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A08v34n3 PDF
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DA PRODUÇAO NO BRASIL
• Claude Machline
PALAVRAS-CHAVE:
Administração da Produção,
mudanças de métodos de ges-
tão, mudanças na .
da produção, cOfTilDetitlvia'ade.
qualidade e oroalutlVlaat1I!.
das pelas siglas CPM (Criticai Path Me- ção de renda das pessoas, segundo a
thod), PERT (Project Evaluation and Re- qual há poucos ricos, alguns remediados
view Technique) e PERT-COST, já esta- e muitos pobres. 16
vam firmemente estabelecidas no Brasil Para controlar fisicamente os esto-
em 1960 nas empresas de engenharia ques, as empresas criaram fichas de pra-
consultiva e civil e nas empreiteiras de teleiras ou utilizaram fichários do tipo
obras. Constituem um avanço em rela- kardex, de gavetas horizontais, que se
ção ao anterior instrumento de planeja- tornaram mobília obrigatória nos almo-
mento de projeto, o cronograma, ou grá- xarifados. Setores de compras e supri-
fico de H. Gantt, idealizado em 1917 por mentos foram montados.
este colaborador de F.W. Taylor. 15
Relações humanas
Gestão e controle de estoques Da maior relevância foi o impacto
As técnicas de gestão e controle de dos ensinamentos da Escola de Relações
estoque, apesar de serem divulgadas em Humanas em nossas empresas. Os seto-
todas as empresas, são bem utilizadas
por poucas. Os conceitos de nível de ser-
viço, giro, estoque de segurança ou esto-
que mínimo, ponto de reposição, lote
econômico de compras e de produção,
embora conhecidos por muitas empre-
sas, não chegam a ser populares, em vis-
ta das intensas flutuações de demanda
no mercado nacional, dos freqüentes
atrasos de fornecimento, das corriquei-
ras crises de abastecimento e da antipa-
tia nativa contra fórmulas importadas e
que não se ajustam bem às seqüências
de euforia e crise que caracterizam a
vida econômica do país. O alto custo do
dinheiro e a inflação são fatores adicio-
nais de rejeição à gestão racional dos es-
toques. Segundo muitos empresários, a
criação de um sistema de administração
dos estoques e a organização de almoxa- res de Pessoal transformaram-se em de-
rifados levaria ao preenchimento das partamentos de Relações Industriais e,
prateleiras e ao aumento dos estoques. em seguida, em diretorias de Recursos
Estes sempre foram considerados inimi- Humanos. Atividades de recrutamento,
gos pelos empresários, que, sem ne- seleção, treinamento, atendimento mé- 15. O método PERT-CPM per-
nhum êxito, tentavam diminuí-los. A si- dico, segurança e higiene e concessão de mite estabelecer o seqüencia-
tuação mais comum era o desequilíbrio benefícios, antes rudimentares, passa- mento entre as atividades de
dos estoques, com excesso de metade um projeto complexo, determi-
ram a constituir tarefas de grande visi- nando o "caminho crítico", isto
dos itens e falta da outra metade. bilidade e prestígio nas empresas de é, a cadeia de atividades que
Tentou-se então, pelo menos, gerir porte. não pode sofrer atraso, sob
eficientemente os itens de maior signifi- pena de atrasar o projeto.
Redigem-se manuais de direitos e de-
cado monetário na empresa, os mate- veres dos empregados, descrições de 16. VORIS, William. Production
riais chamados A, que representam 80% funções, elaboram-se planos de carreira control, text and cases. Home-
do valor do consumo, mas perfazem wood, 111.: Richard D. Irwin,
e procede-se à avaliação de mérito dos
1956.
apenas 5% do total dos itens. O excesso funcionários.
de itens das categorias B e C, de reduzi- Estão em voga desde aqueles anos 17. CARTWRIGHT, Dorwin.
do significado monetário, dificilmente programas de sensibilização de executi- Como mudar as pessoas: algu-
mas aplicações da teo ria da di-
constituiria sério acidente financeiro. A vos, através de métodos de dinâmica de nâmica de grupo. In: BALCÃO,
maioria das empresas começou a usar o grupos. São destinados a preparar os di- Yolanda Ferreira, CORDEIRO,
conceito ABC de estoques, criado nos rigentes para mudanças culturais, me- Laerte Leite (orgs.), O Compor-
tamento Humano na Empresa.
Estados Unidos em 1951, e que é uma lhorar os estilos de chefia e resolver Rio de Janeiro: FGV, Servo Pu-
reedição da Lei de Pareto, de distribui- conflitos. 17 blicações, 1967.
1000 r--' -
Tecnologia de Ponta chega a ter 700.000 componentes diferen-
tes; uma fragata, 3 milhões; um submari-
i no, 20 milhões, isso sem falar no arma-
Implantação da indústria mento. Produzir aço, alumínio ou titânio
100 1---'
Automobilí,tica
de qualidade aeronáutica, silício para
chip ou sílica para fibra ótica requer o
I cumprimento de exigências técnicas dez
Implantação de lidústrias
10 I --
de Tecnologia Intermediária
.<
a cem vezes mais rigorosas do que as dos
materiais e componentes da indústria au-
tomobilística.
i Foram homologadas cerca de 200 in-
r---
Implantação de Indúst'ias
de Tecnologia Simpl s dústrias nacionais capacitadas para for-
necimento de produtos aeronáuticos e de
armamentos.
As necessidades de recursos humanos
e financeiros foram, em numerosos ca-
1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 Anos sos, subestimadas, não se atingindo a
"massa crítica" necessária para concreti-
Análise de Valor
Importante técnica de redução de cus-
MRP - Material Requirements Planning tos, a Análise de Valor - Engenharia de
Valor24 - começou a ser divulgada em
O MRP-I é um software que permite calcular as quantidades de subconjuntos, 1975 em nossas empresas, atraindo muita
componentes e matérias-primas necessárias para fabricar e montar os produtos finais
atenção e gerando reais economias. 25
que constam do plano mestre de produção da empresa. É preciso elaborar a "estrutu-
ra" do produto, ou seja, a ordenação de suas diversas partes (motor, pistão, biela, Dentro de inúmeros exemplos de apli-
pino e assim por diante), de uma forma hierarquizada, como um organograma do pro- cação desta técnica, citemos a economia
duto ou uma árvore genealógica. O software "explode" a estrutura, multiplicando-a de vários metros de fiação elétrica em
pelo plano mestre, obtendo-se as necessidades dos materiais e componentes. determinado modelo de carro, através de
A partir de 1965, o computador de terceira geração (IBM-série 360), valendo-se mudança de posição dos pontos de luz;
desse software, permite efetuar em poucas horas cálculos que, antes, mobilizavam de alguns metros de tubulação de arrefe-
vários homens durante diversos dias.
cimento num modelo de carro, cuja ver-
Avanços mais decisivos ainda ocorreram a partir de 1970, com a ampliação do
são a álcool fora desenvolvida no país; o
software para a cobertura de toda a área fabril. Fala-se doravante em MRP-II - Ma-
nufacturing Resources Planning -, conjunto dos programas de controle da produ- uso de big bags de lt. no lugar da habi-
ção e realimentação da informação emanada do chão da fábrica. Concretizava-se o tual sacaria de 50 kg no transporte de
sonho dos programadores da fábrica, de dispor de uma ferramenta capaz de priori- açúcar, farinha e produtos químicos sóli-
zar e seqüenciar centenas de ordens de produção a ser conduzidas de um posto de dos; de transporte a granel em vez de
trabalho ao outro, em instalações contendo centenas de máquinas. transporte por sacaria; de uso de plástico
Com o MRP, entrou-se na era dos grandes "pacotes" computacionais, que sin- no lugar de metal; de alumínio em vez
cronizam montagem final com fabricação e compra de componentes, antes disso-
de cobre em condutores elétricos; de áci-
ciadas; permitem eliminar as filas de espera entre máquinas; reduzem os prazos de
entrega e minimizam os estoques de produtos em fabricação, matérias-primas e dos e álcalis mais baratos que os ante-
componentes. * riormente usados, em numerosas aplica-
ções; de gás anidrido sulfuroso sob pres-
* ORLlCKY,Joseph. Material Requirements Planning. New York: McGraw-Hill Book Co., 1975. são em vez de enxofre no branqueamen-
Em 1990, foram criados softwares que integram, não só a fábrica, mas todas as áreas da em- to do caldo de cana; de deformação de
presa, nu seja, contabilidade. folha de pagamento, faturamento, compras. produção e demais
atividades. São os chamados Business Planning and Control Systems - BPCS. Quasetodas metal por estam pagem em vez de fundi-
as nossas indústrias dispõem de pelo menos alguns módulos de MRP-I e MRP-Il. Muitas es- ção ou de usinagem deste metal. A lista é
tão aderindo ao BPCS.
interminável.
1. DEMING, William E. Oualidade: A revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques-Saraiva, 1990; SHERKENBACH, William W. O caminho de Deming para
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Mary. O método Deming de administração. 3. ed. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1989.
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1989; Juran na liderança pela qualidade São Paulo: Pioneira, 1990: Managerial breakthrough: a new concept of the managers's job. New York: McGraw Hill,
1984.
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falando sério. São Paulo: McGraw Hill, 1990.
5. FEIGENBAUM. Armand V. Total Ouality Control. 3. ed. New York: McGraw Hill, 1983.
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9. McCLELLAND, David C. The achieving society. Princeton, N.J.: D. Van Nostrand Co., 1961.
Artigo recebido pela Redação da RAE em março/94, avaliado e aprovado para publicação em maio/94. 101