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Faculdade Pitágoras

Unidade Maceió

A estrutura de sólidos
cristalinos

Profº. Dr. José Atalvanio


atalvanioacademico@gmail.com

Curso: Engenharia Civil


Disciplina: Introdução a ciência dos materiais
Período: 3º
Turma: C
Turno: Noturno
NaCl
Conceitos fundamentais
Material cristalino

 Os átomos apresentam arranjo repetitivo e


regular em um espaço tridimensional: retículo
cristalino.

 Todos os metais, muitas cerâmicas e alguns Cl- Na+


polímeros formam estruturas cristalinas em
condições normais de solidificação.

 A estrutura interna cristalina do material


depende do arranjo dos átomos, íons ou
moléculas que o constitui.

Cela unitária
Menor unidade estrutural básica que apresenta
toda informação do cristal como um todo.

(a) Cela unitária preenchida, (b) cela unitária de esferas reduzidas


e (c) cela unitária no retículo cristalino.
Estruturas cristalinas metálicas
Muitos metais comuns apresentam um dos três
tipos de estrutura cristalina: cúbica de face
centrada (FCC), cúbica de corpo centrado (BCC) e
empacotamento hexagonal (HCP).

1 nm = 10-9 m
Estrutura cristalina cúbica de face centrada (FCC)
 Vários metais apresentam geometria cúbica;

 A cela FCC apresenta átomos nos vértices e


nas faces do cristal;

 Metais com estrutura FCC: cobre (Cu),


alumínio (Al), prata (Ag) e ouro (Au).
Cela FCC

Qual o volume de uma cela FCC?


Número de coordenação e fator de empacotamento atômico
Número de coordenação: número de átomos vizinhos
mais próximos.
 Para a cela FCC, o átomo da face frontal tem 4
átomos nos vértices; 4 átomos na face que estão em
contato por trás e outros 4 átomos equivalentes de
face da cela da frente (que não aparece).
Cela FCC
 Fator de Empacotamento atômico (FEA): soma do
volume de todos os átomos dentro da cela unitária,
dividido pelo volume da cela unitária.
Estrutura cristalina de corpo centrado (BCC)
Estrutura cristalina (metálica) com 8 átomos nos
vértices e um átomo no centro da cela.

Celas BCC
 Os átomos do centro e dos vértices tocam-se uns com
os outros.

 dois átomos estão associados com cada cela unitária Cromo, ferro, tungstênio
etc. tem celas BCC.
BCC:

 o equivalente a um átomo dos vértices, cada um


compartilhado entre oito celas unitárias e o átomo
central;

 o átomo central, o qual está contido completamente


dentro da cela;

 as posições dos átomos do vértice e o átomo central


são equivalentes.
o número de coordenação para uma estrutura
cristalina BCC é 8: cada átomo central tem como vizinhos
oito átomos nos vértices.
Estrutura cristalina de empacotamento hexagonal (HCP)
 nem todos os metais tem cela unitária com simetria
cúbica;

 HCP: as faces superior e inferior da cela unitária


consistem de seis átomos que formam hexágonos regulares
e um único átomo no centro.

 outro plano que fornece três átomos adicionais à cela


unitária está situado entre os planos superior e inferior.

 este plano central tem os átomos vizinhos em ambos


os dois planos equivalentes;

 o equivalente dos seis átomos está contido em cada


cela unitária;

 1/6 de cada um dos 12 átomos da vizinhança dos


vértices;

 ½ de cada um dos dois átomos da face central e os três


átomos no interior do plano central.
Densidade Teórica

 O conhecimento da estrutura cristalina Exemplo:


de um sólido metálico permite o cálculo de
sua densidade teórica: O cobre tem um raio atômico de 0,128
nm, uma estrutura cristalina FCC, e o
peso atômico de 63,5 g.mol-1. Calcule
sua densidade teórica. (1 cm = 107 nm)

Sendo:
n = número de átomos associados com
cada cela unitária;
A = peso atômico;
Vc = volume da cela unitária;
NA = número de Avogadro (6,022x1023
átomos/mol).
Polimorfismo e alotropia

Polimorfismo: fenômeno pelo qual uma substância (metal ou ametal) apresenta


mais de uma estrutura cristalina.
Alotropia: fenômeno de polimorfismo encontrado em sólidos elementares.
 A estrutura cristalina predominante depende da temperatura e pressão externas.
 Grafite mais estável em condições  O ferro (Fe) puro tem uma estrutura
ambientes em relação ao diamante, que cristalina BCC, a temperatura ambiente, a
necessita de pressões extremamente qual muda para ferro FCC à 912 ºC.
altas.

 A transformação polimórfica pode ser


acompanhada por mudanças na
densidade e outras propriedades físicas.
Forma alotrópica do estanho

Estanho branco (ou b): estrutura tetragonal de corpo centrado (BCC) à


temperatura ambiente.
Estanho cinza (ou a): estrutura cristalina similar a do diamante.
 A mudança na temperatura ambiente é extremamente lenta;
 Quanto mais baixa a temperatura, mais rápida a mudança polimórfica;
 Estanho branco-cinza: aumento no volume (27 %) e decréscimo na densidade
(7,30 g.cm-3 para 5,77 g.cm-3);
 O aumento de volume resulta na desintegração do estanho branco;
Sistemas cristalinos
 Sistemas cristalinos representam a divisão dos diversos tipos de estruturas
cristalinas existentes;
 O tipo de sistema cristalino depende das configurações e/ou arranjos atômicos;
 Esta separação dos grupos envolve: o tipo de cela cristalina (primitiva, de corpo
centrado, de faces centradas, centrada na face A, B ou C) e nos parâmetros lineares e
angulares.

 Há 7 formas diferentes de se combinar os parâmetros lineares e angulares;

Cúbico Hexagonal Romboédrico


a=b=c a=b≠c Tetragonal a=b=c Ortorrômbico
a=b=g=90º a=b=90º, g=120º a=b≠c a=b=g≠90º a≠b≠c
a=b=g=90º a=b=g=90º

 Estruturas cristalinas metálicas


Monoclínico Triclínico apresentam sistemas FCC e BCC,
a≠b≠c a≠b≠c enquanto HCP apresenta sistema
a=g=90º≠b a≠b≠g≠90º hexagonal.
Pontos, planos e direções cristalográficos
Quando se trabalha com materiais cristalinos torna-se necessário especificar um
ponto particular dentro da cela, uma direção cristalográfica ou algum plano de
átomos;

Três índices/números são usados para designar localizações, direções e planos;

A cela unitária consiste de um sistema de eixos (x, y, z), ângulos (a, b, g) e


comprimento de cada eixo (a, b, c);

Sistema de eixos (x, y, z), ângulos (a, b,


g) e comprimento de cada eixo (a, b, c).
Coordenada dos pontos

A posição de qualquer ponto dentro da cela unitária


pode ser especificada em termos de suas coordenadas (a,
b, c);

Considere o ponto P no interior da cela ao lado:

Ponto P: coordenadas gerais q r s;


 coordenada q corresponde a distância qa;
 coordenada r corresponde a distância rb;
 coordenada s corresponde a distância sc.

 Os valores de q r s são fracionários.


Exemplo: Para a cela unitária abaixo, determine a localização do ponto P que
possui as coordenadas ¼ 1 ½ :
Planos cristalográficos

As orientações dos planos para uma estrutura cristalina são


representadas de maneira similar;
 A cela unitária é a base com o sistema de coordenada em
três eixos;
 Os planos cristalográficos são especificados por três
índices, conhecidos como índices de Miller (h k l).
Materiais cristalinos e não-cristalinos
Cristais únicos (monocristais)
 Para um sólido cristalino, quando o arranjo periódico e repetitivo dos átomos é
perfeito ou se extende através da espécie sem interrupção, o resultado é um monocristal.

O crescimento do cristal é normalmente difícil, devido o ambiente ser altamente


controlado;

 Se as extremidades de um monocristal são permitidas crescerem sem qualquer


restrição externa, o cristal assumirá uma forma geométrica regular, tendo faces planas
como algumas pedras preciosas;

 A forma é indicativa da estrutura cristalina;


 Os monocristais tem se tornado extremamente
importantes em muitas das tecnologias modernas;

 Particularmente, em micro-circuitos, empregando


monocristais de silício e outros semicondutores.
Materiais policristalinos
 Muitos sólidos cristalinos são compostos de uma coleção de pequenos cristais ou
grãos;
 Tais materiais são chamados policristalinos;
 Solidificação de uma espécie policristalina:
 Pequenos cristais apresentam várias posições;
 Estes tem orientações cristalográficas randômicas;
 Pequenos grãos crescem por sucessiva adição do líquido dos átomos vizinhos;
 A orientação cristalográfica varia de cristalito para cristalito;

(a) Pequenos cristalitos; (b) Crescimento dos cristalitos, com espaços entre alguns
grãos; (c) após solidificação completa, os cristalitos tem fórmulas irregulares; (d)
estrutura do grão vista por microscopia.
Difração de raios X: determinação de estruturas cristalinas

Rosalind Elsie
Franklin Dupla hélice do DNA

Bragg
NaCl

Vit. B12

Dorothy Hodgkin penicilina


 Muito do conhecimento O fenômeno da difração
adquirido dos arranjos atômicos e
moleculares nos sólidos resultou de
investigações de difração de raios
X;

 Estudos de raios X são


importantes também no
desenvolvimento de novos
materiais.

 Será visto um breve resumo


sobre: fenômeno de difração, uso
dos raios X, distâncias interplanares
e como as estruturas cristalinas são
determinadas.
Lei de Bragg

 Os raios X são uma forma de radiação eletromagnética com alta energia e pequeno
comprimento de onda (l).

 Quando um feixe de raios X atinge um material sólido, uma porção do feixe espalha-se
em todas as direções pelos elétrons presentes na amostra;
Difração de raios X
por um plano de
átomos.

Senθ = SQ/d

Dedução da equação de Bragg.


Como ocorre o processo de difração!!!
Sólidos não-cristalinos
 Não apresentam arranjo regular e sistemático , também sendo chamados de
amorfos (sem forma) ou líquidos supercongelados;

SiO2 cristalino SiO2 não-cristalino


 Formas cristalinas ou amorfas dependem de como a estrutura atômica randômica
no líquido pode se transformar durante a solidificação.

 Resfriamento rápido favorece a formação de sólidos não-cristalinos;


 Metais normalmente formam sólidos cristalinos, alguns materiais cerâmicos são
cristalinos e os vidros são amorfos;

 Polímeros podem ser completamente não-cristalinos e semi-cristalinos


apresentando diversos graus de cristalinidade.

Revista Química Nova na Escola


http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/02/

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