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Kamikaze (em japonês Kami significa “deus” e kase “vento”) era o nome dado aos
pilotos de aviões japoneses carregados de explosivos cuja missão era realizar ataques suicidas
contra os navios dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Cerca de 2 525 pilotos morreram nesses ataques, causando a morte de 7
000 soldados aliados e deixando mais de 4 mil feridos. O número de navios afundados é
controverso. A propaganda japonesa da época divulgava que os ataques conseguiram afundar
81 navios e danificar outros 195.
A prática de tais ataques suicidas foi inserida numa época em que os militares
do Império Japonês estavam em crise.
Em 19 de outubro de 1944, o almirante Takijiro Onishi convocou uma reunião formal
com vários oficiais e apresentou-lhes os seus planos, defendendo o que considerava a única
forma pelo qual um pequeno contingente pudesse atacar com grande eficácia, organizando
ataques suicidas para atacar porta-aviões inimigos. Estava assim criada a ação Kamikase.
Às 10h47min de 25 de outubro de 1944 ocorreu o primeiro ataque kamikaze.
Estes surgiram num contexto de derrotas militares a que, até esse momento, o Japão
não estava habituado, visto que a sua história estava repleta de vitórias. Nenhuma força tinha
conseguido invadir o país, pelo contrário, este é que já tinha subjugado o Sudeste Asiático.
O efeito dessa desvantagem sobre o Japão dos anos 40 faz parecer natural o
nascimento de um impulso suicida entre os jovens nipônicos. Os milhares de mortos
envergonhavam o país, os rapazes, a maioria recrutados nas universidades, como que
expiando a humilhação nacional, colocavam-se às centenas à disposição das Forças Armadas. O
governo anunciava que a decisão de se tornar um suicida era voluntária. No entanto, não era
isso que ocorria. No dia em que os soldados eram chamados para anunciar se queriam ser
voluntários, ouviam um discurso patriótico e a importância de se sacrificar pelo imperador. De
seguida, os que se voluntariavam davam um passo a frente, pouquíssimos desafiavam a
pressão das autoridades. Esses jovens já tinham a consciência de uma ideologia de sacrifício,
bem como um sentimento de culpa, se não se alistassem enquanto os seus compatriotas
morriam. A lealdade às tradições do país e ao imperador, aliado ao rígido código de honra
militar japonês sugeria uma única saída para uma guerra que, naquela altura, já estava
claramente perdida: a morte.
Eram dados aos kamikazes instruções sobre como agirem, sendo os alvos principais os
porta-aviões. Durante o momento de mergulhar com o avião, não deveriam fechar os olhos,
pois poderiam errar o alvo, indo parar na água. No dia do voo fatal, escreviam poesias,
ganhavam um brinde de saquê, levavam a bandeira, amarravam a hachimaki (faixa) e também
podiam levar a sakura (flor da cerejeira), símbolo nacional, se fosse a época. Ainda levavam
uma espada e uma pistola para o caso de fracassarem e poderem suicidar-se.
A ideologia promovida pelo Estado mostrava o culto à morte, um incentivo aos pilotos.
Os diários dos pilotos mostravam que eram perturbados com a ideia da morte, e alguns até
mesmo tinham pensamentos contrários ao sistema político do Império.
No Japão, era divulgado pela imprensa e pelo governo apenas o que pudesse servir
como propaganda, incluindo relatos e testamentos demonstrando o espírito japonês, a
devoção pelo imperador e poemas de morte.
A carta datada de 22 de fevereiro de 1945, escrita pelo piloto japonês Okabe Hirabazau
para sua família é disso um exemplo:
“Eis-me finalmente incorporado nas Unidades Especiais. Os 30 dias que restam vão ser a
minha verdadeira vida. Chegou a hora. O treino para a morte espera-me: uma aprendizagem
intensa para morrer com beleza. Parto para o combate contemplando a imagem trágica da
pátria. Sou um homem entre outros. Nem bom nem mau. Nem sou superior nem sou um
imbecil. Sou decididamente um homem.”
Dias depois ele morreria, aos 24 anos, num ataque aéreo suicida às Filipinas.
Durante toda a guerra apenas 11,6% dos 3,3 mil aviões acertaram o alvo, e 27,5%
retornaram a base (seja por falta de combustível, por não encontrar o inimigo, pelo mau
tempo ou qualquer outro motivo). Os que regressavam eram humilhados pelos oficiais até
terem uma nova oportunidade para voarem.
A partir de julho de 1945 as ações diminuíram, os kamikazes aguardavam uma possível
invasão americana, e pretendiam afundar cerca de 400 navios em caso de aproximação. A
invasão não ocorreu, mas de facto o planeamento de um ataque suicida poderia ter dado
certo.
Os aliados, por sua vez, ameaçaram o Japão de total destruição, caso não se rendessem.
Em 6 de agosto, acreditando que os japoneses não se renderiam até a morte, a bomba atómica
foi testada em Hiroshima e três dias depois em Nagasaki. No dia 15 de agosto, o
imperador Hirohito anunciou a rendição.
O ataque a Pearl Harbor
Webgrafia:
https://pt.wikipedia.org/
https://2017mshh.blogspot.com/2017/09/imperador-hiroito-japao.html
https://super.abril.com.br/cultura/mergulho-para-a-morte/
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-ataque-japones-a-pearl-harbor/