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Harmonia
Harmonia
Índice
1 Significado de Harmonia na Teoria Musical
1.1 História do Conceito
1.2 História da Prática e Teoria Moderna
2 Funções Harmônicas
2.1 Campo Harmônico
3 Conclusão
4 Referências
5 Ver também
6 Ligações externas
Significado de Harmonia na Teoria Musical
No período histórico compreendido entre fins da Renascença e fins do século XIX,
organizou-se e desenvolveu-se o sistema tonal. A harmonia é, nesse contexto, a área
da Teoria Musical que descreve e normatiza as relações de construção e encadeamento
dos acordes dentro do sistema tonal. Essa visão foi claramente exposta em 1884 pelo
musicólogo alemão Hugo Riemann[1] ao comentar que "... a teoria da harmonia tem por
objeto o estudo e a aplicação das leis que regem o encadeamento logicamente
racional e tecnicamente correto dos acordes (ressonâncias simultâneas de vários
sons de alturas diferentes)". Assim, a harmonia se articula com a organização
interna do sistema tonal, que estrutura uma série específica de acordes que formam
o denominado campo harmônico, e os hierarquiza num conjunto de relações e funções.
Temos por um lado, então, a noção estrutural dos acordes que se baseiam na
sobreposição das notas da tonalidade utilizando o intervalo de terça como gerador
e, por outro lado, a noção funcional de que cada acorde desempenha uma função
específica dentro do sistema tonal.
História do Conceito
Ver artigo principal: Música das esferas
O conceito de Harmonia surge indubitavelmente com os gregos, especificamente em
Pitágoras, mas também em Heráclito, Nicômaco e Platão, dentre outros. Resgatar essa
origem é importante porque é o conceito grego antigo que permeia a noção de
Harmonia tal como ela foi compreendida pela tradição musical europeia, em sua
práxis e teoria. Para os gregos a "arkhé" (princípio invisível da unidade) e a
"phýsis" (princípio visível da unidade) - o Uno, se torna o "kosmos" - o Múltiplo,
se articulando através de duas dimensões - ordem e caos. Esse jogo dos opostos é a
fonte da Harmonia Cósmica, dado que ela, a Harmonia, representa a qualidade de
relação, ordenação e organização dessas dimensões inerentes ao "kosmos". A partir
da descoberta tradicionalmente creditada a Pitágoras da relação matemática dos
intervalos musicais, a harmonia (e a música como sua principal manifestação) passou
a ser considerada como o princípio que organizava a transição do número absoluto, a
Unidade, para os números diversos, a Multiplicidade, através da concordância entre
os princípios opostos de ordem e caos. É dai que surge o conceito de Harmonia das
Esferas, tão característico dos pitagóricos. E este pensamento pode ser rastreado
claramente nas práticas composicionais e teóricas da Harmonia europeia. Quando
Riemann, na definição citada acima, diz "leis" e "logicamente racional", ele
reflete claramente essa cosmovisão grega, ainda que possa estar desprovida de seu
caráter metafísico mais evidente. Harmonia, na visão grega, seria a qualidade
cósmica que daria ordem e sentido ao jogo entre o caos - as dissonâncias, e a ordem
- as consonâncias, vencendo sempre e afirmando-se necessariamente, a ordem ou
consonância. Quando começamos a entender a harmonia na sua dimensão técnica e
"artesanal", tal como na teoria de Riemann, não podemos esquecer-nos que toda a sua
construção reflete esse modo antigo de pensamento, que dá um caráter natural e
necessário às construções e normas harmônicas. Arnold Schoenberg foi o primeiro a
contestar essa visão de "legal" e "logicamente racional", para ver a Harmonia
(enquanto teoria) mais como um compêndio das práticas dos compositores históricos.
Mas mesmo ele acaba cedendo ao caráter cósmico da ordem harmônica quando postula a
conquista dos materiais da série harmônica pela estruturação histórica dos acordes.
A diferença nesse caso é sua contestação do princípio cósmico da dualidade e sua
resolução ao princípio do Um (phýsis)ou série harmônica como repositório de todas
as possibilidades harmônicas. Desse modo haveria para Schoenberg apenas "phýsis",
sendo que o ordem e caos eram apenas definíveis historicamente e não
ontologicamente.
Funções Harmônicas
A harmonia funcional foi introduzida por Hugo Riemann, no Brasil teve como
principal precursor e expoente o compositor, professor e musicólogo alemão,
naturalizado brasileiro, Hans-Joachim Koellreutter.
De acordo com essa teoria, no sistema tonal a função principal é a tônica, que
origina o nome do sistema. Na escala natural ela é representada pelo acorde de Dó
maior (C).
Campo Harmônico
O conjunto de notas que uma tonalidade gera, através do princípio da sobreposição
de terças,é denominado campo harmônico da tonalidade o conjunto de acordes. Assim,
por exemplo, em dó maior temos um campo harmônico com sete acordes gerados pelo
esquema de sobreposição de terças na composição dos acordes. Cada acorde desse é um
grau da tonalidade. Esses sete acordes são a totalidade de possibilidades
harmônicas da tonalidade em questão. Cada acorde, individualmente ou em grupo,
pertence a uma das funções especificadas acima. Assim, na tonalidade de dó maior, o
acorde de dó maior representa a função de repouso, e sol maior e fá maior as
funções de movimento, respectivamente, de aproximação e afastamento. Temos, então,
da junção das Teorias Funcional e da Teoria do Graus, um campo harmônico com sete
possibilidades de acordes no modo maior e treze no modo menor, porém com apenas
três funções. Assim, cada função será representada por um acorde principal ou por
acordes secundários (ou substitutos).
Conclusão
Quando falamos em harmonia, vinculando-a ao sistema tonal, não significa que não
haja harmonia nas formas modais e pós-tonais — mesmo porque nessas formas musicais
existem acordes, e eles se organizam com base em estruturas e relações específicas
— mas, apenas que o que é descrito como harmonia, dentro da teoria musical
tradicional — e que compreende as noções de acordes como sobreposição de intervalos
de terça, de campo harmônico e de funções harmônicas — faz parte apenas do sistema
tonal e das práticas composicionais através das quais esse sistema se desenvolveu
entre os séculos XVI e XIX.
Referências
RIEMANN, Hugo. L'harmonie simplifiée ou théorie des fonctions tonales des accords.
1884, pp. 1.
RAMEAU, Jean-Philippe (1722). Traité de l’harmonie réduite à sés príncipes
naturels. Slatkin, 2000.
SCHOENBERG, Arnold (1911). Harmonia. UNESP, 2002.
Ver também
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Acompanhamento harmónico
Acorde
Arnold Schoenberg
Função (música)
Heinrich Schenker
Hugo Riemann
Jean-Philippe Rameau
Johann Sebastian Bach
Moritz Hauptmann
Música tonal
Sistema tonal
Tonalidade