Você está na página 1de 5
© 245 — 23-10-1990 DIARIO DA REPUBLICA —I SERIE 4353 2 — Para efeitos do disposto no nimero anterior, é derrogada a alinea b) do n.° 1 do artigo 36.° do Decreto-Lei n.° 422/83, de 3 de Dezembro, no que res- peita aos servigos de telecomunicagdes de valor acres- centado. Visto ¢ aprovado em Conselho de Ministros de 13 de Setembro de 1990. — Joaquim Fernando No- gueira — Luis Miguel Couceiro Pizarro Beleza — Joaquim Martins Ferreira do Amaral. Promulgado em 4 de Outubro de 1990, Publique-se. © Presidente da Repiblica, MARIO SOARES. Referendado em 10 de Outubro de 1990. Primeiro-Mii stro, Anibal Anténio Cavaco Silva. MINISTERIO DO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS Decreto-Lei n.° 330/90 0 23 de Outubro A publicidade assume, nos dias de hoje, uma impor- tancia ¢ um alcance significativos, quer no dominio da actividade econémica, quer como instrumento privile- giado do fomento da concorréncia, sempre benéfica ara as empresas © respectivos clientes. Por isso, importa enquadrar a actividade publicité- ria como grande motor do mercado, enquanto veiculo dinamizador das suas potencialidades e da sua diversi- dade e, nessa perspectiva, como actividade benéfica e positiva no proceso de desenvolvimento de um pais. Em obediéncia a esse desiderato, a actividade publi- citdria no pode nem deve ser vista, numa sociedade moderna e desenvolvida, como um mal menor, que se tolera mas nao se estimula, e muito menos como re- sultante de um qualquer estado de necessidade. Porém, a receptividade de que beneficia no quoti- diano dos cidadaos, se Ihe confere, por um lado, acres- cida importancia, ndo deixa, outrossim, de acarretar ‘uma natural e progressiva responsabilidade, na perspec- tiva, igualmente merecedora de atengdo, da protecgao € defesa dos consumidores e das suas legitimas expec- tativas. De facto, uma sociedade responsavel nao pode dei- xar igualmente de prever ¢ considerar a definigéo de regras minimas, cuja inexisténcia, podendo consumar situagdes enganosas ou atentatérias dos direitos do ci- dado consumidor, permitiria, na pratica, desvirtuar 0 préprio ¢ intrinseco mérito da actividade publicitéria. Sem recorrer a intengdes paternalistas e recusando ‘mesmo solugdes de cariz proteccionista, 0 novo Cédigo da Publicidade pretende, com equilibrio ¢ sentido da realidade, conciliar as duas vertentes enunciadas, su- blinhando a sua relevancia ¢ alcance econdmico € so- cial. Realgando a experiéncia jd adquirida, 0 caminho j4 percorrido pela legislacdo nacional ¢ os contributos re- colhidos de todos quantos, directa ou indirectamente, a esta actividade se dedicam, a nova legislacao contem- pla, ainda, a desejavel harmonizagdo com a legislagao comunitéria, nomeadamente com as Directivas 1n.°" 84/450/CEE ¢ 89/552/CEE ¢, bem assim, a Con- vencao Europeia sobre a Televisdo sem Fronteiras. Assi Nos termos da alinea a) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigdo, 9 Governo decreta o seguinte: Artigo 1.° E aprovado o Cédigo da Publicidade, anexo ao presente diploma e que dele faz parte inte grante Art. 2.° — 1 — Erevogado o Decteto-Lein.° 303/83, de 28 de Junho, com excepeo do seu artigo 25.° ¢ ali. neas c) ¢ d) do n.° 1 do artigo 30.°, na redaccdo dada pelo Decreto-Lei n.° 266/89, de 18 de Agosto. 2 — Consideram-se feitas para as correspondentes disposigdes do presente Cédigo as remissOes para 0 Decreto-Lei n.° 303/83, de 28 de Junho. Art. 3.° — 1 — O Cédigo agora aprovado entra em vigor no dia imediato ao da sua publicacdo, salvo quanto a0 disposto nos artigos 24.°, 25.° € 26.°, que entram em vigor a 1 de Outubro de 1991. 2— disposto nos n.°* $ a7 do artigo 25.° nao é aplicdvel as emissdes exclusivamente destinadas ao ter- ritério nacional e que nao possam ser captadas, directa ou indirectamente, em outro ou outros Estados mem- bros das Comunidades Europeias. Visto ¢ aprovado em Conselho de Ministros de 19 de Julho de 1990. — Anibal Anténio Cavaco Silva — Luis Miguel Couceiro Pizarro Beleza — José Manuel Cardoso Borges Soeiro — Roberto Artur da Luz Car- neiro — Arlindo Gomes de Carvalho — Fernando Ma- nuel Barbosa Faria de Oliveira — Anténio Fernando Couto dos Santos — Fernando Nunes Ferreira Real. Promulgado em 1 de Outubro de 1990. Publique-se. Presidente da Repiblica, MARIO SOARES. Referendado em 10 de Outubro de 1990. 0 Primeiro-Ministro, Antbal Anténio Cavaco Silva. (Cidigo da Publicidade CAPITULO I © presente diploma aplicase 2 qualquer forma de publisdade, in- ependentemente do suporte ulizado para a sua difusto, Artigo 2.° Direito aplicével A publicidade rege-se pelo disposto no presente diploma e, subsi diariamente, pelas normas de dizeto civil ou comercial Artigo 3.° Conceito de publicidade 1 — Considera-se publicidade, para efeitos do presente diploma, qualquer forma de comunicagao feita no Ambito de uma actvidade comercial, industrial, artesanal ou liberal, com o objective de pro- ‘mover o fornecimento de bens ou servicos, incluindo direitos e obri- aasde. 4354 2— Considera-se também publicidade qualquer forma de comu nicagdo que vise promover ideas, prinepios, iniiativas ou institu Gen sem prejuizo do disposto no numero seguinte 3" "Nae se considera publicidade, para efeitos do presente di- ploma, & propaganda politica ‘S~'& denominads «publicidade de Estado ou oficial», em qual- quer das suas formas, € equiparada a publicidade para efeitos de Stjeipdo ao disposto no presente diploma. efeitos de presente diploma, considera-se publicdade de toda aquela que ¢ fella por organismos e servigos ® regional, bem como por institutos publi- cos nas modalidades de servgos personalizados e de fundos publicos Artigo 4.° Concelto de actividade publlelttra 1 — Considera-se actividade publicitiria 0 conjunto de operagdes {elacionadas com a difusdo de uma mensagem publictaria junto dos Seus desinatrios, bem como as relagdesjurdicase técnicas dal emer- fentes entte anunclantes, agkncias de publicdade e entidades que ex- Plovem os suportes publictarios ow que exercam a actividade publi- tara, 2— Incluem-se entre as operagdes referidas no numero anterior, esignadamente, as de concepcto, criaglo, produglo, planificagdc fe distribuigdo publicitarias Attigo 5.° Amunciante,agéncia de publicade, suporte publiciéro e destinatiio Para efeitos do disposto no presente diploma, considera-se ‘) Anunciante: a pessoa singular ou colectiva no interesse de quem se reali a publicidade; ») Agénela de publiidade: a sociedade comercial que tenha por objecto exclusiva o exercicio da actividade publiiérig; ) Suporte publisttrio: o velculo utlizado para « tranemissto dda’ mensagem publicitéria quem a men sagem publicaria se dire ou que por ela, de qualquer forma, seja atingida CAPITULO II Regime geral da publicidade Seccho I Principios gerais Principios du p A publicidad rege-se pelos principos da lictude, identificabitidade, veradidade e respeito pelos direitos do consumidor, Artigo 7.° Principio da lcitude 1 — £ proibida a publicdade que, pela sua forma, objecto ou fim, ‘ofenda os valores, principios einstitulgBes fundamentais constitucio- ‘almenie consagrados 2 —"E prowbide, devignadamente, a publicdade que Se socorra, depreciativamente, de instituigdes, simbolos na- Clonais ou’ religiosos ow personagens historias; Estimule ou faga apelo A violencia, bem como s qualquer ac tividade ilegal ou eriminosa; 6) Atente contra a dignidade da pessoa humana; @ Contenha qualquer dscriminarao em virtude da raga ou do ) Unlze, sem autorizagdo da propria, a imagem ou as pala ras de alguma pessoa: J), Uilize linguagem obscena; 1) Encorage comportamentos prejudiciais & protecg#o do am- biente » 3 — 86 ¢ permitida a utlizagdo de idiomas de outros paises na rmensagem publictaria quando esta tenha os estrangeitos por dest paldrios exclusivos ou principals, DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE N.® 245 — 23-10-1990 Artigo 8.° Principio du identileabilidade 1 — A publicidade tem de ser inequivocamente idemtificada como tal, qualquer que seja o meio de difusio utilizado. 2A publicidade efectuads na rédio e na televisdo deve ser cla ramente separada da restante programasdo por sinais acusticos ou pticos. Artigo 9.° Publicidade oculta ou dissimulada 1 —£ vedado o uso de imagens subliminares ou outros meios dis- simuladores que explorem a possibilidade de cransmitir publicidade Sem que os destinatirios se apercebam da natureza publictiria da mensagem. 2—Na transmissio televsiva ou fotografica de quaisquer acon: tecimentas ou situagoes, reais ou simulados, € proibida a focagem directa ¢ exclusiva da publcidade ai existete. 3 — Considera-se publicidade subliminar, para os efeitos do pre: sente diploma, a publicidade que, mediante 0 recurso a qualquer te: nica, possa provocar no destinatirio percepydes sensorais de que ele ro chegue a tomar consciéncia. Artigo 10.° Principio da verncldade 1 —A publicidade deve respeitar a verdade, no deformando os actos. 2-— As afirmagdes relativas a origem, natureza, composiglo, pro priedades e condipBes de aquisigdo dos bens ou servigos public dos devem ser exactas e passveis de prove, a todo 0 momento, pe- rante as instdnclas competentes Artigo 11° Publicidade enganoss 1 —# proibida toda a publicidade que, por qualquer forma, in- cluindo a sua apresentacdo, e devido ao seu cardcter enganador, in- dduza ou seja susceptvel de induzir em erro os seus destinatérios ou ‘posse prejudicar um concorrente, 2 — Para se determinar se uma mensagem é enganose devem ter- -s¢ em conta todos os seus elementos e, nomendamente, todas as in dlcagbes que digam respeito: 4) As caracteraticas dos bens ou servigos, tals como a sua dis- ponibilidade, natureza, execucto, composi¢to, modo e data Ge fabrico ov de presasdo, sua adequagdo, utlizagdes, quan: Uidade, especificagdes, origem geogratica ou comercial, resul- tados que podem ser esperados da utilzaso ou ainda resul- tados ¢ caracteristicas essenciais dos testes ou controlos efectuados sobre 0s bens ov servigos; 1) Ao prego e 20 seu modo de facto ou pagamento, bem como as condigdes de fornecimento dos bens ou da prestasto dos servigos; ©) A natureza, as caracterstcas ¢ aos direitos do anunciante, tis como a sua identidade, as suas qualificagdes e os seus direitos de propriedade industrial, comercial ou intelectual, (01 08 prémios ou distingBes que recebeu; ) os direitos e deveres do destinatrio, bem como a0s termos de prestagdo de garantias. 3 — Nos casos previstos no nlmmero anterior, pode a entidade com: patente para a instrugdo dos respectivos processos de contraordenagao enxigit que 0 anunciante apresente provas de exactidao material dos dados de factos coatidos na publicidade '4— Os dados referidos no riimero anterior presumem-se inexac- tos se as provas exigidas ndo forem apresentadas ou forem insu Artigo 12.° Principlo do respelto pelos direitos do consumidor A publicidade ndo deve atentar contra os ditetos do consumidor.

Você também pode gostar