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INFLUÊNCIA DAS AÇÕES DO VENTO NO EFEITO ARCO DA ALVENARIA

ESTRUTURAL

Influence of wind action on the architecture of structural masonry

Autor: Osonos de Carvalho

Orientador: Prof. Ms. Eder Murilo Parizzoto Sabino

RESUMO

Alvenaria estrutural é um sistema estrutural muito utilizado no Brasil, principalmente


impulsionado pelo incentivo em habitações de interesse social. Esse sistema dispensa vigas e
pilares, pois sua estabilidade estrutural é garantida pela própria parede, desse modo, além do
peso próprio e carregamentos verticais transferidos pelas lajes, as paredes devem resistir às
ações horizontais devidas ao vento. Um edifício de alvenaria estrutural terá sempre a transição
entre as paredes e elementos de apoio, que podem ser as fundações ou pilotis em concreto
armado. Em ambas as transições há concentrações de tensões nas paredes em regiões
próximas aos apoios rígidos constituídos pelos pilares ou elemento de fundação. Esse
fenômeno é conhecido como efeito arco. Com a consideração desse efeito, é possível obter
grande economia das vigas de transição, em contra partida é necessário verificar as
concentrações de tensões nas paredes. Para carregamento vertical, o efeito arco é facilmente
observado e existem até formulações para consideração simplificada dos seus efeitos,
entretanto, há certa desconfiança dos projetistas quando se deparam com situações onde
ocorrem aberturas nas paredes e quando as ações devidas ao vento são inseridas. Com isso
esse trabalho, visa contribuir para a disseminação de informações técnicas relevantes sobre o
efeito arco, através da modelagem e análise computacional via método dos elementos finitos
com auxílio do programa computacional SAP 2000, de um edifício de alvenaria estrutural
sobre baldrames. Pretende-se, ao final do trabalho, confirmar se existe alteração no efeito
arco, ao considerar as ações do vento em parede estruturais, ou em paredes com aberturas de
portas e janelas.

Palavras-Chave: alvenaria estrutural, efeito arco, ação do vento, SAP 2000, elementos
finitos.

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ABSTRACT

Structural masonry is a structural system widely used in Brazil, mainly driven by the
incentive in social housing. This system does not require beams and pillars, as their structural
stability is guaranteed by the wall itself, so in addition to their own weight and vertical loads
transferred by the slabs, the walls must resist the horizontal actions due to the wind.

A structural masonry building will always have the transition between walls and supporting
elements, which may be foundations or reinforced concrete pillars. In both transitions there
are stress concentrations in the walls in regions near the rigid supports constituted by the
pillars or foundation element. This phenomenon is known as the arc effect. Considering this
effect, it is possible to obtain great savings of the transition beams, in contrast it is necessary
to check the stress concentrations in the walls. For vertical loading, the arc effect is easily
observed and there are even formulations for simplified consideration of its effects, however,
there is some distrust of designers when faced with situations where wall openings occur and
when wind actions are inserted. Thus, this work aims to contribute to the dissemination of
relevant technical information about the arc effect, through computational modeling and
analysis via the finite element method with the aid of the computer program SAP 2000, of a
structural masonry building rafter son. It is intended, at the end of the work, to confirm that
the arc effect is only softened, but not eliminated with consideration of wind actions even in
open walls.

Key-words: structural masonry, arc effect, wind action, SAP 2000, finite elements.

1. INTRODUÇÃO
Atualmente o uso de alvenaria é um dos métodos construtivos mais utilizados no Brasil,
podendo ser simplesmente vedação ou estrutural que é responsável pela estabilidade da
estrutura e dispensa vigas e pilares, e pode em alguns casos, viabilizar economicamente o
empreendimento. A alvenaria estrutural pode ser dividida em dois grupos: Alvenaria armada e
alvenaria não armada. De acordo com PARSEKIAN (2013), alvenaria estrutural não armada é
o elemento de alvenaria no qual a armadura é desconsiderada para resistir aos esforços
solicitantes, e alvenaria armada é aquela que necessita de armaduras para absorverem os
esforços de tração superiores aos resistidos pela alvenaria não armada. Esses esforços de
tração são provocados pelas ações horizontais devidas ao vento.

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Todo edifício de alvenaria estrutural apoia-se sobre elementos de concreto armado, que pode
ser pilotis com vigas e pilares ou diretamente a fundação.
De acordo com a ABNT NBR 15961-1:2011, é possível reduzir tanto a seção dos elementos
de apoio, quanto a taxa de armaduras ao se considerar o efeito arco, desde que as
concentrações de tensões nas bases das paredes sejam verificadas. O efeito arco é ocasionado
pela diferença da rigidez dos apoios rígidos e as vigas e há na literatura, formulações para
consideração simplificada desse efeito, entretanto, essas formulações não consideram a
presença das aberturas nas paredes e as ações horizontais devidas ao vento.
Para isso, pode-se utilizar uma análise computacional mais refinada via método dos
elementos finitos, na qual pode ser obtido tanto os diagramas dos esforços das vigas quanto as
tensões nas paredes. Essa análise possibilita um dimensionamento mais econômico
respeitando-se as prescrições normativas.

2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é analisar através de modelagem computacional via método dos
elementos finitos com auxílio do software SAP2000, o comportamento do efeito arco quando
a parede é submetida a ações do vento conforme especificações da NBR 6123:1988.

3. METODOLOGIA
O estudo foi feito com base em um edifício real de alvenaria estrutural e os procedimentos
usuais empregados no projeto desse tipo de estrutura. Inicialmente foi utilizado o software
Autocad, para fazer a modulação do edifício e a definição do conjunto de paredes resistentes
ao vento. Após essa definição, foram realizados os cálculos de momento de inércia de cada
parede, assim como a determinação das cargas verticais que cada parede recebe, de acordo
com a ABNT NBR 6120:1980. Em seguida foram feitos os cálculos de velocidade, força e
momento fletor causados pelo vento, com o auxílio de planilhas feitas no Excel e de acordo
com a ABNT NBR 6123:1988. Esses resultados juntamente com as cargas verticais são
utilizados para a modelagem no software SAP 2000. A modelagem é realizada considerando
elementos quadriláteros de casca fina para simular as paredes e elementos de barras para
simular as vigas.

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4. HISTÓRICO DA ALVENARIA ESTRUTURAL
Mundialmente falando, a alvenaria estrutural, apesar de ser considerada em tempos modernos
como inovadora, ela existe desde os primórdios da humanidade, onde há relatos de
construções dimensionadas pelo homem para protege-los dos Intempéries da natureza e dos
animais selvagens.
De acordo com LOURENÇO, PAULO B. “É por volta dos anos 9000 a 7000 a.C. com as
primeiras civilizações, que a história da arquitetura se inicia e, simultaneamente, a alvenaria
surge como uma técnica de construção. Os materiais utilizados nas unidades de alvenaria
foram a pedra e o tijolo de barro seco ao sol ou cozido, e nas juntas, o ligante foi a cal, o
saibro, o barro, o betume, o gesso, entre outros.” Conforme pesquisas relacionadas com a
história da alvenaria estrutural, pode se relatar alguns exemplos de aplicações que foram
utilizados na antiguidade, que são as Pirâmides de Guizé dos anos de 2600 a.C., sendo as
pirâmides de Quéops, Quefrem e Miquerinos; Farol da Alexandria dos anos de 280 anos a.C;
Coliseu entre anos de 68-79d.C; mais à frente no século XIX pode-se citar o edifício
Monadnock - Chicago - (1889 a 1891), entre outros. Essas edificações tiveram seus processos
de construção de forma intuitiva ou empíricas da época, onde o fator de segurança era
altíssimo, por falta de estudos aprofundados sobre o método construtivo, deixando assim as
paredes estruturais robustas, citando como exemplo o edifício Monadnock que possui altura
de 65 metros com 16 pavimentos, a base de suas paredes possui 1,80m de espessura.
Voltando para os dias atuais no Brasil, com o desenvolvimento de pesquisas, abertura de
novas empresas dispostas a investir nesse tipo de alvenaria, parcerias entre cerâmicas e
concreteiras, fazem com que a cada dia, mais investidores, construtores e projetistas
interessem por esse sistema construtivo, pois esse sistema além de ser econômico, pode ser
construído sem que se perca a qualidade da estrutura.

5. DIMENSIONAMENTO DO EDIFÍCIO COM ALVENARIA ESTRUTURAL


O edifício a ser utilizado para o estudo será um edifício residencial tipo torre, com 14
pavimentos em alvenaria estrutural, a partir do baldrame de fundação. Para a localização do
prédio será considerado na área urbana da cidade de Campinas, contendo 8 apartamentos, em
cada pavimento e 2,70 metros de piso a piso, considerando laje maciça de 10 cm de espessura,
o apartamento fica com um pé direito de 2,60 metros.

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Dados para modulação:

 Família de blocos 14 x 39;


 Tipo de bloco: Bloco vazado de concreto;
 Peso específico do concreto γc = 25 KN/m3;
 Peso próprio da parede revestida: γalv = 15 KN/m3

Os blocos de concreto foram utilizados com diferentes resistências a compressão a cada 2


pavimentos: 14 MPa nos pavimentos 1 e 2; 12 MPa pavimentos 3 e 4; 10 MPa pavimentos 5 e
6;8 MPa pavimentos 7 e 8; 6 MPa pavimentos 9 e 10; 4 MPa para os demais pavimentos de
11 a 14.

A NBR 6136 definem alguns tipos de blocos de concretos e os mais utilizados são:

 Bloco vazado de concreto simples para alvenaria sem função estrutural;


 Bloco vazado de concreto com maiores resistências para alvenaria estrutural.
As dimensões lineares das paredes foram elaboradas conforme as dimensões dos tijolos
estruturais e o espaçamento entre os tijolos, para que haja compatibilização da execução do
edifício com o projeto. Pois ao fazer essa verificação no início, a execução do mesmo será
bem elaborada, com consequência disso, será feito um melhor aproveitamento do material,
melhor aproveitamento do tempo de execução e não ocorrerá uma modulação quebrada, pois
quando incide esse tipo de modulação por conta de o projeto arquitetônico ter sido elaborado
sem a consideração das dimensões dos blocos, as medidas das paredes não serão múltiplas
dos blocos, ocasionara assim a necessidade de peças com medidas especiais para fechamento
das paredes, chamados de elementos compensadores de modulação.
Na modulação as paredes são numeradas, para que possam ser identificadas nos cálculos do
projeto estrutural e de execução, onde as paredes estruturais da modulação deste estudo estão
sendo representadas por linhas pretas, paredes não estruturais por linhas azul-escuros e portas
e janelas por linhas verdes conforme imagem de modulação figura 1. Devido a simetria de
algumas paredes estruturais, seus números de identificação se repetem, pois o momento de
inercia delas será o mesmo valor.

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Figura 1: Modulação do pavimento tipo para cálculo de momento de inercia. (Fonte: Própria)

6. AÇÃO DO VENTO

Devido ao fato desse trabalho ser direcionado com ênfase nos efeitos das influências causadas
pelas ações do vento na estrutura, não será apresentado o dimensionamento detalhado do
prédio por um todo. Assim o estudo das ações do vento será iniciado a partir de uma
demonstração dos cálculos de Inércia das paredes, cálculos esses que são necessários quando
houver a necessidade de fazer análise de alguma parede do edifício sem precisar analisar o
prédio por um todo ou simplesmente para fazer uma verificação dos cálculos de uma parede e
depois fazer a verificação global para confirmar se os resultados são compatíveis.

6.1.Inércia Resistentes dos grupos de paredes nas direções X e Y.

Para início dos cálculos de inércia, a princípio, deve-se separar os grupos de paredes
estruturais que compõe o edifício, a divisão dos grupos acontece em vãos de portas, janelas,
shaft ou quando são separados por paredes não estruturais, onde serão calculadas as inércias
unitárias para cada parede e a Inercia global nas duas direções. Assim, para calcular o
momento de inércia das paredes, utiliza-se a modulação das paredes com marcações nas
direções X, representadas por linhas verdes e na direção Y, representadas por linhas azuis,
conforme figura 2.

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Figura 2: Paredes nas direções X e Y para cálculos de inércias. (Fonte: Própria)

Seguirá como exemplo numérico para cálculo de inércia, a parede 24Y conforme figura 3,
considerando a unidade de grandeza em cm.

Para calcular o momento de inércia de determinada parede do grupo, é necessário considerar


as abas, elas são as paredes perpendiculares que intercedem as extremidades do corpo da
parede principal. Assim para determinar o comprimento das abas, é necessário verificar duas
restrições: o comprimento da aba não poderá exceder 6 vezes a espessura da parede, e quando
uma mesma parede funciona como aba de dois corpos, o comprimento da aba será.

𝐿
𝐴𝑏𝑎′ = ≤ 6𝑒
2

Considerando o comprimento máximo da aba para o edifício em estudo, onde a espessura da


parede é igual a 14 cm, então comprimento máximo da aba, o centro de gravidade a parede e
o momento de inercia serão respectivamente.

∑𝐴, 𝑖𝑥𝑋𝑐𝐺, 𝑖 ∑𝑏ℎ3


𝐴𝑏𝑎 ≤ 6𝑒 ≤ 6𝑥14 ≤ 84𝑐𝑚𝑋𝑐𝑔 = 𝐼= + (𝐴, 𝑖𝑥𝑑, 𝑖 2 )
∑𝐴, 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 12

Onde: I= inércia; A= Área da parede; Cg= Centro de gravidade do grupo de paredes;

d= distância entre Cg da parede e Cg do grupo de paredes; e= Espessura da parede.

Para cálculo de inércia da parede 24Y será considerado como base do corpo a espessura da
parede e altura do corpo o comprimento total.
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Corpo, b= 14 cm; h= 269 cm; Abas inferiores, b=80 cm cada; Abas superiores, b= 84 cm
cada, h= 14 cm para as 4 abas.

Figura 3: Parede 24Y com suas respectivas abas. (Fonte: Própria)

∑𝐴,𝑖 𝑥 𝑋𝑐𝐺,𝑖 2𝑥(84𝑥14𝑥7)+2𝑥(80𝑥14𝑥262)+(269𝑥14𝑥134,5)


𝑌𝑐𝑔 = ∑𝐴,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
= 2𝑥(84𝑥14)+2𝑥(80𝑥14)+269𝑥14
=134,5 𝑐𝑚

∑𝑏ℎ3 84x143
𝐼, 25𝑌 = + (𝐴, 𝑖𝑥𝑑, 𝑖 2 ) = 2x ( + 14 ∗ 84 ∗ 127,52 ) +
12 12

80x143 14x2693
2x ( + 14 ∗ 80 ∗ 127,52 ) + ( + 269 ∗ 14 ∗ 02 ) = 9,74 𝑥 107 𝑐𝑚
12 12

As inércias das demais paredes segue calculadas em planilha feita no Excel, conforme figura
4 para inércia na direção Y.

Figura 4: Momento de inercia nas paredes na direção Y.(Fonte: Própria)

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6.2.Força devido ao vento

Para se obter as forças horizontais derivadas do vento que agem nas estruturas, deve se
utilizar a NBR 6123:1988. Nesse trabalho foram considerados os quatro casos de ventos, para
análise da estrutura, sendo dois casos na direção X e dois na direção Y conforme ilustra a
Figura 5. A intensidade da ação do vento depende das dimensões do edifício; relevo;
obstáculos do entorno e velocidade básica do vento.

O edifício objeto de estudo desse trabalho apresenta os seguintes dados: H edifício = 37,80 m;
H pavimentos= 2,70 m; Lx = 25,54 m; Ly= 15,24 m.

Figura 5: Direções e sentido das ações do vento. (Fonte: Própria)

6.3.Fatores para cálculo dos coeficientes de arrasto.

A partir das dimensões do prédio e com o ábaco da figura 4.2.3 da NBR 6123/88, pode-se
determinar o coeficiente de arrasto para as duas direções.

Figura 6: Coeficiente de arrasto, Ca, para edificações paralelepipédicas em vento de baixa turbulência (Fonte: NBR 6123)
9
𝐻 37,8 𝐿1 25,54
Para vento 90°: 𝐿 = = 1,50; = 15,24 = 1,68Ca=1,32
25,54 𝐿2

𝐻 37,8 𝐿1 15,24
Para vento 0°: 𝐿 = = 2,48; = 25,54 = 0,011Ca=1,05
15,24 𝐿2

6.4.Velocidade Característica do vento

A velocidade característica do vento pode ser determinada por:

𝑉𝑘 = 𝑉0𝑥𝑆1𝑥𝑆2𝑥𝑆3 , onde V0-velocidade básica do vento conforme figura 7 isopletas de


velocidade básica do vento da NBR 6123; S1- Fator topográfico; S2- Fator de Rugosidade do
terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno; S3- Fator estatístico.

Figura 7: Isopletas de velocidade básica do vento (fonte: NBR6123/88) (Fonte: Própria)

Conforme mapa considerando as isopletas de velocidade básica V0 da NBR 6123/88. Para


𝑚
cidade de Campinas: 𝑉0 = 45 𝑠 ; S1= 1; S3= 1

Para se obter o valor de S2, deve se conhecer a categoria e a classe do edifício, onde.

Para cota média de obstáculos até 3m de altura, categoria 3.

Considerando que a maior dimensão do edifício está entre 20 e 50m, Classe B.

Considerando a categoria e a classe do edifício, conforme tabela 1 de parâmetros


meteorológicos da NBR 6123/88.

𝑧 𝑝
b=0,94; p=0,115; Fr= 1, onde, 𝑆2 = 𝑏𝑥𝐹𝑟 ( )
10

10
6.5.Pressão dinâmica

Após obter a velocidade característica do vento, pode-se obter a pressão dinâmica.

Onde, 𝑞 = 0,613𝑥 𝑉𝑘 2

6.6.Força horizontal devido ao vento

A força horizontal devido ao vento pode ser adquirida pelo produto do coeficiente de arrasto,
da pressão dinâmica e área de influência da direção analisada.

Onde: 𝐴𝑖𝑛𝑓, 𝑝𝑎𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐿𝑝𝑎𝑣 𝑥 𝐻𝑝𝑎𝑣

𝑓 = 𝐶𝑎 𝑥 𝑞 𝑥 𝐴𝑖𝑛𝑓

6.7.Força horizontal para Vento 90° e 270°último pavimento

Devido ao fato de os ventos a 90° e 270° estarem em na mesma direção, mas em sentido
contrário, seus valores para cálculos são os mesmos.

𝑧 𝑝 37,8 0,115 𝑚
𝑆2 = 𝑏𝑥𝐹𝑟 ( ) = 0,94𝑥1,0 ( ) = 1,086𝑉𝑘 = 45 𝑥 1,0 𝑥 1,095 𝑥 1,0 = 49,28
10 10 𝑠

𝑁
𝑞 = 0,613𝑥 𝑉𝑘 2 = 0,613𝑥 49,292 = 1489,28
𝑚2

𝑓 = 𝐶𝑎 𝑥 𝑞 𝑥 𝐴𝑖𝑛𝑓 = 1,32𝑥1489,28𝑥25,54 ∗ 2,70 = 135,56𝐾𝑁

6.8.Momento Fletor provocado pelo vento

O momento Fletor total provocado pelo vento, é o momento acumulado ao longo dos
pavimentos até a base do edifício, onde essa recebe o momento máximo, conforme a equação.

𝑀𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑𝐹𝑖𝐻𝑖

A figura 7 mostra em uma planilha do Excel as forças e momento fletor em cada pavimento e
momento total do edifício, devido ação do vento, para a direção X e Y.

O momento fletor de cada pavimento é distribuído para as paredes proporcionalmente a


porcentagem de inercia, em cada unidade de parede. Vale lembrar que apesar de o pavimento
ser de modelo Tipo, os momentos fletores das paredes de um pavimento para outro são
diferentes, devido a diferença de força do vento em cada nível.

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Assim, para adquirir o momento fletor unitário de cada parede, é necessário calcular o
produto do momento fletor das planilhas da figura 8, pela porcentagem de inércia da planilha
da figura 4.

Figura 8: Força e Momento fletor devido ao vento na direção Y. (Fonte: Própria)

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7. ANÁLISE COMPUTACIONAL

Os esforços analisados foram as tensões distribuídas nas paredes que formam um arco, esse
efeito arco permite que a maior parte das tensões são transmitidas para as extremidades das
vigas, reduzindo os esforços no meio da viga de concreto armado, esse efeito, leva em conta a
diferença de rigidez na base da parede resultando sempre em concentrações de tensões em
regiões mais rígidas, geralmente sobre os apoios. Entretanto, deve ser analisado de forma
global na estrutura, o que dificilmente é possível com processos simplificados, sendo assim é
imprescindível a utilização de um software que possibilite a análise desse efeito de forma
global. O SAP 2000, programa computacional utilizado para análise deste edifício, é um
software de analise computacional de estruturas via método dos elementos finitos MEF, que
possibilita a análise tanto de elementos de barras (vigas e pilares), quanto de cascas (paredes).

7.1.Inserção e dados de cargas e restrição para análise

A análise computacional, foi realizada com o edifício inteiro com aplicação de diferentes
combinações de carregamentos e ventos, considerando elementos quadriláteros de casca fina.
Após a verificação geral do prédio, foi escolhido um grupo de paredes, onde houve maior
influência do vento no momento fletor da viga baldrame, que interage com a respectiva
parede. O carregamento foi lançado nas barras da linha superior da malha da parede para cada
elemento. Estas mesmas linhas das barras tiveram os deslocamentos horizontais restringidos
por diafragma, com a intenção de simular o efeito da laje. Os carregamentos verticais são os
carregamentos transmitidos das lajes e peso próprio da estrutura e foram inseridos como
cargas distribuídas nas barras superiores das paredes, já os carregamentos horizontais são as
forças de ventos e foram inseridos por carga concentrada em um nó central do edifício, nesse
caso foi escolhido um nó em uma das paredes do poço do elevador, pois independente do nó
que a força de vento for inserida, o deslocamento da força do vento será igual para todas
paredes. Na imagem da figura 9 mostra a geração de cargas verticais que foram inseridas em
cada pavimento, após a modulação do prédio por completo com as cargas verticais e as
restrições necessárias para o ensaio é feita a inserção das cargas horizontais devido a força do
vento, essas cargas foram calculadas conforme planilhas da figura 8 e inseridas em um nó
central do edifício, na caixa do elevador e estão representadas na figura 10 com os valores da
força de vento 90°.

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Figura 9: Projeção de cargas verticais por pavimento. (Fonte: Própria)

Figura 10: Modulação do edifício com as cargas horizontais devido a força do vento 90°. (Fonte: Própria)

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7.2.Ação do Vento

Considerando ensaio apenas com as cargas horizontais devido a ações do vento. Para que seja
perceptível o deslocamento, a escala foi multiplicada em 1000 vezes, o valor real de
deslocamento da estrutura foi de 0,961 cm na direção Y submetida ao vento 90° e 0,344 cm
na direção X submetida ao vento 180° conforme figura 11.

Figura 11: Deslocamento da estrutura conforme ações do vento. (Fonte: Própria)

Embora os deslocamentos da estrutura sejam os valores apresentados na figura 11, ao fazer as


combinações de cargas do edifício, esses valores são majorados em 40 %, assim o
deslocamento na direção Y passa a ser 1,3 cm e na direção X 0,5 cm.

7.3.Efeito arco
O arco é formado pelas tensões distribuídas nas paredes, esse efeito leva em conta a diferença
de rigidez na base da parede, resultando sempre em concentrações de tensões em regiões mais
rígidas, geralmente sobre os apoios.

Para um melhor entendimento sobre a consideração do efeito arco, pode observar a figura 12
da parede 8X em uma comparação do momento fletor na viga considerando o efeito arco e
sem considerar o arco. Nos 2 casos a parede está sujeita a mesma carga vertical.
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Figura 12: Comparação do momento fletor na viga baldrame com e sem a consideração do efeito arco. (Fonte: Própria)

Pode se observar, que quando calculado a parede de alvenaria estrutural sem a consideração
do efeito arco, houve um aumento de 7,3 vezes o valor do momento fletor da viga baldrame
em relação ao cálculo considerando o efeito arco.

Ao fazer uma análise global do efeito arco no prédio é possível observar a graduação das
cargas entre os pavimentos do prédio através do arco nas paredes conforme figura 13, onde as
cores representam a tensão em cada trecho.

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Figura 13: Efeito arco nas paredes do edifício. (Fonte: Própria)

Foi feita a verificação do efeito arco das paredes e dos momentos fletores nas vigas,
analisando a interação entre a alvenaria estrutural e as vigas de concreto armado.

Para essa verificação foram escolhidas 3 paredes, nas quais houve maior influência do vento
após análise global do edifício. Foi feito um ensaio com as cargas de vento para quantificar as
forças cortantes e momentos fletores que atuam nas paredes, conforme diagramas das figuras
14 para parede 3, figura 15 para parede 19 e figura 16 para parede 15, onde mostram os
valores de momento fletor e força cortante devidas as ações do vento nas direções 0°, 90°,
180° e 270°.

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Figura 14: Diagramas de força cortante e Momento fletor da viga 42X da parede 3. (Fonte: Própria)

Figura 15: Diagramas de força cortante e Momento fletor da viga 24Y da parede 19. (Fonte: Própria)

Figura 16: Diagramas de força cortante e Momento fletor da viga 6Y da parede 19. (Fonte: Própria)

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Ao analisar os diagramas das figuras 14, 15 e 16, pode se observar o quanto a força de vento
influencia na estrutura tanto nas forças cortantes, quanto nos momentos fletores causados nas
vigas de interação com a alvenaria estrutural. Na viga 6Y da parede 15 representada na figura
16, para força do vento 90°, o momento fletor máximo marca 1016 KN.cm, e na vigas 42x da
figura 14 e viga 24Y da figura 15 o momento fletor aproxima de 1000 KN.cm.

Devido ao considerável valor de momento fletor e força cortante atuante nas vigas de
interação com as paredes, foi realizado um ensaio com essas mesma paredes, em combinações
de cargas verticais e horizontais, para quantificar a influência das ações do vento na estrutura.

Em cada parede serão realizadas 4 combinações de cargas verticais e horizontais,


considerando a força do vento nas 4 direções, resultando assim, em um total de 12
combinações de carga.

Nessa análise também será observado efeito arco com cargas verticais e horizontais, para
confirmar o quanto o vento interfere no arco, tanto em paredes fechadas, quanto em paredes
com aberturas de portas e janelas.

7.4.Combinações de cargas nas paredes 3, 15 e 19

As paredes 3, 15 e 19 representadas na modulação da figura 1, são divididas por barras nas


direções X e Y representadas na figura 2. Assim a parede 3 nas verificações são representadas
pelas barras 42X, 43X e 44X. A parede 15 está representada pelas barras 6Y e 7Y e a parede
19 representada pela barra 24Y.

Parede 3

Figura 17: Efeito arco na Parede 3X antes e depois da ação de vento.

19
Figura 18: Combinações de cargas com vento 0° e 270°. (Fonte: Própria)

Figura 19: Combinações de cargas com vento 90° e 180°. (Fonte: Própria)

De acordo com a análise dos diagramas das figuras 18 e 19, a combinação crítica para a viga
da barra 42Xé a Combinação 3, onde considera-se o vento (90°). O vento (90°) atua na
direção Y perpendicular a Viga 42X, e apesar de não alterar o efeito arco, conforme
observado na seção da figura 17, ele provoca acréscimo de tensões na Parede 19 e
consequentemente acréscimos dos esforços na Viga 24Y. Por mais que foi pouco perceptível
a redução do efeito arco na parede 3 devido suas aberturas de janela com a ação do vento,
houve um aumento de 9,8 % do momento fletor negativo e 2,5% no momento fletor positivo.
20
Parede 19

Figura 20: Efeito arco na parede 24Y. (Fonte: Própria)

Figura 21:Combinações de cargas com vento 0° e 270°. (Fonte: Própria)

21
Figura 22: Combinações de cargas com vento 90° e 180°. (Fonte: Própria)

Analisando os diagramas das figuras 21 e 22, a combinação crítica para a viga da barra 24Y é
a Combinação 7, onde considera-se o vento (90°). Esse vento, atua na direção Y,
perpendicular a Viga 42X. Pode se observar uma leve inclinação no arco, quando submetido a
força do vento conforme observado na seção da figura 20 e ao analisar os diagramas, foi
constatado um aumento de 13,6 % do momento fletor negativo e ao considerar o mesmo
vento na direção Y a 270° na combinação 6 houve um aumento de 12,3 % do momento fletor
positivo.

Parede 15

Figura 23: Efeito arco na parede 6Y. (Fonte: Própria)

22
Figura 24: Combinações de cargas com vento 0° e 270°. (Fonte: Própria)

Figura 25: Combinações de cargas com vento 90° e 180°. (Fonte: Própria)

De acordo com a análise dos diagramas das figuras 24 e 25, a combinação crítica para a viga
da barra 6Y é a Combinação 11, onde considera-se o vento (90°). O vento (90°) atua na
direção Y perpendicular a Viga 40X e 53X, devido ação do vento, houve um aumento de 23%
do momento fletor positivo na viga 6Y, antes da ação do vento, o momento fletor,
considerando apenas as cargas verticais, era de 4634,97 KN.cm, ao ser adicionado cargas de
vento 90°, a viga ficou sujeita a um momento fletor de 5701,85 KN.cm.
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8. CONCLUSÃO

As ações do vento provocam acréscimos nos valores dos esforços internos das vigas, que
podem ultrapassar 23 % para os momentos fletores, conforme situação observada na
combinação 11 da viga 6 em sua interação com a parede 15 do edifício estudado, além de
acréscimos nas concentrações de tensões nas paredes nas regiões próximas ao apoio. Com
isso, embora a consideração do efeito arco possibilita um dimensionamento mais econômico,
não se deve abrir mão de respeitar as prescrições normativas e a ação do vento.

Ao termino da análise deste edifício, pode se concluir que a carga tende a ir para os apoios
rígidos, que são os pilares e elementos de fundação, mesmo quando aplicadas forças
horizontais devidas à ação do vento. Em paredes com aberturas de portas e janelas há uma
leve diminuição do efeito arco, mas ele ainda é observado. Na imagem da figura 13 mostra o
comportamento das tensões no edifício todo e é perceptível tanto o efeito arco, quanto a
graduação de cargas entre os pavimentos. Essa consideração tende a aproximar os resultados
da realidade, quando realizada de forma integrada levando em conta a interação entre paredes
e vigas na estrutura tridimensionalmente, pois como verificado na parede 8 da figura 12,
adotar a totalidade da carga do edifício diretamente sobre a viga de transição é uma
consideração conservadora.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1980), NBR 6120: Cargas para


o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1988), NBR 6123: Força


devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-1: Alvenaria


Estrutural - Blocos de Concreto Parte 1: Projeto. Rio de Janeiro, 2011.

LOURENÇO, PAULO B. Dimensionamento de Alvenarias Estruturais. 1999.Relatório 99-


DEC/E-7

PARSEKIAN, Guilherme A.; HAMID, Ahmad A.; DRYSDALE, Robert G.,


Comportamento e Dimensionamento de Alvenaria Estrutural. EdufsCar, 2013.

UNICAMP, Apostila: Cálculo de edifício em alvenaria estrutural, Campinas SP


2016/2017.
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