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O papel de Hirohito na Segunda Guerra Mundial

Hirohito, também conhecido como Imperador Showa, (29 de abril de 1901 - 7 de


janeiro de 1989) foi o 124º imperador do Japão. Apesar de ser muito conhecido fora do Japão
por seu nome pessoal, Hirohito, no Japão, é atualmente referido pelo seu nome póstumo,
Imperador Showa. Ele foi o símbolo do novo estado.
A primeira parte do reinado do então Imperador Hirohito foi abalado por crises
financeiras e o aumento do poder militar dentro do governo, também fruto da sua educação
militarizada, através de meios legais e extra-legais.
Durante a 2ª Guerra mundial, Hirohito, tendo sempre receio de um ataque soviético,
ratificou com a Alemanha Nazista um pacto anticomunista (Pacto Anticomintern), tornando-se
seu aliado e assinando o Pacto do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
No Japão, o governo do primeiro-ministro e general Hideki Tojo era dominado pelos
militares, que travaram a guerra em nome do imperador, mas só com o seu consentimento
tácito. Hirohito ainda tentou usar a sua influência para evitar a guerra, mas, finalmente, deu o
seu consentimento para os ataques que desembocaram na Guerra do Pacífico.
Na Segunda Guerra, os japoneses atacaram a base norte-americana de Pearl Harbor, no
Havaí, em 1941, o que fez com que os Estados Unidos entrassem definitivamente no conflito.
Muitos consideraram Hirohito um criminoso de guerra, porém o povo apelou, uma vez
que consideravam o imperador um deus e seria inadmissível para eles que Hirohito fosse
julgado por crimes de guerra, chegando até em mencionarem uma revolta caso isso ocorresse,
por isso, os governos aliados permitiram que ele permanecesse no trono após a guerra.
O seu reinado foi o mais longo de todos os imperadores japoneses, e coincidiu com um
período em que ocorreram grandes mudanças na sociedade japonesa.
Por imposição dos Aliados, que ficam no Japão até 1950, Hirohito toma medidas
democratizantes, entre elas a negação do carácter divino do seu cargo, que transforma em
monarquia constitucional. Economicamente destruída pela guerra, a nação transforma-se em
potência industrial no período seguinte. Hirohito abandona os rituais da corte, deixa de usar o
quimono, permite a publicação de fotos da família imperial e assume publicamente sofrer de
cancro. Morre em Tóquio, depois de reinar por 63 anos.
O aparecimento e a importância dos Kamikazes

Kamikaze (em japonês Kami significa “deus” e kase “vento”) era o nome dado aos
pilotos de aviões japoneses carregados de explosivos cuja missão era realizar ataques suicidas
contra os navios dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Cerca de 2 525 pilotos morreram nesses ataques, causando a morte de 7
000 soldados aliados e deixando mais de 4 mil feridos. O número de navios afundados é
controverso. A propaganda japonesa da época divulgava que os ataques conseguiram afundar
81 navios e danificar outros 195.
A prática de tais ataques suicidas foi inserida numa época em que os militares
do Império Japonês estavam em crise.
Em 19 de outubro de 1944, o almirante Takijiro Onishi convocou uma reunião formal
com vários oficiais e apresentou-lhes os seus planos, defendendo o que considerava a única
forma pelo qual um pequeno contingente pudesse atacar com grande eficácia, organizando
ataques suicidas para atacar porta-aviões inimigos. Estava assim criada a ação Kamikase.
Às 10h47min de 25 de outubro de 1944 ocorreu o primeiro ataque kamikaze.
Estes surgiram num contexto de derrotas militares a que, até esse momento, o Japão
não estava habituado, visto que a sua história estava repleta de vitórias. Nenhuma força tinha
conseguido invadir o país, pelo contrário, este é que já tinha subjugado o Sudeste Asiático.

O efeito dessa desvantagem sobre o Japão dos anos 40 faz parecer natural o
nascimento de um impulso suicida entre os jovens nipônicos. Os milhares de mortos
envergonhavam o país, os rapazes, a maioria recrutados nas universidades, como que
expiando a humilhação nacional, colocavam-se às centenas à disposição das Forças Armadas. O
governo anunciava que a decisão de se tornar um suicida era voluntária. No entanto, não era
isso que ocorria. No dia em que os soldados eram chamados para anunciar se queriam ser
voluntários, ouviam um discurso patriótico e a importância de se sacrificar pelo imperador. De
seguida, os que se voluntariavam davam um passo a frente, pouquíssimos desafiavam a
pressão das autoridades. Esses jovens já tinham a consciência de uma ideologia de sacrifício,
bem como um sentimento de culpa, se não se alistassem enquanto os seus compatriotas
morriam. A lealdade às tradições do país e ao imperador, aliado ao rígido código de honra
militar japonês sugeria uma única saída para uma guerra que, naquela altura, já estava
claramente perdida: a morte.
Eram dados aos kamikazes instruções sobre como agirem, sendo os alvos principais os
porta-aviões. Durante o momento de mergulhar com o avião, não deveriam fechar os olhos,
pois poderiam errar o alvo, indo parar na água. No dia do voo fatal, escreviam poesias,
ganhavam um brinde de saquê, levavam a bandeira, amarravam a hachimaki (faixa) e também
podiam levar a sakura (flor da cerejeira), símbolo nacional, se fosse a época. Ainda levavam
uma espada e uma pistola para o caso de fracassarem e poderem suicidar-se.
A ideologia promovida pelo Estado mostrava o culto à morte, um incentivo aos pilotos.
Os diários dos pilotos mostravam que eram perturbados com a ideia da morte, e alguns até
mesmo tinham pensamentos contrários ao sistema político do Império.
No Japão, era divulgado pela imprensa e pelo governo apenas o que pudesse servir
como propaganda, incluindo relatos e testamentos demonstrando o espírito japonês, a
devoção pelo imperador e poemas de morte.
A carta datada de 22 de fevereiro de 1945, escrita pelo piloto japonês Okabe Hirabazau
para sua família é disso um exemplo:

“Eis-me finalmente incorporado nas Unidades Especiais. Os 30 dias que restam vão ser a
minha verdadeira vida. Chegou a hora. O treino para a morte espera-me: uma aprendizagem
intensa para morrer com beleza. Parto para o combate contemplando a imagem trágica da
pátria. Sou um homem entre outros. Nem bom nem mau. Nem sou superior nem sou um
imbecil. Sou decididamente um homem.”

Dias depois ele morreria, aos 24 anos, num ataque aéreo suicida às Filipinas.
Durante toda a guerra apenas 11,6% dos 3,3 mil aviões acertaram o alvo, e 27,5%
retornaram a base (seja por falta de combustível, por não encontrar o inimigo, pelo mau
tempo ou qualquer outro motivo). Os que regressavam eram humilhados pelos oficiais até
terem uma nova oportunidade para voarem.
A partir de julho de 1945 as ações diminuíram, os kamikazes aguardavam uma possível
invasão americana, e pretendiam afundar cerca de 400 navios em caso de aproximação. A
invasão não ocorreu, mas de facto o planeamento de um ataque suicida poderia ter dado
certo.
Os aliados, por sua vez, ameaçaram o Japão de total destruição, caso não se rendessem.
Em 6 de agosto, acreditando que os japoneses não se renderiam até a morte, a bomba atómica
foi testada em Hiroshima e três dias depois em Nagasaki. No dia 15 de agosto, o
imperador Hirohito anunciou a rendição.
O ataque a Pearl Harbor

O ataque a Pearl Harbor foi um ponto de mudança. Internamente, significou que a


parte militarista do poder japonês ganhou aos que defendiam uma solução diplomática. O
Japão sabia que não tinha condições para ganhar uma guerra prolongada contra o aparelho
industrial e militar americano. Portanto, o golpe foi uma forma de ganhar vantagem e tempo.
O ataque começou perto das 8 h da manhã de dia 7 de dezembro de 1941, um domingo. As
forças americanas da Frota do Pacífico, que estava estacionada na base naval de Pearl Harbor,
no Havai, foram completamente apanhadas desprevenidas pelas duas vagas do ataque com
três centenas e meia de caças-bombardeiros e torpedeiros japoneses. Durando cerca de duas
horas, causou mais de 2000 mortos e destruiu a maior parte da frota americana. Por sua vez,
as perdas do lado japonês foram mínimas.
Este ataque fora cuidadosamente planeado e ensaiado, o que significa que o Japão estava
preparado para desferir o golpe.
Para os americanos, foi um ataque surpresa, uma vez que não houve uma declaração
prévia de guerra, embora fosse ideia comum que a guerra com o Japão era inevitável. Mas esta
surpresa foi apenas militar, não política. Os EUA e o Japão arrastavam as negociações e os
contactos diplomáticos há meses. A surpresa militar foi o resultado de uma clara
subestimação, por parte dos comandos militares americanos, da capacidade ofensiva do Japão
em infligir aos EUA um golpe com aquela amplitude, e também de um erro de cálculo: estavam
convencidos de que o alvo de um ataque japonês seria Manila, nas Filipinas, e nunca o coração
da Frota Americana do Pacífico, no Havai.
Nos EUA, este ataque teve como consequência a adesão inequívoca e sem reservas da
opinião pública americana à entrada na guerra ao lado dos Aliados. A Segunda Guerra Mundial
entrou assim na sua fase mais aguda, com um novo palco de conflito na Ásia, que foi
igualmente o último a ser resolvido, 4 anos mais tarde, com as duas bombas atómicas lançadas
sobre o Japão.

Webgrafia:
https://pt.wikipedia.org/
https://2017mshh.blogspot.com/2017/09/imperador-hiroito-japao.html
https://super.abril.com.br/cultura/mergulho-para-a-morte/
https://ensina.rtp.pt/artigo/o-ataque-japones-a-pearl-harbor/

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