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[PVE] Um Cristão Pode Comemorar o Nascimento de

Cristo?
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December 15,
2012

Todo ano é a mesma coisa: “Um cristão pode celebrar o Natal? Natal é uma festa pagã?”
Parece que tova fez que chega dezembro “está aberta a temporada de caça aos
evangélicos que celebram o Natal”. Antes de começarmos, vamos ao básico: eu amo
Jesus, você ama Jesus – somos irmãos em Cristo. Espero que lembrá-lo desta gloriosa
verdade acalme seus ânimos (e faça você desativar o botão CAPS LOCK).

Além disso, é bom lembrar que quando falo em comemorar o Natal estou falando sobre
comemorar o Nascimento de Cristo e não comemorar a vinda do legalista Noel (o vídeo
de quarta será sobre isso – muito bom). E, sim, concordamos que Cristo provavelmente
não nasceu no dia 25 de Dezembro, porque era inverno na região e os pastores não
estariam com suas ovelhas ao ar livre.

Argumentos
Enfim, muito se tem falado contra o Natal. Os principais argumentos são (1) origens
pagãs, (2) a influência mercadológica nos dias de hoje e (3) uma suposta violação do
princípio regulador do culto. Apesar de haverem pontos válidos, no VE não cremos que
haja qualquer impedimento bíblico para cristãos comemorarem o nascimento de Cristo.

(1) Origens pagãs


Este argumento afirma que por o Natal ter origens pagãs não devemos celebrá-lo. Sobre
isso, John Piper escreve:

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Eu compreendo aqueles que querem ser rigorosamente e distintamente Cristãos. Que
querem ser libertos do mundo e qualquer raiz pagã que possa repousar sob nossa
celebração do Natal, mas não me posiciono da mesma maneira nesta questão porque
penso que chega um ponto onde as raízes já estão distantes de tal forma que o significado
presente não carrega mais nenhuma conotação pagã. Fico mais preocupado com um novo
paganismo que se sobreponha a feriados cristãos.

Eis um exemplo que eu uso: Todo idioma tem raízes em algum lugar. A maioria dos
nossos dias da semana [em inglês] —se não todos— saíram de nomes pagãos também.
Então deveríamos parar de usar a palavra “Sunday” (domingo) porque ela pode ter estado
relacionada à adoração ao sol em um tempo distante? No inglês moderno, “Sunday”
(domingo) não carrega aquela conotação, e é a própria natureza do idioma. De certa
forma, os feriados são como a linguagem cronológica.

Leia a íntegra

Frank Brito postou recentemente algo sobre o assunto, mostrando que até os objetos de
culto a Deus no Antigo Testamento foram inventados por uma pessoa pagã:

Isso é verdade. Mas, muitas práticas e costumes pagãos se desenvolveram em torno de


tudo, não só do Natal. […] O pagão Jubal inventou a harpa e o órgão, mas isso não
impediu estes instrumentos de serem usados no culto à Deus (Sl 105.4). Não há nada que
possamos imaginar de bom no mundo que não haverá alguém usando desta liberdade para
dar ocasião à carne (Gl 5.13). Se há paganismo em torno do Natal, tudo o que um cristão
precisa fazer é evitá-lo.

Leia a íntegra

Ou seja, não é porque algo começou com um pagão que não podemos usá-lo. Mesmo
assim, cabe lembrar que estamos celebrando o nascimento de Cristo e isso, certamente,
não tem nada de pagão.

O que nos leva a objeção: mas o problema é o dia 25 de dezembro. Quanto a data
provavelmente bater com o dia da festa pagã Saturnália, sendo isso verdade ou não,
vamos deixar de ser hipócritas, pois nossos jovens todo carnaval saem em
acampamentos. Ou seja, fizemos exatamente o que os cristãos dos primeiros séculos
fizeram: substituímos uma festividade pagã por uma festividade cristã. Outro exemplo
seria o culto de virada de ano. E não achamos todos que é algo sadio e sábio tirar os
cristãos da festividade do mundo lhes oferecendo uma festividade cristã?

Outra questão é a árvore de Natal e toda a decoração. Não há nada na Bíblia que lhe
impeça. “Mas isso não é uma decoração pagã e idólatra? Hoje em dia, não, pois até hoje
nunca vi ninguém chegar na casa de alguém, ver a árvore de Natal e perguntar: “você

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também idolatra essa árvore e adora os deuses nórdicos?” A questão é: por que você
quer adicionar esses elementos? O que eles simbolizam para você? Lembre-se: nosso
alvo é celebrar a Cristo – se isso atrapalha, remova.

(2) Influência mercadológica nos dias de hoje


Certamente a indústria e o comércio aproveitaram (e moldaram) a ocasião, mas eles não
fizeram isso só com o Natal. Fizeram como o dia dos pais, das mães, das crianças e a lista
continua. Isso torna a comemoração do dia das mães algo proibido para o cristão?
Obviamente que não.

Apesar do consumismo ser errado, o outro extremo também o é. Não há


nada intrinsecamente errado em presentar alguém no Natal, desde que isso não
substitua o foco do precioso presente que o Pai nos deu. Aliás, pense sobre esta ótica:
“eu gostaria de presenteá-lo com este pequena lembrança para recordá-lo do
maravilhoso Presente que Deus nos deu”.

(3) Suposta violação do princípio regulador do culto.


Este argumento afirma que como a Bíblia não ordena a celebração do Natal, então não
devemos/podemos celebrá-lo. John MacArthur atesta que Romanos 14 garante a
liberdade cristã no assunto:

As Escrituras não ordenam especificamente que os crentes celebrem o Natal — não há


“Dias Sagrados” prescritos que a igreja deva celebrar. De fato, o Natal não era observado
como uma festividade até muito após o período bíblico. Não foi antes de meados do
século V que o Natal recebeu algum reconhecimento oficial.

Nós cremos que o celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado, visto que
Romanos 14:5-6 nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias
especiais:

Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja
inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o
faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come,
para o Senhor não come, e dá graças a Deus (Romanos 14: 5-6).

De acordo com esses versos, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia —
incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Cremos que o Natal proporciona aos
crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus Cristo.

Leia mais sobre isso

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Nós vemos uma ilustração dessa liberdade inclusive no Antigo Testamento com a
celebração do Purim, uma festa não ordenada por Deus que celebrava a libertação do
podo judeu que se deu no livro de Ester, celebrada inclusive nos tempos de Cristo (leia
sobre isso aqui).

Na história da igreja, duas confissões atestam a liberdade cristã de celebrar o Natal:

A SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA

As festas de Cristo e dos santos. Ademais, se na liberdade cristã, as igrejas celebram de


modo religioso a lembrança do nascimento do Senhor, a circuncisão, a paixão, a
ressurreição e sua ascensão ao céu, bem como o envio do Espírito Santo sobre os
discípulos, damos-lhes plena aprovação.

SÍNODO DE DORT

“Além do Domingo, as congregações também observarão o Natal, a Páscoa e o


Pentecostes”.

Leia mais sobre isso

Eu tenho que comemorar o Natal?


Não. Eu tenho a liberdade para comemorar o Natal? Sim. Aliás, você tem a oportunidade
de redimir o conceito moderno secularizado do Natal, usando a oportunidade para
testemunhar sobre Cristo. Já escrevemos sobre isso em Redimindo o Natal.

Liberdade Cristã
Por fim, quero retomar o texto de Romanos 14:

Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode
comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não
come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo
alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é
poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias.
Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e
dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e
quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive
para si mesmo, nem morre para si. (Rm 14:1-7)

Aparentemente, havia um grupo de pessoas que se sentia constrangido a não comer


carne e/ou guardar alguns dias por serem mais especiais e outro grupo que entendia
que eles tinham a liberdade para comer carne ou não, guardar um dia ou não. De forma

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similar, hoje, há um grupo que se sente constrangido a não guardar um dia (Natal) e um
grupo que afirma ter liberdade de celebrá-lo ou não.

Qual é a resposta de Paulo para o problema:

(1) Não julgue

“Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas
estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.”

Se você entende que é errado comemorar o Natal, simplesmente não comemore.


Contudo, no momento que você afirma que quem comemora o Natal é um idólatra você
está cometendo um julgando proibido pela Bíblia.

(2) Não despreze

“quem come não despreze o que não come”

Se você afirma pomposamente sua liberdade para celebrar o Natal e despreza quem é,
segundo você, “bitolado”, você está caindo no pecado do desprezo pelo próximo.

(3) Ambos fazem para o Senhor

“Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come,
porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.”

Isso talvez seja o mais difícil de entender porque vai direto contra o nosso orgulho de
afirmar “a minha forma é a forma correta de agradar a Deus”. Paulo afirma que em
assuntos de liberdade cristã (no caso, alimentação e guarda de dias especiais), nosso alvo
deve ser glorificar a Cristo. Tanto aqueles que celebram legitimamente o Natal, quanto
aqueles que não, agem desta forma porque amam a Cristo e desejam honrá-lo. Você
consegue entender isso? Entender que aqueles que celebram o Natal fazem isso porque
amam a Cristo e não porque estão se desviando da fé?

(4) Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.

Paulo, ao afirmar que devemos amar o irmão com o qual discordamos, não diz que
devemos ter aquele tipo de amor moderno que diz “tanto faz o que você crê”. Não! O
que você crê é fundamental, pois o que não procede de fé é pecado (cf. Rm 14.23).
Então, “nas coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas elas,
amor” – o amor que busca a verdade.

Para que você firme sua opinião em amor, segue uma lista de artigos a favor e contra a
celebração:

Argumentos a favor a celebração do Natal

Augustus Nicodemus – Não Sou Totalmente contra o Natal

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Frank Brito – Celebrando um Natal Reformado
Frank Brito – É Pecado Comemorar o Natal?
Josaías C. Ribeiro Jr. – Discutindo o Natal (Novamente)
John MacArthur – Os Cristãos Devem Celebrar o Natal?
John Piper — Os Cristãos Deveriam Celebrar o Natal?
R.C. Sproul – A celebração do Natal é um ritual pagão?
Renato Vargem – Está aberta a temporada de caça aos evangélicos que celebram o
Natal
Solano Portela – Calvino Contra o Natal?
Solano Portela – Porque Celebramos o Natal

Argumentos contra a celebração do Natal

Arthur W. Pink – Natal


Brian Schwertley – O Natal
G. I. Williamson – O Natal é Escriturístico?
Stephen D. Doe – A Observância do Natal (posição mediana)
Matthew J. Slick – Natal – Os Cristãos Podem Celebrá-lo?
O Natal é a verdadeira festa cristã?

Você tem toda liberdade de discordar e deixar um comentário com seus argumentos.
Mas você NÃO tem liberdade de violar Romanos 14: julgar, desprezar e não amar. Então,
medite bem antes de escrever.

Lembre-se do aviso do nosso Senhor: “Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o
camelo!” (Mt 23:24)

Por Vinícius Musselman Pimentel © Voltemos ao Evangelho.

Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em


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