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ESTRUTURAS E FUNDAÇÕES

FUNDAÇÕES PROFUNDAS
INTRODUÇÃO

THIAGO CALIMAN CESCHIM, M.Sc.


2019/02
Bibliografia utilizada nesta apresentação

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de fundações, NBR 6122. Rio de Janeiro, ABNT,
2010, 91p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de
Janeiro, ABNT, 2014, 221p.
CINTRA, J. C. A.; AOKI, N. Fundações por estacas: projeto geotécnico. São Paulo: Oficina de textos, 2010.
CARVALHO, R.C. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado, V.2. São Paulo, Ed. Pini, 2013.
ALONSO, U.R. Exercícios de fundações. São Paulo, Ed. Edgard Blücher, 2010.
HACHICH, W. et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Editora Pini, 1998.
CAMPOS, J. C. Elementos de fundações em concreto. São Paulo: Oficina de textos, 2015.
VELLOSO, D. A., LOPES, F. R. Fundações : critérios de projeto, investigação do subsolo, fundações superficiais, fundações
profundas. São Paulo: Oficina de textos, 2010.
REBELLO, Y. Fundações: guia prático de projetos, execução, e dimensionamento. São Paulo: Zigurate, 2008.
Fundações Profundas

Fundação profunda: Elemento de fundação que transmite as ações ao terreno pela base
(resistência de ponta) e lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas e
que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e
no mínimo 3m.
Fundações Profundas

As fundações profundas são separadas em dois grupos:

Estaca - executado inteiramente por ferramentas ou equipamentos, sem que, em


qualquer fase de sua execução, haja descida de pessoas. Os materiais empregados
podem ser: madeira, aço, concreto ou uma combinação dos anteriores. A execução
pode ser por cravação ou escavação, ou ainda, mista;

Tubulão – elemento escavado no terreno, em que, pelo menos na sua etapa final, há
descida de pessoas, que se faz necessária para executar o alargamento de base ou
pelo menos a limpeza do fundo da escavação, uma vez que neste tipo de fundação
as cargas são transmitidas preponderantemente pela ponta. O tubulão não difere da
estaca por suas dimensões, mas pelo processo executivo, que envolve a descida de
pessoas.
Estacas

Classificação das Estacas

As estacas podem ser agrupadas em dois grandes grupos: as pré-moldadas e as moldadas in loco, e também podem
ser classificadas de acordo com seu processo executivo.

Aquelas que, ao serem executadas, deslocam horizontalmente o solo, dando lugar à estaca que vai ocupar o espaço,
são chamadas de estacas cravadas de deslocamento;

Aquelas que, ao serem executadas, substituem o solo, removendo-o e dando lugar à estaca que vai ocupar o espaço
do solo removido, são chamadas de estacas escavadas de substituição. Tais estacas reduzem, de algum modo, as
tensões horizontais geostáticas.

Alguns processos de estacas escavadas não propiciam a remoção do solo, ou, ainda, na sua concretagem tomam-se
medidas tendo em vista restabelecer as tensões geostáticas. Essas estacas podem ser classificadas em categoria
intermediária às apresentadas anteriormente e são denominadas sem deslocamento.
Estacas

Classificação das Estacas


Estacas

Classificação das Estacas

Embora o objetivo deste curso seja discutir elementos de concreto, serão abordadas, de forma sucinta, informações
sobre os tipos de estacas apresentadas.

A escolha do tipo de estaca a ser utilizado será função da obra, do perfil geotécnico e geológico do terreno, da
posição do nível d’ água, das construções próximas (algumas estacas ao serem cravadas ou executadas produzem
muita vibração) e dos custos e prazos.
Estacas pré-moldadas

Estacas de Madeira

As estacas de madeira devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas,


roliças e descascadas. São cravadas normalmente por percussão, utilizando-se pilões
de queda livre. Atualmente, diante das dificuldades de obter madeiras de boa
qualidade e do incremento das cargas das estruturas sua utilização é bem mais
reduzida.

No Brasil, as estacas de madeira são utilizadas, quase que exclusivamente, em obras


provisórias (por exemplo cimbramento de pontes), onde a madeira mais empregada
é o eucalipto. Para obras definitivas tem-se usado as denominadas "madeiras de
lei", como por exemplo a peroba, a aroeira, a maçaranduba, o ipê e outras.

Como vantagens, poderiam ser mencionadas a facilidade de manuseio, de corte e a


preparação para a cravação e após a cravação.
Estacas pré-moldadas
Estacas de Madeira

O processo de deterioração da madeira pelo fungo só ocorre na presença de ar, de umidade e de temperatura favorável. A
ausência de ar, no caso das estacas submersas, explica a duração indefinida das estacas cravadas abaixo do lençol d'agua.
Entretanto, quando sujeitas a alternâncias de secura e umidade, quase todas as madeiras são destruídas rapidamente.

Assim, as estacas devem ser arrasadas, nas regiões onde o nível do lençol d'água está sujeito a variações, sempre abaixo do
nível mínimo. Deve-se chamar a atenção para o fato de que o rebaixamento do lençol d'agua para a execução de fundações
e infraestruturas em terrenos vizinhos, ainda que temporário, pode comprometer a segurança de obras suportadas por
estacas de madeira.

Em obras marinhas, as estacas de madeira não devem ser utilizadas sem tratamento, uma vez que os animais marinhos,
que são mais destrutivos que os outros, atacam a madeira mesmo abaixo do nível d'água. Uma estaca de obra marinha
atacada por brocas pode apresentar, exteriormente, somente alguns furos do tamanho de alfinete e, interiormente, estar
completamente perfurada.
Estacas pré-moldadas
Estacas de Madeira

O creosoto, substância proveniente da destilação do carvão ou do asfalto, tem se mostrado o


material mais eficiente na proteção da madeira.

Em zonas de oscilação da maré, local de proliferação de moluscos e crustáceos. A proteção da


estaca pode ser feita, por exemplo, envolvendo-se a estaca com concreto ou substituindo-se a
madeira acima do nível d'água mínimo por um elemento de concreto.
Estacas pré-moldadas
Estacas de Madeira

Entre as atuais obras brasileiras com fundações em estacas de madeira


pode-se citar o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, construído em 1905.

Na literatura universal cita-se que em 1902, por ocasião da reconstrução


do campanário da Igreja de São Marcos, em Veneza, foi verificado que as
estacas de madeira cravadas havia cerca de mil anos ainda se encontravam
em ótimo estado e capazes de voltar a suportar o peso do campanário.
Estacas pré-moldadas
Estacas de Madeira

A ponta e o topo devem ter diâmetros maiores que 15 e 25 cm respectivamente, e um segmento de reta ligando os
centros das secções de ponta e topo deve estar integralmente no interior da estaca.

Os topos das estacas devem ser protegidos por amortecedores adequados para minimizar danos durante a cravação.
Caso ocorra algum dano na cabeça da estaca, a parte afetada deve ser cortada. Quando se tiver de penetrar ou
atravessar camadas resistentes, as pontas devem ser protegidas por ponteira de aço. Quanto às emendas, podem ser
feitas por sambladura, por talas de junção ou por anel metálico.
Estacas pré-moldadas
Estacas Metálicas

As estacas metálicas ou estacas de aço são encontradas em


diversas formas, desde perfis (laminados ou soldados) a tubos.
Entre os perfis laminados estão os trilhos, utilizados, em geral,
depois de retirados das ferrovias (trilhos usados), onde deve ser
verificado seu grau de desgaste.

Os perfis podem ser usados isolados ou associados.


Estacas pré-moldadas
Estacas Metálicas

Vantagens:

São fabricadas com seções transversais de várias formas e dimensões, o que permite uma adaptação bem ajustada a
cada caso.

Devido ao peso relativamente pequeno e a elevada resistência na compressão, na tração e na flexão, são fáceis de
transportar e de manipular.

Pela elevada resistência do aço, são mais fáceis de cravar do que as estacas de madeira ou de concreto pré-moldado,
podendo passar por camadas compactas.

Pela facilidade com que podem ser cortadas com maçarico ou emendadas por solda, não oferecem dificuldade aos
ajustes de comprimento no canteiro. Além disso, os pedaços cortados podem ser aproveitados no prolongamento de outras
estacas.

Podem-se utilizar, em casos especiais, aços resistentes à corrosão, tipo SAC (com adição de cobre).
Estacas pré-moldadas
Estacas Metálicas

Desvantagens:

Em nosso país, o custo elevado. Não obstante, pode-se afirmar que, nos últimos anos, as estacas de aço,
especialmente do tipo A572, tem mostrado condições de concorrência com as estacas de concreto. É evidente que,
nessa análise, deve-se considerar o custo global da fundação: estaca (custos do material e de cravação),
equipamento (mobilização etc.), tempo de execução e blocos de coroamento.

Corrosão: modernamente, os efeitos da corrosão sobre o tempo de vida das estacas de aço, graças aos inúmeros
estudos realizados, tem tido sua importância devidamente limitada.
Estacas pré-moldadas
Estacas Metálicas

Corrosão

Hoje em dia já não mais se questiona o problema de corrosão das estacas metálicas quando permanecem inteira e
totalmente enterradas em solo natural, isto porque a quantidade de oxigênio que ocorre nos solos naturais é tão
pequena que a reação química tão logo começa já esgota completamente este componente responsável pela
corrosão.

Assim, estacas metálicas inteira e permanentemente


enterradas, salvo em casos excepcionais, dispensam
qualquer proteção contra a corrosão. Em cálculos de
capacidade de carga estrutural, admite-se que a corrosão
inutilize apenas uma espessura de sacrifício, de acordo com
a norma 6122.
Estacas pré-moldadas
Estacas Metálicas

Corrosão

Estacas metálicas com trecho desenterrado, no ar ou na água,


exigem uma proteção. Por segurança, faz-se a proteção desde a
cota de erosão ate o bloco de coroamento.

Nos casos usuais tem-se procedido como indicado na Figura ao


lado. Quando a estaca é constituída por um perfis I, H, ou trilhos,
faz-se um encamisamento com concreto, preferencialmente,
armado; quando a estaca é tubular, arma-se o trecho acima da
cota de erosão, para os esforços previstos, desprezando-se,
totalmente, o tubo de aço (que funcionará apenas como forma).
Estacas pré-moldadas
Estacas Metálicas

Para o cálculo da transferência de carga das estacas metálicas para


o solo considera-se como área lateral o perímetro desenvolvido ao
longo das faces em contato com o solo (linha tracejada na Figura
ao lado) e para a área da ponta, aquela correspondente à seção
envolvente (região hachurada da Figura) visto que o solo entre a
alma do perfil metálico "adere" à estaca, trabalhando, no que se
refere à transferência de carga pela ponta, como uma estaca
maciça.
Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

De todos os materiais de construção, o


concreto é um dos que melhor se presta à
confecção de estacas e em particular das
pré-moldadas, pelo controle da qualidade
que se pode exercer tanto na confecção
quanto na cravação.

Estas estacas podem ser confeccionadas


em concreto armado ou protendido,
adensado por centrifugação ou por
vibração.
Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

Vantagens

A grande vantagem das estacas pré-moldadas sobre as moldadas no terreno está na boa qualidade do concreto que
se pode obter e no fato de que os agentes agressivos, eventualmente encontrados no solo, não terão nenhuma
ação na pega e cura do concreto.

Outra vantagem é a segurança que oferecem na passagem através de camadas muito moles, onde a concretagem in
loco pode apresentar problemas.
Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

Desvantagens

Corte ou emenda de estacas devido à diferentes comprimentos cravados em função de variações na


profundidade da camada resistente;

quebras;

vibrações e ruídos em excesso;

baixa produtividade (em torno de 100 m por dia).


Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

Manipulação e Estocagem de Estacas

As estacas pré-moldadas precisam ser dimensionadas para resistir aos esforços


que sofrerão por ação da estrutura (compressão, tração, forcas horizontais e
momentos aplicados), e aos esforços de manipulação e cravação.

Os esforços de manipulação são calculados a partir dos modos (a) de


levantamento (ou suspensão) para carga, descarga e estocagem e (b) de içamento
para cravação, previstos para a estaca.
Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

Podem ser fabricadas pontas especiais, que facilitam a cravação (passagem por camadas mais compactas).
Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

Emendas

Para não onerar o custo de transporte das estacas desde a fábrica até a obra, seu
comprimento é limitado a 12m, pois comprimentos maiores necessitam licença
especial para tráfego. Por isso, quando se necessita de estacas com mais de 12m as
peças devem ser emendadas. As secções emendadas devem resistir a todas as
solicitações que nelas ocorram durante a cravação e a utilização da estaca.

Na maioria das estacas fabricadas no Brasil, a


emenda é feita soldando-se luvas ou anéis
metálicos incorporados ao concreto. Essas
emendas permitem transmitir compressão, tração
e flexão.
Estacas pré-moldadas
Estacas Pré-moldadas de concreto

Emendas

Estacas com previsão apenas de compressão em serviço e que não


atravessam solos moles podem ser emendadas por luva de encaixe.
Estacas de reação

Estacas de Reação (Mega ou Prensada)

As estacas prensadas são constituídas por elementos pré-moldados de concreto, ou por elementos metálicos
(perfis ou tubos de aço), cravados por prensagem (com auxilio de macacos hidráulicos).

Inicialmente idealizadas para reforço de fundações, também podem ser utilizadas como fundações normais, onde
há necessidade de evitar vibrações.
Estacas de reação

Estacas de Reação (Mega ou Prensada)

As estacas são constituídas por segmentos da ordem de 0,50 a 1,00


metro, conforme as condições locais. Pelo fato de serem introduzidas
no terreno por meio de macacos hidráulicos e em pequenos
segmentos, este tipo de reforço mostra-se bastante conveniente, já
que pode ser executado em locais pequenos e de difícil acesso ao
pessoal e ao equipamento.

Além disso, não induzem vibrações, reduzindo os riscos de


instabilidade que possam existir devido à precariedade das fundações
defeituosas. A segurança da obra, que está sendo reforçada, é
aumentada instantaneamente após a instalação de cada estaca.
Estacas de reação

Estacas de Reação (Mega ou Prensada)

É usual que, ao terminar a instalação da estaca e antes de seu encunhamento contra a estrutura, sejam colocadas
uma ou mais barras de aço no interior do círculo vazado e o mesmo preenchido com concreto. Tal medida visa dar
uma certa continuidade entre os diversos segmentos.
Estacas de reação

Estacas de Reação (Mega ou Prensada)

A estaca prensada apresenta uma vantagem sobre todas as outras estacas:

em toda estaca cravada realiza-se uma prova de carga. Por isso, normalmente, adota-se como carga de trabalho a
de prensagem dividida por 1,5 (um fator de segurança reduzido, urna vez que todas as estacas são ensaiadas).
Estacas moldadas no solo

ESTACAS DE CONCRETO MOLDADAS NO SOLO

A grande vantagem das estacas moldadas no solo em relação as pré-moldadas é permitir executar a concretagem
no comprimento estritamente necessário.

A qualidade das estacas moldadas no solo depende mais da habilidade e competência da equipe executora do que
a de uma estaca pré-moldada, cuja execução permite alguns controles próprios. Por outro lado, as estacas
moldadas in loco podem ser executadas após escavação de solos muito duros ou mesmo rochas, materiais que não
poderiam ser penetrados por estacas pré-moldadas.

É extremamente grande o número de tipos de estacas de concreto moldadas no solo. Apresenta-se a seguir uma
descrição dos sistemas mais utilizados no Brasil.
Estacas moldadas no solo

Broca

É executada com um trado manual ou mecânico, sem o uso de revestimento.

O diâmetro da estaca varia entre 20 cm e 50 cm e a profundidade média é da ordem de 5 a 6m.

Empregada em situações em que a base fica acima do lençol d'agua ou em que se possa seguramente secar o furo
antes da concretagem.
Estacas moldadas no solo

Broca

Em sua execução, uma vez atingida a profundidade prevista, faz-se a limpeza do fundo, com a remoção do material
desagregado remanescente da escavação. A concretagem é feita com o concreto lançado da superfície do terreno
com auxílio de funil.
Estacas moldadas no solo

Broca

A armadura utilizada (geralmente um conjunto de ferros longitudinais amarrados com estribos em espiral) atende a
ligação com o bloco de coroamento e, se necessário, pode ter o comprimento da estaca e resistir a outros esforços
da estrutura.
Estacas moldadas no solo

Strauss

Essas estacas foram imaginadas inicialmente como alternativa às estacas pré-moldadas cravadas por percussão,
devido ao desconforto causado pelo processo de cravação (vibração e ruído).

É um tipo de estaca moldada no solo que requer um equipamento relativamente simples: um tripé com guincho,
um pequeno pilão, uma ferramenta de escavação, e tubos de revestimento. Sua qualidade depende muito do
trabalho da equipe encarregada.

A estaca Strauss transmite a carga ao solo principalmente pelo atrito de sua parede com o solo, tornando-se
secundária a transmissão através da ponta.
Estacas moldadas no solo

Strauss

Começa-se por descer no terreno um tubo de revestimento, por escavação do


interior do tubo com uma ferramenta chamada sonda ou "piteira". Na extremidade
inferior da piteira localiza-se a válvula mecânica, fixada através de dobradiças que
se abre quando o solo é cortado pelas bordas afiadas da piteira e fecha com o peso
próprio do solo escavado.

Essa estaca deve ser encamisada, pois a falta de uma camisa leva a uma perda na
dosagem do concreto, e esse se contamina com a lama, criando imperfeições na
estaca. Portanto, a estaca Strauss sempre deve ser totalmente encamisada.
Estacas moldadas no solo

Strauss

Concluída a perfuração, é lançada água no interior da tubulação para limpeza dos


tubos. A água e a lama são totalmente removidas pela sonda. O soquete é lavado e
posicionado acima do tubo. A seguir, o concreto, previamente preparado, é lançado
através do funil no interior dos tubos em quantidade suficiente para se ter uma
coluna de aproximadamente 1m seu interior.

Sem sacar a tubulação, apiloa-se o concreto com o soquete, formando uma espécie
de bulbo, pela expulsão do concreto. Para execução do fuste. o concreto é lançado
dentro do tubo e, à medida que é apiloado, o tubo vai sendo retirado com o uso do
guincho.

A estaca deve ser apiloada ao se retirar a camisa metálica, afim de evitar nichos e
falhas na estaca.
Estacas moldadas no solo

Strauss

As estacas Strauss podem ser armadas com uma ferragem longitudinal (barras retas) e estribos que permitam livre passagem
do soquete de compactação e garantam um cobrimento da armadura, não inferior a 3 cm. Quando não armadas, deve-se
providenciar uma ligação com o bloco, por meio de uma ferragem que é simplesmente cravada no concreto fresco.
Geralmente, as armaduras são determinadas por especificação das empresas que executam esse tipo de estaca.

A concretagem prossegue até um diâmetro


acima da cota de arrasamento da estaca,
sendo este excesso cortado para o preparo
da cabeça da estaca.
Estacas moldadas no solo

Strauss natureza do solo, pois a retirada de amostras permite a


comparação com a sondagem a percussão;
Vantagens
6) Possibilidade de execução de estacas próximas à divisa,
1) Ausência de trepidações e vibrações em prédios vizinhos.
diminuindo assim a excentricidade nos blocos.
2) Facilidade de locomoção dentro da obra (equipamento
7) Possibilidades de execução em áreas construídas com pé-
leve e econômico).
direito reduzido, diante da facilidade de adaptação do
3) Possibilidade de execuções da estaca com o comprimento equipamento;
projetado;
8) Possibilidade de montar o equipamento em terrenos de
4) Possibilidade de verificar, durante a perfuração a presença pequenas dimensões.
de corpos estranhos no solo, matacões, etc., permitindo a
9) Possibilidade de executar estacas abaixo do lençol de
mudança de locação antes da concretagem.
água, apesar de não ser recomendado.
5) Possibilidade da constatação das diversas camadas e
Estacas moldadas no solo

Franki

Estaca de concreto armado moldada no solo, que usa um tubo de revestimento cravado
dinamicamente com ponta fechada por meio de bucha e recuperado ao ser concretada a estaca.

Cravação do tubo:

Derrama-se no tubo uma certa quantidade de brita e areia, que é socada de encontro ao terreno,
por um pilão de 1 a 4 toneladas, caindo de vários metros de altura. Sob os golpes do pilão, a
mistura de brita e areia forma na parte inferior do tubo uma "bucha" estanque, cuja base penetra
ligeiramente no terreno e cuja parte superior, energicamente comprimida contra as paredes do
tubo, arrasta-o por atrito no seu afundamento. Impelido pelos golpes do pilão, o tubo penetra no
terreno e o comprime fortemente. Graças a bucha, a água e o solo não podem penetrar no tubo de
maneira que, quando a cravação é terminada, obtém-se no solo uma forma absolutamente
estanque. A profundidade final de cravação é definida, pela verificação da nega do tubo nos últimos
metros de cravação.
Estacas moldadas no solo

Franki

Colocação da armadura: pronta a base alargada, coloca-se no tubo a armadura prevista. Essa
colocação é feita de maneira que a armadura fique entre o tubo e o pilão, de forma que esse
possa trabalhar livremente no interior da armadura.

Concretagem do fuste da estaca: uma vez colocada a armadura, passa-se a execução do


fuste, apiloando-se concreto em camadas sucessivas de espessura conveniente, ao mesmo
tempo que se retira correspondentemente o tubo, com o cuidado de deixar uma quantidade
suficiente de concreto para que a água e o solo não penetrem nele. A concretagem do fuste é
terminada cerca de 30 cm acima da cota de arrasamento.
Estacas moldadas no solo

Franki

Dois tipos principais de acidentes podem danificar as estacas tipo Franki durante sua execução.

O primeiro é o estrangulamento do fuste na concretagem através de solos muito moles. O segundo é a ruptura por tração
do concreto ainda sem cura ou a perda de contato da base com solo de apoio devido ao levantamento de estaca já cravada,
causada pela cravação de estacas vizinhas.
Estacas moldadas no solo

Franki

Vantagens

A cravação com ponta fechada isola o tubo de revestimento da água do subsolo, o que não acontece com outros tipos
de estaca executados com ponta aberta.

a base alargada dá maior resistência de ponta que todos os outros tipos de estacas.

o apiloamento da base compacta solos arenosos e aumenta seu diâmetro em todas as direções aumentando a
resistência de ponta da estaca. Nos solos argilosos o apiloamento da base expele a água da argila, que é absorvida pelo
concreto seco da mesma, consolidando e reforçando seu entorno.

o apiloamento do concreto contra o solo para formar o fuste da estaca compacta o solo e aumenta o atrito lateral.

o comprimento da estaca pode ser facilmente ajustado durante a cravação.


Estacas moldadas no solo

Raiz

É uma estaca concretada in loco, injetada e considerada de pequeno diâmetro, variando entre 100 mm e 410 mm. Possui
elevada capacidade de carga, baseada essencialmente na resistência por atrito lateral do terreno.

Segundo a NBR 6122, a estaca-raiz caracteriza-se pela execução:

1 por perfuração rotativa ou rotopercussiva; e

2 por uso de revestimento (conjunto de tubos metálicos recuperáveis) integral no trecho em solo, e que é completada
por colocação de armação em todo comprimento e preenchimento com argamassa cimento-areia. A argamassa é
adensada com o auxilio de pressão, em geral dada por ar comprimido.
Estacas moldadas no solo

Raiz

Vantagens

não produzem choques nem vibrações;

há ferramentas que permitem executá-las através de obstáculos tais como blocos de


rocha ou peças de concreto;

os equipamentos são, em geral, de pequeno porte, o que possibilita o trabalho em


ambientes restritos;

podem ser executadas na vertical ou em qualquer inclinação.


Estacas moldadas no solo

Raiz

Perfuração

A perfuração em solo é realizada por rotação de tubo com auxílio de circulação de água, que é
injetada pelo interior deles e retorna à superfície pela face externa. Esses tubos vão sendo
emendados (por rosca) à medida que a perfuração avança, sendo posteriormente recuperados
após a instalação da armadura e preenchimento do furo com argamassa. Caso seja encontrado
material resistente, a perfuração pode prosseguir com uma coroa diamantada ou, o que é mais
comum, por processo percussivo,

O material proveniente da perfuração é eliminado continuamente pelo refluxo do fluido de


perfuração por meio do interstício criado entre o tubo de revestimento e o solo. Isso acontece por
causa da diferença existente entre os diâmetros da coroa e do tubo (fcoroa > ftubo).
Estacas moldadas no solo

Raiz

Preenchimento com argamassa

Uma vez instalada a armadura, é introduzido o tubo de injeção até o final da perfuração
para proceder a injeção, de baixo para cima, até que a argamassa extravase pela boca
do tubo de revestimento, garantindo-se assim que a água ou a lama de perfuração seja
substituída pela argamassa.

Completado o preenchimento da argamassa, é rosqueado na extremidade superior do


revestimento um tampão metálico ligado a um compressor para permitir aplicar golpes
de ar comprimido durante a extração do revestimento, operação que é auxiliada por
macacos hidráulicos. À medida que os tubos vão sendo extraídos o nível da argamassa
vai abaixando necessitando ser completada antes da aplicação de novo golpe de ar
comprimido. Esta operação é repetida várias vezes no curso da retirada do
revestimento.
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

A norma NBR 6122 descreve esse tipo de estaca como de concreto moldada in
loco, executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado
helicoidal continuo e de injeção de concreto pela própria haste central do trado,
simultaneamente a sua retirada. A armação sempre é colocada após a
concretagem da estaca.

Os equipamentos mais comuns permitem executar estacas com diâmetros de 30


cm a 100 cm e comprimentos de 15 m ate 30 m.
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

Concretagem

Alcançada a profundidade desejada, o concreto é bombeado através do tubo


central, preenchendo simultaneamente a cavidade deixada pela hélice que é
extraída do terreno sem girar ou, no caso de terrenos arenosos, girando-se
lentamente no mesmo sentido da perfuração.

Na fase de concretagem, a velocidade de extração da hélice está diretamente


relacionada com a pressão e o sobre consumo de concreto, de forma que não
haja vazios entre a retirada da hélice do terreno e o seu preenchimento com
concreto, evitando-se possíveis estrangulamentos ou seccionamentos do fuste da
estaca.
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

Concretagem

Durante a extração da hélice, a limpeza do solo contido nas lâminas pode ser
feita manualmente ou por limpador de acionamento hidráulico acoplado ao
equipamento. O solo decorrente dessa limpeza é removido com auxilio de uma
pá carregadeira.

Há evidências de que uma maior pressão de bombeamento do concreto leva a


uma melhoria do atrito lateral. A resistência de ponta é pequena nesse tipo de
estaca e deve ser considerada com cautela.
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

Colocação da Armação

O processo executivo da estaca hélice contínua impõe que a colocação da armadura seja
feita após o término da concretagem. A "gaiola" de armadura é introduzida na estaca
manualmente por operários ou com auxilio de um peso ou, ou ainda, com o auxílio de um
vibrador.

Na extremidade inferior, a gaiola de armadura deve ter as barras ligeiramente curvadas


para formar um cone (para facilitar a introdução no concreto)
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

Recomenda-se observar uma sequência executiva que garanta que apenas se inicie a execução de uma estaca quando todas
as outras situadas em um circulo de raio 5 vezes o seu diâmetro já tenham sido executadas há, pelo menos, 24 horas (a
NBR 6122 permite 12 horas). O espaçamento mínimo entre estacas paralelas pode ser igual a 2,5 vezes o diâmetro.
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

O controle da execução dessas estacas pode ser monitorado eletronicamente, por meio de um computador ligado a
sensores instalados na máquina. Como resultados da monitoração, são obtidos os seguintes elementos:

comprimento da estaca; velocidade de extração do trado;

inclinação; volume de concreto (apresentado em geral como perfil da


estaca);
torque;
sobreconsumo de concreto (relação percentual entre o
velocidades de rotação;
volume consumido e o teórico calculado com base no
velocidade de penetração do trado; diâmetro informado).

pressão no concreto;
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

Vantagens:

Elevada produtividade com apenas 1 equipe de trabalho.

Adaptabilidade na maioria dos tipos de terreno, exceto na presença de matacões e rochas.

O processo executivo não produz os distúrbios e vibrações típicos dos equipamentos à percussão e não causa
descompressão do terreno.

A perfuração com hélice não produz detritos poluídos por lama bentonítica reduzindo os problemas ligados a disposição
final de material resultante da escavação.

Possibilidade de execução bem próxima à divisa, diminuindo com isso as excentricidades entre as cargas dos pilares e o
centro das estacas.
Estacas moldadas no solo

Hélice Contínua

Desvantagens:

Em função do porte do equipamento, as áreas de trabalho devem ser planas e de fácil movimentação. Devido a grande
produtividade, exige central de concreto nas proximidades do local de trabalho.

Necessidade de uma pá-carregadeira na obra para remoção e limpeza do material extraído da perfuração para fora da
área de trabalho.

Do ponto de vista comercial é necessário um número mínimo de estacas compatível com os custos de mobilização dos
equipamentos envolvidos.

Limitação nos comprimentos da estaca e da armação.

Perdas excessivas de concreto (em torno de 20%).


Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

A lama tem a finalidade de dar estabilidade ao furo escavado. São utilizadas em obras com grandes cargas nas fundações
e podem alcançar 80 m de profundidade.

Existem basicamente dois tipos de estacas escavadas com lama bentonítica:

1 Estacões, que são estacas circulares com diâmetro variando, usualmente,


de 0,6 m até 2.0 m, perfuradas ou escavadas por rotação.
Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

2 "Barretes" ou estacas-diafragma. que são estacas com seção transversal retangular ou alongadas, escavadas com
"clamshells".
Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Processo Executivo

O processo executivo das estacas escavadas com lama bentonitica compreende as seguintes fases:

1 Escavação e preenchimento simultâneo da estaca com lama bentonitica previamente preparada

Locada a estaca, antes do início da escavação, crava-se no terreno, no caso dos


estações, uma camisa metálica (tubo guia) com 1,50 m a 2,0 m de comprimento e
diâmetro 10 cm maior que o diâmetro da estaca a ser executada.

No caso das estacas "barretes", a camisa metálica é substituída por uma guia
executada em concreto armado (parede guia), ao longo de todo o contorno da estaca,
com cerca de 1,0 m de profundidade.

Tanto a camisa metálica como a parede guia em concreto têm por finalidade proteger
o topo das escavações e garantir uma perfeita locação da estaca.
Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Processo Executivo

1 Escavação e preenchimento simultâneo da estaca com lama bentonitica


previamente preparada

Terminada a escavação e após uma primeira limpeza feita com a própria


ferramenta de escavação, procede-se à limpeza do fundo da estaca bombeando
a lama contaminada do fundo para fora, substituindo-a por lama nova ou
reciclada.
Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Processo Executivo

2 Colocação dentro da escavação cheia de lama da armadura previamente montada;


Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Processo Executivo
3
Concretagem

É nesta fase que podem ocorrer os defeitos executivos que mais comprometem o desempenho deste
tipo de fundação. O concreto é lançado no fundo da escavação, preenchida de lama bentonítica, através
dos tubos de concretagem (tubos tremonha). Sendo mais denso que a lama, expulsa a mesma,
preenchendo total e perfeitamente, de baixo para cima, toda a escavação. Durante esta operação, o
tubo de concretagem, que deve ter sua extremidade sempre imersa no concreto, vai sendo levantado.

A concretagem deve ser levada até cerca de uma vez o diâmetro da estaca acima da cota de
arrasamento prevista ou, no mínimo, 50 cm, uma vez que o concreto na parte superior, em contato com
a bentonita, apresenta baixa resistência e, por isso, deve ser completamente removido quando do
preparo da cabeça da estaca.
Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

A lama bentonitica na execução das estacas escavadas tem que:

Conter o fundo e as paredes da escavação pela ação de uma pressão hidrostática sobre as mesmas. Para
que isto aconteça é necessário que o "cake"
(película impermeável) se forme
rapidamente. Sob a ação do fluxo de lama
do interior para fora da escavação, as
partículas de bentonita hidratada vão
colmatando os vazios do solo formando a
película impermeável ("cake").
Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Ser facilmente deslocada e substituída pelo concreto.

Manter os resíduos da escavação em suspensão, evitando sua deposição no fundo da mesma ou nas tubulações.

Ser facilmente bombeável.


Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Vantagens

possibilidade de execução em zonas urbanas, pois não produzem perturbações na vizinhança em decorrência de
levantamento do solo ou vibrações durante a instalação;

cargas admissíveis elevadas (acima de 10.000 kN);

possibilidade de atravessar camadas do solo de grande resistência devido as ferramentas de escavação;

conhecimento do terreno atravessado;

execução rápida;

possibilidade de atingir grandes profundidades.


Estacas moldadas no solo

Estaca escavada com o auxílio de lama bentonítica

Desvantagens

vulto dos equipamentos necessários (perfuratriz, guindaste auxiliar, central de lama etc.);

mobilização de grandes volumes de concreto para utilização em curto intervalo de tempo.


Estacas

Arrasamento da estaca

Antes de receber o pilar, a estaca deverá ser adequadamente preparada, de forma


que possa haver uma perfeita ligação entre a fundação e a superestrutura. Essa
ligação é feita a partir da cota de arrasamento definida em projeto. Para isso,
principalmente em estacas de concreto moldadas in situ, é necessário remover o
excesso de concreto da cabeça da estaca, que geralmente tem qualidade inferior ao
do restante utilizado na confecção do elemento estrutural. Essa tarefa é geralmente
manual, empregando-se para estacas de até 40 cm de diâmetro, martelete e um
ponteiro de aço na posição horizontal ou levemente inclinado, conforme indicado
na figura. Para estacas com mais de 40 cm de diâmetro é permitido o uso de
martelo pneumático.
Estacas

Arrasamento da estaca

Depois de retirado o excesso de concreto, atingida a cota de arrasamento e ter sido retirado todo e qualquer tipo de
resíduo do material quebrado (recomenda-se aplicar um jato de ar para realizar a limpeza final), a cabeça da estaca estará
pronta para receber o bloco de coroamento.

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