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Mensagem, de F.

Pessoa
BENEDICTUS DOMINUS DEUS NOSTER QUI DEDIT
NOBIS SIGNUM

Mensagem é um livro simbólico. Nele, imagens de fundo esotérico mobilizam-se para dar
expressão ao nacionalismo místico do autor. Situando-se nos séculos da formação de
Portugal e no período das grandes navegações, Pessoa compõe uma obra cujos textos
formam um elogio de teor épico a Portugal, celebrando, assim, a grandeza do seu país, no
passado.

Estrutura:
Quarenta e quatro poemas agrupados em três partes, que representam as três etapas do
Império Português: Nascimento, Realização e Morte, seguida de um renascimento.

1ª PARTE – BRASÃO (BELLUM SINE BELLO): nascimento da nacionalidade


Na primeira parte, Brasão, assistimos ao desfile de heróis lendários e históricos e à
referência a vários momentos da nossa história, diretamente relacionados com o princípio
da nacionalidade, nomeadamente no que diz respeito à conquista de territórios, formação e
consolidação do reino. Estas personalidades simbolizam a coragem, o sonho, a loucura
desmedida e devem ser tidos como fonte inspiradora. Pessoa mostra que Portugal tinha
uma marca nobre, uma História, uma cultura e um sonho, encontrando-se pronto para o
cumprimento de nobres missões.

2ª PARTE – MAR PORTUGUÊS (POSSESSIO MARIS): realização através do mar


Na segunda parte, Mar Português, assistimos à realização da pátria através do mar,
destacando-se os heróis empossados da grande missão de descobrir e de dar novos mundos
ao mundo, conduzindo o reino à glória. Fernando Pessoa exprime a sua admiração por
aqueles que revelaram espírito de sacrifício e lutaram contra as adversidades para ir ao
encontro dos seus ideais (“Para passar o Bojador / Há que passar além da dor”.) na era dos
Descobrimentos, engrandecendo a pátria e imortalizando-se.

3ª PARTE – O ENCOBERTO (PAX IN EXCELSIS): morte ou fim das energias latentes


Na terceira parte, O Encoberto, Fernando Pessoa mostra a situação de uma nação
estagnada, decadente, em crise política, em crise de identidade, em crise de valores.
Todavia, anuncia um novo ciclo que trará o brilho e a grandiosidade perdidos após os
Descobrimentos. Será a construção do Quinto Império (novo ciclo que se anuncia e que
trará a regeneração e instaurará um novo tempo; época de fraternidade e paz universal,
sem fronteiras definidas no espaço, sob a hegemonia do povo português em que os homens
sofrerão uma espiritualização progressiva; nenhum império sucederá a este), pela mão de
um Desejado, um Messias imbuído do mesmo espírito de D. Sebastião, lutador, sonhador e
destemido. Esta “É a Hora!” para voltar ao início, ao Brasão, à glória, construindo o Império
sonhado. Surge a ideia de uma pátria predestinada a grandes realizações, impregnadas de
idealismo na medida em que se trata da criação de um império espiritual, em que a ideia
condutora é o mito, a quimera, o sonho.
A ideia que Pessoa tenta transmitir na obra é, então, a de que os feitos do passado deverão
servir de inspiração para a construção do futuro (VALETE FRATRES).

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