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RESUMO – Hanseníase
1. Definição
2. Fatores de risco
Costuma acometer ambos os sexos, com predominância do masculino.
Embora ainda existam lacunas de conhecimento quanto a todos os prováveis fatores de
risco implicados na transmissibilidade, o domicílio continua sendo um dos mais importantes
espaços para a propagação da infecção.
Assim, o maior risco é observado entre contatos intradomiciliares, definidos como indivíduos
que residem ou tenham residido com o doente nos últimos cinco anos. Ressalte-se que o
período de incubação da doença pode variar de 7 meses a 10 anos.
3. Incidência e Prevalência
A meta de eliminação da hanseníase, com base no coeficiente de prevalência pontual, foi
substituída pelo coeficiente de detecção de casos novos (coeficiente de incidência), que
mede a força e magnitude da endemia. Este mesmo indicador, calculado para a população
de 0 a 14 anos, indica a presença de focos ativos da infecção e transmissão recente, em
geral envolvendo focos domiciliares de áreas com alta endemicidade, pelo que sua redução
tornou-se prioritária para a atual política de controle da doença no país.
Os coeficientes de detecção tendem a uma estabilização em todo o país, embora em
patamares ainda muito altos nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.
4. Classificação e evolução
Evolução da hanseníase
CONTÁGIO
• FORMA
INDETERMINADA
5. Diagnóstico clínico
COMPROMETIMENTO
MOTOR
(movimento
ativo e/ou
contra CONSEQUÊNCIAS
NERVOS AUTONÔMICO SENSITIVO resistência) E/OU SEQUELAS
OLHOS
COMPROMETIMENTO
MOTOR
(movimento
ativo e/ou
contra CONSEQUÊNCIAS
NERVOS AUTONÔMICO SENSITIVO resistência) E/OU SEQUELAS
Nervo facial Nervo Nervo Lagoftalmo
Ressecamento trigêmio facial (fenda palpebral)
( produção de Diminuição Redução da Ectrópio
lágrima) da força da Triquíase
sensibilidade musculatura Opacidade
da córnea ocular. corneana central
Catarata
Acuidade visual
menor que 0,1 ou
não conta dedos a
6 m de distância
Facial e Hiperemia ocular
Trigêmio Úlceras de córnea
MEMBROS SUPERIORES
COMPROMETIMENTO
MOTOR
(movimento
ativo e/ou
contra CONSEQUÊNCIAS
NERVOS AUTONÔMICO SENSITIVO resistência) E/OU SEQUELAS
Radial e Diminuição
Dor no trajeto dos
Radial ou ausência Extensão do
nervos
Cutâneo de punho
Espessamento dos
Diminuição da sensibilidade Extensão do
nervos
sudorese e no dorso da dedos
Mão caída
oleosidade, com mão (entre Extensão do
Atrofia da região
ressecamento polegar e polegar
dorsal do antebraço
da pele. indicador).
Ulnar Dor no trajeto do
nervo,
Diminuição
especialmente no
ou ausência
cotovelo
de
Abdução e Espessamento do
sensibilidade
adução dos nervo
na parte
dedos Garra ulnar (4º e 5º
medial do
(avaliar 2º e dedos)
antebraço e
5º dedos) Atrofia do 1°
mão, assim
Adução do espaço
como, no 5º
polegar interósseo e
dedo e
Posição região
metade do 4º
intrínseca hipotenar
dedo
da mão (4º e Diminuição da força
5º dedos) de pinça (polegar).
Diminuição
ou ausência
de Dor no trajeto do
sensibilidade nervo,
na parte especialmente no
lateral do punho
antebraço, Espessamento do
palma da nervo
mão Abdução e Garra do mediano
(região oponência (polegar, 2º e 3º
tenar), do polegar dedos)
1º , 2º ,3º Posição Atrofia da região
dedos e intrínseca tenar
metade do 4º da mão (2º e
Mediano dedo 3º dedos)
MEMBROS INFERIORES
COMPROMETIMENTO
MOTOR
(movimento
ativo e/ou
contra CONSEQUÊNCIAS
NERVOS AUTONÔMICO SENSITIVO resistência) E/OU SEQUELAS
5.3 - Diagnóstico dos Estados Reacionais ou Reações Hansênicas: (MS, SVS, 2009;
INSS, DIRBEN, 2007)
Tratam-se de alterações imunológicas exteriorizadas como processos inflamatórios
agudos e subagudos, que podem ocorrer antes, durante ou depois do tratamento
poliquimioterápico-PQT, tanto em casos paucibacilares, como multibacilares.
A ocorrência dessas reações não contraindica o início da PQT, não implica sua
interrupção e não indica reinício após alta.
São fatores desencadeantes: infecções intercorrentes, anemia, cárie e doença
periodontal, vacinação, terapias e alterações hormonais (gravidez, menstruação,
puerpério); medicamentos iodados, estresse físico e emocional.
As reações são de dois tipos:
TALIDOMIDA
CORTICOSTERÓIDES
Considerações gerais
A função básica da perícia médica do INSS/MPS é a avaliação da incapacidade
laborativa e intercorrências restritivas ao bem estar fisico, psíquico e social, decorrentes de
doença ou agravo, para fins de concessão de benefícios previdenciários, acidentários,
assistenciais ou indenizatórios, dentro das previsões legais, regulamentares e normativas,
pertinentes a cada modalidade de benefício.
O diagnóstico, tratamento e prevenção são competências de outras esferas de
governo, instituições e serviços, com os quais uma boa interface permite a obtenção de
informações que não só facilitam, como tornam mais justas as decisões.
No que tange a requerentes com Hanseníase, a principal interação da Perícia Médica
deve se dar em âmbito local, através da SIMA (Solicitação de Informações ao Médico
Assistente), com a rede de profissionais de referência dos Programas Municipais de
Controle da Hanseníase, nos quais os indivíduos se encontram cadastrados e sob
acompanhamento.
A incapacidade laborativa, para fins de estabelecimento ou prorrogação de prazos
de afastamento, está na dependência do estado geral, intensidade do quadro clínico,
presença de estados reacionais ou sequelas, efeitos adversos medicamentosos e
exigências físicas para a atividade exercida.
2 – Evitando o preconceito e a discriminação
Tal cuidado busca atender a um dos objetivos fundamentais da Constituição da
República Federativa do Brasil, artigo 3º, inciso IV, que é o de promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. A Hanseníase é hoje uma condição tratável e curável, porém, infelizmente,
carrega ainda o peso do estigma de séculos passados, pelo que sugere-se especial
atenção, no sentido de evitar quaisquer atitudes que possam reforçar essa condição.
Ações simples como manusear documentos e comprovantes médico-hospitalares
trazidos pelo requerente, sem receios infundados por parte de todos os profissionais
envolvidos com o atendimento, representam pequenos detalhes que fazem grande
diferença. Na mesma linha de raciocínio, o exame médico-pericial feito em sua plenitude
contribui não só para quebrar o estigma, como também avaliar corretamente a presença de
incapacidade/invalidez para a decisão sobre o direito ao benefício requerido.
3 – Principais aspectos a serem considerados na avaliação da incapacidade ou
invalidez:
− as diferentes formas de apresentação e graus de comprometimento pela doença e/ou
estados reacionais podem representar um largo espectro que vai da ausência de
incapacidade à completa invalidez;
− eventualmente, efeitos colaterais medicamentosos podem ocasionar incapacidade
temporária;
− excepcionalmente, questões de ordem psicossocial associadas ao diagnóstico podem
também ocasionar incapacidade temporária.
4 – Informações médico-assistenciais relevantes:
− manifestações clínicas atuais e pregressas;
− local de tratamento clínico e esquema terapêutico instituído;
− fatores psicossociais adicionais e potencialmente agravantes para o quadro.
5 – Dados objetivos do exame físico médico pericial:
− Alterações ao exame dermatológico, neuromusculoesquelético, nasal e ocular, conforme
sinais e sintomas descritos detalhadamente na Parte I deste capítulo.
6 – Conduta médico-pericial na Hanseníase
O quadro abaixo procura sistematizar as possíveis conclusões médico-periciais
frente às principais situações clínico-laboratoriais envolvendo requerentes com
Hanseníase.
AUSÊNCIA DE
Ausência de manifestações clínicas incapacitantes e de efeitos
INCAPACIDADE
adversos pela poliquimioterapia.
E/OU
( qualquer das formas, desde que sem comprometimento de
INVALIDEZ
tronco nervoso, ainda que apresente alteração de sensibilidade
Conclusão =
térmica, dolorosa e tátil )
T1
Ausência de manifestações clínicas da doença, porém com
efeitos adversos incapacitantes pelo esquema terapêutico (
qualquer das formas ) = 30 a 60 dias, na dependência da
intensidade dos efeitos.
Doença em atividade, em qualquer das formas clínicas, com
comprometimento de tronco nervoso = 90 dias ou mais, na
dependência da atividade exercida.
DATA DA Formas reacionais, tipo 1 ou 2 = 90 dias, na dependência da
CESSAÇÃO DO intensidade e resposta ao tratamento.
BENEFÍCIO – Doença em atividade, com ocorrência de deformidade(s),
DCB independente da forma clínica = 1 ano (de modo a garantir,
Conclusão = além do tratamento específico, a implementação de todas as
T2 medidas necessárias à prevenção de incapacidades).
Afastamento por 2
Casos com grave comprometimento anos, sujeito à
funcional, passível de resposta ao homologação
REVISÃO EM
esquema terapêutico e outras superior e reavaliação
DOIS ANOS
intervenções, com possibilidade de no limite, para
(R2)
retorno à mesma atividade ou à conclusão do
atividade diversa, a longo prazo. caso ( DCB, RP ou LI
), na dependência de
sua evolução no
período.