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Gestão de Produção e Qualidade

2.5. RELAÇÕES ENTRE CUSTO, VOLUME E LUCRO


Produzir além da demanda do mercado gera estoque e, consequentemente,
custo. A minimização dos custos de produção faz-se com quantidades planejadas,
programadas e predefinidas, de forma a se obter melhor controle e maior
qualidade.
Sabe-se que as demandas dos produtos e serviços apresentam efeitos sazonais e
imprecisões na sua previsão de médio e longo prazos.

Nesta aula, iremos trabalhar com os principais números da produção, sempre no


âmbito operacional da empresa, isto é, nas actividades envolvidas na compra de
matérias-primas, seu processo de produção ou transformação em produtos
acabados, agregando valor e criando bens a serem vendidos com lucro.

O material de apoio é fundamental para a melhor compreensão dos temas aqui


abordados.

Como manusear custos e receitas operacionais da empresa?


Quais são os principais itens que compõem os custos e receitas operacionais da
empresa? Como eles se relacionam?

As empresas, como regra, possuem custos e receitas operacionais.


Vamos estudar um pouco de cada um deles.

CUSTOS

Existem, basicamente, três tipos de custos operacionais.

A. CUSTOS VARIÁVEIS
São custos de se produzir um bem e variam, proporcionalmente, à quantidade
produzida.

 Matéria-prima: Suponhamos que, para fabricarmos uma mesa,


consumimos 4 pés e 5 m2 de madeira. Para 2 mesas, consumiremos 8 pés e
10 m2 e assim sucessivamente.
 Mão-de-obra directa também é um importante custo variável. Para montar
nossa mesa, 2 homens consomem 2 horas de trabalho e, fatalmente, para 2
mesas consumirão 4 horas. Se considerarmos números de produções
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contínuas e maiores, teremos uma visão melhor. Se precisamos de 4
homens, trabalhando 1 dia para montar 10 mesas, vamos precisar de 8
homens trabalhando 1 dia para montar 20 mesas, ou ainda 4 homens
trabalhando 2 dias para montarem as 20 mesas.
Existe uma relação directamente proporcional entre os recursos utilizados e os
resultados obtidos.

 Outros custos variáveis além da mão-de-obra directa e da matéria-prima:


 Energia eléctrica, água, combustíveis etc. consumidos na produção; -
Mão-obra-obra de manutenção e itens de reposição e
sobressalentes,…

B. CUSTOS FIXOS
São chamados fixos porque não variam à medida que se varia a produção dos
bens.

 O aluguel (ou aluguer): Se uma empresa paga uma certa quantia de aluguel
para usar um prédio para produzir algum bem, essa quantia permanecerá
fixa por um contrato, independente de a empresa produzir mais ou menos
bens, ou até se ela der férias colectivas aos seus funcionários e não
produzir nada em certo período. O aluguel é, portanto, um custo fixo. São
outros custos fixos:
 Depreciação de equipamentos: custo da obsolescência do
activo imobilizado. Ao longo do tempo, com a obsolescência natural ou
desgaste com uso na produção, os activos vão perdendo valor, essa perda
de valor é apropriada pela contabilidade periodicamente até que esse
activo tenha valor reduzido a zero.
 Juros sobre investimentos;
 Seguros e impostos que incidem sobre equipamentos;
 Amortização de patentes ou licenças de fabricação e de uso de tecnologia.

C. CUSTOS SEMI-FIXOS OU SEMI-VARIÁVEIS


Alguns custos por vezes são fixos e outras vezes, variáveis.
 Mão-de-obra indirecta (ou pessoal administrativo): e uma empresa
detecta, de um mês para outro, uma queda de 10 % nas suas vendas, ela
não demite, imediatamente, 10 % de seu pessoal indirecto. Uma gestão
sensata avaliará o cenário de curto prazo, acompanhará suas vendas nos
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meses subsequentes e aí tomará acções, como propor férias aos
funcionários, realocar pessoal, revisar terceirização etc. E só depois,
mantida a queda das vendas, sem perspectivas de retorno ao volume
anterior no curto e médio prazo, começaria a reduzir pessoal.
Isso significa entender a mão-de-obra indirecta de curtíssimo prazo como um
custo fixo e de longo prazo como um custo variável.
Essas interpretações variam de empresa para empresa.

 Economia por escala: Podemos dizer que, algumas vezes, quanto maior a
quantidade comprada, menor o custo unitário do item adquirido. As
empresas também lidam com essa forma de precificação. É custoso para as
empresas ficarem trocando, constantemente, os modelos de produção e os
set up de máquinas (máquina produz um conjunto de produtos diferentes,
e nesse caso além das paragens por defeito é necessário parar a máquina
toda vez que se for fazer uma troca de produto. A intenção é reajustar a
máquina para produzir o novo produto. Essa actividade é conhecida como
Setup de Máquina). Por isso, as organizações estão dispostas a concederem
maiores descontos para maiores lotes de produção e de compra.
 Insumos indirectos de produção: são custos referentes àquela parte da
mão-de-obra que, por vezes, é entendida como custo fixo e, por vezes,
como variável.
 Exemplos: Energia eléctrica, água, materiais de escritório, refeições e
serviços auxiliares da mão-de-obra indirecta ou administração.

Analisando, graficamente, os custos das empresas


Para nos auxiliar na compreensão, podemos montar um gráfico da seguinte
forma:
 No eixo X, a quantidade produzida
 No eixo Y, os custos expressos em R$ por exemplo
 O Custo Fixo (CF)
 O Custo Variável (CV)
 E, finalmente, o Custo Total (CT), que é a soma de CF e CV.

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 O Custo Fixo (CF) é constante e não varia quando aumenta ou diminui a
produção.
 O Custo Variável (CV) é directamente proporcional à quantidade que se
produz.
Se entendermos cvu como custo variável unitário, ou custo variável para
fabricação de uma peça, podemos entender o Custo Variável (ou Custo Variável
Total) como o produto de cvu pela quantidade produzida (CV = cvu x Q).

RECEITAS OPERACIONAIS. Da mesma forma como trabalhamos com os custos


operacionais da empresa, consideraremos somente as receitas operacionais,
directamente ligadas à produção.

A expressão da Receita Total de uma empresa em um certo período (para um


único item produzido) é: RT = P x Q, onde:
RT = Receita total;
P = Preço de venda desse único produto;
Q = Quantidade produzida.

Analisando, graficamente, Receitas e Custos, temos:

O ponto de intersecção de RT (Receita Total) com CT (Custo Total) define uma


quantidade produzida Qe, que é chamada de Ponto de Equilíbrio, em que as
receitas são iguais à soma do Custo fixo e do Custo variável da empresa.
Sabemos que:

L = RT – CT, onde: L = Lucro; RT = Receita total; e, CT = Custo total.


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 No ponto onde a receita total é igual ao custo total, teremos L = 0.
 Antes do ponto de equilíbrio (para a esquerda do PE), temos

 Depois do ponto de equilíbrio (para a direita do PE), temos

Fórmulas para determinar o ponto de equilíbrio

Em volume (ou quantidade) Em valor

𝑪𝒇
𝑪𝒇 𝑹𝒆
𝑸𝒆 𝑪𝒗𝒖
𝑷𝒗 𝑪𝒗𝒖 𝟏
𝑷𝒗

EXERCÍCIO RESOLVIDO

Uma empresa produz um bem cujo custo unitário variável é 120,00Mt. Seu Custo
Fixo mensal é 100.000,00 e o preço de venda do produto é 200,00.
a) Qual é o Ponto de Equilíbrio da empresa?
b) Quanto tem que produzir para lucrar mensalmente 50.000,00Mt?

Resolução:
a) No ponto de equilíbrio, o lucro é zero.
L = RT – CT, então 0 = RT- CT e RT = CT. Sabemos que:
RT = P x Q e também CT = CF + cvu x Q.

Substituindo os valores de RT e CT, teremos;


P x Q = CF + cvu x Q, daí 200 Q = 100.000 + 120 Q. Resolvendo, teremos:
Qe = 1.250 peças por mês.

Em valor:

Usando as outras fórmulas:


 Em quantidade

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 Em valor

b) L = RT – CT e o exercício propõe que o lucro L seja 50.000,00Mt.


Resolvendo:
50.000 = RT – CT
50.000 = P x Q – {CF + (cvu x Q)}
50.000 = 200 Q – (100.000 + 120 Q}
150.000 = 80 Q
Q = 1.875 peças por mês.

ATIVIDADE
Com base nos dados iniciais desse exercício determine:
1) o nível de produção (quantidade a ser produzida) para um prejuízo mensal
de 50.000,00Mt?
2) quanto tem que reduzir seu Custo Fixo para lucrar 20.000,00Mt por mês,
mantendo P = 200,00, cvu = 120,00Mt e Q = 1.250 peças?

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