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- Desculpa, eu lhe ser assim do nada, acho que, o ato em mim é extravaso, transbordamento; e
o teu olhar... hum... a gota que me transborda. Te vejo e sinto algo tão bom que, ao nos
aproximar, quase involuntariamente, meus braços se põe a te abraçar.
- Hum, adorei... acho que as coisas mais legais são assim... espontâneas, intensas e sinceras...
sabe, quando os sentimentos se expressam primeiramente em ato, sem aquelas demagógicas
palavras que em geral se precipitam da boca dos medíocres, como prefácio da clássica novela
social: "a sagrada falsidade que nos une".
O ritmo percussionado por seu coração se intersecciona com o do meu, sincronia que
simultaneamente culmina na musicalidade do seu beijo e afago em meu rosto. Antes de se
afastar sussurra:
- Adoro estes pequenos momentos subversivos: que fazem o pouco parecer uma eternidade, e
a eternidade o agora.
Sinto um cúmplice arrepio que, agora, se propaga em meu corpo; abstraio e me despeço.
- Mas sabe, a melhor parte, pra mim, deste encontro é está, o posfácio: esta doce
reciprocidade em seu afago e no brilho de seus olhos. Sinto que, quanto maior o sentimento,
menor é o protagonismo das palavras.