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XVI Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias

Justificativas para o uso de ferramentas de busca em pesquisas acadêmicas


Fabíola da Silva Pinudo
Bibliotecária, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Introdução
Este trabalho apresenta um panorama das divisões menos definidas entre conteúdos científicos formais e informais e do desempenho das ferramentas de buscas (com
destaque para o Google) na Internet. Assim, seus objetivos são discutir alguns questionamentos que validem o uso destes como coadjuvante em pesquisas acadêmicas e,
de forma secundária, mostrar algumas bases bibliométricas que asseguram seu funcionamento.

Metodologia
Esta teve por base o levantamento bibliográfico a fim de explicitar e comparar conceitos.

Comunicação científica X conteúdos formais e informais na rede comunicação formal


A comunicação científica é a atividade ou fenômeno que permite com que as descobertas sejam divulgadas, debatidas e consolidadas. De Se consolida pela comunicação escrita:
uma forma geral, os fluxos dessa informação, segundo Meadows (1999 apud LOPES 2005), podem estar relacionados aos sistemas de periódicos, livros, relatórios, resumos,
comunicação formal ou informal. índices, revisões, etc.
Bases de dados de materiais e
documentos on-line.
Colégios invisíveis
comunicação informal
Os colégios invisíveis, segundo Price (1976), são as comunidades de pesquisadores que, ao se reunirem informalmente, colégios invisíveis: relatos de pesquisa
impulsionam a comunicação científica e influenciam as publicações formais. Atualmente, nos deparamos com a existência de ainda não concluída, reuniões científicas,
colégios virtuais, apresentados como os sucedâneos dos colégios invisíveis. Moreira (2005) afirma que “a comunicação científica, participação em associações
seja formal ou informal, está passando por mudanças tão significativas que cada vez mais se tornam indistintas suas barreiras”, profissionais.
estas que podem até não existir no futuro, segundo Meadows (2001, apud LOPES 2005). Colégios virtuais: comunidades, redes
sociais, lista de discussão e blogs.

O Google e a Bibliometria
Google
A base do funcionamento do Google, o algoritmo chamado Pagerank, segundo Battelle (2006), premia informações que vêm de Pode ser considerado o mais
fontes importantes e penaliza aquelas que não obedecem a essa norma, ou seja ele apresenta resultados mais relevantes antes expressivo mecanismo de busca da
daqueles considerados menos relevantes. Então, como medir o grau de relevância de uma informação ou de um site? Através da atualidade.
mesma idéia ou conceitos que regem as publicações acadêmicas. Foi responsável por 14.893.938
Pritchard (1969 Apud FERREIRA 2010) define a Bibliometria como “todos os estudos que tentam quantificar os processos de visualizações de páginas no mês de
comunicação escrita. Destaca-se na área o campo das análises de citações. Como sabemos, citação é a menção de uma dezembro de 2009 (Ibope 2009)
Possui cerca de 8 bilhões de páginas
informação extraída de ”outra” fonte e a forma como elas interligam documentos podem descrever padrões na produção do
indexadas (Google, 2010).
conhecimento científico.
Pagerank
Os mecanismos tradicionais de
pesquisa se baseiam fortemente na
E o Google Acadêmico? freqüência com que uma palavra
Segundo Walters (2007 apud MARCHIORI 2007), o Google Acadêmico utiliza um algoritmo proprietário que identifica documentos aparece em uma página da web.
que “parecem científicos” em termos de conteúdo e formato, como artigos de periódico, pré-prints, dissertações, teses e relatórios O Pagerank Faz uma avaliação
técnicos. Sua principal vantagem é que este tem maior facilidade em encontrar e indexar fontes que estão na chamada objetiva da importância de páginas da
WebProfunda, a “zona” da internet constituída por parte de informação científica que os buscadores “desconhecem”. web, resolvendo uma equação de
Na presente pesquisa, o Google Acadêmico é apenas considerado como um subproduto do buscador, pois embora seu uso seja mais de 500 milhões de variáveis e 2
bilhões de termos. Em vez de contar
crescente em estudos comparativos e levantamentos bibliométricos, suas fragilidades podem ser facilmente percebidas. Eis, os
links diretos, o PageRank interpreta
exemplos de algumas: ausência de vocabulário controlado ou uma lista de autoridades para orientar a inserção de assuntos, um link da Página A à Página B como
ausência de listas dos parceiros e as fontes de informação utilizadas, falta de opção para reorganizar os resultados de uma forma um voto para a Página B pela Página
diferente da que está previamente estabelecida pela ferramenta e dificuldade em definir o que considera científico. A. O PageRank, então, avalia a
importância da página pelo número de
votos que recebe. (Google, 2010)

Considerações Finais
Quando encontramos documentos em tradicionais fontes de informação, como bibliotecas de universidades, índices ou bases de dados científicas, consideramos que eles
possuem um valor de “qualidade” ou relevância implícita já que passou por um rigor na sua aquisição ou seleção. Diante disso, Blattman e Tristão (1999) recomendam que
alguns critérios para seleção de documentos online, sejam seguidos por pesquisadores mais experientes e com diferentes expectativas do tipo de informação que pretendem
recuperar: autoridade (“quem é o autor”), conteúdo, público-alvo (se este é percebido claramente), propósito da informação (“julga, exemplifica ou informa?”), endereço do
documento (qual instituição é provedora da informação?), etc.

Referências

BATTELLE, John. A busca. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.


BLATTMANN, Ursula; TRISTÃO, Ana Maria Delazari. Internet como instrumento de pesquisa técnico-científica na engenharia civil. Revista da ACB: Biblioteconomia em Santa
Catarina, v. 4, n. 4, p. 28-46, 1999. Disponível em: < http://revista.acbsc.org.br/index.php/racb/article/ viewArticle/336/398> Acesso em: 17. set. 2010.
FERREIRA, Ana Gabriela Clipes. Bibliometria na avaliação de periódicos científicos. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.11 n.3 jun/10. Disponível em:
<http://www.dgz.org.br/jun10/Art_05.htm> Acesso em: 17. set. 2010.
GOOGLE. Informações corporativas. 2010. Disponível em: <ttp://www.google.com.br/intl/pt-BR/corporate/>. Acesso em: 4. jul. 2010.
IBOPE. Ranking da internet no Brasil. 2009. Disponível em: <http://www.ibope.com.br/
calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=Noticias&docid=E37C727B59300DFE83257639004D478C>. Acesso em: 14
abr. 2010.
LOPES, Marili Isensse; SILVAN, Edna Lúcia da. A Internet e a busca da informação em comunidades científicas: um estudo focado nos pesquisadores da UFSC. Perspectivas
em Ciência da Informação, v.12, n.3, p.21-41, set./dez. 2007.
MARCHIORI, Patrícia Zeni. In: GIANNASI-KAIMEN, Maria Júlia; CARELLI, Ana Esmeralda (org.) Google we trust? Redesenhando acesso a recursos de informação. In:
Recursos informacionais para compartilhamento da informação. E-papers, 2007. p. 99-123.
ZIMAN, J. O homem e a ciência: conhecimento público. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1979

fabiolascully@gmail.com

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