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Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 19/07/2019 10:51:50


Assinado por NELMA BRANCO FERREIRA PERILO
Validação pelo código: 10403569099706369, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0055709.79.2016.8.09.0051

4ª CÂMARA CÍVEL

1º APELANTE: ESTADO DE GOIÁS

2ª APELANTE: OI S/A

1ª APELADA: OI S/A

2º APELADO: ESTADO DE GOIÁS

RELATORA: Desembargadora NELMA BRANCO FERREIRA PERILO

VOTO

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade dos


recursos de apelação, recebidos em ambos os efeitos - suspensivo (automático) e
devolutivo, nos termos dos artigos 1.012, caput, e 1.013, ambos do CPC/2015, deles
conheço, mas apenas parcialmente o segundo apelo, como adiante explicitado.

Cuida-se, conforme relatado, de dupla apelação cível, uma interposta pelo


ESTADO DE GOIÁS e outra por OI S/A, em face da sentença prolatada pelo 2º Juiz
de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Goiânia, Dr.
Ricardo Prata, nos autos da ação anulatória de ato administrativo movida pela
segunda em desfavor do primeiro.

Na sentença objurgada (evento 21), o magistrado singular julgou procedentes


os pedidos iniciais, conforme dispositivo adiante transcrito:

“(…) Posto isto, julgo parcialmente procedentes os pedidos iniciais, formulado


por OI S/A. em desfavor do Estado de Goiás, declarando a validade dos
procedimentos administrativos, apenas modificando as decisões administrativas
prolatadas, para reduzir os valores das multas para R$ 33.000,00 (trinta e três mil
reais), sendo R$ 8.000,00 (FA 001130078815), R$ 10.000,00 (FA
001130207231), R$ 5.000,00 (FA 001130067776) e R$ 15.000,00 (FA
002130116912), pelos fundamentos acima expostos.

Em face da sucumbência recíproca, condeno as partes ao pagamento de


honorários advocatícios em igualdade de condições, qual seja, cada parte arcará
com metade da verba honorária, cujo valor arbitro em 10% (dez por cento) sobre
o benefício econômico, consoante o disposto nos arts. 85, § 3º, inciso I, c/c 86,
todos do Código de Processo Civil. Condeno a autora no pagamento das custas
processuais no percentual indicado, enquanto que a parte adversa arcará nos
moldes acima indicados, ao reembolso das custas pagas.

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Os honorários advocatícios foram fixados considerando o grau de zelo do
profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza e a importância da
causa, o trabalho realizado pelo procurador e o tempo exigido para o serviço, nos
termos do art. 85, § 2º, do Código de Processo Civil. (...)”

Opostos embargos de declaração pela autora, ouvida a parte ex adversa,


foram acolhidos (evento 40), para reconhecer erro material ao estabelecer o valor de
R$33.000,00 (trinta e três mil reais), pois, de uma simples soma dos valores ali
descritos, tem-se que seu resultado é de R$38.000,00 (trinta e oito mil reais),
fazendo constar esse valor no dispositivo da sentença.

No primeiro apelo (evento 25), o ESTADO DE GOIÁS pleiteia a reforma da


sentença, para reestabelecer o valor das multas originárias e, por conseguinte,
determinar que a verba honorária seja exclusiva em seu favor.

No segundo apelo (evento 44), a OI S/A pugna pela suspensão da


exigibilidade das multas administrativas, pelo período previsto na recuperação judicial;
reforma da “sentença que extinguiu o processo, anulando-a”; e declaração da nulidade
das multas aplicadas pelo PROCON, que originaram a execução fiscal, objeto dos
embargos, ante a falta de fundamentação, imparcialidade do órgão e inobservância
aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Ab initio, verifica-se que não merece guarida o pedido feito pela 2ª apelante
(OI S/A) para a suspensão do feito ou das multas, em razão do deferimento do
processamento de sua recuperação judicial, na Justiça carioca.

Com efeito, o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça e


desta Corte Estadual é no sentido de que o processamento da recuperação judicial
não enseja a suspensão das ações de conhecimento antes do trânsito em julgado do
decisum, devendo o sobrestamento se restringir à fase de realização de constrição
judicial. Confira-se, ad exemplum:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO.


EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO.
INADMISSIBILIDADE. (…) 1. A suspensão do processo em razão de
encontrar-se a empresa de telefonia em recuperação judicial, não abrange
ações de conhecimento até o trânsito em julgado da decisão. (…) Apelação
Cível conhecida e desprovida. Sentença mantida.” (TJGO, Apelação Cível
0239291.53.2014.8.09.0051, Rel. Delintro Belo de Almeida Filho, 5ª Câmara
Cível, julgado em 20/02/2018, DJe de 20/02/2018).

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Nesse sentido, mutatis mutandis, julgados do STJ: AgRg no REsp 1.471.615/SP, Rel.
Min. MARCO BUZZI, 4ª Turma, julgado em 16/09/2014, DJe 24/09/2014; REsp 1643873/SP, Rel. Min. OG
FERNANDES, 1ª Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 19/12/2017; etc.

Ainda, outros arestos deste TJGO: AC 0163995.88.2015.8.09.0051, Rel. ELIZABETH MARIA


DA SILVA, 4ª Câmara Cível, julgado em 21/03/2018, DJe de 21/03/2018; AC DGJ 0131430.08.2014.8.09.0051, Rel.
FAUSTO MOREIRA DINIZ, 6ª Câmara Cível, julgado em 20/11/2018, DJe de 20/11/2018; AC 0092466-
77.2013.8.09.0051, Rel. MARIA DAS GRAÇAS CARNEIRO REQUI, 1ª Câmara Cível, julgado em 27/02/2019, DJe de
27/02/2019; etc.

Quanto ao argumento de nulidade da Certidão da Dívida Ativa (CDA), que


serviu de base para a execução fiscal, por estar eivada de vícios, deduzido pela 2ª
apelante, não merece conhecimento o segundo apelo nessa parte, uma vez “
caracterizada a inovação recursal, vedada pelo ordenamento jurídico, por ensejar a supressão
de instância e violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa.” (TJGO, AC 5320420-
87.2017.8.09.0051, Rel. ORLOFF NEVES ROCHA, 1ª Câmara Cível, julgado em 08/07/2019, DJe
de 08/07/2019).

Relativamente aos méritos dos apelos, por envolverem questões correlatas,


passo a analisá-los, conjuntamente.

Com efeito, não há dúvida sobre a possibilidade de o órgão de defesa do


consumidor (PROCON) aplicar sanções administrativas – entre elas, a multa
pecuniária – sendo tal previsão expressamente elencada no inciso I do artigo 56 do
Código de Defesa Consumidor.

No caso, o PROCON proferiu julgamentos, atribuindo multas à empresa de


telefonia, ora 2ª apelante, pelo fato de prestar os serviços de forma inadequada,
observando os preceitos legais, nos termos da lei consumerista.

Sempre que condutas praticadas no mercado de consumo atingirem


diretamente o interesse de consumidores, é legítima a atuação do PROCON para
aplicar as sanções administrativas previstas em lei, no regular exercício do poder de
polícia que lhe foi conferido, no âmbito do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.

Cediço que o poder de polícia é prática legal do órgão estatal e sua


competência está expressamente prevista no artigo 3º, X, e art. 22 do Decreto nº
2.181/97. Esta Corte de Justiça já se manifestou sobre a matéria:

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“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO
ADMINISTRATIVO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. RECURSO
SECUNDUM EVENTUM LITIS. MULTA ADMINISTRATIVA APLICADA PELO
PROCON. (...) 2. A jurisprudência do colendo STJ roga que é legítima a
atuação do PROCON nas sanções administrativas previstas em lei,
decorrentes do poder de polícia que lhe é conferido. (..) Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. Decisão mantida.” (TJGO, AI 5106685-
27.2017.8.09.0000, Rel. Des. OLAVO JUNQUEIRA DE ANDRADE, 5ª Câmara
Cível, julgado em 07/07/2017, DJe de 07/07/2017).

Com efeito, sem prejuízo de outras penalidades impostas na esfera judicial, e


demonstrado que o PROCON detém atribuições para realizar fiscalizações
preventivas, é legítima a aplicação de multa pelo mencionado órgão, inclusive sob
escopo individual (ainda que de forma secundária), no intuito de evitar que a conduta
tida por ilegal e abusiva volte a ser adotada pelo fornecedor no mercado de consumo.

Frise-se que a multa arbitrada pelo PROCON deverá ser imposta em regular
processo administrativo, observadas as garantias constitucionais do contraditório e da
ampla defesa, nos termos do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Aplicadas as
sanções, ao Poder Judiciário não compete a análise do mérito do processo
administrativo, devendo averiguar apenas a legalidade de sua condução, em respeito
ao princípio da separação dos poderes.

Assim sendo, insubsistente a alegação de nulidade das multas aplicadas


pelo PROCON, porquanto se evidencia a regularidade dos procedimentos
administrativos. Como destaca o juízo a quo (evento 21), constatada a legalidade dos
processos administrativos, em todas as suas etapas, quando foi possibilitado à parte
autora todos os mecanismos de provas admitidos em direito, assegurados os direitos
constitucionais da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, inciso LV).

Outrossim, não há falar em ausência de fundamentação, eis que motivados


os atos administrativos, consoante explicitado pelo juízo a quo:

“(…) Quanto a fundamentação de primeira instância restaram identificadas


pelas razões expostas, nos processos administrativos, através da apresentação
de um relatório quanto aos fatos e apreciação dos pedidos, momento no qual
apresentou em seguida os motivos que levaram àquela decisão, procedendo-se
ao final a conclusão sobre todo o conteúdo apurado, em pertinência ao processo
administrativo elencado no art. 57 e seguintes do Decreto nº 2.181/97.

Através das decisões de 2ª instância, o Secretário Estadual manteve a decisão


a quo, ao desprover os recursos interpostos, por entender que falecia direito às
pretensões reiteradas. (...)”

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(…)
No contexto apontado, as decisões administrativas têm respaldo legal, pois se
encontram devidamente fundamentadas, exceto com relação aos valores
arbitrados. (...)”

Em relação à insurgência do 1º apelante, ESTADO DE GOIÁS, quanto à


redução, realizada pelo juízo de primeira instância, das multas aplicadas pelo
PROCON, razão não lhe assiste.

In casu, a) o F.A. 001130078815 (referente a Fernando de Melo Junior -


contratação de uma linha telefônica, de acesso fixo, com plano básico e internet de 5
megas, pelo valor de R$135,00, sendo que, após a contratação, adveio a cobrança de
R$200,94) arbitrou multa de R$43.529,41 (quarenta e três mil, quinhentos e vinte e
nove reais e quarenta e um centavos), a qual foi reduzida, na sentença, para o importe
de R$8.000,00 (oito mil reais);

b) o F.A. 001130207231 (referente a Celi Mendes – buscou restituição de


quantias pagas indevidamente por plano não solicitado) arbitrou multa de R$14.357,85
(quatorze mil, trezentos e cinquenta e sete reais e oitenta e cinco centavos), a qual foi
minorada, na sentença, para R$10.000,00 (dez mil reais);

c) o F.A. 001130067776 (referente a Edime Barbosa Pinto - solicitou acesso


fixo na modalidade Lig Mix e, por ocasião da instalação, foi surpreendida com a
informação de que seria instalada uma linha telefônica sem bloqueios e com serviço de
internet; em consequência, não autorizou a instalação, ficou aguardando visita de
outro técnico, objetivando a instalação nos moldes contratados) arbitrou multa de
R$18.750,03 (dezoito mil, setecentos e cinquenta reais e três centavos), a qual foi
reduzida, pelo sentenciante, para R$5.000,00 (cinco mil reais);

d) e o F.A. 002130116912 (referente a Elcia Pereira dos Santos - houve a


vinculação do seu acesso fixo (62 3549 7871) ao plano Oi Pós Pago: houve o bloqueio
de seu acesso para originar e receber ligações, quando foi solicitada uma declaração
com assinatura em três vias, registrada em cartório, o qual não foi repassada, porque
na ocasião da contratação já havia sido solicitada e entregue) arbitrou multa de
R$41.176,47 (quarenta e um mil, cento e setenta e seis reais e quarenta e sete
centavos), minorada pelo juízo a quo para R$15.000,00 (quinze mil reais).

Sabe-se que o regramento inscrito no artigo 57 do CDC prevê que o


sancionamento deve ser graduado de acordo com a gravidade da infração, a
vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor. Veja-se:

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“Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração,
a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada
mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo que trata a
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os
fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos.”

Como visto, o valor da multa segue critérios fixados por norma jurídica, de
acordo com a capacidade econômica de cada fornecedor de produtos e serviços, a
gravidade da infração, a vantagem econômica obtida, devendo, também, considerar
circunstâncias atenuantes e agravantes previstas nos artigos 25 e 26 do Decreto nº
2.181/1997.

Todavia, nota-se que os valores arbitrados pelo PROCON mostram-se


desarrazoados para o caso concreto, pois, ainda que a conduta da OI S/A seja
reprovável, deve guardar razoabilidade com os demais critérios citados. A despeito de
consideradas agravantes, como vantagem indevida, inércia em tomar providências e
reincidência, o PROCON não demonstra a gravidade dos atos que ensejam as
significativas quantias aplicadas à empresa.

No ponto relativo à valoração da gravidade das condutas, importante registrar


que o objeto da lide não versa sobre questões hábeis a confrontar os direitos da vida,
saúde, segurança, alimentação, moradia, liberdade, entre outros, os quais ensejam
maior carga protetiva. Ao contrário, foi reconhecido como fundamentos das multas
situações que, embora amparadas pelo Direito consumerista, dizem respeito à
qualidade e à má prestação dos serviços, não atingindo a integridade física do
consumidor.

Dessa forma, tem-se que judicou com acerto, razoabilidade e


proporcionalidade o Juiz sentenciante, ao reduzir o montante pecuniário sancionador
para valor que melhor atenda às peculiaridades do caso. Nesse sentido, eis os
julgados deste Sodalício:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA. MULTA POR DEMORA EM FILA DE


ATENDIMENTO BANCÁRIO. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR
CERCEAMENTO DE DEFESA: INOCORRÊNCIA. ALEGAÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA DO PROCON ESTADUAL PARA A AUTUAÇÃO. ATUAÇÃO
DO ÓRGÃO DE ACORDO COM A LEI MUNICIPAL N. 7.867/99 E O CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. REDUÇÃO DO VALOR DA MULTA:
POSSIBILIDADE. (...) 2. O PROCON/GO, como autarquia integrante do Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor, tem atribuição, autonomia e competência
para processar, julgar e impor sanção administrativa ao fornecedor ou prestador
de serviços - estadual ou municipal - que pratica conduta em afronta às normas

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de defesa do consumidor. 3. No caso específico, a decisão administrativa
enfrentou a contento o tema referente à demora no atendimento ao usuário de
serviços bancários, aplicou a legislação pertinente (Lei Municipal nº 7.867/99 e
CDC) e definiu o valor da multa pecuniária, tudo de forma fundamentada, em
obediência ao princípio da motivação dos atos administrativos. Ademais,
respeitou-se o princípio do contraditório e ampla defesa, pois o apelante foi
devidamente notificado para apresentar defesa administrativa e não o fez. 4. No
que diz respeito ao quantum arbitrado a título de penalidade (R$189.733,13),
levando-se em conta que a demora no atendimento do consumidor não foi
tão acentuada (trinta e três minutos - treze minutos além do limite), em
atenção aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, deve ser
reduzido o valor da multa, que fica arbitrada em R$40.000,00 (quarenta mil
reais). Apelação cível parcialmente provida.” (TJGO, AC
026591457.2014.8.09.0051, Rel. ZACARIAS NEVES COELHO, 2ª Câmara Cível,
julgado em 04/04/2018, DJe de 04/04/2018).

“APELAÇÃO CÍVEL. ANULATÓRIA. MULTAS APLICADAS PELO PROCON.


EMPRESA DE TELEFONIA. DEFEITOS NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
COBRANÇAS INDEVIDAS E LENTIDÃO NO ATENDIMENTO DE
SOLICITAÇÕES. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. LEGALIDADE.
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. OBSERVÂNCIA.
REDUÇÃO DA MULTA. ADEQUAÇÃO AOS PARÂMETROS DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. SENTENÇA
REFORMADA, EM PARTE. (…) 2. O instituto de Defesa do Consumidor -
PROCON/GO, como autarquia integrante do Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor, assume atribuições e detém autonomia para processar, julgar e
impor sanção ao fornecedor ou prestador de serviços - estadual ou municipal -
que pratica conduta em afronta às normas de defesa do consumidor. 3.
Afigurando-se o valor arbitrado a título de multas desarrazoado, ainda que
as condutas da empresa de telefonia sejam reprováveis (vantagem indevida
e demora em tomar providências a respeito da conduta faltosa), impõe-se a
redução do quantum das referidas sanções, visando alcançar seu caráter
pedagógico, servindo, concomitantemente, para desestimular qualquer
outro comportamento recalcitrante. 4. (…) 5. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA
E PARCIALMENTE PROVIDA.” (TJGO, AC 0364466-23.2015.8.09.0051, Rel.
GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 02/04/2018, DJe de
02/04/2018).

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO. MULTA


APLICADA PELO PROCON/GO. (...) 2. É medida imperativa a redução do
quantum da multa administrativa aplicada pelo PROCON/GO quando não
observados os ditames do art. 57 do CDC, o qual preconiza que o
sancionamento deve ser graduado de acordo com a gravidade da infração, a
vantagem auferida pelo infrator e a condição econômica do fornecedor. (...).
APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO CONHECIDOS E PROVIDOS.” (TJGO, AC
DGJ 0284460-63.2014.8.09.0051, Rel. JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, 2ª Câmara
Cível, julgado em 26/05/2017, DJe de 26/05/2017).

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Nessa guisa, não há falar em violação ao princípio da separação dos poderes,
a adequação, pelo Judiciário, das multas aos parâmetros do Código de Defesa do
Consumidor, de acordo com as peculiaridades do caso.

Em relação aos ônus de sucumbência, também não merece reparo a


sentença vergastada, uma vez que “cada litigante é em parte vencedor e vencido, deve
ser reconhecida a sucumbência recíproca, sendo proporcionalmente distribuídos (...) entre
eles os honorários e as despesas, nos termos do art. 86, caput, do CPC/15” (TJGO, AC 274454-
93.2015.8.09.0137, Rel. DES. JEOVÁ SARDINHA DE MORAES, 6ª Câmara Cível, julgado em 01/11/2016).

Por derradeiro, considerando o desprovimento dos recursos apelatórios, a


verba honorária anteriormente fixada (10%) fica majorada, na fase recursal, para 12%
(doze por cento) sobre o proveito econômico obtido.

Diante do exposto, conheço do primeiro apelo e o desprovejo, conheço


parcialmente do segundo apelo e, nesta parte, nego-lhe provimento, a fim de
manter incólume a sentença recorrida, pelos fundamentos explicitados. Por
conseguinte, nos termos do art. 85, §11, do CPC/2015, ficam majorados os honorários
advocatícios para 12% (doze por cento) sobre o proveito econômico.

É como voto.

Desembargadora NELMA BRANCO FERREIRA PERILO


Relatora

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4ª CÂMARA CÍVEL

1º APELANTE: ESTADO DE GOIÁS

2ª APELANTE: OI S/A

1ª APELADA: OI S/A

2º APELADO: ESTADO DE GOIÁS

RELATORA: Desembargadora NELMA BRANCO FERREIRA PERILO

EMENTA: DUPLA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO


ADMINISTRATIVO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
SUSPENSÃO. INVIABILIDADE. NULIDADE DA CDA. INOVAÇÃO
RECURSAL. MULTAS APLICADAS PELO PROCON-GO. REDUÇÃO
PELO JUIZ. POSSIBILIDADE. ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. MANUTENÇÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. MAJORAÇÃO. I- O
processamento da recuperação judicial não enseja a suspensão de ações de
conhecimento em momento prévio ao trânsito em julgado, devendo o feito ser
suspenso apenas na fase de realização de constrição judicial. Portanto,
inviável também a suspensão da exigibilidade das multas. II- Não se conhece
da insurgência, quanto ao argumento de nulidade da Certidão da Dívida Ativa
(CDA), deduzido apenas nas razões do apelo, uma vez caracterizada a
inovação recursal, vedada pelo ordenamento jurídico, por ensejar a
supressão de instância e violação aos princípios do contraditório e da ampla
defesa. III- O PROCON tem atribuição legal para imposição de multas
decorrentes de infração das regras consumeristas. Quando as condutas
praticadas no mercado de consumo atingirem diretamente o interesse de
consumidores, é legítima a atuação desse órgão para aplicar as sanções
administrativas previstas em lei, no regular exercício do poder de polícia que
lhe foi conferido no âmbito do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
IV- Não há falar em nulidade dos procedimentos administrativos, quando
constatado que tiveram curso regular, dentro dos limites da competência que
a lei permite, com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
V- Não há ofensa ao princípio da separação dos poderes, a redução, pelo
Poder Judiciário, dos valores das multas aplicadas pelo PROCON, quando
não observados os ditames do art. 57 do CDC, o qual preconiza que o
sancionamento deve ser graduado de acordo com a gravidade da infração, a
vantagem auferida pelo infrator e a condição econômica do fornecedor,
visando guardar razoabilidade com os critérios citados e melhor atender às
peculiaridades do caso concreto, para alcançar seu caráter pedagógico,
servindo, concomitantemente, para desestimular qualquer outro
comportamento recalcitrante. VI- Sendo cada litigante, em parte, vencedor e
vencido, a sucumbência é recíproca, sendo distribuídos entre eles os
honorários e as despesas, vedada a compensação (artigos 85, §14, e 86 do
novo CPC). VII- Evidenciada a sucumbência recursal, impende majorar a
verba honorária anteriormente fixada, nos termos do art. 85, §11, do
CPC/2015. PRIMEIRO APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. SEGUNDO

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APELO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL Nº


0055709.79.2016.8.09.0051, figurando como 1ºapelante/2ºapelado e
2ªapelante/1ªapelada OI S/A.

A C O R D A M os integrantes da Segunda Turma Julgadora da Quarta


Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, na sessão do dia
11 de julho de 2019, por unanimidade de votos, conhecer do 1ºapelo e desprovê-lo,
2ºapelo conhecido em parte e, nesta parte, desprovido, nos termos do voto da
relatora.

V O T A R A M além da Relatora, os Desembargadores Carlos Escher e


Elizabeth Maria da Silva.

O julgamento foi presidido pela Desembargadora Elizabeth Maria da Silva.

Esteve presente à sessão a Procuradora de Justiça Drª Ana Maria Rodrigues


da Cunha.

Desembargadora NELMA BRANCO FERREIRA PERILO


Relatora

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 19/07/2019 10:51:50
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