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to gue seu exist € determinando conira na lida cotidiana. A estrulura da preocw clariedade (ser-uliante-de-siemesmo, *futto") Heode (d-sendo- cm, ‘passade') e ser-do-decair (ser-junto-ao-ente-do-interior-do-mmundo, ‘presente'), Dasein € “futuro sendo-sido presencizante” (Heidegecr, 1927 2012, p. 889, § 65). A temporatidade origniria revéla que a existéncia nfo ¢ uma ‘ocotréacia na eronologia, mas um acontecimento no qual se ariculam os trés éxtases temporais. Desse modo, qual giva de descrever a jstéacia em termos do process, desenvolvimenta ow evolueio, que pressupdem Ennearidade e continuidads, passam ao largo desse Sendzaene ‘A existéncia nfo 6 urna corzente inintorrupta de vivéncias , sim, ettaves- sada por quebras e mupturas. E “acontecencial” (Loparix, 2001, p. 106) Sendo temporal, a oxiséncia € essencialmente histérica Em alemto hé duas pelavras para ‘histiria': ‘rie, © primeiro é 0 mais comum, enquanto o segundo € usado pata se refer & historia como vbjeto de ciéncta, a historiografia. A palavra Ges chichte vera de geschechen ~ acontecer, gestar ~ mndicando o caréter | acomtecimental da histéria. Ndo é um continuum, como levam a crer as ciashistéieas, que econtzam nexos e causalidades que costurem tm sentide unico, A historia é atavessada por inteatupeses, irrupcdes, vira- das cte,, como a existéncia, mas estas ficam encoberlas pele namativa histcriogrigica. O mesmo ocorre ecm @ histiria pessoal, E um emaranh: do de fatos, eventos, acontecimentos rennides por um sentido que os or dene, que cearca a importincia de alguns e a irrelevncia de outros, 1 gando-08 a0 esquecimento. Mas, como acontecimento, 0 sentido’ pode smudar ¢ 0 antes aml revela-se agora especial; 0 significativo,irrelevan- te. A biografia assim, um acontecimento comparilhado (Critlh, 2012) do qual :6 se pose fazer afirmagies conclusivas quando finda. é temporal: ex hte © Histo ‘Basa descrigio da existéncia visanda seu ser (Dasein) € ontolé- ica. Muito xapidamente ele pode ser convertida uma antropologia (én tia), 0 que trai o seutido éa andlise hei Mas Psicol Filosodia, E uma ciéncia émtica. Serd possivel efetuar « passagem da onto- féncia éctica? Isso toma a amalitica existencidria uma tropologi Sm, essa antropologia pode fundamentar a Psicologia? Sera isso 0 que cazacteriza 9 ser-psicdlogo fencmenologico existencial? Na ditegao de responder esses perguntas retomo os descobrementas dz | pablicagao Ge Ser ¢ fempo nas iéncias psicologicas, | eeoonisaa 0 es tomam, endo, Saturuo, para jul, : sto equitstiva: “Tu, lipiter, parque de sua morte; tu, Tera, porque 0 presente © corpo. Mas, porque 7 €la entdo o possua enquanto ele vérsia sobre o nowe, ele pode sec! 2). (Heidegger, 1927/2012, p. S81-3, qual profere a seguinte deei- © espiito, deves recebe-lo n fe com o compo, deves receber Enredads ne tradiefo metafisica, uma ripids ‘niempretagto da {abula reconheve ai mais uma mizologia sobre o homem como constructo corporalespiritual, bio-psico. Mas a fenomenologia exige a suspensio dessa interpretacd0 platénica-crist, Sua hermenéutiea exige a conguista | do mosio de ecesso imais corr para Stein (1990), seonlecer.a.especificidade essa fabule. Seguindo # indicag estudioso de fbulas (Blumenberg), Stein explica que é necessiri compreende-la consiéerar por que Preocupugio a sicia com ola 0 atravess lbada na agua ¢ p 0 para wvessa o rio. A fibula o. Ac suravessar 0 rio, tem sua imayern espe- Ga no barro do fundo, o que The serve de mold Para 8 eriatura. Faz © homo & sua imagem e semelhanca, Mas, diferente mente da bel a imagem de Preocupaco pode | io ser encantadora; sié 0 contnéria, pode ser disforme, alormentada ¢ por isso, sugere Steia, nao apareveria na n: E essa a justifi para que Samo, o decs-Lempo, Ihe con‘ira a propriedade enquanto vive. Assim como Preocupagio vé-se ao olhar para o rio, Dasein isto é sabe quem é, a quantas anda, experimerta seu fundamento milo ¢ dele foge, pois se reconhece disforme ¢ stormentado, a quem ser & tarefa que 86 se conclui quando ja nfo é mais, Encobrindo sua condigao de ter. quie-scr langado ¢ finito (sua estranhe7a originéria) entranha-se na lida ccotidiana, sendo isto ou aquilo encontrando Samiliaridade tanquilizad na, Assim, a existéncia é demiurga de si mesma per nlo ter rosto, partir dos rostos disponiveis, isto €, das possibilidades ffcticas fometidas pelo mundo. Mas o anguistia, sem aviso, abre sua estranheza e solapa as ilusérias identidades mundanas. Mesmo sendo demiurgo de si mesmo, enquamto existe, esti sub 0 jugo do terapo. E Saturno quem decide quanto 4 vigéncia de Preocupagio. Por isso, Stein (1990) diz. que Dasein & 0 4 miurgo eunuco de si mesmo; ao mesino tempo que, indeterminado (isto &, rminado por Preocupacdo, que no Iho famece quididace), tex que se criar, seu cria~se € limiado pelas possibilidades existenciais (histiricas) endo dispée do fim de sua obra. Tempo determina o existz, A fabala de Preocupagdo prepara o-mundo luz da terporalid imerpretagdes de ser ao longo da bi re-petcto da aailise do ser | ie peculiar ao Dasein, funéamento das | ris ocidental, isto &, das ontologiaa | eeoolaoaa0 RR ER SER 20 Paulo Eduardo Rodrigues Atves Evanselis iclariedade, factualidade ¢ se ariedade indica poder-ser, isto 6, 0 adiantar-se em relacdo a si mesmo (‘futuro’) de todo ‘entendimento, Por exemplo, o progar um prego aniecips, preseatificando, por assim dizer, o telhado que abriga das intempéries, Factualidade inci aa significatividade herdaca, os modos hi hhados pelos ais 05 entes j& esto disponiveis e interpretados. No ex métodos tradicionais de constevir telhades, os materiais usados pars construir etc., que nfl s80 inventados a cada vez, mas fam ‘petidos “como a gente sempre fer". E ser-da-decair indica 0 que e coro € encontrado na situago atwal, No caso, pregos, martelos, telhas etc. co- ‘mo entes que servem para o abrigar, A fim ée zelar para que a descoberta do ser-preocupacio tena fundamento, Heidegger busca na histéria ocidental um testemunho p: wologico, isto é, alguma tematizagio da essércin do homem como ser- prevcupagdio realizada sem o objetivo de definir o ser da existéncia. Encon- numa fabula transmitida por Higino uma “prova” (Heidegger, 1927/ 1p. 551, § 42). para o ser-preocupacio como esséncia da existéncia, 201 Isto € nao é.a primeira vez na histéria da hummidade que esse modo do satender a existéncia foi possivel. A fibula é anterior 0 adven cia © da melalisca, 0 que 2 protege das hipostasias q Heidegger citaa do latim e a traduz na exata meiade do Ser e campo, Isso Jeva Stein (1990) a defender que a fibula da preocupacio caroa sus consty ‘0 de ums antropologia dogmética fundeds no encuvinmento hermenéut Co, inaugurando uma antologia geral. Trts-se de mm “panto de no etoruo a patir do qual se passarie mio apenss ter que redefinir, mas subvert pretensses de qualquer ontalogia ou epistemologi futures” (p. $1) A essincia da existencia como ser-proocupacio prepara wm no- vo paradigma filoséfice, un wevo modo de compreensio da realidade Por isso, ndo pode ser simplesmente sbsorvido por umm potadigma-dife- rele, como as peicologias que se inttulom fenomenolégicas parecem fazer. A ontologia heideggeriana éuma nova onsclogia. Cito a traducdo ce Castitho para a fabula: 10 da cits. ‘Um dia em que a ‘Preocupagio"airavessa um rio, vé um lode argile so: pensativa, pea um tanfo e comers a mol 9 refete gue fizera, Topiter intervém. ‘Proocupapso’ he pede que om ‘ae modelo, no que Jupiter eonsente de bom grade, Mas, quis imper-the seu préprio nome, Juni ‘Be e exige que seu nome Ihe deveria ser dado, Enquante “Pr fo e Jiptter discutiam sobze o nome, a Tecra (Tellus) surge tamsbér: 2 pedir que seu nome fesse daéo a quem seu compe. Os quer: rosie eal quando ‘Preocupac Corry) ‘dadas da tradigo e confionta-se com sua condieo, omand>- apo do ser do D. hermeneuta da facticidade, Segundo Stein, 2 Ge sein 2 que se chega em Ser e tempo nik hnumano. E uma descrigéo Sera teoria se pertisse de premissas eon hipéteses. Mas Heidegger € enomendlogo ¢ busca 0 logos que crresponde so fendmeno em questo, que, 2 analitica existenciaria, € o ente que 6 shertura légiea (linguistica) ao que se mostra, O ente aralisado em Ser é 0 cate que nos mes- mos somos, para © qual « hermenéutica condiso, Esse exie ¢ desde Arisiételes © “zaimal racional’. Ames, ere junglo de compo ¢ alma, male ria ¢ ideia, interpretagao que ¢ retomada pelo cristienismo ¢ que perma- nece inquestiousda por mais de Cois milénios, desembocando na Psi gia, a ciéncia da mente, Assim, a analitica existencidra retira @ exisién- pretacdes-levadas pela tradiczo, revelando-t como preocupacde (St Dasein é preocupaeto pois seu ser esté a cada momento em jo- go, Ser, na existéncia, ¢ poder-ser, Todas as possibilidades existencis que scr-ai ss jo modos de responder & sua indeterminay0 on- Janga istorios factioos que ksbita Preocupacdo (Sarge) & 0 teemio usec por Heidegger para indi car 0 ser do Dasein, Em alemo é Sorge, que pode ser tradhizido por cu ou cuidado e significa “a ansiedade, 2 preocupaglo que nasce de epreen- sées que concemem ao funuro” Cawood, 2002, p. 26), possvindo tanto 0 ntido de preocuper-se com algo (sich Sorgen) quanto tomar comta, cule alguém ou alzo (sorgen fir). Desse etn verbos importantes em Ser e tempo: besorgen (ocupirse) © Fi (preocupar-se). Besargen significa obter ou prover a si ou para tem, tata, cuidar on tomar conta de algo.ou alguéin e, principalmente 10 infinitivo substeativado, “estar ansioso, preocupado, perturbedo com algo” (Inwood, 2002, p. 26), Ocu esorgen) indica a lida cotidiz Sorge € 0 existencirio que indica o modo temporal da existén- jo pela analise possibilitada pelo estado de Enimo da an; As trés extases”” temporsis ~ ‘passado’, ‘presente’ o ‘futura” ~ esto arti= culadas em toda possibilidede fictica,’em todo mada de existiz, como Heidegger chama de dmases as dizecbes tenes para deixar claro ue no ho delim is © definides, como os conceitos de patsada, presomis e fituro 0 2 exiencey, ‘ambém para nostar que a cxistéucia (exten) eet sore “Tre aan, anes Crrrrryrrr) cocultam o nada que the pertence, Também a existéncia ¢ nada e ser 20 mesmo tempo; sendo isto ou aquilo, zealizendo-se nesta stividade, Isn- ¢gando-se naquela possibilidace, pode dizer de si mesmo: “sou professor “sou psicélo; * e, com isso, encobrir o nada que copertence ao ser-ai corroendo sua frégil identidade substancial. Em (odo {que Sou, posso niio ser. Fm todo sex que sou, ‘ha’ mada. Bm toda familia- Fidade esprit e cetraeza que pode, 2 qualquer momento € insdver- damente, isromper. Ser esrznho, 0 homem! Instaurando femiliaridade | sobre a estranheza que o consti, o homem faz da terra seu lar, “cons. tri’ sua existéncia. Mas a angiistia solapa o seatir-se em casa, tevelando que ser € tarefa intemminivel e que qualquer familiaridade é apenas provi- | soria, Por mais que faga do mundo sua casa, munca se toma como ele. Sea—_| " n jogo, diferentemente dos entes, cujo ser Ths 6 indife wistincia esta entregue a responsahilidade de existr. Dasein uupageo, ewdado (Sorge). Ser-Preocupagao (Sorge)* Como, entio, determinar o ser da existén de ser ada impede qualquer detent sabia Pat @ sco & problemitico, pois esse cigncia depende de una definiglo iden titra de seu ‘objeto’. Seguindo por esse caminho, Figueiredo (1998) acusa essa dificuldade ds Psicologia e prope au seu objeto seja a subje- tivagto (processo de trdnsito, passagem e diferenciacic), av invés do sujeito. Mas, bastara dizer que exis € fhaxo, precesso, vira-se-? Nio se fonta essa também uma determinayzo substancial, inda que sere vir savser se tomem sinénimos? Para Heidegger essa inversio permanece presa & determinagdo de sor como substincia. Assim, Nietzsche, filosofo exitico do platonismo substancialista ocidental, & interpretado como 0 Ultimo’ metafisico, para quem Deus moseu © ser tornou-se femaca (Heidegger, 1943/2014), A substivuicéo de uma deteninacio substantive (personalidade, psiquismo, identidade) por wna Cuida (fluxo, experign- cia, processo) é apenas virar o Jado éa mesma moeda, A analitica existe fia libera uma nova, poréi antiga, deterainacio do ser do homer: tiga como na ttagédia grega ov como em fibuls de Figino, Mes no se retoma a essa deterinacao por capricio, por Humanism, neta se ch a cla por deducdo. Ela divse 2 ver fenomenologicamente para a existéncia que, assursindo como tarefa explicitar-se, perde o conforto das interprets Oentrelagaments | 2 Miris de Se Cavalcante oad pr ‘cos Cerro E F i : f E Psicoing Nada ndo & 0 aposto de sede légica, como Ie cerpretagées do poema de Parménides. Ser ¢ nada se copertencem. No n, nada € 2 impossibilidade constantemente & espreita que fanda o rminagao de seu ser? Como definir que o homem € isto ou aguilo, se ¢ atravessado de nada, qual teia de eranha scbre a noite? Todos os ie ser sio modos de lidar com a nada que Dascin é no fimo de seu ser, I sobre o mada que 05 projetos existenciais se lancam, Ai se enconiza # alimago da libedade ontologica scina os alunos! E por nao ter determinagdes prévias que cada ser-ai tom gue se ‘fazer’ lengando-se nas possibilidades que seu mundo fornece, Mas, sendo de qualquer modo, is €, lanicando-se em qualqier possibili- dade existencial, encobre-se ‘o' nada que sustenta o poder projetar-se do ser-ai Por isso, diz-se que 0 ser do Dasein 6 “ser-fundamento negativo de uma mulidade” (Heid 27/2012, p. 833, § 62). Fundado em nada, existéncia se faz tal como & possivel fazer-se e em momento elgum iz sua taref, A iar-se, a existéncia descobre que, no fundo, & ‘Como cada um lida com essa determinasao existenciaria ¢ taref2 ncial e pode ser realizada propria ou impropriament. A angistia em Ser ¢ tempo tem ainda ouiro sentido: ela suspen- de a significatividade cotidiana compartihada, ée mode que nada é pos- sivel 20 ser-ai, isto ¢, os usos cotidianos familiares ndo se ofertam como possibilidades existenciais, Para Heidegger, a angistia ¢ a possibilidade da epoché. Enquarto em Husser] a suspensio fnomenolégica é metodi- camente constraida, em Heidegger cla depende de uma experiéncia ¢ ro esté nas méos da existéncia. Angustiar-se no € algo que slguém decide previamente, Acontece, E quando acontece, abrem-se dois cami- hos possiveis: deixar @ angistie nadificar ou transfarmét sintoma, disfig Para Heidegger, suspender a signifieatividade secimentada nia depende apenas Ga boa vontade ou de cers atitudes treinivess, pois exize que a condicéo Inmana j6 teria aparecido e possa dar-se a ver (do modo como 6 possivel ac nada mostrar: como experiencia de angst). Assim, bé um parentesco entze ser ¢ nds (temas da ont a existincia. A’ questo que anima a filosofia desde sua origer:, diz Heidegger (1929/2008, p. 133), € “Por que existe afinsl o ente eno antes 0 Nada?”. F mistério para 0 qual filosofie e religifo famnecem respostas, ‘mas para gual s ontologia heideggeriana visa resgatar como enigma © pergunta. © ente, assim coma as determinagées schre como 0 nie sur LAMM RM Melba cane EL RRR ESO terminer como ou quando se ‘sente’ assim, Todo estado-de-Enimo é um aconizcimento que pode ser convidado, mas mince produzido. Pode-xe Intar contra tle, mas ndo o eliminar. Na ontologia heideggeriana ¢ angistia mnhoza entoldgica da exisiencia © a nospita Jidade do mundo. Néo ¢, portanto, um problem psicalogico, comporta- mental ou mesmo existencial que deva ser eliminado, Assim, 0 fenome- nélogo da cxisténcia busca dar cuvidos ao inguieto siléncio da angista, Ser-estranho ¢ ser-possivel so dois modos de indicar o ser do Dasein A angistia € spontads em Ser ¢ tempo como 0 encomrar-se que Pemnite uma visio clara do Desein, pois afasta os enccbrimenios d’a-gente © revels a existéncia que embora ela seja em-o-mundo, ela € outra em felaglo a ele. Enquante mundo é tranquilo ¢ fauulia, serai é angis 0 sendo di mbos se coperiencer, E a mesma din me subilidade da impossibilidade, de snais-ser, que Constautemente habita 0 sera, E ele mesin0 e Sea outro, unin a existéncia € assem tar, Por isso a angistia precisa poder irroniper, nao ser false medo. E 0 encontrar-se angustiade que possibilita © ser ielagdo-a-si-mesmo parwa tando © existir como meu tem finito. 8 © que abre a modalizayao préprio-imprdprio do empunhar minke existéncia. F, ainda, o estado-de-daimo que coloca o Dasein ante o naés ce sua possivel impassibilidade. ‘O" nada como constitutive do sereai é tematizado em Ser ¢ tempo, mas é na prelee#0 O Que é Metafisica que aparece com mas Enfa- Se, No cotidisno, a experigacia de estar esiranho da aagistia, gce oprime a, € fre ‘ao foi nada A angistia corta-nes a palavra. Pelo fito de o exte na totalidade se ad €, assim, justamente o nada nos acossar, ermidece em Sua Pt senca qualquer diego do “8”, O fara de nés procurarmos muitas es, na estranheza éa angustia, romper 0 siléacio vazio com plavras exo € apenas 0 festemunho da presensa co naca, Que a angistia io made € confizimadu imediatamente pelo propno homens quan- 60 a angi ia. Na posse da claridade do olhar, a lembranga 3s leva a dizer: Diante de que ¢ por que nés nce angustisve ssbatada p g0 mascanéo chicletes up pomto de Guibas (Lise somone ereonruo de GL. com a baaia no quaria de emp: sada (Lispecor, (964) “ £ | = i i Estar estranho € no © encomrar-se da angistia sranca cotidiana de ser-em-o-mundo. No cotidiano, cada qual 5 coisas, OS oUOS € si mesmo a partir ds ovupacto. Mesmo um docnie sem diagnéstico esta familiarizado no mundo; ele ‘sebe" que tem uma doenca, eaconiza os outros significativamente ~ mé- enomenolégico-exstenciis, que interpretzm os. fendmenos Blamados de pevologieos A uz da moaltica existenciiia. Iso pote acon | ‘cost. sjulgir pelo empenho de Hoidegger ex ensinar a antologia fun- | ‘Tamental pare medicos nos Seminanios de Zolikon, a é wm ganho signi- {Geative nt Juta contra a perda da esstncia do homem pela teenicizavo. “Mas como estar com © outro como existéncia sem assumirse como tal? © estar-com do psicélogo é um “trabalho éco éa amizade ¢ sqaais wabalhe de competéacia tebrico-iéenica’, defende o Slésofo Pes ‘eins (2002, p. $8) A analitieacxistenciévi niio € spenas wm cempéndso | de existenciaros. & um caminko de apropriacdo da exist po precisa ser fdo em primeira pessoa, precisa ser um acontecimerto : fedroteaatogréfica que reconduz 0 psic6logo A sua propria existéacia | Honlegaer esereve como cada tin pode se epropciar de seu exist on Corry) zB colaga Fenomenegie A (2002, p. 61) se refere & morte como.“héspede soxbrio as as fess de vida” que “confere ao conjumto dos fenémeros set {mpar de finimde, deixando-os se destacarem do fundo de sua 2" (p, 61), A luminesidade de nosso exisir esi atravessada pelo 0 do Nada, como desenhiado mo “Poems Cerebral Il (Jntcodueao & Giose), de Pestana (2000) E E F ‘Biogas éa tristeza de nfo ter podido resid 20 elem lornegaiivor seo homseta Yoreomarangido'a abundonar a ‘simplicidade 4a nowt pola Joucura do nascimenio, cle pode, suma rememorasioy pemmunenie do oculto, suportar a luz cansads que vigors 2a passage: i pelo exilio do made, A morte € a impossibilidade de todas as possibilidades essa a existéncia, El la a radi ge dele q ja em-o-mmndo, dejectado nas e projetando-se 2 partir das possibitidades dnticas que © contexto sécio-historico legs. Seremortal é ter que tecer biografia, tornsr-se alguéra lidando com coisas outros, Ou melhor, ¢ tecer uma “heterotanatografia” Pesseaba, 2000), uma tranca de historias compartithadas que acontece sobre o fundo (sem- mdo) da ¢ em direeao & morte, constituindo-se coro sentido © aspecto mais espantoso do poder-morrer & qus cle singulariza minha existéncia. Ao assumir.que s6 eu posso morrer minha morte, que minha existéncia ¢ finita, que minhes experiéceias so minhas, desculbro minha responsabilidade inexorével pelo meu existir. Heidegger exprime isto com clareza’ ica sem divide una peculiar possibilidade-de-ser, na qual e em jope © ser que é cada vez prope de Das ue a more é onlologicamene ccastiniéa pelo se Heidegger, 19272012, p. 663, §47) Assim, 0 coneeito propria revela que minha v saciério de morte enquarta possibilidade ls é singular, propria, irremissivel, intransf> aft Penlo Eduardo Rodrigues te falta uma parte. Quando a somibra desaparece € a ; esti completa, Uma fruta, enquanto amacurece, carece do amsdurecimen- to; este Ube esta can falta, mas jé esta presente co o que ainda na «std acessivel. Mas estar maduro ou imaturo slo indiferentes go fruto, que 2na0 € enfencimento-ce-ser, Com a existéncia nfo € assim, 0 morrer como possivel que constantemente falta ao existir nfo Vick a somar-se (como 0 pedago da Ina) ou tomar-se acessivel depois de ser ainda nio acessivel (Gmaturidade do fruto). Quando a morte acontece, ela nfo cealize wma tiltima possibilidede <1 entio irrealizads, Pelo contririo, ela elimina ser-possivel (existencidrio) junto com as possibilidades (existencial) Assim, ele ndo completa a existéncia, mas a subxesi por completo proposta heideggeriana nao é sudo sobre a morte, Alids, nfo convoca nenhura mode émtico espectfico de lida com a morte, como 0 carpe diem, 0 abracar a mortalidace lancando-se como soldado nha guerra ou 9 cuidar a0 maximo de adii-la, A aniecipacdo de morte, que & como & possivel assumi-Ia, exige que cla permencea como possibilida- Ge. Se a morte for interpretada como algo que acontecerd deixa de ossivel e toma-se alga subsistente. Da mesma forma, a exist sim entendida como algo subsistente, como um frute, cuja morte € 0 der- radeiro desenvolvimento, Ser-martal € cxistencifzio, fundanco 2 plurali ade de modes possiveis de lida cotidiana com a morte, que téi @ carac- teristica comum de esquiva. A aniecipagao da morte ind! insubstituibilidade, ‘Quem eu sou—e nd agente — eu posso ndo se 60 outro mesmo do existir que 0 constitai e que deve ser assumnido enqusmto tal para que a existéncia se aproprie de si-mesma, Qualquer tentatva de ceternsinar, eserever ou ateruar o morrer tama-o por algo que ele ndlo &, Assim, He egger formula 0 conceite existenciicio da morte: “a morte como final do Dasein é @, como ial, texerminada, insuperdivel A012, p. 711, § 52), E a possibilidae mais prépria do Dasein, pois subjaz a0 ser jogo de mina existéncia e ninguém pode mibsinizane no meu mort ningném pode ter esta minha experifacia por mim. E irremissivel, pois e numa conjursaelo, isto 6, nfo se aricula a outros entes do inte rior do mundo em possibifidades existenciais. E incyperdvel, sempre no horizonte como exirema e derradcira possibilidade, E ceria. E & indeter indetermindvel, pois nto é possivel ssber de antemio como € -m é possivel passat por ela para apreendé-la.E, p ativa do existy. O morrer nfo vem ‘de fora, cle € imanente ao existir; “Para morcer basta estar vivo a Paleo o humano, para quem a marte igme. B com um enig exatamente sobre a condigdo humana que Edipo € mterpelado pela Esfinge: ‘Quel 0 ser que anda de manha com quatto pata dduas , &sarde, com u@s ¢ que, contraviamer quando tem mais pernas?”, s0 que Eciio responde: que, quando peoneno, engafinha scbre os quatro meworos; cuando adul- Brandi, ia com é mais fraco des séculos a.C., vide & morte nfo sto per as somente como ocorréncia cox outrem. A morte nflo é peasada como sorte em geral’;-como-uni~acidente-que-ocorre-a~un-ser-vivozmas-é~ “como ‘morte prdpria’, como ‘minha-morte’, o que implica considerar. por aquel lidade de seu proprio desaparecismento™ (Dastur, 20 ‘ego com 4 propria mortalidade esmorece a0 longo dos séculos. As vezes ¢ retomado: Montaigne (1333-1502) decermina que ‘Filosofar € aprender a morrer” (apnd Dastur, p. 29); Paseal (1623-1652 ao de saber que um dia morrerd, cecoahecendo-se iguo- rante quanto a0 que & 2 morte; Kierkegaard (1813-1855) assume como femes filosoficos « angustia, o desespera, a morte, Eatretarto, é a busca por verdades etemas e essenciais e pela superacdo da finitude existencial pela infinitude do pensamento que prevalece na histéria ocidental (Dastur, 2002), Como explicitar fenomenologicamente 0 néo-mais-estar-pre- ete, ndio-mais-ser-no-mrundo, o perder 0 ser-no-nuundo se, paradoxal: mente, © morrer impede qué seja-experienciado? Quando acontece, n20 estou mais aqui para o experienciar. A itase "Eu morri” munca pode ser dita genuinamente. A incompletude do Dasein, quando se da a peadéncia nie se conspl que o completa que 0 completari A climinacto do seraltante significa o aniguilam: quanto o Dasein ¢ como ente, ele mes alenayoo aloanjou, entao essa conguista se coaverce pura ¢ simples perda do ser-ao-mundo. Pardo, stinca mais 0 Das mentado como ente. (Heidegger, 1927/2012, 7. 655, § 46) letude existencial € o respective ser-faltante so de fe pendencias dos objetos. Por exemmplo, a lua crescen- século XX ccmo uma tentative constante de wlitapessamento € superacko da morte, A Psicologia tradicional também contribui ao nivelar a existén- cia mediana om processos de desenvolvimento e etapas de vida que fi dam com a morte. Outro exemple dista & Psicologia do luto e a de cdo desse ‘processc' em fases. A determinasdo ontolégica da existéncia Como ents bioléaico e a censequente determinagao da morte « partir do conceito de viéa ¢ uma medida tranquilizadora ¢ aliensate em relacko & possibilidade mais propria da existéncia de poder-indo-ser, de ser-morcal Other-se come existéncia no espelho ni € ficil nem tranquil A historia do homem ocidental parece uima fuga des c rellexdo erbasada nz feaomenologia existencial, «fldsofa francesa Das tur (2002) propde arelagko com s condieko humans de sernortal, vivee ciada a parti da mozte dos outres, como o rito civilizaterio do homem ‘dental. Toda cultura lida com a morialidade, ritualiza 2 morte, conte Tindo-Ihe sentido, A filésofa caracteriza ts signos (modos) de lide com & aicas (ela exerplifica com 0 Zoroastro), 2 mor jan para um novo comego. Vida © morte estio integradas mumn movimento constante, Esse modo esta presente ainda hoje ha erenga na reencamnacio; o fim é um novo comeso. Pocém, seado novo ccomego, nfo ¢ ur fim, 6 uma passagen Com a civil aco arega e, depois, com a mitologia judaice a morte toma-se algo a ser superedo. O parai tomam-se promessa de superagio da morte na vida eters. Superada, a mortalidade ¢ aceita como condigao humana, passe a fazer parte da vida, mas come a adverséria que se deve vencer. No Cristianisano do século I, otadamente nas epistolas de Sto Paulo, evidencia-se a necessidade de se Jembrar que o fim dos tcmpos esta chegando. © apostolo exorta que “o dia do Senor viré como ladrdo notumaa” (1Ts 5:1-2) e que por isso dever se permanecet vigilante, nfo se perdendo nos afazeres cotidianos. Sa0 Paulo distingue os desperios dos que dormem: estes vivem sem stencdo para o fim a terrena, enquante aqueles permanecem Vig lantes @ condicdo moral. Mas, mesmo com So Paulo a morte € uma experiéncia terrena, que sera superada pelos crentes. Para estes, o fim dos tempos traré a ressurreigto, conquistanda a morte pela vida eters (Dastur, 2002, p. Somente os gregos, da époea da Tra focles tematiza a merlalidade em Zeipo Rei tragédias), consideram a condigio mortal do homem e, a0 invés ce tenta~ rem negé-la ou superi-la, assumem-na. E com os gregos que nesce & filo sofia como esforgo de entender a existéncia de tudo 0 que existe, inclusi Antigona, para ci XY Psicologia 5 yposigZo a0 substantive morte, pois o verbo é mais condizen modes como 0 morrer aperoce em nossa vida “poder nose, querer morrer, quando morrer, por que torr (Pompeia & Sapienza, 2004, p. 68). Diz-se que a morte ¢ o fim da ‘a titima real 0 existir. O que é morrer? Como da com o morrer? O acesso & experiencia da morte parece 6 ser possivel em tercei- pessoa. O medo como costumeirameate se faz constatando 3 igmitica tansformagio ontologica, por qual uma existéncia passa de ser- para néo mais o ser. Esse enigms é atemsdo pelas interpretagdes sobre morte € 6 morrer ¢ pelos rituais de luto, Pelo Iuzo, os que fieamn reverene ciam 0 morto e compartilham entre si esta experiéncia. Mas 0 morto nao F_esci mais ai, ndo compartlha esse ritual. A perda soffida pelo outro nfo se ‘oma acessivel para mim, nao tenho como “saber” o que ele experiencicw, Outro mode possivel ¢ a banatizaydo do momter: casos de morte bites, acontecimentos om avidentes que advém de fora do existir. A exis ‘Encia ‘mpessoal cotidiana dizse “(..) ‘a-genie morte’, porque dessa um outra qualquer e a-gente mesma pede dizer com convieséo: mu cada vex precisamemte eu, pois essa a-gente € ning (Heidegger, 1927/2072, p. 697, § 51). Mome-se (im: mas eu nd Com isso, afasta-se de mim essa possibil em vando sé estd com um convalescente ou moribundo, ‘enta-se tranguiliza Jo, ajuda-lo a escapar da morte encobrindo Cotidiano em breve. Moribundo e conso esquivando-se do inexorével préprio ser-mortal 0 de nos «ie sempre iminente. prometendo quo vollarii ac jor, ambos tranquilizam-se Fé ainda mais um modo de atemur 0 enigma da morte, que é a explicar como um processo de um orgenismo. Parte-se da compreensic da existéncia como ongunismo vivo & compreende-se » morie do morte como perda da vida, © cadiver pode ainda se transfermar mum objeto de investigayo patoldgica. Mas, em todos esses casos, 2 morte é vivenciada como morte da orto, A analiticn existencidtia deve diferenciar a experiéncia de ser- com o merte da experiéneia do findar do finado. Por anais que no colidia- zo pblico o Dasein seja substirulda por a-gente no seu ser, a experiénc da morte nfo pode ser terceirizada, E possivel estar com um morto, mas znao expesienciar propriamente a sua morte. A lida cotidiana transforma o morrer em casos de ébitos alheios que asceguram que ainda estou vive. Este modo de lidar com a progria more se atualiza no comportamento de eviti-la e adidta. f possivel in ‘erpretar bos parte des avangos cientificos e tecnelogicos da medicins do sooo aoo0e0n! Eduardo Rocrigues Alves Ev transforma algo inquictante em alzo jé ssbido, em algo pelo que a-gente ‘passa. Ja ajo som eu que adoeyo, pois advece-se, Dai a esse miodo de ser cotidiano da existéncia configurar sua impropriedade. Improprio significa 2iio meu. NEo &, porianto, pejorative. Pelo contrério, 0 impessoal delimita fo que pode cada exist em cada momento historico. Ademais, vealizando se nas ocupagéies e no comércio com constincia que permite que diga sou psicélogo, sou professor ete. alguém, de algum modo a existéncia deu-ve conta, eriendeu, sua condi- tio de fer-que-ser. Mas, senda, encobre esse entencimento, Por isso, ser~ ratras, cadht existéncia encontra s no-mundo & dispersdo, desvio e fuga. Apropriarse de si des-coberta, des-velamento, no sentido de remoa0 daquile que oculs. Nio modifica o ue se faz, pois todas os modes de ser possfveis =o compartilhados. A modificasio ¢ da ordem do camo é as possbilidades que é. Sou psicélo ‘como a-genie é peicdloge ou sou como a.anie € psicologo como possib Edade propria finitizade? Eu encontro o autto que me procura ou enon tro-o como a-genfe encontra a-genve que procura um psicéiogo? A que st0 so refere? Seré esia a modulaedo que diferencia um psieélogo wadici- zal de outro gue se apes ma ontologia heideggeriana? Ser-mortal Assumir-se como possibilidade ¢ ineOmodo. Por isso, Dasein ‘busca constantemente alivie © tranquilizasdo sendo tal como a-gent nas das terefis do mundo, Trata-se de uma transferéacia por principio falha do ter-que-ser, Quando a-gente vai ao mercado, a-genie se esfores, agente trabalha duro, a-gente more, a existéncia encontra fugaz alivio do peso de existir. Todas as definigdes de cxisténcie-si e encobrit indeterminagio essencial e @ impossibilidade de enconinm fixidez, “A vida humana esta em perpétuo deslecemcoto. (..) isso quer dizer que habitamos um mundo que nes & indspito” (Criteli, 1996. p. 16). Sendo inceterminado e possivel, nao ha possibiidade existencial alzuma ge traga fixidez e completude 0 ente cujo ser ¢ sera, abortura de ser. Enquanio existo, algo me falta, Existr € ser impendeare, pois falta elgo {que ainda posso Ser e/ou sere A anélise do Dasein cotidiano revela que no mazis das vezes si- mesmo ¢ a-geme. Quando se assume como si mesmo? Para responder, ‘Heidegger caminhs na dizogZo de investigar como alguém se completa ¢ ‘otalizs, o que exige ums rellextio fenomenoldgica sobre a morte € 0 mor set, O psicélogo dascinsanalitien Pompeia eniatiza 0 verbo mores, em Psicologia Fenomenoligica Ex 0s ws sutisfazemos coma a-gente goza; lemos, vemos ¢ jul- gamos sobre Literatura ¢ arte como a-rente vé e julga; mas nos af ‘mos da ‘grande massa’ como a-gente se afssta: achamos escandaloso ‘o que a-geaie acha escardaloso, (Heidegger, 1927/2012, p. 365, § 27) A-gente & 4 sbertura compartilhada de nvando, determinando pevizment? 0s signiicades co que vem 80 encontro dv Dasein absarvico nes afazeres cotidianos. “O mimdo do Dasein dé Wwberdade a0 ente que de-enconto pata una ok : gente © ouj0s limites a mechania de agente estabelecs” s 1927/2012, p. 371, § 27). Io 4, munde jé & desvelado pelos mesmos signficades e coajatagSes que aparecern para todo né. como umm mune do comum. ido de determinar que € Gono Detar, sentir ever dle mods de ser que suindo incessastemente fornccs, tomando cada exiténcin como as de= zis do ponto de vista de seus mods possiveis de ser. Isso euractenza 0 fexgmeno de publicidade, por qual todos nds, ninguém regula as inmerpre repfes do ser-ai, Assim, angenie de antemio entence quando um accnie snento metiva s procura de-um médico, de um psicélozo, ce um pave ou pai de santo, Qualquer estrinhar-se € imedistamente mvelado pela inlerpretacio pibliva de problema olégico ou esp isso a-goue deseavolve sun citndura, 2018 fornece wespastas proms, alviands Dasein de seu fardo (ter que-ser) Diante do estranhamento pelo exist pripria e allo, torao-me ic6logo, busca 0 curso de psicologis, pois a-gente dita que o psicélago € 0 cieatista do comportamento humano. Na facaldade de P . aprendo como a-gente (psieslogos) interpreta o softimento ‘psicolSeice € como se lida com ele, passando a integra, zelar e ditar a tadl Aqueles que procira ¢ pscélogo esperam que a-Psicologia fomeca Tespostas ao enigma posto pela stuagae motivadora da procura, O eape- ado aqui é nivelamento, reciperagio de familiaridade no cot diana. To. dks as explicngbes profssiannis 0 st0, Eza Ser ¢ tempo a vinica obra ltréria mencionaca é A Morte de ‘van Mech (Tolscy, 2001), aenativa sobre personsgem que, a part de urn acidente, comega a perseatir a8 cuusas med sa saber se ¢ grave ou nao basen especialisas, o que tem. Mas a doengs fe Set algo que o incieta, Passando o sentido de sua vida e sua morte 2 sé-lo”. A explicagao causa 5s coeu ver, esta 1 bem devenveleida nos Sl Akira Kersaia (1982), ¢ Corgrnas em Flor (Siroh 2008). tos Pauls Bévacdo Rodrigues do ser-psicélogo fiméamentado na ontologi heideggeriana? Se nio for, €, no minimo, um aspecto cmicial. Ao longo de toda sua obra Heidegger retoma a importincia de assum a existéncia como ela verdackiramente & ~ entendimento-de-ser, abertura a ser ~ a fim de zelac paza que a csséncia so homem nio se pera. Este modo de ser-com Fressupée um enters mento (tacito ou explicito) da existéacia quia exist de convivéncia zevela que um mesmo nrando se x aos demais seres-em com quem mesmo ai se abre, Existencial- mente, Dasein é sempre co isola. Os outros aparccem na lida cotidiana conjuntamente acs Dasein do znterior da mide, Mundo vamente como umm ai compentihado, igualmente, senda si ence 0 serai dos dentais Hd uma ‘relagdo” imediata, constitutiva com 08 outres. Qualquer hipdtese para explicar como se sai de si outro estéfmdada na interpretagao encobridara 4 to encapsulado. A fenomenologia de Heidegger revela que no é necessé- 1ug empatia nem representagdo para estar com 0 outro. Ser-ai, sendo 0 af comm ~ um mundo comum —, é o fucdamento do conhever-se mtu. Mas ni ¢ assim que scontece mais frequentemente, pois no mais das vezes 4 preoeupagdo-com encontra o outro na indiferenga, aos modos da “reser- va, da hipocrisia e do fingimento” (Heidegger, 1927/2012, p. 357, § 26) Assim, por mais que seja outro Dasein, ele aparece absorvido pela ocuy $20. Do pono de vista 08 de ‘relagto com ¢ de ‘acesso" 20 outro un problema fileséfico, De ponto de vista xistencial, desvia e ooula a existéncia de seu sez-ai, Assim como 0 outa €0 padeiro,o policiel, o professor, também eu me asmurio & Ive da oct pagdo ~ sou psicblogo. Ser-psicdlogo é ser como se € psicélogo. E al Jeaparece wperzimta pelo quem do Dasein: "O Deseo se absorver no ruundo éa ocupagao, isto é ac mesmo tempo mo ser-com relativemente a0 outros, nile € si-mesmo. Quem é entio aquele que assumiu seu ser como cotidiano ser-um-com-outro? (Fleidegger, 1927/2012, p. 363, § 2 Avresposta é 4-gente (das Mon). todos n6s, n=aguém Jé enttendendo si-mesmo € es outros & Juz das tarefas cotidianas ia sujeita-os e/ou sujeita-se a eles, Toda reslizagio cotidians acontace como a-gente a realiza, Vai-se de Gniby vai, Na faculdade de Psicologia aprende-se a ser psicdlogo como a-gente & psicélogo, Enfim, a-gente mantém-se na mediania e nivela to¢ 4s possibilidades, transformando as descobertas em jé conhecio, o original em coriqueiro, Assim, agente desenvolve sua ditadurs (Heidegger, , § 27), Explicita Heidegger nel Le emoweiqen sme RN RNR RR EDO ssoumne pelo outro a tar ee o desobrigando, Nesse modo de convivéncis “o outro pode se tomar ependente © dominado, mesmo que o domin eulto para o dominado” (Heidegeer, 1927/201 plos as varia atividedes que se pode realizar p fs inerpretap6es que modalam como cada 1m gacontro, Neste sentido, a tradigSo filo fende que Ihe Vern a le ser substitutiva, assim [Lo] possibilidade de uma preacupaeio-cor que nfl substzui 0 outro, lunio que a pressupte em seu poder-ser exisiencial, no p Ibe a ‘preocupagio', was para, a0 coméio, restiuf-la zroprizmente como tal. Fssa-Freocupagio-com que concer enr es paso cue propriaments 9 &~ a seber, a existEwcia do oumo ¢) qué de que ele se ocupe ~ ajuda o euro a abtcrrransparéncia’ sreacupeeo e a se tomar livre para ela. (Heiden 526) Trata-se, portanto, de um mode Sntico de ser-com ¢: ito & reconduzido sua existéncia, no sentido de poder prope seu poder-ser ftctico Gejecte Medard Boss relata que essa des: poicoterapeuta descrita por Freud de no substituir 0 paciente n lhe cabe (Boss, 1963). A libertagdo buseada aa psicoterapia 36 f téncia for possibilidade; se fosse determinada ci seja orgenicamente, nio faria sentido a ‘cura pela de Zollikon Heidegger sugete que Freud tenha escolhido « palavra andlise:para a ciéncia que desenvolvia em fimgeo de seu ser etimolégico: aralysetn significa desfazer uma trams, scitar as liberar da prisfo, Anal: destecer 0 tapete que Penépole i quanto esperava a volta de Ulisses (Boss & Heidegger, 1987/2009, p. | A proximidade da descri¢fo heideggeriana da preoc teoipativa-libertadora com a experiGneia de relagdo terapéutica que a passagem acima aparees trequentemente exh livros e artigos sobre psicologia inspirada na filosofia de Heidegger. Sera isso especifi seimeato de a" bam entenéido(..) gue B20 {easy un sh-mtawin penal, mse de amemder | 1 | t | Paulo Eduard Rodtigues Al tide por Heidegger, j4 que a flosofia da subjetividade lege a anualidads a nogio de individuas isolados, Desde Descartes 0 acesso ao ‘outro’ ¢ um problema flosifico. Como 6 possivel canhocé-lo? Compreendé-lo? S necessécia 2 empatia? Qu 0 outro & inaces vel? A anilise de ‘mundo’ como a icatives mostra que as coujuntacdes so ja entendidss ¢ compartilhadas. Assim, 1us0 0 martelo porgue a gente uss isso para pregar umn prewo para peadnra: un guadro, Cantinho pela calceda e atravesso a mia quando nenbuaa carro vera vind, como & gente faz. Sou psicdlogo, come muitos outros, assim como dow aulas, camo tantos oulros professores. Enfim, existo como tantos outros. Os modos de ser no mundo sao todos comuns. Desses mo- dos de ser cada um retira determinagoes de quem se é; “sou psicélogo”, por exenplo. E do mundo que brotam as dcterminacdes do ser do Desein E ‘renhuma possibilidade éntica minha que ao o seja também outros. Sera que quem a existéncia é pode ser respondido como costume ramente ele responde, indicando as possibilidades nas qusis é”? A dade de entes si \ existén, cia ¢ inexoravelmente minhs, como expliciluda ao § 8 de Ser ¢ tempo. Entdo quem € este que chamo de ‘eu"? F com base nesse paradox que Heidegger coloca em questo o quem do Dasein na analitica existencidtia As respostas negativas a essa pergunta jé si conhecidas, “Bu nao € algo subsistente, uma subjetividade, um Essas respostas vem da tradieSo filoséfica ‘a ponto de nelas acroditer, & porque a colocada com a radicelidade que ela exige. Tambem trabalhador’, ‘sow homem’, por mais verdadeiras que possam sé canis de quem sou; so todas respostas parciais e provisérias. E impessonis. “Poderia acontecer gue o quem do Dasein cotidizno nfo fosse precisame te 0 que sou cada vez eu mesmo” (Heideager, 19: 8 Uma anélise do mundo do sapateiro revela que a conjuntacio de instrumentos a fim de fabricar um sapato raz consigo seu uluro usuério. Mesmo na fabricagao em massa, ha um outro mediano na conjuntagdo “0 mundo de Dasein € mundo-com" (HHeidegzer, 1927/ 45, § 26). No mundo compariilhedo eada Dasein so reconliece como aquilo gue fz, raconlrando-se a si mesmo € 98 outros a partir da acupago. Mas 0 outro Dasein nio ¢ instrumento nema coisa subsistente; seu ser tamnb jogo, Por isso diz-se que dos entes niio-Dasein se ocupa (fiesor {quanto dos outros se preccupa (jrvorgen). Na convivencia cotidians os outros so encobertos na famniliaridade da ocupacac e éa preocupacto, {sto é, nao surge « indagagdo pelo quem do outro, padeizo, o taxista, 0 amigo, 2 namorada. Sho modos de forentes, Tamhém é possivel a preocupardo substitutiva com o outra, que sooo agac@ant TORRE, seucial apofintico, isto é, faz ver, mostra aquilo sobre a que discarre. Dai vem 4 silerpretagdo de jenomeno-logia como fazst ver 0 que Se Mostra em s mesmo a partir de si mesino, Assim, 0 encomrar-se ¢ 0 eatender 840 culados com & fala e ¢ discurso. A linguagem funda-se no diseurso, senda ressio e possibilitando a comunicasao. Commnicacae ¢ 2 partitha do ‘cozncontrar-se ¢ do coentender. Os esiados-de-dnimo, tam vos do discurso, modulam-na come tom de voz, texipo, rismo. Heidege explica que, diferentemente das interpretagies tradicionais 4 1 sparte de vivéncias, 08, do interior de um sujeito para o inte Isso porque se! outros, Ouvir 0 outro é estar junto aquile peito da por exemplo, de opinives ¢ rior de um outro” (Heidegger sno-mundo € sempre ser-cot que ele, discorrendo, éesvea, E por ser discwso que xe pode afirmar que cadwrexi é ums bio-grafia, Minha historia individval é tecids pele nacrativa que conto de pelas natrativas que contam de mim. E uma mescla de autobiografiz com: heterobiografia na qual se depositam significados ¢ tido de quem sou (Critelli, 2012) Escutar, responder, discorrer ¢ calar so mados énticos do Este ja havia sido deseoberto pelos gregos como originario do existir. A definigio de homem como =o0n logon echon indica 0 carite: discursivo do existir, mes foi falseada pela tradugo de Tagos por razao. A existéncia ¢ discurso, o que significa que ala ¢ Zenomenolégica, herme aGutica. “Fenomenologia existencial” tem o duplo significado de ser uma analise da exisigacie conduvica pelo métedo fenomenolégico (suspensao de hipdteses ¢ teorias prévias) o de ser a ‘ess@ncia’ da existéneis qual se chega por esse masiodo, Discorrer com ontros é medo de ser-no-nmuado que pode dar a ‘ver aquilo de que se fala, assim como pode o encobrir. Enuncizdo sados que si pas: que perpetuaia © excobrimento. A adigo pode, por isso, ser engenadora, Dai a necessi- dade de repeticZo e confrontamento came cuidado metoéoldgico para que © investigado se mostre tal como 6 e nfo como a tra dele, ue so esctadas Ser-com Indicar que existir é compartithar mundos jé revela 0 carater de ser-com da existéncia, Mas esse existenciario ¢ tera de anilise mais de- prévio. Assim, sentido é existenciério do Dasein ¢ nto propriedade Zises. Do ponto de vista da snalitice existencidria ¢ incorreto dizer que tem (QU nao) sentido. $6 0 Dasein pode o ier. As coisas nao tém ter em jogo, no se projetam sendo-no-mundo ¢ se, porlanto, ineapazes de sentido, Ter sentigo significa que meu set € dos entes que excontto 58 fpropringes no eatendimento. por isso que quando Heidegger busca Tecolocar a questio pelo sentido do ser ele precise questionar pelo ser do Desein, que ¢ entendimento de ser. O sep é idade de Dasein. Fo sentido que 6 articulado na interpremaeao. A ase 0 cardter hermenéutico do exist. Heidegger remete 0 termo ‘hermentutica’ a Hermes; cizia-sem Grécia antiga que poetas s20 0s mensageires dos deuses — hermeneules que os rapsades, dos poetas. Como h 3s, 980 08 gue informa 0 {que outro pense. Aristételes use o verbo fermenever para indicar 0 Senti- Jo da fala (logos): fazer com que o ente apazeea. Apomta para o entends fe revelar 0 significado de algo. Dai significa teoria da interpretagio 0 séeulo XVI. Henmentutica significa: “inte a analitica exisienoviia, hermenéutica nfo ¢ um ramo da Glosctia ou éa Alologia;€ fo humma de entender-ser. Cotidianamente acontoce na tccupagdo, encontrado 08 pragmara, os eniss do interior do mundo. ‘Na curso em que a anatitica existenei ramente pela prim Facticidade” para se referir Fie ainda no reservava o termo existéncia pata o ser dorado de sera: antes, releria-se ao existir como vida factica (até 1921) ou facticidade, ‘“THermenéutica da facticidade’ tom dois sentides. Significa tanto 2 condi- fo de ser desvelador de sentido, propria da existéncia, como o assumir 2 tarefa de explicitar tel condigo, Nesse curso, bermentutien ¢ ¢tarefa de [oo] tomar acessivel 0 se io em cade 0 dies catolixica do s Ge comumicé-to, tem como tarefa aclara sia alienagd de si mesmo de que oser-ai é alingide. N ta conflgurarse ao ser-ai como uma possibiidade de vir @ se ede ser essa compreensio. (I Ne trato com og zntes do interior do nm=do, o preta-os como algo para isto ou aguilo. Essas interpreta ‘apresentando aos demais como algo aparece para mira. 1ss0 fo, que, pare Heidegger, é derivada do extenéer. Comunicar € facer-ver-juntamente. © flosofo ‘retoma de Ariséieles que logos € E E Gide Psicologia F Fost um prego no pared © Dasen do pnto de vist de seem em Ger io aeniece cane ecupato.e disco Discurso (Rede) O existencidrio entendimento indica esta condigdo de encontrar o que vem a0 excontro ~ coisas, oulros, si mesto significado luz da conjuntagHo sustentada por uma possibilidade de ser do Dasein, Intex tar é 0 desenvolvimento do entendimento jd tido de algo como algo 1927/2012, p. 421, § 32). Esse entendimento permaneee encoberto Na ocimpasdo, mas indica o ter-prévio (Vorhabe) que sustenta toda intenpretagio. Tito ao ter prévio acomtece @ Exagdo de um ponto de sob E 0 ver-prévio (Vorsicht). Por exeraplo, para pregar aparece o martslo como algo para... Psso tarabém interpretar que 0 martelo € pesado. Isso parte do uso (let prévio) para accssévlo do onto de vista do seu peso (ver-prévio). Do mesmo comportamento pod za surgir 0 enunciado “o martelo ¢ de madeira” ou “o martelo ¢ bento Seriam ver-prévios distntos. Numa situagl0 em que me sinis ameasado, © marcclo pode ser interpretado como algo pata me defender Ou para ar remessar no que me ameaca. A imierpretaco também langa mao de uma coneeituse’o — con ctito-prévio (Vorgriff} — para realizar-se. A conceituagdio-prévia pode s2 pertinenic ao ente ou pode ser farcada, tentendo submetd-lo. Nao é Leito de Procusto da Psicologia, a forgacéo de une conceinuacio vomatural no ente que 6 entencimento-de-ser’ © que Heidegger acentua aqui € que nfo existe interpretagao desprovida de pressupostes (Heidegger, 1927/2012, p. 427, § de que as criangas e 0s artistas esto livres de pressuposios & te, Tamo quanto a de uma experiencia desprovida de signifieagio, Sao iogdes que desconhecem a estrutura do entender. O apelo a evidencia ("6 claro que tenho um corpo orzinicol”, par exemplo) ¢ un cemvite as opi- nides 20 senso comm, isto é, aos modos de inlerpretac2o correntes ditados pelo senso comum (a-gente), O conhecimento cientifien nfo pode se fiat 13ss0, sob o risco de perder seu tema de investigagao. Toda interpretagio é 0 desdobramento de um este, por sua ver, é possibilidade de ocupasio, Heidegeer reserva o termo sentido (Sinn) para se referir ao projeto que sustenta que algo seja enten- ido como algo, tendo 2 estrutura do tet-prévio, ver-prévio e cor itendimento ¢ se O esaraf é o Demiurgo de si mesmo, ele set thangs. Mas o se fazer & sca imagem ¢ se: tempo a descoberta da impacsibilidads. © lromem como ser-no-an € yrojoto, mas € projeto jé projetado e projetade como ser-pare Stein, 1990, p. 99) Como existenciario, ‘possibilidads" ndo pode ser usado no plu 3 a8 ‘possibilidades' (no phural) so Gnticas. Posso a cade vez comtinuar sendo psicélogo ou tornar-me cozinheiro, Sze possibilidades de mew contexto social histérico (6nticas), que ja esldo disponiveis no nmendo piblico historico que € meu. $6 passo ser essas possibilidades (existen cial) porque fandamentalmente meu ser € possibilidade (existenc poder-ser constitutive de jamente como ertendi- mento'do' ser das" cuisas, dos omros © de"si mesmo: Poder ¢ ver substantive, pois é 0 modo como a existéncia realiza- A primeiramen! lum golpe frontal na filosofia 0 nhecimento a descaberta de ‘como algo para descansar. Enunciar 9 gue é uma cadeira é trazer & palae via a intexpretagio jé acourida, Assim, "o comportarmeato "pratico” ido & ‘atedrico" no sentido de ser desprovido-de-vi jeidegver, 1927/2012, N texto umn oposigdo entre teoria ¢ pritica c yer de que a5 coisa: nno 180 ¢ 86 depois podem ser cbjetos de teorizacdo jé € dental, que desde Platfo at p. 213, § 15). Nao hé neste « Toda apo ou pritica é um entendimente. A teoria é a explicitacdo, a cunciayao de um entendimemto jé dado como modo de ser Com base nisto, faz sentido colacar em questio 9 ttradicionalmente se ensina psicologis, Comeca-so pela tzoria e nas peut. {imo e tiltimo anes do curso realiza-se a prutica, NAo estard csse extendi- ‘mento preso a tradigio metefisica que privilegia 0 caxheciment-‘te6ci- co"? Nio estaré, portanto, cego 2 condigo do Desein entender e ser discurso cooriginariamente? Figueiredo (1995) linha, apoisndo-se nas nogdes de Michael Polanyi de couhecimeato tacit — pessosl, expeciencial, 0 know-how, incorparado — plicito ~ chamado de edrico ~ para propor uma tensio ente o no ensine da Psicologia, A teoria deve ser questionaca pela pratic a, que, por sua vez, € organizada por aquela. ped A ciécia, assim como todo cont * Teadurdo de Sten pare Dasein Cer yr) logis Fenom / ram. E mesmo? Por qué? Como ido? Por que no 90 minu- ] tas? Uso martelo para pregar porque é isso que se usa, Dasein no inventa aroda cada vez. Felo contréro, encontra n0 mundo factico o para qué da | oda a luz da conjuntacdo na qual ela aparece. A tradigio legada deters na as possibilidades etuais Trazendo para o contexto da prética psicoléaica, esta aparece no mundo compartithado como instumento para a resolugia do softimento chamade e peivolégico. F isso que aparece quando alguém proce psicélogo. Frequentemente {4 tentou resolver sua situaga ‘passou por médicos, padxes ete, e, desta vez jcol6gico como algo para lidar com a sitiaglo tual, Assim, @ auto. compreensto cotidiana interpreta o fazer do picélogo como serve para algo, —— — Mas como Dasein ¢ ser-possivel, a tradipio impo de jo 0. Pode perpetui-la on repetisla, no sentido de coavocé-la nara conto Tamento, inaugurando novas possibilidades, Nao seri esse um sentido desia pesquisa: colocar em questio © para qué da Psicologia ¢ de ser psi- loge, que assumi irrefletidamente como dados? Mundo fomece respostas possiveis e encvbridores 20 enioma inexordvel: quem sou eu? Quem somos nés? Sou psicélogo, Somos seres stiados i imagem o semelhanea de Devs. 1350 eieslogo, ser criatara so modos possiveis de ser. Sao, portanto, modes com a exisien- sia acontece (possibilidades). S30, também, modos de responder u per- guata pelo ser da préptia existgncia. E so também modos de responder gee langam mio de uma determinacio, pois posso dizer: “sou provessor" sou psicdloga”. Esse ‘ser’ determina o ser deste ser-ai que sou Heide aver diz que ndo. A andlise sepuinte do quem se ¢ cotidianamemte revela Tue na maior parte dai Vezes cada existéncia nao é si propria, pois é “A- gente’ (das Man). Ademais, todas as respostas pata quem sot $6 podem ser parciais. Nenhuraa delas preeacke ser-ai do ser, extinpando seu tet que! Possibilidade corno existénciésio indica o cardter de ind ago ontoldgica do Dasein; sua tnica delerminagio é ser entendimerto- -de-ser, ou ter-que-ser, que nfo é determinagao essential quididative. Por ( ser indeierminado, Dascin ¢ tal como € possivel ser nos mand que habita. A radical indeterminagio, que lanya ser-ai em busca de modes de ser tendo que se crar,¢ linitada pela faeticidede, Dejecto, projeta-se 2 | artir das possibilidades j4 dadss no mando comux., Por iss0, Stein cha mma 0 serai de “impotent deminege Crrrrryrrr) lamente se eatexdée no modus do aquilo-cm-relapdo.a-quo do priv fazer 0 eniv vido lovem-que Worin) o Dasein p $18) ‘Mundo é 0 abrir do espaco-de-joge ex que Dasein projeta suas possibilidades, A existéncia encontra-se famriliarizada no raunéo, ou scja, coisas, 08 outros ¢ si mesmo séo & luz dessa significan- evela-se, assim, um modo de ser 0 sentiéo ‘uma possibilidade de uso de algo para algo, que, em altima instaxcia, semete 2 uma possibilidade existencial descobrir A furiliaridade encontrada em mundo é um modo da existencié. rio Ser-em. Tradicionalmente “em” significa “dentro de”, de modo que ser- jentro~ -em-o-mando significaria significativo e ‘em’ (slemfo: in) undo. Mas’ ‘mundo’ € nexo tare, demerar ‘famviharkzada com, evido de el- i sm “en” significs estou acomume \ ® iz igatticario de colo, no Sentido de habit e cig. [..] ich snifca, por sua vez, mero, o mundo A ar deste ou daguele medo 192772012, 1 mundo ¢ estar familiarizado e trenguilizado | ficincia descoherta, # entender © que so 2s | € habitar um mundo comum”, piblico, H compartitha | Os significados, os usos, os snodos de Tida so ' digdo. Isto é, hé modos conmuns histéricos de deixar sevem os ene, Fssas | : possibilidades sao tomadas como dadas, dbvias, evidentes. Dou aulas do medo como se da aulas, como se sempre tivesse sido assim, Realizo i sdes psicoterapi de 50 minutos porque é esse 0 tempo que elas dur fsa, a mt pela 033 plcaforma coberad 21cm conta semper, sa innalapsies de umsinagia publica, a esceidie so, «expecce mudangs da sainads cozstelacdo do sistema sera, Quaaco clhames 0 re expreso iuexpresso da ‘posi do S a indo imagen do’ [}Well] & algo no qual se pode viver" (Heideg: 0 cotidiano, defende o filésofo, a8 coisas apare: strumentos (zews) de ocupacSo, Por exemplo, “ao abrir a porta e a macuneta” (Heidegacr, 1927/2012, p. 209, § 15). Ao entrar numa sala ro-me com ¢ entendo imediatameme 9 mundo da aula Touse, giz, carteiras, alunos etc, ~ como um todo para fecionar ~ 0 mundo do ensino. Nele ja descobri possibili fessor), assim como ja entendi quem sio 05 outros (altmnas) © as coisas, Cada ente tendido aparece como algo para algo: Heidegger chama esse cardier de fender algo como algo de intespretagio (Auslegumg). Todo ex xpretativo; “Todo simples ver antepredicativo do utllizavel j4 é om si mesmo entendedor~interpretante” (Heidegger, 1927/2012, p. 423, § 32). ‘A interpretapto funda a possibilidade de enumeiar algo a respeito-de algo Por condicdo, a exisigncia é hermenéutica Os gregos se referiam a tudo com 0 que s¢ lida como Heidegger sse entendimento para mostrar qu, am om como ‘objetos" para um “sujeito’, as coisas aparece como coisas pica... instrumentos, determinados pelo para-algo (Lm-ru) ¢ desvelados & ‘mio Zuhander}. “Usiabilidace, aptidio a contribu, empregabilidade, maneabilidade so exemplos de ser-para dos instrumento aparecem remetidos outros instrumentos numa conjuntagéia ‘eidegeer, 1927/2012, p. 249, § 18). Por fim, os paraqué dos instumen- tos estio referidos @ ura ai a quem eles aparecem; “Por exemplo, coin esse ullizivel que, per isso, denominamos martelo, tem a conjuniaglo no martelar, o martelar a tem no pregar para deixar firme, este no prote este ‘a fim de" abrigar 0 Dasein em vista de ma possibilidade de seu set” (Heidegger, 19 P. $18), Isto é, a existencia num estado-de-Animo (Stimmurig)-ame descerra as intempéries entendendo-as como ameaga, de miodo qu fim de p €, langa mo de prego, martelo, madeira, telhado, que aparecem af como instrimentos para proteeao, O barulho que entra pela janele enquamto escrevo é algo para atvapalhar, & luz da conjunt ver esta tese, O vidro aparece como (8) algo para silencier 0 incémode primeiramente como de aula, dep: esc afastar Esse descobrir entes om seu para qué ¢ chamado de projeto a possibilidades. ‘Projeto’ nao significa um plano idealizadc Se assim fosse, o projetado estaria disponivel como algo ji dado. O cari ter de projeto do ‘entender’ resguarda 0 projeto como projeto. 0 Dasein Projeta possibilidades a partir de um mundo jé aherto e entendido, “Mun- do’ is 5. Ser-ai pro airmail Marienipcaiaeal pa a opengl Ser-possivel também nfo significa que primeiro existo para em seguida realizar possibilidades. Neste sentido, ‘possbilidade’ esiaria sen- do enfendisa como algo de que uma coisa subsstente 06m rciro existo, depois posso realizar-me com as varias possibifdades pro- fissionais que meu contexte histérico e sovial oferecem. Tal interpretagao suite comumn nas abordagens psicoldgieas existonciais ~ eatende ‘pos- sibilidade’ no seu sentido Kigieo e vazio e/ou cuntingencia, isto €, como algo que ainda ndo é real ¢ nio ¢ necessério. Ser-possivel significa que 4 da vez 0 Dasein é tl o-hi nexium modo de ser que extzpe seu cariter de possivel. Ser-pessivel significa ser indeterminado, ¢ que exige que Dascin seja como é possivel ser nos mumdos que habitaE | nessa direso que Reis (2013) inlitula um artigo sobre o conceito de pos- sibilidade em Heidegger: "O “eu posso" deve poder acompankar todas as minhas. determinagdes”...O_existencifrio. eatcadimente “concerme aos smodos caracietizados da ocupaco™ do ‘munde’, da preocupagao-com 0s ‘outros ©, em tudo isso e j8 seaapre, 0 poder-ser em Tela em vista de si Heidegger, 1927/2012, p. 409. § Taculdade racional. E um modo de lida, um 1). Entenderr 2 tamenio Neste sentido, ser-postivel é ser um entendimento (Verstehen) encontrado (B pode ser ontica aente mais ou menos entendida; cada wa“ diz respeito, & 0 que toca seu poder-ser” (Heidegg: p. ll, § 31). Esse saber ontologica 6 que finda a possibilidade de entender esta : acuela coneretas. Daf que na analitica existenciiria o entenct mento de ser figure como primeira ‘definieéo’ da eseéncia do homem. Existr é ser uma aberturs na qual ser pode car-se, aparccer. Ser-possivel encontrar os entes no af que ¢ o exist. Mungo ¢ 0 termo usado por Heidegger para $e referir a tudo aquilo que ser-af encontra-cotidianamente, que 0 redeia. E dificil falar de ‘mundo’ sem parecer estar eindindo-o do ser que & Ser-ai éser- em-o-mundo. F, ‘mudo" que aparece ‘ai”, O termo ser-en'-o-mundo é grafado com hifens para mostrar a unidade de ser e mundo. Mundo indica os contestos nos quais 0 exis mego do seu percurso filosétice Heide; se 44, Jé no co ct definira claramente: ““Mun- fe se haver com slg, produc algo, dona algo 08 es ‘ar.. [J Modos do oauparse sie trsbene omit, enunecer, deseansar |... Tarsoém assur’ || ooter algo, |.) secea (Heide Fenomencligies entediada, ameacads, triste, possibilitando que os entes partic revern dessa maneira. Por exemplo, a abertura tondlizada ames te possibibita o aparecimento de entes ameagadores, No é a toa, © menta Heidegger en passant, que 9s paixées tenham sido primeirament adas na histéria por Aristételes quando diseutia a retérica. O ora iscursa para despertar estados-de-Enimo no ouvinte, modulimdo © modo como mundo Ihe aparece. Como a existéneta € compartithada, a convivéncia piblica também tem seus estados-de-dnimo, © encontrar-se coma sbertura criginéria ‘afetiva’ da exist tem sido apaniade por aqueles quo fazam a porte entre & analitica ex tencidria © a pritca psicoldgice como una das importantes comesSes propicia ogicament2, 08 =~ leis nfo sBo secimdérios cm relagzo a0 satcndimento, Boss ¢ Genilie recorrem a este existenciério para mostrar que a Psicclogia tradicional, soinda na dimensio consciente ¢ racional da exisiéncia, passa.20 largo de como acontece, Eles exigem que se consider, compreender a Entender (Verstehen} Todo encomtrar-se é também entendimento. Entendimento é wun existenciario, Coma tal, 6 ive existenciario, Existir ¢ ser possivel. Os modas de set s80 modos possiveis d ser. Tudo aquilo que se frx cotidianamente6 uma possibilidade antic cexistir € lidar com coisas, outros e si mesmo. ‘Realizando' possibilidedes, a exist célogo é uma possibilidade existenc tica), um modo possvel de s eada vez ser. “O Dasein € cada ele pode cle é a sua possibilidade” (Heidegger, 1927/2012, p 409, § 31). E, portanto, 0 que fago e como fago a cada vez, A modaliza- fo indicada por Heidegger € de ser proprio ou impréprin, isto é, assurnir 2 possibilidade na quel o existir acontece como miziha, a partir da fini Zacio da cxisténcia, ou ser impropriamente, isto é como ‘a ane faco ¢ 0 que esta aberto como possibilidade existencial (Ont lada pela facticicade, pelo mundo em que aeontece, Assim, nossibilidade no significa infinitas opcdes. Pelo contratio, possivel ¢ o que posso em cada situacdo atual. acuntece, Ser p (én i | Sr SSN NE €-um lugar onde esti (Inwood, 2002), Ao pé da feta, o txz ° fato de alguém se encontrar de wina certa-maneite” (Ca Medard Boss traduz pare o inglés por attunement, que significa ¢ sugere a afineoto de um instruento, ume vikeacdo, un 1994, p. 109), Os entes que aparecem 2 existénci € esto sempre é sob um tom p40 vivenciada, Heidegger indica 0 enconmarsse como giniria de snundo, isto &, aquilo que cotidianamente c de ‘sentimerios’ ou afetos’ 60 primeizo desvelar dos enies do meade, O privilogio da razio na tradigio filosofica relegon os estados-de-inimco a segundo plano. A psicologia, herdeira da metafisice da subjetividade, interpreta-os co “interes” 2o sujeito, o que revela a cisto interiorexterior como pre Post. Mas “O ser-de-um-estado-de-dninio nio se relaciona de’ proais Com © psiquico, nfo é neshum estado intemo que de modo eng exteriariza para colorir caisas © pessoas ld fora" (Heidega 1, § 28). A andlise fenomenclogica revela gue « existenc ore a cada vez jf aberta 20 mundo, nele langada, os humores (ou de Anima) so os anodos énticos ex que 0 encontrar-se (ontoldgico) acon tece, Tal encontrar-e ja cada vez junto aos outros e ans entes do interior do mundo revela o cardter de dejecedo”, isto é, de j4 estar em meio a aes desveladas sob um ‘clima’ [Em toda situapdo vivenciada a existéncia estd umorada Mes mo a ind dio, camo suposta auséncia de estado de animo, revelam o cardter de estar sempre j4 afinado; neste caso, revelam ¢ farce do existir. Estados de animo exakados livram: ta rte a existén- ia do faréo, o que, para Heidegger, novamente afirma-o como condigto. A dejeccéo indica a “factualidade da entrega d respansabilidade’ (Heidegger, 1927/2012; p: 387, $29), isto é, revela ao existir sua condigdo de ter-que-ser. A Psicologia moderna lida com os afetos, soja preocupando-se com 0 controle dos mesmos pela razfo (0 que, na analitica existenciéria, significa outro estado-de-dnimo que revela o mundo soh ums uniform. dade), seja cultivando o livre fluir e transformar deles. Fra todo o. Cotidianos estados-ce-nimo nflo ostio sob controle de cam de repente, vem "A tona a partir do ser-no-mundo” ( 2012, 391, § 25). No cotidiano, os estades-de-fnimo modulam 0 desw dos eates encontrados. Isto é, a existéncia descobre- lamento aberta a mundo Mie in de Si Cavaleanteuaduz por emarlangado / existir € de ndo cisio entre ‘sujeito’ o ‘objeto’, entre cue 9 gue encontro so meu redor, A Historia da Motafisice 6 também a histcria de separagto de homem 0 meio em que ac filosofia da subjetvidace, da qual deriva a Psicole pitulo dessa historia zo postalar a natureza radicalmente diferente entre 9 pensaziento (sujeito) ¢ dade (objeto), tomando necesséria a nogao de “tepresentaydo” do exterior no interior do sujeito e a perpetuageo do enigma da rel corpo (objeto) e mente (sujeito), Suspendeade a tadigdo € possivel mos irat 2 experigncia original da ‘relagto" homem-mundo ass a rmelafisicamente e resgrter a esséncia do homem (H: Ser-em-o-nmundo ¢ analisado em Ser ¢ rentes, a cada vez buscando uma visio ma deggor comega analisando o sentido de om, em seguida, mud fim, ser-em como condiggo do estar aberto & mundo, Sao vias de ac momento € 0 sentido de ‘possibilidade” que interessa, comeco pelo ser em e, a partir dele, retomo os demas, Sereno-mundo é ser abertura para os outres, paca as coisas e pe- 14 si mesmo, Como existeneiio, ser-aberrura nio ¢ modulé ou menor aberturs, Significa btoralmente ser um e em. que coisas e outros podem aparecer, A imagera usada por Heidegger & oma clarera, como em mutas fechadas; em meic a0°escuro, ha uma abectura clara onde é posaivel enxergar. “O termo ai significa ecsa essen- cial abertura. Por meio dela esse erte (0 Dasein) ¢ para ele mesmo ‘ai anido com 0 sera’ de mundo” (Heidegger, 1927/2012, p. 381, § 28) de serraberto: encontrar-se” cit), entender" (Verstehen) e discurso (Rede). S40 cooriginsrios, ‘sto é, n&o hi hierarquva entre cles se atuelizam concomitentemente fo trés os modos convormsta erin Encontrar-se (Befinclichkeit) wz 0 termo alemio Befindlichkeit. Findon & encontrar, achar. E usado em expressdes como “ele esta (encontra-se) vigjando”, “cla esté (encomtra-se) recuperando-se da cirurgia”. Em ale- 9 também é usado para perguatar “Como voce esti se sentinds”” (Wie nden sie sich?) E um termo que indica como esté se semtindo © Marcia lemme nade por dipasinao, Marcia de $i Cavaleani eaduz par compen Corry) Rodrigues 8 ‘Como nfo ba esséncia ow natureza humans que defina de a mio o que é a existéncia, resulta dai que tocias cs modos de exist so modos passiveis de s [oo] Dasein & cada vex meu neste ou nequele = ‘coma © Dasein ¢ cada vez meu jé fo nde-ser. O m0 sempre devitido de algama max Cente, em cujo ser esta em jogo esse ser ele mesmo, se cor relagdo a seu ser como em relago & sua poisiilidede mai propria. (Heidegger, 1927/2012, p. 141.§ §) ignifice possibilidade aqui? Sign , isto €, projetar um furore para si mesmo? E, por exomplo, dispor da possibilidede de continuar escrevendo esta obra ou ita oisa? Signific# 0 mesmo que dizer qu mente iema possibilidade de tomnar-se wma drver Ser-possibilidade é um dos aspo ‘mais cativam os alunos e graduagao em Psicologia © motiva-os a huscarem 03 estégios em psi- sologi fomenelégica no quinto ao. deles que fequentetente nro, 4ss0 para si mesmo, Como do Dasein, dizem eles, significa te alerico esti sotzendo porque ele excal todos 08 modos de ser so possibilidade que o paciente dispée de outras, mas elege esta (o saftiment). P dade, nese caso, significa livre-cbitrio. Ser isso 0 ser-possibiidade Das ‘0 que pode in fenomenolégico-existencial?” mts ela pelos que um psicélogo pode eleger a partir de aua Livre esvotha e lac ala de um comportanento de qual dispde constantemente, podendo dele lanear mio quando quiser ou precisas? Serd isso possibilidade? No § 9 Heidegger nfo se deism nessa ciscusslo, afirmando apetas que “O Dasein ¢, cada vez, sua possibilidade e ele nfo a ‘tem’ someate como bsistenie” (Heidewcer. 1927/2012, p. 141, § 9). oximagao do existenciscio ser-em-o-mundo, em esto do ser-possivel do Dasein oil Ser triplice abertura A primeira abordagem a exisiéncia sob 0 encuctamento henne- néutico encontra-a como ser-em-o-mundo. A experiéncia cotidiana | oS RS Cerri tento, e nfo come existéncis, é vim modo de ocular © prépria se. P 2008, p. 106) considers-as tentaivas de responder ab enigma que ‘éncie ¢ para cada um: “Tanto o filho de Deus (Teologia) como'o filhe do macaco (Biologia) ou ofilho de pai e mile (Psicologia) sto resoostes ep que © homem deu & constante interpclasgo do enigma de sua apie 0”. Todas as abordagens psicolégicas que definem o hemem coutrituern 2 sua perdicio! F isso nfo € falna das psicologias, pois n- dadas, ainda que nfo o saibam, na ontologia metaffsica que interpreta o homem como ovisa cntre coisas, da categoria animal com 2 difstenca specifica da racionatidade (psiquismo, mente etc.) perdigio (desvio do préprio ser) que a fenemeno ofereve salvagao, Embora lemire a terminologia se conquista do proprio ser acontece sabre o fiindo do encurtamento her menGutico; ¢, pois, uma experiéncia estritimente te que recebe o nome de existéncia, As nfo tém essa condigdo. Fles sdo, dem gahé-lo ou perdé-io, nao se extraviam nem se encentram. O set dy Dasein € um ‘tipo’ de ser manito especifico, para o qual a préptic ser eo dos demais untes no Dasein ¢ questio. ative da Trata-se do carfter do ser-cada ez meu (Jemeinigket) da existéncia; em todo que sou, eu sou. A grands taiovia das tarefas da existéneia (conereta) de siguém pode set realicada Per outrem. Cuidar de un ouro muitas vezes implica assumir por ele gums de suas responsabilidades e realizar por ele o que Ihe cake Laos ‘alo exticpa 0 cariter de meu do meu existr. O ser-eala-veromen £0 one gst em jogo a cada ver no Dasein, Ser pode ser meu ou na ser men cada vez. B isso que exprimem os existenciérios propriedade ¢ inineo Priedade, Esses termos néo possiiem nenhum sentido ewvalisivo. Nao é relher ser proprio ou picr ser impréprio. $0 modos possiveis de cer 4 ada vez ¢ somente isso. Préprio significa “meu”. lmprdprio, “ndo meu Gleidegges, 1927/2012), Disponho de minha existéncia como minha exis téncia? Ou assumo-a coma algo simplesmente dado? Ou dela absico? Como é-se préprio ow impréprio a cada vez, ganhar-se e perder-se ¢ ms. vimento. Estar em jogo a cada vez o ser que é inexoravelmeate meu é om tbo mode de dizer que ser € tare! suger indica a ‘esséuciz’ da exis. {Gncia como “ier-de-ser”. Essa ‘esséncia® nio precode uem sucede a exis téncia, explica; rer-de-ser & respondide sendo, existing, Que & ser? Pode-se pergunter “que” & firmar que é um qué? © mesmo vale para o “ser humaao”, Seri mesmo | ‘um qué como outros qués, um ente como as outros? Dai a necessidade de comecar a investigaeéo analisando o tmico ente que nuire relaggo com outros entes e, portanto, em elgum nivel, com ser, que € somos. Para Dasein (ser-ai) 2 palavra ‘ser’ nto significa s nal, este ente, enquanto ‘e”, € abertura para ser e ‘curr de deixar c Para suspender as irserpretades tra 2012, p. 139, § 9) reservasthe o termo existéncia (Existenz), Adiante livro revela-se que tal escoTha nao ¢ formita, pois etimologicamente exi tEncia € ebisie stealado (sistere) fora (ef). Existir € estar sompre fora! no mundo, sclodindo.como_o lugar onde_os entes_manifestam: Todos of entes ndo sdenominados subsietentes (Vo ‘A‘esséncia’ do Dasein reside em sua existéncla” 0 § 9 ndo apresenta a relacfo entre o ente que sem e 0 scr dese ente que sou como tna relacto de subordinace, como acontece quando se afirma que eu sou um ente (particuler) do ser kemang (universal). Pri. meiro, porque Heidegger atenta para que nao se procure allures o ser do ente que sou, isto é,n2o se trata de uma esséncia ou de algo que néo este- ja presents enquanto se é este ente, Pelo contrario, o ‘ilésolo convoea 0 vestigador a aproximar-se de como acontece a prépria experiéncia coti- Ademais, énfase precisa ser dada & exmress20 “a cada've2", pe sontariamente & concepedo tradicional de sor coma infinito universal, © fente que sou se comporta em relagdo a seu sér a cada momento, isto & existindo, ‘relaciono'-me com meu ser, havenco-me cor meu ser. Tal ter de lidar, de haver-se com 0 proprio ser, é o que Heidegger chama de “es- tar em jogo” o préprio ser para este ente, a existéncia, Assim, a existencia é a de cada cual, que, quando olhada fenomenologicamente, zevela @ estrutura ¢ priori de ser-ai (Dasein). Estar em jogo... estranha expresso para se referir & condigio Inumanal © ser do ente que somos esti em risco constante! Posso jue’ sou, Ou no, A cada vez. Posso ganhar-me ou perde cada vez", isto ¢, nfo se ganha nem se perde em definitive. Ganhar seu ser & assumi-lo tal como ¢, Perder-se é 0 contrézic, , toda autointerpretagio da Dasein que se toma como algo substancial, subsis- Crrrrryrrr) ung Uhscs Pela segeranja do conliecimento verdadero, setdo 05 itmos apis Hiezsche, para quem no hd ser nem verdade, sponse perenne, sivas", ¢ Husserl, com a fenomenclogin como igor do comecitento filoséic, B eta comprociole encase | ser € ele gue esd presente amb nas via pcolega, eae Se | tuem um elemento como 0 verdadeiro ser do homem ~ © psiquismno, 6 i comrlansto, a experica ~convecando 9 Jucdlgn 9 Sa er | Sieg brocura (0 ente) das eoganosas aparéucias na direedo do sas sn deiramente interessa ~ 0 psiqui A dificuldade 2 nO, © comporiamerto, #e venta quando se considers que em aedend ey £m francés (para indicar algumas linguas) ser v cone dos pelo mesmo termo: sein, einai, 10 be, etre, Em slemins = te a set — sein. Em inglés 1 ~~ beig: Fem portuguds essa relacdo fca ocul O mative da recolocacio da questio do ser para Heidepser é Gus mito cedo na Ristoria da Hlosofia, ser (que pode ser suri sae | tletPretaco como‘ ser’ (substantive), isto.€, como am co Portanto, passivel de predicagio: por mais que seja comma ®ssets wn semttmeiiemle, Tamibéim na tadisao flosética vonfimde-se one coat Fenacar® some no portugues corrente. Mas sera ser umm enie? Ne ore rire, Heidegger estudz Brentano, cujo tema de estado € a pein ae Ser em Anst6teles. Heidegger masta tal polissemia as seonie pas ‘Des gus dar REALMENTE EXISTENTS* (Gopemei) er dia: aexpernentamos e pennon oer Ce TANTEMENTE DADA (rerio oe a ly sigifice TEM LUGAR, “Exh amen eee VEM DE TA “A tga € de pri aiuitcn £ Sones ee 8 Sb uo campo’ gnfca: TR aRGP ' RAO CaMpo, ALT se DEE ' LE PERTENGE a ELE ne MORTE. “Vermetha & bombordo™® 19591005 9.050) STA mtifica: ANDA POR LA. (Heidegver, wT sia. ¢ “esa seada” aio resale ak de odo exady, Fos, Sande ein sare, “pomancce pedo, om pons” {Onlee Eee tionary, 2015 18 Verne ca do exisiéneia tem esse mesmo sentido: de ma a partir de si mesma fazenddo com que a necesstri suspendet as ontologias le ddoterminacées do ser do hhomem dele: chamado por Stein (1990, p. 20) de “encurtamento hermendu torizado pela climiuagzo da ontologia teol6gica, da concepezo des etemas e de eu transcendental, assim como pela “ferclasdo do mundo naturel” (p. 21), isto €, afastamento do pressuposto de tum mundo sélica, fimdante, origem das (eorias sobre ele, como a nogdo de natureza ou de realidade, Assim, Desein no ¢ sssumido como um ente criade 4 imagem, ¢ semethanes de Deus, nem um ente natural. Que 705 9 fori 2s primeiras indicacdes: de se hav seu ser. Como ente desse ser, cabe-Ihe responder pelo seu proprio ser. O ser ele mesmo € 0 que e pura esse ente, (Heidegger, 192 curta passagem revela tremenda dificuldade! Primeiro Porque Heidegger larga mao de conceitos comuns na Filosovia, mas e tranhos em outras discip Qualquer livto imtrodutério & filosofia apresenta como definisao de ser que & 0 conceito mais universal, abstralo, enq) € um caso par desse universal, © temo em portugues ente d significa literalmente vocabulo ¢ participio pre- sente do verbo esse, traduzivel por ser. O mesmo acount sgués, mas nesta lingua ente é um substantivo, Assim um en lar canzreto de um ser universal. Por exemplo, a mesa de madeira sobre 4 qual trabalho um exemplar concret (im ente} do tniversal mesa et). Com Plato, inaugura-se na hist6ria da Glosofia. uma hierarquia ente, Ga qual 0 ente é um decaimento do ser; 0 ser (universal) & mais verdadeizo que 0 enie. O conhecimento verdadeito & aquele gue encontra a verdade (o set) escondido pela aparéncia (ente). Como nt al ria da caverna de Platio, o acocrentado v8 apenas sombras eas coisas & § toma como a verdade, sem saber que sflo sombras de coisas jlumina as, Mas alguém consegue sair da caverna © ver as coisas sob a luz do 801, isto é, de modo mais verdadeiro (Heide; 108). F essa in- terprotacio da verdade sobre ser e enle que toma & historia da Slosofa Fi iv A Existénc er desenvolve em Ser ¢ tempo uma anelitica fenomeno- humane, que mais tarde é mdicada como antropelo- altica a ser expregada como fundamento de uma nova cign- jo homem (Boss & Heidegger, 1987/2009), En entra em contato com: io de homem j4 no segundo ano do curso de Psicologia hes de Medard Boss. No ano seguinte, comego a de- ‘és de publi brugar-me sobre Ser ¢ tempo. Por isso, ¢ premente a descrigdo da existén: cia, Neste capitulo, porém, no aprofindo tal pontos, a meu ver, mais zsticulades com as discusses sobre as contribui- ges de Heidegger para o ser-psicOlogo, Para apresentacSes mais bem '4_dos comentadores Pessanha (1999), Beaufret imo (1989), Trotignen (1990), Inwood (1997), Nuaes (2002), Casanova (2009) © Haar (1997), cujas apresentagées figuram como im Aluéncias nas reflexdes « seguir. A diferenga ontolégica A primeira apresentasao em Ser ¢ tempo do ser da existéncia se ‘encontra no § 9. Nas paginas anteriores Heidegger apresenta a jostficativa Ga recolocagio da questio do ser e o primado da existéncia como fio con- Gutor dessa andlise. Encontra-se nessas paginas iniciais também a explici- tagio de ‘fenomenologia’ na concepsao heideggeriana, jé aprasentada ‘que se mostra tal como eie por si mesmo 12, p. 119, § 7). A anélise feromenolégi-

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