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28 de Dezembro 2012

Hemeroteca digital de
Arqueologia Brasileira
Hélio Rosa de Miranda
Hemeroteca digital de
Arqueologia Brasileira
Hélio Rosa de Miranda

Orientadora:

Ângela Maria Monteiro Bettencourt


“Assumindo que o passado é uma construção do presente e
para o presente, posta a seu serviço e feita à luz de valores
contemporâneos, de modo a atender a interesses atuais, a
sua preservação, não obstante decidida com os olhos voltados
para o futuro, é derivada do presente, historicamente situada
e atende com certeza a agendas políticas contemporâneas. A
preservação arqueológica, portanto, com um pé no passado e
outro no futuro, é antes de tudo uma produção do seu próprio
tempo, com um caráter fortemente ideológico e político.

Nessa circunstância, trata-se de um domínio que hoje é


simultaneamente local e global como demonstrou Hodder. Ele
se encontra tanto a serviço das forças globalizantes, quanto
de comunidades locais que ocupam posições desvantajosas
no mundo contemporâneo, e que, ao se engajarem na defesa
do seu patrimônio, vêm ganhando visibilidade, força e
resistência.”

(Tania Andrade Lima, citando lan Hodder, 1999, p. 169-174. )


Resumo

A ideia central do trabalho é fornecer subsídios para a implantação de uma hemeroteca digital na
Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia, envolvendo as coleções de três revistas brasileiras
da área de Arqueologia publicadas pela Universidade de São Paulo e que deixaram de circular no
final dos anos 80: a Revista de Pré-História (do extinto Instituto de Pré-História, IPH/USP); a
Revista Dédalo (do antigo Museu de Arqueologia e Artes, MAA/USP) e as séries Arqueologia e
Etnologia do Museu Paulista (MP/USP). A Hemeroteca digital seria formada por artigos dessas
coleções, digitalizados conforme os padrões de qualidade e de preservação apontados pelo curso
de Bibliotecas Digitais – SIBi/USP, gerenciada pelo software DSpace, armazenada nos servidores
da Biblioteca do MAE/USP e disponibilizada gratuitamente para a comunidade científica,
contribuindo para divulgação de 25 anos de produção acadêmica vinculada a tais instituições.

Palavras-chave: Bibliotecas digitais, preservação digital, digitalização, Arqueologia Brasileira,


Etnologia, Patrimônio cultural
Abstract

The central idea of the project is to provide tools for the deployment of a digital newspaper archive
in the Library of the Museum of Archaeology and Ethnology, involving collections of three Brazilian
journals in the field of archeology published by the University of São Paulo and no longer circulate
in the late 80: the Revista de Pré-História (published by the Instituto de Pré-História, IPH / USP),
the journal Dedalo (Museu de Arqueologia e Arte, MAA / USP) and the series of Archaeology and
Ethnology Museum Paulista (MP / USP). The digital Hemeroteca was formed by articles of these
collections, digitized according to the standards of quality and preservation appointed by the
course, managed by DSpace software, stored on the servers of the Library of MAE / USP and made
freely available to the scientific community, contributing to dissemination 25 years production
linked to such academic institutions.

Keywords: digital libraries, digital preservation, digitization, scientific journals, Archaeology,


Ethnology, cultural heritage
Lista de Ilustrações

Figura 1 - Frontispício da Dédalo – Revista de Arte e Arqueologia ..................................... 11

Figura 2 - Frontispício da Revista de Pré-História ............................................................ 13

Figura 3 - Frontispício da Coleção Museu Paulista, série Arqueologia ................................ 14

Figura 4 - Capa da Coleção Museu Paulista, série Etnologia................................................ 15

Figura 5 - – Capa da Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia .................................... 18

Figura 6 - Homepage do Portal Heracles – interface Usuário ............................................ 20

Figura 7 - Interface Administrativa do Portal Heracles –................................................... 21


Lista de tabelas e quadros

Tabela 1 Relação de fascículos publicados pela Dédalo – Revista de Arte a Arqueologia ..................... 21

Tabela 2 Relação de fascículos publicados pela Revista de Pré-História ........................................... 14

Tabela 3 Relação de fascículos publicados pela Coleção Museu Paulista, série Arqueologia .................. 15

Tabela 4 Relação de fascículos publicados pela Coleção Museu Paulista, série Etnologia ...................... 16

Quadro 1 Suporte de equipamentos e softwares necessários à estruturação do Repositório .................. 19

Quadro 2 Recursos humanos necessários à estruturação do Repositório............................................. 19


Sumário

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO ESTUDO ................................................................................. 9

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 10

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 11

1.3.1 Objetivos específicos .................................................................................................. 11

a) Dédalo – Revista de Arte e Arqueologia ...................................................................... 11

b) Revista de Pré-História ........................................................................................... 13

c) Coleção Museu Paulista ............................................................................................ 14

2 - REVISÃO TEÓRICA ..................................................................................................... 17

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 18

3.1 - Política ...................................................................................................................... 18

3.2 - Planejamento estratégico ........................................................................................... 19

3.3 - Gestão .................................................................................................................... 19

3.4 - Interatividade avaliação manutenção Gestão ............................................................... 21

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 21

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 22
9

1. Introdução

O objetivo maior e mais imediato deste trabalho de conclusão é pôr em prática conceitos e
instrumentos fornecidos pelas diferentes disciplinas e atividades do Curso para subsidiar as tarefas
cotidianas da Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia, da Universidade de São Paulo, MAE/USP,
propondo a implantação de um novo serviço ao usuário : um repositório digital de artigos científicos da
área de Arqueologia, Etnologia, Museologia e Patrimônio, utilizando as coleções de três revistas
brasileiras publicadas pela Universidade de São Paulo e que deixaram de circular no final dos anos 80,
em virtude da inoperância, da desativação parcial ou completa das instituições responsáveis : a Revista
de Pré-História (do extinto Instituto de Pré-História, IPH/USP); a Revista Dédalo (do antigo Museu de
Arqueologia e Artes, MAA/USP), além da Revista do Museu Paulista e as séries Arqueologia e Etnologia
do Museu Paulista (MP/USP).

Esta Hemeroteca Digital de Arqueologia Brasileira seria constituída pela massa de artigos científicos
dessas coleções, digitalizados obedecendo os protocolos e os padrões de preservação exigidos para
garantir excelência e qualidade; gerenciada pelo software DSpace; armazenada nos servidores da
Biblioteca do MAE/USP e disponibilizada gratuitamente para a comunidade científica, contribuindo para
divulgação de 25 anos de produção acadêmica vinculada a tais instituições.

O projeto deve ainda prever capacitação da equipe de trabalho, equipamentos de digitalização, seleção
de acervo, política de armazenamento, controle de qualidade, direitos autorais, preservação digital,
além de ampla divulgação nas redes sociais especializadas e disponibilização sob demanda. Desta
forma, busca-se preencher uma lacuna na bibliografia especializada em Arqueologia brasileira, pois a
tiragem dessas séries limitava-se à permuta entre instituições conveniadas, portanto restritas às
poucas bibliotecas universitárias com programa de pós graduação em Arqueologia ou História Antiga,
no Brasil e no exterior.

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO ESTUDO

Em vista do caráter eminentemente destrutivo da pesquisa arqueológica, tudo que resta dos sítios
escavados é a “cultura material recolhida às instituições de pesquisa e a documentação produzida no
seu transcurso, o que exige que se dispense a ambas o mesmo cuidado dispensado aos sítios” (LIMA,
2011). Essa ética de conservação orienta e dá sentido às ações institucionais da Biblioteca do
MAE/USP, compromissada em proporcionar longevidade máxima aos registros arqueológicos, envolve
não apenas as evidências físicas de sistemas socioculturais extintos, mas também toda documentação
associada a elas, desde aquelas produzidas no momento do achado até as resultantes do seu estudo,
em qualquer tipo de suporte: papel, filme, fita ou meio digital.

Conforme artigo recente de FLEMING & FLORENZANO (2011), o acervo da Biblioteca do Museu de
Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP) formou-se a partir da década de 60,
quando foi criado o Museu de Arte e Arqueologia (MAA). No início da década de 1970, o MAA passou a
ser Museu de Arqueologia e Etnologia, denotando novo enfoque de seu acervo e missão. Em 1989
formou-se o novo MAE/USP, quando o Museu incorporou o Instituto de Pré-história e parte do acervo
do Museu Paulista, também desta Universidade. A Biblioteca do MAE/USP reúne, portanto, todo o
acervo bibliográfico do extinto Instituto de Pré-História (IPH/USP), além de livros e coleções de
periódicos da área de Etnologia brasileira vindos do Museu Paulista (MP/USP).

Hoje, a Biblioteca do MAE/USP soma cerca de 80.000 volumes entre livros, teses, folhetos, catálogos
de exposição, obras especiais e/ou raras e periódicos nas áreas de Arqueologia clássica, médio-oriental
e oriental, Arqueologia africana, americana e brasileira, Pré-história geral e brasileira, Numismática
clássica e bizantina, Etnologia africana, americana e brasileira, Museologia, Conservação e restauro.
Almejando consolidar a posição de centro de referência na pesquisa acadêmica em Arqueologia no
Brasil, além de constituir um dos maiores acervos especializados da América Latina, atendemos
diariamente pedidos de cópia de partes de livros, artigos de periódicos, teses e dissertações, muitos
10

dos quais através de nosso website, o que ocasionou um acúmulo de objetos digitais espalhados pelos
HDs dos equipamentos dos funcionários que atendiam prioritariamente àquele pedido, sem nenhum
tipo de controle de qualidade, duplicação ou descrição desses materiais.

Nesse contexto, a iniciativa da criação desta Hemeroteca digital de Arqueologia Brasileira deve-se
prioritariamente à necessidade de organização e gerenciamento desse amontoado de objetos digitais,
racionalizando o processo através da escolha de três dos principais periódicos nacionais da área,
publicados entre os anos de 1965 e 1990, cujo acesso é restrito à consulta local nas dependências da
Biblioteca, ou através do pedido de cópia.

1.2 JUSTIFICATIVA

Desde o final dos anos de 1990, através da contribuição de Manuel Castells à compreensão dos
fenômenos sociais do mundo contemporâneo, entendemos que “é a conexão histórica entre a base de
informação/conhecimento da economia, seu alcance global e a revolução tecnológica que cria um novo
sistema econômico distinto”. Para o autor, “as novas tecnologias da informação agem sobre os
domínios da atividade humana e possibilitam o estabelecimento de conexões infinitas entre diferentes
domínios, assim como entre os elementos e agentes de tais atividades”. Os efeitos dessas tecnologias
começaram a mudar todas as atividades dos indivíduos, indicando que a qualidade de vida do cidadão e
o sucesso profissional estão intimamente ligados aos “processos de manipulação, transmissão,
armazenamento e obtenção da informação”. Através dessa concepção, a tecnologia é entendida como
“o uso de conhecimentos científicos para se especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira
reproduzível” (CASTELLS, 2005); ou seja, cada tecnologia leva à evolução do ecossistema social,
relacional ou pedagógico no qual se insere.

Em relação a esse mundo permanentemente reconfigurado pela tecnologia, o filósofo Pierre LÉVY
(2010) ressalta que: “[...] vivemos hoje em dia uma destas épocas limítrofes na qual toda a antiga
ordem das representações e dos saberes oscila para dar lugar a imaginários, modos de conhecimento e
estilos de regulação social ainda pouco estabilizados”. Estar em sintonia com essas transformações
significa compreender a dinâmica das sociedades cujo “o mundo da tecnologia também se configura
como uma forma de inclusão social”. Nessa perspectiva, compreendemos a necessidade de todos - os
países, governos, setores educacionais, industriais e comerciais, assim como bibliotecas, arquivos,
museus – a inserirem-se na sociedade da informação como uma necessidade exigida pela
reestruturação econômica, política e social, pois o que está em jogo é a emergência de tecnologias de
base digital e sua interface com a cultura contemporânea; é a configuração da sociedade em rede que
faz emergir necessidades políticas, sociais e culturais de inclusão de grande parte da população.

Dessa forma, a Biblioteca do MAE/USP pretende desempenhar seu papel institucional na revolução
tecnológica em curso, pela aplicação dos conhecimentos e da informação gerados pelas Instituições a
que ela pertence e de que é guardiã por direito para gerar conhecimentos e dispositivos de
processamento e comunicação da informação, isto é, as tecnologias de informação e comunicação não
são entendidos como aplicativos, mas processos a serem desenvolvidos. Neste contexto, temos como
vetor a interatividade, gerando uma nova informação e abrindo janelas através das quais o pesquisador
possa pensar, decidir e produzir novos conhecimentos; assim, a informação passa a ser considerada
um processo e não apenas um elemento. No contexto global, esse cenário se manifesta sob vários
aspectos de acordo com a diversidade de culturas e instituições, proporcionando condições para a troca
de informações dentro e entre grupos de indivíduos e organizações no contexto da Internet,
promovendo a interatividade e a participação do usuário, sem perder de vista o caráter de preservação
dos documentos e dos objetos gerados pela Instituição ao longo de sua vida acadêmica.
11

OBJETIVOS

O objetivo principal e mais imediato deste trabalho de conclusão é pôr em prática conceitos e
instrumentos fornecidos pelas diferentes disciplinas e atividades do Curso para subsidiar as tarefas
cotidianas da Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia, da Universidade de São Paulo, MAE/USP,
propondo a implantação de um novo serviço ao usuário : um repositório digital de artigos científicos da
área de Arqueologia, Etnologia, Museologia e Patrimônio, utilizando as coleções de três revistas
brasileiras publicadas pela Universidade de São Paulo e que deixaram de circular no final dos anos 80,
em virtude da inoperância, da desativação parcial ou completa das instituições responsáveis : a Revista
de Pré-História (do extinto Instituto de Pré-História, IPH/USP); a Revista Dédalo (do antigo Museu de
Arqueologia e Artes, MAA/USP), além da Coleção Museu Paulista, séries Arqueologia e Etnologia do
Museu Paulista (MP/USP).

1.2.1 Objetivos específicos

a) Revista Dédalo

Publicada a partir de 1965, a Dédalo - Revista de Arte e Arqueologia era porta-voz das pesquisas do
Museu e que continuou a ser editada até 1990. Segundo o diretor responsável pela revista, o Prof.
Ulpiano Bezerra de Meneses, essa tinha como programa contribuir para suscitar, desenvolver e veicular
estudos sobre diversos domínios da Arqueologia e História da Arte em geral.

Dentro do contexto brasileiro, longe de fontes, carente de meios de


pesquisa, prejudicado pela fase incipiente e de completa desorientação
de tais disciplinas entre nós, não poderíamos pretender o grau de
originalidade e profundidade que conseguem atingir publicações
congêneres em outros países. Com isso não queremos significar que
nosso escopo é a pura vulgarização científica. Mesmo quando êsse limite
não puder ser ultrapassado – o que será, por certo, corrente – nosso
esfôrço deverá tender à transformação desta Revista, antes de mais
nada, num instrumento de pesquisa em nível universitário, instrumento
de trabalho, em suma. (Daí a freqüência com que trataremos de certos
problemas metodológicos, como bibliografia, apresentação de museus,
iniciação a áreas de pesquisa etc.). (MENESES, 1965, grifos do autor)

Fig. 1 – Frontispício da Dédalo – Revista de Arte e Arqueologia, ano 1, vol. 1, n.1, jun., 1965.
12

Ao longo, portanto, de vigorosos 25 anos de vida acadêmica, a Dédalo publicou 28 fascículos, entre os
quais um Suplemento, em 1989, somando 174 artigos ou monografias especializadas na área de
Arqueologia e afins, conforme podemos acompanhar pela tabela abaixo:

Dédalo. Revista de Arte e Arqueologia NÚM. MÊS ANO ARTIGOS PÁGINAS

1 jun. 1965 7 140

2 dez. 1965 7 148

3 jun. 1966 4 96

4 dez. 1966 3 94

5 jun. 1967 5 128

6 dez. 1967 6 126

7 jun. 1968 2 86

8 dez. 1968 7 158

9-10 jun.-dez. 1969 1 248

11-12 jun.-dez. 1970 1 252

13 jun. 1971 2 146

14 dez. 1971 2 148

15 jun. 1972 1 176

16 dez. 1972 2 184

17-18 jun.-dez. 1973 8 240

19 jun. 1974 1 128

20 dez 1974 2 126

21-22 jun.-dez. 1975 6 246

23 - 1984 24 376

24 - 1985 10 220

25 - 1987 9 224

26 - 1988 9 226

28 - 1990 10 222

27 - 1989 8 198

1 Publ. Av. 1989 38 348

TOTALIZAÇÃO 174 4684

Tabela 1 – Relação de fascículos publicados pela Dédalo – Revista de Arte a Arqueologia


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b) Revista de Pré-História

O Instituto de Pré-História da Universidade de São Paulo foi fundado em 1962, por Paulo Duarte. Desde
então, o Instituto editou publicações avulsas, com os resultados de suas pesquisas ou congressos por
ele promovidos, até estabelecer, em 1979, uma publicação regular, anual, e de caráter aberto e
eminentemente internacional, conforme as palavras do diretor Afonso de Moraes Passos :

Estabelece, agora, publicação regular, que será anual e, logo mais,


semestral. Aberta a profissionais de nossa ciência, principia com artigos
de pesquisadores nossos e mais alguns, que haviam sido anteriormente
enviados por seus autores para lançamento de revista precisamente de
Pré-História, que o responsável por essa disciplina em outra unidade
desta Universidade pretendera, em vão, editar há dois anos atrás.
Assim, há denso artigo de Mme. Emperaire, a sempre pranteada
pesquisadora de renome merecidamente internacional, que, em 1977,
infausto acidente nos roubou ao afeto e admiração. Igualmente já não
pertence ao convívio de nossa comunidade o prof. Iribarren Charlín, de
La Serena, Chile, cujo escrito aqui segue, enviado que fora, de maneira
pessoal, para aquela mesma infelizmente frustrada finalidade. A
publicação desses dois trabalhos é homenagem póstuma, que
timbramos em prestar aos dois exímios mestres. (PASSOS, 1979)

Fig. 2 – Frontispício da Revista de Pré-História, vol. 1, n. 1, ago., 1979.


14

Durante dez anos de atividades, a Revista de Pré-História publicou sete fascículos anuais, inclusive um
número avulso, referente às atas da Semana de Estudos sobre Pré-História e Arqueologia, São Paulo,
1983, e ao Seminaire sur les Structures d'Habitat, Circulation et Echanges, Paris, 1982.

Revista de Pré-História VOL. ANO ARTIGOS PÁGINAS

1 1979 7 156

2 1980 3 98

3 1981 3 166

4 1982 5 216

5 1983 7 184

6 1984 54 478

7 1989 13 210

TOTALIZAÇÃO 92 1508

Tabela 2 - Relação de fascículos publicados pela Revista de Pré-História (1975-1989)

c) Coleção Museu Paulista

A Coleção Museu Paulista iniciou-se em 1974, sob direção do professor Antonio Rocha Penteado dentro
de uma linha inovadora instituída pela Direção do Museu Paulista da Universidade de São Paulo,
contava até então com os volumes 1 e 2 da Série de História e o volume 1 da Série de Etnologia. Com
a publicação da monografia de Luciana Pallestrini, surgiu a oportunidade de se abrir a Série de
Arqueologia da referida Coleção.

Fig. 3 – Frontispício da Coleção Museu Paulista, série Arqueologia, vol. 1, 1975.


15

Conforme as palavras do diretor, a obra de Luciana Pallestrini foi especialmente selecionada para
inaugurar a nova série da Coleção, como homenagem ao trabalho da autora, além do caráter regional
da publicação, preenchendo uma lacuna na bibliografia especializada em Arqueologia brasileira:

A escolha desta pesquisa para inaugurar a Série de Arqueologia da


Coleção Museu Paulista, também não foi ocasional, mas deve ser
interpretada como uma homenagem do Museu Paulista a uma
pesquisadora eficaz, que vem desenvolvendo o máximo de seus
esforços em prol da Arqueologia no Brasil, como muito bem comprovam
os numerosos trabalhos que já publicou, os discípulos que vem
orientando e formando, assim como a firme direção que imprime ao
Setor de Arqueologia do Museu Paulista da Universidade de São Paulo.
(PENTEADO, 1975)

Publicada anualmente entre os anos de 1975 a 1983, a série Arqueologia reúne sete fascículos
destinados a divulgar pesquisas, teses e dissertações defendidas na área de Arqueologia do MP/USP.

Coleção Museu Paulista, série Arqueologia VOL. ANO PÁGINAS

1 1975 156

2 1976 143

3 1977 166

4 1977 145

5 1977 169

6 1980 478

7 1983 212

TOTALIZAÇÃO 7 1469

Tabela 3 - Relação de fascículos publicados pela Coleção Museu Paulista, série Arqueologia

A Série de Etnologia circulou entre os anos 1975 a 1985, da monografia de Luciana Pallestrini, surgiu a
oportunidade de se abrir a Série de Arqueologia da referida Coleção.

Fig. 4 – Capa da Coleção Museu Paulista, série Etnologia, vol. 1, n. 1, 1975.


16

Ao longo da série, foram 7 publicações anuais especializadas em Antropologia e Etnologia brasileiras:

Coleção Museu Paulista, série Etnologia VOL. ANO PÁGINAS

1 1975 156

2 1976 295

3 1977 267

4 1981 269

5 1985 335

6 1980 478

7 1983 212

TOTALIZAÇÃO 2012

Tabela 4 - Relação de fascículos publicados pela Coleção Museu Paulista, série Etnologia
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2 - REVISÃO TEÓRICA

No intrincado processo histórico das tecnologias e a sua influência na sociedade, CASTELLS (2005)
relembra “[...] a habilidade ou inabilidade das sociedades dominarem a tecnologia e, em especial,
aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada período histórico [...]”, bem como o
uso que as sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.
Assim, concordamos com o autor ao considerar que “as pessoas moldam a tecnologia para adaptá-la a
suas necessidades”. A comunicação mediada por computadores não substitui os diferentes meios de
comunicação nem cria novas redes, mas pode reforçar os padrões sociais existentes; o impacto cultural
mais importante das tecnologias de informação e comunicação pode ser o reforço potencial das
desigualdades com o risco de perpetuar redes sociais culturalmente dominantes.

Em relação a esse mundo dinâmico e constantemente reconfigurado pela tecnologia digital, LÉVY
(2010) ressalta que: “[...] vivemos hoje em dia uma destas épocas limítrofes na qual toda a antiga
ordem das representações e dos saberes oscila para dar lugar a imaginários, modos de conhecimento e
estilos de regulação social ainda pouco estabilizados”. Estar em sintonia com essas transformações
significa compreender a dinâmica das sociedades cujo “o mundo da tecnologia também se configura
como uma forma de inclusão social”. Nessa perspectiva, compreendemos a necessidade de todos - os
países, governos, setores educacionais, industriais e comerciais, assim como bibliotecas, arquivos,
museus – a inserirem-se na sociedade da informação como uma necessidade exigida pela
reestruturação econômica, política e social, pois o que está em jogo é a emergência de tecnologias de
base digital e sua interface com a cultura contemporânea; é a configuração da sociedade em rede que
faz emergir necessidades políticas, sociais e culturais de inclusão de grande parte da população.

Dessa forma, a Biblioteca do MAE/USP pensa cumprir seu papel institucional na revolução tecnológica
em curso pela aplicação dos conhecimentos e da informação para gerar conhecimentos e dispositivos
de processamento e comunicação da informação, isto é, as tecnologias de informação e comunicação
não são aplicativos, mas processos a serem desenvolvidos. Neste contexto, temos como vetor a
interatividade, gerando uma nova informação e abrindo janelas através das quais o homem pode
pensar, decidir e produzir dentro do sistema de produção. Assim, a informação passa a ser considerada
um processo e não apenas um elemento. Esse cenário se manifesta sob vários formatos de acordo com
a diversidade de culturas e instituições, proporcionando o estabelecimento de condições para a troca de
informações dentro e entre grupos de indivíduos e organizações no contexto de da Internet,
promovendo a interatividade.

Essa ética de conservação orienta e dá sentido às ações institucionais da Biblioteca do MAE/USP,


compromissada em proporcionar longevidade máxima aos registros arqueológicos, envolve não apenas
as evidências físicas de sistemas socioculturais extintos, mas também toda documentação associada a
elas, desde aquelas produzidas no momento do achado até as resultantes do seu estudo, em qualquer
tipo de suporte: papel, filme, fita ou meio digital. Em vista do caráter destrutivo da pesquisa
arqueológica, tudo que resta dos sítios escavados é a “cultura material recolhida às instituições de
pesquisa e a documentação produzida no seu transcurso, o que exige que se dispense a ambas o
mesmo cuidado dispensado aos sítios”. (LIMA, 2011)

O aspecto da revolução das tecnologias de informação e comunicação e o processo de globalização, por


sua vez, objetiva tornar patente o processo atual de transformação tecnológica, que se expande
exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos
mediante linguagem digital, na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, trabalhada e
disseminada. Estamos nos envolvendo cada vez mais nas facetas dessas tecnologias que vêm
revolucionando a nossa forma de pensar e agir (CASTELLS, 2005).

Conforme a professora Tania Andrade LIMA (2011) ressalta no artigo que apresenta o dossiê sobre o
patrimônio arqueológico da Revista do Patrimônio do IPHAN, é um princípio cardeal o fato de que bens
arqueológicos e toda a informação a eles relacionada não podem ser dissociados, existindo um elo
crucial entre as evidências e os dados sobre sua procedência, meios de obtenção, critérios utilizados
para seu registro, classificação e conservação, o tratamento analítico que lhes foi dispensado e sua
interpretação final, compondo uma cadeia de informações que lhes confere sentido.
18

A dificuldade de gerenciamento e manutenção desses acervos documentais no Brasil vem resultando na


perda dessas informações e, por conseguinte, em sérios danos ao patrimônio arqueológico nacional. Ao
reduzi-lo a materiais descontextualizados em museus e instituições de pesquisa porquanto dissociados
da sua respectiva documentação, inviabiliza a produção de conhecimento sobre os sistemas
socioculturais que o produziram.

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Da mesma forma que os demais serviços e produtos oferecidos pela Biblioteca do Museu de
Arqueologia e Etnologia a seus usuários locais e remotos, a Hemeroteca Digital deve proporcionar
acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera
um maior intercâmbio global de conhecimento, pois acreditamos que tal acesso está diretamente
associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor, conforme o Public Knowledge
Project.

Pretendemos assegurar a participação da comunidade acadêmica divulgando por todos os meios


possíveis de comunicação o oferecimento de mais um produto/serviço a toda a comunidade científica
que atendemos, utilizando mala direta, redes sociais, website, flyers. O marketing mais eficaz que
conhecemos, no entanto, é aquele feito pelo própria comunidade universitária, quando efetivamente
atendida de modo rápido, simples e de excelente qualidade.

Consideramos fundamental a avaliação periódica e a criação de indicadores de desempenho de todos os


serviços e produtos oferecidos pela Biblioteca à comunidade na qual se insere, através de enquetes e
de pesquisas de opinião, através de mensagens de confirmação de recebimento de anexos, através de
nosso website, no canal específico de críticas e sugestões.

3.1 – Política

Paralelamente ao projeto de implantação da Hemeroteca digital de Arqueologia Brasileira, estamos


trabalhando para inserir a Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, série anual corrente desde
1991, no protocolo OJS da Universidade, pois o direito autoral nas publicações online do sistema de
Acesso Aberto tornou-se questão central no cenário acadêmico, respeitando todos os direitos de
propriedade intelectual sobre o conhecimento produzido pelo autor, mas respeitando principalmente o
investimento público empregado para a produção aquele conhecimento.

Fig. 5 – Capa da Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, n. 1, 1991, publicada após a


fusão institucional que deu origem ao atual MAE/USP.
19

3.2 – Planejamento estratégico

3.2.1 - Infraestrutura

EQUIPAMENTOS SOFTWARES

1 Servidor (IBM Power AIX) Captura e digitalização : Adobe Acrobat 7.0

3 Estações de trabalho (Infoway Itautec ST3447, Reconhecimento óptico de caracteres : Readiris 14


HD 500 GB, processador i5)

3 Scanners HP 5590 C Sistema operacional : Linux (Kurumim rede)

Fluxo de trabalho : Workflow

Armazenamento e gerenciamento de arquivos : DSpace

Website : HTML, PHP, MySQL, Java

Quadro 1 – Suporte de equipamentos e softwares necessários à estruturação do Repositório

3.2.2 – Recursos Humanos

EQUIPES COMPETÊNCIAS

2 bibliotecários cabe a função de estruturação do projeto, definição das políticas de preservação, gerenciamento,
manutenção e implantação do repositório, bem como os metadados de descrição e a catalogação
dos objetos, utilizando o protocolo DCMI

2 técnicos de responsáveis pela implementação dessa política, pelo atendimento ao público, pelo controle de
biblioteca qualidade dos objetos digitais, pela estruturação física dos equipamentos e dos softwares, pelo
gerenciamento dos fluxos e das rotinas de captura – digitalização – armazenamento –
gerenciamento – descrição dos objetos;

3 estagiários aos estagiários cabe a tarefa de escanear os documentos, verificar a qualidade do objeto, garantir
sua legibilidade através do OCR, conversão para formato pdf, armazenamento e a disponibilização
ao usuário final.

Quadro 2 – Recursos humanos necessários à estruturação do Repositório

3.3. – Gestão

O aspecto da revolução das tecnologias de informação e comunicação e o processo de globalização, por


sua vez, objetiva tornar patente o processo atual de transformação tecnológica, que se expande
exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos
mediante linguagem digital, na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, trabalhada e
disseminada. Estamos nos envolvendo cada vez mais nas facetas dessas tecnologias que vêm
revolucionando a nossa forma de pensar e agir (CASTELLS, 2005).

Na formação do acervo de nosso repositório digital, optamos por acatar as demandas e as necessidades
da própria comunidade científica atendida pela Biblioteca, em sua maioria pesquisadores e especialistas
de outras regiões do país ou do exterior, que necessitam com urgência de materiais específicos para a
conclusão de sua pesquisa. Após seis anos de implantação, fornecemos cópia digital de materiais para
pesquisadores do Brasil, América Latina, Estados Unidos, Canadá, Itália, Hungria, Indonésia, Austrália e
recentemente México, Bélgica, Eslovênia e Bielorrússia.
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Fig. 6 – Homepage do Portal Heracles, principal veículo de disseminação de informações e difusão dos serviços da
Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia

3.4. – Interatividade, avaliação e manutenção

O repositório destina-se prioritariamente a atender de modo rápido e de excelente qualidade as


demandas dos usuários locais e remotos da Biblioteca do MAE/USP, mas desde o início vem servindo
como instrumento de customização do fluxo de trabalho da equipe da Biblioteca, pois evitamos algo
que ocorria de modo involuntário até recentemente, ou seja a duplicação de arquivos, o acúmulo de
cópias de um mesmo documento, além da desoneração dos equipamentos e de horas de trabalho
dedicadas à digitalizar algo que já tínhamos arquivado anteriormente, mas desconhecíamos sua
existência por falta de uma política de gerenciamento de objetos digitais. Os principais serviços são o
atendimento direto às demandas do público, ferramentas de consulta, busca e de auto-organização do
acervo digital conforme os metadados do DCMI, adaptados ao protocolo MARC 21 atualmente utilizado
na catalogação do acervo físico.

Atualmente, mantemos através de nosso website um canal direto de sugestões de aquisição, críticas e
pedidos de cópia de artigos de periódicos impressos, além de um portal de revistas eletrônicas na área
de Arqueologia e de bases de dados especializadas. Esses meios de comunicação foram potencializados
através de nossa presença em redes sociais especializadas em pesquisa acadêmica, como a
Academia.edu, o Research Gate, Linkedin, o Arqueologia Digital, onde mantemos um grupo de contatos
específico em informação científica, e a Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. Além desses, temos página
nas redes sociais mais conhecidas, como Facebook e Twitter.

Para implementação da Hemeroteca, optamos pelo utilização do DSpace, 6.0, cujo treinamento para
configuração, gerenciamento e instalação está sendo providenciado pelo SIBi/USP para a equipe da
Biblioteca. O padrão de metadados utilizado no Repositório é o DCMI, adaptado ao protocolo MARC 21,
que utilizamos para catalogação dos demais objetos do acervo.

Consideramos fundamental a elaboração de uma política relacionada com o Repositório, principalmente


no que concerne à alimentação, gerenciamento, preservação e manutenção do acervo digital, em que
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estejam estabelecidos os princípios gerais que regem este tipo de serviço prestado à comunidade da
Biblioteca e que explicitem o acesso aberto e a preservação de todos direitos autorais e institucionais.

O fluxo de submissão, controle de qualidade, armazenamento e recuperação dos documentos, bem


como todos os depósitos feitos no Repositório serão responsabilidade da equipe encarregada em
atender àquele pedido, embora tenhamos previsto também a manutenção periódica dos arquivos
digitalizados e a padronização dos procedimentos de captura, conversão e armazenamento.

O repositório da Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia organiza-se baseado no princípio de


proveniência em coleções, ou seja, cada pasta armazenada em nosso servidor e compartilhada em rede
local com senha de proteção estrutura-se primeiro conforme o título do periódico, o ano, número ou
volume do fascículo, e por último o título do artigo de modo o mais abreviado possível, mas que ainda
permita reconhecer os trinta primeiros caracteres do título do artigo. Quanto às teses e dissertações,
organizam-se por nome do autor.

Fig. 7 – Interface administrativa do Portal Heracles, software de gerenciamento do site, das bases de
periódicos impressos, eletrônicos e cadastro de usuários da Biblioteca do MAE/USP.
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4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tecnologia tornou-se parte integrante do processo de pesquisa e da produção do conhecimento e é


uma ferramenta intelectual que possibilita o desenvolvimento de redes de inteligência coletiva (LÉVY,
2001). Segundo ASSMANN (2000) ela ajuda a “intensificar o pensamento complexo, interativo e
transversal, criando novas chances para a sensibilidade solidária no interior das próprias formas do
conhecimento.” Amplia o potencial cognitivo do ser humano (seu cérebro/mente) e possibilita
“mixagens cognitivas complexas e cooperativas.”

Nessa revolução, fica evidente o importante papel da informação digitalizada nos novos processos
socioeconômicos e culturais, podendo-se, ainda, identificar três processos que estão transformando
profundamente a sociedade contemporânea e, por conseguinte, os modos de ser, pensar, agir e sentir
dos homens, são eles: a virtualidade, a interatividade e a globalização. CASTELLS (2005) referindo-se
especificamente a construção da virtualidade real observa que, historicamente, o novo sistema de
comunicação organizado pela integração eletrônica em relação ao novo sistema de comunicação - do
tipográfico ao sensorial - não é a indução à realidade virtual:

[...] Todas as realidades são comunicadas por intermédio de símbolos. E na


comunicação interativa humana, independentemente do meio, todos os
símbolos são, de certa forma, deslocados em relação ao sentido semântico
que lhes são atribuídos. De certo modo, toda realidade é percebida de maneira
virtual. Então, o que é um sistema de comunicação que [...] gera virtualidade
real? É um sistema em que a própria realidade (ou seja, a experiência
simbólica/material das pessoas) é inteiramente captada, totalmente imersa
em uma composição de imagens virtuais no mundo do faz-de-conta, no qual
as aparências não apenas se encontram na tela comunicadora da experiência,
mas se transformam na experiência” (CASTELLS, 2005, grifos do autor).

Portanto, conforme a concepção do autor, a virtualidade real altera os processos de criação e de


aquisição cultural, incluindo também as de ensinar e aprender as redes de relacionamentos humanos,
dando novos contornos aos processos de socialização, frutos, provavelmente das mudanças provocadas
pelas tecnologias de informação e comunicação. A reconfiguração das relações provoca mudanças
comportamentais, novos valores e como consequência novas visões de mundo. Toda essa revolução
está fundada no aparato tecnológico que envolve os processos socioeconômicos e culturais da
“Sociedade em Rede” instaurando a sociedade da informação.

Esse cenário se manifesta sob vários formatos de acordo com a diversidade de culturas e instituições,
proporcionando o estabelecimento de condições para a troca de informações dentro e entre grupos de
indivíduos e organizações no contexto de da Internet, promovendo a interatividade. Nesse sentido,
ratifica CASTELLS (2005) que o desenvolvimento das tecnologias baseadas em informação e
comunicação é uma espécie de “mola propulsora” do processo de transformação contemporânea, muito
embora reconheça que este não constitui o único fator, outros também foram aliados desse processo, a
exemplo dos movimentos libertários da década de 60, a crise dos sistemas capitalista e socialista. O
autor reafirma que estes fenômenos não devem ser vistos como mera coincidência histórica, pois
juntos compõem uma trama cujos fios interligados dão sustentabilidade a ordem econômica mundial,
interferindo na sociedade e na cultura.

Assim, através da implantação da Hemeroteca Digital de Arqueologia Brasileira como um novo serviço
oferecido à comunidade acadêmica e à sociedade em geral, a Biblioteca do Museu de Arqueologia e
Etnologia pretende contribuir com o aprimoramento da pesquisa e da produção científica brasileira,
cumprindo com rigor seu papel institucional ao inserir-se na revolução tecnológica em curso pela
aplicação dos conhecimentos e da informação para gerar conhecimentos e dispositivos de
processamento e comunicação da informação, isto é, as tecnologias de informação e comunicação não
são aplicativos, mas processos a serem desenvolvidos. Assim, temos como vetor a interatividade,
gerando novas informações e abrindo janelas através das quais o homem possa pensar, decidir e
produzir dentro de um contexto colaborativo e participante, no qual a informação seja considerada um
processo em si e não apenas mais um elemento na produção do conhecimento científico e acadêmico.
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REFERÊNCIAS

ASSMAN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Ciência da Informação,


Brasília, vol. 29, n. 2, p. 7-15, maio-ago, 2000.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Trad. Roneide Venâncio Majer. São Paulo: Paz e Terra,
2005.

CLIR – Council on Library and Information Resources (http://www.clir.org).

D-Lib Magazine (http://www.dlib.org/).

Dublin Core Metada Initiative (http://www.dublincore.org/).

FLEMING, Maria Isabel D'Agostino; FLORENZANO, Maria Beatriz Borba. Trajetória e perspectivas do
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (1964-2011). Estudos Avançados. 2011, vol.25, n.73, pp.
217-228. ISSN 0103-4014

HODDER, lan. The archaeological process : an introduction. Oxford & Malden: Blackwell, 1999.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu Costa. São Paulo: Editora 34, 2010.

_________. As tecnologias da inteligência : o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos


Irineu Costa. São Paulo: Editora 34, 2008

LIMA, Tania Andrade. Apresentação: um passado para o presente: preservação arqueológica em


questão. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), n. 33, 2007, pp.05-21

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Apresentação da Nova Série. Anais do Museu Paulista: História e
Cultura Material. vol.1, n.1, São Paulo, 1993, pp. 27-32, http://dx.doi.org/10.1590/S0101-
47141993000100001

_________________________. Programa. Dédalo, vol. 1, n.1, 1965, pp. 9-10.

PASSOS, Afonso de Moraes. Apresentação. Revista de Pré-História, vol. 1, n. 1, 1979.

PENTEADO, Antônio Rocha. Editorial. Coleção Museu Paulista, série Arqueologia, vol. 1, 1975.

SILVA, Alzira Karla Araújo da; CORREIA, Anna Elizabeth Galvão Coutinho; LIMA, Izabel França de. O
conhecimento e as tecnologias na sociedade da informação. Revista Interamericana de
Bibliotecología. Ene.-Jun. 2010, vol. 33, n. 1, p. 213-239.

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