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XI Jornadas Nacionales y VIII Jornadas Internacionales de Enseñanza de la Química Universitaria,

Superior, Secundaria y Técnica. 24 al 27 de Octubre de 2017. Ciudad de Buenos Aires, Argentina.


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Enseñanza de temas de Química en contexto y en interdisciplina (con historia, arte, literatura,


matemática, cine, teatro, economía, salud, cuestiones socio- científicas, etc.)

Ensino de Ciências na Produção de Sabão Caseiro Ecológico: um Projeto de


Extensão as Comunidades do médio Amazonas pela Universidade Federal do
Amazonas – AM, Brasil.

Science teaching and the Ecological homemade soap production: An Amazonas


Federal University Social Extension Project concerning amazon communities.

Pierre André De Souza1*, Adria Vasconcelos Cortez2

1- Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia para Recursos Amazônicos


(PPCGTRA).Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia- Universidade Federal do
Amazonas- ICET-UFAM. Itacoatiara. Amazonas. Brasil.
2- Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia para Recursos Amazônicos
(PPCGTRA). Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - Universidade Federal do
Amazonas- ICET-UFAM Itacoatiara. Amazonas. Brasil.

*Email: pierreandre.ufam.icet@gmail.com

ABSTRACT:
Ignoring the environment problems, thousands of tons of cooking oil waste are deposited
in the Brazilian rivers every years. The goal of this paper was precisely to obtain a useful,
cheap and good quality natural homemade soap from that waste. The results showed a
high potential to enable the environmental education by means of the manufacturing of
such soap, fostering social development extension projects concerning the Amazon river-
by communities, and likewise, it could also be used in practical organic chemistry classes.

KEYWORDS: Soap production, Applied chemistry, Extension project, Contaminated


water, Reused oil.

RESUMO

Ignorando os problemas ambientais, milhares de toneladas de resíduos de óleo de


cozinha são depositadas nos rios brasileiros todos os anos. O objetivo deste trabalho foi o
de aplicar por meio de um projeto de extensão e desenvolvimento social às comunidades
ribeirinhas do amazonas, por meio de oficinas, a produção de um sabão caseiro natural,
barato e de boa qualidade a partir do óleo de cozinha usado. Esse projeto além de ter
promovido a educação ambiental para os ribeirinhos pôde, igualmente, ser aplicado em
aulas práticas de química orgânica.

PALAVRAS-CHAVES: Produção de sabão, Química aplicada, Projeto de extensão, Água


contaminada, Óleo reusado.

Asociación Química Argentina.

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INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O sabão é uma das composições químicas mais antigas produzida pela humanidade para
fins de limpeza em superfícies. As referências mais antigas aos sabões remontam a séculos
anteriores ao início da Era Cristã. Escavações indicam que por volta de 2.800 anos a.C os
Babilônios já produziam algo parecido com o sabão fervendo gordura animal com cinzas de
árvores. Em torno de 1.500 anos a.C, a medicina egípcia, registrava no papiro de Ebers algo
semelhante ao sabão indicado para banhos como preventivo de doenças e, para o tratamento de
certos tipos de enfermidades de pele. Tinha na receita de suas composições, plantas medicinais
dentre outras essências [2], [3].
Segundo Plínio, sábio romano (Gaius Plinius Secundus, 23 ou 24-79 d.C), autor da célebre
História Natural, os fenícios conheciam a tecnologia da produção de sabão desde 600 a.C (PITTA
et al., 2016; RABELO et al. 2008). No início do século XIX ocorreu a produção industrial do sabão.
Atribui-se essa façanha comercial a dois químicos franceses: Le Blanc e Chevreul. O primeiro
descobriu o processo rápido e barato de obtenção de soda por sais, enquanto o segundo,
descobriu a natureza química dos ácidos graxos glicerol e óleo/gordura [5], [10].
Ao longo do século XIX a descoberta de diferentes ácidos graxos conduziu à uma melhor
compreensão dos processos de fabricação do sabão. O que levou, igualmente, ao
estabelecimento dos princípios básicos do processo moderno da produção de sabão, envolvendo
a saponificação de óleos ou gorduras por substâncias cáusticas mais adequadas [9].
Atualmente, o sal produzido pela reação de saponificação possui característica básica,
pois é derivado entre a reação de uma base forte ou álcali como a soda cáustica/ hidróxido de
sódio (NaOH) e/ou hidróxido de potássio (KOH) e um ácido fraco (ácido graxo) em presença de
água [2]. Há ainda outros ingredientes usados no processo de saponificação. Dentre eles, como
possível interferente no controle de pH, ácidos fracos como o ácido acético diluído na forma de
vinagre e, aromatizantes ou essências, se for o caso [4], [9].
A composição química do sabão apresenta, portanto, características intrínsecas de
fabricante para fabricante conforme os ingredientes que nele são colocados. Nesse sentido, a
fabricação de sabão caseiro biodegradável oferece uma alternativa eficiente para a reutilização do
óleo de cozinha usado. Evita possíveis contaminações do meio ambiente, bem como, promove a
educação ecológica por meio da conscientização do reuso desse resíduo contaminante de rios e
lençóis freáticos [1], [9].
Com o foco voltado na linha de produção de sabão caseiro com óleo de cozinha usado,
objetivou-se desenvolver um sabão de forma simples, barata, eficiente e, ecologicamente correto
para ser aplicado na forma de um projeto de extensão às comunidades ribeirinhas do médio
amazonas.
Esse projeto foi executado ao longo dos semestres letivos nos anos de 2016.1 e 2017.1
com os alunos do curso de Licenciatura em Ciências Química e Biologia do Instituto de Ciências e
Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas – ICET-UFAM.
Os alunos do curso supracitado capacitaram ainda, por meio de oficinas, os comunitários
na produção de sabão caseiro. O que agregou a essa prática experimental de química orgânica a
aplicação de conceitos de educação ambiental, minimizando o descarte do óleo de cozinha usado
nos rios e igarapés da região. Desenvolveu-se ainda, por meio dessa alfabetização científica,
valores de cidadania.

FUNDAMENTOS E JUSTIFICATIVA

Diariamente são gerados bilhões de litros de óleo de cozinha usado. O descarte errôneo
desse material contribui com a poluição de lençóis freáticos, nascentes, córregos, rios e represas.
Tal atitude antropomórfica – onde o óleo usado é descartado em ralos de pias, caixa de esgoto,
terrenos baldios e quintais advindo de lares, indústrias, escolas, universidades, bares e
restaurantes - se deve à falta de conhecimento. Fruto do analfabetismo científico da população

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como um todo, sobre os impactos ambientais gerados pelo descarte inadequado desse insumo
[4].
Essa conduta da população, provoca aos sistemas municipais das redes de tratamento de
esgoto o entupimento das tubulações, criando crostas nas paredes dos canos junto com a
sujidade. O que aumenta em até 45 % os custos de tratamento [9].
Os impactos gerados ao meio ambiente no que se refere aos corpos hídricos surge com a
imiscibilidade do óleo com a água. A diferença de densidade entre ambos forma películas oleosas
na superfície a encobrir a fauna e flora aquática, impedindo a entrada de luz [10].
Tal camada dificulta ainda a troca de gases da água com a atmosfera, ocasionando
diminuição gradual das concentrações de oxigênio, o que pode levar a mortandade de peixes. A
gradual diminuição da concentração de oxigênio produz a metanização (transformação em gás
metano) dos óleos, contribuindo para o aquecimento global pelo efeito estufa [4].
Nesse contexto, o sabão assume certo papel de destaque na diminuição dos impactos
ambientais gerados. Porém, algumas substâncias usadas na fabricação caseira do sabão são
consideradas nocivas, devido à ação tóxica de seus componentes, e que podem vir a agredir o
meio ambiente e a saúde humana quando utilizados indevidamente [4] [5].
O sabão caseiro, por exemplo, comercializado como produto ilegal, é vendido em
pequenas lojas ou comércios ou de casa em casa por possuir um forte apelo financeiro ao
consumidor. As atividades do comércio varejista incluem a compra e a venda desse produto
clandestino, pois não traz informações sobre as substâncias e concentrações utilizadas em sua
composição, mesmo sabendo do risco que oferece à saúde da população [1] [9].
Outro dado relevante diz respeito ao potencial de hidrogênio (pH) dos sabões caseiros.
Este potencial varia de acordo com o modelo fabricado e o uso repetido de determinados tipos de
sabões como agente de limpeza para a higiene pessoal. O que pode vir a causar danos à pele do
corpo como supracitado acima [1].
Os sabões alcalinos, por sua vez, removem melhor a sujidade do que os neutros, devido
às interações com as moléculas de sujeira. Porém, a alcalinidade excessiva pode deixar o sabão
impróprio para utilização, tornando sua ação cáustica [4].
O pH alcalino dos sabões pode interferir na fisiologia do pH cutâneo causando
desidratação seguida de rachaduras, e irritação na pele. O sabão com pH levemente ácido causa
menos interferência cutânea pois seus valores assemelham com o pH da pele de um adulto. Já os
sabões neutros podem ser usados para banho, pois não tem ação sobre a pele [1] [2].
Diante desse contexto, a fabricação do sabão caseiro pode ser uma medida sustentável,
pois procura minimizar o descarte do óleo de cozinha no meio ambiente evitando diversos
impactos no ecossistema. No entanto, a orientação técnica para a fabricação de sabão caseiro é
de suma importância, dirimindo assim, possíveis impactos nocivos à saúde e ao meio ambiente.

DESCRIÇÃO METODOLÓGICA /INVESTIGAÇÃO EDUCATIVA

A primeira etapa do projeto consistiu no teste e, reformulação, de diferentes formulações -


após levantamento bibliográfico em livros, internet etc - para obtenção de um sabão caseiro de
óleo de cozinha usado que fosse natural (sem aditivos como corantes, aromatizantes, álcool,
solução de vinagre e cloreto de sódio), barato e de boa qualidade para uso diário. Algo, que se
aproximasse ao máximo das condições financeiras e da realidade dos comunitários para sua
fabricação in loco.
O óleo de cozinha usado foi uma mistura de óleos de soja e girassol de composição
desconhecida, comumente comercializados na região. Não foi obtido experimentalmente o índice
de saponificação IS (número que representa a massa, em miligramas, de hidróxido de potássio
necessária para saponificar 1 g de óleo ou gordura) da mistura desses óleos.
Optou-se em estimar um valor aproximado para fins de cálculo e praticidade baseando-se
na literatura consultada quanto aos IS dos óleos supracitados [9].
O fator de multiplicação para encontrar a quantidade de hidróxido de sódio, como
agente de saponificação, foi, portato, a relação de 136,0 mg (NaOH)/g(óleo de cozinha usado),
por ser o óleo de soja, de menor custo, comumente utilizado na região de Itacoatiara [5] [9].
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Usou-se, portanto, para fins de cálculo a seguinte relação matemática (Equação 1):
- quantidade de óleo de cozinha (em gramas) x 0,136 = quantidade de NaOH (em gramas) para
reagir com o óleo.
O NaOH (96 % de grau de pureza) foi comprado em estabelecimentos comerciais de
casas de piscinas visando o baixo custo desse material. A relação da quantidade de H2O e NaOH
adotada para a saponificação foi na razão de 1:1 (massa:massa). Essa relação de proporção
diante de inúmeras formulações previamente testadas, demonstrou ser a mais eficiente sob
aspectos ecológicos na produção do sabão biodegradável bem como de sua aceitação na sua
utilização.
O óleo de cozinha usado passou por um pré-tratamento, por meio do processo de filtração
para remoção de partículas em suspenção antes de ser saponificado. Após essa etapa, o óleo foi
aquecido em torno de 70 °C. Em seguida, despejado pouco a pouco no recipiente de plástico
(balde de 18 Litros) contendo, previamente, solução pré-aquecida de soda caustica. A mistura
(óleo de cozinha usado e solução soda caustica) foi realizada manual e, continuamente, com uma
pá de madeira até a consistência desejada ser obtida.
A utilização do recipiente de plástico é o mais adequado no processo de reação de
saponificação por ser, na sua praticidade, de fácil manuseio e limpeza, evitando reações químicas
adversas como metais do tipo panelas de alumínio.
É importante ressaltar que a soda caustica foi, cuidadosamente, solubilizada em ambiente
aberto, despejando pouco a pouco água pré-aquecida (80°C) antes da adição do resíduo de óleo
de cozinha para saponificação. Essa é uma etapa importante no processo, sob o aspecto de
medidas de segurança.
A ordem obedecida no manuseio (água despejada sobre a soda caustica) pode evitar
acidentes e danos à saúde pelo seu poder corrosivo à pele e mucosas do vapor desprendido na
reação altamente exotérmica. Além disso, foram realizadas outras medidas de segurança na
prática experimental, como a utilização de máscaras de proteção, óculos de proteção, sapatos
fechados, luvas, aventais de algodão e/ou de plástico e calça.
Após ser despejado em uma forma de madeira o sabão foi deixado em repouso por
aproximadamente entre 20 a 30 dias (tempo necessário para a reação total de saponificação)
para só, então, ser utilizado. O uso de formas de madeira para acondicionar o sabão, em vez das
de plástico, foi apenas por questões de economia e de acordo com a realidade local dos
moradores envolvidos no projeto. Após esse período, aferiu-se o pH do sabão com a ajuda de um
papel indicador (ou papel de tornassol) [4].
A segunda etapa do projeto de extensão às comunidades ribeirinhas do médio amazonas
(São João do Araçá no rio Arari e Canaçarí - Município de Itacoatiara-AM) procedeu-se por meio
de um questionário onde foi respeitado nas entrevistas os princípios da aleatoriedade e do
voluntariado. Adotou-se como método de procedimento o descritivo e o correlacional.
O método descritivo foi direcionado quanto a forma de descarte do óleo de cozinha usado
pelos comunitários. Enquanto que, o método correlacional, foi adotado ao estabelecer possíveis
comparações entre o uso do óleo de cozinha e seu reaproveitamento pelas famílias. Com isso
obtivemos um maior conhecimento da realidade local quanto as atitudes ecologicamente corretas
ou não adotadas pelos moradores no habitat em que vivem.
A terceira e última etapa foi dividida em dois momentos: a realização de oficinas quanto a
produção de sabão junto aos comunitários, o grau de satisfação do produto final pelos
comunitários, bem como, a realização de palestras educativas sobre a importância da
preservação ambiental, com ênfase nos recursos hídricos. Uma vez que, ambas as comunidades
estão alocadas nos arredores de igarapés e rios da região.

EXPECTATIVAS DA PROPOSTA

A região da floresta amazônica abrange rios, igarapés e igapós de dimensões múltiplas e


variadas onde o homem amazonense, “o caboclo”, convive desfrutando e explorando seus
recursos. O assim chamado progresso, avançou para a floresta, rios e seus afluentes por meio
das cidades e povoados causando total desequilíbrio entre o homem e seu habitat.
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Dentre tais atitudes que causam sérios impactos no meio ambiente destacamos o descarte
abusivo de óleo de cozinha usado nos ecossistemas aquáticos. É de conhecimento notório que
“um litro de óleo polui um milhão de litros de água” [8].
Como uma das prováveis causas dessa degradação socioambiental destacamos o
analfabetismo científico que torna as boas práticas de educação ecológica algo secundário, ou
quase inexistente [8].
Espera-se, portanto, ampliar esse projeto para outras comunidades ribeirinhas e, mesmo,
urbana da cidade de Itacoatiara e municípios próximos. Além disso, será proposto a construção
de cartilhas educativas que vise melhorar a comunicação visual para com os comunitários quanto
a maneira de produção do sabão e os danos ecológicos do óleo de cozinha usado despejados no
meio ambiente. O nível do analfabetismo funcional ainda é decorrente, nessas regiões mais
desassistidas do Brasil, pela falta de políticas públicas mais consistentes e comprometidas com a
educação.
Além disso, procurar uma maior aproximação, em futuras parcerias, das prefeituras locais
com a universidade, objetivando a criação de possíveis incubadoras de empresas juniores quanto
a coleta seletiva de óleo de cozinha usado e a produção em maior escala de sabão e, quiçá, gerar
emprego e renda para os municípios envolvidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O 1,2,3-propanotriol (glicerol ou glicerina), HOCH2CHOHCH2OH, é uma substancia viscosa,


solúvel em água e não tóxica. Se obtém por hidrólise alcalina dos triglicerídeos, os componentes
mais importantes dos tecidos graxos [6].
A hidrólise alcalina (isto é, saponificação) dos triacilgliceróis produz o glicerol e uma
mistura de sais de ácidos carboxílicos de cadeia alquílica longa (Fig.1). Estes sais de ácidos
carboxílicos de cadeia longa são conhecidos como sabões. Esta reação de saponificação é a
maneira pela qual a maioria dos sabões é fabricada [7].

Figura 1. Saponificação: reação química entre triglicerídeo e Hidróxido de Sódio (NaOH) produzindo
carboxilatos de sódio (RCOONa, sabão) e 1,2,3-propanotriol (HOCH2CHOHCH2OH) [6].

O sabão produzido e ensinado aos comunitários (Foto 1 e Foto 2), como receita descritiva,
apresentou uma consistência firme, espumante, eficiente na limpeza de louças e com aroma
agradável de cor marrom alaranjado. Além disso, a relação da quantidade de soda cáustica e
água utilizada nos pareceu a mais apropriada quanto a sua economia frente as inúmeras receitas
apresentadas em pesquisa na internet que usam duas ou três vezes mais água para produção de
sabão.
Segundo a equação (1) usada MNaOH= 0,136. Móleo de cozinha, por exemplo, para cada 7,5
Litros de óleo de cozinha (ou 7.500 gramas) usamos aproximadamente 1 Kg (ou 1.000 g) de soda
cáustica solubilizado em 1 Litro de água comum de torneira.
O tempo de reação para consistência adequada do produto, para ser depositado nas
formas de sabão, foi de aproximadamente 20 minutos. O teste de pH apresentou-se entre 6 e 7,
assegurando assim menos interferência cutânea e maior segurança ao ser manipulado [1], [9].
O teste de satisfação dos comunitários, em torno de 90 pessoas envolvidas no projeto de
extensão, quanto ao sabão produzido e utilizado foi de praticamente 100 %.

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Quanto as informações obtidas nos questionários pelas entrevistas constatamos que todos
os moradores das comunidades não tinham noção do procedimento, ecologicamente correto, a
ser adotado quanto ao descarte do óleo de cozinha usado. Os comunitários declararam que o
descarte do óleo era feito na pia da cozinha, nos quintais ou mesmo no sanitário de suas casas.
As escolas das comunidades seguiam pelo mesmo viés.
Os professores que lecionavam tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio
raramente adotavam em suas práticas de ensino, questões ecológicas que pudessem envolver a
multidisciplinariedade como foi apresentada nesse projeto de extensão. O que despertou nos
mesmos a necessidade de sua aplicação na grade curricular da escola como prática
imprescindível de educação na formação cidadã de seus alunos.
Um dos resultados da proposta do projeto, alcançado ao longo de sua execução, foi a
educação inclusiva, como direito de todos. Tanto os alunos universitários do curso de Licenciatura
em Ciências Química e Biologia quanto as famílias das comunidades ribeirinhas participantes do
projeto puderam interagir, trabalhar em grupos, trocar experiências e aprendizados.

Foto 1. Sabão produzido com óleo Foto 2. Oficina de sabão para os alunos do ensino fundamental e
usado de cozinha pelos comunitários nas comunidades rurais do município de Itacoatiara-
comunitários. Amazonas.

CONCLUSÃO

A alfabetização científica, por meio de projetos de extensão às comunidades mais


desassistidas do Amazonas, nos parece o caminho mais seguro quanto as mudanças de
comportamento que torne o homem um agente menos agressor ao meio ambiente.
A educação, na forma de proposta multidisciplinar de ações, como foi o do projeto
aplicado do uso de óleo de cozinha usado para produção de sabão, torna-se mais atrativa e
estimulante ao ser executada de maneira inclusiva. Uma inclusão que envolveu comunitários e
discentes, por exemplo, do curso de graduação em Licenciatura em Ciências Química e Biologia
da UFAM-ICET.
Uma maneira de integrar saberes adquiridos na universidade, pela prática experimental de
química orgânica com foco na educação ambiental, estimulando a formação cidadã e docente dos
futuros profissionais da área da educação no ensino de ciências.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização e ao Programa Atividade


Curricular de Extensão – PACE da Universidade Federal do Amazonas – UFAM - pelo apoio
financeiro aos projetos PACE (397/2016-01 e 078/2017-01). Agradecemos ainda as comunidades
rurais de São João do Araçá no rio Arari e Canaçarí no município de Itacoatiara-AM pela
receptividade e confiança em nosso trabalho.

REFERÊNCIAS

[1] ANVISA-Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Orientações para os consumidores de


saneantes.2003.Disponívelem:<http://www.anvisa.gov.br/saneantes/cartilha_saneantes.pdf>Acess
o em:22abr. 2017.
[2] B. Lin, A. V. McCormick, H.TedDavis, R. Strey. Journal of Colloid and Interface Science. 2005,
291, 543–549.
[3] D. Prats, M. Rodriaguez, P. Varo, A. Moreno,J. Ferrer,J. L. Berna. Wat. Res. 1999, 33, 105 -
108.
[4] E. Ribeiro, J. Maia, E. Wartha. Química Nova na Escola. 2010, 3, 169-174.
[5] J. Marcus, D. Touraud, W. Kunz. Advances in Colloid and Interface Science. 2016, 236, 28–42.
[6] K. P.C. Vollhardt, N.E. Schore, Química Orgánica. Estructura y Función, 5ª. Edicíon,, Ediciones
Omega, Barcelona, 2007,pág.368.
[7] P. Atkins, L. Jones. Princípios De Química - Questionando A Vida Moderna E O Meio
Ambiente, 5 ª Ed, Bookman, 2011, pág. 477.
[8] R. Leite, M. Rodrigues. Ciência & Educação. 2011, 17,145-161.
[9] R. Mercadante. Massa base para sabonetes. In_Fabricando sabonetes sólidos. Projeto Gerart
VII, [s.n], 2009. Disponível em:<http://projetos.unioeste.br/projetos/gerart/apostilas/apostila7.pdf>
Acesso em:10 jul. 2017
[10] S. Félix, J. Araújo, A. M. Pires, A. C. Sousa. Waste Management. 2017, 66, 190–195.

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