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Gabinete do Conselheiro Francisco Potiguar C.

Júnior

PROCESSO Nº: 012934/2011 - TC 2ª CÂMARA


JURISDICIONADO: INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS - IPEM
ASSUNTO: CONTRATO (EM ATENDIMENTO A DILIGÊNCIA DO
PROCESSO Nº 701463/2010)
RESPONSÁVEL: JOSÉ RUFINO JUNIOR
RELATOR: FRANCISCO POTIGUAR CAVALCANTI JUNIOR

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.


RECURSOS REPASSADOS MEDIANTE CONVÊNIO COM
ÓRGÃO FEDERAL. PAGAMENTOS REALIZADOS
UNICAMENTE COM RECURSOS FEDERAIS.
RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA DO TCE /RN
PARA ANÁLISE DAS DESPESAS. COMPETÊNCIA DO
TCU, COM FUNDAMENTO NO ART. 71, VI DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ART. 5º, VII DA LEI Nº
8.443/92. APLICAÇÃO DA SÚMULA 208/STJ.

RELATÓRIO

O presente processo diz respeito a análise de procedimento


licitatório realizado pelo Instituto de Pesos e Medidas do Rio Grande do Norte –
IPEM, que teve como objeto a contratação de empresa especializada para
execução e reestruturação do arquivo geral da referida entidade.

Na Informação nº 129/2013-DAI, o corpo técnico da Diretoria da


Administração Indireta – DAI, ao verificar que o recurso utilizado para a
cobertura da referida despesa teve origem federal, sugeriu o encaminhamento
dos autos ao órgão de origem, tendo em vista a incompetência desta Corte de
Contas para análise da matéria.

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Gabinete do Conselheiro Francisco Potiguar C. Júnior

Encaminhados os autos ao Ministério Público Especial, a


Procuradora Luciana Ribeiro Campos, mediante Quota Ministerial nº 44/2014,
fls. 194, requereu o apensamento do presente feito ao processo que lhe deu
origem (processo de nº 701463/2010), já que neste último foi determinado ao
IPEM o envio do certame licitatório ora sob análise.

Na sequencia, verifiquei que o processo nº 701463/2010


encontrava-se arquivado no Órgão de Origem, e, por isso, determinei, no prazo
de 30 (trinta) dias, o retorno do mesmo a este Tribunal de Contas, conforme
despacho de fl. 195.

Ultrapassado o prazo de 30 dias, sem que a diligência fosse


atendida, os autos retornaram ao Ministério Público Especial para se
pronunciar acerca da necessidade do processo requerido ser remetido a esta
Corte, já que foi encaminhado ao órgão de origem em razão da incompetência
deste Tribunal de Contas em julgar matéria que o recurso empregado seja de
origem federal, e/ou pronunciar conclusivamente acerca da matéria.

Em Parecer nº 66/2018 (fls. 201/203), o Parquet de Contas opinou


que fosse declarada a competência do Tribunal de Contas da União para a
análise da legalidade do feito, com a consequente remessa do processo ao
referido Órgão Federal.

É o que importa relatar.

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VOTO

Após a instrução do presente feito, observa-se que o corpo técnico


da Diretoria de Administração Indireta e o Ministério Público Especial
concluíram que o pagamento da despesa realizada para a execução e
reestruturação do arquivo geral do Instituto de Pesos e Medidas do Rio Grande
do Norte – IPEM ocorreu com recursos públicos federais.

Ressalta-se, ainda, que o referido contrato teve origem a partir de


uma diligência do processo nº 701463/2010, processo esse que foi arquivado e
devolvido a origem tendo em vista a incompetência desta Corte de Contas para
analisar e julgar a matéria, conforme consulta no sistema de acompanhamento
processual.

Cumpre ressaltar, conforme apontado pelo Corpo Instrutivo e pelo


Parquet Especial, que os recursos empregados na despesa em epígrafe são de
origem exclusivamente federais, sendo competência do Tribunal de Contas da
União a sua fiscalização no tocante a aplicação, tendo-se em vista a previsão
inserta no art. 71, inciso VI da Constituição Federal 1, e ainda, o art. 5º, VII da
Lei nº 8.443/92, ao tratar da jurisdição sobre as pessoas e matérias sujeitas à
sua competência.

Como bem pontuou o Ministério Público Especial no seu Parecer


de nº 66/2018, os documentos constantes nos autos apontam que a despesa
foi custeada por meio da fonte 281, concernente a recursos federais.

1 Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete: [...] VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer
recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município.
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Nesse cenário, para pacificar o entendimento jurisprudencial


acerca da Competência do Tribunal de Contas da União para analisar os
recursos transferidos ao erário municipal por força de convênios firmados com
a União, fora editada a Súmula 208/STJ, cujo enunciado transcrevo:

"Compete a Justiça federal processar e julgar


prefeito municipal por desvio de verba sujeita à
prestação de contas perante órgão federal".
(Enunciado nº 208/STJ)

Assim, tratando-se de verba de origem federal, inconteste a


competência do Tribunal de Contas da União – TCU, para a análise das
despesas relativas ao contrato em epígrafe, com fundamento no art. 71, VI da
Constituição Federal, c/c o art. 5º, VII da Lei nº 8.443/92, e, por analogia, a
Súmula 208 do STJ.

CONCLUSÃO

Face ao exposto, em consonância com a Informação do Corpo


Instrutivo e com o Parecer do Ministério Público Especial, nos termos do art.
71, VI da Constituição Federal, c/c o art. 5º, VII da Lei nº 8.443/92, e, por
analogia, com a Súmula 208/STJ, VOTO no sentido de declarar a
incompetência desta Corte de Contas para análise do processo em epígrafe, e
pela sua devolução ao órgão de origem para que seja remetido ao Tribunal de
Contas da União – TCU.

Sala das Sessões,

FRANCISCO POTIGUAR CAVALCANTI JUNIOR


Conselheiro Relator
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