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DRAMATURGIA II
ENCENAÇÃO

Revisando os períodos:

DRAMA NEOCLÁSSICO: séc. XVII e 1ª metade do séc. XVIII


- A estética neoclássica: a expressão do belo e do grande no homem. A exaltação e o cultivo
da virtude. Bem X Mal. Mostrar o belo e esconder o feio. Não havia lugar para o homem
comum.
- O teatro de Corneille e Racine (A Tragédia Polida) e de Molière (a Comédia Humana)
- Temas transcendentais e sublimes.
- Personagens representando paixões e sentimentos (tipos).
- Argumentos esquemáticos e convencionais.

ROMANTISMO: 2ª metade do séc.XVIII – 1780 a 1830.


- Ideais revolucionários, idealismo, aspirações de liberdade. Origens no Iluminismo, dando
impulso à pesquisa (positivismo, racionalismo e empirismo).
- Os românticos não romperam o esquematismo e a simplicidade psicológica do neoclássico:
Bem X Mal
Sublime X Grotesco
Belo X Feio
- Estabelecimento da classe média, capitalismo, e de filósofos como: Rousseau, Voltaire,
Diderot, Montesquieu. Eram eles que falavam sobre a arte do teatro, ou seja, pessoas que não
sabiam fazer teatro. Mas defendiam a inocuidade do teatro, e a sua função de educar e
aperfeiçoar as massas.
- Reação ao neoclassicismo, à comédia decadente, aos modelos aristotélicos da Antigüidade
(Grécia e Roma), à perenidade das regras. Os partidários do neoclassicismo são alvejados;
- A originalidade substitui a idéia da perfeição ou de beleza clássica e neoclássica.
- A banalidade e a imitação são desvalorizadas, eram consideradas mediocridades, impotência
criadora. Criação = Inovação. Invenção X Imitação. Um romântico não imita nem um
romântico;
- Busca de um teatro novo, ruptura com o passado;
- Encenam um passado mais ou menos próximo, no qual são imbricados destinos individuais
e convulsões políticas;
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- Temas históricos: a história do país como matéria prima, identidade nacional . A História,
entre 1820 e 1830, conhece um sucesso crescente junto ao público. A estética romântica segue
essa paixão.
- Personagens deixam de ser os da tragédia antiga e passam a ser os nobres da Inglaterra,
França, Espanha, Itália (Lucrecia Bórgia). Nobre e heróicos.
“Através da representação da História, o teatro deveria levar o público a forjar a sua
identidade nacional ao descobrir o encadeamento das causas e dos efeitos que pouco a pouco
haviam fabricado seu passado e determinado o seu presente”.
- Década de 20’: década de transição. Fatos históricos sob a forma dramática, rompendo as
regras de tempo e lugar.
- 1825: cenas históricas (não chegava a ser teatro). Fatos históricos sob a forma dramática,
rompendo as regras de tempo e lugar.
- 1827: cena histórica para o drama histórico. Comédie Française encena Henrique III e
Hernani de Dumas.
- Dramaturgos: Buchner, Kleist, Vitor Hugo, Alexandre Dumas e Alexandre Dumas Fo.
- Descoberta da teatralidade (o termo só surge dois séculos mais tarde). Diderot: há diferenças
entre a representação do teatro e a representação da sociedade. O teatro é uma arte: estilização
da representação teatral, o realismo integral é uma utopia, a morte da representação.
- Os dramaturgos se envolvem com a materialização cênica da sua obra;
- O exemplo de Shakespeare está em todas as memórias românticas: cumpria sua função
social e misturava personagens nobres com a plebe e a burguesia.
- A partir de 1831, as obras escritas para ilustrar a Historia, passam a ser bem recebidas:
Marion Delorme (Hugo), A marechala de Ancre (Vigny) e Antony, Carlos VII visita seus
grandes vassalos e Richard Darlington (Dumas).
“Os tempos estavam maduros para o nascimento de uma nova dramaturgia: representação
“verídica” da História Moderna.
- Esses dramas são mais românticos que históricos;
- Representação romântica da Histórica: entre um realismo mimético e uma liberdade poética.

REALISMO: prenúncios
Comparado às tragédias clássicas, Shakespeare era tomado como exemplo e modelo do
realismo dramático, pela força e diversidade dos seus personagens. E também pela
exuberância dos seus quadros históricos, pelo grande e verdadeiro. Recusa a distinção entre os
homens. (Contra as regras da tragédia)
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- Descoberta do estilo inglês de interpretar: intenso e livre.


- Vitor Hugo: traz o feio como valor estético, o grotesco.
- Modelo romântico: o grotesco, a exacerbação mórbidas das paixões, lugares-comuns,
exageros, falso, convencional, empolado, valoriza o comprovado.
“Hugo fica isolado, pois compreendia que centrar a representação sobre as realidades
históricas e sobre as capacidades miméticas da cena, era ainda manter o teatro nos limites de
um racionalismo”. Para ele, o palco deveria voltar a ser o teatro do mundo, ou seja, uma
representação que se encarregasse da totalidade do que o homem faz, ou do que sonha.

DO REALISMO HISTÓRICO AO DRAMA BURGUÊS: a nova roupagem do realismo.


Realismo na literatura - naturalismo no teatro.
A burguesia queria uma imagem semelhante a si mesmo: mulheres duvidosas, aristocracia
decadente, aventureiros do dinheiro, proletariado doméstico.
1852: A Dama das Camélias.
1873: Segundo Império
1879-1881: Zola e o naturalismo
1879-1888: romances adaptados para o palco.
- Surgimento da fotografia, Desenvolvimento das ciências, Otimismo cientificista, Iluminação
a gás e depois elétrica.
- Mimetismo radical: exclui qualquer idealização, qualquer estilização, fantasia e irrealismo.
- Fotografar os meios sociais tais como existem.
- Objetos e materiais verdadeiros. Contra as janelas e as portas que não abrem, os telões
pintados. Mostrar o real sem trapaças ou truques.
Dramaturgia Naturalista: ambição de se encarregar da totalidade do real, e dela dar conta
com exatidão. Feiúras sociais, fisiológicas e outras.

ILUSÃO DA VIDA X ACADEMICISMO CONGELADO

- Rigor científico ao passar o real para a cena.


A Dramaturgia naturalista deve dar “um arrepio de vida às árvores pintadas nos bastidores”.
Paradoxo: prega a renovação do teatro X arte do passado, com técnicas obsoletas.
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OS PRIMEIROS ENCENADORES:
1866: Duque de Meininger: Os Meiningen
1887: André Antoine e o Théâtre Libre.

O QUE É TEATRO?
É um espetáculo em que pessoas vivas – os atores – atuam para representar algo, para
interpretar o espírito de alguém através de um acontecimento que se encena.

Teatro é um espetáculo.
Circo é um espetáculo mas não é teatro. Tourada idem.
O teatro é drama = ação = actio.
Sem actio há espetáculo mas não há teatro.

“Seu ideal é a síntese do som, da cor e da plástica. O encanto do Teatro reside em sua
trindade. O Teatro é a aliança tripartida das artes da palavra, da música e do espetáculo visual.
O Teatro é a Universidade das cores e dos sons”. (Goethe)

“Nenhum segmento da arte manifesta com tanta força e clareza a expressão da sua época, a
concepção dos mundos e do homem, as relações sociais”.

- “É um gigantesco espelho social”.


- É uma ação coletiva. Cria em contato direto com o espectador.
- “Enquanto existir no homem a vontade de transfigurar-se, haverá teatro”.

ENCENADOR
Tradução do francês metteur en scène ou règisseur, o vocábulo encenador corresponde a um
tipo especial de diretor que surge no começo do século XX, na França, com André Antoine,
tornando-se o elemento detonador da revolução estética do teatro ocidental do referido século,
muitas vezes sendo o inventor de teorias, métodos e princípios da criação cênica.

Segundo Roubine (1982, p.39), o encenador é o gerador da unidade, da coesão interna e da


dinâmica da realização cênica, é quem aponta os laços que interligam cenários e personagens,
objetos e discursos, luzes e gestos.

Michalski (1982, p.14) considera que, no Brasil, direção, refere-se mais ao processo
executivo de uma realização teatral, enquanto que encenação, traduz o resultado da
elaboração criativa de uma linguagem expressiva autônoma.
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Règisseurs: diretores artísticos, enérgicos inventores das teorias, métodos, escolas e dos
princípios da criação cênica. Homens de ampla e sólida cultura geral: filosofia, psicologia,
prosa e poesia, artes plásticas, dança, estilos, gêneros, maquinaria.

O primeiro encenador, a primeira assinatura. Muda a relação com o espaço cênico.


- Sistematizou as suas concepções;
- Teorizou a arte da encenação;
- Naturalidade: espontaneidade sem estereótipo;
- Rejeição do painel pintado;
- Introduz objetos reais;
- Teatralidade do real;
- Iluminação atmosférica;
- Rejeição da ortodoxia;
- Iniciou a arte de colocar um texto em uma determinada perspectiva, dizer a respeito dele,
algo que ele não diz. Expô-lo à reflexão do espectador.
- Como introduzir um texto clássico no presente do espectador.

NATURALISMO SIMBOLISMO
Representação Ilusionista Irrealismo, teatralidade
Representação figurativa do real Cores, linhas e formas / cheios e vazios /
sombras e luzes.
Afirma Sugere
Descreve Faz alusão
Redundância Elipses
A verdade O sonho
Materialidade da representação Desmaterialidade
Denota Conota

Os pintores invadem o palco: Paul Fort (impressionismo)

Encenadores para Seminário:


Andre Antoine O Cartel: Baty, Düllin, Jouvet, Pitöeff
Max Reinhardt Jean-Louis Barrault
Jacques Copeau Appia, Gordon Craig, Jean Villar
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Stanislávski
Meyerhold
Alfred Jarry Realismo: Séculos XIX e XX:
Erwin Piscator Ibsen, Strindberg, Tchekhov
Brechet Gorki, Bernard Shaw, Jarry (épico).
Artaud
Grotowski Pirandello: realismo fantástico
Living Theatre - multiplicidade do indivíduo
Peter Brook - realidade e sonho, vida e ficção
Thèatre du Soleil - dualismo
- nada é verdade
Dramaturgos:
Romatismo: século XVIII Maiakovski: doutrinas estéticas do
Ideais da Revolução Francesa marxismo, propaganda soviética.
Goethe: emoção anárquica x pensamento Pós Guerra: Sartre, Camus, Tenessee
racional Williams, Ionesco, Beckett, Anouilh,
Lessing: rompe o classicismo francês Genet, Arthur Müller, Dürremat, Peter
Shiller: Sturm und Drang Weiss, Heiner Müller, Adamov, O’Neil.
Victor Hugo: romântico (sec. XIX)
Teatro do Absurdo:
Büchner: século XIX - Beckett, Genet, Adamov, Arrabal,
O mergulho nas águas. Primeiro Edward Albee, Harold Pinter,
dramaturgo coerente do Teatro do Ionesco.
Absurdo. Pós-romântico ou pré-
expressionista. O mundo que lhe falhou. Brecht: O Teatro Épico
Nem Deus nem a terra. As cenas possuem O ser social condiciona o pensamento.
unidade interna. A Morte de Danton. Espectador é um observador crítico.
O homem é mutável.
Expressionismo: Cada cena justifica-se em si mesma.
Wedekind: estados íntimos mais que a O homem dinâmico: seus motivos.
realidade exterior. Distorção desta pelo
olho interior. (lidago á 1ª guerra)
Kaiser – O Soldado Tanaka

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