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O Brasil possui diversos tipos de contrato de trabalho.

Com a reforma trabalhista,


algumas modalidades foram regulamentadas e outras criadas. Portanto, como
empregador, você precisa ter o conhecimento sobre os direitos e obrigações do
trabalhador para cada contrato.

No caso do trabalhador, é necessário entender como funciona o contrato firmado


entre você e a empresa antes da assinatura do documento. Dessa forma, portanto, fica
claro para todos quais as responsabilidades de cada um. Para isso, selecionamos vários
tipos de contrato de trabalho para você conhecer. Acompanhe cada um deles.

Contrato por tempo determinado


É um tipo de contrato onde se deve estabelecer a data de início e final, e não deve
ultrapassar dois anos trabalhando dessa forma. Foi criado pela Lei nº. 9.601/98 e se for
prorrogado mais de uma vez, ultrapassando os dois anos, deve ser alterado como
contrato indeterminado.

A validade desse contrato é baseada apenas em três hipóteses, que foram estipuladas
de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho ― CLT. Confira quais são elas:

contratação de serviço cuja natureza justifique a predeterminação do prazo do


contrato;
contratação de atividades empresariais de caráter transitório;
contratação de colaborador em caráter de experiência.
Após o término do contrato, essa modalidade contratual não garante ao trabalhador o
acesso ao aviso prévio, a multa de 40% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ―
FGTS ― e o seguro desemprego.

O contrato de experiência de trabalho, portanto, entra nesse tipo de contrato, que


pode durar até 90 dias. No caso do colaborador que findou o seu contrato de dois anos
e queira voltar a trabalhar na mesma empresa, ou a companhia queira recontratá-lo,
terá que esperar seis meses para ser readmitido na mesma modalidade.

Contrato por tempo indeterminado

Esse é o tipo de contrato mais usado dentro das empresas e é considerado como regra
da CLT. Nele, não há data para encerrar o vínculo entre empresa e empregado, que é
opcional para ambas as partes. Bastando, porém, apenas o cumprimento do aviso
prévio. Seja por meio de pagamento na rescisão ou por meio de trabalho.

No momento da rescisão de contrato por parte da empresa, caso o colaborador não


tenha falha na conduta, ele poderá usufruir o direito ao recebimento de 40% de multa
sobre o valor do FGTS, seguro-desemprego e aviso prévio.

Com a reforma trabalhista atual, poderá ser feito acordo entre empresa e trabalhador,
para finalizar o contrato. A partir dessa decisão, então, a organização deve pagar ao
funcionário a metade do aviso prévio e a metade da multa dos 40% sobre o saldo do
FGTS.

Contrato de trabalho temporário

Por meio desse contrato, o funcionário é contratado para cumprir o trabalho em prazo
determinado. O prazo deve, portanto, ser de três meses, mas que podem ser
prorrogados por mais seis meses.

O objetivo é atender a uma necessidade transitória de substituição do quadro de


pessoal, ou ainda pelo aumento de serviços. No entanto, os casos mais comuns são
para a substituição na licença-maternidade.

Nessa modalidade contratual, o colaborador tem direito às horas extras, descanso


semanal remunerado, 13º salário proporcional ao tempo de serviço e férias. Além
disso, no final do contrato, o trabalhador terá os mesmos direitos daqueles que estão
no prazo indeterminado.

Contrato de trabalho eventual


Destinado apenas aos trabalhadores que prestam serviços esporádicos. Não se pode
confundir com o trabalho temporário, pois o contrato de trabalho eventual não gera
vínculo empregatício.

O trabalhador eventual é chamado apenas para exercer uma atividade


esporadicamente e não pode ser considerado como empregado do contratante
porque o período de atividade é muito curto, não tendo uma relação direta de
trabalho.

Contrato de trabalho home office

A reforma trabalhista regulamentou dois tipos de trabalho que já era utilizado por
algumas empresas, mas que não tinham um direcionamento em como tratar os
processos. É o caso do home office.

Nessa modalidade de trabalho, o colaborador presta serviços fora das dependências


da empresa e as suas tarefas são desenvolvidas por meio de tecnologias da informação
e comunicação.

O fato de ser uma atividade home office, não descaracteriza o momento em que o
funcionário precisa ir até à empresa para realizar alguma atividade específica. Isso
pode acontecer, por exemplo, uma vez por semana.

Como a atividade é exercida fora da empresa e, em alguns casos, dentro da residência


do colaborador, é necessário um acordo entre empregador e empregado sobre os
custos com equipamento, insumos e despesas variáveis, como energia e outras.
Tudo o que for acordado deve estar presente no contrato de trabalho para que haja
clareza nas informações. Além disso, o colaborador home office, não perde nenhum
direito trabalhista e cabe a empresa negociar alguns benefícios.

Contrato de trabalho intermitente

O contrato de trabalho intermitente passou a existir a partir da reforma trabalhista.


Entre as suas características, a principal é a não continuidade dos trabalhos. A
atividade ocorre com alternância de período de prestação de serviços e de inatividade.

O trabalho deve ser determinado em horas, dias ou meses, independente do tipo de


atividade do empregado e do empregador. O contrato deve ser feito por escrito e nele
deve constar como será feito o pagamento do colaborador.

O período em que o trabalhador estiver inativo, não quer dizer que ele estará a
disposição da empresa. Na verdade, durante esse tempo, o funcionário pode prestar
serviço para outras empresas. Caso, a empresa anterior queira contratá-lo novamente,
basta informar com três dias de antecedência.

Como qualquer outro trabalhador no regime indeterminado, no contrato intermitente,


o funcionário tem acesso aos direitos trabalhistas como férias, FGTS, previdência e 13º
salários proporcionais.

Contrato de trabalho parcial

Conhecido como trabalho part-time, o contrato parcial é oficializado um acordo com


período inferior ao praticado ao trabalho semanal, de 40 horas, e o número de dias de
trabalho deve ser estipulado no contrato, assinado entre empregador e empregado.

E ainda, o contrato precisa ser celebrado por escrito e nele deve-se indicar qual o
período normal de trabalho, por dia e por semana, em comparação ao trabalho a
tempo completo. Portanto, se não estipulado no contrato, entende-se que o
trabalhador estará prestando serviço no horário normal.

A partir da mudança na CLT, esse tipo de contrato permite ao colaborador ter direito
às férias, igual aos demais trabalhadores celetistas, ou seja, o período deve ser de
trinta dias. E como direito trabalhista, um terço do período de férias pode ser
convertido em dinheiro.

Contrato de trabalho terceirizado

Esse tipo de contrato é estabelecido de empresa para empresa. O processo deve


passar por uma prestadora de serviço que será a responsável pela contratação do
profissional de acordo com as necessidades da companhia.
A empresa contratada é a responsável por pagamentos aos funcionários, que não são
subordinados a empresa contratante. Portanto, o vínculo e a subordinação estão
relacionados à empresa que presta serviços.

O contrato fechado não precisa ter prazo, já que é a terceirizada que vai determinar o
tempo de permanência junto à contratante. Mas o profissional precisa ser
especializado na área em que for atuar.

Contrato de trabalho autônomo

O trabalho autônomo não gera nenhum vínculo empregatício com a empresa, ou seja,
é apenas um prestador de serviço. Pode ser realizado de forma não contínua, apenas
eventualmente.

Neste tipo de contrato, o trabalhador autônomo pode prestar serviço de qualquer


natureza para o tomador de serviços e afasta a qualidade de empregado, não havendo
subordinação jurídica. Portanto, no contrato não pode constar exclusividade.

Esse tipo de profissional não possui empresa aberta, por isso, seu pagamento deve ser
feito por Recibo de Pagamento a Autônomo ― RPA ― um documento simples
elaborado no ato do pagamento.

O autônomo não tem direitos trabalhistas, mas pode contribuir de forma individual
com o INSS. Isso lhe dará o direito a auxílio-doença, auxílio-reclusão, salário-
maternidade, pensão em caso de morte e aposentadoria por idade, invalidez ou tempo
de contribuição.

Contrato de trabalho estagiário

Regulamentado conforme a Lei nº. 11.788/2008, o trabalho do estagiário tem o


objetivo de aprimorar o que está sendo aplicado em sala de aula e gera vínculo entre
contratante e contratado, apesar de não ser considerada pela lei uma relação jurídica
de emprego.

No fechamento do contrato é determinada a quantidade de horas e dias trabalhados.


Porém, a empresa precisa fazer um planejamento mensal para informar o que o aluno
está aprendendo, pois esse documento deve ser enviado à instituição de ensino onde
o aluno está estudando.

E o estudante não pode ultrapassar mais do que 30 horas semanais de trabalho. No


caso em que o estágio alcançar mais que um ano de prestação de serviço, o aluno tem
direito aos 30 dias de férias que devem ser gozados, preferencialmente, no seu
período de férias escolares.

Contrato de trabalho trainee


O contrato é destinado para os recém-formados que devem passar por um período de
experiência dentro de uma empresa que o admitiu e pode ter, ou não, um tempo
determinado.

O contrato de trainee é entendido como outro qualquer, devendo usufruir de todos os


direitos decorrentes de uma relação de emprego. A carga horária do trabalho deve
obedecer às 44 horas semanais e 8 horas diárias.

Não se pode confundir o contrato de trainee com o do estagiário que tem uma relação
trilateral entre estagiário, instituição de ensino e empresa. No caso do trainee, a
relação trabalhista está diretamente ligada a empresa que o contratou.

Enfim, relacionamos em nosso artigo os diversos tipos de contratos existentes. Analise


cada um deles e verifique junto à empresa em que você for prestar serviço se ela
trabalha com a modalidade de trabalho escolhido por você. E para as empresas, é
necessário verificar quais as formas de trabalho são mais relevantes para o seu
negócio.

As mudanças em contratos de trabalho após a Reforma Trabalhista

A Reforma trabalhista, sancionada pelo ex-presidente Michel Temer em 2017, trouxe


mudanças nas relações entre contratante e contratado, dentre elas algumas se
relacionam diretamente com os contratos de trabalho.

Uma grande alteração consequente da nova lei foi a inserção do contrato intermite
(mencionado anteriormente). Com isso, tornou-se possível que o trabalhador
recebesse apenas pelas horas ou diárias trabalhadas, desde que esses tratos e valores
sejam explanados no contrato. Além disso, o empregado terá direito a férias, FGTS,
previdência e 13ª salário proporcionais.

Outra mudança foi a aceitação do uso tecnológico em diversos campos profissionais,


regularizando-se o teletrabalho, que é “a prestação de serviços preponderantemente
fora das dependências do empregador”. Essa alteração trouxe benefícios para o
empregador e para o empregado, já que este não precisa se deslocar até empresa (o
que às vezes pode ser um transtorno) e aquele pode simplificar a estrutura de sua
sede.

Obviamente, para que essa modalidade de serviço seja executada precisa adequar-se
às normas jurídicas, estas exigem que esteja previsto no contrato a modalidade de
teletrabalho e a especificação do serviço que será realizado.

O empregado autossuficiente também foi uma novidade da reforma, o emprego desse


termo significa que o empregado que possui curso superior e um salário superior a
duas vezes o teto da previdência possui uma força suficiente para negociar as cláusulas
contratuais com o seu empregador. Portanto, as negociações (listadas na CLT, Art. 611-
A) que antes eram feitas por forças coletivas poderá ser realizada por um único
empregado.

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