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RESUMAO N2 - POLITICA EXTERNA DAS GRANDES NACOES

INGLATERRA

-principais características que formam a política externa da Inglaterra: a política do equilíbrio de


poder, a importância do parlamento na condução da política e a projeção do poder naval como
instrumento de política externa.
-Winston Churchill, por exemplo, observou que “por quatrocentos anos a política externa da
Inglaterra tem sido de se opor ao mais forte, mais agressivo, mais dominador Poder no Continente.
-Apesar de episódios pontuais nos quais a Inglaterra parece se afastar de sua tradicional atuação
e de sua trajetória ascendente ou descendente, o Foreign Office nunca abandonou uma grande
estratégia que é coerente com sua atuação tradicional.
- historicamente, as grandes potências, dentro de sistemas internacionais estruturados
hierarquicamente, posicionam-se para defender um equilíbrio que garanta sua segurança e o
poder de defender seus interesses. Os principais instrumentos para preservação dos sistemas
foram as alianças e as guerras. Ambas usadas também por Estados que pretenderam subverter o
status quo.
-O equilíbrio de poder é uma política especialmente adequada a uma potência insular que goza
de um certo afastamento das rivalidades continentais, e tem sido a política tradicional da Grã-
Bretanha, como apontado por Wight.
-Será visto que foi adotada uma política para o continente europeu que atuou em duas vertentes
– prevenir a unificação europeia sob a égide de qualquer poder hegemônico e a anexação, no
continente, apenas de territórios estratégicos. Em suma, uma política ativa, mas distante, como
classificada por Otte.
-Será analisada a influência do parlamentarismo na formulação da política externa da Inglaterra,
assim como a importância desta constante no processo decisório e as implicações estratégicas
da democracia na ilha. Nesse sentido, será analisado como a política externa é construída e
executada dentro de uma estrutura parlamentarista, na qual o processo decisório é democrático
e intensamente permeável à opinião pública.
-A projeção de poder naval tem sido parte integrante da política externa da Inglaterra por séculos.

-preponderância do poder naval e seu uso para projetar o poder britânico, econômico ou militar,
flanqueado por uma infantaria pequena, mas altamente móbil e bem treinada.

-No início do século XIX, a França avançava rapidamente na marcha pelo controle total do
continente e de suas colônias. Foi neste contexto que a Inglaterra apresentou a maturidade de
suas orientações de política externa. A política de equilíbrio de poder foi adotada por Pitt e
Castlereagh, o poder naval tornou-se essencial para a sobrevivência inglesa e o parlamento
revelou-se como o verdadeiro formulador da política externa.

-A política inglesa baseou-se em uma recusa em aceitar qualquer arranjo europeu que
legitimasse a França como poder hegemônico no continente, mesmo à custa de uma guerra total
que impôs grande pressão em seus recursos econômicos, quadruplicou sua dívida nacional e
prejudicou de maneira desastrosa seu comércio.

-Castlereagh entendeu que a política de equilíbrio de poder da Inglaterra deveria ser não apenas
ad hoc, mas permanente e em concerto com as outras potências europeias.

-A política de equilíbrio de poder, apesar de aparentemente impossibilitada pela Guerra Fria,


seguiu como orientação perene da política externa inglesa. Após a dissolução de seu império
colonial, a Inglaterra concentrou-se em fortalecer o special relationship com os Estados Unidos e
aparentemente abandonar sua tradicional política de equilíbrio de poder. O sistema bipolar
estabelecido reservava um papel periférico aos demais atores, mesmo às potências europeias. O
período Labour, entretanto, compreende o fim do sistema da Guerra Fria. Novos atores
ascenderam ao cerne do sistema, como a União Europeia e a China, enquanto a Rússia buscava
um novo lugar no sistema. Assim, novas brechas surgiram para que Blair retornasse à antiga
política de equilíbrio de poder. Com o objetivo de contrabalançar a aliança franco-germânica –
cerne da União Europeia, a Inglaterra fortaleceu sua parceria com os Estados Unidos. Entretanto,
manteve uma política ativa na União Europeia.

-Serão analisadas a adoção pela Inglaterra de uma política de intenso intervencionismo, como na
invasão do Iraque, a instrumentalização do poder naval para apoiar esta política e as novas
características do parlamentarismo britânico.
-Elementos que condicionaram a atuação da ilha no sistema internacional – a percepção de qual
papel a Inglaterra deveria ter nas relações internacionais (política de equilíbrio de poder), de como
esse papel deveria ser formulado (parlamentarismo) e de quais instrumentos utilizar para articular
as aspirações da Inglaterra (projeção do poder naval).
-O advento do governo New Labour parecia apontar para uma mudança fundamental na política
externa da Inglaterra. A proposta de proporcionar uma “dimensão ética” para as relações
internacionais e a doutrina de liberal interventionism sugeriram um novo arcabouço teórico como
base para a atuação internacional da ilha. As diversas intervenções podem ser consideradas um
novo fator na política externa inglesa. Não há dúvida de que as mudanças advindas do 11 de
setembro apresentaram à Inglaterra um novo conjunto de escolhas que a levaram a assumir um
papel protagônico nas invasões do Afeganistão e do Iraque.

-Como outros governos, trabalhista ou conservador, o governo de Tony Blair atribuía grande valor
à aliança com os Estados Unidos e pretendia, por meio desta, balizar o comportamento da
principal potência do sistema. Havia, ademais, a intenção expressa de manter a Inglaterra como
“ponte” entre a Europa e os Estados Unidos, assim como de usufruir das vantagens da aliança
com os dois polos de poder.

-atuação pragmática da Inglaterra, sempre de maneira a estruturar o sistema internacional de


acordo com sua concepção de equilíbrio, mas sem deixar que concepções transcendentais
(revolucionárias, religiosas,ideológicas) ditassem a política.

FRANÇA

-Apesar de um sucesso parcial através do reconhecimento por aqueles Estados no pós 2 GM, a
França é excluída das conferências que marcaram o pós-guerra, Yalta e Postdam, e De Gaulle
demitiu-se em Janeiro de 1946. No entanto, mesmo depois da ausência provisória do General De
Gaulle, a França procurou, por um lado, desenvolver uma acção independente tentando manter
um certo equilíbrio entre as duas potências que emergiram no fim da guerra e, por outro, manter
o seu império colonial. Contudo, desde o início da IV República, estes dois objectivos ficaram
comprometidos com o início da Guerra Fria e a onda de descolonização dos ex-territórios
franceses.

-Após a adopção de uma nova Constituição em Outubro de 1946 e a eleição do primeiro


Presidente da Quarta República, Vincent Auriol em Janeiro de 1947, o General De Gaulle decidiu
criar o partido Rassemblement du Peuple Français (RPF) em Abril de 1947 como instrumento para
regressar ao poder. A fragilidade que caracterizou a Quarta República (1947-1958) impediu a
França de desenvolver uma política independente, pois o Estado sofria de uma instabilidade
ministerial crónica causada pelo sistema de escrutínio proporcional que impedia que um partido
tivesse a maioria na Assembleia e, institucionalmente, estabeleceu um processo de decisão
difuso em matéria de política externa.

-Perante essa paralisia institucional, a diplomacia francesa alinhou-se com a dos EUA, inclusive
com a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), cuja ajuda financeira através
do Plano Marshall se tornou indispensável para a reconstrução e modernização da economia.

-Ademais, o endividamento que resultou das guerras coloniais em África e na Ásia também
contribuiu para aumentar essa dependência, especialmente a Guerra na Argélia que foi longa e
desgastante.

-No sentido de compreender de que maneira a França dispõe de diversos instrumentos para
levar a cabo a sua política externa, é necessário, em primeiro lugar, compreender o
funcionamento da Quinta República resultante da Constituição de 4 de Outubro 1958. Esta
Constituição assenta nos princípios de separação e equilíbrio dos poderes e, contrariamente à
sua antecessora, conferiu um lugar privilegiado à Presidência da República no processo de
decisão da política externa, poderes que fazem desta um domaine réservé do Presidente da
República. Contudo, a primazia presidencial tem dependido, em larga medida, da personalidade
dos presidentes que se sucederam.

-Apesar de a descolonização ter ocorrido até 1962 e a economia francesa ter-se aberto à Europa,
os laços com as antigas colónias mantiveram-se, nomeadamente em termos culturais e
linguísticos, devido à diplomacia cultural promovida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e
ao movimento da Francofonia, apoio importante da diplomacia bilateral, mas que se
multilateralizou a partir dos anos 1960.

-França ganhou um assento no conselho de segurança, e se tornou também uma


potência nuclear, integrando assim «um clube exclusivo» que lhe permitiu ser encarado
como um «actor sério» no plano diplomático durante a Guerra Fria.

-O desejo de Gaulle de afirmar a independência da França levou ao desenvolvimento de uma


política de defesa forte assente na força nacional de dissuasão e numa doutrina estratégica que
se caracterizou por uma dimensão anti-americana, anti-hegemónica, cuja origem não era
ideológica, mas sim derivada de uma avaliação clássica das relações de poder

-Relativamente à construção europeia, o General De Gaulle propôs o lançamento de uma Europa


autónoma no domínio político e militar (plano Fouchet I, 1961) e a resistência dos seus parceiros
europeus causou um endurecimento da sua posição, reafirmando o carácter intergovernamental
da construção europeia e o afastamento da OTAN, mas os dois planos foram rejeitados pelo
Benelux que reivindicava a adesão do Reino Unido.

-A verdade é que, no segundo mandato de Mitterrand, a França reconheceu a sua


incapacidade em manter um impacto mundial por e para ela mesma, e rompeu a ligação
entre a sua independência e a sua influência. Para poder levar a cabo a sua política de
forma independente, a França procurou desenvolver uma terceira via (nem capitalista,
nem co- munista), mas o desaparecimento da URSS tornou caduca essa estratégia. O
desenvolvimento de uma Europa forte já não aparecia como uma terceira opção, mas
como uma forma de fortalecer diplomaticamente a França num mundo multipolar.

-No desenvolvimento deste capítulo foi assim possível constatar que os princípios de base
lançados pelo General De Gaulle – a busca de um estatuto de grande potência, a garantia dos
seus interesses nacionais, a preservação de valores fundamentais como a sua independência
nacional e a defesa do seu território – mantiveram-se ao longo das décadas seguintes mas
tiveram de adaptar-se às grandes mudanças geradas pelo fim da bipolaridade.

-imos igualmente que, pelas disposições constitucionais da Quinta República e uma certa
«dependência do caminho», a continuidade dos principais eixos da política externa francesa foi
mais forte que as mudanças, mesmo se essas não podem ser ignoradas e decorrem em grande
parte das mudanças no sistema internacional e nas regiões com as quais a França tem
tradicionalmente exercido a sua influência. Além disso, devemos ainda referir uma evidência: a
multiplicação da concorrência e das ameaças que afectam os interesses franceses e o facto de
esta continuar a preconizar uma política externa uni- versal. Por outras palavras, considerando
que os recursos nacionais não são ilimitados, poderemos igualmente concluir que a participação
no projecto de integração europeu tem evoluído de forma estratégica mas sempre prioritária, pois
a França acredita que uma Europa forte poderá contribuir para um melhor equilíbrio mundial e
uma acção mais ambiciosa da França.

ALEMANHA

-Na condição de ator do cenário internacional, a Alemanha depara-se com cinco diferentes linhas
de ação, que variam conforme ela atue como Estado isolado ou como Parte de uma concepção
comunitária. A escala abrange os seguintes níveis: atuação como entidade nacional autônoma;
atuação com base no apoio da União Européia (EU) ou de outros Estados; atuação com base na
seleção de compromissos; atuação coordenada e harmonizada; e opção por uma atuação
coletiva no âmbito da Comunidade Européia (CE) ou da União Européia (EU).

-A reunificação implicou sobretudo a seguinte modificação geopolítica: da posição marginal que


ocupou durante o período da Guerra Fria a Alemanha recobrou sua posição central tradicional na
Europa, com uma importante diferença com relação a períodos anteriores: a de que os sistemas
de integração e de aliança ocidentais continuam a ser determinantes.

-Segundo as possibilidades de ação geopolítica, podem-se consubstanciar as seguintes linhas


de ação e as opções delas resultantes:

-1Política para a Europa oriental (ostpolitik). A Europa Oriental deve ser apontada em primeiro
lugar na agenda, uma vez que é dessa região que surgirão as maiores imponderabilidades e
inseguranças, que seriam percebidas como ameaças. Estar voltada para a Europa Oriental
significa apoiar a transição da ditadura socialista para estruturas politicamente livres, para o
liberalismo econômico e a reestruturação da região da Europa Centro-Oriental.

-2 Política para a Europa Ocidental. Na Europa Ocidental da União Européia (UE) deverá ocorrer o
aprofundamento, a ampliação, e democratização e a concretização do Tratado de Maastricht, isto
é, a admissão de outros membros implicará a necessária reestruturação dos órgãos políticos da
União Européia

-3 parceria transatlantica. Deve-se buscar um entendimento com os Estados Unidos com relação
à futura estrutura do sistema de segurança comum, incluindo a Europa Oriental. A área de
atuação da política de segurança requer novos conceitos básicos para a solução de crises como
as ocorridas na Europa Oriental (ex-Repúblicas soviéticas e Iugoslávia).

-4 a participação alemã no âmbito da ONU. A discussão sobre a política interna alemã gira em
torno da participação de capacetes azuis no âmbito da ONU. A Constituição tem sido sempre
utilizada como argumento em favor e contra um maior engajamento em ações de caráter militar.
Até o momento, a política do Governo alemão com relação à ONU apresentou características de
estreita coordenação, tendo demonstrado até mesmo uma atuação comunitária integrada.

-O objetivo da Política Externa alemã era – como estabeleceu a Carta para a Unidade Alemã de
1970 – “o de atingir e manter um estado de paz na Europa, no qual o povo alemão pudesse
recuperar sua unidade na autodeterminação”. Para os próximos anos, o objetivo da Política
Externa alemã deveria denominar-se “dedicação a um estado de liberdade na Europa, no qual a
Alemanha tem aliados na Europa Ocidental e parceiros na Europa Oriental”.

-A escolha desse papel significa, em primeiro lugar, a continuidade de ambos objetivos básicos
da Alemanha em sua História, que são a integração com a Europa Ocidental nos anos cinqüenta
e a abertura para a Europa Oriental nos anos setenta sob as novas condições surgidas a partir da
reunificação nos anos noventa. Desse modo, a relação entre a Política Externa e a política interna
permanece válida, isto é, a combinação entre a democracia e a economia social de mercado com
a orientação para o Ocidente.

-Germany has been (among others) a key player in the process of deepening and widening the
European Union (EU) and the North Atlantic Treaty Organisation (NATO). It has promoted major
regulation in the field of arms control, non-proliferation and international criminal law, that is, the
CFE treaty, the deepening and extension of the NPT (Non-Proliferation Treaty) and the creation of
the International Criminal Court. Thus, Germany has come close to resembling a civilian power – a
state that is willing to take the initiative and influence international politics through strategies that
include (among others) the monopolisation of force within systems of collective security (such as
the UN), the preference for non- violent resolution of disputes and the strengthening of the rule of
law.

-The ideal-type civilian power role concept starts with the assumption that interdependence
between states as well as between states and societies has left foreign policy-makers incapable
of achieving ‘power and plenty’ through unilateral means.

-Princípios da política externa alemã pós-reunificação (construtivista, querendo re-socialização):

1-Constrangimento do uso da força em conflitos internacionais, dentro e fora dos


estados

2-Fortalecimento do império da Lei no Sistema internacional

3-Promoção de formas participativas de decisão

4-Gestão de conflitos de forma não violenta

5-Promoção do desenvolvimento sustentável e equidade social

6-Interdependência entre os estados

-post-unification Germany stuck to its treasured ‘policy of active integration and broad
international cooperation’, which included the proclivity to act multilaterally and the willingness to
seize autonomy.

Alemanha tem baseado sua estratégia de fortalecimento em temas de defesa a partir de


uma solução coletiva. A participação na OTAN tem sido um ponto basilar.

-Disposição em atuar; Disposição em abdicar de soberania; Disposição em aceitar


perdas momentâneas para ganhos futuros

-O objetivo primordial da política externa alemã é a preservação da paz e da segurança


no mundo. Disso faz parte a ampla integração nas estruturas da cooperação multilateral.
O que significa, termos concretos, uma estreita parceria com a França no âmbito da
União Europeia (EU), a consolidação dos vínculos com a Organização do Tratado do
Atlântico Norte, a defesa do direito de existência de Israel, a participação ativa e o
engajamento nas Nações Unidas (ONU) e no Conselho da Europa, bem como o
fortalecimento da arquitetura de segurança da Europa no âmbito da OSCE.

JAPAO

-Esta pujança económica não teve o seu correspondente crescimento a nível político e
diplomático.

-Japão viu-se limitado por uma Constituição imposta pelos EUA, vencedores da Guerra do
Pacifico, na qual renuncia a guerra como direito de uma nação.
-Embora mantenha forcas armadas, chamadas de Forças de Autodefesa, o Japão mantém-se convictamente
uma nação que abraçou o pacifismo, orgulhando-se da sua postura pacifista.
-No final do séc. XX, porém, a nação nipónica começou a abandonar progressivamente esta
postura pacifista, verificando-se atualmente uma clara intenção do Primeiro- Ministro Shinzo Abe
procurar uma maior intervenção na cena internacional, a que se acrescenta um maior
investimento no sector da Defesa e um aprofundamento da cooperação a nível militar, sobretudo
com os EUA, tendo assumido claramente uma controversa proposta de alteração do art.o 9.o da
Constituição.
-Apesar da forte influência cultural chinesa, o Japão sempre evitou tornar-se um vassalo da
China, tendo inclusive apoiado reinos coreanos em luta contra a influência chinesa na península
coreana. Apesar de tudo, a proximidade entre Japão e China tornava-os em fortes parceiros
comerciais, sendo que o primeiro nunca procurou contrariar a hegemonia cultural e geográfica do
segundo.
-No início do séc. XIX, porém, o Japão começou a ser assediado pelas potências ocidentais para
celebrar acordos comerciais e se abrir ao exterior. Ao contrário dos namban que chegaram ao
Japão a partir do séc. XVI, os novos visitantes estavam apoiados por uma tecnologia mais
avançada, da qual tencionavam fazer uso, se necessário, como haviam feito à China durante as
Guerras do Ópio (1839-42 e 1856-60).
-Deste modo, em 1854, perante o poderio de uma esquadra americana comandada pelo
Comodoro Perry, o Japão viu-se obrigado a assinar um acordo comercial com os EUA. A este,
seguiram-se outros acordos com outras potências ocidentais pelo livre acesso ao mercado
japonês, os quais, fruto da política imperial ocidental do séc. XIX, impunham condições que eram
inaceitáveis para os japoneses, nomeadamente, a exclusão dos estrangeiros que vivessem no
Japão da jurisdição japonesa.
-A maior consequência desta “invasão” estrangeira foi a crença dos japoneses na ineficácia do
Shogunato, vendo na restauração dos poderes do Imperador a melhor forma de proteger o
Japão. Assim, em Janeiro de 1868, foi abolido o Shogunato, assistindo-se ao regresso do poder
político ao Imperador. Começava o período conhecido como Restauração Meiji.

-O novo regime não tinha ilusões quanto à impossibilidade de conter o poderio das potências ocidentais,
compreendendo que a melhor atitude seria promover a modernização do Japão, para o que contratou vários
conselheiros estrangeiros para realizar as reformas necessárias, sobretudo nas Forças Armadas. Este período
foi marcado por um forte nacionalismo
-À medida que o Japão se modernizava, procurou ser reconhecido como um par perante as potências
ocidentais, suprimindo os tratados comerciais desiguais que se vira obrigado a aceitar.
-O Japão, posteriormente, entraria na I Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, se bem que os ganhos que
esperava obter da sua intervenção não tenham sido obtidos. Apesar de conseguirem obter vitórias
militares, os japoneses sentiam que as potências ocidentais os privavam dos frutos das mesmas,
porque, justamente, ainda não viam os japoneses como seus iguais.
-Esta situação contribuiu para o surgimento de um nacionalismo que teve como principal
consequência um descrédito pela democracia, com o progressivo afastamento dos civis do
Estado, e o fortalecimento do poder dos militares.

-A ocupação americana, dirigida pelo General Douglas MacArthur, duraria sete longos anos
(1945-51), durante a qual o Japão passaria por um conjunto de reformas políticas, sociais e
económicas. A nova Constituição (1946), embora aprovada pelo Parlamento Japonês (Kokkai) era
obra das autoridades da ocupação.

-em 1951, foi assinado um Tratado de Segurança entre os EUA e o Japão, o qual assegurava
indefinidamente a presença de tropas americanas no território japonês, além de impedir o Japão
de ceder bases ou direito de passagem a quaisquer forças militares de países terceiros sem o
consentimento dos EUA.

-Apesar de, desde então, ter colocado a Defesa do território japonês em grande dependência da
boa vontade americana, este tratado deu ao Japão uma maior segurança, o que lhe tem
permitido, desde então, gastar não mais de 1% do PIB na Defesa, sendo que a média, na maior
parte dos países, ronda os 6/7%
-Durante este período, Shigeru Yoshida, primeiro-ministro japonês (1946-47 e 1948-54) formulou
a mais importante concessão que passará a orientar a política externa e de segurança do Japão
do pós-guerra. Conhecida justamente como “Doutrina Yoshida”, propunha que o Japão
concentrasse todo o seu vigor no desenvolvimento económico, com um perfil discreto nos
assuntos político estratégicos, passando a segurança e defesa do país aos EUA.
-Maio de 1957, o Conselho Nacional de Defesa do Japão adotou a Política Fundamental de
Defesa Nacional, a qual tem sido a pedra basilar da política externa e de segurança japonesas
até os dias de hoje. (- apoio às Nações Unidas, promovendo a colaboração internacional;

- estabilizar o nível de vida da população, promovendo o patriotismo, estabelecendo as bases
para a segurança nacional; - construir a defesa nacional dentro dos limites necessários à
autodefesa; - lidar com agressões exteriores através dos acordos de defesa celebrados com os
EUA, com a intervenção das Nações Unidas.

-- doutrina Fukuda – exposta pelo primeiro-ministro japonês Tadeo Fukuda, em 1977, onde o
Japão procurará a cooperação com os países da Ásia, baseando-se em três premissas: Rejeição
do estatuto de potência militar; Construção de uma relação de mútua confiança; Cooperação na
perspetiva de parcerias igualitárias.
-Em suma, a aliança com os EUA não impediu o Japão de estabelecer relações distintas e
autónomas com os outros países, baseadas fundamentalmente na interdependência económica.
Para um país que se encontrava a caminho de se tornar a segunda economia mundial, era
importante a estabilidade no Sudeste Asiático, e não podendo fazer uso do poderio militar, ao
contrário do período anterior à II Guerra, esta política, que teve entre outras consequências,
criação de fortes laços económicos com a URSS e a República Popular da China, revelou-se
acertada.
-a política externa do Japão tem recorrido ao isolamento como forma de lidar com o que é percepcionado
como ameaça externa. Porém, o Japão é uma nação sempre disposta a aprender com o exterior e sabe quando
deve ceder perante este.

-Desde a Restauração Meiji que a principal preocupação da política externa japonesa tem sido assegurar o
acesso a recursos naturais, indispensáveis ao seu crescimento económico.
-Se é certo que o Japão conseguiu um lugar no topo da economia mundial, não é menos verdade que tem
falhado em capitalizar este enorme sucesso económico em termos políticos. Como consequência do artigo 9
da constituição, entre outras restrições, o Japão não pode enviar tropas para zonas de guerra em território
estrangeiro, proteger comboios de navios aliados em alto mar ou providenciar apoio logístico integrado no
uso da força por parte do exército de outro país.
-Deste modo, embora desde o final da Guerra Fria o Japão tenha marcado presença em missões de paz
internacional, a sua presença tem-se limitado geralmente, a pessoal não combatente, devido aos limites
constitucionais e ao ceticismo da opinião pública japonesa na utilidade do poder militar estrategicamente
ofensivo.

-A política externa japonesa tem sido categorizada como de “diplomacia de cheque”, tendo o Japão se
tornado num dos maiores contribuintes líquidos das Nações Unidas, um dos principais impulsionadores da
cooperação económica internacional e um dos mais influentes membros do GATT, FMI e OCDE.
-O fim da União Soviética eliminou uma ameaça comum aos EUA e ao Japão, isto numa altura em que nem a
China nem a Coreia do Norte se afiguravam como ameaças à estabilidade na região. Por outro lado, a Guerra
do Golfo (1990-91) viu o Japão a ser altamente criticado pelo não envio de contingentes militares num
conflito que era do seu interesse ter uma rápida resolução, isto apesar de uma grande parte dos custos da
guerra terem sido suportados pelo Japão. Pela primeira vez, colocou-se a questão de saber se a doutrina
Yoshida era suficiente para salvaguardar os interesses do Japão.
-Assim, desde os anos 90, além da maior participação das Forças de Autodefesa em operações de
manutenção da paz, o Japão tem procurado a conquista de um lugar permanente no Conselho de Segurança
da ONU, alegando, entre outras razões, o facto de ser o maior contribuinte líquido desta organização a seguir
aos EUA, tendo, no entanto, esbarrado na oposição da China.
-Abe, que aumentou igualmente o orçamento da Defesa e tem-se declarado um forte apoiante da
aliança com os EUA, tem sido descrito pelos seus críticos, sobretudo a China e a Coreia do Sul,
como um nacionalista e um “falcão” que busca o expansionismo militar e que tenta apagar o
passado imperial do Japão.
-Para o Japão, a aliança com os EUA é essencial. Não só pelo poderio do seu aliado, capaz de
ombrear com as ameaças da China e da Coreia do Norte, como igualmente pela forma como
tranquiliza os países da região, ao verem o tigre asiático controlado. Porém, não é suficiente.
-Os líderes japoneses devem mostrar que estamos a assistir ao ressurgimento, não do Império do
Sol Nascente, mas de uma nação que decidiu tomar o seu lugar na manutenção do delicado
equilíbrio regional do Sudeste Asiático, e que não age unilateralmente, mas no quadro de uma
aliança com os EUA e na cooperação com outros países do Sudeste Asiático.
-após o 11 de setembro de 2001 começaram a exigir do país uma postura mais pró-ativa no Sistema
Internacional, engajando-se no combate ao terrorismo.
-A diplomacia japonesa defendia, desde o final da Segunda Guerra Mundial, os quatro princípios
da Doutrina Yoshida: o minimalismo político, abdicando da participação japonesa na elaboração
de políticas de segurança, o economicismo, que pregava o crescimento econômico como
principal objetivo de política externa, o uso do bilateralismo nas relações internacionais,
colocando como prioridade a aliança político-securitária com os Estados Unidos e, por último, a
participação do país nos organismos multilaterais, em especial a Organização das Nações Unidas
(ONU), de modo a melhorar a imagem externa do país. Acompanhada dessa postura de low-
profile em assuntos internacionais, a diplomacia japonesa também envolveu a abdicação do uso
da força militar externa, condição imposta pelos Estados Unidos ao fim do conflito.
-Japão estruturou seu crescimento econômico através de uma política externa de bilateralidade com os
Estados Unidos, tanto comercial quanto em investimentos.
- Os princípios da doutrinaFukuda, preconizavam uma participação do país a favor do
desenvolvimento regional, tanto no Leste (em especial com a China, após a normalização das
relações diplomáticas em 1972) como no Sudeste, com as economias do bloco da ASEAN. Além
disso, indicava que o Japão deveria trabalhar para o estabelecimento de laços de confiança com
essas nações, de modo a superar o ônus do passado histórico de imperialismo nipônico na
região, estimulando a paz e a prosperidade.
-Vale apontar que a Doutrina Fukuda não era uma forma de oposição à Doutrina Yoshida, dado
que a política externa japonesa continuou mantendo o relacionamento com os Estados Unidos
como pedra angular. Mesmo assim, guiado pelo objetivo de tornar-se um líder proeminente na
região, o Japão destinou 90% de sua ajuda externa ao continente asiático, estabelecendo laços
de interdependência econômica com estes países, mas abdicando do tratamento de assuntos
políticos e militares.
-constata-se que a política externa japonesa no século XXI realizou um resgate à Doutrina Fukuda,
discursando a favor da promoção do Japão como líder regional, mas acompanhado de uma revisão dos
relacionamentos políticos com os países asiáticos.
-Entretanto, observando o histórico da política externa desde 2001, pode-se observar que,
independente dos partidos, o Japão anda, de fato, rumo a um novo projeto diplomático, através
do desejo compartilhado entre os partidos políticos de revisar as medidas restritivas às suas
forças armadas e aprimorar o seu papel no tratamento dos assuntos securitários internacionais,
mas, sobretudo, por observar que o seu futuro está inevitavelmente ligado à Ásia. Independente
das escolhas realizadas pelos partidos no alinhamento político japonês e no tratamento das
questões securitárias, todos os governos defenderam uma participação econômica ampliada no
Leste e Sudeste Asiático, maior do que a sua atuação em outras esferas internacionais.

INDIA

-PE esforço de se consolidar como ator regional e internacional.

-Desde a independência, o país enfrenta dificuldades e desafios em seus ambientes interno e


externo para manter sua segurança e estabilidade,

-ao mesmo tempo assegurar condições para crescimento sustentável, para governabilidade e
continuidade do regime democrático, que tem caracterizado seu sistema político, e para sua
inserção regional e internacional como potência emergente.

-diversidade étnica, religiosa, cultural e linguística.

-foram breves os períodos em que o território indiano esteve integrado a um projeto comum,
subordinado ao mesmo poder central. Viveu na maior parte do tempo fragmentado politicamente
e dividido por religiões.

-colonizada pela Inglaterra, e se torna a mais importante colônia para a metrópole inglesa.

-Indianos enfrentaram graves problemas durante o período da dominação inglesa, dentre os


quais, os constantes abusos e humilhações a que as autoridades britânicas os submetiam.

-A independência só viria mais tarde, em 1947, e por ela os indianos pagariam um preço elevado

-Jawaharlal Nehru, com Gandhi como inspirador, defendia uma Índia independente, acima da
separação religiosa, mas a Liga Muçulmana, comandada por Mohammed Ali Jina, desejava um
Estado muçulmano independente, a mesma ideia de Londres.

-No fim, os ingleses optaram por partilhar o território em o Paquistão Oeste (o atual Paquistão, ou
“terra dos puros”) e o Paquistão Leste (hoje Bangladesh). E, entre os dois, o território indiano.

-Índia sofreu um duro golpe com a fragmentação do seu território, que também provocou
hostilidades entre duas grandes religiões: a muçulmana e a hindu. Como resultado, o país
enfrentou um longo período de tensões e conflitos, que permanecem até hoje como um desafio
para a estabilidade da região Sul da Ásia.

-A Índia, “maior democracia do mundo”, chama atenção dos observadores em virtude de sua
vasta base participativa. Para os historiadores, as origens da democracia indiana esta- riam
fortemente relacionadas à ascensão do anticolonialismo de massas.

-“A democracia chegou à Índia disfarçada de nacionalismo, com privilégios universais do


principal e mais legítimo dos instrumentos através dos quais a vontade da nação deveria ser
expressa de forma correta”

-O primeiro governante foi Jawahalal Nehru (1947- 1964), que, com sua visão planificadora da
economia e do Estado, fundou as bases industriais do país e preparou-o para o salto realizado
durante o governo de sua filha, Indira Gandhi (1966-1984). O acesso da Índia à condição de
potência nuclear, a revolução verde, que representou a autonomia alimentar do país e a redução
dos índices de analfabetismo e da mortalidade infantil foram alguns dos êxitos do governo Indira.

-Por fim, com base nas informações elencadas até aqui, é possível perceber que a Índia, apesar
de apresentar sérios problemas estruturais – como a pobreza extrema e a má distribuição de
renda –, possui um sistema político sólido e grandes possibilidades de crescimento. De fato, as
recentes pesquisas apontam que o país está se sobressaindo entre as demais economias
mundiais, assumindo o status de uma potência emergente, que, como tal, almeja uma posição de
destaque no cenário internacional.

-Além disso, o país tornou-se autossuficiente em produção agrícola, e possui hoje uma das
maiores equipes de técnicos e engenheiros do mundo, sobretudo nas áreas de software,
biotecnologia e energia nuclear

-mais da metade da força de trabalho esteja concentrada na agricultura, o setor de serviços


corresponde à principal fonte de crescimento econômico, respondendo por mais da metade da
produção da Índia, com apenas um terço de sua força de trabalho.

-O destaque da Índia na exportação de serviços é fruto do expressivo desenvolvimento do setor


de software, que se atribui, principalmente, à existência, no país, de mão de obra barata com
formação técnica voltada para a produção de softwares de baixo custo. Com isso, o governo
indiano tem investido fortemente no que o país tem a oferecer de melhor no momento, sua mão
de obra qualificada, a competência na área de tecnologia e a proficiência na língua inglesa, com
o objetivo de se tornar um grande exportador de serviços de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC)

-Nesse contexto, o fator decisivo para afirmação da Índia como um grande pólo de poder
regional, quiçá mundial, centra-se na capacidade de superação dos seus desafios internos, e
para isso o país conta com os dois pilares de sua economia: o capital humano e a tecnologia.
Visto que os recursos e vantagens que a Índia possui hoje, no que concerne a esses elementos,
não podem ser considerados de caráter permanente; para que a Índia venha explorar plenamente
as oportunidades oferecidas pela globalização econômica, deve se concentrar nos investimentos
em capital humano e na construção de capacidades

-Só mais tarde o país iria “aparecer” para o mundo, impulsionado por dois vetores: o
desenvolvimento econômico, com inserção internacional marcada pela abertura do seu mercado,
e o novo status nuclear.

-A Índia seguiu, no pós-independência, uma estratégia política e econômica fundada nos


princípios da autonomia e do não-alinhamento internacional. Com objetivos claramente
nacionalistas, Nehru adaptou os ensinamentos, o idealismo e o nacionalismo não-violento de
Gandhi e construiu a inserção da Índia no novo contexto internacional

-Durante a Guerra Fria, sob a liderança de Nehru, o Estado indiano combateu ferrenhamente o
colonialismo e o imperialismo, e promoveu a base desenvolvimentista do país inspirada no
modelo soviético, investindo pesadamente na conquista de autonomia tecnológica em setores
considerados fundamentais para sua produção agrícola e para sua indústria militar

-Nehru empenhou-se em buscar um papel ativo e independente para o país nas relações
internacionais, utilizando como ferramenta um discurso pautado em princípios morais e
idealistas; e articulou sua política em torno de objetivos cooperativos, orquestrando e pleiteando
uma política externa alicerçada na perspectiva do neutralismo, a partir do Movimento dos Países
Não-Alinhados.

-A tensão na Caxemira acaba servindo de justificativa para que Índia e Paquistão militarizem suas
fronteiras. Investindo pesado em armamento.

-Em virtude ao ambiente estratégico regional hostil 9em especial pelo fato dos EUA terem se
aproximado da China), a Índia, em 1971, aliou-se (econômica, estratégica e comercialmente) à
União Soviética, sinalizando que a posição indiana de não-alinhamento estava perdendo força.

-Assim, as relações entre os EUA e a Índia ficaram ainda mais delicadas. Durante a Guerra fria, o
relacionamento entre os dois países foi marcado por desconfianças mútuas.

-O imenso atraso na economia indiana acabou projetando no exterior a imagem de um país com
grande desigualdade social e econômica.

-Nehru procurou claramente encaminhar o país para a obtenção do papel de liderança no


sistema internacional, com uma atitude de autoconfiança, exibindo uma imagem cosmopolita,
sendo por isso muito respeitado pelos países em desenvolvimento

-Observa-se, nessa constatação, que a intenção clara da Índia era a prática de uma política de
Soft Power, fundamentada na perspectiva de se tornar um líder regional, de ser reconhecida
enquanto potência.

-Esse protagonismo, almejado pela Índia, era evidente tanto no âmbito comercial, quanto no de
segurança. Inclusive, é dentro da lógica de segurança que o país funda uma estratégia mais
realista, voltada à promoção dos interesses nacionais, estratégia essa estimulada pelo crescente
clima de tensão na região

-Variação na política externa indiana, que no pós-Guerra Fria ganharia contornos mais
pragmáticos, baseado num caráter defensivo da segurança nacional, voltado para a busca dos
meios mais eficazes para a preservação e conservação da unidade política, a partir do acréscimo
de poder militar, que, por sua vez, se justificaria em decorrência da situação anárquica
internacional e do ambiente de insegurança com seus vizinhos (bomba nuclear)

-No pós guerra fria, a crise interna foi o principal elemento que pressionou o governo indiano a
empregar um programa de reformas econômicas, baseado na crença de que, sem uma abertura
para a economia global, não haveria chances para a prosperidade na Índia, e com isso seria difícil
sustentar a tese do protagonismo indiano no contexto internacional.

-A estratégia econômica indiana não se apoiava no “poder da teoria econômica”, mas em uma
“teoria do poder”, na qual a base do desenvolvi- mento do país estava subordinada aos
imperativos da consolidação do poder, da pacificação interna e da transformação social, cujo
objetivo último era projetar a imagem de um Estado forte e de uma democracia sólida.

-Neste ensejo, em meio a tantos problemas, a Índia precisou buscar uma relação menos
conflituosa com os Estados Unidos, mas ainda mantendo o entendimento de que a hegemonia
da única superpotência deveria ser contrabalanceada. Essa aproximação entre os dois países
resultou da liberalização econômica da Índia e das mudanças nas políticas migratórias dos EUA,
o que acabou gerando um fortalecimento da colônia de imigrantes de origem indiana no estado
norte-americano

-o novo governo indiano orienta sua política externa como instrumento de desenvolvimento
nacional, cujo interesse permanece assentado na sua busca por autonomia e pela vontade de se
tornar uma potência com influência no sistema internacional

-Sob a liderança do Partido Nacionalista Hindu (BJP), o país engendrou um programa de


nuclearização. Nota-se mais uma vez que a política externa indiana era condicionada, acima de
tudo, pela conjuntura interna, mas que agora era praticada em termos de Hard Power, ou seja,
era uma “síntese do realismo político”.

-Nesta esteira, o que de fato é evidente dentro da lógica indiana é a visão de que a segurança
seria um derivativo do poder, e, como tal, significava um mecanismo eficiente para contra-
balancear os poderes das outras Potências Mundiais.

-Vale ressaltar, que a aproximação entre EUA e India não significa que Nova Delhi tenha
abandonado sua autonomia em política externa. Pelo contrário, o governo indiano foi contrário à
invasão do Iraque, e as relações da Índia com Rússia e China tornaram-se crescentemente mais
cordiais

-Digno de nota são as relações da Índia com a União Europeia, que constitui seu principal
parceiro comercial.

-Embora a diplomacia indiana tenha, ao longo do tempo, privilegiado a ação bilateral, Nova Deli
tem logrado situar a Índia no centro da comunidade internacional, aderindo progressivamente ao
paradigma do multilateralismo

-Importante destacar que essa tendência ao multilateralismo se deu em virtude do contexto do


pós-Guerra Fria e do próprio crescimento da China, que impulsionaram o governo indiano a
desenhar parte de sua política externa por meio de uma estratégia “Look east” (olhe para o
Leste), concebida com o objetivo de ganhar o acesso aos mercados e capitais dos estados do
Leste Asiático e como meio de combater o crescimento político e militar chinês na região.

-Neste sentido, o principal propósito da presente atuação indiana nos fóruns multilaterais, em
nome da defesa dos interesses dos países não desenvolvidos, é balancear os seus recursos e
capacidades limitadas por meio da valorização da ação coletiva com países, a fim de que
algumas de suas metas de poder sejam alcançadas.

-Diplomacia indiana voltada para a busca de múltiplos objetivos, que direta ou indiretamente
corroboram para seu desejo mais importante: ser reconhecida como uma potência mundial.

-Neste cenário, destacamos que os ensinamentos de Gandhi e o legado político de Nehru


criaram os pilares da política externa da Índia, que desde o início da sua vida republicana,
empenhou-se em preservar uma política autônoma e em articular a união entre países em
desenvolvimento.

-De fato, até hoje a ênfase no desenvolvimento e na autonomia de posições nos cenários
regionais e internacionais continuam sendo a base da diplomacia indiana. Contudo, mesmo
apresentando essa linearidade em sua política externa, não podemos deixar de considerar que
especialmente no pós - Guerra Fria, a política externa indiana tem ganhado contornos cada vez
mais assertivos e pragmáticos, em defesa de sua segurança militar e econômica, com prioridade
para seus interesses na área energética.

-É nesse contexto que se encaixam as relações mais próximas com os EUA, a China, a União
Européia, a América Latina e especialmente a África. O abandono do seu isolacionismo prova
como o país tem buscado meios para desenvolver o setor econômico e militar, com o propósito
de garantir as condições necessárias para a sua estabilidade política e social.

-Uma leitura possível é de que a diplomacia da Índia está voltada para múltiplos objetivos, quais
sejam: a busca de prestígio (meta que se associa à busca pela modernização econômica) a
relações mais amistosas com os EUA e ao reforço das relações bilaterais com as potências
asiáticas e a União Europeia; a solução do litígio com o Paquistão; a consolidação da influência
regional, mediante a política denominada “look east”; a segurança nacional; e por último a
preservação da liderança, encabeça- da por Nehru, entre os países em desenvolvimento.

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