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Indaga o consulente acerca de evento de lançamento de pré-

candidatura para aproximadamente 200 pessoas em local privado e com despesas custeadas pelo
próprio pré-candidato, ao que parece.

Além disso, pergunta acerca da colocação de material gráfico em


fundo de palco e “fundo de foto”.

Assim disciplina a Lei 9.504 acerca da propaganda antecipada:

Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada,


desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à
pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos
pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos
meios de comunicação social, inclusive via internet: (Redação
dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-


candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no
rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de
plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de
rádio e de televisão o dever de conferir tratamento
isonômico; (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)

II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em


ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para
tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de
políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias
visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos
instrumentos de comunicação intrapartidária; (Redação dada
pela Lei nº 12.891, de 2013)

III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição


de material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que
participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-
candidatos; (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos,
desde que não se faça pedido de votos; (Redação dada pela Lei
nº 12.891, de 2013)

V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões


políticas, inclusive nas redes sociais; (Redação dada pela Lei nº
13.165, de 2015)

VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de


iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de comunicação
ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar
ideias, objetivos e propostas partidárias. (Incluído pela Lei nº
13.165, de 2015

VII - campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade


prevista no inciso IV do § 4o do art. 23 desta Lei. (Incluído dada
pela Lei nº 13.488, de 2017)

§ 1o É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de


televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos
meios de comunicação social. (Incluído pela Lei nº 13.165, de
2015)

§ 2o Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o


pedido de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das
ações políticas desenvolvidas e das que se pretende
desenvolver. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

O primeiro ponto que deve ser destacado refere-se ao fato de que,


sempre que há gastos relativos à pré-campanha, em especial a realização de eventos, a legislação
determina que tais gastos sejam realizados pelo partido, como ocorre nos incisos II e VI.

De fato, a jurisprudência caminha no sentido de que “os atos de


pré-campanha não devem envolver a realização de gastos pelos pré-candidatos”, conforme
ementa abaixo:
ELEIÇÕES 2016. RECURSO ELEITORAL.
REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL
ANTECIPADA. CONFIGURAÇÃO. DISTRIBUIÇÃO DE
MATERIAL IMPRESSO COM FINALIDADE DE
PROMOÇÃO DA FUTURA CANDIDATURA. HIPÓTESE
NÃO PREVISTA NO ART. 36-A DA LEI DAS ELEIÇÕES.
REALIZAÇÃO DE GASTOS NO PERÍODO DE PRÉ-
CAMPANHA. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
1. Distribuição de cartões com o propósito de promover a
candidatura da recorrente durante caminhadas de "pré-
campanha". Além de a distribuição de material impresso com
essa finalidade não estar prevista no art. 36-A da Lei 9.504/97,
houve dispêndio de recursos financeiros que não serão
submetidos à divulgação e ao controle da Justiça Eleitoral,
configurando a realização de propaganda eleitoral antecipada.
2. Os atos de pré-campanha não devem envolver a realização
de gastos pelos pré-candidatos, pois não se poderia conceber
que no processo eleitoral fossem vertidos recursos que
escapassem do salutar controle da Justiça Eleitoral, e,
consequentemente, da sociedade. Demais disso, tais gastos vão
de encontro à mentalidade por trás das mais recentes alterações
na legislação eleitoral, que buscam diminuir o impacto do poder
econômico nas eleições, a fim de aumentar o equilíbrio entre os
candidatos, na esteira do que dispõe a Constituição da República
em seu art. 14, § 9º.
3. A cessação da conduta após a notificação da candidata não
tem o condão de afastar a aplicação da multa prevista no art. 36,
§ 3º, da Lei das Eleições, ante a inexistência de disposição legal
nesse sentido. Para a imposição da sanção em questão, basta que
estejam caracterizadas a propaganda extemporânea e a
responsabilidade do representado, o que se verifica no presente
caso.
4. Multa fixada pelo juízo de primeiro grau no patamar mínimo.
5. DESPROVIMENTO do recurso.
(RECURSO ELEITORAL n 50417, ACÓRDÃO de 02/04/2018,
Relator(aqwe) CRISTINA SERRA FEIJÓ, Publicação: DJERJ -
Diário da Justiça Eletrônico do TRE-RJ, Tomo 068, Data
09/04/2018, Página 19/28 )

Quanto à realização do material gráfico, além dos limites


indicados acima quanto à impossibilidade de gastos durante a pré-campanha, salvo as hipóteses
legais em que os gastos são custeados pelo partido, o TSE assentou a ilicitude de atos de pré–
campanha em meios proibidos para a prática de atos de campanha eleitoral, conforme se observa
em recente julgado:

0600453-69.2018.6.05.0000
RESPE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº
060045369 - SALVADOR - BA
Acórdão de 01/08/2019
Relator(a) Min. Tarcisio Vieira De Carvalho Neto
Publicação:
DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 164, Data 26/08/2019
Ementa:
ELEIÇÕES 2018. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
DECISÃO MONOCRÁTICA. PEDIDO DE CONCESSÃO DE
EFEITOS MODIFICATIVOS. RECEBIMENTO COMO
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.
REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECI
PADA. OUTDOORS. MENSAGEM DE DIVULGAÇÃO DE
PROGRAMA RADIOFÔNICO DO CANDIDATO. MEIO
VEDADO. INTERPRETAÇÃO LÓGICA DO SISTEMA
ELEITORAL. APLICABILIDADE DAS RESTRIÇÕES
IMPOSTAS À PROPAGANDA ELEITORAL AOS ATOS DE
PRÉ–CAMPANHA. PRECEDENTE. REFORMA DO
ACÓRDÃO REGIONAL. DESPROVIMENTO.
1. Nos termos da jurisprudência deste Tribunal Superior, os
embargos de declaração, com pretensão infringente, opostos em
face de decisão monocrática, devem ser recebidos como agravo
regimental. Precedentes.

2. In casu, consta da moldura fática delineada no voto condutor


do acórdão regional que o ora agravante, à época pré–candidato
nas eleições gerais de 2018, veiculou, no mês de junho de 2018,
por meio de outdoors, a seguinte mensagem: "com o âncora
Marcos Medrado – Unindo Forças Por Um Recôncavo Melhor
– Programa Ligação Direta – Valença FM 101,9" (ID nº
326492).

3. A Corte Regional, amparada em julgados desta Corte Superior


referentes ao pleito de 2016, entendeu que não houve ilícito
eleitoral no referido ato, uma vez que inexistente o pedido
explícito de votos, nos temos do art. 36–A da Lei nº 9.504/97.

4. Para o pleito de 2018, este Tribunal Superior, na sessão do dia


9.4.2019, ao concluir o julgamento do REspe nº 0600227–
31.2018.6.17.0000, de relatoria do Ministro Edson Fachin,
assentou a ilicitude de atos de pré–campanha em meios
proibidos para a prática de atos de campanha eleitoral, de
modo que "a realização de atos de pré–campanha, por meio
de outdoors, importa em ofensa ao art. 39, § 8º, da Lei nº
9.504/97 e desafia a imposição de multa, independentemente da
existência de pedido explícito de voto".

5. "O reenquadramento jurídico dos fatos, quando cabível, é


restrito às premissas assentadas pela instância regional e não se
confunde com o reexame e a revaloração do caderno probatório,
providência incabível em sede de recurso especial, a teor do
disposto na Súmula nº 24/TSE" (AgR–REspe nº 24–98/RJ, Rel.
Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 14.2.2019).

6. As razões postas no agravo regimental não afastam os


fundamentos lançados na decisão agravada, motivo pelo qual a
mantenho integralmente.
7. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental,
ao qual se nega provimento.

Assim, considerando que o material aparentemente não está nos


limites preconizados pela legislação para as eleições, entendemos também que por esse motivo
poderá ocorrer representações eleitorais.
Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que
não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa
candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e
os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação
social, inclusive via Internet:

 Caput com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 13.165/2015.

 Ac.-TSE, de 7.5.2019, no REspe nº 13351: não caracteriza propaganda eleitoral


extemporânea pedido de votos realizado em ambiente restrito de
aplicativo Whatsapp.

 Ac.-TSE, de 2.2.2017, no REspe nº 35094: não configura propaganda eleitoral


antecipada elogio feito da tribuna da Casa Legislativa por parlamentar a
postulante a cargo público.

 Ac.-TSE, de 18.10.2016, no REspe nº 5124: a ampla divulgação de ideias fora do


período eleitoral, a menção à pretensa candidatura e a exaltação das qualidades
pessoais dos pré-candidatos não configuram propaganda extemporânea, desde
que não envolvam pedido explícito de voto.

I – a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos


em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão
e na Internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos
políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de
conferir tratamento isonômico;
 Ac.-TSE, de 16.10.2012, no AgR-REspe nº 394274: propaganda institucional que
veicule discurso de pré-candidatos sem pedido de votos não configura
propaganda eleitoral antecipada.

 Ac.-TSE, de 31.5.2011, no REspe nº 251287: entrevista concedida em programa


de televisão com promoção pessoal e enaltecimento de realizações pessoais em
detrimento dos possíveis adversários no pleito e com expresso pedido de votos
caracteriza propaganda eleitoral antecipada.

 Ac.-TSE, de 5.8.2010, no R-Rp nº 165552: não caracteriza propaganda


extemporânea entrevista concedida a órgão de imprensa, com manifesto teor
jornalístico, inserida num contexto de debate político.

 Ac.-TSE, de 5.8.2010, no R-Rp nº 134631: entrevista de natureza jornalística


com político de realce no estado não caracteriza propaganda eleitoral antecipada,
especialmente quando a mesma emissora realiza programas semelhantes com
diversos políticos, demonstrando tratamento isonômico.

 Ac.-TSE, de 16.6.2010, na Cta nº 79636: possibilidade de realização, em


qualquer época, de debate na Internet, com transmissão ao vivo, sem a condição
imposta ao rádio e à televisão de tratamento isonômico entre os candidatos.

 Ac.-TSE, de 25.3.2010, na AgR-Rp nº 20574: discurso proferido em inauguração


e transmitido ao vivo por meio de rede de TV pública não se insere na exceção
prevista neste inciso.

II – a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente


fechado e a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização
dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de
governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais
atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária;
 Incisos I e II com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 12.891/2013.
 Ac.-TSE, de 24.4.2014, no REspe nº 1034: realização de audiências públicas para
a discussão de questões de interesse da população não configura propaganda
eleitoral antecipada, caso não haja pedido de votos ou referência à eleição.

 Ac.-TSE, de 16.11.2010, no R-Rp nº 259954: discurso realizado em encontro


partidário, em ambiente fechado, no qual filiado manifesta apoio à candidatura
de outro não caracteriza propaganda eleitoral antecipada; a sua posterior
divulgação pela Internet, contudo, extrapola os limites da exceção prevista neste
inciso, respondendo pela divulgação do discurso proferido no âmbito
intrapartidário o provedor de conteúdo da página da Internet.

III – a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de


material informativo, a divulgação dos nomes dos filiados que
participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-
candidatos;
 Inciso III com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 13.165/2015.
IV – a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos,
desde que não se faça pedido de votos;
 Inciso IV com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 12.891/2013.
V – a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas,
inclusive nas redes sociais;
 Inciso V com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 13.165/2015.
VI – a realização, a expensas de partido político, de reuniões de
iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de comunicação ou do
próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos
e propostas partidárias;
 Inciso VI acrescido pelo art. 2º da Lei nº 13.165/2015.
VII – campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade
prevista no inciso IV do § 4º do art. 23 desta lei.
 Inciso VII acrescido pelo art. 1º da Lei nº 13.488/2017.

§ 1º É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de


televisão das prévias partidárias, sem prejuízo da cobertura dos meios
de comunicação social.
 Parágrafo único numerado como § 1º com redação dada pelo art. 2º da Lei nº
13.165/2015.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos I a VI do caput, são permitidos o pedido
de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas
desenvolvidas e das que se pretende desenvolver.
§ 3º O disposto no § 2º não se aplica aos profissionais de comunicação
social no exercício da profissão.
 Parágrafos 2º e 3º acrescidos pelo art. 2º da Lei nº 13.165/2015.

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