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PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS

MATERIAIS
POR QUÊ ESTUDAR?

A determinação e/ou conhecimento das propriedades


mecânicas é muito importante para a escolha do material
para uma determinada aplicação, bem como para o
projeto e fabricação do componente.

As propriedades mecânicas definem o comportamento do


material quando sujeitos à esforços mecânicos, pois estas
estão relacionadas à capacidade do material de resistir ou
transmitir estes esforços aplicados sem romper e sem se
deformar de forma incontrolável.
PRINCIPAIS PROPRIEDADES MECÂNICAS

• Resistência à tração
• Elasticidade
• Ductilidade
• Fadiga
• Dureza
• Tenacidade

Cada uma dessas propriedades está associada à


habilidade do material de resistir às forças mecânicas
e/ou de transmiti-las
COMO DETERMINAR AS PROPRIEDADES
MECÂNICAS?

A determinação das propriedades mecânicas é feita através


de ensaios mecânicos.

Utiliza-se normalmente corpos de prova (amostra


representativa do material) para o ensaio mecânico, já que
por razões técnicas e econômicas não é praticável realizar o
ensaio na própria peça, que seria o ideal.

Geralmente, usa-se normas técnicas para o procedimento


das medidas e confecção do corpo de prova para garantir
que os resultados sejam comparáveis.
NORMAS TÉCNICAS
Normalização de métodos
A Normalização dos ensaios tem por objetivo fixar os conceitos
e procedimentos gerais que se aplicam aos diferentes métodos
de ensaios.

Principais normas
ASTM (Ammerican Society for Testing and Materials);

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas);

ISO (International Standards Organization);

DIN (Deutsches Institut für Normung).


CONCEITOS DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO

Para uma carga estática ou relativamente lenta ao longo do tempo aplicada


uniformemente sobre uma seção reta ou superfície de um membro, o
comportamento mecânico pode ser verificado através de um ensaio de tensão-
deformação.

Existem três maneiras as quais a carga pode ser aplicada:


 Tração
 Compressão
 Cisalhamento

Na prática da engenharia, muitas cargas são de natureza torcional, e


não de natureza puramente cisalhante.
ENSAIO DE TRAÇÃO

Dentre os diversos tipos de ensaios disponíveis para a avaliação das


propriedades mecânicas dos materiais, o mais amplamente utilizado é o
ENSAIO DE TRAÇÃO.

Ensaio relativamente simples e rápido.

O ensaio de tração pode ser usado para avaliar diversas


propriedades mecânicas dos materiais.
ENSAIO DE TRAÇÃO

A amostra é deformada,
geralmente até sua fratura,
mediante uma carga de tração
gradativamente crescente que é
aplicada uniaxialmente ao longo
do eixo mais comprido de um
corpo de prova.
Seção transversal original

Durante os ensaios, a
deformação fica confinada à
região central, mais estreita, do
corpo de prova, que possui uma
seção reta uniforme ao longo do
seu comprimento.
Corpo-de-prova antes e após ensaio de
tração.
ENSAIO DE TRAÇÃO

F
A máquina de ensaios de tração é
projetada para alongar o corpo de
prova a uma taxa constante, além de
medir contínua e simultaneamente a
carga aplicada e os alongamentos
resultantes;

O ensaio é destrutivo;

O resultado é um gráfico na forma


de carga ou força em função do
F alongamento;
Representação esquemática do
ensaio de tração.
ENSAIO DE TRAÇÃO
Os resultados obtidos com o ensaio de tração são dependentes de
fatores geométricos do corpo de prova.

Para minimizar esses fatores, a carga e o alongamento são


normalizados de acordo com os seus respectivos parâmetros de tensão
e deformação de engenharia.
COMO SE DEFINEM TENSÃO E DEFORMAÇÃO?

Sendo:
• Tensão
σ = tensão (Pa);
F
σ= F = carga instantânea aplicada (N) e

Ao Ao = área da seção reta original antes da


aplicação da carga (m2).

Como efeito da aplicação de uma tensão, tem-se a deformação


(variação dimensional).

• Deformação Sendo:

li − lo ∆l ε = deformação (adimensional);
ε= = li = comprimento instantâneo e
lo lo lo = comprimento original.
COMPORTAMENTO DOS METAIS QUANDO
SUBMETIDOS À UMA TENSÃO

Tensão (σ)

Deformação (ε)
Então, desta curva, observamos que os metais
podem apresentar dois tipos de deformação:

ELÁSTICA
ELÁSTICA PLÁSTICA
PLÁSTICA
DEFORMAÇÃO ELÁSTICA DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
• Prescede à deformação plástica; • É provocada por tensões que
• É reversível; ultrapassam o limite de elasticidade.
• Desaparece quando a tensão é • É irreversível porque é resultado do
removida; deslocamento permanente dos
• É praticamente proporcional à átomos e portanto não desaparece
tensão aplicada (obedece a lei de quando a tensão é removida.
Hooke).

Elástica Plástica
EM UMA ESCALA ATÔMICA...

Deformação elástica Deformação plástica


• É manifestada por pequenas • Corresponde à quebra de
alterações no espaçamento ligações com os átomos vizinhos
interatômico e na extensão de originais e em seguida formação
ligações interatômicas. de novas ligações com novos
átomos vizinhos, uma vez que
um grande número de átomos ou
moléculas se move em relação
aos outros; com a remoção da
tensão, eles não retornam às
suas posições originais.
DA CURVA TENSÃO X DEFORMAÇÃO, PODEMOS
OBTER:

Módulo de elasticidade ou módulo de Young

• É o quociente entre a tensão


aplicada e a deformação elástica
resultante – Lei de Hooke.
• Está relacionado com a rigidez do
material ou à resistência à
deformação elástica.
• Está relacionado diretamente com
as forças das ligações interatômicas.
E = σ /ε
MÓDULO DE ELASTICIDADE

σ Sendo:
E= σ = tensão (Pa);
ε
ε = deformação (adimensional);
E = módulo de elasticidade (Pa);
MÓDULO DE ELASTICIDADE (E)

Máxima tensão que o material


suporta sem sofrer deformação
permanente.

σ
A lei de Hooke é válida
Tensão (σ)

até este ponto.

σ =Eε

Deformação (ε)
Módulo de elasticidade para algumas ligas
metálicas
MÓDULO DE ELASTICIDADE
[E]
GPa 106 Psi Quanto maior o módulo
Magnésio 45 6.5 de elasticidade mais
AlumÍnio 69 10 rígido é o material ou
Latão 97 14 menor é a sua
Titânio 107 15.5 deformação elástica
Cobre 110 16 quando aplicada uma
Níquel 207 30 dada tensão.
Aço 207 30
Tungstênio 407 59
Fonte: Callister, 2002.
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MÓDULO
DE ELASTICIDADE

Como conseqüência do módulo de elasticidade estar


diretamente relacionado com as forças interatômicas:

Os materiais cerâmicos tem alto módulo de elasticidade,


enquanto os materiais poliméricos tem baixo.

Com o aumento da temperatura o módulo de elasticidade


diminui.

* Considerando o mesmo material, o módulo de elasticidade


depende apenas da orientação cristalina
Relação entre temperatura de fusão e módulo de
elasticidade

Temperatura de Módulo de elasticidade


Metal fusão (oC) (MPa)

Alumínio 660 70.000

Cobre 1085 127.000

Ferro 1538 210.000

O módulo de As forças de ligação entre os átomos,


elasticidade é e consequentemente o módulo de
fortemente dependente elasticidade, são maiores para metais
das forças de ligação com temperaturas de fusão mais
entre os átomos. elevadas.
Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.
ESBOÇO DA CURVA OBTIDA NO ENSAIO DE TRAÇÃO

• AO – região de
comportamento elástico.
• AB – região de
escoamento – se
caracteriza por um
aumento relativamente
grande na deformação,
acompanhado por uma
pequena variação da
tensão.
• BF – região de
comportamento plástico - a
partir de B o material entra
na região plástica, que é
caracterizado pela presença
de deformações
permanentes.
Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.
LIMITE DE ELASTICIDADE

• Corresponde à
máxima tensão que
o material suporta
sem sofrer
deformação
permanente
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA

Elástic Plástico
o
(a) Curva tensão x
deformação para um metal
típico. A transição do
comportamento elástico
para o plástico é uma
Limite de transição gradual para a
Tensão (σ)

escoamento maioria dos metais.


Tensão (σ)

(b) Curva tensão x


deformação típica para o
aço. A transição
elastoplástica é muito bem
Deformação (ε) definida (ocorre de forma
Deformação (ε) abrupta).
Fonte: Callister, 2002.

(a) (b)
LIMITE DE ESCOAMENTO

Onde não observa-se


nitidamente o fenômeno
de escoamento, a tensão de
escoamento corresponde
à tensão necessária para promover
uma deformação permanente de
0,2% ou outro valor especificado
(obtido pelo método gráfico
indicado na fig. ao lado)
LIMITE DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

• Corresponde à tensão máxima


aplicada ao material antes da
ruptura (muitas vezes é superior
à tensão de ruptura)
• É calculada dividindo-se a
carga máxima suportada pelo
material pela área de seção reta
inicial
TENSÃO DE RUPTURA

• Corresponde à tensão que


prove a ruptura do material
• O limite de ruptura é
geralmente inferior ao limite de
resistência em virtude de que
a área da seção reta para um
material dúctil reduz-se antes
da ruptura
Limite de resistência à
tração - LRT

Fratura do
material
Tensão (σ)

Deformação (ε)
DUCTILIDADE

Representa uma medida


do grau de deformação
plástica que foi suportado
quando da fratura.

A ductilidade dá uma indicação para o projetista do grau segundo o


qual uma estrutura irá se deformar plasticamente antes de fraturar.
A ductilidade pode ser expressa quantitativamente
como:

 Alongamento percentual  l f − lo 
(AL%) AL% =   x100
Porcentagem da deformação plástica
no momento da fratura
 lo 

 Estricção (RA%)  Ao − A f 
Redução da área percentual
RA% =   x100
 Ao 
RESILIÊNCIA

• Corresponde à capacidade do
material de absorver energia
quando este é deformado
elasticamente e depois, com o
descarregamento, ter essa
energia recuperada.

• Materiais resilientes são


aqueles que têm alto limite de
elasticidade e baixo módulo de
elasticidade (como os materiais
utilizados para molas)
TENACIDADE

Representa uma medida da


habilidade de um material em
absorver energia até a sua
fratura.

Para que um material seja


tenaz, este deve apresentar
tanto resistência como É a área sob a curva tensão
ductilidade. x deformação até o ponto
de fratura.
Freqüentemente, materiais dúcteis são mais
tenazes do que materiais frágeis.

Embora, o material frágil tenha maior limite de escoamento e


maior limite de resistência à tração, possui menor tenacidade
do que o material dúctil, em virtude da sua falta de
ductilidade (comparar as áreas ABC e AB’C’).
Curvas de Tração de Materiais Frágeis
(Materiais Cerâmicos)

Curva tensão x deformação


para a alumina e para o vidro.
Curvas de Tração de Materiais Poliméricos

Relação entre a
tensão e a
deformação para:

A- polímero frágil;
B- polímero plástico;
C- elastômero
Efeito da temperatura sobre as curvas tensão x
deformação

Curvas tensão x deformação


de engenharia para o ferro
em três temperaturas
diferentes

Efeito da temperatura sobre


as curvas tensão x
deformação de um acrílico.
DUREZA

A dureza é uma medida da resistência de um material a uma


deformação plástica localizada, como por exemplo, à penetração de um
corpo (uma pequena impressão ou risco).

A dureza depende diretamente das forças de ligação entre os


átomos, íons ou moléculas.
DUREZA

O ensaio consiste na aplicação de


uma carga conhecida através de um
penetrador de geometria conhecida e
na medição da área da impressão
produzida na superfície do corpo de
prova.

Ensaio de grande importância


tecnológica (controle de qualidade)

Dureza, ao contrário do limite de


escoamento e da tenacidade à
fratura, não é um parâmetro
característico do material (depende
da máquina, da carga, do tipo de
penetrador, etc…)
DUREZA

Os ensaios de dureza são realizados com mais frequência


do que outros ensaios mecânicos pois:

Eles são simples e baratos;

O ensaio é não-destrutivos;

Outras propriedades mecânicas podem, com frequência, ser


estimadas a partir de dados obtidos para ensaios de dureza, tais como o
limite de tração.
Dureza MOHS
Se usa para determinar a dureza dos minerais. Se baseia em que um
corpo é riscado por outro mais duro.

Escala de Mohs:
1 - Talco
2 - Gesso
3 - Calcita
4 - Fluorita
5 - Apatita
6 - Feldspato
7 - Quartzo
8 - Topázio
9 - Coríndon
10 - Diamante
DUREZA MOHS

1) Talco (Pedra Sabão) 2) Gipsita (Gesso)


Arranhável com a unha Arranhável dificilmente com a unha
Estátuas Aleijadinho Construção Civil

3) Calcita (Calcário) 4) Fluorita


Arranhável com moeda de cobre Arranhável com faca
Construção civil Siderurgia (fundente)
DUREZA MOHS

5) Apatita 6) Fedspato
Dificilmente arranhável com faca Arranhável com liga de aço
Osso humano (hidroxiapatita) Vidros e cerâmicas brancas

7) Quartzo (ametista)
Capaz de arranhar o fedspato
Vidros
DUREZA MOHS

9) Coríndon (rubi e safira)


Capaz de arranhar o topásio
Pedra preciosa, laser

8) Topásio
Capaz de arranhar o quartzo
Pedra semi preciosa

10) Diamante
Substância mais dura conhecida
Pedra preciosa, lentes
TIPOS DE ENSAIOS PARA MEDIÇÃO
DA DUREZA

Dureza Rockwell

Dureza Brinell

Dureza Vickers

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