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Amor sem prólogo

Com ar de surpresa e um leve sorriso no canto dos lábios, me indagou:

- Opa, por que disso agora?

- Desculpa, eu lhe ser assim do nada, acho que, o ato em mim é extravaso, transbordamento; e
o teu olhar... hum... a gota que me transborda. Te vejo e sinto algo tão bom que, ao nos
aproximar, quase involuntariamente, meus braços se põe a te abraçar.

- Hum, adorei... acho que as coisas mais legais são assim... espontâneas, intensas e sinceras...
sabe, quando os sentimentos se expressam primeiramente em ato, sem aquelas demagógicas
palavras que em geral se precipitam da boca dos medíocres, como prefácio da clássica novela
social: "a sagrada falsidade que nos une".

- Verdade, a dissimulação e a complacência, infelizmente, são práticas tão comuns nas


sociedades de consumo, que a falsidade hoje se tornou algo quase imprescindível nas relações
gregárias; a religião das religiões - a cola que os mantém unidos.

O ritmo percussionado por seu coração se intersecciona com o do meu, sincronia que
simultaneamente culmina na musicalidade do seu beijo e afago em meu rosto. Antes de se
afastar sussurra:

- Adoro estes pequenos momentos subversivos: que fazem o pouco parecer uma eternidade, e
a eternidade o agora.

Sinto um cúmplice arrepio que, agora, se propaga em meu corpo; abstraio e me despeço.

- Mas sabe, a melhor parte, pra mim, deste encontro é está, o posfácio: esta doce
reciprocidade em seu afago e no brilho de seus olhos. Sinto que, quanto maior o sentimento,
menor é o protagonismo das palavras.

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