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E AFINAL DE CONTAS, O

QUE É
BIBLIOTECONOMIA?
Limitar o bibliotecário a uma biblioteca é como limitar Rihanna à Umbrella. Biblioteca
é só o começo
Andreza Reis / 31 de maio de 2017 / 15.1k

Se a gente jogar no google, ele diz que é um substantivo feminino, que faz
parte da bibliotecologia que trata dos aspectos da armazenagem, do acesso
e da circulação das coleções de livros. E ainda diz que é um conjunto de
conhecimentos e técnicas necessários à gestão de uma biblioteca.

Há um quê de inveja no google em dizer só isso. Afinal, ele pra existir


precisou de bibliotecários lá para fazer acontecer da melhor maneira. A
biblioteconomia é um monte de coisa, meus amigos. Quando comecei a
cursá-la, tinha essa mesma visão do google. Algo bem limitado a livros e
bibliotecas. E que grande erro cometemos. Eu e o google.

Limitar o bibliotecário a uma biblioteca é como limitar Rihanna à Umbrella.


Biblioteca é só o começo.

Pra início de conversa, a gente trabalha mesmo é com informação. E por


muitos anos a informação boa, de qualidade, confiável, ficava em materiais
tipo livro. Isso, tipo livro. Lá no começo, no começo mesmo, a galera usava
couro de animal, colocava pra secar no sol, lavava e escrevia.

E fora que a informação pra ser reproduzida precisava de um carinha lá


chamado copista. Coitado. Outro dia não aguentei escrever 11 páginas à
mão sem xingar mentalmente (muito) a minha professora. Imagina o
menino lá que ficava o dia todo no mosteiro pra fazer isso. Tem até umas
histórias bizarras de livros feitos com pele humana. Argh!

Aí veio o papel e o jeito de livro que conhecemos hoje. E muita informação


foi produzida. Informação pra caraca! Antes, nossa preocupação como
bibliotecário era ser erudito, um ícone de cultura e conhecimento, o maior
detentor da sabedoria passou a ser “eita caraca, como a gente vai guardar e
achar essas coisas todas aí?” Ou melhor, como meu usuário, um ser
independente e racional, poderá achar isso sozinho?
E assim criamos vários sistemas de organização do conhecimento. Vários
modelos que abrangem a informação desde o seu conceito até sua
aplicação em qualquer lugar. Temos muita facilidade para encontrar as
coisas. Seja na internet, em grandes portais, em sites não indexados
(aqueles que o google não acha, rá, recalcado) e até lá naquela parte da
web que não pode ser nomeada.

Além de nos preocupar em armazenar, de forma segura, a informação,


gostamos muito da parte da disseminação. Quando a gente a espalha por
aí somos mediadores. Agentes de transformação. Seja como contadores de
histórias ou como elemento coringa para estratégia competitiva em
empresas privadas.

Tem empresário que confia em tudo o que a gente faz. Porque cá entre
nós, a gente tem o borogodó. Quando a gente entrega uma informação pro
usuário, a gente entrega do melhor jeito que ele pode entender, seja em
pdf, em forma de dança ou gif. O importante é ele saber e ter acesso. De
preferência livre.

Sabe aquele site legal que você acessa pra ver filmes e séries? Eles têm
vários bibliotecários trabalhando por lá. E aposto que não é na biblioteca de
livros que viraram filmes. Porque podemos ser arquitetos da informação. A
gente entende tudo dessa danada, rapaz. Seus fluxos, seus mimimis, seus
queres, seus porquês. As empresas estão a conhecer nossa magia.

E a informação, essa coisa linda de mamãe, tá em tudo que é canto. E onde


há informação, eu posso estar lá. Seja para catalogar, representar, indexar,
recuperar, organizar, disseminar da melhor maneira pro meu usuário, seja
ele quem for: um comprador no e-commerce, uma criança, um empresário,
um advogado etc.

Biblioteconomia é tudo o que a biblioteca pode ser e mais um tantão de


coisa. Diz a lenda que a maior stalker do mundo era na verdade só uma
bibliotecária entediada.

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