Você está na página 1de 12

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA


DA CAPITAL DO ESTADO DE RECIFE – PE - (Conforme art.
19, I, NCPC e organização judiciária da UF)

NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA, nacionalidade,


estado civil (ou a existência de união estável),
profissão, portador da carteira de identidade nº xxxx,
inscrita no CPF/MF sob o nº xxx, endereço eletrônico,
residente e domiciliado na xxxx (endereço completo),
por seu advogado abaixo subscrito, conforme procuração
anexa (doc. 01), com endereço profissional (completo),
para fins do art. 106, I, do Novo Código de Processo
Civil, com fulcro na Lei n° 8.078/90, vem ajuizar a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE


TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA E OBRIGAÇÃO DE FAZER.

contra a _____________, localizada na Rua


_____________, inscrita no CPNJ sob o nº _____________,
pessoa jurídica de direito privado, com sede na
_____________, inscrita no CNPJ sob o
nº _____________, endereço eletrônico, pelos
relevantes motivos de fato e de direito adiante
expostos:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, solicita a V.Exa. seja deferida a


GRATUIDADE DE JUSTIÇA, nos termos do art. 4º da Lei nº 1.060/50,
segundo redação dada pela Lei nº 7.510/86, eis que não possui
condições de arcar com o ônus processual da presente sem que tal
dispêndio traga, para si e sua família, prejuízo de subsistência
constituindo o signatário como seu patrono.

1.DOS FATOS

O Autor, sempre pautou sua vida pela dignidade e


honradez, constatando pelo episódio lamentável a seguir narrado;
como o consumidor pode ser tão desrespeitado e agredido
moralmente.

Apesar de muito humilde e sem bens materiais, o


autor sempre prezou pelo seu nome, bem mais valioso que possui.

Ocorre que o autor vem passando por uma verdadeira


via-crucis, eis que vítima de estelionatários, que em conjunto
com empresas negligentes(como no caso ré), que somente pensam em
lucrar, concedendo crédito e vendendo produtos sem qualquer
averiguação, estão maculando o nome da autora, lhe fazendo
passar extraordinários danos morais.
Fato é que, quando tentava realizar uma compra a
crédito, o autor foi surpreendida com a sua pretensão negada, em
razão de estar com seu nome inserido em cadastro de
inadimplentes.

Nem é preciso comentar a vergonha passada pela


autora.

Extremamente abalado e humilhado, o autor se


dirigiu a um dos balcões do SPC, e lá constatou que seu nome
havia sido maculado pela ré.

Dessa forma, o autor procurando obter mais


informações, entrou em contato com o réu, sendo verificado, por
um de seus prepostos, a existência de débito, que supostamente
seria de sua titularidade.

O autor informou ao preposto do réu que


desconhecia tal débito, exigindo que seu nome fosse retirado do
cadastro de maus pagadores.

Anote-se que o autor nunca recebeu qualquer


correspondência ou ligação do réu sobre a existência de dívidas
em seu nome.
Assim, o demandante pôde concluir que fora
cometida fraude com seus dados cadastrais, certamente
realizadas, sem a verificação de autenticidade por parte do réu.

Inúmeras foram as tentativas da autora junto ao


réu para regularizar o problema, sem, contudo, êxito, vez que
seu nome e cpf ainda permanecem indevidamente nos cadastros de
inadimplentes.

Entende assim, o autor que o bem mais valioso que


adquiriu ao longo de sua vida, o seu conceito pessoal, foi
atingido de forma ilícita, pelo réu.

Inconformada com tal situação, não restou outra


alternativa ao autor, diante dos fatos, senão buscar a prestação
jurisdicional através da presente ação.

2.DOS FUNDAMENTOS

No que diz respeito aos danos sofridos vale referir


o seguinte:

“A teoria da responsabilidade civil está


construída sobre a reparação do dano”. Tal
princípio emerge do art. 159, do Código
Civil Brasileiro: “aquele que por ação ou
omissão voluntária, negligência ou
imprudência violar direito ou causar
prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar
o dano”.(Augusto Zenun) dano moral - o
valor de sua reparação.

A ré contrariou completamente o princípio da boa-fé


que é o conceito ético definido pela consciência de não
prejudicar outrem em seus direitos. Já, em sentido estrito, é a
mesma consciência de não lesar outrem com base no erro ou na
ignorância nas relações de consumo e do respeito à dignidade dos
consumidores. Conclui-se que a Ré, diante da atitude
supracitada, de forma irrefragável causou ao Autor
constrangimento, vergonha, humilhação, caracterizando, portanto,
o Dano Moral.

Assim, pelo evidente dano moral que a EMPRESA RÉ


provocou, é de se impor à devida e necessária condenação, com
arbitramento de indenização à Autora, que experimentou o amargo
sabor de ter o seu "nome sujo", sem causa, sem motivo e de forma
injusta e ilegal.

Trata-se de uma “lesão que atinge valores físicos e


espirituais, a honra, nossas ideologias, a paz íntima, a vida
nos seus múltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim,
aquela que afeta de forma profunda não os bens patrimoniais, mas
que causa fissuras no âmago do ser, perturbando-lhe a paz de que
todos nós necessitamos para nos conduzir de forma equilibrada
nos tortuosos caminhos da existência.", como bem define CLAYTON
REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, ed. Forense).

Tendo em vista que a inscrição indevida do nome do


Requerente no SERASA e SPC caracteriza ato ilícito, também cabe
o dever de reparar, agora com base no art. 186 do CC.

E essa reparação consiste na fixação de um valor


que seja capaz de desencorajar o ofensor ao cometimento de novos
atentados contra o patrimônio moral das pessoas.

Da mesma forma, o Código de Defesa do Consumidor


(Lei 8.078/90) também prevê o dever de reparação, posto que ao
enunciar os direitos do consumidor, em seu art. 6º, traz, dentre
outros, o direito de "a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos"(inc.
VI)e"o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com
vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada à proteção
jurídica, administrativa e técnica aos necessitados"(inc. VII).

Vê-se, desde logo, que a própria lei já prevê a


possibilidade de reparação de danos morais decorrentes do
sofrimento, do constrangimento, da situação vexatória, do
desconforto em que se encontra o Autor.

“Na verdade, prevalece o entendimento de


que o dano moral dispensa prova em
concreto, tratando-se de presunção
absoluta, não sendo, outrossim, necessária
a prova do dano patrimonial"(CARLOS
ALBERTO BITTAR, Reparação Civil por Danos
Morais, ed. RT, 1993, pág. 204).
Diante da disparidade do poder econômico existente
entre a parte Autora e a empresa Ré, e tendo em vista o gravame
produzido à honra do Requerente e considerado que este sempre
agiu honesta e diligentemente, pagando suas dívidas e procurando
evitar - a todo custo! - que seu nome fosse indevidamente levado
à negativação, mister se faz que o quantum
indenizatóriocorresponda a uma cifra cujo montante seja capaz de
trazer o devido apenamento a empresa Ré, e de persuadi-la a
nunca mais deixar que ocorram tamanhos desmandos contra as
pessoas que, na qualidade de consumidores vêem seu crédito
denegado.

O Ministro Oscar Correa, em acórdão do STF (RTJ


108/287), ao falar sobre dano moral, bem salientou que “não se
trata de pecúnia doloris, ou pretium doloris, que se não pode
avaliar e pagar; mas satisfação de ordem moral, que não ressarci
prejuízo e danos e abalos e tribulações irreversíveis, mas
representa a consagração e o reconhecimento pelo direito, do
valor da importância desse bem, que é a consideração moral, que
se deve proteger tanto quanto, senão mais do que os bens
materiais e interesses que a lei protege." Disso resulta que a
toda injusta ofensa à moral deve existir a devida reparação.

O Dano Moral está comprovado, posto que o dano advém


do próprio fato ofensivo da ré, conforme ensinamento de uma das
maiores autoridades do tema:

"o dano moral existe in re ipsa; deriva


inexoravelmente do próprio ato ofensivo,
de tal modo que, provada a ofensa, ipso
facto está demonstrado o dano moral à
guisa de uma mera presunção natural, uma
presunção hominis ou facti, que decorre
das regras da experiência comum.
"(Programa da Responsabilidade Civil, 5ª
e.; pág. 101, Sergio Cavalieri Filho) -
(grifei)"

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro


já pacificou o entendimento da existência do dano moral no caso
dos autos.

APELAÇÃO CÍVEL. DECISÃO NÃO CUMPRIDA.


NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL
CONFIGURADO. In casu, verifica-se que o
autor fora negativado pelo réu de forma
indevida, já que inexistia débito a
fundamentar tal apontamento negativo. A
inscrição indevida ou manutenção de forma
indevida do nome e CPF do autor configura
defeito na prestação do serviço e o dano
moral in re ipsa. Precedentes. Quantum
indenizatório fixado em respeito aos
princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Sentença mantida.
Recurso a que se nega seguimento, com base
no art. 557, caput, do CPC.
DES. CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ -
Julgamento: 10/06/2010 - DECIMA SEGUNDA
CAMARA CIVEL -0169802-13.2008.8.19.0001 -
APELACAO - 1ª Ementa
Salienta-se que, o reconhecimento do dano moral e
de sua reparabilidade é há muito tempo consagrado pela
constituição brasileira de 1988 que definiu expressamente em seu
artigo 5º, incisos v e x:

3. DO DIREITO
A autora invoca os seguintes dispositivos legais
para fundamentação da demanda, requerendo a manifestação do
Juízo, até para fins de prequestionamento:

- Constituição Federal.
Art. 5º, inc. V e X.
- Código Civil.
Art. 186.
Art. 927.
- Código de Defesa do Consumidor.
Art. 6º, VI.
Art. 14.
Art. 43, § 2º.
Lei Estadual – RJ nº 3.244/99
Art. 1º.

3.DAS PROVAS:

Finalmente, protesta pela prova pericial


grafotécnica e prova documental. Igualmente, requer o depoimento
pessoal da representante legal da Ré, sob pena de confissão.

4.DO PEDIDO
Face ao exposto, requer a V. Exa:

A. Que seja designada AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ou MEDIAÇÃO,


conforme previsto no art. 334 do NCPC
B. O deferimento da GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
C. Antecipação dos Efeitos da Tutela para que a Ré exclua o
nome da Autora dos cadastros de anotação de negativa de
crédito, SPC e SERASA, sob pena de multa diária a ser
arbitrada por este D. Juízo, ou, ainda, que sejam
expedidos Ofícios aos referidos órgãos para que excluam o
nome do Autor de seus cadastros;
D. A citação da ré para, querendo, responder aos termos da
presente, sob pena de revelia, pedindo e esperando a
inteiraprocedência do pedido, com a conseqüente entrega da
prestação jurisdicional na forma seguinte:
i. A inversão do ônus da prova, diante da
verossimilhança das alegações e da
hipossuficiência do Autor, consoante ao art. 6º,
VIII do CODECON, para que a Ré apresente o
original do contrato que ensejou a inserção do
nome do Autor nos cadastros restritivos de
crédito.
ii. A Declaração da inexistência da dívida em face
do Autor referente ao REGISTRO E/OU ATRASO
DATADO DE 02/04/2012, sob contrato diversos.
iii. A condenação da ré em se abster de efetuar
qualquer tipo de cobrança, sob pena de multa
diária a ser arbitrada por este D. Juízo.
iv. A Condenação da ré ao Pagamento, a título de
Danos Morais, de 20 salários mínimos, referente
ao REGISTRO E/OU ATRASO DATADO DE 02/04/2012,
LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO O POTENCIAL OFENSIVO
DA RÉ, COM JUROS APLICADO DESDE O EVENTO DANOSO,
CONFORME SÚMULA 54 DO STJ, SÚMULA 129 DO TJRJ E
ART.398 DO CC E CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE A DATA
DO EFETIVO PREJUIZO, CONFORME PRECEITUA A SÚMULA
43 STJ.
v. A condenação da ré para que proceda a retirada
do nome do Autor dos cadastros negativos de
crédito, tornando definitiva a tutela
anteriormente concedida.

E. Requer a produção de todas as provas em direito


admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do
NCPC, em especial as provas: documental, pericial,
testemunhal e depoimento pessoal da parte ré.

5.DO VALOR DA CAUSA:

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Pede Deferimento.
Cidade, dia, mês de 20__.

Você também pode gostar