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Rubem Alves
ÍNDICE SUMÁRIO
Textos Págin
a
MATRIZ PEDAGÓGICA
Objetivo Geral:
Contribuir com a formação de militantes do MSTTR, de modo que aprimorem sua capacidade
multiplicadora e potencializadora da ação formativa em suas áreas de atuação.
Objetivos Específicos:
Assessora da FETAG
RS
Tarde LIVRE
Noite CONFRATERNIZÇÃO
12/10 08:30h – Diálogos Pedagógicos Debater e refletir sobre os desafios e Equipe ENFOC
Introdução
O surgimento de organizações de representação da população rural,
envolvendo lutas sociais e candidatos a porta-vozes dos trabalhadores,
ocorridos a partir do final dos anos 40 no estado do Paraná, é que se
pretende aqui examinar. O estudo do momento de constituição do
movimento sindical no campo ganha relevância não só devido à rara
literatura existente sobre o tema, em função também do mito criado pelo
sindicalismo oficial, que ignora e queria fazer ignorar este período inicial do
sindicalismo, mas sobretudo graças às lições que podem ser tiradas e
talvez assim contribuir para a compreensão dos dilemas atuais vividos pelo
sindicalismo.
Com a ocupação rápida e desordenada da região de Porecatu, no
norte do Paraná, um conflito em torno da posse da terra no final da década
de 40 permitiu o início da implantação do Partido Comunista Brasileiro
(PCB) no campo. Juntamente, deu-se a criação dos primeiros organismos de
representação coletiva dos pequenos agricultores e trabalhadores rurais, as
chamadas “ligas camponesas”. A partir do sufocamento da guerrilha de
Porecatu pelas forças de repressão, os militantes comunistas
remanescentes servirão de elo ao posterior desenvolvimento das “Uniões
Gerais de Trabalhadores”, organismos de tipo sindical - arregimentando
indistintamente grupos sociais rurais e urbanos. Apesar da feroz resistência
dos patrões, o sucesso alcançado junto à população rural, particularmente
colonos das fazendas de café, impôs o desmembramento destas Uniões
ecléticas e a constituição dos primeiros sindicatos especificamente
agrícolas.
Sempre sob a iniciativa dos comunistas, a proliferação sindical no
campo e a formação da primeira geração de dirigentes sindicais rurais
1
Este texto é uma versão resumida de parte de minha tese de doutorado intitulada "Communistes
et anticommunistes : l'enjeu du syndicalisme agricole dans l'état du Paraná - de 1945 à la fin des
années 70", defendida na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris em 2 de julho de
1993. Ele foi publicado em: VILLALOBOS, Jorge(org). Geografia social e agricultura. Maringá,
EUEM, 2000. As fontes utilizadas foram: entrevistas com aqueles que viveram os
acontecimentos, jornais da época, documentos dos sindicatos e arquivo do DOPS do Paraná.
O Cine Marabá teve que ser alugado por oito meses para sedear as
reuniões, daquele que seria o primeiro sindicato de lavradores e
assalariados rurais do Paraná (e o sexto do Brasil). Segundo a polícia, a
cidade de Londrina tornava-se o local de reuniões de “colonos revoltados”,
que recebiam “instruções para a luta de classes contra os patrões”. Em
apenas 6 meses de existência do sindicato, atingiu-se a cifra extraordinária
de 18 mil filiados. Ônibus lotados de colonos das fazendas de café
chegavam ao sindicato. Filas de 200 a 300 pessoas se formavam para
aderir ao sindicato. 10 a 12 pessoas eram necessárias para fazer as
filiações. Não havendo concorrentes, este sindicato logo extrapolou os
limites de Londrina, transformando-se em sindicato agrícola de toda a
região norte (entrevistas 4 e 5). As elites mais alarmistas falavam em
40.000 trabalhadores sindicalizados:
O assistencialismo
Desde o seu nascimento, o sindicalismo rural brasileiro dará muita
atenção à prestação de serviços para os filiados, de vários tipos, entre os
quais mereceu uma posição de relevo a assistência à saúde. O
“assistencialismo”, espécie de benevolência sindical, será a marca
registrado dos sindicatos pós-64. A falta de uma estrutura estatal de
seguridade social, a ausência de uma responsabilidade formal neste
sentido por parte dos empregadores, aliada ao precário poder aquisitivo
dos lavradores, resultaram num acesso difícil – para muitos, impossível –
aos serviços de saúde (médicos, hospitais, ambulatórios e dentistas). A tal
ponto que a ampliação da seguridade social para o pessoal da agricultura
constituiu uma das primeiras reivindicações do recém-nascido sindicalismo.
Na ausência de uma resposta positiva, em pouco tempo o sindicato tratou,
ele mesmo, de preencher esta lacuna. Talvez isto não passasse de uma
medida temporária, mas logo se revelou um excelente meio para atrair
agricultores e assalariados para o sindicalismo. Assim, para além da “luta
parecido com o que acontecia em outros estados - não era o interesse local
ou regional. O verdadeiro o objetivo maior era o controle do sindicalismo
rural em termos nacionais.
No entanto, esta Federação, que no plano nacional era muito mais
um instrumento político, não teve a oportunidade de estruturar-se e de
estabelecer-se realmente. O tempo lhe fez falta - o golpe militar abortou
todas as possibilidades de ação. Os limitados esforços voluntaristas do
presidente da Federação que, vendeu seu sítio, mudou-se para Curitiba e
montou uma modesta sede na rua José Loureiro, 133, 17 o andar, revelaram-
se insuficientes. Ele chegou a organizar, em nome da entidade, algumas
reuniões sindicais, como o “1o Encontro dos Sindicatos de Trabalhadores na
Lavoura do Paraná”, em Apucarana; promoveu a fundação de alguns sin-
dicatos; participou de algumas reuniões com empregadores, como a que
teve lugar na Câmara Municipal de Londrina. Mas estas atividades no
interior o impediam de ficar na sede. Deste modo, antes do 1964, a
Federação dos Trabalhadores na Lavoura do Estado do Paraná era quase
sinônimo de Antônio Conde, ele era a personalização da organização.
Testemunho da insipiência deste órgão, Gregório Parandiuc e Salim Haddad,
ex-militantes comunistas de Maringá, hoje nem se lembram mais da
existência da Federação.(entrevistas 1, 7 e 5)
Entrevistas Citadas
Bibliografia de Interesse
Altamiro Borges2
3
Este texto foi distribuído pela Nalú Farias da SOF, durante o Curso de Formação de Educadores/as em
Concepção Prática Sindical e Metodologia da Formação, realizado pela ENFOC/CONTAG.
6
Cf. SANFELICE, 1986.
7
Cf. SEGAL, 2001.
9
Cf. SANTANA, 2001.
11
Site: www.cgt.org.br
12
Site: www.forçasindical.org.br
13
A referência base das informações sobre a Força Sindical foi o site da Central.
com o apoio dos sindicatos e das centrais”, foram resultados dessa forma
de se construir e de se fazer sindicalismo. A Força Sindical se assenta sobre
um discurso que acentua o moderno, a pluralidade e a democracia.
Mesmo que o processo de surgimento e desenvolvimento do
“novo sindicalismo” “não tenha sido suficiente para desmontar totalmente
a estrutura sindical corporativa erigida desde os anos 30, tendo em vista
que suas bases fundamentais – como o imposto sindical, o monopólio da
representação pelo sindicato, o princípio da unicidade sindical e a estrutura
confederativa – foram mantidas, ele permitiu um significativo aumento da
liberdade de organização e ação sindical. Na verdade, embora a proposta
pela qual os setores de ponta do sindicalismo vinham lutando ao longo de
todos esses anos – de superação da estrutura sindical corporativa e de sua
substituição por uma institucionalidade sindical democrática, baseada no
contrato coletivo de trabalho – tivesse sido derrotada pelo empresariado e
pelos setores mais conservadores do próprio movimento sindical, suas lutas
deixaram marcas”14 profundas.
Pode-se afirmar, nesse sentido, “que o movimento sindical
brasileiro esteve na contramão da tendência histórica predominante
durante a década de 1980, ao conquistar uma capacidade de intervenção
política inédita na história do país, quando, em nível internacional, os
sindicatos viviam um processo generalizado de enfraquecimento”15.
Essa resistência dos trabalhadores e trabalhadoras ia de
encontro às políticas de exploração do trabalho estabelecidas pelo capital
industrial brasileiro da época, que se utilizava dos baixos salários pagos ao
operariado como principal elemento da competitividade da indústria
nacional. Com isso, conseguia colocar seus produtos no mercado a um
preço menor que os internacionais. O aumento de salário requerido pelos
trabalhadores e trabalhadoras, portanto, não era visto como um bom
negócio para o capital.
Apesar do crescimento e da força do movimento operário dessa
época, a classe trabalhadora, sobretudo o operariado fabril dos anos 80,
começava a sofrer as transformações nas relações de trabalho e de
produção que sinalizavam para transformações que iriam reestruturar o
processo produtivo fabril. Essa reestruturação tinha como um de seus
principais aspectos a inserção de novas tecnologias que visavam à
diminuição quantitativa da exploração da força de trabalho e a
verticalização da exploração qualitativa, tornando-se um dos elementos
mais importantes da constituição da hegemonia do capital sobre o trabalho
nos anos 80 e 90 do século XX.
Essa reestruturação produtiva do capital que começava a se
desenhar no Brasil nos anos 80 e que já estava a pleno vapor nos países de
centro da economia capitalista, vinha a reordenar a organização e a gestão
14
LEITE, 1997, p. 17.
15
LEITE, 1997, p. 17.
da produção fabril que até então estava montada totalmente nos moldes
do esquema de produção taylorista/fordista. Nesse modelo o
descontentamento e a organização dos operários era crescente, colocando
em risco o processo de acumulação e reprodução do capital.
Para os capitalistas, esse era o começo da implantação da
acumulação flexível baseada no toyotismo, organização do processo
produtivo criada no Japão e exportada como modelo para os demais países
capitalistas, e que ganharia força no Brasil a partir dos anos 90, com a
abertura e a liberalização da economia realizada por Fernando Collor de
Mello.
Esse novo arranjo do capital encontra ainda uma força de
trabalho organizada, que procurava fazer resistência à ação avassaladora
do capital. Uma das formas de resistência foi à proposição da instalação
das Comissões de Fábrica e a intervenção sindical no processo de decisão
da inserção de novas tecnologias no processo produtivo, procurando
minimizar os danos e os prejuízos que o operariado sofreria com esse novo
modelo de produção. Mas, o ritmo de instalação das novas tecnologias foi
bastante forte e agravado pela falta de condição e de tempo que os
trabalhadores e trabalhadoras tinham para se contrapor a esse movimento.
É que, se esse movimento seguiu um processo temporalmente mais lento
nos países de primeiro mundo, possibilitando a luta dos trabalhadores e
trabalhadoras concomitantemente às transformações, no Brasil as
transformações aconteceram rapidamente, com a reformulação tecnológica
de parques industriais em pouquíssimo tempo.
Devemos lembrar que, o período de 1980 a 1990, é marcado
pelo fim da ditadura militar (1985), e pela instalação de um governo civil
proclamada como a retomada da democracia no Brasil. Por outro lado, a
década foi também um período de inflação muito alta e de recessão
econômica com aumento do desemprego, fatores que colaboraram para
uma diminuição das ações reivindicatórias dos trabalhadores e
trabalhadoras que se viam pressionados pelo crescente desemprego
estrutural.
Um dos mais importantes fatos desse momento foi, sem dúvida,
o processo eleitoral que elegeria, pelo voto direto, o novo presidente do
Brasil. Em 1989 tivemos o enfrentamento, no segundo turno, de duas
frentes bastante diferentes. Uma que tinha como candidato Luís Inácio
“Lula” da Silva, ex-líder operário e um dos fundadores do PT, que contava
com o apoio de uma ampla gama de organização dos trabalhadores e
trabalhadoras, sindicatos e demais organizações; do outro lado, era
candidato Fernando Collor de Melo, fantoche criado pela burguesia e pelo
poder político conservador e demais larápios nacionais, com amplo e
irrestrito apoio da imprensa nacional (leia-se Rede Globo).
O desfecho não poderia ser pior: Fernando Collor de Melo é
eleito presidente com o discurso da necessidade da abertura econômica.
17
Cf. SINGER, 1998.
18
Atualmente os sindicatos têm lutado muito mais para a manutenção do emprego do que por melhorias nas
condições de trabalho e de salário, como acontece atualmente com os metalúrgicos do ABC. Há uma preocupação
maior em reintegrar o desempregado ao mercado de trabalho, e não um projeto de organização dos trabalhadores
e trabalhadoras para o enfrentamento da atual política econômica.
19
Cf. BOITO, 1999.
20
Cf. ALVES, 2000.
de Fernando Collor de Mello nas urnas e pelo voto popular, é eleito também
um projeto neoliberal para a política econômica brasileira. Um projeto que
visava criar as condições para instauração do neoliberalismo e que, mesmo
com a saída vergonhosa de Collor via Impeachment, continuou a ser
orquestrada pelos seus sucessores Itamar Franco e Fernando Henrique
Cardoso.
A abertura da economia para o capital estrangeiro, o aumento
das importações, o desmantelamento do parque industrial nacional e o
crescimento da miséria e do desemprego, são produtos conhecidos e
visíveis desse processo de liberalização da economia. Tais fatores, somados
à reestruturação do processo produtivo com base na aplicação de novas
tecnologias, tem colaborado para a precarização das relações de trabalho
no Brasil e, conseqüentemente, para o enfraquecimento das formas
organizativas e de luta da classe trabalhadora. As greves deste período
foram muito mais na busca de manter os direitos sociais conquistados
historicamente, ou na intenção de manter os empregos existentes, do que
movimentos de reivindicação e de tomada de controle do processo
produtivo ou de contestação ideológica.
Essa crise da organização sindical brasileira acabou por
colaborar para a instauração do novo modelo político e de acumulação,
pois, o sindicalismo classista e unificado que havia sido obstáculo durante
os anos 80, nos anos 90 desarticula-se e se torna debilitado em sua
capacidade de movimentação e organização da classe trabalhadora, o que
permitiu uma investida mais dura do capital sobre os trabalhadores e
trabalhadoras, apoiado pelas políticas do governo nacional que estimulou e
legalizou a precarização das relações de trabalho.
O ANARQUISMO NO MUNDO
O anarquismo se iniciou na metade do século XIX, na França. Por
meio de Proudhon21, Bakunin22 - que foram seus primeiros idealizadores - e
de outros seguidores, se expandiu para a Rússia e para toda a Europa,
particularmente na Itália e na Espanha, até chegar aqui no Brasil no final do
século XIX, por meio de imigrantes espanhóis, italianos, portugueses,
franceses e belgas.
21
Precursor do anarquismo enfatizava o respeito à pequena propriedade, propondo a criação de cooperativas
sem fins lucrativos voltadas para o auto-abastecimento e de bancos que concedessem empréstimos sem juros
aos empreendimentos produtivos e crédito gratuito aos trabalhadores. Dizia que o Estado deveria ser destruído,
sendo substituído por uma "república de pequenos proprietários" organizada num sistema federativo.
22
Outro precursor do anarquismo, afirma que "A liberdade é o direito absoluto de todo homem ou mulher maiores
de só procurar na própria consciência e na própria razão as sanções para seus atos, de determiná-los apenas
por sua própria vontade e de, em conseqüência, serem responsáveis primeiramente perante si mesmos, depois,
perante a sociedade da qual fazem parte, com a condição de que consintam livremente dela fazerem parte".
23
Ricardo Antunes é professor livre docente em sociologia do trabalho na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), in Jornal dos Trabalhadores Rurais SEM TERRA Ano XXIV – numero 252 – maio de 2006.
QUADRO-SÍNTESE
POSIÇÕES MEIOS PROPOSTOS OBJETIVOS
Colaboração de Continuidade do
2. AMARELOS classes. capitalismo.
Sindicatos e Negação da existência
organizações comuns da luta de classes.
(entre patrões e Sociedade harmoniosa.
operários).
Sindicatos
assistencialistas.
O Sindicato é o Destruição do
principal instrumento capitalismo,
de luta. Revolução
Ação direta contra o proletária.
4. ANARQUISTAS Sociedade sem
Estado e os patrões.
Antiparlamentarismo. classes, sem Estado.
Antipartidarismo. Auto-gestão.
Estrutura Sindical Internacionalismo
federativa. proletário.
Greve geral
insurrecional.
Contra a liberação de
dirigentes sindicais.
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Ricardo L.C. – Jornal dos Trabalhadores Sem Terra, Ano XXIV
– numero 252 – maio de 2006.
ANTUNES, Ricardo L.C. - Novo Sindicalismo, Editora Brasil Urgente -
1991.
ANTUNES, Ricardo L.C. - O que é Sindicalismo, Coleção Primeiros
Passos - Abril Cultural. 1985.
CEPS, Apostila de Concepção, Estrutura e Política Sindical, Secretaria
Nacional de Formação da CUT, 1987.
GIANNOTTI Antônio e NETO Sebastião - CUT Ontem e Hoje, Editora
Vozes - 1991.
RUI, José Carlos – A presença dos anarquistas nos sindicatos, Revista
Debate Sindical, nº. 02 – junho/julho/agosto – 1986.
RUI, José Carlos – Comunistas I, Revista Debate Sindical, nº. 06 –
out/nov/dez – 1989.
RUI, José Carlos – Comunistas II, Revista Debate Sindical, nº. 07 –
março – 1990.
RUI, José Carlos – Pelegos, Revista Debate Sindical, nº. 03 –
junho/julho/agosto – 1987.
RUI, José Carlos – Sindicalismo Cristão II, Revista Debate Sindical, nº
11 – fevereiro/março/abril – 1992.
"Da desparecença dos tempos aprendo as tranças e tramas das novas lições."
Gonzaguinha
a) Quilombos
Nos quilombos refugiavam não só escravos foragidos, como
também índios e pobres livres. Um dos mais importantes quilombos de
nossa história foi Palmares foi construído no fim do século XVI e resistiu até
o fim do século XVIII, chegou a reunir mais de 20 mil habitantes, localizava-
se na Serra da Barriga entre Pernambuco e Alagoas, e era governando por
um rei (sendo o mais conhecido Zumbi) e um conselho formado por chefes
dos quilombos. O sistema de vida e produção organizado em Palmares pode
resistir a economia patriarcal e escravocrata, com uma cultura e economia
baseada na policultura, na organização coletiva da produção e na
resistência e combate a escravidão.
Durante sua existência foram feitas varias tentativas de destruir
Palmares. Por fim, o governo de Pernambuco solicitou a ajuda do
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, que preparou uma expedição
para derrotar os fugitivos. Também ele falhou nas primeiras tentativas, mas
não desistiu. Organizou um exército realmente poderoso e voltou ao ataque.
Mesmo assim, a resistência dos quilombolas foi tão grande, tão valente, que
a luta durou perto de três anos.
Os negros tinham uma desvantagem: estavam cercados.
Enquanto os atacantes podiam conseguir reforços e munições de fora,
principalmente contando com o interesse do governo, os quilombolas
encontravam-se sozinhos e apenas podiam contar com o que possuíam. É
claro que, um dia, a munição dos sitiados tinha de se esgotar. Quando isto
se deu, muitos negros fugiram para o sertão. Outros se suicidaram ou
renderam-se aos atacantes.
b) Missões
A luta dos indígenas ao longo da nossa história apresenta raízes
de uma organização camponesa, principalmente por meio das missões, os
exemplos mais conhecidos são: a Confederações dos Tamoios, Guerra dos
Guaranis e a Guerra dos Bárbaros.
dessa história que lhes fora imposta, resistiram por cerca de mais vinte
anos sempre lutando como podiam pela posse de suas terras e na tentativa
de vencer as injustas estratégias da dominação colonial.
b) Guerra do Contestado
Em 1912, o governo concedeu uma enorme extensão de terras à
empresa norte-americana Brasil Railway Company, no trecho previsto para
a construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul. Ao final da
construção da ferrovia, cerca de 8 mil trabalhadores ficaram
desempregados e passaram a perambular pela região a procura de
trabalho. Nesse momento surgiu na região de Campos Novos e Curitibanos,
em Santa Catarina, um movimento camponês de caráter político-religioso,
liderado pelo monge José Maria. Inicialmente ficaram numa área de disputa
entre Paraná e Santa Catarina, por isso chamado de Contestado, que
chegou a cerca de 20 mil pessoas. Em 1915, os lideres lançaram um
manifesto monarquista e declararam a “guerra santa” contra os coronéis,
as companhias de terras e as autoridades governamentais. O arraial foi
dizimado quando o governo enviou cerca de 07 mil soldados do exercito,
até mesmo aviões foram utilizados pra localizar os redutos rebeldes.
c) Guerra do Caldeirão
Uma luta de resistência camponesa, contra os latifundiários, que
aconteceu no Ceará, na Chapada do Araripe, no período de 1926-1937,
quando foram assassinadas mais de 400 pessoas. O nome Caldeirão refere-
se a uma depressão no relevo, onde se encontrava água cristalina durante
3. As lutas pré-sindicalistas
a) As colônias anarquistas
A chegada dos imigrantes para trabalhar nas lavouras do café
dos grandes fazendeiros vai trazer mudanças no perfil do campesinato
brasileiro. Além de ser explorado com baixa remuneração (a família toda
precisava trabalhar para a subsistência), o colono ainda sofria a
especulação do fazendeiro, pois era obrigado a comprar o que precisava
pelo dobro do preço, nos seus armazéns, desta forma estava sempre
devendo ao fazendeiro. Recebiam um preço de terra onde desenvolvia uma
cultura de auto-consumo, no entanto, ao chegar à época da colheita, muitos
eram expulsos, sofrendo as mais variadas injustiças e perseguições. A
exploração imposta faz com que se organizem ainda que de forma
clandestina (já que o Ato Adicional de 1834 proibia toda e qualquer
associação de ofício): surgem as primeiras associações de socorro mútuo,
os mutirões, e a organização de núcleos e colônias que serão precursores
do sindicalismo brasileiro.
A formação de núcleos ou colônias, tais como a Colônia Cecília,
Colônia Leopoldina, Colônia Nova Itália, organizadas sem propriedade
individual, sem lei e sem religião, e onde começaram a funcionar as
“Escolas Internacionalistas”, que depois se espalharam por outras áreas de
imigração do sul do Brasil.
Além disso, os anarquistas começaram a se organizar nos
sindicatos, cuja ação deveria ser voltada para o desenvolvimento da
consciência da classe, com repudio a idéia de organizar os trabalhadores
em partido político, recusa intransigente ao assistencialismo e mobilização
permanente dos trabalhadores para ação direta contra os patrões. Para os
libertários a educação ocuparia um papel de destaque, pois era considerado
um veículo de conscientização e transformação das sociedades, sendo
c) Trombas e Formoso
Em 1948, a construção da Transbrasiliana e o projeto de
colonização dos governo federal valorizaram as terras da região de Uruaçu,
no norte de Goiás. Trabalhadores provenientes do Maranhão e Piauí
chegaram ao local liderado por Jose Porfírio e estabeleceram posses numa
área de terra devoluta, que estavam sendo griladas, por um grupo de
fazendeiros, um juiz e um dono de cartório da região. Eles queriam que os
posseiros saíssem das terras, e eles pagariam as benfeitorias feitas, a
recusa foi geral. Então os grileiros queimaram as roças e as casas dos
camponeses, inclusive acarretando a morte da mulher de José Porfírio. No
final da década de 1950, com a contribuição do PCB, toda a região estava
organizada na Associação dos Lavradores de Trombas e Formoso, a
organização foi se afirmando, até a região se tornar um município e Jose
Porfírio foi eleito deputado estadual em 1962. Os posseiros ganharam muita
força na região e formaram vários sindicatos, o que foi desmentalado em
1964, com o golpe militar. Depois de viver na clandestinidade, José Porfírio,
foi preso em 1972, foi solto no ano seguinte e desapareceu.
27
Desde esse período a necessidade de formação sindical já se fazia presente entre as organizações, já
colocavam a educação em suas diferentes dimensões sinalizando para o que chamamos hoje de formação
programada (cursos, seminários, oficinas, etc), e a formação na ação que ocorre no cotidiano da organização, nas
comunidades, no trabalho, mobilizações, intercâmbios, pesquisas, sistematização coletiva de experiências.
“Ninguém tem liberdade para ser livre, pelo contrário, luta por
28
No Rio Grande do Norte, o então Bispo Dom Eugenio Sales funda em 1960 o Serviço de Orientação Rural
(SAR) uma organização beneficente da Igreja destinada a fundar sindicatos. Até 1962 48 sindicatos foram
fundados e 16 deles foram reconhecidos. Em Jaboatão (PE) o padre Crespo e o Padre Antonio Melo no Cabo (PE)
passam a criar sindicatos com um objetivo declarado de enfraquecer o avanço das Ligas Camponesas e do PCB.
29
Foi formada em Belo Horizonte (MG), em 1962, a partir de grupos de operários e estudantes ligados à Igreja
Católica: a Juventude Operária Católica (JOC), Juventude Universitária Católica (JUC) e a Juventude Estudantil
Católica (JEC). Nos primeiros anos da década de 1960, ainda fortemente influenciada pelo ideário humanista
cristão, vinculada às estruturas formadas pela Igreja junto aos movimentos populares, a AP possuía penetração
entre operários, camponeses e estudantes, principalmente entre os últimos. A AP deslocou militantes para as
fábricas e para o meio rural, sendo efetuadas experiências em meios populares como o ABC paulista, da Zona
Canavieira em Pernambuco, da região Cacaueira da Bahia, da área de Pariconha e Água Branca em Alagoas, e
do Vale do Pindaré, no Maranhão. Foi da Juventude Estudantil Católica que partiram as primeiras discussões que
operaram mudanças políticas e ideológicas e sua transformação em uma organização marxista-leninista. Em
março de 1971, a AP formalizou a influência do marxismo e se proclamou partido com a denominação de Ação
Popular Marxista-Leninista (APML), que continuou sua ação política durante a ditadura (ACO, 1985).
Tecendo a manhã
todos os galos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
30
Publicação – Revista Contag 40 anos
31
PORTO, Cleia Anice. “Reforma Agrária e Agricultura familiar como base para o desenvolvimento rural –
Sustentabilidade e qualidade de vida, Reforma Agrária e Meio Ambiente, Instituto Socioambiental, 2003, p.107
ANEXO I
33
Fonte: Ata de Posse da Diretoria e do Conselho Fiscal da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura – CONTAG, para o quadriênio 2005/2009
Bibliografia:
Fonte: www.cut.org.br
NOSSOS PRINCÍPIOS
Defender que os trabalhadores se organizem com total independência
frente ao Estado e autonomia em relação aos partidos políticos, e que
devem decidir livremente suas formas de organização, filiação e
sustentação material;
Garantir a mais ampla democracia em todos os seus organismos e
instâncias, assegurando completa liberdade de expressão aos seus
filiados, desde que não firam as decisões majoritárias e soberanas
tomadas pelas instâncias superiores e seja garantida a unidade de
ação;
Desenvolver sua atuação de forma independente do estado, do
governo e do patronato, e de forma autônoma em relação aos
partidos e agrupamentos políticos, aos credos e às instituições
NOSSO COMPROMISSO
Desenvolver, organizar e apoiar todas as ações que visem a conquista
de melhores condições de vida e trabalho para o conjunto da classe
trabalhadora da cidade e do campo;
Lutar para a superação da estrutura sindical coorporativa vigente,
desenvolvendo todos os esforços para a implantação de sua
organização sindical baseada na liberdade e autonomia sindical;
Lutar pelo contrato coletivo de trabalho, nos níveis geral da classe
trabalhadora e específico, por ramo de atividade profissional, por
setores, etc.;
Apoiar as lutas concretas do movimento popular da cidade e do
campo, desenvolvendo uma relação de unidade e autonomia de
acordo com os princípios básicos da Central;
Defender e lutar pela ampliação das liberdades democráticas como
garantia dos direitos e conquistas dos trabalhadores e de suas
organizações;
Construir a unidade da classe trabalhadora baseada na vontade, na
consciência e na ação concreta;
Promover a solidariedade entre os trabalhadores, desenvolvendo e
fortalecendo a consciência da classe, em nível nacional e
internacional;
Defender o direito da organização nos locais de trabalho,
independentemente das organizações sindicais, através das
comissões unitárias, com o objetivo de representar o conjunto dos
trabalhadores e dos seus interesses;
QUEM REPRESENTAMOS?
A CUT é a maior central sindical da América Latina e a 5.ª maior do mundo,
estando presente em todos os ramos de atividade econômica. Segundo os
dados de março de 2004 somava:
3326 - Entidades Filiadas
7.468.855 - Trabalhadoras e Trabalhadores Associados
22.487.987 - Trabalhadoras e Trabalhadores na Base
NOSSA ORGANIZAÇÃO
A CUT se organiza em dois níveis:
Organização Vertical: Parte dos locais de trabalho, buscando aglutinar as
atividades afins em suas formas organizativas, dela fazem parte as
organizações sindicais de base, as entidades sindicais por ramo de
atividade econômica e as federações e confederações, também por ramo
atividade econômica.
Organização Horizontal: Tem por objetivo construir a unidade dos
trabalhadores promovendo sua organização intercategoria profissional
enquanto classe em âmbito regional, estadual e nacional. Além da estrutura
nacional, a CUT está organizada em todos os 26 estados e no Distrito
Federal.
Observatório Social,