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Encarceramento Feminino
Encarceramento Feminino
“(...) E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tende piedade das mulheres. Tende piedade delas,
Senhor, dentro delas a vida fere mais fundo e mais fecundo. E o sexo está nelas, e o mundo está
neles, e a loucura reside neste mundo. (...)”
Elegia Desesperada - Vinicius de Moraes.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Sabido é que a posição ocupada pela mulher nos últimos anos é fruto de
intensas lutas sociais por independência, maior isonomia e autonomia em relação
aos homens, bem como, pela esperança de romper com as imposições tradicionais
de caráter moral, que historicamente condenou a mulher à condição de subalterna
na coletividade.
Seguramente, os impasses são ainda mais graves quando pensamos nas
mulheres que estão presas, e pior, nas que lá estão gestando seus filhos.
Daí a ideia de que a modernização da sociedade ocorrida entre o final do
século XIX e início do século XX tem parcela de culpa no aumento da delinquência
feminina, visto que as mulheres se tornaram mais ativas e passaram a dominar
muitas frentes de trabalho, competir por espaços sociais e demonstrar que podem
exercer atividades diversas com a mesma competência que o sexo oposto.
Entre o que existe de precário nas prisões brasileiras, ressalta-se o fato das
mulheres terem uma intervenção punitiva semelhante à dos homens, trazendo em
tese uma igualdade formal, na medida em que todos são iguais, sem qualquer
distinção, ou seja, as mulheres são ignoradas em relação às suas particularidades,
como a maternidade e menstruação, as quais são determinantes no contexto do
encarceramento.
O sistema prisional foi pensado para o homem. Não tem estrutura para
receber a mulher gestante ou lactante, sendo que, segundo o levantamento
efetuado pelo Conselho Nacional de Justiça, apenas 7% dos estabelecimentos
prisionais destinam-se às mulheres e 6% são presídios masculinos com alas
femininas, desta forma, uma vez dentro do sistema prisional, a mulher passa a viver
em situação de abandono.
HISTÓRICO
INVISIBILIDADE
A prisão, especialmente para as mulheres, revela-se um ambiente de
isolamento e exclusão, em face da reprovabilidade social pelo envolvimento com o
crime, bem como pela frustração de seus papeis sociais. Assim, além de não
ensejar a ressocialização ou recuperação, o espaço público prisional implica o
rompimento de laços sociais e familiares.
É certo que a sexualidade é um direito de todos, tendo em vista que cada
indivíduo tem o direito de fazer e dispor do seu corpo em sua esfera íntima, contudo
quando esse direito torna-se responsabilidade do Poder Público, o mesmo é
esquecido, pois o Estado não se preocupa com a fortificação dos laços familiares da
detenta, o que gera o seu isolamento.
A visita íntima foi implementada pela Lei de Execuções Penais no ano de
2001 com o intuito de diminuir perversões sexuais e distorções dentro do cárcere,
sendo que homens e mulheres teriam acesso ao direito uma vez ao mês em
ambiente reservado.
Porém, a Lei nº 7.210/84 não possui legislação organizacional, de forma que
cada presídio estadual tornou-se incumbido de definir as condições para o
recebimento da visita íntima, o que torna a sua aplicabilidade inviável, tendo em
vista a falta de condições estruturais, impondo às mulheres a abstinência sexual.
Os resultados da impossibilidade da convivência íntima com seu parceiro são
graves, as detentas frequentemente procuram se relacionar com parceiras do
mesmo sexo com total ausência de privacidade.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DINIZ, Debora. Pesquisa em Cadeia. Revista Direito GV. São Paulo. Jul-Dez 2015.
Dossiê: as mulheres e o sistema penal. Organizado por Priscilla Plachá Sá. Curitiba.
OABPR, 2015.