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Aula 02

Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)

Professor: Vinicius Silva


Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco
Prof. Vinícius Silva – Aula 02

AULA 02: Representação pela expedição de


mandado de busca domiciliar.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 1
2. Aspectos teóricos acerca da busca domiciliar 2
3. Representação por Busca domiciliar 9
4. Modelo Representação por Busca domiciliar 15
5. Questão de prova 20
6. Questões propostas 28
7. Respostas das questões propostas na aula 01 29

1. Apresentação 13601418207

Olá futuro Delegado de Polícia,

Espero que esteja gostando do nosso curso de Peças Práticas para Delegado
de Polícia. Estou pesquisando muito, através de vários livros e doutrina
especializada em atividade de polícia judiciária, a fim de poupar o seu
trabalho, fazendo com que esse seja o seu material principal e que você
não precise recorrer a outras obras.

Na aula de hoje, vamos continuar estudando as medidas cautelares e a


representação do delegado de polícia, o tema de hoje é a representação
por expedição de mandado de busca domiciliar, nos termos do art. 240 e
ss. do CPP.

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A matéria não possui regulamentação ordinária específica, encontrando-se


o seu fundamento no próprio código de processo penal, a partir do art. 240.

Estamos diante de mais uma medida cautelar típica do cotidiano da


autoridade policial, a foto acima mostra uma operação policial de busca e
apreensão em que podemos notar a mobilização de muitos agentes de
polícia e de várias autoridades. É comum na atividade policial a busca
domiciliar, é um meio de obtenção de prova que afeta diretamente um dos
direitos fundamentais expostos na carta política, qual seja, a
inviolabilidade domiciliar.

No entanto, usando da ponderação, não podemos admitir que um direito


fundamental seja utilizado para acobertar a prática criminosa em nosso
país. O ordenamento jurídico brasileiro atua de forma uníssona, ele não é
incoerente, tampouco conflitante. O que deve ser feito é um juízo de
ponderação entre os direitos em questão.

Professor, não entendi muito bem


essa ponderação que deve ser feita,
quais direitos estão em questão, no
bojo da busca domiciliar?

Aderbal, a CF/88 garante a inviolabilidade


domiciliar, inclusive o Código Penal tipifica o
crime de invasão de domicílio, no entanto, o
agente delituoso não se pode valer dessa
garantia para a prática de delitos. Caso isso
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fosse possível, estar-se-ia criando um estado


de total instabilidade e insegurança.

2. Aspectos teóricos acerca da busca domiciliar

Conceitualmente, há uma diferença muito grande entre a busca e a


apreensão, ou seja, são institutos jurídicos previstos na esfera penal bem
distintos.

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A busca é o meio pelo qual se objetiva apreender a coisa. Devemos


entender, portanto, que não existe a necessidade dos dois institutos
ocorrerem na mesma oportunidade.

Pode haver busca sem apreensão e também pode haver apreensão sem
que haja busca.

Professor, não entendi muito


bem, dê exemplos dessas
possibilidades de busca sem
apreensão e apreensão sem
busca, acabei ficando confuso.

É simples Aderbal. Imagine a situação de


uma prisão em flagrante delito em um
delito de roubo tentado. Os objetos
roubados serão apreendidos pela autoridade
policial, sem que tenha havido busca.

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Da mesma forma, em uma hipótese de uma busca domiciliar em que se


procura uma arma de fogo utilizada em um crime de homicídio, se na casa
em que for dada a busca não for encontrada a arma, estaremos diante de
um caso clássico de busca sem apreensão.

Portanto, tenha em mente uma coisa, o quadro abaixo resume bem essa
história de busca e apreensão serem institutos jurídicos distintos.

BUSCA Apreensão
Meio utilizado Finalidade

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Outro ponto teórico importante é que a busca domiciliar que estaremos


aprendendo a representar por ela é uma medida sujeita à reserva de
jurisdição, ou seja, trata-se de uma medida cautelar a ser determinada
pelo juiz, inclusive por conta da salvaguarda constitucional a que está
sujeito o domicílio.

Assim, podemos afirmar que apenas a autoridade judiciária, ou seja, o juiz


competente está apto a determinar a busca domiciliar.

Professor, existem casos em que a


autoridade policial pode adentrar no
domicílio de uma pessoa sem
autorização judicial

Claro que sim Aderbal, inclusive temos


vários casos em que isso é possível,
vamos fazer uma análise do art. 5°, XI,
da CF/88.

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O citado inciso do art. 5°, da CF/88 é aquele famoso inciso que carrega em
si a proteção ao direito fundamental da inviolabilidade domiciliar.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo


penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;

O dispositivo constitucional acima visa proteger uma liberdade individual


que é o direito à intimidade, à vida privada.

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No entanto, já foi dito que esse direito, assim como qualquer outro não
pode ser absoluto, sendo relativizado em algumas hipóteses, quais sejam
as seguintes:

1. Quando o morador consentir, sem qualquer tipo de coação, no


ingresso da autoridade ou de seus agentes. É obvio que se o
morador consentir, não há óbice algum. No entanto, o morador não
pode ser coagido a fazê-lo, tendo a necessidade de ser uma ação
natural do particular.

2. Flagrante delito. Nesse caso, pode-se adentrar na casa, sem ter


qualquer possiblidade de violação ao direito fundamental exposto
no referido inciso, pois qualquer do povo está autorizado a fazer
cessar a ação criminosa quando dela está ciente de que ocorre,
ainda que seja no interior de uma casa habitada.

3. Desastre. A vida e a integridade física do indivíduo são dois


direitos fundamentais, tão importantes que podem ser utilizados
para a violação do domicílio, ou seja, em caso de desastre qualquer
pessoa, notadamente os agentes públicos estão autorizados a
penetrar no domicílio.

4. Prestar socorro. Caso semelhante ao caso 3, pois aqui se busca


a proteção de um direito tão relevante quanto o da inviolabilidade
domiciliar, que é a proteção da vida e da integridade física da
vítima, que necessita de socorro imediato.

5. Finalmente chegamos ao caso da violabilidade domiciliar ante a


presença de mandado judicial. Veja que se trata de uma hipótese
em que só ocorre durante o dia. Não é possível, em regra o
cumprimento de diligências de busca durante o período da noite.

Portanto, mostramos 5 hipóteses em que a inviolabilidade domiciliar é


relativizada. Veja que as previsões acima estão dentro do mesmo
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dispositivo que garante o direito.

Alguns pontos precisam ser esclarecidos, quais sejam: o que é


considerado dia, para o cumprimento do mandado? O que é
considerado casa, para efeitos penais?

Vamos por partes.

a) conceito de dia

Aqui busquei o entendimento majoritário na doutrina e principalmente na


jurisprudência do STF, a controvérsia é grande, alguns entendendo que o
dia seria o período compreendido entre as 06:00 e as 18:00, por outro lado,

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o ministro Celso de Mello, do STF, entende que dia seria o período


compreendido entre o nascer e o pôr do sol. Respeitadas as divergências,
tendo em vista que você irá prestar um concurso para Delegado de
Polícia, devendo defender as atribuições da autoridade policial, ficamos
com a posição de Capez, que assim como Celso de Mello, entende ser
entre o nascer o pôr do sol o período chamado de dia.

Outro conceito que precisa ser estabelecido para fins de concurso é o de


casa.

b) conceito de “casa”:

Casa é um conceito bem amplo, e deve ser interpretado como qualquer


compartimento habitado.

Alguns pontos devem ser levados em consideração quando o assunto é


“casa”.

1. Automóvel:

O automóvel, para fins de busca, pode ser considerado um caso de busca


pessoal, ocasião em que não seria necessária a expedição de mandado para
proceder à busca.

No entanto, caso o automóvel seja utilizado como casa, por


exemplo, no caso das pessoas que moram em trailers ou em boleias
de caminhões, como caminhoneiros, a situação nessas hipóteses é
diferente, sendo o automóvel inserido no conceito de casa, gozando
da proteção constitucional.

2. Hotel/Motel

Em locais de habitação coletiva, apenas a parte habitada goza da proteção


constitucional, ou seja, se o quarto de hotel ou motel estiver desabitado ou
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no caso do hall de entrada do estabelecimento, não caberá invocar a


inviolabilidade.

Em suma, aquilo que estiver aberto ao público não goza da proteção. Como
os quartos desabitados e a parte comum está aberta ao público, não faz
sentido mencionar a proteção domiciliar nesses casos.

3. Escritórios/Consultórios

No caso de escritórios de advocacia e consultórios médicos, odontológicos


etc., eles gozam da proteção constitucional, uma vez que são tidos pela
jurisprudência e doutrina como casa.

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Ou seja, locais em que se desenvolve atividade profissional são protegidos


pela inviolabilidade domiciliar.

Aqui cabe a ressalva mais uma vez de que as partes comuns dos locais, por
estarem abertas ao público não gozam da proteção, pois estão abertas ao
público, não sendo, portanto, locais em que se necessita de tutela à
intimidade e vida profissional.

Outro ponto importante é que os clientes que, porventura, encontrarem-se


no interior do local não sofrem a busca, a menos que haja suspeitas de que
participam da atividade delituosa.

No caso de escritório de advocacia, ainda se faz necessário a presença de


representante da OAB para que a diligência não seja eivada de vício, no
entanto, já decidiu o STF que, uma vez informada a OAB, caso não envie
representante, a diligência pode prosseguir, devendo tudo ser registrado
nos autos, a fim de que não seja alegada a nulidade posterior.

Isso é mais que coerente, uma vez que não podemos frustrar a atividade
policial por conta da inércia das instituições (OAB). O dever de informar
sendo cumprido, não há impedimento nenhum ao prosseguimento da
busca.

4. Repartições Públicas

Há divergência na doutrina, mas prevalece o entendimento que há duas


possibilidades de se efetuar a busca quando se tratar de repartição pública
em que se encontram os objetos da apreensão.

A primeira hipótese é o próprio juiz a quem se representa requisitar a


documentação ao chefe da repartição.

A outra possibilidade é a clássica expedição de mandado, hipótese em que


a autoridade policial e/ou seus agentes efetuarão a diligência de busca.
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Vistos esses principais aspectos teóricos, vamos passar a entender a


representação em si, seus requisitos e como montar a peça prática.
Lembrando que esses pontos acima mencionados são importantes para não
representar incorretamente.

Outro ponto importante é não violar as garantias acima, pois eventual


desrespeito não será enquadrado na hipótese do art. 150, do CP

Violação de domicílio

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Art. 150 - Entrar ou permanecer,


clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tácita de quem de
direito, em casa alheia ou em suas
dependências:

Pena - detenção, de um a três meses,


ou multa.

Professor, não entendo porque


não se aplica o crime acima, uma
vez que está todo encaixado na
conduta.

Simples, Aderbal, nesse caso


estamos diante de um caso em
que se aplica o princípio da
especialidade.

Quando é a autoridade pública que comete a conduta tipificada acima,


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temos um tipo penal mais específico, que se adota quando a autoridade


pública, ou seja o Delegado de Polícia viola o domicílio, esse crime está
previsto na lei de abuso de autoridade, ou seja, pela especialidade do crime
previsto na Lei n° 4.898/65.

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade


qualquer atentado:

(...)

b) à inviolabilidade do domicílio;

Obviamente cumulando o dispositivo acima com o artigo abaixo:

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Art. 5º Considera-se autoridade, para os


efeitos desta lei, quem exerce cargo,
emprego ou função pública, de natureza
civil, ou militar, ainda que transitoriamente
e sem remuneração.

Ou seja, a autoridade que violar o domicílio estará incursa no crime acima,


e não no Código Penal.

3. Representação por busca domiciliar

3.1 Legitimação

Antes de falar da legitimação, é importante ressaltar que essa medida


dificilmente virá sozinha no corpo de uma questão. Geralmente ela
se cumula com outro pedido cautelar, como a prisão preventiva.

Assim, vamos poder trabalhar nos exercícios com duas cautelares na


mesma representação. Isso é muito comum em alguns casos. Provas como
a da Polícia Federal geralmente abordam as peças práticas sob essa
perspectiva.

Aqui funciona como uma prova em que se acumula o conteúdo, ou seja,


numa eventual questão de peça, poderá cair não só a representação por
uma medida, apenas, mas uma representação por várias medidas
cumuladas. legitimação

A legitimação da autoridade policial para representar pela expedição de


mandado de busca está na própria legitimação que lhe confere o art. 240,
do CPP. A autoridade policial na busca de elementos de informação poderá
representar pela busca com a finalidade de apreender objetos frutos da
ação delituosa, a eventual arma utilizada no crime, pessoas que estejam
em poder de bandidos, etc. Ou seja, a atividade policial por si só já legitima
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a autoridade representar pela medida. Você, que será Delegado de Polícia,


quando no desempenho das suas atribuições de polícia judiciária será
legitimado a representar pela expedição de mandado de busca.

O próprio art. 241 nos traz também a legitimação:

Art. 241. Quando a própria autoridade


policial ou judiciária não a realizar
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser
precedida da expedição de mandado.

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Portanto, caberá a você, futuro delta, representar pela busca na


possibilidade de obter provas que substanciem o oferecimento da denúncia
pelo membro do MP.

3.2 Fundamentos de fato ou Fatos

Aqui é a mesma coisa da aula anterior e das seguintes aulas também,


acostume-se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas
técnicas de resumo de textos, que você encontra em um bom livro de
produção textual.

Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre
destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação
jurídica.

Lembre de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser
repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena
utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo:

O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem


objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação
dessa parte estará garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até


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quando estiver contando uma história a algum colega.

3.3 Fundamentos jurídicos

A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais
pontos, nela você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a
medida cautelar pela qual representa.

O importante aqui é destacar o objeto da busca, que está previsto no art.


240, §1°, do CPP, onde se elencam todas as hipóteses do que pode ser
buscado por meio da diligência.

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Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar,


quando fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas


por meios criminosos;

c) apreender instrumentos de
falsificação ou de contrafação e objetos
falsificados ou contrafeitos;

d) apreender armas e munições,


instrumentos utilizados na prática de crime
ou destinados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova


de infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não,


destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento
do seu conteúdo possa ser útil à elucidação
do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de


convicção.

Veja que se trata de um rol extenso, e que ainda possui algumas alíneas
muito “coringas”, que podem ser utilizadas pelo delegado na sua
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fundamentação de forma muito livre, pois pelo próprio texto do código


deixam um grau de interpretação muito amplo a ser feito pela autoridade
policial.

Estou falando dos incisos “e” e “h”, pois o seu teor é bem amplo, do ponto
de vista da adequação ao caso concreto.

e) descobrir objetos necessários à prova


de infração ou à defesa do réu;

A alínea acima é muito adaptável à investigação policial, podendo ser


utilizada em muitas investigações preliminares (inquéritos policiais).

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Ou seja, se você, na qualidade de autoridade policial vislumbrar que há


algum objeto necessário à prova da infração, como, por exemplo, armas
de fogo, vestes sujas de sangue, rés furtiva, poderá ser cabível a busca.

h) colher qualquer elemento de convicção.

Essa alínea é mais ampla ainda, ela te dá uma série de possibilidades em


que pode ser tomada essa medida.

O que você vai fazer é fundamentar a sua representação em alguma dessas


alíneas. Estou lhe dando a sugestão dessas duas, pois são muito amplas e
podem se adequar a muitos casos concretos.

Assim, se você precisar memorizar


algum dispositivo legal, em caso de
concurso em que não é permitida a
consulta à legislação, sugiro que
você memorize esses dois
dispositivos.

Algumas representações não possuem o cabimento e os requisitos


cautelares distintos, separados. A busca domiciliar, como se trata de uma
peça simples geralmente se fundamenta conjuntamente no mesmo
dispositivo o cabimento e o requisito cautelar.

Como se trata de uma medida simples é por isso que ela, provavelmente,
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não virá sozinha em uma prova de alto nível. Se você se prepara para
grandes concursos da área policial, tenha certeza que essa medida será
cumulada com uma prisão.

Boas questões envolvem essas misturas de medidas cautelares.

O nosso curso será da mesma forma, a medida que formos crescendo no


conteúdo vamos representar por medidas mistas, cumulando alguns
pedidos que sejam importantes para a elucidação das infrações e para o
prosseguimento das investigações.

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Assim, tenha em mente que se for possível cumular a busca domiciliar, faça
esse pedido. Isso é muito “felling” de delegado, que você deverá mostrar
desde já.

As questões em que se deve representar pela busca são aquelas em


que a questão mostra o endereço de alguém, essa é uma dica muito
importante para a escolha da medida. O endereço provável onde se
está escondida rés furtiva, o sequestrado, ou qualquer objeto que
interesse ao prosseguimento da investigação.

A medida de busca domiciliar não pode ser decretada em uma favela


inteira, ou em um condomínio inteiro, isso violaria o direito a intimidade
daqueles que não estão envolvidos no delito.

Portanto, deve ser fornecida na questão o provável endereço do local em


que se pretende encontrar o objeto da busca.

Outro fato importante que deve constar na sua fundamentação é a


individualização da coisa a ser apreendida por meio da busca pela qual se
representa.

Na busca domiciliar não se pode buscar qualquer objeto no local, não é


uma medida legal você buscar “alguma coisa” no morro da rocinha, o ideal
é buscar a coisa Y, no local X, ou seja, individualização do local e da coisa
a ser apreendida por meio da busca.

Entenda então que a medida que estamos estudando requer uma série de
requisitos que estarão espalhados pelo enunciado. Esses pontos devem ser
mencionados na fundamentação, pois são importantes para a elucidação
do crime ou para a prova da autoria ou fortalecimento dos indícios.

Armas utilizadas em crimes mediante violência própria são muito comuns


em questões dessa natureza, no entanto, é importante visualizar o local
onde esse instrumento do crime pode estar escondido.
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Ao mandado de busca pode ainda ser cumulada a prisão, no entanto, os


requisitos para a temporária ou preventiva devem estar presentes.

Não podemos no meio do mandado de busca efetuar uma prisão, a


menos que seja uma prisão em flagrante.

É muito comum isso ocorrer em casos de crimes permanentes, cuja


consumação se protrai no tempo. Um caso muito comum é o tráfico de
drogas. Geralmente, se pede a busca domiciliar para encontrar drogas, nas
famosas “bocas de fumo”, nesse caso apenas com o mandado de busca é
possível prender o agente ativo do crime de tráfico, pois como se trata de
crime em que um dos verbos é o ter em depósito, enquanto o investigado

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tiver a droga em depósito, ao mesmo tempo você poderá buscar, apreender


a droga e ainda por cima prender o criminoso, é o que se chama de barba,
cabelo e bigode.

Art. 33. Importar, exportar, remeter,


preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze)


anos e pagamento de 500 (quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Veja que realmente estamos falando de um crime em que pela sua própria
natureza tem sua consumação a cada instante de tempo, enquanto
permanecer a ação ter em depósito.

É importante fundamentar tudo que é possível na busca. Lembre-se de que


a banca examinadora quer saber a sua capacidade de investigação, é
momento de mostrar o policial, o Delegado que existe dentro de você.

Portanto, o fundamento é bem livre, bastando que você mostre ao juiz que
a medida pela qual você representa é necessária ao andamento das
investigações. Não se esqueça da individualização do local e do objeto a
ser buscado.

Para não me estender muito na fundamentação, remeto você ao curso


completo de processo penal para dirimir eventuais dúvidas referentes ao
encontro fortuito de provas, caso contrário estaríamos saindo muito do
nosso objetivo. 13601418207

Bom, passada essa parte do fundamento, vamos ao pedido, no qual você


deverá repetir alguns pontos da fundamentação.

3.4. Pedido

Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça,
você já esta chegando ao final da sua representação.

Aqui temos um detalhe importante, que é o local da busca e o objeto dela.

Vamos aguçar nosso faro investigativo.

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Suponha que num crime de homicídio você, na qualidade de delegado de


polícia e cumprindo suas atribuições tenha comparecido ao local do crime
e tenha recolhido projéteis de arma de fogo.

O ideal é encontrar essa arma de fogo, e isso poderá ser feito por meio de
busca domiciliar na casa do investigado pelo crime. A coisa a ser buscada
é a arma de fogo, que você terá como identificar por meio das marcas que
cada arma deixa nos projéteis disparados por ela. Ou seja, você vai saber
que foi um revólver, calibre 38, de cano curto, que efetuou aquele disparo,
portanto sabe que terá de buscar essa arma no domicílio do investigado.

Isso deverá constar no pedido. Ademais, nada de importante a acrescentar


no pedido dessa representação.

Lembrando que se a medida for cumulada com outra, você terá de


representar por todas as medidas, em pedido único, citando a prisão e a
busca, por exemplo.

4. Modelo de representação por Busca Domiciliar

Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas
coisas vão mudar em relação aos outros (prisões), na verdade estaremos
diante de um modelo até mais enxuto.

4.1 Endereçamento

O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de busca


domiciliar, geralmente ela é endereçada ao juízo de direito da comarca
onde ocorreu o delito. Lembre-se também que se o crime for de homicídio,
teremos que representar ao presidente do tribunal do júri.

Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for
mencionado isso no enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em
branco, para não perder pontos e nem ser prejudicado totalmente com uma
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possível identificação de prova.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

4.2 Preâmbulo

Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 3, e


colocar o preâmbulo cujo modelo segue abaixo, no entanto, acho

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interessante você mencionar a referência do inquérito policial no bojo do


qual se representa pela busca:

“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado


de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 240, § 1° (citar a
alínea mais adequada, e, na dúvida, citar as alíneas “e” e “h”); art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual
está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença
de Vossa Excelência, representar pela expedição de mandado de
busca domiciliar a ser efetuado no endereço citado no pedido desta,
pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.

Se estiver diante de um pedido cumulado, mais uma vez você deverá


mencionar os dispositivos legais que legitimam o delegado de polícia a
representar pela prisão também.

Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013,


comprova que você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar
as suas atribuições quando no exercício delas.

4.3 Fatos

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você
vai ser medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não
negligencie esse ponto, pois o examinador pode já não gostar muito da sua
peça, caso os fatos não sejam corretamente narrados.

Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo.


Responder àquelas perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um
bom norte a ser seguido.

4.4 Fundamentos jurídicos 13601418207

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 3 pontos, quais


sejam, do crime sob investigação, do cabimento, dos requisitos
cautelares.

No caso da peça que estamos estudando, vale a pena você mencionar que
a inviolabilidade domiciliar não pode servir de salvaguarda para acobertar
o cometimento de delitos e que em prol do princípio do “in dubio, pro
societate”, a medida se faz necessária à elucidação do crime e à cessação
da atividade delituosa, lembre-se do caso do tráfico de drogas, da Lei n°
11.343/06.

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Aqui, se você mencionar que a medida se subordina à reserva de jurisdição,


vai ficar melhor ainda, pois o juiz vai entender que você, na qualidade de
delegado de polícia reconhece os limites legais e constitucionais de sua
atuação.

4.5 Do Pedido.

No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida


sempre de forma objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de
polícia representa e não requer, quem requer é o membro do MP.

Não se esqueça de mencionar o endereço individualizado do local onde se


procederá à diligência e nem se furte à menção do objeto da busca.

Se houver prisão, represente pela prisão e em cumulação pela busca,


conforme já explicado anteriormente.

Lembre-se de pedir a oitiva do MP, apesar de não constar na lei esse


requisito, trata-se de uma prática comum no dia a dia forense ouvir o titular
da ação penal acerca da decretação da medida.

“Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito


já expostos, representa, essa autoridade policial, pela expedição de
mandado de busca domiciliar no endereço
__________________________, com a finalidade de apreender
________________, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, após a oitiva
do ilustre membro do Ministério Público”.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.”
13601418207

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

Ref. Inquérito policial n°___

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“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado


de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 240, § 1° (citar a
alínea mais adequada, e, na dúvida, citar as alíneas “e” e “h”); art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual
está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença
de Vossa Excelência, representar pela expedição de mandado de
busca domiciliar a ser efetuado no endereço citado no pedido desta,
pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.

1. Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido.

2.2 Da reserva de jurisdição

Aqui mencione que a medida se sujeita à reserva de jurisdição,


invocando a proteção constitucional domiciliar, sempre
ressaltando que a constituição não pode servir de manto de
acobertamento da prática delituosa.

2.3 Do cabimento

Mencione que a medida é cabível, pois o art. 240, §1°, do CPP


prevê a possibilidade de busca domiciliar para buscar objetos do
crime, etc. sempre fundamentando nas alíneas do parágrafo. Não
se esqueça de que as alíneas mestras são as de letra “e” e “h”.
13601418207

3. Do pedido

“Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito


já expostos, representa, essa autoridade policial, pela expedição de
mandado de busca domiciliar no endereço
__________________________, com a finalidade de apreender
________________, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstrada na fundamentação exposta, após a oitiva
do ilustre membro do Ministério Público”.

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Peça Prática para Delegado de Polícia Civil de Pernambuco
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Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da
representação por expedição de mandado de busca.

Vamos agora ao exercício de prova.

Escolhi para a nossa aula uma questão um pouco longa, adaptada do


problema apresentado na prova de Delegado de Polícia de São Paulo,
do ano de 2014, prova essa elaborada pela fundação Vunesp-SP.

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5. Questões comentadas de prova.

1. Adaptada pelo Prof. Vinícius Silva

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Delegado de Polícia - Concurso: PCSP - Ano: 2014 - Banca: VUNESP


- Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Inquérito Policial -
PEÇA PRÁTICA –

No dia 11.06.2014, a vítima “A”, aos 60 anos de idade, encontrava-


se no interior da loja de automóveis Maria’s Car, de sua
propriedade, que fica localizada na Rua beta, 99, Centro, São Paulo-
SP, ocasião em que quatro indivíduos, em concurso, ingressaram
no estabelecimento, todos portando arma de fogo e encapuzados,
arrebataram a vítima e subtraíram alguns objetos eletrônicos e
certa quantia em dinheiro. De acordo com testemunhas, quando do
arrebatamento, em frente ao estabelecimento comercial estavam
estacionados dois veículos – um Ford Fusion de placas AAA-1111 e
um GM Vectra de placas BBB-2222- que foram utilizados na fuga
dos criminosos e para condução da vítima. Em pesquisa verificou-
se que ambos os veículos não possuíam queixa de crime. Após duas
horas do arrebatamento, um dos sequestradores entrou em
contrato com a família da vítima, momento em que identificador de
chamadas não revelou o número da linha telefônica, anunciando
que estavam em poder da vítima. Passados três dias, no decorrer
das investigações, foi preso “B”, que acabou confessando o crime,
dizendo que iriam exigir R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais)
como condição para a libertação da vítima, apontando
voluntariamente o local onde esta se encontrava cativa, informou o
endereço à Rua Alfa, 42, Centro, São Paulo-SP, como local do
cativeiro. “B” alegou, quando de seu interrogatório no auto de
prisão em flagrante, ter agido juntamente com outros três
indivíduos, “C”, com 20 anos, “D”, com 33 anos e “E”, com 19 anos
de idade, dos quais apenas os endereços não foram identificados.
Informou ainda que, com os mesmos comparsas, havia praticado
outros crimes de sequestros e roubos, narrando tratar-se de uma
estrutura ordenada, onde as tarefas são divididas entre seus
integrantes. Elabore a peça de polícia judiciária pertinente, com a
correta tipificação do(s) crime(s), cabível nesse momento da
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investigação.

Comentário e modelo de peça proposto.

Bom, a questão é belíssima, pois retrata um caso muito comum em


delegacias do nosso Brasil, trata-se de um concurso de crimes cometidos
pelos sequestradores.

Podemos citar como crimes cometidos por eles: roubo praticado em face
da vítima A, uma vez que foram subtraídos objetos eletrônicos e certa

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quantia em dinheiro. Sendo que esse roubo é do tipo majorado por conta
da utilização de arma de fogo, nos termos do art. 157, §2°, II, do CP;
extorsão mediante sequestro (art. 159, do CP) e ainda resta configurado
o crime de formação de organização criminosa, uma vez que ficou
configurada a organização criminosa, pelo preenchimento de seus
requisitos formadores.

Quanto à organização criminosa, sabemos que existem três requisitos


para que seja caracterizada a sua formação, quais sejam, o elemento
pessoal, ou seja, ser constituída por, pelo menos, 4 indivíduos; o
elemento estrutural, ou seja, a organização deve ser uma estrutura
organizada e com divisão de tarefas e atribuições; e, por fim, o
elemento finalístico, que fica configurado, por exemplo, quando o
intuito da organização é o cometimento de crimes cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos.

No caso acima, alguns pontos deixam claro a formação de organização


criminosa - O.C:

...ter agido juntamente com outros três indivíduos, “C”, com 20


anos, “D”, com 33 anos e “E”, com 16 anos de idade... (elemento
pessoal),...

...dos quais apenas os endereços não foram identificados. Informou


ainda que, com os mesmos comparsas, havia praticado outros
crimes de sequestros e roubos... (elemento finalístico),...

...narrando tratar-se de uma estrutura ordenada, onde as tarefas


são divididas entre seus integrantes...(elemento estrutural).

Fica, portanto, caracterizado o crime de formação de O.C.

Quanto aos demais crimes o enunciado é claro ao afirmar que houve a


extorsão mediante sequestro majorada pelo tempo do sequestro, que foi
13601418207

maior que 24 horas e de roubo circunstanciado pelo uso da arma de


fogo e pelo concurso de agentes.

A peça adequada para o decorrer das investigações não poderia ser uma
prisão preventiva, a meu ver, o ideal seria, nesse momento, utilizar a
temporária, que é a peça por excelência da polícia judiciária.

Portanto, caberia a prisão temporária, pois os crimes cometidos estão


listados no rol do art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89, pelo menos o roubo
e a extorsão mediante sequestro estão previstos.

Quanto à previsão da alínea “l”:

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Art. 1° Caberá prisão temporária:

III - quando houver fundadas razões, de


acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação
do indiciado nos seguintes crimes:

(...)

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do


Código Penal;

Há uma grande celeuma doutrinária, pois a Lei de Prisão Temporária não


teve seu texto modificado diante do novo crime de O.C., tampouco houve
modificação quanto ao delito do art. 288, do CP, que passou a ser chamado
de Associação Criminosa e não mais Quadrilha ou Bando.

Assim, sem entrar nessa seara, podemos afirmar que houve o roubo e a
extorsão, mesmo que não tenha havido a solicitação do resgate, pois basta
a privação da liberdade com a intenção de exigir preço pelo resgate para
que o crime esteja consumado. Trata-se de delito formal. Assim,
encontram-se consumados os dois crimes e cabe a prisão temporária, a
mais adequada nesse momento de investigação.

Quanto à possibilidade de mais medidas cautelares, não entendo ser cabível


nessa questão a interceptação das comunicações telefônicas, pois não se
sabe o número do telefone com que os sequestradores fizeram o contato
inicial.

Por fim, caberá, com o intuito de resgatar a vítima com vida, a busca
domiciliar no endereço fornecido pelo comparsa que foi preso.

Veja que se trata de uma peça em que se mesclam duas cautelares. Na


13601418207

verdade na questão original, sem as modificações que eu promovi, caberia


até a interceptação das comunicações telefônicas, pois na versão original
do enunciado, constava o número do telefone celular.

Enfim, fica assim definida a necessidade da busca domiciliar e da prisão


temporária dos demais componentes da O.C.

A busca está fundamentada na seguinte alínea do art. 240, §1°:

§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar,


quando fundadas razões a autorizarem, para:

(...)

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g) apreender pessoas vítimas de crimes;


(...)

Veja que o nosso caso concreto se adequa perfeitamente ao previsto no


referido inciso.

Quanto à prisão temporária, acredito que você já entendeu o seu cabimento


e o preenchimento dos requisitos cautelares.

Definida a peça que vamos produzir, mãos à obra.

Quanto à competência para julgar esse tipo de delito, houve crime contra
o patrimônio (roubo e extorsão), portanto, vamos dirigir a nossa
representação ao Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de São Paulo-
SP.

Quanto ao local, ficou claro que o crime ocorreu em São Paulo-SP, podendo
ficar claro que a consumação deu-se nessa cidade, e o juiz competente
para decidir acerca da representação é o juiz de direito de uma das varas
criminais da comarca de São Paulo, partindo do pressuposto que não hajam
varas especializadas.

Caso haja vara especializada nesse tipo de delito, sugiro que você enderece
a ela, mas para isso você deverá estudar o código de organização judiciária
do estado para o qual você presta concurso.

Na maioria das provas isso não é previsto, de modo que você não será
penalizado em sua peça se não mencionar a vara especializada para a qual
deve ser dirigida a sua representação.

Assim, o endereçamento correto seria ao juízo de direito da comarca de


São Paulo.
13601418207

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO-SP.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do Estado de São Paulo, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 2°, caput, da Lei
7.960/89, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013 e art. 240,
§1°, “g”, do CPP, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as
atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando

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concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa


Excelência, representar pela decretação da prisão temporária de
“C”, “D” e “E”, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor

1. Dos fatos

Os autos do inquérito policial em epígrafe apuram o fato ocorrido no dia 11


de junho de 2014, na Rua Beta, 99, Centro, São Paulo, no interior da loja
de carros “Maria’s Car”, oportunidade em que a vítima “A” foi arrebatada,
após ter objetos eletrônicos de sua propriedade roubados e certa quantia
em dinheiro roubados pelos 4 indivíduos (B, C, D e E), que, agindo em
concurso, adentraram a referida loja todos portando arma de fogo, com o
intuito de cometer os crimes abaixo especificados.

Passados mais de 3(três) dias do ocorrido, houve contato telefônico dos


sequestradores, os quais mencionaram que estavam em poder da vítima.

No decorrer da investigação, “B” foi preso em flagrante e em seu


interrogatório informou à autoridade policial que ele e os demais agentes
delituosos sequestraram “A”, com o intuito de solicitar um resgate no valor
de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais).

Afirmou ainda que se trata de uma estrutura organizada, com divisão de


atribuições, e que já cometeram vários crimes de roubo e sequestro.

Ao final de sua oitiva, “B” informou o endereço em que a vítima encontrava-


se cativa.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Das Práticas delituosas


13601418207

Da narrativa dos fatos acima, podemos confirmar que houve crime de roubo
consumado, circunstanciado pelo concurso de agentes e pelo uso da arma
de fogo, uma vez que a vítima teve seu patrimônio subtraído em meio a
ação delituosa que ocorrera no interior de sua loja.

Por outro lado, os investigados arrebataram a vítima e a colocaram em


cativeiro, cujo endereço é conhecido, configurando o delito do art. 159,
§2°, do CP, caracterizando a modalidade qualificada do referido crime, pelo
fato de a vítima ter tido sua liberdade cerceada por período superior a 24
horas.

Por fim, de acordo com as investigações, pode-se comprovar que os quatro


investigados agem em uma estrutura organizada, em que há divisão de

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tarefas e estrutura criminosa, visando à prática de crimes cujas penas


máximas são superiores a 4 (quatro) anos, configurando o crime de
formação de Organização Criminosa, da Lei n° 12.850/13.

Cumpre salientar ainda que os crimes de roubo e de extorsão mediante


sequestro estão previstos no rol do art. 1°, III, da Lei n° 7.960/89.

Ressalte-se que o crime de extorsão mediante sequestro é um crime


hediondo, previsto no art. 1°, da Lei 8.072/90.

2.2 Do cabimento da prisão temporária e da busca domiciliar

O cabimento da prisão temporária encontra guarida no art. 1°, III, da Lei


n° 7.960/89. Portanto, para que seja cabível a medida cautelar pessoal
em baila, basta que o crime esteja previsto no rol de crimes em que cabe
a prisão temporária.

Conforme item 2.1, duas das condutas delituosas cometidas foram o crime
de extorsão mediante sequestro e roubo majorado pelo uso da arma de
fogo, sendo previstos nas alínea “c” e “e”, do referido inciso do art. 1°.

Assim, cabível é a prisão temporária para o caso concreto sob luzes.

Vale dizer ainda sobre o cabimento da busca domiciliar, uma vez que a
vítima do sequestro encontra-se com sua liberdade cerceada por meio da
ação criminosa.

À autoridade policial cabe, portanto, empreender diligência nos sentido de


regatar a vítima do cativeiro, nos termos do art. 240, §1°, “g”, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Uma vez que são cabíveis, a busca domiciliar e a prisão temporária,


devemos demonstrar os requisitos de cautelaridade para que sejam
13601418207

deferidas as medidas.

Não restam dúvidas quanto à presença do fumus commissi delicti e do


periculum libertatis. Vejamos.

A fumaça do cometimento do delito deve ser dividida em prova da


existência do crime e indícios suficientes de autoria, que permitam atribuir
aos representandos a responsabilidade pelo delito cometido. Esse requisito
encontra-se provado pelo depoimento de testemunhas e do próprio B, que
participou da ação delituosa, ademais consta o contato telefônico dos
sequestradores com os familiares da vítima afirmando que estão em poder
de A, restando consumado o delito de extorsão mediante sequestro, pois
crime formal que é não necessita de resultado para a sua consumação,

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bastando para isso a restrição da liberdade e a intenção de exigir o preço


do resgate. Verifica-se no caso em baila que isso foi demonstrado.

Quanto aos indícios de autoria, podemos afirmar que eles também estão
satisfeitos no caso concreto, pois o depoimento do comparsa informa os
nomes dos demais componentes da organização criminosa, confirmando
que há fortes indícios de autoria atribuída aos componentes, inclusive
constando que os investigados já atuam na atividade criminosa, cometendo
outros crimes, mediante organização criminosa.

Por outro lado, a investigação ainda necessita de uma busca domiciliar, por
meio da qual se visa resgatar a vítima incólume. Não há como vislumbrar
a proteção domiciliar constitucional diante de tamanha violação ao direito
de liberdade da vítima.

Portanto, se faz necessária, além da prisão, a busca domiciliar no endereço


especificado no pedido desta, em relação à vítima “A”, nos termos do art.
240, §1°, “g”, do CPP.

Quanto ao periculum libertatis assim está demonstrado, pois a liberdade


dos investigados pode vir a atrapalhar a colheita de elementos de
informação, no caso em tela, a prisão é imprescindível para a continuidade
das investigações.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão
temporária de “C”, “D” e “E”, sem a oitiva da parte contrária, pela própria
natureza da medida, após a competente manifestação do membro do
Ministério Público, pelo prazo de 30(trinta) dias, nos termos do art. 2°, §
4°, da Lei n° 8.072/90.

Ademais, solicita-se a expedição de mandado de busca domiciliar com a


finalidade de apreender a vítima do sequestro, “A”, no endereço Rua Alfa,
13601418207

42, Centro, São Paulo-SP, podendo no bojo do mandado constar a prisão


dos investigados, a serem cumpridas na mesma diligência.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

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Agora vou propor a você dois exercícios de peças para você treinar e
qualquer coisa pode me procurar no fórum de dúvidas.

6. Questões propostas 13601418207

Questão 1 (adaptada pelo Professor Vinícius Silva):

Delegado de Polícia - Concurso: PCRS - Ano: 2009 - Banca: IBDH -


Disciplina: Peça Prática.

A DENARC realizou longa investigação sobre trafico de drogas no


Bairro da Saúde, em Porto Alegre. Foram monitoradas as atividades
de varias pessoas, inclusive com escutas telefônicas autorizadas
pela Justiça. No dia 12.6.2009 a policia prendeu em flagrante Pedro
de Tal, que dirigia um automóvel marca Audi, Placas XXX, de sua
propriedade, sendo encontrados no interior do veiculo cinco
pacotes contendo cocaína (total de 2,5 Kg). Também foi apreendida

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uma metralhadora marca Uzi, de 9mm (uso restrito), municiada


com 25 cartuchos completos, que estava debaixo do banco do
caroneiro. A droga foi submetida a perícia e deu resultado positivo
para cocaína. Pedro de Tal ao ser ouvido pela autoridade policial
disse que não trabalha no tráfico sozinho, porém não quis dizer o
nome de seus comparsas. O relatório da seção de investigação
mostrou ainda que as conversas telefônicas eram oriundas sempre
de um mesmo telefone fixo, que está vinculado ao endereço Rua
Dos Remédio, 44, Saúde, Porto Alegre.
Na qualidade de Delegado de Polícia, represente pela medida de
polícia judiciária cabível ao desbaratamento das ações delituosas,
bem como para a conclusão das investigações.

Questão 2:

(VINICIUS SILVA) No dia 22/01/2015 o estabelecimento comercial


VIP SHOP COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS foi vítima de um suposto
furto, perpetrado por 3 indivíduos (B, C e D), que agiram em
conluio, visando subtrair aparelhos de televisão do referido
estabelecimento.

Na noite do dia 22, por volta das 23:00, os três elementos


adentraram a loja arrombando os cadeados e demais dispositivos
de segurança física do estabelecimento, adentrando em seu recinto
e subtraindo 12 aparelhos Smart TV de 42 polegadas, da marca XX,
que estavam embalados em caixas de papelão com as logomarcas
características da marca XX.

Ao saírem do estabelecimento, já no dia 23, os indivíduos se


depararam com a ação do vigilante do local que empreendeu
perseguição aos delinquentes, no entanto, eles dispararam contra
o vigilante de modo a assegurar a fuga.

Dias depois a proprietária da loja a Senhora “A”, compareceu ao 2°


13601418207

Distrito Policial e narrou todos os fatos, levando ao conhecimento


da autoridade policial o fato criminoso.

O vigilante foi ouvido e afirmou que poderia reconhecer os agentes


delituosos, confirmou a versão dos fatos alegados pela proprietária
da loja e disse que conhece os assaltantes e disse que eles
portavam 3 armas de fogo do tipo pistola calibre .40.

O Delegado responsável instaurou inquérito policial para apurar as


condutas e os fatos e o setor operacional enviou relatório afirmando
que na casa de um dos suspeitos foi verificada uma intensa entrada
e saída de pessoas sempre carregando caixas de papelão enroladas

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em lençóis que eram colocadas em carros após a entrega de


dinheiro aos suspeitos.

Foi juntada aos autos do inquérito a folha de antecedentes dos


suspeitos B, C e D; ocasião em que foi possível comprovar que eles
já haviam sido presos por tráfico de drogas.

Diante dos fatos acima, na qualidade de delegado de polícia que


preside o referido inquérito, represente pela medida cabível ao
prosseguimento das diligências investigativas.

Bom, agora que vimos as nossas duas questões propostas da aula de hoje,
vamos verificar as minhas propostas de peças para os dois casos propostos
na aula 01.

7. Respostas dos exercícios da aula 01.

1. Delegado - Concurso: PCBA - Ano: 2013 - Banca: CESPE -


Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Prisão -

Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0 h 50 min, Douglas


Aparecido da Silva foi alvejado por três disparos de arma de fogo
quando se encontrava em frente à casa de sua namorada, Fernanda
Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em
Salvador – BA. A ação teria sido intentada por quatro indivíduos
que, em um veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA,
abordaram o casal e cobraram, mediante a ameaça de armas de
fogo portadas por dois deles, determinada dívida de Douglas,
proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido
dias antes, sem efetuar o devido pagamento. Foi instaurado o
competente inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito Policial,
sob o n.º 0021/2012, para apurar a autoria e as circunstâncias da
morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de
16/9/2012, por volta das 21 h, a vítima se encontrou com a
13601418207

namorada, Fernanda, e, após passarem em determinada festa de


amigos, seguiram para a casa de Fernanda, no bairro Boa
Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo
utilitário de cor branca, placa JEL 9601/BA, de propriedade da
vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de 0 h 40 min,
quando já estavam parados em frente à casa de Fernanda, apareceu
na rua um veículo sedã de cor prata, em que se encontravam quatro
rapazes, que cobraram Douglas pelo "bagulho" e ameaçaram o
casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros
para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no
chão. Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a
cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua
direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas

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faleceu ainda no local e os autores se evadiram logo após a conduta,


lá deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos autos do inquérito,
consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se
encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e
narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa
do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos
quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de
possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram
formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois
dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano
Madeira. Fernanda foi ouvida em termo de declarações e alegou
conhecer dois dos autores, em específico os que empunhavam
armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e
teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo
Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada,
desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou
desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia
reconhecê-los formalmente, se fosse necessário. Ao final, noticiou
que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o crime, em
frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o
rosto coberto pelo capacete, fizera menção que a machucaria caso
relatasse à polícia o que sabia. Em complementação à apuração da
autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os outros dois
indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano na ocasião dos
fatos. Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local de morte
violenta, que evidencia terem sido recolhidos do asfalto dois
projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada
em lata de cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual
foram constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as
digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo
Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima,
no qual se constata a retirada de três projéteis de calibre 380 do
cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio. Durante as
diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS
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2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos


Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira,
residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em
Salvador – BA, onde morava na companhia dos filhos. Nos registros
criminais de Cristiano, constam várias passagens por roubo e
tráfico de drogas. No formulário de antecedentes criminais de
Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de
inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios. Procurados pela
polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não foram
localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer
notícias de seus paradeiros, embora houvesse informações de que
eles estariam na residência de seu tio, Roberval Madeira, situada
na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador

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– A. Ambos foram indiciados nos autos como incursos nas sanções


previstas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP. O inquérito policial
tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco dias,
encontrando se conclusos para a autoridade policial que preside o
feito, restando a complementação de inúmeras diligências visando
identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas
provas, a conduta dos indiciados. Em face do relato acima
apresentado, proceda, na condição de delegado de polícia que
preside o feito, à remessa dos autos ao Poder Judiciário,
representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso.
Fundamente suas explanações e não crie fatos novos.

Comentário e sugestão de peça:

Essa é a famosa questão do concurso de Delegado de Polícia da Bahia,


polêmica porque, aparentemente, cabia representação por preventiva e por
temporária, no entanto, a banca só pontuou quem representou pela
temporária.

Vamos verificar então os pontos onde pode-se observar por que a peça
adequada era a temporária.

Primeiramente, aviso a você que uma das frases mais comuns em questões
em que se deve representar pela temporária é a seguinte: continuidade
de diligências investigativas.

As questões em que são possíveis as duas prisões provisórias são muito


comuns, e a dica é quase sempre representar pela temporária, eu inclusive
dou essa dica a todos os meus alunos e amigos, pois a prisão temporária é
a prisão do Delegado de Polícia por excelência.

A dica aqui é verificar se na questão o crime cometido, se ele estiver


previsto na lei de prisão temporária (7.960/89) ou na lei de crimes
hediondos (8.072/90), então opte pela prisão temporária, pois ela vai te
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dar tempo para concluir suas investigações.

Na questão da PCCE/2015 e nessa da PCBA/2013 foi bem nítido que o


examinador queria que você representasse por uma medida que lhe desse
tempo para concluir as investigações.

Lembre-se ainda que se você representar pela temporária após o seu


decurso de prazo (5 ou 30 dias), o juiz poderá convertê-la em preventiva.

Então, com o intuito de ganhar mais tempo para a conclusão da sua


investigação, represente pela temporária no lugar da preventiva, apesar de
caber as duas medidas.

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A temporária é cabível, pois existem fortes indícios de autoria de Cristiano


Madeira e Ricardo Madeira, haja vista os exames periciais que já foram
realizados e confirmam a presença deles na cena do crime.

As testemunhas também comprovam essa tese.

Assim, basta verificar o cabimento, que também está satisfeito, pois o


crime cometido, que é o de homicídio doloso, qualificado, pois poderíamos
encaixar a conduta no homicídio cometido sem a possibilidade de defesa
da vítima.

Veja, portanto, que temos um crime hediondo, ou seja, cabe temporária e


pelo prazo de 30 (trinta) dias, ou seja, será uma luva nas suas mãos para
a continuidade das diligências.

Em relação à possibilidade de preventiva, podemos vislumbrá-la, uma vez


que os autores passaram a ameaçar a testemunha ocular, namorada da
vítima, o que estaria adequado ao requisito cautelar de garantia da
instrução processual penal.

No entanto, como cabe a temporária, vamos preferi-la.

Decidida a peça, vamos produzir, lembrando que como o enunciado é muito


longo, você será realmente medido pelo poder de síntese, durante a
narrativa dos fatos. O ideal é procurar ressaltar apenas aquilo que foi
importante da narrativa. Aquilo que será relevante para a sua
fundamentação, fatos que comprovam algo.

Vamos elencar alguns pontos importantes na sua peça. Eu inclusive


recomendo que você faça desse jeito no dia da prova, antes de começar a
produzir, principalmente em questões com longos enunciados, faça um
aparato dos pontos abaixo:

1. Crime: homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e


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pelo motivo fútil.


2. Medida: Representação por medida cautelar de prisão temporária.
3. Prazo: 30 dias.
4. Fumus comissi delicti:

4.1. prova da existência do crime: ...desferiu três disparos em sua


direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas
faleceu ainda no local e os autores se evadiram logo após a conduta,
lá deixando Fernanda a gritar por socorro...; Também juntou-se ao
feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de
três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois,
no crânio...

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4.2. Indícios suficientes de autoria: ...Fernanda foi ouvida em termo de


declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os
que empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que
portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o
irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando
uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a
vítima....; foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se
encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e
narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa
do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos
quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de
possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram
formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois
dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano
Madeira....;...o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de
cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram
constatados fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as
digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo
Madeira...; ...Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã
de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava registrado em nome da
genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria
Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro
Boa Prudência, em Salvador – BA...

5. periculum libertatis: O inquérito policial tramitou pela delegacia,


em diligências, durante vinte e cinco dias, encontrando se
conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a
complementação de inúmeras diligências visando identificar os
outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a
conduta dos indiciados
Ou seja, temos todos os elementos que possibilitam a representação pela
temporária.

No entanto, na qualidade de autoridade policial, visto que você já sabe


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representar pela busca domiciliar, eu entendo que caberia ainda uma busca
domiciliar na casa da genitora dos prováveis autores do crime de homicídio.

Essa diligência visa além da possível prisão deles, uma vez que há
possibilidade de eles estarem escondidos na casa da mãe, bem como pode
ter sido escondida lá a arma do crime, o revólver calibre 38.

Assim, verifico ser cabível a busca domiciliar, até como diligência


complementar. No entanto, pela reserva jurisdicional, devemos representar
pela medida, não podemos fazê-la a revelia do juiz.

Vamos à peça:

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR - BA.

Ref. Inquérito policial n°0021/2012

A Polícia Civil do estado da Bahia, por meio do seu Delegado de Polícia, ao


final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre
outros dispositivos, pelo art. 2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, pelo art. 240,
§1°, d, do CPP, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim
pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado
para o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da prisão
temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira, pelos fundamentos de
fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos, que na madrugada do dia 17 de setembro de 2012, por


volta de 00:40, ocorreu um crime de morte, ocasião em que a vítima
Douglas Aparecido da Silva foi atingida por dois disparos de arma de fogo,
que lhe atingiram o tórax e a cabeça. O crime teria sido motivado por uma
dívida de drogas que a vítima mantinha com os agentes criminosos.

A ação delituosa foi presenciada por sua namorada Fernanda Maria de


Souza, a qual prestou depoimento nesta delegacia, afirmando que conhece
os prováveis autores, tendo os reconhecido.

A ação criminosa ainda teve como testemunhas dois vizinhos que


assistiram tudo de suas janelas e também reconheceram formalmente os
indiciados, ora representandos, por meio de reconhecimento fotográfico,
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cujo auto se encontra juntado aos autos.

Foi ainda feito o laudo de local de crime, oportunidade em que foi realizada
perícia papiloscópica em uma lata de cerveja encontrada no local,
resultando positivo para Ricardo Madeira.

Os quatro agentes criminosos deslocavam-se em um carro sedan de cor


prata, placa ABS 2222/BA, que está registrado em nome da genitora dos
irmãos Madeira, Maria Aparecida Madeira.

O inquérito tramita nesta unidade de polícia judiciária e ainda estão


pendentes várias diligências para a elucidação do crime, notadamente a
identificação de dois dos quatro indivíduos e ainda resta empreender

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diligências com o intuito de encontrar a arma de fogo utilizada e demais


elementos de informação que possam ajudar na convicção do MP e do Juiz
no processo judicial.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados acima, os indiciados foram incursos no


crime de homicídio qualificado, pelo motivo torpe, bem como pela
impossibilidade de defesa por parte da vítima.

2.2 Do cabimento

Nos termos da lei de prisão temporária, bem como na lei de crimes


hediondos, é cabível o recolhimento cautelar dos indiciados, pois o crime
cometido está previsto no rol de crimes onde cabe essa hipótese de
segregação.

Ademais, como se trata de crime hediondo, vale ressaltar que o prazo da


prisão será o de 30(trinta) dias, conforme previsto na própria lei de crimes
hediondos.

Noutro giro, com a mesma finalidade de colheita de elementos de


informação que consubstanciem a investigação preliminar, é cabível a
busca domiciliar no endereço da mãe dos autores, com o fito de encontrar
a arma utilizada no crime de morte, bem como outros elementos que
possam interessar à investigação, tudo nos termos das alíneas do §1°, do
art. 240, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

No caso em tela, podemos afirmar que há uma combinação perfeita entre


os incisos I e III, do art. 1° da Lei 7.960/89. Vejamos.
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Quanto à prova da existência do crime. Nada mais claro que isso está nos
autos, uma vez que foram juntados tanto os depoimentos de três
testemunhas, afirmando que presenciaram a morte da vítima, bem como
pela juntada do laudo de exame cadavérico, onde se afirma a vítima ter
sido alvejada por dois disparos de arma de fogo, um no tórax e outro na
cabeça.

Portanto, o crime existe e há elementos que nos conduzem a essa


conclusão.

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Quanto aos indícios de autoria, também estão comprovados pelo auto de


reconhecimento fotográfico dos irmãos Madeira, no qual as testemunhas
afirmam ter sido eles os autores do homicídio.

De modo a reforçar a autoria temos o laudo de exame papiloscópico, no


qual se confirma as digitais de um dos irmãos madeira em uma lata de
cerveja deixada no local do crime, o que nos conduz ao reforço da autoria
atribuída a Ricardo e Cristiano.

Portanto, o requisito do inciso III, da Lei 7.960/89 encontra-se plenamente


satisfeito no caso concreto.

O requisito do inciso I, do referido artigo, também se satisfaz, pois a


investigação ainda se encontra em seu decorrer e várias diligências são
necessárias para a elucidação do crime. Ainda é necessária a identificação
dos outros dois indivíduos que participaram da ação criminosa, além do que
é necessário encontrar a arma utilizada no crime. O inquérito está com seu
prazo se esvaindo, o que comprova mais ainda ser imprescindível a prisão
dos indiciados para o sucesso das diligências.

Além de tudo isso, os indiciados possuem extensa folha de antecedentes


criminais, onde se pode perceber uma série de crimes cometidos pelos
representandos, notadamente ligados ao tráfico de drogas, roubos e
homicídios.

Assim, podemos afirmar que estão presentes os requisitos dos incisos I e


III, do art. 1° da Lei n° 7.960/89.

Por outro lado, é necessária ainda a expedição de mandado de busca


domiciliar. Vejamos.

No crime em comento, foi utilizada arma de fogo para a execução, objeto


esse que ainda não foi encontrado, mesmo após várias diligências da seção
operacional desse distrito policial, o que nos leva a pensar que a arma do
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crime pode estar escondida na casa da genitora dos indiciados, pois até o
veículo utilizado no dia do crime está registrado no nome da mãe deles, o
que nos leva a crer que pode ser possível encontrar o revolver calibre 38
na casa localizada na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em
Salvador – BA.

Nos termos do art. 240, §1°, do CPP, será deferida a busca domiciliar
quando for necessário encontrar armas e outros objetos ligados à prática
delituosa. O que se encaixa perfeitamente no caso em tela, necessitando
apenas de mandado judicial para a efetivação da diligência, uma vez que
se trata de um tema que requer a intervenção do juiz para seu deferimento.

3. Do pedido

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Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da prisão
temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira, sem a oitiva da parte
contrária, pela própria natureza da medida e urgência características, pelo
prazo de 30 (trinta) dias, após a competente manifestação do membro do
Ministério Público.

Requer ainda a expedição de mandado de busca domiciliar, diligência a ser


cumprida na Rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador
– BA, com a finalidade de encontrar o revólver calibre 38 utilizado no crime
cometido.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Questão 2:

(VINÍCIUS SILVA) No dia 23 de julho de 2014, na cidade litorânea


de Praia Verde – SP, a polícia encontrou um corpo de uma pessoa
do sexo feminino, sem vida, que aparentemente havia sofrido
várias agressões físicas antes de ter sua vida ceifada.
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O laudo de exame cadavérico concluiu que houve um homicídio e


que este se deu mediante asfixia, tudo conforme a analise técnica
do corpo de peritos da Polícia Civil de São Paulo.

Alguns documentos foram encontrados junto à vítima e


comprovaram que se tratava de uma turista francesa, que estava
passando o final de semana no litoral paulista, conhecendo as
belezas das praias.

Posteriormente, mediante o depoimento de moradores que residem


próximos ao local do crime, chegou ao conhecimento da autoridade
policial titular da delegacia de proteção ao turista a informação de
que a vítima estava acompanhada de um suposto guia turístico, que

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lhe mostrara algumas das belezas da região, essa pessoa seria o Sr.
Antônio da Silva.

No decorrer das investigações ficou demonstrado pela perícia que


no corpo da vítima, na região do pescoço havia diversas marcas
digitais, que foram juntadas ao laudo pericial.

Posteriormente, foi feito um batimento entre as impressões digitais


encontradas na vítima e o banco de dados da Secretaria de
Segurança Pública, no entanto, não foi possível nenhuma
coincidência entre as informações.

Após empreender diligências, Antônio dos Silva foi intimado a


comparecer a delegacia para ser ouvido e ele negou a autoria do
crime.

No entanto ficou comprovado que ele não era guia turístico e sim
um morador da cidade que já havia sido acusado de vários delitos
de estupro, conforme registros de ocorrência do próprio banco de
dados da Polícia Civil.

Ouvido ele informou que não possuía residência fixa e que durante
o dia, a fim de recolher dinheiro fazia “bicos” como guia. Dormindo
em locais incertos. Não apresentou qualquer documento de
identidade e negou a autoria do crime.

Na qualidade de titular da delegacia de proteção ao turista,


represente pela medida cautelar cabível, visando à conclusão das
investigações.

Comentário e sugestão de peça:

Essa questão foi elaborada inteiramente por min, e se baseia em casos


práticos que vivenciamos todos os dias e que e própria mídia nos traz.
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Modifiquei alguns dados e a questão ficou muito boa.

Nesse problema ocorreu um crime clássico que é o de homicídio qualificado


pelo meio de execução, qual seja a asfixia.

O laudo cadavérico comprova que o crime aconteceu, portanto, a prova da


existência do crime se faz pela própria existência do cadáver e do laudo
que comprova o que ocorrera e como se deu a ação delituosa.

Na mesma toada, temos vários indícios de que o autor do crime seria o Sr.
Antônio da Silva, o qual já foi acusado por vários crimes de estupro na
região, tendo sido reconhecido por testemunhas como a pessoa que

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acompanhava a turista. Portanto há fortes indícios de que ele seria o


suposto autor do crime.

Além disso, temos o fato de que o investigado não possui residência fixa,
nem trabalho fixo, o que vai ao encontro do que está previsto como
requisito cautelar da prisão temporária.

Visto isso, como o crime é hediondo, podemos confirmar que o prazo da


temporária é de 30 (trinta) dias.

O fato de as impressões digitais encontradas no corpo da vítima não terem


sido coincidentes com as do investigado, não macula a representação por
prisão temporária, pois não há como afirmar que o Sr. Antônio da Silva não
foi o autor do crime apenas com essa excludente. O que se pode afirmar é
que as digitais não estavam presentes, o crime pode ainda ter sido
cometido por duas pessoas, ou seja, precisamos na qualidade de
autoridade policial, prosseguir nas diligências e a prisão do investigado é
necessária para tanto.

Como temos um crime de homicídio, vamos representar ao juiz presidente


do tribunal do júri.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PRAIA VERDE - SP.

Ref. Inquérito policial n°_____


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A Polícia Civil do estado de São Paulo, por meio do seu Delegado de Polícia,
ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre
outros dispositivos, pelo art. 2°, ‘caput’, da Lei 7.960/89, bem como no art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta
as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando
concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
representar pela decretação da prisão temporária de Antônio da Silva, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

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Narram os autos que no dia 23/07/2014, na cidade de Praia Verde - SP,


ocorreu um crime de homicídio, ocasião em que a vida de uma turista
francesa foi ceifada por uma ação criminosa que utilizou do meio da asfixia
para execução da morte, tudo isso comprovado por maio do laudo de
exame cadavérico.

O inquérito em epígrafe tramita nessa delegacia e encontra-se em meio a


diligências investigativas, no intuito de comprovar os indícios de autoria.

Foram ouvidas testemunhas que residem nas proximidades do local do


crime e afirmaram que viram a turista sozinha com um suposto guia
turístico, o Sr. Antônio da Silva, o qual se passava por guia para angariar
dinheiro.

O Sr. Antônio da Silva foi ouvido nesta delegacia e afirmou não ter cometido
o crime, no entanto, disse que não possui residência fixa, tampouco
trabalho fixo, e que dorme em locais onde encontra guarida. Juntada a
folha de antecedentes criminais, ficou constatado que o investigado já foi
acusado por diversos crimes de estupro na mesma região.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

No caso em tela, podemos afirmar, de acordo com os laudos periciais que


houve morte violenta e que essa morte teria ocorrido por meio de asfixia
do tipo esganadura, tudo conforme o laudo pericial.

Portanto, fica caracterizada a ocorrência de crime de homicídio doloso


qualificado pelo meio de execução (asfixia).

2.2 Do cabimento

A medida cautelar representada é a de prisão cautelar temporária, a qual


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possui sua regulamentação na Lei n° 7.960/89 e na Lei n° 8.072/90.

A medida é cabível quando o crime ocorrido está previsto no rol do inciso


III, do art. 1°, da Lei n° 7.960/89.

O caso encaixa-se perfeitamente na conduta prevista na alínea “a” do


referido inciso. Portanto, é cabível a prisão temporária do investigado.

2.3 Dos requisitos cautelares

A prova da existência do crime está mais do que comprovada, uma vez que
existe o cadáver e o laudo de exame cadavérico, por meio do qual se

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comprova que o crime foi o de homicídio qualificado pela asfixia como meio
de execução.

Quanto aos indícios suficientes de autoria, os depoimentos das


testemunhas comprovam que o representando esteve com a vítima no dia
do crime.

Portanto, o fumus commissi delicti está satisfeito e devemos apenas


comprovar o perigo que a liberdade do investigado representa para a
própria persecução penal.

O periculum libertatis está previsto no art. 1°, II, da Lei n° 7.960/89,


oportunidade em que a lei prevê que a prisão será necessária sempre que
o investigado não possua residência fixa, como é o caso dos autos.

O investigado não possui residência fixa, tendo afirmado em seu


depoimento que dorme em locais onde consegue guarida.

Assim, presentes estão os requisitos de cautelaridade para o deferimento


da medida, uma vez que comprovada a combinação dos incisos III e II, do
art. 1°, da Lei n° 7.960/89.

Cumpre ressaltar ainda que se trata de crime hediondo, onde a prisão


representada possui um prazo de 30(trinta) dias, prorrogável por igual
período, tudo isso previsto na Lei n°. 8.072/90.

3. Do pedido

Diante do exposto, com base nos fundamentos fáticos e jurídicos


elencados, representa essa autoridade policial pela decretação da prisão
temporária de Antônio da Silva, pugnando pela expedição do competente
mandado judicial, decisão a ser dada sem a oitiva da parte contrária, pela
própria natureza e urgência características da cautelar, pelo prazo de
30(trinta) dias. 13601418207

Requer ainda a competente manifestação do membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Por hoje é só, espero que tenham gostado da aula 02, onde você continua
comprovando que valeu a pena investir nesse curso, cujo material completo

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contempla aproximadamente 40(quarenta) questões comentadas de peças


práticas.

Abraços.

Bons Estudos.

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