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MOSS – ISCTE – ISCA 2010

Open Source
Introdução e Um Pouco de História

Carlos Rosão, Rui Figueiredo, Tiago Mestre

I could have made money this way, and perhaps amused myself writing code. But I knew that at
the end of my career, I would look back on years of building walls to divide people, and feel I had
spent my life making the world a worse place.1

Richard Stallman citado em [1]

Prof. Luís Arriaga da Cunha

1“Eu poderia ter feito dinheiro desta forma e, porventura, divertir-me enquanto escrevia código. No entanto
sabia que, no final da minha carreira, olharia para trás vendo os anos gastos a construir barreiras para
dividir pessoas sentido que teria passado toda a minha vida fazendo o Mundo um sítio pior.” - Richard
Stallman referindo-se à escolha que fez entre software livre e software proprietário.
1

Índice
Introdução.............................................................................................................................................2
Um Pouco de História..........................................................................................................................2
Conclusão...........................................................................................................................................10
Bibliografia.........................................................................................................................................10
Links...................................................................................................................................................10
Ferramentas Usadas............................................................................................................................10

Índice de Figuras
Figura 1: Percentagem de Utilização de Browsers (Setembro 2010); fonte: [d]..................................6
Figura 2: Investimento em open source 1997-2008 [fonte: The 451 Group].......................................7
Figura 3: Exemplos de Adopção de open source.................................................................................8
Figura 4: Ranking de utilização open source (por países) – fonte: [e].................................................9
2

Introdução
Nos dias de hoje, encara-se como algo natural as empresas que comercializam e desenvolvem
software imporem certas regras e limitações para a sua utilização, nomeadamente a proibição de
quem compra o programa corrigir eventuais erros que possa encontrar ou adaptar o programa
para as suas verdadeiras necessidades. No entanto existe também outro método de conceber o
software (muitos encaram-no até como uma filosofia), denominado por software livre que permite
ao utilizador grande parte das liberdades que o software proprietário nega.
Porquê esta outra forma de ver o software? Existem primariamente dois tipos de motivações:
● Ética - defende que o software, como forma de conhecimento, deve estar disponível para
todos e de forma gratuita, como tal, o nome a dar-lhe deve ser software livre.
● Pragmática - defende as vantagens técnicas e financeiras deste método. Em vez de
software livre, apoia a utilização do termo open source1 software.

Seja qual for o nome utilizado ou a motivação inerente, este tipo de método traz grandes
vantagens e também algumas desvantagens (normalmente exploradas exageradamente pelos
seus opositores). Uma das principais desvantagens apontadas a esta filosofia é a vertente
financeira, pois não é possível ganhar dinheiro directamente com a distribuição de software.
Porém, se olharmos bem para a questão, isto não significa necessariamente uma desvantagem,
significa sim que são requeridos novos métodos de fazer render os programas – muitos métodos
inventivos foram criados, como veremos no próximo capítulo.
As outras desvantagens apontadas com frequência prendem-se com a falta de qualidade ou a
falta de suporte. Quem analisa profundamente este tipo de software, verifica facilmente que estas
desvantagens são, em grande parte das situações, falácias, pois a maioria dos software open
source tem uma qualidade tão boa ou superior ao software proprietário. Quanto ao suporte, os
fóruns e mailing lists associados ao desenvolvimento das aplicações usualmente servem como um
suporte extremamente completo e eficaz.
Para o utilizador final, este tipo de software, traz inúmeras vantagens. A mais óbvia destas
vantagens está relacionada com não estar dependente de um fornecedor de software específico.
Com o software livre, o utilizador pode experimentar vários programas sem o menor compromisso,
escolhendo apenas aquele que lhe agradar.
Por outro lado, uma vez que o código é aberto, o próprio utilizador pode alterá-lo de acordo
com as suas necessidades. É também possível ao utilizador reportar erros encontrados à
comunidade (que os corrige normalmente de forma célere) e obter em tempo útil a versão do
programa com os erros corrigidos; não necessitando assim de esperar anos por uma nova versão
do programa (que muito provavelmente irá ter de comprar, apesar de possuir a versão antiga),
como acontece no caso do software proprietário.
O conceito de software livre leva-nos a pensar que o mesmo é ideal para a administração
pública e para grande parte da “máquina do estado”, uma vez que, devido à responsabilidade
social do estado, este deve ser imparcial e não beneficiar certas marcas em função de outras.
Acrescenta-se ainda o facto de grande parte da informação do estado ser pública, portanto não
faz sentido que esta esteja disponível apenas em formato fechado.

A implementação do software livre é uma mudança de paradigma, desconhecida ainda de


alguns, mas que tem vindo a resultar e a crescer cada vez mais ao longo dos últimos anos.
Para entendermos melhor a sua definição, a sua importância e o que realmente significa,
aprofundaremos um pouco da sua história.

Um Pouco de História
Na década de 60 do século passado, o negócio das Tecnologias de Informação era dominado
em grande parte pela empresa norte-americana IBM. No modelo de negócio vigente na altura, os

1 Código Aberto
3

programas eram vendidos em conjunto com o hardware, tal como se fizessem parte integrante do
computador. Curiosamente o código destes programas estava disponível e as pessoas faziam
modificações e partilhavam-nas entre si. Existia até uma secção denominada ‘Algorithms’ na
revista ‘Communications of the ACM’ que servia exactamente para a comunicação e organização
das alterações feitas ao código pelos utilizadores.
Um procedimento bastante similar àquele que mais tarde se viria a denominar como software
livre e open source.

A partir dos anos 70, o software começou a ser visto como algo com valor intrínseco e,
consequentemente, como uma oportunidade de negócio. Desta forma, a IBM resolveu vendê-lo
separadamente do hardware e começou a restringir o acesso ao código fonte do mesmo, algo que
se tornou um padrão ainda vigor hoje por muitas empresas, cerca de 40 anos depois.

Outras empresas seguiram o exemplo da IBM e durante o resto da década de 70 e a década


de 80 houve um boom no número de empresas de desenvolvimento e comercialização de
software, tal como nos seus ganhos. Por outro lado existiram algumas excepções que seguiram a
filosofia do software gratuito, com partilha do código fonte, como por exemplo:
● SPICE - programa de simulação do comportamento de circuitos integrados desenvolvido
pela Universidade de Berkeley na Califórnia
● TeX - um sistema de caligrafia desenvolvido por Donald Kutch. Ainda é muito comum hoje
em dia na comunidade cientifica de Físicos e Matemáticos
● Unix - sistema operativo portátil fornecido a dezenas de Universidades desenvolvido pela
AT&T Bell Labs, com licença gratuita para uso académico

As excepções referidas anteriormente não cumprem todas as regras da definição de software


livre (criada uns anos mais tarde e que falaremos de seguida), ou foram apenas iniciativas
individuais, portanto não o podemos chamar ainda desta forma, podemos dizer sim que foi como
que o software livre antes dele existir.

Foi apenas no início dos anos 80 que nasceram os primeiros projectos organizados de
software livre. Também nesta altura surgiram os primeiros passos para uma sistematização dos
princípios legais, éticos e financeiros por detrás do software livre, e, mais importante ainda, surgiu
pela primeira vez o nome free software (software livre).

Em 1984 nasce um dos projecto mais importantes da história do software livre: GNU (GNU's
not Unix) concebido por Richard Stallman, com o objectivo de criar um sistema operativo gratuito,
com código livre e colaborativo e que assegurasse aos seus utilizadores quatro liberdades
fundamentais:
1. A liberdade de executar o software, para qualquer uso.
2. A liberdade de estudar o funcionamento de um programa e de adaptá-lo às suas
necessidades.
3. A liberdade de redistribuir cópias.
4. A liberdade de melhorar o programa e de tornar as modificações públicas de modo que a
comunidade inteira beneficie da melhoria.

Em sua honra, tomaram-se estas quatro liberdades como sendo a definição de um "Software
Livre" (ou Free Software).

Richard Stallman foi também o mentor por trás de algumas aplicações bastante importantes,
tais como o editor de texto Emacs e o compilador de C gcc – ambas ainda utilizadas hoje em dia.
Em termos legais, é também da sua autoria a licença GPL (General Public Licence).
4

Para além destas iniciativas, Richard Stallman criou ainda a Free Software Foundation1, por
forma a obter fundos para criar e proteger software livre.

Durante a década de 70 e início da década de 80, o grupo CSRG 2 da Universidade de Berkeley


ganhou novamente destaque ao fazer desenvolvimentos bastante relevantes para o Unix. Desta
forma a Berkeley transformou-se, a seguir à fonte oficial AT&T, na segunda fonte de Unix.
Para além disto, a CSRG na mesma altura desenvolve também o protocolo TCP-IP (que se
viria a tornar um padrão) e lança-o livremente sob o nome de Networking Release 1 (Net-1),
segundo a famosa licença BSD3.

Uns anos mais tarde, em Junho de 1991 a CSRG lança o Net-2 – um sistema Unix livre e
praticamente completo (faltando apenas parte do Kernel). Seis meses mais tarde o Kernel é
terminado e lançado com o nome 386BSD. No entanto acontece algo que não esperavam, e que
acabaria por ser um volte-face no futuro imediato dos BSD: a empresa AT&T, sentindo-se lesada,
mete em tribunal a CSRG e a Universidade da Califórnia, acusando-os de utilização sem
permissão de propriedade intelectual.

Voltando um pouco atrás no tempo, ainda na década de 80, a Internet consolida-se e expande-
se, tendo por base o protocolo TCP-IP e ferramentas open source, como por exemplo SENDMAIL
(servidor de emails) ou BIND (implementador de domain name services). A importância da
comunidade BSD no desenvolvimento inicial da Internet fez com que os seus hábitos de partilha
de código se transferissem também para outras comunidades. Estes hábitos tornaram-se assim
numa imagem de marca da Internet.
No final da década de 80 e início da década de 90, quando a Internet se expandiu globalmente,
a comunidade open source foi das primeiras a fazer uso da “globalidade” da internet, para ter
grupos geograficamente afastados a trabalhar em conjunto – foi isto que acabou por possibilitar a
criação do Linux, por exemplo – possibilitando assim um desenvolvimento rápido e sustentado de
projectos complexos.

Foi também durante a década de 80 que os primeiros projectos open source patrocinados por
grandes empresas públicas e privadas viram a luz do dia. Por exemplo:
● X-window - ambiente de janelas para sistemas de tipo unix - patrocinado pelo
Massachussets Instute of Technology (MIT)
● Ghostscript - desenvolvido pela empresa Aladdin Software

Por volta de 1990 faltava muito pouco para concretizar o sonho da existência de um Sistema
Operativo totalmente livre e gratuito, pois todas as componentes de um sistema operativo já
existiam sob a forma de software livre, excepto o Kernel...
Duas soluções independentes acabaram por resolver a situação: 386BSD e Linux.
O projecto GNU também tentou resolver esta falha através de um Kernel denominado Hurd
que, no entanto, desenvolveu-se a uma velocidade extremamente lenta e acabou por não ser
solução.

Como vimos anteriormente, foi nesta altura que apareceu o Kernel 386BSD criado pela
comunidade BSD para o projecto Net-2 (que futuramente viria dar origem aos projectos NetBSD,
FreeBSD e OpenBSD ), mas quando apareceu o processo em tribunal contra a Universidade da
Califórnia, muitos utilizadores tiveram medo de vir a ser implicados ou de o projecto vir
simplesmente a acabar e começaram a deixaram de utilizar os BSD-Unix.

1 Fundação para o Software Livre


2 Computer Science Research Group
3 Berkeley Software Distribution
5

Parece que mesmo a tempo de aparecer como destino de migração dos utilizadores de BSD-
Unix, em Julho de 1991, Linus Torvalds publica a primeira mensagem mencionando o seu
objectivo de criar um sistema livre similar ao minix, e depois em Agosto do mesmo ano, pede
verdadeiramente ajuda para o seu projecto:

From: torvalds@klaava.Helsinki.FI (Linus Benedict Torvalds)


Newsgroups: comp.os.minix
Subject: What would you like to see most in minix?
Summary: small poll for my new operating system
Message-ID:
Date: 25 Aug 91 20:57:08 GMT
Organization: University of Helsinki

Hello everybody out there using minix -

I'm doing a (free) operating system (just a hobby, won't be big and
professional like gnu) for 386(486) AT clones. This has been brewing
since april, and is starting to get ready. I'd like any feedback on
things people like/dislike in minix, as my OS resembles it somewhat
(same physical layout of the file-system (due to practical reasons)
among other things).

Nesta altura muitos programadores, muito provavelmente devido aos problemas legais dos
BSD, viraram-se para Linux, integrando muito do software GNU existente e, em 1994, é lançada a
versão 1.0 do Linux, o primeiro sistema operativo completo totalmente livre e gratuito. De notar
que o Linux em si, tal como a grande maioria dos programas integrados foram lançados com
licença GPL ao contrário dos BSD.

Um dos conceitos mais importantes a ser criado juntamente com o Linux foi o conceito de
distribuição que pareceu em 1992, mesmo antes da versão 1.0. Por exemplo, em 1992 já existiam
as distribuições MCC, TAMU e SLS (que originou a Slackware ainda em existência nos dias de
hoje).
Uma Distribuição pode-se definir como sendo um conjunto de bibliotecas e aplicações a correr
tendo por base o Kernel de Linux [f]. A importância maior deste conceito é que podemos ter
sistemas operativos para propósitos totalmente diferentes, por exemplo distribuições minimalistas
(para iniciar o sistema a partir de uma disquete, por exemplo), servidores com todas as features
necessárias, educativos com software didáctico (para serem utilizados em projectos educativos,
como escolas – muito comum hoje em dia).

Ao longo dos anos a competição saudável entre distribuições fez com que muitas delas
nascessem e se expandissem e que outras cessassem de existir. Destacamos, entre as
principais, as seguintes:
● Debian – Totalmente desenvolvida pela comunidade
● Red Hat
● Suse
● Mandriva
● Ubuntu – derivada do Debian pela companhia Canonical
De entre as distribuições que deixaram de existir, podem enumerar-se as seguintes:
● Caldera OpenLinux
● Storm Linux
● Turbolinux lite
6

● Feature Linux

O Linux continuou a crescer ao longo dos anos e a meio da década de 90 algumas


distribuições de Linux já eram utilizadas por um grande número de pessoas, mas essencialmente
por programadores.
Esta utilização em grande escala por parte de programadores fez com que o próprio Kernel e a
maioria das aplicações fossem sofrendo uma maturação progressiva ao longo dos anos, tornando
o Linux, como um todo, num sistema operativo cada vez mais estável.

A década de 90 é também conhecida pela chegada da Internet em massa à casa do utilizador


comum, algo que tornou o Navegador de Internet1 numa aplicação essencial a todos os níveis.
Surgiu assim a guerra dos Navegadores de Internet que fez com que, pela primeira vez na
história, uma companhia relativamente grande, com uma parcela importante de mercado,
resolvesse, estrategicamente, abrir o código fonte de um dos seus produtos: Netscape Navigator.
Como o seu browser estava a perder terreno relativamente ao Internet Explorer (por causa da
política adoptada pela Microsoft de ter o Internet Explorer instalado de raiz no windows), a
Netscape resolveu adoptar uma estratégia inovadora para tentar dar a volta à questão. Foi assim
que nasceu a Fundação Mozilla – responsável hoje em dia por aplicações famosas como o Firefox
ou o Filezilla.
De início a estratégia não deu resultado, pois o Internet Explorer monopolizou de facto o
mercado, no entanto a longo prazo parece que está a resultar pois, segundo estudos recentes, o
Mozilla Firefox conta com mais de 30% de cota de mercado, tal como podemos ver na Figura 1.

Figura 1: Percentagem de Utilização de Browsers (Setembro 2010); fonte: [d]

1 Browser
7

Esta aposta da Netscape foi bastante influenciadora e fez com que muitas outras empresas
começassem a ter em conta o Software Livre como possível investimento.
Os mercados financeiros não foram excepção e começaram também a investir em software
livre, especialmente durante o 'dotcom boom'.
Foi assim que, como que num efeito dominó, começaram a nascer oportunidades frequentes
de negócio para empresas de open source.
Temos oportunidade de ver esquematizado este crescimento em flecha, na Figura 2.

Figura 2: Investimento em open source 1997-2008 [fonte: The 451 Group]

Um bom exemplo das oportunidades de negócio abertas ao open source nesta altura, está
relacionado com a empresa Red Hat, que em 1998 anunciou que tinha recebido investimento da
Intel e da Netscape. Outros investidores seguiram o exemplo da Intel e da Netscape e em 1999 a
Red Hat torna-se a primeira empresa com negócio exclusivamente baseado em software livre a
ser cotada em bolsa.

Em 1998, com a criação da OSI (Open Source Inciative) o termo open source software foi
proposto como substituição de free software para a campanha de promoção de utilização de
software livre nas empresas1. Esta proposta gerou muitos conflitos e ainda hoje em dia existem
discussões acesas em torno da ideia, no entanto ela foi mesmo adoptada pela maioria dos
utilizadores.

A década de 90 viu surgir os primeiros Ambientes Gráficos para Linux (essenciais para o levar
até às massas). Primeiro, em 1996, apareceu o KDE e, devido a problemas parciais 2 de software
proprietário no KDE, o GNOME surgiu em 1997.
Tal como está patente na Figura 3, no início dos anos 2000 o software livre já representava
uma força importante no mundo dos servidores e tinha a sua maturação completa para começar a
entrar em força também no mundo do Desktop com programas como o Mozilla Firefox ou o
OpenOffice.org.

1 De forma a acabar com a ambiguidade, uma vez que free pode ser interpretado como gratuito ou como livre.
2 Estes problemas terminaram alguns anos mais tarde, quando a empresa Trolltech libertou sob a licença GPL a
biblioteca gráfica Qt na qual o KDE se baseia.
8

Figura 3: Exemplos de Adopção de open source

É importante neste momento tentarmos perceber quais são as mais valias essenciais do open
source que permitiram a sua implementação crescente em diferentes tipos de mercados.

Uma solução open source com maturidade apresenta tipicamente uma considerável
funcionalidade e flexibilidade, pois resulta dos requisitos postos por uma comunidade alargada de
utilizadores respondendo assim, em geral, às necessidades reais sentidas na sua utilização. Para
além deste facto, permite ao programador pegar em aplicações desenvolvidas e acrescentar
módulos ou incorporar funcionalidades que o produto original não possuía, permitindo assim uma
maior flexibilidade ao utilizador final.
Nos produtos de open source software, verifica-se que, à medida que a comunidade de
utilizadores aumenta, maior é o leque de opções de suporte disponíveis. De facto, associado a
cada peça de open source software de grande utilização, surge habitualmente um número
significativo de grupos de discussão, aos mais variados níveis e nas mais diversas línguas, onde o
utilizador pode obter apoio técnico a “custo zero” e também suporte na correcção de alguns “bugs”
que surjam. É também de notar a elevada qualidade, em muitos casos, deste tipo de suporte
(fóruns, mailing lists, etc.), dada a motivação para a partilha de informação instituída no modelo
open source e a habitual competência técnica inerentemente elevada nestas comunidades. Muitos
utilizadores finais do produto acabam por participar activamente nos fóruns, contribuindo assim
também para o suporte.
O Custo Real [TCO1] é dos estudos mais importantes a considerar na aquisição de qualquer
software. Consiste no custo associado ao ciclo de vida de um produto, incluindo aquisição,
implementação, operação, suporte e desactivação.
O TCO do open source comparado com o software proprietário é muito mais barato. Isto não
quer dizer que o open source seja grátis, apesar de a maior parte dos softwares deste tipo
realmente o serem.
Na maioria dos casos, a grande fatia de percentagem do TCO prende-se com a contratação e
formação de profissionais. Neste sentido, dependendo dos conhecimentos e formação base dos
profissionais em cada empresa, os custos podem variar bastante, fazendo alterar
significativamente o TCO, algo que é independente de ser software open source ou software
proprietário.

1 Total Cost of Ownership


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Voltando à história do open source, na aurora do século XXI grande parte das multi-nacionais
tinha uma posição definida relativamente ao software livre – o que significa que este deixou de ser
algo marginal e passou a ser tido em conta. Posições bem diferentes, por sinal; por um lado temos
a IBM que faz publicidade ao GNU/Linux e contribui de forma significativa para projectos de
software livre, por outro lado temos a Microsoft que se opõe ao software livre, como podemos ver
na seguinte frase dita por Craig Mundie quando era vice presidente da Microsoft na área de
estratégia avançada:

“The GPL1’s viral nature poses a threat to the intellectual property of any organisation that
derives its products from GPL source.”2[a]

A maior parte das empresas, por seu turno, situa-se algures numa posição intermédia.

No século XXI, as comunidades de software livre continuam a crescer a ritmos elevados, e com
isto um maior número de programas começa a ficar disponível. Por esta altura também começam
a ser executados os primeiros estudos académicos e económicos sobre o fenómeno.

Nota-se ainda algo digno de registo nesta altura: países chamados periféricos sem grande
tradição em empresas de Tecnologias de Informação, por exemplo Brasil e África do Sul, têm
grandes comunidades com relevância no mundo do open source. Na Figura 4 é possível ver um
mapa com os países classificados de acordo com a implementação de software open source.

Figura 4: Ranking de utilização open source (por países) – fonte: [e]

Mesmo Portugal, sendo um país pequeno e periférico, criou ao longo dos anos alguns
projectos dignos de importância, como por exemplo:
● Caixa Mágica
● Alinex

A evolução bem sucedida do software livre acabou ter uma influência considerável na filosofia
de áreas fora das Tecnologias da Informação, por exemplo a criação da licença Creative
Commons possibilitou libertar sectores como a literatura, música ou vídeo.
1 GPL – General Public License(Licença Pública Geral), a licença para programas da Free Software Foundation
2 Em português: “A natureza viral da licença GPL constitui uma ameaça para a propriedade intelectual de qualquer
organização que derive produtos de código fonte lançado com a licença GPL”.
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Conclusão
Raramente aqueles que inovam reconhecem plenamente o que criaram. Além disso, podem
passar-se muitas décadas antes de que uma nova ideia ganhe reconhecimento social.
A mudança não é fácil de aceitar. Novos métodos devem ser validados entre os visionários
antes de serem adoptadas pela indústria. É preciso tempo para construir a infra-estrutura e
especialização necessárias, pois a sociedade tem tendência a proteger os métodos previamente
implementados. Portanto os novos métodos devem ser altamente bem sucedidos dentro das
principais indústrias antes de ganharem aprovação geral.
Ao longo dos últimos quarenta anos, o software open source tem proliferado e passou a
dominar diversos segmentos de mercado importantes.
Desde que foi cunhado pela Sra. Christine Peterson, do Foresigh Institute, o termo open source
percorreu um longo caminho e tornou-se num forte tópico no mundo comercial, chegando
inclusive às “manchetes” dos principais jornais, à capa da Forbes e muitas outras revistas de
circulação internacional.
No final da primeira década do século XXI, a disseminação do open source continua em
crescimento e chegou transversalmente a todos os sub-sectores das Tecnologias de Informação,
no entanto a sua utilização é muito mais ampla em sistemas operativos, web servers e base de
dados, sendo ainda menor noutros sub-sectores, como ERP (Enterprise Resource Planning) e
Business Intelligence. O open source não cresce apenas no campo do uso tradicional de software,
a sua disseminação acelera à medida que a Web se dissemina (muito do código que existe
associado à Web 2.0 e às redes sociais é baseado em linguagens open source como PHP,
Python e Ruby), está também em força no cloud computing e de futuro veremos muito do código
open source servindo de base para as boxes da TV digital, netbooks, telemóveis e outros novos
equipamentos.
Neste momento estamos num momento da história onde se pensa muito sobre o futuro do
open source existindo várias discussões em cima da mesa. Discute-se principalmente se o futuro
do open source deve permanecer em comunidades de utilizadores “independente” (como tem sido
em grande parte até aqui) ou se será principalmente patrocinado por grandes empresas.
Muitos ainda, idealizam um futuro utópico, onde todo o software será gratuito e open source...

Bibliografia
[1] Sam Williams - Free as in Freedom : Richard Stallman's Crusade for Free Software
[2] Jesús M. González-Barahona, Joaquín Seoane Pascual, Gregorio Robles, Jordi Mas
Hernández, David Megías Jiménez - Introduction to Free Software

Links
[a] http://www.out-law.com/page-1612
[b] http://en.wikipedia.org/wiki/Free_and_open_source_software
[c]http://en.wikipedia.org/wiki/Use_of_Free_and_Open_Source_Software_%28FOSS
%29_in_the_U.S._Department_of_Defense
[d] http://http://en.wikipedia.org/wiki/Usage_share_of_web_browsers
[e] http://www.redhat.com/about/where-is-open-source/activity/
[f] http://en.wikipedia.org/wiki/Linux_distribution

Ferramentas Usadas
● Openoffice.org
● Mozilla Firefox
● Google Docs
● Ubuntu Linux

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