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Crítica Jogador Nº 1 – Por Igor Karlos

Referência e nostalgia são duas palavras que estão totalmente em voga na cena pop mainstrem na
qual estamos vivendo, direta ou indiretamente. Acrescentando a palavra saudades forma-se uma
receita certeira, que atinge a memória afetiva dos consumidores Milleniuns, muitas dessas memórias
que não foram vividas de fato, pertencem a outras pessoas. E é exatamente sobre isso que o filme se
pauta.

Ready Player One (EUA – 2018) conta uma historia que se passa num futuro pós
guerra/racionamento/pestes, que remete totalmente ao presente. O tempo parou e a pobreza cresceu
por cima da pobreza. A tecnologia avançou e estancou ao mesmo tempo e dentro deste cenário
conhecemos nosso herói, que é tão sem raso em personalidade que qualquer pessoa pode
identificar-se nele. Wade/Parzival passa por uma jornada de autoconhecimento quando dentro de
um mundo digital chamado OASIS, ele e seus amigos tem que lutar para encontrar 3 easter-egg
para que eles possam virar donos da empresa livrar o mundo da vilanesca empresa IOI, que
escraviza pessoas para trabalhar no mundo digital.

Referencia é a principal palavra desse filme, o romance no qual o filme é baseado era tido como um
livro impossível de se adaptar, pelo menos de maneira satisfatória, por causa da grande quantidade
de personagens, musica e filmes aos quais o livro se refere, talvez por isso essas referencias são
jogadas na cara do espectador o tempo todo, muitas vezes somente para o efeito 3D pular na sua
cara.

Nostalgia é a segunda base da película, uma vez que o filme todo é construído em cima de
memórias do criador do jogo de simulação OASIS. Nascido nos anos 70, as citações a essa época
são sempre evidentes, porém dificilmente o espectador do filme teria vivido elas, daí entra a palavra
Saudades. No momento em que o filme emula uma realidade em que os personagens de fato não
viveram, mas que estão consumindo de outra pessoa.

O diretor Steven Spielberg fez do filme uma espécie de ode a si mesmo, trazendo personagens e
citações de seus próprios filmes e de seus filmes prediletos. Além de nos presentear com efeitos
especiais maravilhosos, a ponto de o filme estar entre os prediletos a ser indicado no Óscar na
categoria de Animação.
Entretanto referência, nostalgia e saudades por si só não constroem um bom roteiro. A adaptação do
romance de Ernest Cline peca pela estrutura mal planejada. A sensação recorrente durante o filme é
que alguma cena foi cortada. Temos 3 coadjuvantes que basicamente não tem história, eles só
existem pelo simples fato de serem escada para o protagonista. Em certo ponto você se pergunta
porque eles são amigos, já que poucas cenas se vê alguma amizade entre eles. A construção de atos
é outro problema que o filme carrega, uma vez que o narrador precisa sempre estar amarrando a
história, ao invés do filme mostrar o desenvolvimento desta.

Referência, nostalgia e saudades talvez sirvam para publicidade, mas não fazem o filme funcionar,
pois quando se atira para todos os lados uma das balas pode acertar quem está atirando.
FACULDADES INTEGRADAS BARROS MELO - AESO
BACHARELADO EM CINEMA E AUDIOVISUAL/ 5° PERÍODO – MANHÃ
DISCIPLINA: CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA
PROFESSOR: LUIZ JOAQUIM

CRÍTICA – JOGADOR Nº 1

Crítica concebida pelo aluno Igor Karlos


Sob a orientação do professor
Luiz Joaquim

OLINDA, MARÇO DE 2018

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