Você está na página 1de 7

1.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do concreto, nas últimas décadas, não foi apenas com relação
aos componentes da mistura, mas envolveu todos os processos que pudessem interferir
na qualidade, no custo da obra e nos cuidados com o meio ambiente.
A cofragem não ficou fora desta evolução. Sem o seu avanço, a alta velocidade
das obras, permitida por concretos mais resistentes e menos deformáveis, estaria
totalmente comprometida.
A necessidade sempre faz surgirem novas boas soluções. No caso da cofragem, a
preocupação com o meio ambiente, a quantidade de reaproveitamentos, a qualidade no
acabamento do concreto, a praticidade na hora de montar e desmontar, são alguns dos
fatores que impulsionaram o setor.

2. DEFINIÇÃO

A cofragem, eventualmente e em outros países também chamada molde ou fôrma,


é um elemento constructivo utilizado para que materiais como o betão armado adquiram
a forma desejada em uma determinada estrutura ou construção. A execução de
estruturas de concreto armado exige a sua confecção com dimensões internas
exatamente iguais às das peças da estrutura projetada.
Elas devem apresentar resistência suficiente para suportar cargas provenientes de
seu prórpio peso, do peso e empuxo lateral do concreto, do adensamento, do trânsito de
pessoas e equipamentos; rigidez suficiente para manter as dimensões e formas previstas
no projeto estrutural. Sua estabilidade deve ser garantida utilizando-se suportes e
contraventamentos.
Apesar das metodologias e conceitos, a grande responsabilidade cabe ao
projetista, que irá assegurar se as cofragens são adequadas. Uma análise minunciosa
deve ser realizada em cada obra para determinação das ações que serão aplicadas no
processo, seleção e escolhas adequadas dos materiais utilizados, garantindo a resistência
para sustentar todo o carregamento. Sendo assim, elas devem ser objeto de um estudo
específico. Este estudo deve englobar duas etapas: a definição do sistema de formas a
ser utilizado e a execução do projeto das mesmas.
A execução do projeto de cada cofragem cabe aos empreiteiros. Porém, cada
sistema terá processos diferentes de cosntrução. Sua definição se dá a partir de critérios
como necessidade, disponibilidade e orçamento. Os sistemas de cofragem podem ser
esquematizados como mostra a Figura 1.
Figura 1. Esquema para classificaçãodos tipos decofragens.

3. TIPOS DE COFRAGEM

3.1 COFRAGENS RECUPERÁVEIS

As cofragens recuperáveis constituem o grupo maior de sistemas de cofragens,


uma vez que permitem rentabilizar melhor o investimento feito na sua aquisição e no
fabrico. Compreendem as tradicionais (em madeira), as tradicionais melhoradas (através
da introdução da normalização e de novos materiais), as racionalizadas (ou modulares) e
as especiais (mais indicadas para estruturas especiais).

3.1.1 COFRAGENS TRADICIONAIS

As cofragens tradicionais podem ser utilizadas para a execução de qualquer


elemento de betão armado, nomeadamente lajes, vigas, pilares, escadas, muros e
paredes e sapata. A madeira é ainda o material mais utilizado nas cofragens tradicionais.
A escolha da madeira para este tipode cofragem se deve pelo fato de que é
ummaterial abundante na natureza, estando desde logo praticamente apta a ser utilizada.
É um material com resistência significativa e leve, o que facilita o seu transporte, corte,
ligação e movimentação na obra.
Quando usada adequadamente, a madeira permite a obtenção de boas superfícies
de acabamento, ainda sendo um material relativamente barato, mesmo tendo em conta a
mão-de-obra subsequente. Além disso é passível de ser transformado industrialmente
em outros materiais para cofragens (aglomerado de madeira e contraplacado marítimo)
e grante um bom isolamento térmico ao betão fresco.
Apesar dos pontos a favor, o pequeno número de reutilizações e a forte incidência
da mão-de-obra tem feito com que a madeira perca terreno em relação a outros
materiais, especialmente ao nível dos elementos de suporte dos painéis de cofragem.
Pela sua fácil utilização e relativo baixo custo, o prumo tubular metálico é já muitas
vezes conjugado com as cofragens tradicionais.
3.1.2 COFRAGENS TRADICIONAIS MELHORADAS

As cofragens semi-racionalizadas ou tradicionais melhoradas surgem como uma


resposta à necessidade de modificar o processo de cofragem e descofragem no sentido
de o tomar mais fácil e rápido de executar. A evolução dos sistemas de cofragens levou
à modulação dos seus componentes, para alcançar uma maior produtividade. Este
sistema introduziu alguns elementos de natureza diferente dos que são utilizados nos
sistemas tradicionais, tais como:
 Prumos metálicos ajustáveis em altura e vigas metálicas extensíveis em
substituição de prumos e de vigas de madeira, respectivamente;
 Painéis de cofragem - racionalização;
 Painéis reforçados e/ou de outros materiais, tais como contraplacado
plastificado e solho tosco revestido com fibra de madeira;
 Melhoria dos sistemas de fixação e contraventamento.

3.1.3 COFRAGENS RACIONALIZADAS OU MODULARES

As cofragens racionalizadas ou modulares são constituídas por elementos


normalizados, fabricados em materiais que admitem um elevado número de
reutilizações, e entre si ligados de modo a permitirem uma fácil montagem e
desmontagem. Distinguem-se das anteriores na medida em que foram concebidas
deliberadamente de forma a aumentar a sua rentabilidade, sobretudo com base numa
normalização de dimensões e processos de montagem e desmontagem.
Os materiais constituintes destas cofragens são variados. Dependem do método
construtivo, do tipo de projeto e da necessidade, tanto das obras quandto das empresas
fornecedoras. Há uma gama de soluções já existentes e ainda outras a serem
desenvolvidas. Atualmente, as correntes não se valem muito da madeira, mas sim de
tipos diferentes de metais e plásticos, entre outras variantes. Muitas vezes, encontramos
sistemas de cofragem mistos, ou seja, podemos encontrar painéis de um material e
escoramentos e outros acessórios de outro.
A vantagem das cofragens racionalizadas se dá diretamente pela versatilidade dos
materiais utilizados. Os sistemas utilizados poderão ser mais leves, tanto pelo peso
específico dos materiais quanto pela necessidade de menos material. As superfícies são
mais lisas, diminuindo a porosidade da superficie, o que traz benefícios tanto de
acabemento quanto de desempenho da peça. Estes materias têm maior durabilidade,
podendo ser reutilizados inúmeras vezes em obra, quando preservados. E, no caso de
uma boa execução do projeto, a montagem é facilitada e os resultados são satisfatórios.
As descofragens são possíveis em menor intervalo de tempo, trazendo estoques
reduzidos de cofragem, ficando os materias disponíveis mais rapidamente para o
próximo ciclo de betonagem. O trabalho poderá ser feito com mais flexibilidade - como
por exemplo, decofrando em pouco tempo no periodo em que as condições atmosféricas
não são as mais favoráveis.
Apesar disto, os diferentes materias utilizados podem acarretar também
desvantagens, como por exemplo reação do material utilizado com o cimento do betão
(no caso do alumínio), falta de aderência da superfície como betão e fragilidade (no
caso de alguns plásticos). Ainda, por serem materiais que precisam de tratamento
industrial, o custo é mais elevado que a madeira, por exemplo, o que leva a necessidade
de uma análise econômica acerca da real necessidade da solução para cada caso.
De acordo com o peso crescente das unidades elementares que constituem os
sistemas, ter-se-á as cofragens ligeiras ou desmembráveis, as semi-desmembráveis e as
pesadas ou monolíticas.

3.1.3.1 COFRAGENS LIGEIRAS OU DESMEMBRÁVEIS

As cofragens ligeiras ou desmembráveis são as que contemplam uma separação


entre os elementos de suporte e os de cofragem, sendo que estes últimos são
desmembrados em módulos. Apresenta-se, dentro dos três sistemas racionalizados,
como o mais versátil e flexível adaptando-se facilmente a várias formas geométricas.

3.1.3.3 COFRAGENS SEMI-DESMEMBRÁVEIS

As cofragens semi-desmembráveis são sistemas em que os seus elementos de


suporte e os painéis de cofragem se confundem, ou seja, os próprios painéis de
cofragem são elementos de suporte, necessitando apenas de algumas escoras função da
altura do elemento a betonar. Incluem o sistema mesa (e parede), a cofragem trepante e
a autotrepante (também designada correntemente por semi-deslizante).

3.1.3.3 COFRAGENS PESADAS OU MONOLÍTICAS

As cofragens pesadas ou monolíticas são sistemas em que os seus elementos de


suporte e os painéis de cofragem não se separam durante a montagem ou desmontagem
do sistema. Os sistemas de cofragens pesadas dividem-se em sistema túnel e cofragens
deslizantes.

3.1.4 COFRAGENS ESPECIAIS

As cofragens especiais são desenvolvidas geralmente para peças diferenciadas, ou


seja, com arquitectura rebuscada ou ainda necessidade estrutural elevada. Ainda, são
utilizadas quando há necessidade de um método construtivo diferenciado, perante a
situações não corriqueiras de engenharia.
Estas cofragens são dsenvolvidas em especial para determinadas obras, pois
geralmente as formas e necessidades envolvidas não são comuns. Os materias utilizados
podem ser diversos, dependendo do objetivo para o qual a cofragem está sendo
desenvolvida e o resultado que se espera da peça depois de pronta.
Além de diversificar os materiais, estes sistemas podem se valer de recursos extras
para seu desenvolvimento, como guindastes, gruas, macacos hidráulicos ou até outras
estruturas. Como exemplo de utilização podemos citar pontes de grande vão e
comprimento, silos, torres, barragens e estruturas de formas arquitectônica rebuscadas.
3.2 COFRAGENS PERDIDAS

As cofragens perdidas são aquelas que, após a betonagem dos elementos de betão,
ficam solidárias com os mesmos, pelo que não são reutilizadas. Elas são classificadas
em estruturais ou colaborantes e em não estruturais ou não colaborantes.
As cofragens estruturais para além de moldarem o elemento enquanto o betão está
fresco, têm uma contribuição activa para a resistência da peça após o endurecimento do
betão (tida em conta no calculo). As cofragens não estruturais têm geralmente a função
de limitar o acesso do betão fresco a determinadas zonas, garantindo assim o
aligeiramento das peças.

3.2.1 COFRAGENS ESTRUTURAIS OU COLABORANTES

As cofragens estruturais comerciais estão circunscritas às lajes, podendo ser em


betão armado ou metálicas.
As pré-lajes desempenham uma função tripla:
1. Servem de cofragem à camada de betão complementar;
2. Têm função estrutural;
3. Servem de tecto acabado.
As chapas de aço galvanizado têm funções semelhantes àspré-lajes: cofragem,
armadura e acabamento. As suas nervuras permitem aumentar a área de armadura e
aumentar a superfície de aderência.

3.2.2 COFRAGENS NÃO ESTRUTURAIS OU NÃO COLABORANTES

Estas cofragens, com a função de aligeiramento ou confinamento, são geralmente


em materiais de menor resistência que o betão estrutural como o betão leve.

4. ESTUDO DE CASOS

CASO 1: Viaduto constituído por pilares circulares com 60 cm de diâmetro e 6 m


de altura afastados de 15 m; tabuleiro constituído por duas vigas longitudinais e laje.
CASO 2: Viaduto constituído por pilares de secção rectangular com 1 x 0,6 m2
espaçados de 100 m; tabuleiro tipo viga caixão.

Em ambos os casos vemos necessária a utilização de uma cofragem não usual.


Viadutos são construídos com maior frequência em alguns lugares e menor em outros.
Porém, dificilmente ter-se-á secções e dimensões de cofragem adequadas iguais a um
projeto já executado. Como é improvável grande êxito para estas cofragens quando
feitas em madeira, pode-se fazer uso do metal, por exemplo.
No primeiro caso, o viaduto é uma estrutura grande, com maior dificuldade de
acessos pela altura e extensão. Pilares circulares necessitam de cofragem especial
circular, podendo ser usado algo projetado em metal. Dever-se-á executar em partes,
pela altura da peça em questão. Para o tabuleiro pode-se optar por uma cofragem
deslizante adaptada para a seção.
No segundo caso, menos rebuscado, as alturas são mais acessíveis, e as distâncias
menores. Para toda a estrutura pode-se prever um projeto de cofragens metálicas com
base num molde para ser repetido. Isto necessitará uma moldagem da estrutura por
partes, mas ao mesmo tempo otimizada, possibilitando reutilização do material.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho que era feito na obra, de maneira artesanal, gerando resíduos e


desperdícios de toda ordem, virou uma produção industrializada, com projetos sob
medida e redução do custo final.
Além dos métodos de trabalho, a variedade de materiais para a confecção das
cofragens também cresceu. O que era exclusividade das madeiras naturais evoluiu para
os compensados de reflorestamento e ganhou a concorrência de formas metálicas, dos
plásticos e atualmente até de plásticos reciclados.
Seja qual for o material ou o método de trabalho, um bom estudo das alternativas
é fundamental antes de comprar ou alugar um conjunto de fôrmas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.portaldoconcreto.com.br
http://dicionario.sensagent.com
http://www.ebah.com.br
http://www.estig.ipbeja.pt/~pdnl/
http://www.formasparaconcreto.com/

Você também pode gostar