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Universidade Anhembi Morumbi

Relações Internacionais
Política Externa contemporânea do Brasil
Docente: Eucineia de Castro
Aluna: Tatiane Anju Watanabe, 20865496

Policy Paper:
Governo Lula e o combate à fome

São Paulo
5 de abril de 2019
Introdução

O objetivo deste policy paper foi apresentar a política externa brasileira no


governo Lula, no que concerne o combate à fome. Será observado se as políticas internas
implementadas afetaram as políticas externas e como isso foi percebido
internacionalmente.

O governo Lula e o combate à fome

Desde a criação das principais Organizações Internacionais do mundo, a fome foi


um problema colocado em discussão para que houvesse a criação de estratégias e planos
para a sua erradicação. Com a criação da ONU, foi criada a FAO (Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que trabalha na erradicação da fome
e da insegurança alimentar, e é constituída por 191 países-membros, mais a comunidade
europeia, dando ainda mais destaque a este problema, onde todos esses países se
comprometeram a combatê-lo (ONUBR, 2019).
No ano 2000, durante a cúpula do milênio das Nações Unidas, foi criada a
Declaração do Milênio das Nações Unidas, que continham oito objetivos, sendo o
primeiro a erradicação da pobreza extrema e da fome; e os outros sete sendo: alcançar o
ensino primário universal, promover a igualdade de gênero e o empoderamento das
mulheres, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o
HIV/AIDS, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental, e por fim,
criar uma parceria mundial para o desenvolvimento (ODM BRASIL, 2019).
No governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, suas políticas domésticas
refletiam na externa, e se voltaram para as questões sociais. O combate à fome foi
principal tema de sua política social no Brasil, como pode ser visto no seu discurso em
2003, ao abrir a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde o ex-presidente buscou
ampliar seu projeto para uma escala global (BBC BRASIL, 2003):
"Precisamos nos engajar na única guerra da qual sairemos todos vencedores: a
guerra contra a fome e a miséria (...). Nada é tão inaceitável quanto a persistência
da fome no século 21, idade de ouro da ciência e da tecnologia."
Havia uma consonância do discurso brasileiro a nível internacional, que
argumentava na necessidade de uma ação coletiva global para o combate à fome e a

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miséria; e as políticas implantadas internamente, como o fome zero e o programa da bolsa
família (PAPI, MEDEIROS, 2015).
Durante o governo Lula (2003-2010), as políticas de combate à fome e à pobreza
se institucionalizaram em nível ministerial, sendo criado o Ministério do
desenvolvimento social e combate à fome em 2004, com cinco secretarias: da segurança
alimentar, assistência social, bolsa-família, gestão da informação e avaliação e articulação
política (ATHIAS, 2004).
Um dos principais objetivos expostos pelo governo Lula foi acabar com fome e a
miséria, onde para atingir esse objetivo, aplicou programas sociais como o fome zero, um
programa que buscou acabar com a fome no brasil através de uma série de políticas
públicas, desde formas de organização por bairro, a assentamentos agrários e restaurantes
populares, bancos de alimentos, transferências condicionadas à frequência escolar.
(TOMAZINI, SILVA LEITE, 2016).
Quando o programa fome zero foi lançado em 2003, um grande alvoroço em
fóruns internacionais foi criado, onde instituições financeiras como o Fundo Monetário
Internacional, o Banco Mundial e o Banco Interamericano se prontificaram para endossar
as ações de combate a fome do governo Lula (TOMAZINI, SILVA LEITE, 2016). O
sucesso do programa fome zero, foi reconhecido pela FAO em 2013, onde um relatório
mostrou que o Brasil conseguiu reduzir a extrema pobreza em 75% entre 2001 a 2012, e
cita o programa como uma das razões para esse progresso (PARAGUASSU, 2014). Em
2014, o Brasil, segundo a FAO, que divulga periodicamente o Mapa da Fome, indicando
os países que possuem mais de 5% da população ingerindo menos calorias que o
recomendável, saiu do mapa, indicando o avanço do Brasil na questão (FAO notícias,
2014).
A partir de 2003, o governo Brasileiro, com o êxito do seu programa de
alimentação escolar (PNAE), que oferece alimentação escolar e ações de educação
alimentar e nutricional a estudantes de educação básica pública, buscou através da
cooperação sul-sul, desenvolver programas semelhantes em países da América Latina,
Caribe, África e Ásia (LIMA PEIXINHO, 2013). Vale lembrar que, segundo a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), uma das
estratégias para o combate à fome é investir na agricultura familiar, então é preciso levar
em conta a lei n. 11.947 de 16 de junho de 2009, onde foi determinado que no mínimo
30% do valor repassado a estados, municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o PNAE, deveria ser utilizado na compra de

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gêneros alimentícios da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural (FNDE,
2019). É possível, portanto, observar por meio da cooperação técnica que o Brasil prestou
a vários países em desenvolvimento, que o governo Lula buscou projetar-se
internacionalmente através de políticas nacionais que já estavam implantadas no país, e
que tinham reconhecimento internacional, como o bolsa família, o fome zero, que
também foram utilizada na política externa brasileira como forma de projetar-se,
prestando ajuda técnica a outros países.

Considerações finais

É observado que o ex-presidente Lula colocou o tema da fome em enfoque no seu


governo, implementando políticas públicas internamente, e com isso, se projetando
internacionalmente e aumentando sua influência através da cooperação sul-sul. Sua
política externa então, baseou-se na interna a medida que ganhava reconhecimento
internacional pelo sucesso delas no Brasil. Mas vale lembrar que por mais que o país
tenha saído do mapa da fome, ainda há um longo caminho a ser traçado para que haja
segurança alimentar para todos os brasileiros, e que, como o ex-presidente Lula disse,
“um país onde as mães possam oferecer 3 refeições por dia para seus filhos”.

Referências bibliográficas

ATHIAS, Gabriela. Lula intervém na equipe de patrus. Folha de São Paulo.


Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0502200403.htm> Acesso
em: 05.04.2019
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Disponívelem:<https://www.bbc.com/portuguese/noticias/story/2003/09/030923_lulaon
ums.shtm> Acesso em: 08.03.2019
FAO. Brasil desapareceu do mapa da fome como resultado da decisão
política. Disponível em: <http://www.fao.org/americas/noticias/ver/pt/c/260599/>
Acesso em: 05.04.2019
FNDE. Fundo nacional de desenvolvimento da educação. Programa nacional de
alimentação escolar. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/programas/pnae/pnae-
eixos-de-atuacao/pnae-agricultura-familiar> Acesso em: 06.04.2019

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LIMA PEIXINHO, Albaneide Maria. A trajetória do Programa Nacional de
Alimentação Escolar no período de 2003-2010: relato do gestor nacional. Ciênc.
Saúde coletiva vol.18 no.4 Rio de Janeiro Apr. 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013000400002>
Acesso em: 05.04.2019
FAO NOTICIAS. Brasil desapareceu do mapa da fome como resultado da
decisão política. Disponível em:
<http://www.fao.org/americas/noticias/ver/pt/c/260599/> Acesso em: 05.04.2019
OMD BRASIL. Os objetivos de desenvolvimento do milênio. Disponível em:
<http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio> Acesso
em: 08.03.2019
ONUBR. Fao, organização das nações unidas para a alimentação e
agricultura. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/agencia/fao/> Acesso em:
05.04.2019
PAPI, Luciana Pazini; MEDEIROS, Klei. A agenda social na política externa
do governo Lula: os casos da cooperação internacional prestada pelo MDS e pela
ABC. Porto Alegre, Revista Conjuntura Austral, 2015. Disponível em:
<https://seer.ufrgs.br/index.php/ConjunturaAustral/article/view/54317> Acesso em:
05.04.2019
PARAGUASSU, Lisandra. Brasil reduz a pobreza extrema em 75% entre
2001 e 2012, diz FAO. Disponível em:
<https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-reduz-a-pobreza-extrema-em-75-
entre-2001-e-2012-diz-fao,1560931> Acesso em: 05.04.2019

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