Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
conceitos e métodos
André-Pierre Contandriopoulos
François Champagne
Jean-Louis Denis
Raynald Pineault
HARTZ, ZMA., org. Avaliação em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da
implantação de programas [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997. 132 p. ISBN 85-85676-
36-1. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non
Commercial-ShareAlike 3.0 Unported.
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição -
Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada.
Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons
Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.
A AVALIAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE: CONCEITOS E
MÉTODOS*
André-Pierre Contandriopoulos
François Champagne
Jean-Louis Denis
Raynald Pineault
INTRODUÇÃO
* Versão adaptada de um artigo dos mesmos autores, L'évaluation dans le domaine de la santé: concepts
& méthodes, publicado nas atas do colóquio editadas por LEBRUN, SAILLY & AMOURETTI (1992:14-
32). A tradução preliminar deste texto recebeu o apoio do Instituto Materno-lnfantil de Pernambuco
(IMIP - projeto financiado pelo BID), com revisão de Zulmira Maria de Araújo Hartz e Luiz Claudio S.
Thuller.
N o d e c o r r e r d o s a n o s 70 a n e c e s s i d a d e d e avaliar as a ç õ e s sanitárias se i m p ô s .
O p e r í o d o d e i m p l a n t a ç ã o d o s grandes programas, b a s e a d o s n o seguro m é d i c o , estava
t e r m i n a d o . A d i m i n u i ç ã o d o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o e o p a p e l d o Estado n o f i n a n c i a -
m e n t o d o s s e r v i ç o s d e s a ú d e t o r n a v a m indispensável o c o n t r o l e d o s custos d o sistema
d e s a ú d e , s e m q u e , p o r isso, u m a a c e s s i b i l i d a d e suficiente d e t o d o s a serviços d e
q u a l i d a d e seja q u e s t i o n a d a .
A s d e f i n i ç õ e s d a a v a l i a ç ã o são n u m e r o s a s e p o d e r í a m o s a t é c h e g a r a dizer q u e
c a d a a v a l i a d o r constrói a sua. Patton ( 1 9 8 1 ) p r o p õ e o g r u p a m e n t o das d e f i n i ç õ e s d a
a v a l i a ç ã o e m seis g r a n d e s famílias e m razão d a sua natureza. Patton ( 1 9 8 2 ) nota e m
s e g u i d a q u e , e m c a d a f a m í l i a , o c o n t e ú d o d a s d e f i n i ç õ e s é v a r i á v e l e e l e agrupa os
d i f e r e n t e s c o n t e ú d o s e m seis categorias. O autor constata q u e esta t a b e l a q u e d e f i n e
3 6 t i p o s d e d e f i n i ç õ e s d a a v a l i a ç ã o só p e r m i t e classificar u m p o u c o mais d e 5 0 % d o s
trabalhos d e avaliação publicados.
Estas d e f i n i ç õ e s p e r m i t e m a c o n s t a t a ç ã o d e q u e a á r e a d a a v a l i a ç ã o e a á r e a d a
pesquisa c o i n c i d e m s o m e n t e p a r c i a l m e n t e (Shortell & R i c h a r d s o n , 1 9 7 8 ) . A a v a l i a ç ã o
administrativa n ã o faz parte d a á r e a d a pesquisa, d a m e s m a f o r m a q u e existe u m
c a m p o d e pesquisa q u e n ã o faz parte d a a v a l i a ç ã o (as pesquisas disciplinares q u e
visam fazer progredir os c o n h e c i m e n t o s ) ( F i g u r a 1).
FIGURA 1
Pesquisa e a v a l i a ç ã o
A pesquisa A avaliação
Pesquisa Avaliação
não avaliativa Normativa
v e n ç ã o é constituída p e l o c o n j u n t o d o s m e i o s (físicos, h u m a n o s , f i n a n c e i r o s , s i m b ó l i -
b e n s o u serviços c o m o o b j e t i v o d e m o d i f i c a r u m a s i t u a ç ã o p r o b l e m á t i c a .
U m a intervenção é caracterizada, portanto, por cinco c o m p o n e n t e s : objeti-
v o s ; recursos; serviços, bens o u atividades; efeitos e contexto preciso e m u m d a d o
m o m e n t o (Figura 2).
FIGURA 2
Situação
Problemática
Efeitos Objetivos
Serviços
t
1
Recursos
Contexto
É n e c e s s á r i o c o m p r e e n d e r q u e n ã o p o d e m o s falar d e u m a i n t e r v e n ç ã o s e m
levar e m c o n t a os d i f e r e n t e s atores q u e ela e n v o l v e (Figura 3). S ã o eles q u e d ã o sua
f o r m a particular e m u m d a d o m o m e n t o e m u m d a d o c o n t e x t o . D e fato, c a d a u m d o s
atores p o d e ter seus p r ó p r i o s o b j e t i v o s e m r e l a ç ã o à i n t e r v e n ç ã o e sua a v a l i a ç ã o .
FIGURA 3
O s atores e n v o l v i d o s p e l a I n t e r v e n ç ã o
Os Avaliadores
Situação
Problemática
(^XPopu I ação^)
Efeitos Objetivos
(^Os"lUsuários
Os Administradores
Serviços
t \Financiadores/
Os Profissionais
T
Recursos
C ^ P o d e r PúbHaT>
Contexto
É p r e c i s o e n t e n d e r q u e os o b j e t i v o s d e u m a a v a l i a ç ã o são n u m e r o s o s , q u e eles
p o d e m ser oficiais o u oficiosos, explícitos o u implícitos, consensuais o u conflitantes,
a c e i t o s p o r t o d o s o s atores o u s o m e n t e por alguns.
O s o b j e t i v o s oficiais d e u m a a v a l i a ç ã o s ã o d e q u a t r o tipos:
• a j u d a r n o p l a n e j a m e n t o e na e l a b o r a ç ã o d e u m a i n t e r v e n ç ã o (objetivo estratégico);
• f o r n e c e r i n f o r m a ç ã o p a r a m e l h o r a r u m a i n t e r v e n ç ã o n o s e u d e c o r r e r (objetivo
formativo);
• atrasar u m a d e c i s ã o ;
• legitimar u m a d e c i s ã o já t o m a d a ;
• a m p l i a r s e u p o d e r e o c o n t r o l e q u e eles e x e r c e m s o b r e a i n t e r v e n ç ã o ;
• satisfazer as e x i g ê n c i a s d o s o r g a n i s m o s d e f i n a n c i a m e n t o .
O s a v a l i a d o r e s p o d e m buscar:
• a m p l i a r os c o n h e c i m e n t o s ;
• a m p l i a r s e u prestígio e p o d e r ;
• obter uma p r o m o ç ã o ;
• p r o m o v e r u m a i d é i a q u e lhes é c a r a .
O s usuários p o d e m b u s c a r :
• b e n e f í c i o s c o m serviços diferentes d o s d i s p o n í v e i s h a b i t u a l m e n t e ;
O pessoal d e u m a o r g a n i z a ç ã o p o d e b u s c a r :
• a t r o p e l a r as regras h i e r á r q u i c a s ;
• obter u m adiantamento.
A AVALIAÇÃO NORMATIVA
A avaliação normativa
A p r e c i a ç ã o d o s resultados
A p r e c i a ç ã o d o processo
A p r e c i a ç ã o d a estrutura
C o n t e x t o |"
O s critérios e as n o r m a s nos q u a i s se a p ó i a m as a v a l i a ç õ e s n o r m a t i v a s c o n s t i t u -
p r o g r a m a o u d a i n t e r v e n ç ã o (Rossi & F r e e m a n , 1 9 8 5 ) .
Apreciação da Estrutura
Trata-se d e saber e m q u e m e d i d a os recursos são e m p r e g a d o s d e m o d o a d e -
q u a d o para atingir os resultados e s p e r a d o s . C o m p a r a m o s e n t ã o os recursos d a inter-
v e n ç ã o , assim c o m o sua o r g a n i z a ç ã o , c o m critérios e n o r m a s c o r r e s p o n d e n t e s . Esse
tipo d e a p r e c i a ç ã o d e v e r i a permitir r e s p o n d e r às perguntas d o t i p o : O pessoal é c o m -
p e t e n t e ? A o r g a n i z a ç ã o administrativa f a v o r e c e a c o n t i n u i d a d e e a g l o b a l i d a d e ? Estes
recursos são suficientes p a r a o f e r e c e r o l e q u e c o m p l e t o d o s serviços prestados? É g e -
r a l m e n t e neste t i p o d e a p r e c i a ç ã o q u e se a p ó i a m os o r g a n i s m o s d e a c r e d i t a ç ã o .
Apreciação do Processo
Trata-se d e saber e m q u e m e d i d a os serviços são a d e q u a d o s para atingir os
p r o g r a m a o u p e l a i n t e r v e n ç ã o c o m critérios e n o r m a s p r e d e t e r m i n a d a s e m f u n ç ã o d o s
resultados v i s a d o s .
A a p r e c i a ç ã o d o p r o c e s s o d e u m a i n t e r v e n ç ã o v i s a n d o o f e r e c e r serviços para
u m a c l i e n t e l a p o d e ser d e c o m p o s t a e m três d i m e n s õ e s : a d i m e n s ã o t é c n i c a , a d i m e n -
são d a s r e l a ç õ e s interpessoais e a d i m e n s ã o o r g a n i z a c i o n a l .
A p r e c i a a a d e q u a ç ã o d o s serviços às n e c e s s i d a d e s . O s serviços c o r r e s p o n d e m
às n e c e s s i d a d e s d o s b e n e f i c i á r i o s ; d o s clientes? A d i m e n s ã o t é c n i c a inclui a a p r e c i a -
ç ã o d a q u a l i d a d e d o s s e r v i ç o s . Trata-se g e r a l m e n t e d a q u a l i d a d e d e f i n i d a a partir d o s
critérios e d a s n o r m a s profissionais. O s p r o g r a m a s d e garantia d a q u a l i d a d e nas orga-
n i z a ç õ e s f a z e m p a r t e d a a p r e c i a ç ã o d o processo.
A dimensão organizacional
ç o s , à e x t e n s ã o d a c o b e r t u r a d o s serviços o f e r e c i d o s pela i n t e r v e n ç ã o c o n s i d e r a d a ,
e c o n t i n u i d a d e e n t e n d e m o s o c a r á t e r multiprofissional e interorganizacional d o s c u i -
d a d o s , assim c o m o sua c o n t i n u i d a d e n o t e m p o e n o e s p a ç o .
d o s c o r r e s p o n d e m a o s e s p e r a d o s , isto é , a o s o b j e t i v o s q u e a i n t e r v e n ç ã o se p r o p ô s
p r e c i s a m e n t e , trata-se d e analisar a p e r t i n ê n c i a , os f u n d a m e n t o s t e ó r i c o s , a p r o d u t i v i -
d a d e , os efeitos e o r e n d i m e n t o d e u m a i n t e r v e n ç ã o , assim c o m o as r e l a ç õ e s e x i s t e n -
d e ajudar na t o m a d a d e d e c i s õ e s .
FIGURA 5
A pesquisa avaliativa
Situação
Problemática
Análise
estratégica
Efeitos Objetivos
Análise dos
Análise da
efeitos
intervenção
Serviços
Análise da
Análise d o .
produtividade
rendimento
Recursos
Análise da
implantação
Contexto
Análise Estratégica
Trata-se d e analisar a p e r t i n ê n c i a d a i n t e r v e n ç ã o , isto é , d e analisar a a d e q u a -
ç ã o estratégica e n t r e a i n t e r v e n ç ã o e a situação p r o b l e m á t i c a q u e d e u o r i g e m à inter-
v e n ç ã o . Para isto, f a z e m o s d u a s perguntas (Figura 6 ) : é p e r t i n e n t e intervir para este
p r o b l e m a c o n s i d e r a n d o t o d o s os p r o b l e m a s existentes? É p e r t i n e n t e , c o n s i d e r a n d o a
estratégia d e i n t e r v e n ç ã o a d o t a d a , intervir c o m o está s e n d o feito? O u seja, o fator d e
risco n o q u a l q u e r agir a i n t e r v e n ç ã o é o m a i s i m p o r t a n t e , a p o p u l a ç ã o - a l v o é a d e
m a i o r risco? O s recursos e m p r e g a d o s são os m a i s a d a p t a d o s ?
FIGURA 6
A n á l i s e Estratégica: j u l g a m e n t o s o b r e a p e r t i n ê n c i a d e u m a I n t e r v e n ç ã o
Problemas de saúde 1
i r
Objetivo específico da 2
Intervenção: modificação
d e u m f a t o r d e risco e m u m a +.
p o p u l a ç ã o específica através d e
u m c o n j u n t o preciso d e recursos
s i d a d e s , c o m o grau d e p r i o r i d a d e d o p r o b l e m a d e s a ú d e e s c o l h i d o e m relação a o
c o n j u n t o d o s p r o b l e m a s identificados, assim c o m o c o m a p e r t i n ê n c i a d a i n t e r v e n ç ã o
e s c o l h i d a e m r e l a ç ã o a t o d a s as i n t e r v e n ç õ e s possíveis.
m e r c a d o , análises d e n e c e s s i d a d e s , d e m é t o d o s d e d e t e r m i n a ç ã o d e prioridades e t c .
Análise da Intervenção
A a n á l i s e d a i n t e r v e n ç ã o consiste e m estudar a r e l a ç ã o q u e existe e n t r e os o b -
jetivos d a i n t e r v e n ç ã o e os m e i o s e m p r e g a d o s . Trata-se d e interrogar s o b r e a c a p a c i d a -
d e d o s recursos q u e f o r a m m o b i l i z a d o s e d o s serviços q u e f o r a m p r o d u z i d o s para
atingir os o b j e t i v o s d e f i n i d o s (Figura 7).
FIGURA 7
Análise da Intervenção
Efeitos s o b r e o o b j e t i v o d e
Efeito d i r e t o d a
Objetivos específicos
Intervenção (% d e
da Intervenção (redução
r e d u ç ã o d a taxa d e
d a taxa d e c o l e s t e r o l o u
colesterol o u d a
da infecção pelo H I V )
infecção pelo HIV)
Hipótese sobre
o mecanismo
de ação da
intervenção
Objetivo
intermediário
(inibição d o
HMG-Coa;
utilização d e
condons)
Atividades Recursos
Processo Estrutura
( u m medicamento; u m programa
d e e d u c a ç ã o sanitária)
Para analisar esta r e l a ç ã o , p o d e m o s nos perguntar, p o r u m l a d o , se a teoria na
d a s . N o s p e r g u n t a m o s , a s s i m , se o algoritmo d a i n t e r v e n ç ã o é v á l i d o e a p r o p r i a d o e se
f o r m a q u e n o s i n t e r r o g a m o s s o b r e a c o n f i a b i l i d a d e e a v a l i d a d e d o s instrumentos d e
d a i n t e r v e n ç ã o e m u m a pesquisa avaliativa.
( C h e n , 1 9 9 0 ) . Elas s ã o e x t r a p o l a ç õ e s d o s m é t o d o s d e s e n v o l v i d o s para a p r e c i a r a q u a -
Análise da Produtividade
A a n á l i s e d a p r o d u t i v i d a d e consiste e m estudar o m o d o c o m o os recursos são
u s a d o s p a r a p r o d u z i r serviços. A í se c o l o c a m dois tipos d e q u e s t õ e s : p o d e r í a m o s p r o -
d u z i r m a i s serviços c o m os m e s m o s recursos? P o d e r í a m o s produzir a m e s m a q u a n t i d a -
d e d e serviços c o m m e n o s recursos?
A p r o d u t i v i d a d e p o d e ser m e d i d a e m u n i d a d e s físicas o u e m u n i d a d e s m o n e t á -
rias. N o p r i m e i r o c a s o , f a l a r e m o s d e p r o d u t i v i d a d e física, n o s e g u n d o , d e p r o d u t i v i d a -
de econômica.
P o d e m o s c o n c e b e r (Figura 8) q u e t o d a i n t e r v e n ç ã o na á r e a d a s a ú d e p r o d u z
d i f e r e n t e s tipos d e resultados. O s recursos d a i n t e r v e n ç ã o s e r v e m , e m p r i m e i r o lugar,
para p r o d u z i r serviços d e s u p o r t e . Trata-se e s s e n c i a l m e n t e d e p r o d u t o s intermediários
q u e , c o m b i n a d o s c o m c o n t r i b u i ç õ e s profissionais, s e r v e m para produzir serviços c l í n i -
c o s q u e p o d e m o s c h a m a r d e resultados primários.
INTERVENÇÃO
Inputs
Gerais
1'
Outputs
F
Inputs
Primários Secundários
(Serviços
clínicos)
+
Julgamentos
profissionais
Outros
determinantes
da S a ú d e
produzir tratamentos.
p r o d u z i r efeitos d e s a ú d e . D e i x a r í a m o s , e n t ã o , a á r e a d a análise d a p r o d u t i v i d a d e d e
d o s e c o n ô m i c o s e d o s m é t o d o s d a c o n t a b i l i d a d e analítica.
N a a n á l i s e d o s efeitos, é i m p o r t a n t e c o n s i d e r a r n ã o s o m e n t e a q u e l e s q u e são
d e s e j á v e i s , m a s t a m b é m os efeitos n ã o d e s e j a d o s . E m outros t e r m o s , é i m p o r t a n t e
c o n s i d e r a r os efeitos e x t e r n o s para a p o p u l a ç ã o - a l v o e t a m b é m e v e n t u a l m e n t e para as
outras p o p u l a ç õ e s n ã o visadas d i r e t a m e n t e pela i n t e r v e n ç ã o .
Ensaios clínicos Ensaios aleatórios Intervenção Eficácia experimental Efeito puro de uma
(hipóteses rivais não perfeitamente intervenção sobre o
especificadas) controlada homem (outros
(padronização dos pesquisadores,
comportamentos clínicos)
dos atores)
A Análise do Rendimento
A análise d o r e n d i m e n t o ( o u d a e f i c i ê n c i a ) é a q u e l a q u e consiste e m r e l a c i o n a r
a análise d o s recursos e m p r e g a d o s c o m os efeitos o b t i d o s . Trata-se d e u m a c o m b i n a -
ç ã o d a análise d a p r o d u t i v i d a d e e c o n ô m i c a e d a análise d o s efeitos. A a v a l i a ç ã o d o
r e n d i m e n t o d e u m a i n t e r v e n ç ã o se faz g e r a l m e n t e c o m a j u d a d e análises c u s t o / b e n e -
fício, custo/eficácia o u custo/utilidade.
N a s análises custo/benefício, e x p r e s s a m o s e m t e r m o s m o n e t á r i o s t o d o s o s c u s -
tos d a i n t e r v e n ç ã o e t o d a s as v a n t a g e n s q u e ela traz.
N a s análises custo/eficácia e custo/utilidade, os custos são expressos e m t e r m o s
m o n e t á r i o s , m a s as v a n t a g e n s são expressas o u por í n d i c e s reais d e resultados (anos d e
v i d a g a n h o s , í n d i c e d e satisfação, r e d u ç ã o d a d o r etc.) o u pela utilidade q u e traz a
i n t e r v e n ç ã o para a q u e l e s a o s q u a i s ela se destina ( Q A L Y - Q u a l i t y A d j u s t e d Life Years).
Análise da Implantação
O último t i p o d e análise q u e p o d e m o s fazer n o q u a d r o d e u m a pesquisa avaliativa
i n t e r v e n ç ã o . Este t i p o d e análise é p e r t i n e n t e q u a n d o o b s e r v a m o s u m a g r a n d e v a r i a b i -
l i d a d e n o s resultados o b t i d o s p o r i n t e r v e n ç õ e s s e m e l h a n t e s i m p l a n t a d a s e m contextos
i m p o r t a n t e q u a n d o a i n t e r v e n ç ã o analisada é c o m p l e x a e c o m p o s t a d e e l e m e n t o s
s e q ü e n c i a i s s o b r e o s q u a i s o c o n t e x t o p o d e interagir d e diferentes m o d o s .
v a r i a ç ã o n o grau d e i m p l a n t a ç ã o d a i n t e r v e n ç ã o e m diferentes c o n t e x t o s . A t é m e s m o
n ã o foi r e a l m e n t e i m p l a n t a d a .
O s e g u n d o t i p o d e análise d a i m p l a n t a ç ã o consiste e m se perguntar s o b r e os
efeitos d a i n t e r d e p e n d ê n c i a q u e p o d e h a v e r e n t r e o c o n t e x t o n o q u a l a i n t e r v e n ç ã o
está i m p l a n t a d a e a i n t e r v e n ç ã o e m si.
N o s interrogamos, neste t i p o d e análise, s o b r e o sinergismo q u e p o d e existir
entre u m c o n t e x t o e u m a i n t e r v e n ç ã o o u , p e l o c o n t r á r i o , s o b r e os a n t a g o n i s m o s e x i s -
tentes e n t r e o c o n t e x t o e a i n t e r v e n ç ã o , isto é , s o b r e os efeitos i n i b i d o r e s d o c o n t e x t o
e sobre os efeitos d a i n t e r v e n ç ã o .
O s m é t o d o s a p r o p r i a d o s para analisar a i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a s ã o , s o -
b r e t u d o , os estudos d e casos ( Y i n , 1 9 8 9 ) .
CONCLUSÃO
S e n d o o o b j e t i v o final d a a v a l i a ç ã o o d e ajudar n a t o m a d a d e d e c i s õ e s , é p r e c i -
so se interrogar s o b r e a influência q u e as i n f o r m a ç õ e s f o r n e c i d a s p e l o a v a l i a d o r p o -
d e m ter nas d e c i s õ e s .
A a v a l i a ç ã o n o r m a t i v a t e m c o m o f i n a l i d a d e principal a j u d a r os gerentes a p r e -
e n c h e r suas f u n ç õ e s habituais. Ela é n o r m a l m e n t e feita p o r a q u e l e s q u e são r e s p o n s á -
veis pelo f u n c i o n a m e n t o e pela gestão d a i n t e r v e n ç ã o , faz parte d a a t i v i d a d e natural
d e u m g e r e n t e e d e v e r i a , p o r t a n t o , ter u m a forte v a l i d a d e p r a g m á t i c a ( D u n n , 1 9 8 9 ) .
N o e n t a n t o , a pesquisa avaliativa, q u e exige u m a perícia m e t o d o l ó g i c a e t e ó r i -
ca i m p o r t a n t e , g e r a l m e n t e n ã o p o d e ser feita por a q u e l e s q u e são responsáveis p e l a
i n t e r v e n ç ã o e m si. Ela é mais f r e q ü e n t e m e n t e c o n f i a d a a p e s q u i s a d o r e s q u e são e x t e -
riores à i n t e r v e n ç ã o . N e s t e c a s o , a q u e s t ã o d e saber se seus t r a b a l h o s s e r ã o úteis para
as decisões é i m p o r t a n t e .
O q u a d r o d e referência p r o p o s t o e v i d e n c i a q u e a a v a l i a ç ã o d e u m a i n t e r v e n -
ç ã o é constituída pelos resultados d e várias análises o b t i d a s p o r m é t o d o s e a b o r d a g e n s
diferentes. Estes resultados n ã o p o d e r ã o ser f a c i l m e n t e r e s u m i d o s e m u m p e q u e n o
n ú m e r o d e r e c o m e n d a ç õ e s . E a t é p r o v á v e l q u e q u a n t o mais u m a a v a l i a ç ã o seja b e m ¬
s u c e d i d a , mais ela a b r a c a m i n h o s para n o v a s perguntas. Ela s e m e i a d ú v i d a s s e m ter
c o n d i ç õ e s d e d a r t o d a s as respostas e n ã o p o d e n u n c a t e r m i n a r r e a l m e n t e , d e v e ser
vista c o m o u m a a t i v i d a d e d i n â m i c a n o t e m p o , a p e l a n d o para atores n u m e r o s o s , utili-
z a n d o m é t o d o s diversos e e n v o l v e n d o c o m p e t ê n c i a s v a r i a d a s .
A pesquisa A avaliação
Os políticos
• t o d o s o s q u e d e c i d e m e s t e j a m i m p l i c a d o s na d e f i n i ç ã o d o s p r o b l e m a s q u e d e v e m
ser resolvidos e nas estratégias d e pesquisa a empregar-se. S e por e x e m p l o , para
m e d i r o s efeitos d e u m a i n t e r v e n ç ã o d e c i d i r m o s fazer u m teste aleatório, c o n h e c e -
r e m o s a e f i c á c i a e m u m a s i t u a ç ã o p e r f e i t a m e n t e c o n t r o l a d a , m a s este resultado será
d e p o u c o interesse para q u e m d e c i d i u q u e q u e r c o n h e c e r a e f i c á c i a d e sua inter-
v e n ç ã o e m u m contexto b e m específico;
• s e j a m p e r i o d i c a m e n t e i n f o r m a d o s a q u e l e s q u e d e c i d e m os resultados o b t i d o s pela
a v a l i a ç ã o . N o final é m u i t a s v e z e s t a r d e d e m a i s para agir;
• o a v a l i a d o r f a ç a o p a p e l d e u m a g e n t e facilitador e d e p e d a g o g o na utilização d o s
resultados;
• a i n f o r m a ç ã o e x t r a í d a d e u m a a v a l i a ç ã o seja c o n s i d e r a d a c o m o u m a f e r r a m e n t a d e
n e g o c i a ç ã o e n t r e interesses múltiplos e n ã o c o m o u m a v e r d a d e absoluta;
• e s t e j a m o s c o n s c i e n t e s d o fato d e q u e o s q u e d e c i d e m n ã o p o d e m definir e x a t a m e n -
t e suas n e c e s s i d a d e s d e i n f o r m a ç ã o e , c o n s e q ü e n t e m e n t e , q u e a a v a l i a ç ã o p o d e r á
d a r respostas parciais a o s p r o b l e m a s q u e eles e n f r e n t a m ;
D U N N , W . N. Two faces of validity in the policy sciences. Knowledge in Society, 2(1), 1989.
PATTON, M . Q. The evaluator's responsability for utilization. Evaluation Practice, 9(2), 1988.
RIVELINE, C. U n point de vue d'ingénieur sur la gestion des organisations. École des Mines de
Paris, mai 1 9 9 1 .
W E I S S , C. Evaluation for decisions: Is anybody there? Does anybody care? Evaluation Practice,
9(1), 1988a.