Você está na página 1de 2

Bens imóveis x bens móveis

Imóveis – art. 79: “o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”
(Capanema: “tudo o que o homem incorporar permanentemente ao solo, como os
edifícios e construções”);

Bens móveis – art. 82 CC – bens suscetíveis de remoção por força alheia sem alteração
da substância ou da destinação econômico-social

Art. 2036 CC – prédio urbano (L. 8245/91)

Art. 565 – Locação de coisas: cede o uso e gozo de coisa não fungível

Art. 566, CC

I – estado de servir ao uso a que se destina

II – garantir o uso pacífico da coisa

Refutações por meio de comparações:

1. Se é bem imóvel, logo incide a L. 8245/91 (despejo, direito de preferência)

Não necessariamente, já que o próprio art. 1º da Lei de Locações prevê exceções a


essa regra, como por exemplo no art. 1º, p. ú., “a”, “2”, as “vagas autônomas de
garagem ou de espaços para estacionamento de veículos” – não se submete à lei de
locações, mas é bem imóvel, tanto que é considerada pela própria L. 8245 como uma
exceção à sua incidência;

Segundo, porque os boxes não são prédios urbanos (art. 2036 CC). Ainda que sejam
espaços alugados a terceiros, o viés dinâmico da atividade desenvolvida é muito maior
do que o viés de permanência das construções imóveis (casa, por exemplo). A
necessidade do mercado ou do cliente pode implicar modificação das demarcações
das divisórias, deslocamento de boxes (drywall) etc.; art. 82, CC – posso remover uma
divisória por força alheia sem alteração da destinação econômico-social;

2. O fato de o self storage fechar em determinado horário da noite e somente


reabrir no dia seguinte pela manhã seria um elemento que descaracterizaria a
locação já que impediria o livre acesso do locatário ao box ou então a
presença de câmeras de segurança, portaria e cartões de acesso
Não necessariamente, já que diversos prédios comerciais fecham à noite e reabrem
pela manhã e nem por isso dizemos que esses contratos das salas comerciais não são
de contratos de locação.

Fechar à noite ou não é uma opção atrelada à segurança das grandes cidades. É
inerente à atividade locatícia. O próprio art. 566, II, CC prevê que incumbe ao locador
“garantir o uso pacífico da coisa” pelo locatário. Ao instituir essas medidas, o locador
está conferindo efetividade ao art. 566, II, CC.

3. Adequação à figura do contrato de depósito voluntário (art. 627, CC)

A tentativa de sempre reconduzir as inovações tecnológicas a figuras jurídicas já


conhecidas é um fenômeno que pode representar um retrocesso social, porque
impede o desenvolvimento da sociedade. É preciso analisar em detalhes a atividades.

O art. 629 CC prevê que “o depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da


coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem
como a restituí-la com todos os frutos e acrescidos”. O que nitidamente não se aplica
ao caso.

É um contrato atípico.

4. Comunicação propagandística por panfleto – guarda móveis

O art. 429, CC prevê que “a oferta ao público equivale a proposta quando encerra os
requisitos essenciais ao contrato”. Naturalmente que simplesmente nominar de
“guarda móveis” ou mencionar a existência de um “seguro feito por terceiros” não
preenche os requisitos do contrato, já que não possui preço, tamanho do espaço,
garantias etc.

Ademais, o “dolus bonus” é admitido no ordenamento jurídico, que consiste no


exagero da propaganda, sem a intenção de iludir ou viciar o consentimento (“dolus
malus”). Tampouco é propaganda enganosa do art. 37, CDC.

Você também pode gostar