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As plantas dispõe de dois tipos de metabolismo para manter sua vida.

A
produção de substancias como carboidratos, lipídios, proteínas, lignina entre outras, são
oriundas do metabolismo primário. Substancias como fenóis, alcalóides, terpenos entre
outras são de origem secundária do metabolismo. Essas substancias vem sendo
denominadas de moléculas bioativas. A presença de moléculas bioativas em plantas de
interesse medicinal tem sido amplamente estudada nos últimos anos, devido à crescente
popularidade dos medicamentos fitoterápicos.

A biossíntese de metabólitos secundários é realizada por rotas metabólitas


específicas do organismo, ocorrendo uma estreita relação entre essas rotas e aquelas
responsáveis pela síntese de metabólitos primários. Essas rotas metabólitas são
interconectadas, e as rotas que sintetizam metabólitos primários fornecem moléculas
que são utilizadas como precursoras nas principais rotas de síntese de metabólitos
secundários. Nesse sentido, embora se faça a divisão em metabólitos primário e
secundário, o metabolismo deve ser considerado como um todo, com a produção de
metabólitos primários e secundários. A divisão entre metabólitos primários e
secundários deve ser vista como uma forma de agrupar compostos com determinadas
características em comum.

Todos os organismos vivos possuem caminhos metabólicos pelos quais


sintetizam e utilizam espécies químicas essenciais: açúcares, aminoácidos, ácidos
graxos, nucleotídeos e polímeros derivados deles (polissacarídeos, proteínas, lipídeos,
RNA e DNA, entre outras). Esses compostos são metabólitos primários, essenciais para
a sobrevivência dos organismos. O processo sintético primário é a fotossíntese, por
meio da qual as plantas verdes utilizam a energia solar para a produção de compostos
orgânicos. Um grupo reduzido de metabólitos primários serve como precursores para a
síntese de outros compostos em reações catalisadas enzimaticamente. Estes compostos
são chamados de metabólitos secundários.

A maquinaria celular consta de uma unidade informativa, os genes, que


controlam a formação dos catalisadores (enzimas) para a síntese de metabólitos
primários e secundários. Portanto, as rotas metabólicas estão sob o controle da
constituição genética do organismo, sendo as rotas que originam metabólitos
secundários estimuladas durante estágios particulares do desenvolvimento, ou durante
períodos de estresse, entre outros fatores ambientais que interferem na produção desses
compostos.

As funções que os metabólitos secundários desempenham no organismo não são


todas conhecidas. No entanto, os avanços científicos na área têm esclarecido muitas
funções desses compostos. O esqualeno (um triterpeno), por exemplo, considerado
originalmente como metabólito secundário, é hoje conhecido como um dos produtos
universalmente distribuídos e participante fundamental do metabolismo dos organismos
vivos.

Também deve ser considerada a possibilidade de que metabólitos secundários


sirvam para manter o metabolismo básico nas circunstâncias em que seus substratos
normais, por depauperamento de nutrientes, não possam ser explorados para
crescimento e replicação celulares normais. Outro aspecto está relacionado com a
produção dos metabólitos secundários como via alternativa ou de escape, na situação
em que rotas de síntese de metabólitos primários sejam inibidas pelo seu produto
excedente (inibição por retroalimentação).

A característica mais importante da maioria dos metabólitos secundários é a sua


distribuição restrita na natureza, que se limita a uma espécie ou a espécies relacionadas,
permitindo a ela se adequar às condições impostas pelo ambiente. É possível que alguns
desses compostos não sejam essenciais para o organismo que os produzem, mas em
geral devem ter algum significado biológico, presumindo-se que possuam alguma
função, provavelmente específica.

Outra característica é a inserção desses metabólitos em caminhos oxidativos, que


protegem o metabolismo vegetal contra a ação do agente destruidor que as próprias
células produzem: o oxigênio. O estresse por oxigênio é uma causa de toxidez que as
plantas são incapazes de evitar, devido à sua atividade fotossintética. O oxigênio
molecular liberado passa freqüentemente por transformações, produzindo radicais livres
de alta reatividade, capazes de deteriorar componentes celulares (rompimento de
cromossomos, rupturas de proteínas, polissacarídeos e ácidos graxos). Como
conseqüência, a captação eficiente de radicais é condição fundamental para a
sobrevivência e manutenção da estabilidade da célula. Evidência experimental desse
fato refere-se às substâncias produzidas pelas angiospermas após ferimento das folhas.
Por exposição do tecido ao oxigênio atmosférico, a planta reage produzindo dois tipos
de antioxidantes: as fitoalexinas e os álcoois cinamílicos (cujo acoplamento oxidativo
formará ligninas). Os polifenóis, de forma geral, devem ser destacados como
substâncias antioxidantes.

A interação do ambiente com os mecanismos fisiológicos das plantas resulta no


estímulo da síntese de metabólitos especiais (secundários). Esses metabólitos são
característicos de determinadas espécies e podem ser resultado da adaptação às
condições ambientais na sobrevivência e perpetuação dos indivíduos.
O estudo de interações planta-planta, planta-inseto, entre outras, é englobado na
área de pesquisa denominada ecologia química, em que é abordado o papel dos
metabólitos secundários nas interações bioquímicas entre plantas e o meio ambiente.
Os metabólitos secundários participam de importantes funções vitais, como
mediadores de interações ecológicas. Eles têm a função de garantir a sobrevivência de
organismos particulares em ambientes hostis, onde muitos organismos competem um
com os outros; dessa forma, eles aumentariam a competitividade desses organismos.
Os metabólitos isolados de fontes naturais não são necessariamente aqueles que
estão presentes nos tecidos vivos. Os processos de extração e purificação causam
mudanças químicas devido a exposição ao oxigênio, solventes, mudanças no pH, calor.
Também processos de infecção microbiana podem conduzir à produção de diferentes
metabólitos (metabolizados pelos microorganismos).
O isolamento dos metabólitos secundários é feito principalmente por técnicas de
extrações por solvente (relacionadas com as propriedades de solubilidade) e a separação
por técnicas cromatográficas.
A identificação das estruturas química dos compostos após o isolamento e
purificação é realizado pela análise de um conjunto de informações obtidas de dados
espectroscópicos. Os químicos orgânicos sintéticos contribuem para a elucidação
estrutural, realizando as respectivas sínteses em laboratório.
As principais técnicas espectroscópicas de identificação estrutural são:
Espectroscopia ultravioleta, espectroscopia no infravermelho, espectroscopia de massa,
espectroscopia de ressonância nuclear magnética de hidrogênio, espectroscopia de
ressonância nuclear magnética de carbono 13.

O estudo das rotas biossintéticas é possível por meio do fornecimento de precursor


marcado (uso de isótopo radioativo). Após o fornecimento do precursor marcado, o
metabólito de interesse é isolado e analisado quanto à incorporação do isótopo.
As plantas medicinais assumem grande importância nos tempos atuais, apesar de
fortes campanhas contra o uso de plantas medicinais, elas são o único meio de cura para
algumas populações e opção de cura para outras. Inúmeros trabalhos são realizados com
plantas consideradas medicinais, entretanto diante da gigantesca biodiversidade de
plantas existentes no globo, esses trabalhos tornam-se escassos. Este livro traz uma nova
abordagem sobre plantas medicinais, é um livro mais técnico, sendo de grande utilidade
para futuros trabalhos com plantas medicinais.

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