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RESENHA – DEMÉTRIO CARDOSO DA SILVA

Carole Pateman – Participação e Teoria Democrática – Tradução: Luiz Paulo Rouanet. São
Paulo: Paz e Terra, 1992.

Carole Pateman realiza um estudo sobre o papel da participação nas teorias modernas da
democracia. Faz uma análise da teoria contemporânea predominante, à luz dos argumentos
de Schumpeter; e, depois analisa os autores ditos "clássicos", que construíram uma teoria
participativa da democracia, a exemplo de Berelson, Dahl, Sartori, Eckstein e Cole.

Ela considera que teoria contemporânea da democracia tem como "fundador" Schumpeter.
Ele realiza uma revisão da teoria clássica, já que esta, segundo ele, não corresponde com as
atitudes dos cidadãos na vida política. Assim, ele diz que a democracia é simplesmente um
método político, que consiste na competição entre líderes pelos votos do povo. Nela, a
participação não tem um papel especial, justamente porque ele considera a massa eleitoral
"incapaz". Além disso, Berelson, outro teórico contemporâneo, afirma que a participação
limitada da maioria é necessária à estabilidade do sistema democrático.

Sartori e Eckstein reforçam tais argumentos e, juntos com Berelson e Schumpeter,


segundo Carole, são responsáveis pela construção da "teoria contemporânea da
democracia". Neste sentido ela faz uma crítica. Eles dizem então, que a participação
política é expressa somente pelo voto e é utilizada para exercer certo controle dos
representes no período eleitoral; assim sua função é meramente protetora. Pateman critica
essa teoria principalmente pelo fato de que, segundo ela, a teoria clássica da democracia "é
um mito". Ela diz que os autores contemporâneos não compreenderam as ideias dos
pensadores clássicos e acabaram por deturpá-los.

Por isso, Carole Pateman demonstra a teoria clássica, ou participativa, através dos
conceitos dos autores considerados clássicos. São eles: Rousseau, John Stuart Mill e G. D.
H. Cole. Eles dizem que o cerne da democracia é a participação dos indivíduos nas
tomadas de decisão, e não somente na escolha daqueles que as tomarão. Segundo eles, a
função da participação não é protetora, mas sim educativa, num sentido amplo. Eles
seguem a ideia de que "se aprende a participar participando", ao contrário dos teóricos
contemporâneos. Além disso, estes autores dizem que a democracia não deve se restringir à
esfera governamental, mas deve alcançar todas as esferas da sociedade e formas de
associação, destacando-se a industrial.

Pateman conclui o texto realizando uma defesa das teorias clássicas da democracia
participativa, dizendo que ela é responsável pela educação dos cidadãos, que permite que o
indivíduo aceite mais facilmente as decisões coletivas e que, além disso, ela realiza uma
integração entre os cidadãos e às comunidades de que participam.

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