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Carlos Galdino
São Paulo – 2017
Copyright Carlos Galdino
Livro Poemas: Enquanto Ouço Belchior e Outros Poemas de
Amor
Apresentação do Livro, Diagramação, Revisão e Capa: Paôla
Carmen
Biografia de Fernando Pessoa: Laudecir Silva
Literatura Brasileira / Poemas
Edição: feira livre
APRESENTAÇÃO – BELCHIORANDO
Ah meu amor
Eu estava grávido de você
Mas você não teve sensibilidade
De perceber
De ver
Minha barriga
Crescida
O sorriso de minha barriga
De sonho
Eu estava grávido
E sentia dores
Medos
Homem sente do mesmo jeito
Só expressa diferente
Muitos nem conseguem expressar
Eu estava grávido de você
E fazia planos
E sonhava com o rostinho
A primeira roupa
Minha alma fazia pré-natal
E eu preocupado
Eu bebo
Detergente
Suco
Chá
Remédio é tão amargo
Tão ruim
Dani,
Não se dane comigo
O amor não é coisa tão urgente assim
Não entre em pane
Não bata panelas
Não chore por mim
Dani,
O amor não é coisa pré feita
Coisa que está na prateleira
Não se inflame
Não acumule sequelas
"é dia de feira"
Dani,
Quem tem pressa demais
Sai na frente, passa do ponto
E não adianta tanto avexa-me
Primaveras, são primaveras
E pronto.
Cordel de Conversa
Amanda eu te convido
Para você e eu juntos
Elaborar um folheto
Escolhendo o assunto
E imprimir em papel
Nossa rima de cordel
Que está rendendo muito
Eis a simplicidade
Da campanha eleitoral:
Na sede da prefeitura
Vai ser dentro de um sarau
Meu vice vai ser o povo
Para construir tudo novo
Numa mudança geral
Mudarei as diretrizes:
Ao invés de muitos carros
Espaço para a bicicleta
Os terrenos bizarros
Vão virar belas praças
Com mil cores e graças
Igual Manuel de barros
As bitucas de cigarros
Vão dar lugar a sementes
Vou mudar nome de praças
Serão todos diferentes
Para combinar com as ruas
Minhas lutas e as tuas
Em prol de vidas carentes
Bandeira é nordestino;
Daí vem a primazia...
É poeta-revolução
Da moderna poesia.
Seu poema “os sapos”
É o cerne da ironia!
Idioleto Manuela
A língua dos bocós
De quem olha para o chão
Essa desnatação de nós
Com olhos do coração
Pintando de brilho a voz
Solidão é alimento
Do mais lírico poeta...
A mágoa; a melancolia
Uma à outra completa.
A saudade doce e só
São abstrata e concreta!
Fazedor de desenho
Da paisagem verbal.
Os poemas-gorjeios
Do menino do pantanal
São ‘memórias inventadas’
No voo das passaradas
E nas pedras do quintal.
Ora digam-me
Que poema escrever agora
Agora que todas as mulheres se foram
Deixaram-me e continuam
Em seu devido lugar
Dentro de mim
E dentro de mim
Tudo continua,
Dentro de mim essa guerra
E quem tem razão?
Dentro de mim,
Tudo continua,
Dentro de mim essa dor
Qual é o remédio?
Dentro de mim
Essa noite,
O sol que se foi
A madrugada, e amanhã
Como será o dia,
Dentro de mim?
Dentro de mim
Tudo continua,
O que sei e o que
Não quero saber,
Como apagar?
Como reviver?
Dentro de mim
Esse mistério,
Essa verdade,
Essa mentira,
Esse amor,
Essa ira.
Um Menino
Existe um menino
Pois é acreditem
Existe um menino
Por trás deste homem
Amargo triste
Existe um menino
Sem traumas sem medos
Que joga bolinhas de gude
Toma banhos de açude
Brinca de esconde-esconde
Menino
Alicerce desse homem cansado
Menino que sai de manha
Para comer gogoia
E beber orvalho
Menino que não envelhece
Apesar do tempo passado.
Canção em Silêncio
Meio mudo
Meio tudo
Meio nada
Eu estou meio
Cheio de tanto
Tudo
Tanto nada
Eu meio
Estou ligado
Desligado
E meio
Meio amanha
Meio nunca mais
Meio ainda que vazio
Meio mar
Mesmo rio
Meio seco
Mesmo inundado
Meio o mesmo
Mesmo mudado
Preta
Saudade se revele
Se rebele
Saudade rebelião.
O Meu Poema Novo
Ah! Os documentos
Não sabem nada de minha alma
Nem de meu grito calado
Em horas e noites desesperadas
E chega a tarde
Com cara de quem chegou
Para partir,
De quem já tem que ir
E chega a tarde
Com seu sol mergulhado
Por trás das coisas
Escondendo-se
E chega a tarde
E é muito mais tarde
Dentro de mim.
Arvore Torta
No meio da rua
Ou é avenida?
No meio
Enfrente a porta
Aquela arvore era perfeita
Estou triste
Puseram a arvore morta
Ela resiste
Hoje é uma porta
Ninguém entra
Nem sai
Se não por ela
Inventando Coisas.
Você me desarruma
E me deixa sem rumo
No seu rumo
Recado Sincero.
Agora eu vou
Vou pela rua
Meus olhos a procura dos teus
Meu sorriso
... que só se abre em flor por ti
Procura...
Agora eu vou
Eu não sei bem para onde
Mas sei que vou
Coisas do amor
Não sei se tem tem cura
Tudo em mim te procura
Carteiro
Carteiro carteiro
Que notícias trazes
Cartas de amor
Para a alegria dos rapazes
O treze do largo
Do largo que é treze
Treze!
Azar ou sorte?
Vida ou morte?
Treze!
Apenas um número?
Vinte menos setes
Cinco mais oitos
Superstição
Ilusão
O que há?
A quem compete explicar?
Tanta gente...
Gente!
Em um só lugar
Tanta coisa para vender
E comprar
Novo nordeste de casas do Norte
Nordestinos em busca de trabalho
Sonhos e sorte
Plantas, raízes de mandacaru
(Até pensei está em caruaru)
Sorte de quem?
Azar de quem?
Aquele é treze!
A placa indica:
Aqui é treze
E largo
São fáceis de se perder
Ou se encontrar.
Via largo treze
Terminal bandeira via largo treze
Terminal varginha via largo treze
Jd Ângela
capelinha
e outras linhas
dos sonhos
trabalhos
filhos
feiras
festas
bilhte unico afinal !
via largo treze
de terminal a terminal.
santo amaro
amaro !
olha o largo !
amaro !
o largo amaro!
o largo
amaros amargos, andam pelas ruas
e são tantos
brancos
pretos
marias
Joaquins
Severino
E outros tantos
De todos os cantos
Cabrobó
Cabaceiras
Jequié
Frei Miguelinho
Surubim
Via largo
Todos os dias a cidade é atravessada.
Você Arde em Mim
Boa
Tarde
Arde em mim
O que sinto
Por ti
Boa tarde
Arde em mim
O que não sentes
Por mim...
Boa tarde
Arde em mim
Arde em mim
Confissão Muito Séria
Eu te amo!...
Definição Defeituosa a Meu Respeito.
Desci a Teodoro
No largo da batata
Não vi batatas,
...não vi feira,
Não vi ninguém,
Não vi nada,
Um largo deserto,
Vazio, sem cor,
Só uma estação de metrô
Fechada.
Viaduto do Chá
No viaduto
Vi adultos
Vi adultos
Vi assaltos
Ouvi assuntos
... gente separada
Gente junto
Via
De mão dupla
Que ia
Que vinha
Vi gente querendo sair
Vi gente querendo ficar
Gente a sorrir
Gente querendo pular
No viaduto do chá
CARLOS GALDINO
É Amô ou é Besteira
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gallldino@hotmail.com
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