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essão e que em dois filmes de John Ford é recosturada por meio de princípios como a
tolerância, a justiça, a paz e a coragem. Praticamente um é refilmagem do outro.
Ambos têm como protagonista o judge priest (personagem do escritor Irving S. Cobb)
disputando uma eleição em Kentuky, terra de linchadores e de intolerância racial. O
primeiro é de 1935 e tem como título o próprio juiz, “Judge Priest”, e o segundo de
1953, com título tirado de uma canção do Sul, “O Sol Brilha” (The Sun Shines
Bright).
Fiquei apavorado com a campanha difamatória contra John Ford por parte dos pseudo
politicamente corretos na rede, que o acusam de tirano, invejoso e racista. É
próprio da mediocridade tentar destruir o gênio, que a desmoraliza. Felizmente
alguns ensaístas consideram “O Sol Brilha” mais uma obra-prima do grande cineasta.
Confirmei vendo o drama de uma jovem adotada e alvo do desprezo social recuperando
sua identidade e sua honra graças à ação enérgica do juiz e de todos que o admiram
e seguem seus passos. Em “Judge Priest”, o foco está mais no pai da moça adotada,
um herói do sul que ficou livre depois de lutar na guerra e consegue escapar de uma
acusação de agressão numa briga de bar.
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POR NEI DUCLÓS EM 10/12/2012 ÀS 10:40 PM
Somewhere, de Sophia Coppola
publicado em filmes
“Somewhere” (“Um Lugar Qualquer”), o premiado filme de Sophia Coppola, é sobre os
bastidores da vida de um ator célebre (Stephen Dorff, no papel exemplar do paspalho
que parece ser), dividido entre festanças, entrevistas, premiações, viagens e
eventos variados. A matéria-prima de um cinema de espetáculo, que por motivos
misteriosos atrai multidões. Não há dúvida que é uma representação do pai ausente
de Sophia, o gênio Francis Ford Coppola, que carregava os filhos pelos hotéis afora
enquanto fazia obras-primas. Não tinha tempo para a família, mas até hoje paga o
tributo, já que precisa render-se à sua vocação de italiano, apesar de ser
essencialmente um americano (aquele tipo que expulsa os filhos de casa mal saem da
puberdade). Ele é a presença constante dos filmes da filha, que já nos deu grandes
obras como “Lost in Translation”.
Para onde leva esse cinema que dá voltas sobre si mesmo? Para o vazio ou para
gestos pretensamente libertadores (por que, em vez de abandonar sua Ferrari no
deserto depois de fechar a conta no hotel de luxo, o bobalhão não me dá as chaves
do carro e do apartamento enquanto ele torra no solaço? Ora, porque tudo não passa
de ficção da pior qualidade). Trata-se de uma denúncia ou de uma entrega? Acho que
as duas coisas. Sophia já tinha escrito um conto de fadas da menina que era filha
de pais separados ricos e a deixavam vivendo com um mordomo num hotel (“A Vida sem
Zoe”, episódio dirigido pelo pai na obra coletiva de “New York Stories”). “Lost in
Translation” também se passa num hotel. Ou seja, ela não sai do reduto onde foi
criada.
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POR JOÃO PAULO TEIXEIRA EM 10/11/2012 ÀS 07:35 PM
Os melhores filmes de gângsters da história
publicado em filmes
Bons filmes de gângster primam por volúpia. Toda lista ou reunião minimamente
sensata passa por uma sequência bem enredada de frases e roteiros pomposos, uma
violência quase estética e uma verborragia de gestos latinos e cabelos emplastados
de gel. Todos eles são misturados com macheza galanteadora e com armas de todo
calibre que fazem o espectador ter vontade de adentrar naquele mundo secreto
permeado de códigos e condutas másculas.
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POR NEI DUCLÓS EM 08/10/2012 ÀS 07:44 PM
Intocáveis: Pretty Woman da era Facebook
publicado em filmes
O megassucesso francês “Intocáveis” (de Olivier Nakache e Eric Toledano) tem várias
sintonias com outro preferido do público: o americano “Pretty Woman” (de Garry Mar-
shall). É a sempre bem aceita síndrome de Cinderela, quando alguém muito pobre tem
acesso a um palácio, a um personagem rico e pinta um clima que acaba emocionando a
plateia e acaba sempre bem. A prostituta (Julia Roberts) contratada como scort pelo
multimilionário depredador de empresas (Richard Gere) é, na versão francesa, o
afrodescendente (Omar Sy) que é escolhido como acompanhante do ricaço (François
Cluzet) com todo o perfil do nobre europeu, já que não sabemos qual a origem da sua
fortuna.
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POR NEI DUCLÓS EM 03/10/2012 ÀS 10:20 PM
Tetro, de Francis Ford Coppola
publicado em filmes
Toda arte é a sua contingência. Transcender não é ignorar os limites, ao contrário,
é ter consciência deles. Um filme não existe fora do cinema. Antes de ser um
gênero, é um filme e disso ele não escapa. Seu foco é a sua própria natureza: seja
qual for o desdobramento, volta para si mesmo. É preciso abordar o cinema para
fazê-lo. Grandes cineastas transformam esse destino, essa camisa de força, em
grande arte. Como Francis Ford Coppola, por exemplo, tanto como diretor contratado
em estúdio de “O Poderoso Chefão” quanto no independente “Tetro”. Entre esses dois
polos, ele trafega entre a celebração e maldição procurando manter o foco. O gênio
que acaba transgredindo faz filmes, não sucessos ou fracassos.
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POR HERONDES CÉZAR EM 30/09/2012 ÀS 06:47 PM
Os 50 melhores filmes de todos os tempos segundo a revista inglesa Sight e Sound
publicado em filmes
O filme “Um Corpo que Cai”, de Alfred Hitchcock, foi eleito o melhor filme de todos
os tempos, em pesquisa realizada pela revista “Sight and Sound”, do British Film
Institute. “Um Corpo que Cai” assumiu o lugar que há 50 anos era ocupado por
“Cidadão Kane”, de Orson Welles.
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POR NEI DUCLÓS EM 27/09/2012 ÀS 08:32 PM
Ver, o verbo do cinema
publicado em filmes
Filme é o que enxergamos, inclusive a elipse, quando a cena nos remete a algo fora
da tela. O exercício de ver serve para abordar o cinema pelo que ele é, quando
estão dispostos os elementos chave para decifrarmos o que é visto. Limpar a obra da
Sétima Arte de intenções adventícias é uma atividade valiosa, principalmente quando
assistimos o trabalho de cineastas como Kubrick, Spielberg ou Chaplin. Ou quando
conseguimos nos esclarecer sobre filmes aparentemente banais que provocam insights
importantes para o trabalho ensaístico. Nesta coletânea de textos, aprofundamos
essa percepção sobre o que o cinema nos mostra de mais impactante.
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POR NEI DUCLÓS EM 25/09/2012 ÀS 03:40 PM
Especial cinema argentino
publicado em filmes
“O Segredo dos Seus Olhos”, de Juan José Campanella, é a composição de uma peça
clássica em três movimentos. É um filme de amor dentro dos parâmetros conhecidos,
ou seja, um casal próximo demais que não consegue se tocar durante o filme todo e
só encontra uma solução no final. É um filme policial seguindo os trilhos do filme
noir, onde um investigador solitário procura saber algo que todos querem esconder.
E é um filme político, na linhagem das grandes obras do gênero, pois denuncia a
origem da injustiça nas tramas do poder, e não na natureza humana.
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POR JOÃO PAULO TEIXEIRA EM 19/09/2012 ÀS 08:10 PM
A ética de Don Corleone
publicado em filmes
É plausível considerar que as duas narrativas iniciais de Francis Ford Coppola
sobre a família Corleone estão entre as melhores criações cinematográficas do
mundo. O plano detalhe sobre a mão do “Poderoso Padrinho” que afana um gato
enquanto ele ouve atentamente as queixas da comunidade ítalo-americana, denotam, na
mesma mesa, dois planos do enredo sofisticado do livro de Mario Puzo: o senso de
justiça na terra nova e a ética brutal da máfia.
As tomadas frontais que se sucedem no mal iluminado escritório de Vito Corleone são
a materialização visual dos conceitos filosóficos da teoria base de Emmanuel Kant
sobre a razão prática e a liberdade. Usando a condição representativa de patriarca
e núcleo da célula familiar que ele considera vital à continuidade moral e material
de sua “profissão”, Vito transita – ora por um ou pelo outro – nas três
interpretações do imperativo categórico.
Quando dá lições aos filhos que se desprendem dos caminhos de sua fundação
normativa, Vito crê que, mantendo todos sobre seu raio de influência, eles
trilharão a lei universal do poder. É assim com Santino Sonny (James Caan), uma das
esperanças de Vito para restabelecer a paz entre as famílias sicilianas, e Michael
Corleone (Al Pacino), o instruído oficial da Marinha que havia servido a América na
guerra contra Hitler e Mussolini.