as condições de segurança e de aquisição de dados, implementadas a
partir dos ensaios dos muretes de referência.

As principais fases de montagem do sistema de ensaio de compressão axial foram, assim, as


seguintes:

i) - Movimentação e montagem do pórtico num local apropriado do LabDEC, seguindo-se a


preparação do sistema de reforço, constituído pelos quatro varões de pré-esforço, fixos numa
623
das extremidades ao pavimento do laboratório (strong floor), constituído por uma laje de
betão armado com 0,60 m de espessura, através de chapa de ancoragem e porca.
Na outra extremidade, os varões eram fixos com chapa de ancoragem e porca a duas vigas
metálicas compostas constituídas, cada uma, por duas vigas UNP200 afastadas entre si de 50 mm
(para a passagem dos varões), apoiadas perpendicularmente à viga do pórtico, fig. III.1.
Como se observa na imagem direita desta figura, as vigas de suporte dos varões Dywidag
possuíam um sistema de segurança adicional, que as fixava à viga do pórtico.

Fig. III.1 - Movimentação do pórtico no Laboratório de Estruturas Pesadas do DEC-FCT


(LabDEC), para local adequado à realização dos ensaios, e montagem do sistema de reforço

Apesar de reforçado com os varões de pré-esforço, o sistema de ensaio no seu conjunto


classifica-se de “não-rígido”, o que levou à adopção de medidas próprias para a quantificação
das forças aplicadas e respectivas deformações.
A partir desta fase da montagem do sistema de ensaio, um murete (M47), posicionado sob o
pórtico, ajudou a definir a escala dos trabalhos.

ii) Preparação do dispositivo de aplicação da carga vertical, fig. III.2, incluindo:

a) a concepção da viga metálica para distribuição da carga a aplicar sobre os muretes,


designada por “viga metálica superior” (por se posicionar sobre os lintéis);

b) a preparação do dispositivo de segurança que permitisse suportar esta viga após os ensaios,
nomeadamente quando ocorria a destruição completa dos muretes. Nestes casos, a viga
evitava também que os lintéis caíssem sobre alguém ou algo que estivesse nas imediações do
ensaio.
O dispositivo de segurança consistia num conjunto de quatro tubos metálicos que deslizavam
ao longo dos varões Dywidag, através de um conjunto de outros tubos metálicos, originando

624
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

uma estrutura tubular tridimensional que amparava a viga quando esta ficava em “queda
livre”, após a destruição do murete que a suportava.
Este dispositivo podia ser colocado em qualquer altura pois apoiava sobre quatro chapas de
ancoragem, por sua vez suportadas por quatro porcas previamente postas nos varões; e

c) a fixação do cilindro hidráulico Enerpac RRH1006, de 1000 kN, à viga do pórtico. Após os
ensaios preliminares, este cilindro foi substituído por outro (cilindro Enerpac RRH3006) de
3000 kN.

1 – recepção da viga metálica superior; 2 – estrutura tubular de segurança; 3 – cilindro hidráulico Enerpac
RRH1006 (1000 kN), utilizado nos ensaios preliminares; 4 – cilindro hidráulico Enerpac RRH3006 (3000 kN)
utilizado nos restantes ensaios de compressão axial
Fig. III.2 - Viga metálica superior, estrutura tubular de segurança e cilindros hidráulicos

O empilhador eléctrico adquirido pela FCT para este trabalho, após os ensaios preliminares,
com uma capacidade de carga de 2400 kg, passou a fazer parte integrante do sistema de
ensaio, efectuando, sempre que necessário, os movimentos ascendentes e descendentes do
sistema de segurança (suportando a viga metálica superior), para a montagem e desmontagem
dos ensaios (fig. III.4).

Para evitar a queda dos lintéis após os ensaios preliminares, com uma massa média de cerca
de 120 kg, estes eram fixos à viga metálica superior, através de quatro varões roscados com
diâmetro de 16 mm.
Na extremidade superior os varões eram suspensos na viga por dois tubos metálicos
preparados para o efeito (com diâmetro de 2 3/8″, e 4 mm de espessura de parede), e de porcas
que garantiam o aperto. Na parte inferior, entravam em ganchos metálicos com diâmetro de
12 mm que penetravam em quatro furos previamente abertos em cada lintel.
Este dispositivo de segurança era utilizado em todos os muretes, independentemente do modo
de rotura (eventualmente) previsto, fig. III.3.

625
(Vista de frente) (Vista lateral)

Fig. III.3 - Modo de fixação dos lintéis dos muretes pequenos à viga metálica superior, e seu
funcionamento enquanto elemento de segurança do sistema de ensaio

Para a colocação dos muretes no sistema de ensaio, a estrutura de segurança realizava movimentos
verticais ascendentes e descendentes, manualmente ou, de forma mais rápida, com o auxílio do
empilhador eléctrico, como se referiu, fig. III.4.

1 – movimentação da estrutura tubular de segurança e apoio da viga metálica superior; 2,3 – colocação dos
muretes sobre a base de ensaio

Fig. III.4 - Empilhador eléctrico como parte integrante do funcionamento do sistema de ensaio
de compressão axial

iii) Construção da base de ensaio em betão armado, no LabDEC, fig. III.5, incluindo a
concepção e a realização dos moldes de madeira, a pormenorização e a preparação das
armaduras (por vários operários) e a betonagem da base.

Aquando da realização dos ensaios preliminares esta base ainda não existia, uma vez que foi
betonada juntamente com a última série de 20 lintéis, referida no ponto 3.7 (Capítulo III).

626
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

Fig. III.5 - Construção da base de ensaio para esforços de compressão axial

Esta base de ensaio tem uma área em planta de 1,20 m×0,60 m e altura de 0,25 m. As duas
reentrâncias superiores servem para a passagem dos “garfos” do empilhador, durante a
colocação dos muretes no sistema de ensaio.

- dimensões em [m]

Fig. III.6 - Dimensões da base de ensaio para esforços de compressão

iv) Preparação do dispositivo de medição das forças aplicadas que foi evoluindo ao longo do
tempo, da seguinte forma:

a) no inicio do trabalho, não sendo certa a aquisição de transdutores de força, ou células de


carga, com capacidade superior a 500 kN (existindo apenas uma no LabDEC, designada por

627
CC500), para ensaiar os muretes mais resistentes, foi criado um sistema de medição das
cargas baseado na determinação das extensões dos varões de pré-esforço (de reforço do
pórtico) durante os ensaios, através da colagem de quatro extensómetros eléctricos de
resistência (da marca TML-FLA-5-11), em cada varão, fig. III.7.

1 a 3 – colagem dos extensómetros aos varões de pré-esforço


Fig. III.7 - Preparação da medição das cargas verticais, na fase inicial do trabalho

Conhecido o módulo de elasticidade do aço dos varões (E = 200 GPa [137]) e a extensão sofrida
por cada um deles (ε), a tensão aplicada (σ [MPa]) seria calculada de acordo com a Lei de
Hooke [181], da Resistência dos Materiais, que no regime linear relaciona as tensões aplicadas
com as extensões sofridas pela expressão: σ = ε × Ε [MPa].
O somatório destas quatro forças (determinadas a partir de σ e da área de cada varão), ao longo
do tempo, permitiria traçar os diagramas da história de carga e força-deslocamento de cada
ensaio.
A medição das forças aplicadas desta forma implicava que o pórtico estivesse solto em relação
ao pavimento do Laboratório, o que se conseguiu desapertando as porcas que o prendiam ao
pavimento, numa distância correspondente à extensão total prevista para os varões Dywidag.
Desta forma, a função do pórtico era tão-somente a de garantir a estabilidade, a configuração e a
segurança do sistema de ensaio, antes, durante e após a realização de cada ensaio.
Com esta configuração, a carga máxima a aplicar em cada murete estava limitada ao menor dos
seguintes valores: (i) quádruplo da resistência de cada varão, num total de cerca de 3200 kN ou
(ii) à capacidade de carga dos cilindros hidráulicos (fig. III.2).

b) apesar deste método ter sido testado nos ensaios preliminares (onde também foi utilizada a
CC500), não foi mais utilizado, pois nos ensaios dos muretes de referência e da solução de
reforço I (conectores isolados), as cargas puderam ser medidas exclusivamente com a CC500,
colocada entre o cilindro hidráulico e a viga metálica superior, fig. III.8.
628
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

Fig. III.8 - Posicionamento da célula de carga de 500 kN sobre a viga metálica de distribuição
da carga vertical, nos ensaios dos muretes de referência e da solução de reforço I

Nos muretes da solução IV (reboco armado com fibra de vidro), foi também utilizada uma célula
de carga nesta posição, mas com capacidade de 1MN.
Nestes casos, era necessário somar às forças registadas pela célula de carga a massa do que
estava abaixo dela (peça metálica intermédia, viga metálica superior e dispositivo de suporte dos
lintéis), fig. III.9.

Fig. III.9 - Pesagem dos equipamentos do sistema de ensaio para esforços compressão axial
situados abaixo do cilindro hidráulico

c) para os muretes mais resistentes (soluções IIB e III), foram recebidas quatro células de
carga, da marca Hottinger Baldwin Messtechnik GmbH (HBM), modelo C6A com capacidade
de 1MN cada, dispensando definitivamente a utilização dos extensómetros nos varões de
reforço do pórtico, fig. III.10.

A recepção das quatro células de carga foi feita em simultâneo com as duas vigas metálicas
“compostas” representadas nas figs. III.4 e III.10, formadas, cada uma, por dois perfis INP400, que
629
vieram substituir as vigas UNP200 utilizadas nos ensaios preliminares, para suporte dos
varões de pré-esforço. As células de carga foram colocadas sobre as “novas vigas” metálicas,
por razões de segurança do equipamento (e dificuldade de colocação noutro local), implicando
que o somatório das quatro forças registadas não correspondesse à força total aplicada, uma
vez que lhe devia ainda ser adicionada a massa de todo o sistema de ensaio (tal como sucederia
com os extensómetros colados nos varões de reforço do pórtico, se tivessem sido utilizados).

Dimensões [mm]: φA = 168; B = 100; φC±0,1 = 88; D = 2; D1 = 3; φΕ±0,1 = 68; F = 29; g = 43; H=28; j = M12 c/15 mm de
profundidade; K = 50; L = 35; N = 200; S±0,1 = 130; W = 1; X = 10

Fig. III.10 - Células de carga de 1 MN

v) Instrumentação do sistema de ensaio para a medição dos deslocamentos verticais através de


“transdutores de deslocamento” (deflectómetros indutivos ou LVDT’s, iniciais das palavras
Linear Voltage Displacement Transducer), da marca TML (modelo CDP-1009), da Tokio
Sokki Kenkyujo Co., Ltd, com um curso de 100 mm e uma sensibilidade de 100×10-6 / mm,
cujas características se indicam na fig. III.11.

Além disso, foi criado um dispositivo que permitia posicionar os deflectómetros em qualquer
ponto acima da superfície dos lintéis, de modo a efectuar as leituras nos pontos médios das
arestas dos lintéis ou na vertical dos vértices, figs. 5.18 (Capítulo V) e III.11.
Por razões de segurança, os deflectómetros foram colocados sobre a viga metálica superior,
uma vez que a destruição dos muretes que ocorria nalguns casos podia danificar o
equipamento que contactasse os lintéis ou lhes estivesse fixo. Esta situação não perturbou as
leituras, pois antes de cada ensaio era feita uma cuidada regularização da face superior dos
630
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

lintéis dos muretes, que contactava com a face inferior da viga metálica, de forma a anular
imperfeições ou folgas, que pudessem ser contabilizados como “deslocamentos” verticais.
Nos ensaios preliminares os deflectómetros foram posicionados numa estrutura metálica fixa
ao pavimento do Laboratório mas, para os restantes ensaios, foi criada uma estrutura de
suporte fixa directamente às bases de apoio dos muretes.

Dimensões [mm]: A = 277; B = 41; C = 115; D = 6; E = 9; F = 11; G = 36; T= 8


1, 2 - ensaios preliminares; 3, 4 - restantes ensaios
Fig. III.11 - Transdutores de deslocamento, de 100 mm de curso

A “peça metálica intermédia”, colocada entre a viga metálica superior e o cilindro hidráulico (ou a
célula de carga, quando possível), visível nas imagens 1 e 3 da fig. III.11, ocupava o espaço
que a viga metálica superior tinha de subir para a colocação do murete na base de ensaio.

Em algumas séries de ensaios, foi possível instrumentar o sistema de forma a medir a deformação
transversal, no máximo de um murete por série, através de um método de leitura indirecta,
baseado em equipamento topográfico com precisão de 0,1 mm, que evitava a danificação de
equipamento de leitura posto em contacto com o murete, fig. III.12.
Resumidamente, este método de leitura indirecta, designado por APS (Automatic Polar System)
baseia-se na observação singular de “pontos objecto” devidamente instrumentados, segundo
um processo topográfico designado por irradiação, antecedido pela referenciação do próprio
instrumento de observação. O processo de leitura pode ser repetido inúmeras vezes, conduzindo
a um acervo de informação discreta, pouco espaçada no tempo, que permite avaliar a
evolução dos deslocamentos dos “pontos objecto”, fornecendo as suas coordenadas X, Y e Z.

631
Fig. III.12 - Medição óptica da deformação transversal do murete, no ensaio de compressão axial

No presente trabalho, consideraram-se dois “pontos objecto” no centro de cada face do murete,
sendo utilizadas, no cálculo da deformação transversal, as leituras na direcção perpendicular às
faces. O principal equipamento (hardware) utilizado, por cada “ponto objecto” era um instrumento
topográfico de precisão, do tipo estação total servomotorizada, ou teodolito electrónico
também servomotorizado, ao qual estava acoplado um distanciómetro, utilizado nas leituras.
Antes do início das leituras, eram colocados dois pontos fixos, um por cada “ponto objecto”,
constituindo dois referenciais locais.
Os dois teodolitos foram dispostos de modo a permanecerem imóveis durante todo o tempo.
Com o início do ensaio, iniciavam-se as leituras das deformações do murete, tendo por base as
coordenadas do(s) referencial(ais) local(ais) e os movimentos do respectivo “ponto objecto” [112].
Reportando o início das leituras ao início do ensaio (tempo do computador), e sabendo a sua
frequência (variável entre duas a quatro leituras por minuto), pode-se finalmente traçar um
gráfico “deslocamento do ponto objecto” - “tempo”, fornecendo a informação pretendida.

vi) As células de carga, os deflectómetros e os extensómetros eram ligados a interfaces de ligação,


por sua vez conectados a um data logger, da marca HBM, modelo Centípede 100 - UPM 100, com
capacidade para sessenta canais, para a aquisição dos dados e seu envio ao computador, onde eram
tratados em ficheiros do tipo “EXCEL”.

632
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

No final do trabalho este modelo foi substituído por dois Spider8, da mesma marca, com
capacidade para oito canais cada, que recebiam directamente (sem interface de ligação) os
cabos dos deflectómetros, células de carga e extensómetros, fig. III.13.
O software utilizado para a aquisição de dados foi o programa “Catman 4.0”, da HBM.

1 – interfaces de ligação: à esquerda para células de carga e deflectómetros; à direita, para os fios dos extensómetros;
2 – UPM 100 (ligado ao computador portátil); Spider8 (idem)
Fig. III.13 - Equipamentos para aquisição de dados

viii) O cilindro hidráulico de 1000 kN, utilizado nos ensaios preliminares, foi accionado por
uma bomba hidráulica manual de duplo efeito, modelo P84, da Enerpac.
Depois de instalado o cilindro de 3000 kN (no início dos ensaios dos muretes de referência), a
bomba manual foi substituída por uma bomba hidráulica eléctrica Enerpac GPEW 2020 WSN,
de duplo efeito, com função de load mantainer, fig. III.14.

Fig. III.14 - Bombas hidráulicas, manual e eléctrica (ambas de duplo efeito)

No final dos ensaios preliminares foi criado um processo de protecção dos fios dos
extensómetros colados aos varões Dywidag que, simultaneamente, confinava os “destroços”
dos muretes após a realização dos ensaios.
Apesar dos extensómetros não terem sido utilizados, o “resguardo” manteve-se até ao final
dos ensaios, como se observa na fig. 5.2 a qual, conjuntamente com as figs. 5.1 e 5.3,
caracteriza o aspecto global do sistema de ensaio de compressão axial.

633
3 – Sistema de ensaio de compressão-corte

Como se referiu, alguns componentes utilizados neste sistema de ensaio resultaram de uma
investigação anterior [145], estando nestas condições, principalmente, o actuador mecânico de
parafuso com capacidade para aplicação de cargas horizontais até ± 500 kN ou de deslocamentos
horizontais até 400 mm (–200 mm a +200 mm); uma célula de carga TML TCLP-20B (CC3),
colocada entre o actuador e várias peças metálicas rotuladas, fixas aos lintéis dos muretes para
medição da carga horizontal; dois cilindros hidráulicos Enerpac RRH307, de 300 kN cada;
duas células de carga Microtest MT KCM/300 (CC1 e CC2), de 300 kN cada, para medir as
cargas verticais impostas pelos cilindros a dois varões de pré-esforço Dywidag (com diâmetro
de 26,5 mm), também existentes; a bomba hidráulica eléctrica Enerpac GPEW 2020 WSN
referida no ponto anterior, fig. III.14; seis deflectómetros eléctricos indutivos (D1 a D6),
alguns dos quais foram também utilizados no sistema de ensaio de compressão axial; um
deflectómetro de fio (D7) para medição do avanço do actuador e mais algumas peças
metálicas que se foram adaptando.
Na fig. III.15 representam-se alguns destes equipamentos, cujo posicionamento no sistema de
ensaio será referido adiante.

1 – actuador mecânico de parafuso fixo à parede de reacção, vendo-se a célula de carga CC3 no braço rotulado; 2 – cilindros
hidráulicos de 300 kN (2 uns.) incluindo duas células de carga de 300 kN (CC1 e CC2); 3 – transdutores de deslocamentos
(6 uns.); 4 – transdutor de deslocamentos de fio (D7); 5 – rótulas (2 uns.) fixas a eixo metálico transversal à base principal
de ensaio; 6 e 7 – vigas metálicas para fixação e “imobilização” da base principal de ensaio; 8 – peças (vigas) metálicas
usadas no dispositivo de segurança do sistema de ensaio e nos ensaios cíclicos e alternados (quando realizados)

Fig. III.15 - Principal equipamento mecânico, hidráulico, de medição e de segurança utilizado


no sistema de ensaio para esforços de compressão-corte

634
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

Para além dos equipamentos representados na fig. III.15, a montagem do sistema de ensaio
compressão-corte obedeceu às seguintes etapas:

i) Construção de três bases de ensaio, em betão armado, no LabDEC, fig. III.16, incluindo a
concepção e a realização dos moldes de madeira; a pormenorização e preparação das armaduras e a
betonagem das bases (conjuntamente com a base do sistema de ensaio de compressão axial). A
base maior é a base principal de ensaio; as outras duas destinaram-se ao dispositivo de travamento
da base principal a movimentos horizontais aquando do funcionamento do actuador, “prendendo-
a” à parede de reacção (strong wall), através de vigas metálica e varões de pré-esforço.

Fig. III.16 - Construção das bases do sistema de ensaio de compressão-corte

A base principal do sistema de ensaio tem uma área em planta de 2,32 m×0,60 m, e uma
altura máxima de 0,50 m. As duas reentrâncias paralelas superiores serviam para a colocação
dos muretes, que vinham suspensos na ponte rolante do Laboratório, fig. III.17.

[m]
Fig. III.17 - Base principal do sistema de ensaio compressão - corte
635
Das duas bases em forma de L, uma (a menor) servia de apoio e garantia a horizontalidade da
viga metálica de travamento, que na outra extremidade encaixava na base principal. A outra
base em L, reagindo contra a parede de reacção, completava o dispositivo de imobilização da
base principal a deslocamentos horizontais, recebendo as extremidades dos varões de pré-
esforço (as outras duas ligavam à viga metálica transversal à base principal), fig. III.18.

Fig. III.18 - Montagem do dispositivo de “imobilização” da base de ensaio principal a


movimentos horizontais, durante o funcionamento do actuador

A base principal de ensaio foi dimensionada de forma a que a viga metálica transversal, vista
em primeiro plano na fig. III.18, criasse uma “saliência” de travamento dos muretes, no sentido
do avanço do actuador, fig. III.19 (2); nos ensaios cíclicos e alternados, foi preparado um
dispositivo junto à extremidade Norte da base de ensaio, que impedia movimentos horizontais
das bases dos muretes, no movimento de “recuo” do actuador, fig. III.19 (1).

1 – dispositivo para travamento das bases dos muretes, no sentido do avanço do actuador (sentido Norte-Sul)
2 – idem, no sentido do recuo do actuador (sentido Sul-Norte)
Fig. III.19 - Dispositivo de travamento das bases dos muretes durante os ensaios

636
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

ii) Depois de posicionadas as três bases, foi montado o dispositivo de segurança formado por
um conjunto de tubos metálicos ligados entre si e apoiados em duas vigas metálicas,
colocadas transversalmente às extremidades da base principal. Estas vigas eram fixas ao
pavimento do laboratório através de varões de pré-esforço Dywidag de 36 mm de diâmetro,
apertados com porca e chapa de ancoragem, fig. III.20, impedindo a movimentação vertical da
base de ensaio. Com este dispositivo e o referido na fig. III.18, impediam-se todos
movimentos da base principal durante os ensaios de compressão-corte. Para facilitar a sua
montagem, foi colocado um murete sobre a base principal de ensaio, que permitiu trabalhar
em “escala real”.
O dispositivo de segurança devia impedir a queda dos lintéis dos muretes após os ensaios, para
esse efeito fixos à viga metálica superior. Esta viga metálica servia de apoio aos dois cilindros
hidráulicos para aplicação das cargas verticais (e respectivas células de carga, CC1 e CC2), e
estava ligada ao actuador mecânico através de um “braço” articulado que suportava a célula de
carga para medição das cargas horizontais (CC3).
Na fig. III.20 mostra-se alguns passos da montagem do dispositivo de segurança.

Fig. III.20 - Montagem do dispositivo de “imobilização” da base de ensaio principal a movimentos


verticais e do dispositivo de segurança, do sistema de ensaio de compressão-corte

iii) Uma vez concluída a montagem do dispositivo de segurança, iniciou-se a preparação da


“viga metálica superior”, assim designada por apoiar directamente sobre os lintéis, constituída
por duas vigas HEB 200, com 1,60 m de comprimento cada, cujos banzos foram soldados a
duas chapas metálicas, com 20 mm de espessura e largura de 520 mm (suficiente para ensaiar
todos os muretes). Foram ainda soldadas duas chapas metálicas de 20 mm de espessura em
cada topo da “viga metálica superior” e reforçados os banzos exteriores das vigas HEB 200,
cada um com cinco varões com diâmetro de 20 mm, igualmente espaçados, fig. III.21.

637
chapa com espessura de 25 mm

chapa de topo com HEB 200 HEB 200


espessura de 25 mm furo Ø50 mm furo Ø50 mm
5Ø20

5Ø20

1.60 m 0.52 m
2 x 5Ø20 chapa de topo com
chapa com espessura de 25 mm espessura de 25 mm

Fig. III.21 - Viga metálica superior, para distribuição das cargas verticais e horizontais, no
sistema de compressão-corte

Tratando-se de um elemento “complexo”, referem-se em seguida os principais passos da


montagem da viga metálica superior, para a realização dos ensaios de compressão-corte:

- Preparação do dispositivo de suporte dos lintéis dos muretes durante os ensaios (neste caso
com uma massa média de 180 kg), para evitar a sua queda. Este dispositivo era formado por
duas vigas metálicas colocadas nos “topos” dos lintéis e apertadas através de dois varões
roscados com diâmetro de 16 mm, posteriormente substituídos por outros de 26,5 mm (após o
ensaio do murete M18). Estas vigas eram suspensas da viga metálica superior a partir de
outros varões roscados, com diâmetro de 16 mm.
Este dispositivo de segurança, era utilizado em todos os ensaios, fig. III.22.

(Actuador)

Fig. III.22 - Viga metálica superior como elemento de segurança do sistema de ensaio

638
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

- Para impedir a queda da viga metálica superior durante os ensaios, foram efectuados furos
de 55 mm de diâmetro que permitiam a passagem de dois tubos metálicos com 50 mm de
diâmetro, que apoiavam sobre o sistema de segurança, logo que se atingia a rotura dos
muretes, fig. III.21 e III.23.

O dispositivo de segurança permitia que a viga metálica superior fosse colocada cerca de 10 cm
acima dos lintéis, para realização de trabalhos preparatórios dos ensaios.
O nível inferior do dispositivo de segurança ficava cerca de 10 cm abaixo dos lintéis, sendo
essa a distância que a viga metálica superior percorria em “queda livre”, até se imobilizar.
Nos primeiros ensaios, recorreu-se também à ponte rolante do Laboratório como elemento
adicional de segurança, que ao longo do tempo se verificou ser dispensável.

Fig. III.23 - Dispositivo de apoio da viga metálica superior, no sistema de ensaio

- Tendo em vista a realização dos ensaios em condições que impedissem a danificação por flexão
dos varões de pré-esforço que transmitiam as cargas verticais aos muretes, foi criada uma rótula
sobre a viga metálica superior, fig. III.24 (ainda não existente nas imagens da fig. III.23).

Fig. III.24 - Rótula sobre a viga metálica superior

iv) Montagem de um dispositivo na viga metálica superior para a garantir o alinhamento


entre o seu eixo longitudinal e o eixo longitudinal do actuador, por sua vez alinhado com o
639
eixo da parede de reacção, constituído por duas hastes verticais metálicas, com uma altura de
cerca de 0,50 m cada, soldadas nas extremidades da viga, sobre o eixo de simetria.
Para se garantir o alinhamento da viga com o actuador, fixou-se sobre o eixo de simetria da
parede de reacção um ponto, ao qual se prendera um “cordão elástico”, colocando-se sobre o
eixo de simetria do actuador uma terceira haste. “Esticando” o cordão desde a parede de
reacção até à haste mais afastada, o alinhamento estava garantido quando este tocava a haste
intermédia da viga, fig. III.25. A quarta haste, embora redundante, era muito útil durante a
montagem dos ensaios.
Previamente ao alinhamento da viga metálica superior, todavia, alinhava-se o murete sobre a
base principal de ensaio, sendo as duas hastes “substituídas” por duas marcações sobre o eixo
longitudinal do lintel, que deviam ser colineares com o terceiro ponto fixo, da parede de reacção.

Fig. III.25 - Dispositivo para alinhamento dos muretes sobre a base principal, na fase de montagem
dos ensaios

v) Montagem do dispositivo de carregamento vertical e horizontal, sendo as cargas verticais


transmitidas à viga metálica superior por dois cilindros hidráulicos Enerpac RRH306 de 300 kN
cada. Estes cilindros apoiavam sobre uma viga metálica “composta” (colocada perpendicularmente
à viga principal), formada por duas vigas UNP200 soldadas entre si, com um espaçamento tal
que permitia a passagem de dois varões de pré-esforço Dywidag, com 26,5 mm de diâmetro,
fig. III.26; os banzos superiores eram ainda solidarizados por uma chapa de 25 mm soldada.
Os cilindros eram accionados pela bomba hidráulica eléctrica Enerpac GPEW 2020 WSN
referida no ponto anterior, fig. III.26.

Como se referiu, entre a viga perpendicular e a viga principal foi colocada uma rótula, para
minimizar os danos por flexão nos varões de pré-esforço.
Inferiormente, os varões de pré-esforço amarravam a duas peças metálicas ligadas a uma rótula
constituída por um veio metálico que atravessava a base principal de ensaio, especialmente
armada neste local.

640
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

Fig. III.26 - Dispositivo de aplicação das cargas verticais sobre os muretes

Com esta configuração de ensaio, para além das cargas verticais transmitidas pelos dois
cilindros, havia que considerar a massa dos lintéis, da viga metálica superior e de todos os
equipamentos acima desta, num valor total de 1020 kg, para os muretes de referência e da
solução I, fig. III.27, e de 1060 kg para os outros, correspondendo os cerca de 40 kg de
diferença ao material de regularização dos lintéis.

Fig. III.27 - Pesagem dos equipamentos do sistema de ensaio de compressão-corte situados


abaixo das células de carga “verticais”

As cargas horizontais eram transmitidas aos muretes através do actuador mecânico de


parafuso representado na fig. III.15(1), sob a forma de deslocamentos horizontais cuja amplitude
podia ser controlada através de equipamento próprio.
Na fig. III.28 representa-se a ligação entre o actuador e os lintéis dos muretes, através da peça
metálica referida anteriormente, confirmando-se a sua dupla função de parte integrante do
dispositivo de segurança, e de elemento de imposição de deslocamentos do sistema de ensaio.

641
Fig. III.28 - Ligação entre o actuador e os lintéis dos muretes, para aplicação das cargas
(deslocamentos) horizontais

O equipamento de leitura das forças verticais e horizontais aplicadas sobre os muretes era
constituído respectivamente por duas células de carga Microtest MT KCM/300, de 300 kN
(CC1 e CC2) e uma célula de carga da TML TCLP-20B, de ±200 kN (CC3), colocada no “braço”
articulado de ligação entre o actuador e a viga metálica solidarizada aos lintéis dos muretes,
figs. III.26 e III.29.

CC1 e CC2 CC3

Fig. III.29 - Células de carga, para medição das forças verticais (CC1 e CC2) e horizontais
(CC3) aplicadas nos ensaios de compressão-corte

vi) Montagem do dispositivo de leitura dos deslocamentos impostos aos muretes, constituído por
sete deflectómetros (transdutores de deslocamentos): três de leitura de deslocamentos horizontais
(D1, D2 e D7) e quatro para os deslocamentos verticais (D3 a D6). Seis dos sete deflectómetros
(D1 a D6) foram fixos a uma estrutura tubular metálica ligada (apoiada) à base dos muretes.

642
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

O sétimo transdutor (de fio) estava instalado sobre o actuador em dois pontos: um fixo e outro
móvel, medindo o avanço à velocidade pré-definida de 2000 r.p.m.
Os principais passos da montagem do dispositivo de leitura de deslocamentos durante a
realização dos ensaios foram os seguintes:

a) preparação e montagem duma estrutura metálica indeformável fixa às bases dos muretes
antes de cada ensaio, para posterior fixação dos deflectómetros. Esta estrutura era formada por
dois rectângulos com dimensões a eixos de 1,35m×0,95m (comprimento×altura), constituídos
por tubos metálicos soldados entre si, apoiados lateralmente em outros dois tubos metálicos
fixos às bases dos muretes por dois varões roscados M12, solidarizados com resina epoxídica
de secagem rápida.
Tendo em vista melhorar o travamento desta estrutura, os dois rectângulos eram ainda ligados
aos apoios através de quatro tubos inclinados, fig. III.30.

Fig. III.30 - Dispositivo para fixação dos deflectómetros às bases dos muretes, durante os ensaios

b) preparação dos elementos de ligação dos deflectómetros à estrutura rectangular indicada na


fig. III.30, constituídos por tubos metálicos fixos à estrutura rectangular por peças de aperto.
Os elementos de ligação permitiam movimentar cada transdutor para a posição pretendida.
Na figura III.31 mostra-se a fixação dos deflectómetros D1 a D6 à estrutura rectangular e o
deflectómetro D7 sobre o actuador, de acordo com a representação esquemática da fig. 5.153,
onde se indica a posição relativa da instrumentação do sistema de ensaio de compressão-
corte.

c) preparação das superfícies sobre as quais os deflectómetros efectuavam as leituras, fig. III.31.
No caso dos deflectómetros D1 a D4, estas superfícies eram placas de alumínio com área de
10 mm×10 mm e espessura de 10 mm, fixas directamente aos lintéis dos muretes, através de
suportes preparados para o efeito. No caso de D5 e D6, as leituras eram efectuadas sobre a

643
superfície da viga metálica superior (os trabalhos de regularização dos lintéis antes da
montagem dos ensaios, eliminavam eventuais folgas entre eles e a viga). O deflectómetro D7,
encontrava-se fixo ao actuador, existindo um fio ligado à extremidade móvel do actuador.

D1 D2 D3 D4

D5 D6 D7
Fig. III.31 – Localização dos deflectómetros utilizados no sistema de ensaio de “compressão-
corte”

vii) Os procedimentos indicados em seguida, já referidos a propósito do sistema de ensaio de


compressão axial foram também utilizados neste sistema, com adaptações pontuais:

- instrumentação de conectores metálicos transversais com extensómetros (murete M18)


para determinação das extensões ocorridas durante os ensaios;

- instrumentação de alguns muretes para medição da deformação transversal de um murete


de algumas séries de três, recorrendo ao método de leitura indirecta anteriormente referido
[112];

- os extensómetros, deflectómetros e células de carga eram ligados a caixas de ligação


intermédias, ligadas ao data logger que, ligado a um computador, recolhia os dados
obtidos durante os ensaios.

644
Anexo III – Sistemas de Ensaios Mecânicos Sobre os Muretes

Enquanto que no sistema de ensaio de compressão axial os muretes eram colocados na base
de ensaio sempre com o empilhador, no sistema de ensaio de compressão-corte era utilizada a
ponte rolante do Laboratório LabDEC, através de uma estrutura metálica preparada para o
efeito, como se representa na fig. III.32.

Fig. III.32 – Colocação dos muretes sobre a base de ensaio de compressão – corte

Nas figs. 5.4 a 5.6 (Capítulo V), representa-se o sistema de ensaio de compressão-corte.

Os dois sistemas de ensaios concebidos para este estudo permitiram efectuar todos os ensaios
de compressão axial e compressão-corte em adequadas condições de segurança.

645
Anexo IV
ENSAIOS DE PÓS-ROTURA
(VARIANTES DA SOLUÇÃO DE REFORÇO IIB)
648
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

1 – Introdução

Apresentam-se neste Anexo a descrição e os resultados dos ensaios de pós-rotura (PR) em


compressão axial e em compressão-corte dos muretes da solução de reforço IIB, constituída
por lâminas de micro-betão armadas com malha metálica e confinamento transversal, sem apoio
na base, conforme se descreve no ponto 4.2.2.
Os ensaios de pós-rotura foram realizados depois da conclusão dos correspondentes ensaios
de rotura, descritos no Capítulo V, sendo a sua apresentação feita nas secções seguintes pela
mesma ordem.
Após a identificação dos muretes, indicam-se as datas de realização dos ensaios.

2 – Ensaios de compressão axial

Dos nove muretes da solução de reforço IIB sujeitos a ensaios de compressão axial (M53,
M51, M42, M30 – pregagens/1 face; M22, M33 – pregagens/2 faces e M26, M52 e M54 –
conectores), sete foram sujeitos a ensaios de pós-rotura (M53, M51, M42, M30, M33, M26 e
M52), com o objectivo de avaliar a resistência residual após a rotura.

2.1 – Solução IIB1 - pregagens (uma face)

- Murete M53 (26/8/2004)

O ensaio de pós-rotura sobre o murete M53 iniciou-se depois do reposicionamento dos


deflectómetros e limpeza da área de ensaio, tendo-se observado a continuação da
desagregação da alvenaria e a rotação da viga metálica superior no sentido oposto à lâmina de
micro-betão, fig. IV.1, na sequência do já observado na fase anterior deste ensaio.
A continuação da aplicação da carga, levou à crescente deformação do murete e à fendilhação
da lâmina de micro-betão, com a formação de uma fenda horizontal sensivelmente na união
dos quadrantes superior e inferior esquerdos, que depois se dividiu em duas fendas paralelas,
com aberturas de cerca de metade da fenda única.
O murete apresentou um comportamento frágil, tendo ficado totalmente destruído no final do
ensaio. Por este motivo, foi retirado da base de ensaio em duas partes: a alvenaria, que ficou
sobre a base de apoio e a que ficou aderente à face inferior do lintel e à metade superior da
lâmina de micro-betão.

649
Fig. IV.1 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M53

Como se observa na fig. IV.1, no final do ensaio de pós-rotura, o murete estava praticamente
dividido em dois blocos em forma de cunha, estando o bloco (triângulo) superior da alvenaria
solidarizado à lâmina de micro-betão. O estado de desagregação do murete deveu-se ao facto
de se ter criado um volume de alvenaria, entre as extremidades das pregagens e a lâmina de
micro-betão que se manteve praticamente integra.
Admite-se que o facto de a alvenaria estar “livre” na face oposta à lâmina de micro-betão, fez
com que a sua deformação passasse essencialmente pelo desprendimento das pedras situadas
entre o final das extremidades das pregagens e a face livre do murete, poupando a outra
metade do murete, confinada pelas pregagens, ao efeito da desagregação.
Na fig. IV.2 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio e na fig. IV.3 o
diagrama força-deslocamento, com indicação do deslocamento correspondente à força máxima.
O diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio está representado na fig. 5.63.

400
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

300

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. IV.2 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de pós-rotura em compressão


axial sobre o murete M53
650
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

400

Força vertical [kN]


300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0,0
δv1 = 7,5 mm δv4 = 8,4 mm
-2,5

δv2 = 1,7 mm δv3 = 2,4 mm


-5,0

-7,5 Deslocamento médio = 5,0 mm

-10,0

Fig. IV.3 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de pós-rotura em compressão axial sobre o murete M53

Na fig. IV.4 representa-se o aspecto final do murete, vendo-se que a lâmina de micro-betão,
apesar de fendilhada, manteve a configuração, uma vez que estava armada. No entanto, quer a
pregagem central quer as duas inferiores destacaram-se por completo da metade da alvenaria
do murete que ficou sobre a sua base de apoio.
Esta situação pode ser explicada pelo efeito conjunto de dois factores: (i) a deformação por
encurvadura lateral da lâmina de micro-betão, que tem como consequência o surgimento de
forças nas pregagens e (ii) a desagregação crescente da alvenaria, levando a que as pregagens
se “soltem” com alguma facilidade do interior da alvenaria, de forma a libertarem as forças a
que estão sujeitas.
Este fenómeno poderá ser contrariado se as pregagens (seladas com calda) atravessarem uma
ou mais pedras, no interior da alvenaria, uma vez que nesse caso a pregagem passa a ser mais
eficiente.
A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M53 foi R53(PR) = 144,4 kN.

651
Fig. IV.4 - Aspecto global do murete M53 após o ensaio de compressão axial (pós-rotura)

Na fig. IV.5 mostra-se um pouco mais em pormenor o aspecto do murete M53 no final do
ensaio e a forma como este foi retirado da base de ensaio.
As duas pregagens inferiores alteraram a sua inclinação inicial (30º) devido ao movimento
descendente da lâmina de micro-betão. Já a pregagem central manteve a inclinação,
evidenciando o menor esforço a que esteve sujeita, pois enquanto as pregagens inferiores
tiveram um movimento “composto” para baixo e para fora da alvenaria, fruto da sua maior
desagregação junto à base do murete, a pregagem central teve essencialmente um movimento
descendente, que em grande parte acompanhou a própria alvenaria; ou seja: esta pregagem
praticamente não foi solicitada, pois quando se começou a afastar da alvenaria esta já estava
desagregada.

652
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Por razões de segurança, a lâmina de micro-betão foi separada em duas “metades”,


aproveitando-se a fenda existente para facilitar a operação. Esta situação permitiu verificar
que a chapa de ancoragem estava solta e sem aderência à lâmina de micro-betão.

Fig. IV.5 - Aspecto do murete M53 (e das pregagens), no final do ensaio de pós-rotura

Na fig. IV.6 mostra-se o aspecto da “cavidade” preenchida pela chapa de ancoragem da


pregagem central.

1 – vista da “metade” superior da lâmina de micro-betão aderente ao lintel; 2 – vista interior do pormenor A da imagem 1

Fig. IV.6 - Aspecto final do micro-betão armado na zona fendilhada, junto à chapa de ancoragem
central do murete M53, após o ensaio de pós-rotura

- Murete M51 (1/9/2004)

O ensaio de pós-rotura iniciou-se após se reposicionar os quatro deflectómetros e reiniciar


todos os instrumentos de medida, fig. IV.7.

653
Fig. IV.7 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M51

Com a progressão do ensaio, verificou-se a continuação da desagregação do murete, traduzida


por uma abertura cada vez maior da fenda vertical da alvenaria, bem como a sua separação da
lâmina de micro-betão, na metade inferior desta, embora a fendilhação da lâmina de micro-
betão se mantivesse estável. Assistiu-se também a uma inclinação cada vez maior da viga
metálica superior, no sentido Sul-Norte, denunciando um incremento na degradação do lado
Norte do murete, relativamente ao lado Sul.
Na fig. IV.8 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio de pós-rotura e, na
fig. IV.9, o diagrama força-deslocamento do ensaio de pós-rotura, com indicação do
deslocamento correspondente à força máxima.
O diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio está representado na fig. 5.69.

400
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

300

200

100

0
250 300 350 400 450 500

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G Deslocamentos x10

Fig. IV.8 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de pós-rotura em compressão


axial sobre o murete M51

654
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

400

Força vertical [kN]


300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0,0

δv1 = 8,4 mm δv4 = 3,3 mm


-2,5

-5,0
δv2 = 5,6 mm δv3 = 5,7 mm

-7,5 Deslocamento médio = 5,8 mm


-10,0

Fig. IV.9 - Diagrama força - deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de pós-rotura em compressão axial sobre o murete M51

No final do ensaio, o murete estava claramente dividido em dois corpos aproximadamente


triangulares, fig. IV.10: um apoiado sobre a base e outro aderente à lâmina de micro-betão,
cujo maior volume de alvenaria se localizava no terço superior, onde possuía a quase
totalidade da espessura do murete.
Entre estes dois corpos triangulares, existia uma grande fenda inclinada (irregular), desde a
aresta posterior (Nascente) do lintel até à aresta frontal (Poente) da base do murete, ao longo
da qual os dois corpos tinham deslizado. Esta fenda inclinada formou-se pela queda das
pedras do lado posterior da fenda vertical e pelo movimento descendente da lâmina de micro-
betão que, entretanto, perdera a alvenaria agregada pela pregagem no quadrante inferior
esquerdo.
Na fig. IV.10 é ainda possível observar-se a fractura da base de apoio do murete, no lado Sul,
que acompanhou o movimento da lâmina de micro-betão. Esta situação, detectada no final da
primeira fase do ensaio, resultou do deficiente calçamento do murete durante a preparação do
ensaio, uma vez que este apresentava um pequeno desvio de verticalidade.

655
A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M51 foi R51(PR) = 35,3 kN.

Fig. IV.10 - Aspecto global do murete M51, no final do ensaio de pós-rotura

Na fig. IV.11 representa-se em pormenor o aspecto final das pregagens do murete M51, onde
se verifica que a pregagem do quadrante inferior esquerdo (pregagem nº 4, fig 4.6) se
desprendeu por completo da alvenaria, devido à sua desagregação. As restantes quatro
pregagens continuaram a “agregar” a alvenaria, mesmo após a remoção da lâmina de micro-
betão.
À medida que se sobe na lâmina de micro-betão, aumenta o volume de alvenaria “agregada” à
mesma.

656
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Fig. IV.11 - Aspecto do micro-betão armado do murete M51 e das pregagens, no final do
ensaio de pós-rotura

- Murete M42 (7/9/2004)

O ensaio de pós-rotura iniciou-se após o reposicionamento dos quatro deflectómetros e o


reinício de todos os instrumentos de medida, fig. IV.12.
No decurso do ensaio, para além da abertura progressiva das fendas já existentes, surgiu uma
outra na face da alvenaria livre de micro-betão, entre a zona da pregagem central e o canto
superior esquerdo do murete. Na zona de encontro entre esta nova fenda e a fenda diagonal já
existente, sensivelmente ao centro do murete, desenvolveu-se uma fenda vertical até cerca de
um quarto da altura.
657
Antes da conclusão do ensaio, a alvenaria apresentava uma grande fenda em forma de “Y”,
dividindo o murete em vários corpos.
A lâmina de micro-betão que começou a fendilhar a meia altura, separou-se em duas metades.
Tal deveu-se a uma segunda fenda que se desenvolveu no alinhamento dos dois varões
metálicos de segurança contra a queda do lintel, que também abriu até se separar da camada
de micro-betão.

Fig. IV.12 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M42

Na fig. IV.13 apresenta-se a história de carga e deslocamentos do ensaio de pós-rotura, e na


fig. IV.14 o diagrama força-deslocamento, com indicação do deslocamento correspondente à
força máxima.
O diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio está representado na fig. 5.75.

400
Carga vertical [kN] - Deslocam entos [m m ]

300

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. IV.13 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de pós-rotura em compressão


axial sobre o murete M42

658
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

400

Força vertical [kN]


300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento [mm]

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0,0
δv1 = 2,7 mm δv4 = 1,1 mm

δv2 = 5,0 mm δv3 = 2,9 mm


-2,5

Deslocamento médio = 2,9 mm


-5,0

Fig. IV.14 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de compressão axial (pós-rotura) sobre o murete M42

Durante a remoção do murete da base de ensaio pode ver-se uma pedra fixa à metade inferior
da lâmina de micro-betão por um varão roscado utilizado como pregagem (envolvido por
calda de cimento), que atravessava a pedra. Na fig. IV.15 representa-se o aspecto do murete
M42 após as duas fases do ensaio de compressão axial.
A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M42 foi R42(PR) = 121,8 kN.

Fig. IV.15 - Aspecto global do murete M42 após o ensaio de compressão axial (pós-rotura) 1)
_______________
1)
Como referido no capítulo V, as imagens que se encontram emolduradas foram obtidas
após o final dos ensaios.
659
Parte da fundamentação do comportamento desta variante de reforço da solução IIB passa
pelo facto de um varão com 12 mm de diâmetro (neste caso) poder mobilizar um volume de
alvenaria adjacente muito superior, mercê deste atravessar pedras da alvenaria.
De facto, no caso do murete M42, mesmo tendo sido sujeita a esforço de arrancamento
semelhante, a pregagem inferior direita (nº 5, fig. 4.6) manteve-se aderente a uma pedra ao
longo de todo o seu comprimento. Houve perda de alvenaria, realmente, mas tal resultou da
desagregação total a que esta foi sujeita na metade inferior do murete, nomeadamente junto à
lâmina de micro-betão, o que não aconteceu na metade superior da alvenaria, que ficou
aderente ao reforço, mesmo após a separação em duas metades.
Na fig. IV.16 é visível a deformação sofrida pelo varão da pregagem nº 4 (fig. 4.6), durante o
ensaio, cuja resistência ao corte contribuiu também para a resistência do murete à carga
vertical.

Fig. IV.16 - Aspecto final da lâmina de micro-betão e das pregagens do murete M42, após o
ensaio de pós-rotura

O micro-betão aderiu bem às pedras, mas não aderiu à argamassa de assentamento. Nalguns
ensaios, existiam partes de pedras aderentes à face interior do micro-betão, o que implicou a
fractura superficial destas.

660
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

- Murete M30 (15/9/2004)

O ensaio de pós-rotura iniciou-se depois de se proceder ao reposicionamento dos quatro


deflectómetros e ao reinício dos instrumentos de medida, fig. IV.17.

Fig. IV.17 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M30

No decurso do ensaio, assistiu-se à desagregação progressiva da alvenaria, nomeadamente a


localizada na metade superior do murete, mas na “meia espessura” oposta ao reforço, num
mecanismo que consistia na formação de duas cunhas de alvenaria: (i) uma aderente à lâmina
de micro-betão, com cerca de 40 cm de espessura junto ao lintel, diminuindo até desaparecer,
a meia altura da lâmina, onde deixavam de haver pedras aderentes, havendo daí para baixo
apenas uma fina lâmina de argamassa de assentamento da alvenaria; (ii) outra constituída pela
alvenaria que ficava sobre a base de apoio do murete, com igual espessura (40 cm).
Entre estas duas cunhas, que “deslizavam” uma sobre a outra durante o ensaio, a alvenaria
estava completamente desagregada, resumindo-se a pedras soltas. Simultaneamente, a lâmina
de micro-betão desenvolveu uma fenda horizontal próxima da pregagem central, que a
separou em duas metades, apenas ligadas pela armadura metálica.

Na fig. IV.18 representa-se a história de carga, deslocamentos verticais e deformação


transversal do ensaio do murete M30. Para o traçado do diagrama de deformação transversal
do murete M30 (pós-rotura) ao longo do tempo, figs. IV.18 e IV.19, teve-se em conta a
deformação “residual” no final do ensaio de rotura.
O diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio está representado na fig. 5.83.

661
[ /oo]
400

o
Carga vertical [kN] - Desl. Vertical [mm] - Def. transversal
300

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo [seg]
CC1 CC2
CC3 CC4
CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Desloc. vertical (x10)
Def. transversal

Fig. IV.18 - História de carga, deslocamentos verticais e deformação transversal do ensaio de


pós-rotura em compressão axial do murete M30

4,0
Def. transversal [%]

3,0

2,0

1,0

0,0
0 200 400 600 800 1000 1200
-1,0
T empo [seg]

Face poente Face nascente T otal

Fig. IV.19 - História de deformação transversal (parcelar e total) do ensaio de pós rotura
compressão axial do murete M30

No final do ensaio, o murete ficou totalmente destruído, restando apenas cerca de um quarto
da alvenaria sobre a base do murete e a lâmina de micro-betão fendilhada a meia altura, cujas
duas metades se mantinham unidas pela armadura.
À lâmina de micro-betão estava aderente uma “cunha” de alvenaria, com espessura máxima
junto ao lintel e sem alvenaria junto à fenda horizontal, a meia altura.
Nas figs. IV.20 e IV.21 representa-se, respectivamente, o diagrama força-deslocamento do
ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M30, com indicação do deslocamento
correspondente à força máxima, e o aspecto do murete no final do ensaio.

662
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

400

Força vertical [Kn]


300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

Deslocamento [mm]

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial


Deslocamento [mm]

0,0
δv1 = 3,4 mm δv4 = 1,2 mm
-2,5

δv2 = 8,5 mm δv3 = 5,6 mm


-5,0

-7,5
Deslocamento médio = 4,7 mm

-10,0

Fig. IV.20 - Diagrama força-deslocamento e deslocamentos correspondentes à força máxima do


ensaio de pós-rotura em compressão axial sobre o murete M30

Fig. IV.21 - Aspecto global do murete M30 após o ensaio de compressão axial (pós-rotura)
663
Na fig. IV.22, representa-se o aspecto final da lâmina de micro-betão armado e das pregagens
do murete M30, depois do ensaio de pós-rotura.
As pregagens dificilmente garantem a coesão da alvenaria em caso de rotura, uma vez que
confinam e agregam a alvenaria entre elas, mas não ligam essa alvenaria à alvenaria
adjacente. A ligação entre esses dois “volumes” de alvenaria continua a depender da
capacidade de ligação da argamassa de assentamento, tal como em toda a alvenaria onde as
pregagens não existem.
A coesão interna do material, e por conseguinte, a ligação entre os “volumes” de alvenaria,
poderá ser melhorada se se utilizarem caldas de injecção que melhorem a ligação entre as
pedras, o que requer condições especiais de aplicação, para garantir o desejado aumento de
coesão interna, sobretudo na necessidade da calda poder percolar e preencher os espaços
vazios existentes.
A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M30 foi R30(PR) = 187,9 kN.

Fig. IV.22 - Aspecto da lâmina de micro-betão do murete M30 (e das pregagens), no final do
ensaio de compressão axial (pós-rotura)

Na fig. IV.23 representa-se o diagrama força vertical - deformação transversal do ensaio de


compressão axial (pós-rotura) do murete M30.

664
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

400

Força vertical [kN]


300

200

100

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0

εv [o /oo]

Def. transversal (Pós-rotura)

Fig. IV.23 - Diagramas conjuntos força vertical-deformação transversal do ensaio de pós-rotura


em compressão axial do murete M30

2.2 – Solução IIB2 - pregagens (duas faces)

- Murete M33 (16/7/2004)

O ensaio de pós-rotura do o murete M33, fig. IV.24, foi iniciado depois de se reposicionar e
zerar os deflectómetros, devido à movimentação da viga metálica superior.
Em síntese, a resposta do murete consistiu na continuação das deformações até aí verificadas,
com incremento crescente do efeito de saia, em que as duas lâminas de micro-betão se
afastavam progressivamente da base do murete, continuando, no entanto, fixas junto ao lintel
pelo efeito conjugado das duas pregagens superiores e do atrito na interface de ligação do
lintel à alvenaria.
Durante esta fase do ensaio assistiu-se à abertura progressiva das fendas do micro-betão
originadas na fase anterior, bem como à perda de muito material pelas faces laterais (Norte e
Sul) do murete.
No final, foi evidente a perda de coesão da alvenaria que restou entre as lâminas de micro-
betão e o importante contributo que estas tiveram na manutenção da integridade física do
murete.
O murete apresentava uma deformação com encurvadura lateral, tendo o lintel uma grande
inclinação no sentido Nascente-Poente (fig. IV.27).

665
Fig. IV.24 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M33

A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M33 nesta fase do ensaio foi de
R33(PR) = 212,2 kN.

Na fig. IV.25 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio de pós-rotura e


na fig. IV.26 o diagrama força-deslocamento.
O diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio está representado na fig. 5.95.

250
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

200

150

100

50

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

T empo (seg)

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. IV.25 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de pós-rotura em compressão


axial sobre o murete M33

666
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Força vertical (kN)


500

400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. IV.26 - Diagrama força-deslocamento do ensaio de pós-rotura em compressão axial sobre o


murete M33

No final do ensaio o murete apresentava-se muito danificado, com grande deformação axial,
perda de alvenaria pelas faces laterais e as lâminas de micro-betão fendilhadas.
A contribuição do reforço para a resistência total era diminuta, porque as pregagens
(sobretudo as inferiores) tinham perdido por completo a ligação à alvenaria, fig. IV.27.

As manchas visíveis na penúltima imagem inferior correspondem à realização do ensaio de determinação da


profundidade de carbonatação
Fig. IV.27 - Aspecto global do murete M33 após o ensaio de compressão axial (pós-rotura)

667
2.3 – Solução IIB3 - conectores inteiros

- Murete M26 (17/8/2004)

O ensaio de pós-rotura do murete M26 iniciou-se logo após a reposição dos deflectómetros
sobre a viga metálica superior. Durante o ensaio assistiu-se, essencialmente, ao aumento das
deformações do murete para o mesmo nível de carga, e à continuação do afastamento das
lâminas de micro-betão relativamente à alvenaria, iniciadas na fase anterior do ensaio.
Originaram-se diversas fendas horizontais de flexão nas lâminas de micro-betão: uma fenda
na lâmina Nascente, visível em toda a sua largura (0,80 m), e duas na face Poente, resultantes
da curvatura longitudinal do murete (fig. IV.31). A localização e a distribuição das fendas nas
lâminas de micro-betão estão directamente relacionadas com o efeito dos conectores
transversais, que obrigaram o micro-betão a acompanhar a deformação da alvenaria do murete
que, por sua vez, influenciou decisivamente a deformada das lâminas de micro-betão.
Na fase final do ensaio, o murete, embora se apresentasse globalmente “íntegro”, possuía uma
capacidade resistente muito reduzida.
Este murete (M26) apresentou um nível de degradação inferior ao do murete M33 (solução
IIB2 – pregagens duas faces).

Fig. IV.28 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M26

Em relação às deformações do micro-betão nas zonas das chapas de ancoragem do murete


M26, estas aumentaram de cima para baixo, sendo maiores no murete M26 do que no M33,
denotando a maior solicitação a que foram sujeitas, fig. IV.31.
A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M26 foi de R26(PR) = 381,2 kN.

668
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Na fig. IV.29 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio de pós-rotura e,


na fig. IV.30, o diagrama força-deslocamento. Na tabela IV.1 indica-se as distâncias entre as
lâminas de micro-betão e a base de ensaio (fig. 5.57, Capítulo V), antes e após a realização do
ensaio, bem como as distâncias totais antes e após a realização dos dois ensaios.
O diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio está representado na fig. 5.101.

500
Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]

400

300

200

100

0
200 400 600 800 1000 1200

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. IV.29 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de pós-rotura em compressão


axial sobre o murete M26

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Deslocament o (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. IV.30 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de pós-rotura em compressão axial sobre o
murete M26

Tabela IV.1 - Abaixamento das lâminas de micro-betão durante os ensaios do murete M26
Distância a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do ensaio de rotura 10,3 10,4 10,0 10,3
Após o ensaio de rotura 8,4 8,7 7,9 8,1
Após o ensaio de pós-rotura 6,8 7,0 6,0 6,5
Após o ensaio de pós-rotura 1,6 1,7 1,9 1,6
Abaixamento
Total 3,5 3,4 4,0 3.8

669
Na fig. IV.31 representa-se o aspecto do murete e das extremidades dos conectores depois do
ensaio de pós-rotura, podendo-se observar que, no caso no conector nº5 (inferior Sul, fig. 4.6),
a extremidade situada na lâmina frontal (Poente) foi totalmente “coberta” pela 2ª camada do
micro-betão, implicando a danificação localizada do micro-betão nesta zona e a separação
entre as duas camadas. No caso do conector nº 4 (inferior Norte), nota-se também o efeito de
separação entre as duas camadas do micro-betão, embora menos acentuado.
As extremidades mais salientes dos varões dos conectores nºs. 4’ e 5’ do lado Nascente
limitaram os efeitos referidos para as extremidades opostas (nºs. 4 e 5), ao impediram o
movimento da segunda camada da lâmina de micro-betão.

Fig. IV.31 - Aspecto do murete M26 e das extremidades dos conectores após o ensaio de
compressão axial (pós-rotura)

Note-se que, em todos os conectores desta solução de reforço, só uma das extremidades foi
cortada relativamente ao seu comprimento inicial 2), pois o aperto incidia apenas sobre essa
extremidade, por se desconhecer a sua influência no desenvolvimento do ensaio. Doutra
forma, teriam sido cortadas as duas extremidades dos varões.
_______________
2)
No alçado Poente, de acordo com a disposição dos muretes representada na fig. 4.19.

670
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Esta situação foi observada devido ao facto de se ter deixado a descoberto as extremidades
dos conectores. Se tivessem ficado embebidas (na segunda camada de micro-betão), não seria
perceptível, sendo de aceitar que também não fosse evidente.
Junto à extremidade 5 verificou-se o movimento diferencial (local) entre as duas camadas de
micro-betão, vendo-se que a segunda camada se movimentou no sentido descendente em
relação à primeira, ao mesmo tempo que se afastou dela. Este fenómeno deu-se com
degradação profunda do micro-betão nas zonas das chapas de ancoragem que, por estarem
sobre a rede metálica minimizaram, apesar de tudo, os danos. Neste sentido, a separação das
duas camadas de micro-betão não terá ocorrido em zona corrente.

- Murete M52 (19/8/2004)

O ensaio de pós-rotura iniciou-se após o reposicionamento dos deflectómetros, fig. IV.32,


tendo-se observado a continuação do afastamento das lâminas de micro-betão e o seu
abaixamento em relação à alvenaria. Este mecanismo levou à “expulsão” progressiva da
alvenaria para o exterior do murete, bem visível na fig. IV.32, e à contínua desagregação e
perda de coesão das pedras em relação à argamassa, uma vez que, em alguns casos, aquelas se
encontravam praticamente soltas, embora permanecendo no lugar.
A força máxima (pós-rotura) aplicada sobre o murete M52 foi de R52(PR) = 388,8 kN.

Fig. IV.32 - Ensaio de compressão axial (pós-rotura) do murete M52

Na fig. IV.33 representa-se a história de carga e de deslocamentos do ensaio de pós-rotura, e


na fig. IV.34, o diagrama força-deslocamento.
Na fig. 5.107 representa-se o diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio.

671
500

Carga vertical [kN] - Deslocamentos [mm]


400

300

200

100

0
400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300

T empo [seg]

CC1 CC2 CC3 CC4 CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Deslocamentos x10

Fig. IV.33 - História de carga e deslocamentos verticais do ensaio de pós-rotura em compressão


axial sobre o murete M52

500
Força vertical (kN)

400

300

200

100

0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

Deslocamento (mm)

CC1+CC2+CC3+CC4+V+L+G+P Correcção inicial

Fig. IV.34 - Diagrama força - deslocamento do ensaio de pós-rotura em compressão axial sobre
o murete M52

Na metade superior do murete, a alvenaria foi expulsa pelas faces laterais no plano do murete,
e na metade inferior no sentido perpendicular àquele plano. Como se nota na fig. IV.35, o
murete M52 apresentava no final do ensaio de pós-rotura uma geometria próxima da inicial,
embora fosse evidente a degradação causada, tanto na alvenaria como nas lâminas de micro-
betão.
Na tabela IV.2 registam-se as distâncias entre as lâminas de reforço e a base de ensaio antes e
após a realização dos dois ensaios, que confirmam uma maior simetria da deformada do
murete M52 em relação ao murete M26 (ambos depois dos ensaios de pós-rotura).

672
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Fig. IV.35 - Aspecto do murete M52 e das extremidades dos conectores após o ensaio de
compressão axial (pós-rotura)

Tabela IV.2 - Abaixamento das lâminas de micro-betão durante os ensaios do murete M52
Distância a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do ensaio de rotura 10,3 10,2 10,1 10,0
Após o ensaio de rotura 7,4 7,3 7,7 7,7
Após o ensaio de pós-rotura 6,8 6,5 6,7 7,7
Após o ensaio de pós-rotura 0,6 0,8 1,0 0,0
Abaixamento
Total 3,5 3,7 3,4 2,3

3 – Ensaios de compressão-corte

Neste caso, dos três muretes da solução de reforço IIB3 sujeitos a ensaios de compressão-corte
(M15, M16 e M18) foi realizado um ensaio de pós-rotura sobre o murete M16.

- Murete M16 (27/7/2004) - Ensaio cíclico

Este ensaio de pós-rotura foi precedido das seguintes actividades: (i) reajuste e colocação a
zero dos 7 deflectómetros; (ii) recuo do actuador até à posição de carga horizontal nula, uma
vez que o ensaio tinha terminado no início do 12º ciclo e (iii) descarga (lenta) das cargas
verticais aplicadas nos varões de pré-esforço. Em seguida, o ensaio foi reiniciado com a
aplicação do primeiro patamar de carga vertical de 111,2 kN, durante a qual se notou alguma
673
perturbação da célula de carga horizontal CC3 em resultado da rotação do lintel, na “procura” da
posição que tinha antes da descarga vertical. Embora no ensaio de pós-rotura não se tenha
verificado o levantamento da base do murete na extremidade Norte, em relação à base de ensaio,
efectuaram-se os incrementos da carga vertical em 50 kN (para comparação de resultados), sempre
que a resistência do murete ao avanço do actuador deixava de se fazer sentir. Estes aumentos
de carga vertical eram efectuados com o actuador na posição de carga horizontal nula.
Foram aplicados os seguintes binómios de carga (FV/FH): 111,2 kN / 40,1 kN; 162,3 kN / 53,1 kN;
212,1 kN / 62,4 kN e 263,9 kN / 71,6 kN. Na parte final do ensaio, o murete apresentava uma
inclinação tal, no sentido Poente-Nascente (note-se que o ensaio de pós-rotura já se tinha
iniciado com o murete inclinado, como se verifica na tabela 5.22), que obrigou à subida do
deflectómetro D4 em 20 mm, cerca de 43 minutos após o reinicio do ensaio.
O actuador era parado logo que a resistência ao seu avanço começava a diminuir, regressando
em seguida à posição de carga horizontal nula. Tal resultava da necessidade de se aumentar a
carga vertical, para se reiniciar a imposição do deslocamento horizontal. Com o aumento da
carga vertical, a alvenaria do murete mobilizava então um acréscimo de resistência à carga
horizontal, que permitia avançar um pouco mais com o actuador (desde a posição de carga
horizontal nula), e assim sucessivamente até se parar definitivamente o ensaio devido à exagerada
inclinação do murete, no sentido Poente-Nascente, no binómio de carga (FV/FH) 314,0 kN / 71,5 kN,
correspondente ao 5º ciclo de movimentos horizontais. Estas forças definem a resultante
“inclinada” do murete M16, no ensaio de compressão-corte (pós-rotura), de R16(PR) = 322,0 kN.
Na fig. IV.36 incluem-se imagens do ensaio de compressão-corte (pós-rotura) de M16.

Fig. IV.36 - Ensaio de compressão-corte (pós-rotura) sobre o murete M16 (vista Sul)

Nas figs. IV.37 a IV.39 apresentam-se, respectivamente, a história de carga e deslocamentos do


ensaio, os diagramas força-deslocamento e os diagramas conjuntos força horizontal-deslocamento
horizontal (com indicação das forças e deslocamentos máximos em cada ciclo de deslocamentos).
Na fig. 5.188 representa-se o diagrama força-deslocamento com as duas fases do ensaio.
674
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB
400

Deslocamentos [mm]
350

300

250

200

-
Carga [kN] 150

100

50

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
-50

T empo [seg]

CC1 CC2 CC1+CC2+CPE


CC3 [(D3+D4)/2]x10 (D1+D2)/2

Fig. IV.37 - História de carga do ensaio de pós-rotura em compressão-corte sobre o murete M16

80 80
Força horizontal (CC3) [kN]

Força horizontal (CC3) [kN]

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 1º ciclo=111,2 kN Carga vertical média: 2º ciclo=162,2 kN

1º ciclo 2º ciclo
80 80
Força horizontal (CC3) [kN]
Força horizontal (CC3) [kN]

60 60

40 40

20 20

0 0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm] Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal Carga horizontal

Carga vertical média: 3º ciclo=212,1 kN Carga vertical média: 4º ciclo=263,9 kN

3º ciclo 4º ciclo
80
Força horizontal (CC3) [kN]

60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

Carga horizontal

Carga vertical média: 5º ciclo=314,0 kN

5º ciclo
Fig. IV.38 - Diagramas força horizontal - deslocamento horizontal (ciclos 1 a 5) do ensaio de
pós-rotura em compressão-corte do murete M16
675
80

Força horizontal (CC3) [kN]


60

40

20

0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Deslocamento horizontal (D1+D2)/2 [mm]

1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 4º ciclo 5º ciclo

Ciclo de deslocamentos Força vertical Força horizontal Resultante da biela


horizontais média [kN] máxima [kN] de compressão [kN]
1º 111,2 40,1 118,2
2º 162,2 53,1 170,8
3º 212,1 62,4 221,1
4º 263,9 71,6 273,4
5º 314,0 71,5 322,0

Fig. IV.39 - Diagramas conjuntos força horizontal - deslocamento horizontal do ensaio de pós
rotura em compressão-corte do murete M16

Na tabela IV.3 indicam-se as distâncias entre as lâminas de micro-betão e a base de ensaio,


antes e após a realização do ensaio de pós-carga sobre o murete M16 e, na tabela IV.4, as
distâncias totais antes e após a realização dos dois ensaios (fig. 5.179).

Tabela IV.3 - Distâncias entre as lâminas de micro-betão do murete M16 e a base de ensaio,
antes e após a realização do ensaio de pós-rotura
Lâmina de micro-betão
Distância à base de ensaio Poente Nascente
a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do ensaio de pós-rotura 10,7 9,5 8,7 10,5
No final do ensaio de pós-rotura 10,9 9,0 8,1 10,5
na extremidade -0,2 0,5 0,6 0
Abaixamento
médio 0,2 0,3

Tabela IV.4 - Abaixamento total das lâminas de micro-betão nos ensaios de rotura e pós-
rotura do murete M16
Lâmina de micro-betão
Distância à base de ensaio Poente Nascente
a [cm] b [cm] b’ [cm] a’ [cm]
Antes do (1º) ensaio 10,5 10,8 10,8 10,5
No final do ensaio de pós-rotura 10,9 9,0 8,1 10,5
na extremidade -0,4 1,8 2,7 0
Abaixamento
médio 0,7 1,4

676
Anexo IV – Ensaios de Pós-rotura dos Muretes das Variantes da Solução de Reforço IIB

Os valores apresentados na tabela IV.5 evidenciam o maior abaixamento da lâmina de micro-


betão Nascente, donde resultou a grande inclinação final do murete M16.

Na fig. IV.40 representa-se o aspecto do murete M16 no final do ensaio de pós-rotura,


verificando-se que o seu estado geral de degradação aumentou em relação ao anterior,
realçando-se: (i) a inclinação da viga metálica superior, no sentido do deslocamento
horizontal (Norte-Sul); (ii) a inclinação das lâminas de micro-betão bem como o seu o
afastamento em relação à alvenaria, na extremidade Sul do murete e (iii) o desvio de direcção
do braço da célula de carga horizontal, devido à inclinação do murete para o lado Nascente.

Fig. IV.40 - Aspecto do murete M16, após o ensaio de compressão-corte (pós-rotura)

O carregamento vertical aplicado sobre o murete M16 no ensaio de pós-rotura, antes do início
do funcionamento do actuador, interferiu no valor da carga horizontal, aumentando-a
relativamente ao valor nulo com que tinha terminado o último (11º) ciclo do ensaio de rotura
(figs. 5.183 e 5.185). Esta situação, que não se verificou no início do ensaio (rotura) deveu-se
ao facto do carregamento vertical conduzir o murete à deformada com que tinha terminado o
11º ciclo de carregamento horizontal, e foi agravada pelo facto de a reposição da carga
horizontal nula neste ciclo corresponder a um deslocamento horizontal de 24,4 mm.

677
Os ensaios de pós-rotura realizados sobre os muretes desta solução de reforço forneceram
resultados importantes, não em termos das resistências mecânicas obtidas, uma vez que os
ensaios de rotura não obedeceram a um critério de paragem semelhante, mas no que se refere
às diferenças de comportamento mecânico entre as pregagens (numa e em duas faces) e os
conectores, num estado adiantado de destruição dos muretes.
Com efeito, foi possível verificar que as pregagens apresentam uma eficiência muito
dependente do estado de (des)agregação da alvenaria, o qual por sua vez resulta dos níveis de
carga aplicados e da forma como as pregagens confinam a mesma alvenaria.
Por outro lado, os conectores, ao promoverem um confinamento transversal com elementos
metálicos contínuos não dependem tanto do estado da alvenaria para o seu funcionamento, o
que se faz notar nos maiores níveis de degradação das lâminas de reforço junto às chapas de
ancoragem.
De um modo geral, pode dizer-se também que o comportamento dos muretes nos ensaios de
pós-rotura foi influenciado pelos níveis de degradação estrutural com que terminaram os
ensaios de rotura, mas no essencial, e de acordo com os diagramas conjuntos força-
deslocamento apresentados no Capítulo V os ensaios de pós rotura funcionaram como ensaios
de recarga, correspondendo os respectivos diagramas força-deslocamento ao prolongamento
dos diagramas dos ensaios de rotura, se os mesmos não tivessem sido interrompidos.
Pode dizer-se ainda que as forças máximas registadas nos ensaios de pós-rotura em compressão
axial foram, de um modo geral, inferiores às forças existentes antes das descargas, revelando
incapacidade de recuperação dos danos sofridos nos ensaios de rotura. Além disso, verifica-se
uma perda de rigidez nos ensaios de pós-rotura, principalmente nos ensaios dos muretes M33,
M26 e M52, que traduz o aumento das deformações para iguais níveis de carga, relativamente
aos ensaios de rotura.

678
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