Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O «EDUQUÊS» EM
DISCURSO DIRECTO
Uma Crítica da Peagogia
Romântica e Construtivista
gradiv
© Nuno Crato/Gradiva Publicações, S. A.
Revisão de texto: Maria de Fátima Carmo
Capa: Armando Lopes
Fotocomposição: Gradiva
Impressão e acabamento: Multitipo -Artes Gráficas, L.ª
Reservados os direitos para Portugal por:
Gradiva Publicações, S. A.
Rua Almeida e Sousa r/c esq - isboa
Telef - Fax
Dep comercial: Telefs / - Fax
geral@gradivamailpt / wwwgradivapt
edição: Fevereiro d
• edição: Setembro de
Depósito legal n /
ISBN: ----
grdiv
Editor: Gulherme Valente
Uma versão reimiar deste traalho oi aresetada um
ecotro sore educação romovido ea Sociedade ortuguesa
de Matemática, em Caaride. O ivro-sítese das iterveções
e deates desse ecotro, icuido uma versão muito code
sada deste teto, sairá em reve a coecção SM/Gradiva com
o títuo Ensino a Matemática: Recuperar o Tempo Perio
9
Nessas opiniões críicas incluemse vozes ingénuas ou
menos sofisicadas, como as que acusam as «Ciências da
Educação» no seu odo, sem perceberem que a pedagogia
é necessáia, que a reflexão pedagógica é imporane e que
a invesigação pedagógica é imprescindível para ulrapassar
os problemas do ensino. Nas opiniões críicas incluemse
ambém professores e inelecuais que discordam dos exage
ros da ideoogia pedagógica dominane. Umas vezes, essa
discordância incide sobre aspecos reaivamene secundá-
rios, como a inguagem herméica seguida por muios eó
ricos da pedagogia. Eses são enão acusados de falarem
«eduquês» um nome casiço e feliz que o enão minisro
Marçal Grilo usou para classificar essa linguagem esoé-
rica. Ouras vezes, a discordância é mais profunda e em
raízes na deecção, mesmo que inuiiva, de ideias pós-
modernas, consruivisas e românicas que êm influen
ciado a educação. No enano, apesar dessa consciência,
a críica ideológica em sido dispersa e essencialmene
limiada a inervenções em conferências e na imprensa. Pes-
soas como nónio Barreo, Jorge Buescu, José Manuel
Fernandes, Carlos Fiolhais, Maria Filomena Mónica, João
Queiró, Guilherme Valene e ouras êm inervindo sisema-
icamene em debaes e em arigos dados à esampa no
Públc, no Ex e nouras publicações. nálises parce
lares êm sido apresenadas por Luís Valadares Tavares e
ouros. Um livro de Mihá Ribeiro apresena um relao
10
pessoal e emotivo Um estudo da polémica de divulgação
pública dos esultados das escolas (k) fi ecente
mene publicado po David Justino s intevenções ante-
roes mais extensas paecem limarse, no entanto, a um
lvo de Maia Flomena Mónica de 1. inspiado,
entetano, toma contacto com o debate processado nou
ros países, nomeadamene nos Estados Undos, onde Chall,
Hirsch e Ravitch, ente outos, têm feito uma cítca sistemá
tica à pedagoga dta pogessista No Reno Undo, tem
sdo desenvolvido um debae semelhante, nomeadamente
11
por Woodhad OHar, al como m França, ond pro
fssors do scundário superior s êm manifsado
conra o «poliicamn corrco» pdaggco, m
Espanha, ond sobrssam os rabalhos d Quinana
Cabanas, profssor d pdagoga muo críico da cor-
rne românica
Qum quira prcbr os conornos as raízs da
polémica m, no nano, grands dfculdads, pois as
dias aprsnams disprsas não é fácil nconrar-
lhs uma linha d rumo uma corênca. O prsn
o prnd dscorinar, por drás d posiçs avulsas
documnos confusos, algumas das das essnciais qu
aparcm assocadas a ssa corrn pdaggca d insp-
ração psmodrna românca.
s razs dsa classicação são claras. corrn m
uma inspiração psmodrna, pos sublinha a nrvnção,
a nrpração o procsso, não os facos, os currículos,
12
os conúdos os rsulados ducavos. Dscrê da obj cv-
dad, da capacdad d aprndr a raldad da possb
ldad d o conhcmno cníco chgar a concluss,
anda qu qusonávs possvlmn provsras. s
nconra a ra do dspro plos conúdos cnícos
procssos cognvos, a par da arrogânca consruvsa,
qu magna os alunos capas d crcar consrur conh
cmno a parr do nada. corrn m uma nspração
românca, não por propagar das lunácas ao madas
qu muas vs são, d aco, lunácas aolmadas ,
mas porqu s nquadra num movmno losco pda-
ggco anraconalsa qu m JanJacqus Roussau
( 11218) ouros como prcursors.
13
Paa meho se pecebe que este epíteto está onge de
se abitáio, vejamos o ue diz, po exemplo, o Phl
hcl Dcy0 de aio Bunge: «Romantismo.
ovimento cutua complexo que começou com Vico e
Rousseau e cuminou com Hege. Pogessivo na ate,
etgado na fiosofia e ambivaente na poítica. Caac
teísticas pincipais: iacionaismo, obscuidade, hoismo,
desegamento, subjectivismo, misticismo, excesso, nostal
gia, desejo de associa a histia natua (e não a ciência)
à fiosofia, à eigião e à ate.»
Não é s a influência de Rousseau na pedagogia dita
modena que a associa ao omantismo (como coente inte-
ectua e não estética, cao): são muitas outas das suas
caacterísticas «etgadas na osoia » , nomeadamente o
epúdio da tadição acionaista cítica, o despezo pea cu
tura clássica, a defesa do pedomínio da natueza, o apelo
à espontaneidade em detimento do intelectualismo e a des
vaoização dos conteúdos e do conhecimeto substantvo.
O epíteto «omântico», aiás, não é novo em pedago
gia teica. Vejamse, po exempo, os textos sobe a
«escoa centada na ciança» de G. Staney Ha (1844
1 924) , pofesso de ohn Dewey ( 1 85 919 52 ) em ohns
Hopkins, e de outos. Tampouco as ideias associadas à
14
pedagogia omântica são novas. lém da efeência na-
tual a Rousseau, cuja obra pedaggica Éml data de
12, o repúdio dos currículos e a sua substituição po
projecos, assim como quase odas as ideias da dia escola
modena, emontam a intepetações dogmáticas de
Dewey e de ouos, mas sobeudo a William Head
ilpatick ( 1 8 11 9 5) e às suas propostas expressas no
célebe ensaio « The poject method» ( 1 9 1 8 ) . Vale a pena
le alguns dos documenos destes pensadoes para ecebe
que a «escoa nova» va pouco além dessas poposas velhas.
tes ainda de inicia a análise, são necessárias algu-
mas precauções meodolgicas. m pimeiro lugar, ã
há um gu m um t ftmt hmgé
qu m tmd cm bjct ufm d tud.
Há ideas difeetes e muas vezes contradiias. as
há, como veemos, um conjuto de ideiaschave que foam
defedidas umas vezes po uns, ouas po ouros, umas
vezes expressamene, outas de forma subentendida, e que
15
estão subj acentes ao essencia do discuso educativo domi
nante. O objectivo deste estudo é pecisamente caactei
za essas ideias e mosta agumas das suas impicações.
m segundo uga, este texto cd b d
x, mesmo ue ma, e ue taduzem infuências
ue consideamos eneas e pejudiciais. Não constitui
um estudo empíico nem uma síntese dos esutados ou
das influências páticas das ideias. Quando foi apesen
tada pubicamente uma pimeia vesão deste tabaho,
houve uem o acusasse de se imita à etica. Pois é de
facto disso ue aui se tata. stáse a anaisa a etica,
ou seja, os conceitos expessos po paavas. s ideias
ue citicamos são sempe apesentadas sem estudos
empíicos nem dados científicos ue as sustentem. São
ideias epetidas à exaustão em discusos intepetativos,
apesentados numa espia discusiva centada em si p-
pia. Po isso, a cítica da etica é uma taefa muito
impotante. São as ideias ue iniciam ou impedem as
mudanças e são eas ue justificam as páticas.
m teceio uga, m- cçõ ubl
hm- d, o ue não é fáci, pois eas têm de se
descotinadas, paa não dize adivinhadas, ao ongo de
eituas epetidas e pacientes. Como se tonaá cao ao
ongo deste texto, uma das caacteísticas mais macadas
do duquê é a fata de caeza. O ponto meece se
subinhado, pois essa confusão evease na atonia do
discuso, na mistua de ideias e na incapacidade paa
expimi caamente o ue se defende.
Há anos, ea hábito binca com as dicotomias dos
ditos popuaes, anuandoos. ssim, po exempo, en
1
quato um conhecido ditado afimava que a saúde é mais
vaiosa do que o diheio, ioizavase dizedo que « mais
vae te saúde diheio do que se doete pobe» . Da
mesma foma actuam os ossos duqu que se esqui
vam sempe às dicotomias, po exempo, dizedo que é
meho a discipia cosetida do que a idisciplia po
vocada pea autoidade, ou que ão são desejáveis os
exames epetitivos que apeas fazem apeo à memoiza
ção. O pobema, cao, é se é meho a discipia do ue
a idiscipia, se se dá pioidade ao coseso sobe a
dscipa, se se ejeita po picípio a autoidade e assim
po diate. Ou seja, o poblema está as cotadições.
s atiomias têm de se efetadas: devemse ou ão
se devem faze exames? azedoos, é possível evita o
apelo à memoização? Todo o apeo à memoização é
egativo? stes pobemas devem se ecaados de fete,
mas aamete o são.
impotate te pesete este aspecto etico quado
se êem agus textos. ecusa das atiomias ão é,
evidetemete, euta. o se dize, po exemplo, que ão
se petede o imobiismo que pode se causado peo
autoitaismo cego (alguém o deseja ? ) ão se está a dize
ada de peciso, mas a codease impictamete a auto
idade o execício da discipia. Paa aaisa agus
textos é ecessáio faze este execício de igo aaítico,
quase exegético, pois aos são os mometos em que as
teses são caamete apesentadas.
m quato uga, qu m ã d ã
. Há quem defenda de foma cosciete e assumi
da as ideias citicadas este esaio. Mas são eativamen
1
te aos os que o fazem. E há quem po vezes defenda ou
apesente cetas ideias de foma pouco consciente, ape-
nas peo facto de eas teem sido tão epetidas e episa
das que paecem ugaescomuns. Não nos ineessam as
pesonagens ou as suas convicções, mas sim as ideias.
Tampouco inteessam, em gea, os autoes dos textos
citados. dmitimos que possam esvaa expessões infe
izes da pena deste ou daquee auto, sem que quem as
esceveu as defenda ao imite. Mas é impotante ve, no
imite, aonde podem eva as ideias expessas.
equentemente, em debates sobe educação, os
inteocutoes sentem que atibuem à ideia que apesen
tam uma intepetação difeente daquea que é citicada.
Paa da um exempo, efiase o estafado «ensino
centado no auno» que, paa muitos, é viso apenas como
uma vontade de educa o jovem tendo atenção às suas
capacidades e gostos, ao invés de o obiga a apende as
matéias sem consideação peas suas necessidades futu
as, peo seu desenvovimento ou peos seus gostos e
caacteísticas. Todas estas peocupações são ouváveis,
mas com a modeação de não as tona centais, ou seja,
de não pemiti que se esqueçam os objectivos e coneú
dos cuicuaes, e tudo o que o jovem necessita paa se
chamado a uma vida activa cítica e infomada.
No entanto, o «ensino centado no auno» tem uma
oigem e um conteúdo bastante pecisos em peda
18
gogia. Tatase da vesão modena de um peceito de
Rousseau e de outos, que ecomenda deixa desenvolve
o jovem sem «intefeência tianizante do indivíduo
adulto», paa cita um pensado potuguês devidamente
efeenciado mais adiante. O desenvolvimento live do
educando, seguindo apenas os seus inteesses e gostos,
desembocaia no adulto live e fomado.
Muitos dos que falam em «ensino centado no aluno»
epudiam esta visão extema. Mas todos deveos se
confontados com a oigem e significado desta e doutas
expessões, de foma a temos cuidado com o seu uso e,
sobetudo, de foma a podemos dialoga conscientes do
significado das ideias. esse o nosso pincipal objectivo.
1
Diagnóstico da situação
21
ua fora ão reduora de er a educação ue deixa de
lado o ue é erdadeiraene porane e ue se passa na
escola Nese peueno país não soos ne elhores ne
piores do ue outras regiões da Europa, ou da Coreia ou
dos EUA Soos diferenes1 7
22
D ond s dduziia qu o nsino não staia tão mal
como s podia pnsa. Apnas xistiiam poblmas
num nívl cognitivo supio.
Ainda m 2002, quando foi dvulgado o Mf
Educçã d Rúblc diigido m spcial ao
Psdnt da Rpública, as acçõs oficiais foam nga-
tivas. Sgundo o Ex d 1 d Fvo d 2002,
Jog Sampaio «consida o su diagnóstco [do ani
fsto] catastofista ' » (p. ). , sgundo lata um dos
pomotos dssa tomada d posição,
Pela voz de uma assessora o Presidente da Reública]
disse que «não subscrevia diagnósticos de desastre».2º
2
hoje um factor de distinção, como era antes do de Abril
[... os signatários analisam a situação ortuguesa como se
Portugal ossuísse tradições de escolarização de um século
ou século e meio, como se, entre nós, o rocesso de
massificação escolar não tivesse ocorrido num temo extre
mamente curto, dos anos ara cá [... . 21
24
Esta ngação pmptóia d sinais d cis é spantosa,
mas muito difundida m tomadas d posição antios
a 2005. Ptndias msmo idiculaiza o discuso sob
a cis no nsino colocando, com ptnsa ionia, a pala-
va «cis» nt aspas.
Mas talvz o mais intssant sja tnta pcb o
agumnto: a scola não stá mal, pois agoa consgu t
um sucsso m % dos sus alunos compaávl ao sucsso
qu antiomnt consguia m quas todos os tudan-
ts qu faziam sss xams! E msmo ssa compaação
não s nconta dfndida com claza, pois é qualifi
cada com «snsivlmnt». Facto cuioso: logo após a
nova minista da ducação, Pofssoa Maia d Louds
Rodigus, t fito um diagnóstico muito cítico da
conjuntua, a msma font consguiu scv o sguint.
O ensino da Matemática em Portugal não vai bem. um
dado da exeriência de todos os que lidam de erto com
alunos e rofessores e que os resultados dos exames (.
ano), das rovas nacionais de aferição (., . e 9. anos) e
25
os estuos internaconas não fazem mas o que corrobo
rar Um fenómeno semelhante exste noutros aíses or
exemlo, no estuo PS, Esanha, tála e Estaos Unios
têm resultaos semelhantes aos nossos [ é necessário re
conhecer que a situação actual os alunos ortugueses tem
mutos asectos reocuantes6•
2
Estas últias dclaaçõs são datadas d 2002, ants
d o studo PISA t vindo osta coo a situação
ducativa potugusa é gav no panoama uopu
intnacional, as já dpois d os sultados do TIS
t vlado Potugal no fundo da tabla dos paíss
uopus paticipants.
As copaaçõs intnacionais , contudo, ostam qu
xistm alguns paíss ais avançados qu têm poblmas
smlhants. E nossa opinião, na d muitos studio-
sos do pobla, isso apnas vidncia a xistência d
uma cis d ointação no sistma ducativo o facto d
os nossos poblmas não s dutívis a poblmas
d cscinto divados da docatização do acsso
ao nso.
Cuiosant, paa a idologia ducativa dominant
ssa assificação não constitui uma opotunidad paa
chama novas camadas sociais à cultua ao conhci-
mnto. Vjamos m pomno o qu s tm dfndido.
27
Cutura e conhcimento face
a cutura popuar fragmentada
29
o fnionameno a eoa é eonáe elo ineo e
gro oiai qe no aiham o abere, noma, a
loe iilegiao ea a e ae ominane e qe
o o únio aeie elo meanimo eagógio a
iniiço E analiae omo o gro ominane êm
aim o oe e imo na Soieae o e aoe or
meio, no ó o oneúo eeionao na eola omo
imoane, ma ambém a meoologia aa, o
meio a eaço eabeleia e o eoineo qe
aí ela.
... ] Enfaiza-e qe não há la eriore e in
feriore ... ] eerá eer-e a alação ee gr
o obre o e abee, o e ineee e o e alo
re ... ].
Ea eoaçõe fazem om qe os eenho e
rojeo eaio ea éoa já não osam e rígio
... a] reiênia à inoaço ... ] erá agora inerreaa
omo relao a leira qe fazem a realiade o ife
renes aore oiai ... iniiaias omaa à Periferia o
Siema no eerão er inerreaa elo Cenro omo
fenómeno e eiênia à inoaço e orar-e-á analisar
e aé or eze aloriza o e ignifiao.2 8
0
a patlha ssa cultua, mas a polonga a opssão; não
há cultuas nfos (nm msmo a da class dom
nant? ) ; a scola dva valoza ( ? ) os sabs populas.
A msma tónca, d foma apantmnt mnos polt
zada, tm sdo sustntada po sponsávs máxmos do
sstma ducatvo:
E anda:
31
Daqui ssaltam duas idias impotants Pimiamnt,
como a scola é stanha aos mios d cultua não ltada,
a culpa do insucsso dos hos dsss mios é atibuída p
cisamnt a ss afastamnto Consquntmnt, m vz
d pocua lva os jovns d mios não ltados ao conh
cimnto à cultua (dos mios tados, clao), popõs
qu a scola tnha páticas difnciadas (polongando o
afastamnto dos filhos da cultua não ltada?) A idia
é ptida à xaustão, com maio ou mno adicalismo:
A abertura à comunidade [ ] sendo que não é possível
fazer uma educação ambiental no meio rural com temas de
um universo desconhecido, assim como, no meio urbano ou
à beira mar, será absurdo fazer educação ambiental com
temas de uma outra realidade31
2
oriundos d mios mnos favorcidos não dvm ultrapas-
sar o método d contagm plos ddos. Tudo isto como
mio d os dfndr da oprssão da cultura dominant . . .
Prcbs, pois, o qu s advoga subliminarmnt m
txtos como o sguint:
A ecessidade de aumentar as oportuidades de sucesso
das criaças proveietes de culturas ou de sectores sociais
mais despotegidos implica que, em vez da escola oocul
tural que «reforça as posturas uiformes e uiformizates
da cultura domiante e cosidera as culturas populares
deicitárias» (Leite, 1997: 145), se promova «a educação
itercultual ... »33
tada como democrática, uando na eaidade está destinada
a perpetuar as difeenças sociai34
34
lugar e para ouvr a conversação em que o ser humano,
desde sempre e para sempre, tem procurado compreender-se
a s própro.36
3
Disciina
3
paa foça a discipina. » Cao quando s actua l
dm, tudo é citicáv. E s s tomam mdidas l
m paa combat a indiscipina? Nssa altua o agu
mnto sá difnt?
Casiga-s o mau comporano», a fala d rspio,
as provocaçõs, qu afinal são sinais xriors d algo qu
vai mal na inrioridad mocional e afciva dos alunos.
38
A altnativa à disciplina é, pois, clc lu
tc dfçã d g qu cl
dv g. xactamnt isto qu aqui stá scito. Posto
dv
isto, nada mais é dito o txto prossgu dictamnt
para um outo tópico.
Gostaia
Gostaia de efei um
u m outo foco ue também pode po
voca indisciplina Na escola, nem sempe está associado o
paze à actividade poposta Quando digo praze não e
cluo o esfoço ue lhe está ligado A difeença está em
despendemos esfoço numa acção de ue se gosta ou, pelo
contáio, se detesta Não se tata de só faze auilo de ue
se goste mas do ue tem significa
significado
do paa o sujeito
sujeito e ue
constituiá caminho paa a elaboação de novas ideias e de
novos conhecimentos Não é com eoganizações
eoganizações cuiculaes
nem com efoços disciplinaes,
disciplinaes, nem com aulas de cinuenta
ou noventa minutos, ue constuímos uma escola ue ata
vés da sua paisagem ubanística e do fevilha de um taba
lho assente na epessão, na comunicação, na ate e na
ciência, faculte a todos os humanos ue nela cesçam «o
paze de escita»
9
oganizaçõs cuiculas ou foços disciplinas. Isso
paa quê, s o impot
impotant
ant é o «paz
« paz da scita
scita » ?
Estas idias omânticas são ptidas d um m
scos divsos, mostando a foma pocupant como
s difundiam.
Quando os professores se queixa que os alunos não se
sabe coportar,
coportar, significa qu
q u e elesalunos]
elesalunos] nã
n ã o estão
estão socia
socia
lizados para o trabalho escolar Então] a grande ruptura
que há a fazer é iaginar ua educação que se distancie do
odelo de aulas de minutos, co alunos e u pro
fessor a fornecer informação3 8
Ru
38 anár i o , jorna
R u i C anári orn a d e Letras
Letras,, Entrevis
ntrevis ta a Ricard
R icardo
o D u a r te,
le m en
em b ro de 2 0 0 3 , S lem
Se t emb
3 de Set to JL /E d ca
ento c a ç ão, . 7
40
concentração psquica sobre determinadas matérias, o que
sem uma repetição mecânica de disciplinas e métodos apro
priados não poderá adquirirse39
41
impôla quando não s consgu conquistála? Liams
outos autos:
42
d novo difícil pcb. A nossa scola foi, «na
maioia dos casos » , um « facto d mo bilida d social » ?
E dvá smp sêo ou sá já bom qu constitua uma
udd d moblidad social, qu uns podm apo
vita outos não? Dixou po complto d o s? E não
sá ialista spa qu «todos os alunos» tnham «v-
dadiamnt sucsso» ? Não sá j á bom qu muitos
tnham pacial sucsso? Isso dixou d acontc? Final
mnt, obiga um jovm a fica na scola sá condná
lo «a um dstino d insucsso » ?
43
não s quixam d a scola não sr atractiva, mas sim d
sr pouco xignt. Os sgundos podm tr sntimntos
contrários.
Não sria ncssário citar spcialistas matéria d
disciplina scolar para concluir sta scção com uma nota
d bom snso. as citar spcialistas talvz d ais
autoridad ao simpls bom snso.
O sucesso no ensino requer muito mais do que manter os
alunos so controlo. No entanto, sem um controlo razoável
sore o comportamento dos estudantes na sala de aula o
professor não pode ter sucesso no ensino.5
44
A poémica dos exames
45
as associaçõs d pais ponunciaams conta sta dci
são. Pouco dpois, quando o govno do PSD caiu, muitos
acndam as spanças d qu sss xams siam anu
lados. as m Abil d 2005, a inista da Educação o
Pimioinisto do ntão cnt govno do PS tona
am clao qu iam mant a dcsão do antio govno.
Est nquadamnto é ncssáio paa pcb qu os
xams d 20 05, dvido à sua diminuta pondação, iiam
t, como d facto tivam, um impacto mínimo no po
gsso scola dos studants. A oposição aos xams foi
pois uma oposição d pincípio idológica, como s
tona clao pla litua das intvnçõs na polémica.
Alguns agumntos são tão incongunts qu é difícil
considálos siamnt. O mais frqunt tm sido o
sguint:
Não são os xams, sim a qualidad d nsino,
aquilo qu pod gaanti a apndizagm.
4
Em nossa opinião, os agumntos mais conts dos
oponnts aos xams duzms a dois:
- A povação não ajuda os alunos a pogdi, ou
sja, a tnção não s taduz mais tad num acés
cmo d conhcimntos dos alunos, plo qu falha-
a os sus objctvos;
Os xams não consgum avala todas as «com-
ptêncas» qu s ptnd dsnvolv nos lunos,
pivilgando os aspctos d mmoização mca
nização, plo qu pjudcaam o dsnvolvmnto
das «comptêncas» dsjadas, qu inclum a capa-
cdad d aplca conhcmntos, a xpssão oal
o acocíno, nt outos.
47
tem necessaamente um eeito negativo? Na realidade,
os exames odem execer uma inluência ositiva nos
estudantes no seu conjunto, mesmo que haja exceções.
Além disso, os exames odem ser orientadores de ercur
sos escolares, levando, or exemlo, a encaminhar estu
dantes com diiculdades ara vias alternativas, com o
mesmo ou com outro término escolar.
Em segundo lugar, uma coisa é a listagem das insui-
ciências dos exames, outra a justificação do seu abando
no. essa ligação que nunca é eita elos críticos da
avaliação externa.
Em terceiro ugar, é necessário considerar a realidade
ortuguesa, os alunos, os rofessores e a cultura social
redominante, que se reflecte obviamente na escola.
Enquanto noutras sociedades e noutras situações se o-
dem abolir exames nacionais, que são substituídos or
outros sistemas de avaliação credíveis, não necessaria-
mente menos exigentes, em Portugal e em 2005 arecem
ser imrescindíveis «juízes de fora», ou seja, sistemas
de avaliação externos à escola.
48
inalmente, os exames odem ser bem feitos ou mal
feitos. Podem rivilegiar a memorização ou odem ri-
vilegiar o raciocínio. Podem dirigirse à solução mecâni
ca de exercícios ou odem dirigirse à alicação criativa
de técnicas e conceitos. 50 Ideia semelhante foi exressa a
certa altura elo então Ministro David Justno.
Fico relativamente surpreso quando se diz que um esino
assente em competências não é susceptível de ter aaliação
extera... .A chamada avaliação externa tato avalia com
petências como avalia conhecimentos, tudo depende de se
saber como se faz a avaliação.5 1
49
rática das com etêncas. Vejase mais à frente a discus
são deste tóico
Voltemos aos exames, ctando vários textos ara me
lhor se comreenderem algumas das ideias mais dfundi
das no meio. Comecemos or uma osição que tem o
grande mérito de ser clara, o que constitui manifestação
de honestidade e de coragem a saudar numa área em q ue
as intervenções são habitualmente ambíguas
[ ] é ipossível aravés de exaes avaliar a qualidade do
ensino de aeáica5
50
para se esueer auilo ue realmente interessa na edua
ção, ou seja, a preparação de idadãos apazes de assumir
um papel útil e interveniente na soiedade, exercendo ple
namente os seus direios de idadania e ompreendendo as
uestões fundamentais do seu tempo.53
1
Tratase de uma verdade evidente que o exame diz o
que diz. O roblema é saber se há correlação entre o que
o aluno resondeu e o que sabe. claro que sim, que há
uma correlação ortíssima. A corroborálo estão, or
exemlo, os dados reiteradamente obtidos sobre estu-
dantes, gruos de estudantes e escolas em rocessos de
avaliação dierentes. Se os exames nada dissessem sobre
os conhecimentos dos alunos seria muito estranho que se
veriicasse essa conirmação.
A este roósito, é curioso relembrar as semelhanças e
dissemelhanças entre as avaliações internas e externas do
12.º ano veriicadas nos dados diundidos através dos
k. Nas escolas que aresentam alunos mais bem reara-
dos, as avaliações médias internas e externas são muito se-
melhanes. Em contraste, nas escolas que aresentam alunos
mais mal rearados, os valores nas avaliações internas são
geralmente bastante mais elevados do que os obtidos nos
exames nacionais. Este contraste é muito signicativo.
O mais grave é que estes argumentos contra os exa
mes omentam uma atitude irresonsável. Se não houves
se correlação entre os conhecimentos e os resultados das
avaliações, de nada valeria aos estudantes estudarem e
reararemse ara os exames. esta a simles realida
de. Mas há quem reira antasiar. . .
] estos e pesenç de dois conceitos de vlição
totlente contáios, visndo o péio/cstigo e o outo
eglção ]
tepo de nos ibetos! Po ito qe nos cste
pede bói de svção, ebo ilusói, que nos z
pens qe esoção dos pobes d edcção pss
52
por uma avaiação que cotroa, pue, cupa e que tamém
desresposaiiza, é tempo de apostar um processo em que
todos estão ievitavemete impicados, são resposáveis e
têm de traahar coectivamete para um ojectivo comum.55
3
A terminar, um dos agumentos mais curiosos e carac
terísticos.
54
desgostado com a «sobrevalorização da discilina de
Matemática» e diga que
A dstruição o currícuo
dos contúdos curricuars
57
as inerprear gerir e aapa rrí às araerísias
e necessidaes dos seus alunos. 61
58
coo responsáves pela plancação desenvolvento do
currículo e não coo seus eros executores64
9
alguns, críticos, « a afirmação construtvsta de que o
conhecimento é activo é menos radical do que arece,
uma vez que todo o conhecimento (tanto fisicamente
activo como assivo) é activo no sentido construtivista».
De onde se oderia concluir que «as afirmações constru
tivistas têm ouco interesse edagógico».
De forma radical ou moderada, as consequências da
visão da matemática como algo centrado nos alunos reer
cutemse nos discursos de muitos intervenientes no deae
sore educação. Leiase outro autor.
[ algumas coisas importantes: tentar adaptar a Mate
mática aos interesses dos alunos (em última análise, o ideal
seria haver uma Matemática para cada aluno) e aos cursos
que frequentam [ 68
6 «t is said that the claim that learning is active is less radical
than it appears , since all learning ( whether physically active r passive)
is active in the cnstructivist sense. Hence little f pedaggical inte
rest can arise fm cnstructivist claims, Christpher Wirch e Jhn
Gingell, Key Concepts in the Philosophy of Education Lndres,
Rutledge, 1999, p. 43
68 Fernand Nunes, «encer insucess, entrevista a Maria
Jã Martins, Jornal de Letras 4 de Setembr de 22 Suplement
JL/Educaçã, pp. 45
0
ara conseguir eválos s ormulações matemáticas, ou
seja, artir de coisas concretas ara elevar o seu grau de
abstracção sendo assim, tratarseia de uma actuação
dagógica rente a um objectivo ixado; outra coisa
é exagerar a ideia («uma Matemática ara cada auno»)
e romover a ragmentação do conhecimento Nesta
versão radical, não há objectivos nem conteúdos curri-
culares ixados: cada auno avança or si, ois natural-
mente aenas se retende o desnvolvimento ds seus
interesses a redução ao concreto, numa atitude anti-
intelectual tiicamente rousseauniana Como resutado
tohese, naturamente, a caacidade de abstracção dos
estudantes
Lvando até s útimas consequências estas ideias
românticas, chegase ao absurdo Mas, or vezes, arece
qu não se receia o aradoxo ou que não se tem cons-
ciência do alcanc das alavras:
Se a sala de aula deve ser o viveiro das ideias matemá
ticas dos alunos, então deverá haver espaço para a argu
mentação, para a experimentação, para a tolerância perante
a dissensão Esta visão confronta a perspectiva platónica de
um currículo da Matemática referente para o conhecimento
dos alunos A sala de aula deverá dar espaço para o
surgimento de visões matemáticas alternativas e será da
competição entre o seu poder de convencimento que os
conceitos matemáticos se formarão69
1
Lease este arágrafo uma segunda vez: abandonar as
referêncas, que seram «atóncas», esquecer o currículo,
que dexara de traçar objectvos, e ncentvar võ m
mác lv. Abandonar os crtéros de verdade
matemátcos e substtuílos elo oder de convencmento
dos dversos ntervenentes. Abandonar também, natural
mente, os crtéros científcos, culturas e o smles reseto
eos ctos. Estamos erante a «verdade negocada» . . .
dfícl saber se estas deas são avançadas com lena
conscênca das suas mlcações. Consttuem uma fusão
entre o construtvsmo edagógco e o construtvsmo
estemológco ou ontológco: o aluno constró o seu
conhecmento essa construção é vre, os todo o co-
nhecmento sera uma construção soca sem correson-
dênca com a realdade obj ectva ou com o conhecmento
acumulado (aqu consderado «referente latónco » ) . São
deas radcas, abusvas e ergosas. Levadas a séro
conduzem os alunos gnorânca, em vez de os trazer s
rquezas matemátcas, centífcas, lteráras e culturas
cradas ela Humandade. Artcuemse estes roóstos
com a dea de que « Üs modelos escolares domnantes de
cultura' [ . . .] consttuem obstáculo ao sucesso dos alunos
que ertencem a meos de cutura não etrada», junte
se a nsstênca na « gualdade de culturas» e ercebese
aonde se oderá chegar.
Não é necessáro, contudo, fazer eseculações. Alguns
académcos são erfetamente exlíctos. Vejamos o
2
que escreve um roessor universitário, membro de um
Centro de Investigação em Educação, e, ortanto,
alguém em rincíio consciente do alcance das suas air-
mações.
... ] a ênfase na Mateática escolar deve ser colocado
[sic] na educação ateática dos jovens) e não no ensino
de eleentos de) Mateática.
3
Comtências, contxtuaização
arndizagns sigificativas
6
angosaxónicos, que faam em «kwld d kll».
Enquanto, ara estes, os termos aarecem juntos, de rma
que «kwld» está semre resente, muitos edagogos
ortugueses, na esteira de aguns anceses, começaram a
usar unicamente a aavra «cometências», com que re
tendem designar atitudes e caacidades que imlicitamente
julgam incuir o conhecimento aam, or vezes, de «co
nhecimento em uso ou em acção» Mas, aesar de terem
corrido rios de tinta sobre estes conceitos, o termo está
ainda ma deinido e o seu uso eivado de equívocos
Lendo Perrenoud ou aguns teóricos ortugueses, er
cebese que a aresentação da teoria das cometências na
sua forma resente assenta em ura retórica Esta litera
tura é estranhamente omissa em dados observacionais,
em referências científicas e em eementos de sicologia
exerimental Abundam os argumentos iterários e cita-
ções de citações Aarecem aelos ao emenhamento
olítico e referências a argumentos tão ouco científicos
como os das «angústias e desejos de controlo» da sica
66
nálise. Mas é seme bom le os ogais. Peenoud,
o exemlo, conessa algo que os cíticos da teoia das
cometências têm aimado e que os seus deensoes
otugueses têm negado:
cero ue ua escola orenada para o desenvolveno
de copeêncas preparará enos be os fuuros aeá
cos uícos hsoradores ou flósofos E depos?7 8
67
Ao contraro as recomenações e aguns antigos
teóricos a gestão, a chave o «saber fazer esecífico»
não oe estar num ensino virao ara as alicações
finais articuares, tais como são exigidas elo mercado
e trabaho As universiades anglosaxónicas ercebe
ramno há muito
Na realiae, iscilinas tão funamentais como a lite
ratura, a matemática e a osoia oem ser essenciais ara
rearar um jovem ara o mercao e trabalho Por essa
razão, os rogramas as universiades anglosaxónicas
concentramse em áreas básicas A tentação ortuguesa,
elo contrário, tem sido a e estreitar conteúdos, orientan-
oos ara as alicações e escolheno de forma bastante
arbitrária aquelas que se imagina serem imortantes
Em edagogia, um arente directo da visão das come
tências defendia or Perrenou é uma tendência que
sobrevaoriza a «contextualização das arendizagens», tema
que constituiu uma moda nos Estaos Unidos na década de
80 (ud l) e que actualmente revive serodiamente
em Portuga Segundo essa tendência, a cometência ara
a acção só se desenvolveria quando integrada num contexto,
e o treino abstracto teria ouca utilidade, ois a veradeira
arenzagem só ocorreria em situações reais Aós cerra
68
das críticas , o movime nto da contextuaização as aren-
dizagens erdeu a sua grande inuência internacional, ois
veriicouse que o conhecimento ica mais imitado ao con
texto em que é introduzido se não se derem aicações
variadas e se se recusar a sua formuação mas abstracta.
Os dos exemos cássicos das arendizagens não for-
mas eficientemente arendidas em contexto os cálcu-
os reativamente comlexos que as donas de casa califor
nianas conseguem fazer sobre reços nos suermrcados
e as contas ráidas feitas eas crianças da rua brasileiras
nas vendas que reaizam vieram a revear, aós estu
dos mais sistemáticos, que aenas refectiam arendiza
gens muito imitadas e restringidas a um contexto singular.
O treino na abstracção e na caacidade de concretização
do conhecimeto em situações variadas continua a ser
indisensáve na rearação dos estudantes ara enfren
tarem contextos esecíficos.
Hillsdale, NJ, Elbam e também Jhn Seey Bwn, Alan Cins
e Pal Dgid, Sitated cgnitin and the clte f eaning,
Educational Researcher 181, 322, 1989.
Jhn R. Andesn, Lynne M Rede e Hebet A Simn,
Sitated eaning and edcatin, Educational Researcher 4, 511,
1996, , ds mesms ates, elatói Applicatins and
misapplicatins f cgnitive psychlgy t matematics edcatin,
2, acessvel em http:/actpsycmed/papes/misappliedhtm
3 Jean Lave, Cognition in Practice: Mind Matheatics and
Culture in Everyday Life Nva Ie, Cambidge Univesity Pess,
1988, e T. N Caahe, D W e A D Schliemann, Matematics in
the steets and in the scs , British ournal of Developent Psycho
logy 3, 2129, 1985.
69
A moda da «contextuaiação das arendizagens», ta
como outras modas, tem introduido exageros no desen
vovimento curricular que são atamente rejudiciais
O ressuosto mais comum é o de que aenas as aren
diagens significativas são duradouras e formativas ou,
dito de outro modo, que o ensino aenas ode ser cria
tivo e formador quando reaiado em contexto
Na base desta tendência está a ideia de que as aren
dizagens, tal como os conhecimentos, não odem ser
decomostas em equenas arceas No entanto, a sico
ogia cognitiva actual, ultraassando a ideia behaviorista
de uma corresondência directa entre as comonentes do
conhecimento e os eementos do comortamento, não
nega a decomosição do conhecimento em arcelas,
antes estuda as s ua s interacções A imossibiidade de
decomosição é evidentemente um mito, ois ela ocorre
e tem sucesso nas mais diversas arendizagens s estu
dantes de música não melhorariam a sua técnica rati
cando escalas e as crianças nada arenderiam treinando
somas elementares ou siabando palavras se essa decom-
osição fosse imossíve Tave surreendentemente ara
muitos, um contraexempo escarecedor é fornecido peo
ensino lúdico: brincando com situações abstractas afas-
tadas da reaidade (que oderá existir mais removido de
um contexto rea do que um jogo ? ) , as crianças podem
treinar a desco difcação de palavras, a aritmét ica e diver-
sos conc eitos mate máti cos .
70
Afirmase também que o ensino eórico descontextuali-
zado não se traduz em alicações ráticas, ou seja, que
os alunos não conseguem transferir as arendizagens ara
situações diversas e que, ortanto, odo o ensino eria de
ter um significado. O roblema da transferência é um
roblema real. Mas o ensino excessivamente contextuali-
zado dificulta recisamene a transferência ara siua-
ções ráicas diversas. Reetidos estudos exerimenais
mostram que o conhecimento tende a ser mais l miado
quando aresentado num contexo único . Dito or
ouras alavras, crianças que aenas arenderam a so-
mar usando laranjas têm mais dificuldade em calcular a
soma de horas do que as crianças que arenderam a
soar usando laranjas, auzinhos, desenhos e, finalmen-
te, aenas núeros.
també habitual ouvir a tese, comlementar da ane-
rior, de que o treino absracto em ouco significado e
não se traduz nua arendizagem real caaz de enfren-
tar situações concreas. Na realidade, o ensino eórico
ode ser bastante ineficaz se o que se transite nada tem
a ver com as necessidades fuuras do estudante. Mas esse
roblema é o da adequação do conteúdo do ensino s
necessidades do ensinado, e não um roblema geral do
ensino eórico. O ensino abstracto ode ser bastane efi-
caz, como mostram inúmeros estudos exerimentais que
comaram ensino rático não orientado com ensino teó-
rico. Em ouco temo, a instrução teórica ode evar o
sujeito a adquirir um conhecimento que demoraria anos
85 Idem.
a adquirir se o izesse aenas ea rática diária. O mais
eficaz, como se imagina, é uma aliança ecléctica entre o
ensino teórico e o ensino alicado, sendo este reerido a
contextos diversos e não demasiadamente restrito a alica
ções articulares. O «arender zendo» tem sucesso quando
há uma combinação entre a instrução abstracta e diversas
ilustrações concretas que conseguem desertar o estudante
e motiválo ara erceber, imaginar e realizar alicações.
Mas o «arender azendo» não tem sucesso quando está
coninado a alicações muito limitadas e não é acoma
nhado de uma generalização ela abstracção.
Julgamos que a análise das rovas de aerição do Ensino
Básico, dos exames e dos estuos TIMMS e PISA reorça
o que dizemos. habitua dizerse que essas rovas e
estudos revelam que os jovens têm mais diiculdade na
resolução de roblemas, na adatação de conceitos a
contextos reais e noutros rocessos cognitivos suerio
res; e menos diiculdades nos intens de resolução mecâ
nica, ou seja, nos rocedimentos mais elementares. Con
cluirseia daí, de acordo com um argumento muito
reetido, que não há roblemas com a arendizagem das
rotinas e com a memorização e que é imortante, elo
contrário, insistir rioritária e quase exclusivamente na
resoução de roblemas e noutro tio de desafios ormati
vos. Parecenos ma concusão aressada e tendenciosa.
72
Em rimeiro lugar, é natural que haja ee mas
dificuldade em níveis cognitivos sueriores. O que sea
surreendente seria o contrário. Em segundo ugar, con
tinuam a revelarse falhas em asectos básicos que arras-
tam inseguranças ara as etaas osteriores. Em terceiro
lugar, a análise das dificuldades na resolução de roble-
mas revela limitações na caacidade de abstracção dos
alunos. Sem essa abstracção, roblemas situados em con-
tetos diversos não odem ser enfrentados com scesso.
A ecessiva contetualização do ensino elementar da
matemática tem sido um obstáculo ao sucesso dos estu
dantes em níveis cognitivos sueriores e ode ter influên
cia negativa de maior imortância do que se suõe.
73
A toria das comtências
contra os contúdos
7
imortante questionar, or exemlo, se a concreti
zação das «cometências» num sstema em que o currí
culo desaarece ermite garanti que alguns conteúdos
essenciais são cobertos. Parecenos que não e que a insis
tência de alguns na incaacidade das escolas e dos ro-
fessores ara a «oeracionalização das cometências»
revela, afinal, o fracasso dessa teoria.
Em segundo lugar, há a tentação, que tem sido exlícita
em muitos documentos e ráticas, de rocurar desenvolver
os níveis sueriores de uma «cometência» rejudicando os
níveis rimários e intermédios. Nomeadamente, há a ten-
dência ara evitar a mecanização e a memorização e ara
ultraassar a arendizagem de técnicas e o domínio de
automatismos. Aesar de, mais recentemente, se ter assa
do a insistir em que esses asectos estão incluídos nas «com-
etências», a verdade, como mostraremos na secção se
guinte, é que na sua frmulação se revela uma resistência
memorização, mecanização e a outros asectos essen-
ciais do ensino, com o retexto de que eles rejudicam
graus de comreensão mais elevados.
Para erceber como as actuais teoria e rática das
cometências se oõem aos objectivos educativos concre-
tos e aos conteúdos recisos, e como os retendem diluir,
é indisensável ler um documento intitulado Cuícul
Nacal d E Bác: Ceêca Eeca Este
documento foi aresentado em 2001, com grande aa
7
rato, e condensa de facto u trabalho longo e orfiado
ara destruir os conteúdos curriculares e substituílos or
rincíios gerais, não verificáveis ne ensuráveis Em
nossa oinião, e contrariaente s já referidas boas as
ingénuas intenções dos ue dize ue o al está no
facto de os rofessores não tere arendido a trabalhar
co as coetências e a traduzilas e conteúdos e acti
vidades, os receitos desse docuento são iossíveis
de trabalhar, a não ser ue interretados coo algo a
ue se resta culto verbal, as não se usa coo refe-
rência
A introdução deste docuento norativo criou ua
abigudade legal Segundo os seus roósitos, deiarse-
a de usar o currículo naconal do ensino básco de 10.
Mas este não oi legalente revogado ne as «coetên-
cas» era utlizáveis Iaginase ue o resultado rático
seja uitos rofessores refugiarese nos anuais esco-
lares Ou seja, a nstituição das «coetências» teve o
efeito erverso de auentar o alo acrítco aos recursos
sobrevventes, transforados e uletas do ensino
O melhor será ler cuidadosaente o docuento ue
se encontra disonível na Internet Aui aresentaos
aenas alguns etractos
77
2. Usar adequadaente linguagens das diferentes
áreas do saber ultural, ientífio e tenológio
para se expressar;
. . .]
10. Relaionar haroniosaente o orpo o o es
paço
. . .]
Estatística e probabilidades
No doínio da estatístia e probabilidades, a opetê
ia ateátia que todos deve desenvolver ilui os se
guintes aspetos:
2.º ilo
A sensibilidade para ritia arguentos baseados e
dados de atureza quantitativa90
78
integramente como é evidente mas vae a ena êo
ara erceber que o estio não é dierente do atenteado
acima. É notoriamente vazio e tavez sobretudo em
matemática.
Um exercício que se ode azer quando se anaisa um
documento deste tio é veriicar se o que ee diz não se
aica, vb noutras circunstâncias. Pensese, or
exemo num curso e actuaização ara gestores e
emresas e vejase, do citado acima se tudo, até mesmo
a harmonia corora, não ode ser aicado na deinição
das metas desse curso. Ou ensese numa escoa de
detectives ou num retiro de meditação... Quando o que
se diz é tão gera que nada restringe, então o que se diz
é inúti. Mas eiase o texto integral e avaiese o
roblema.
79
O fascíno pea motivação
e peas apcações contra
o treno e os automatsmos
81
A pática de pocedenos não deve constitui ua
actividade pepaatóia, epeitiva, isolada e se signifi
cado; poé, ua pática copeensiva pode pomove a
aquisição de destezas tilizáveis co seguança e auto
noia O cálculo ental, o doínio de u algoito, a
utilização de ua fórula, a resolução de ua equação,
ua constução geoética, a anipulação de um instu
ento, ente uitos ouos pocedientos, são destezas
úteis que se adquirem com pática desde que não seja
descuada a sua copreensão e a sua integação e expe
iências ateáticas significativas p.
82
em ue o treino reetitivo é útil? Será reciso comreen-
der a tabuada, roduto a roduto? Qual o mal da «reso-
lução mecânica e reetitiva» de eercícios? A julgar elo
teto é um mal absoluto, a evitar em todas as circunstân-
cias. E constituirão os «roblemas» e «situações não roti-
neiras» obrigatório «conteto universal de arendiza-
gem»?
Não é limitando a automatização ue se desenvolve o
raciocínio indeendente. Este é um erro caital d docu
mento das «Coetências Básicas» ue desliga e coloca
em oposição a criatividade e a aprendizagem de rotinas,
como se a rimeira udesse ser desenvolvida sem a se
gunda.
83
Romantismo e arrogânca
construtivista
85
Escrevendo em 1969, Karl Poer sera igualmente
drecto. Deenda que há semre dos asectos ou duas
ases da arendzagem. Prmeramente, acumulamse co-
nhecimentos de orma sobretudo acrítca. Em seguda,
questonase o arendido. Escreve este lósoo no seu
habtual estlo olemsta:
a erdade é ue nã pde haer ua fase críca se
ua fase dgáca precedene, ua fase e ue alg se
fra ua expecaa, ua regulardade, u cpr
aen , de al anera ue se pssa ceçar a rabalhar
na elnaçã d err92
86
raciocinar. Em seguida, deve guiálos, tornando claro o
que retende com a «crítica do mercado». Se não fizer
nada disto (continuação do exemlo real), os j ovens fazem
uma visita, quase certamente ouco arendem sobre o
funcionamento do mercado e em seguida esforçamse or
alinhar meia dúzia de ideias disersas, mal informadas e
eseculativas, em que rocuram satisfazer o que imagi-
nam serem as oiniões do rofessor sobre esse mesmo
mercado (término real e triste do mesmo exeml real,
Lisboa, 2005 ) Ou sej a, um rofessor que aja desta forma
está aenas a incentivar nos seus alunos o esírito acrí-
tico o contrário do que diz defender.
Os exemlos odem multilicarse, mas basta acrescen-
tar um outro, este de física e também real. Uma rofes-
sora da área de ciências do terceiro ciclo do Ensino Básico
(Sintra, 2005) ede aos seus alunos ara inventarem uma
exeriência em que onham rova o seu esírito cien-
tífico. Uma aluna, naturalmente motivada or alguma
coisa que ouviu sobre a velocidade de queda dos coros,
resolve fazer exeriências ara verificar se bolas de dife-
rentes esos caem de formas diferentes. az a exeriência
com bolas de ingueongue e bolas de ferro e conclui
que as segundas caem mais raidamente. A rofessora
fica muito contente, diz aluna ara aresentar o traba-
lho num concurso de ciências ara jovens e a raariga
aresenta em úblico os seus resultados. Ora, o que a
estudante acabou de fazer foi regredir até Aristóteles
(8422 a. C) A rofessora, evidentemente, não conhe-
cia a olémica sobre a queda dos coros nem a célebre
lei da queda dos graves.
87
No século V a. e Aistótees dizia que os corpos
caem tanto mais apidamente qanto mais pesados são.
Qase dois milénios depois, numa séie de expeiências
célebes, muio conhecidas, sobetudo, atavés do episó
dio, natualmente omanceado, da tore incinada de Pisa,
Gaieu Galilei (1564162) mostou ue os copos em
queda ive caem independenemente do seu peso, e expi
cou que a obsevada difeença de veocidades se deve ao
ato, esistência do a.
Esas expeiências clásscas de Galeu desempenaram
um pape na evoução cientíica que apenas em paaeo
nas conjectuas e obsevações asonómicas que oiginaam
a evolução heliocênica. Evidentemene, a pofessora nada
saba deste assunto e ajudou a nculcar n auna e nos seus
coegas uma ideia errada e agora cusá mas a apaga.
expeiênca poderia er dado eslados altamene
posiivos se a pofessoa, ao nvés de abandona por
completo a aluna, vesse sabido guála, sugerndolhe
uma expeiência que pdesse eva a conclusões pedago
gicaente útes e, finamene, sobesse crticar os esua-
dos. O ensno expermenta em que os jovens devem se
eguhados deve estar adequado ao temo, recusos e
conhecmenos imados de qe os esudantes dispõem.
As expeiências pessupõem planeamento e conhecimen
tos, sobeudo po pae do pofesso, e não são sinónimo
de espontaneidade nem devem se uma promoção da falta
de rigo. Po detás de tudo isto, aém de ignoância
88
científica e pedagógica, está u desespeito pea ciência
e peo sabe e ua extaodináia aogância. Aceditan
do, ou fingindo acedita, ue os jovens são capazes de
desenvove u espíito cítico e expeiental ue se ins-
pia no vazio e não no coneciento, o omantiso pe-
dagógico ue faze ce ue u jove, sem pepaação
de algua espécie, é capaz de cega a concusões cien
tíficas ue custaa umanidade muitos anos e muito
esfoço a conuista. Este salto de etapas pedagógicas é
outa anifestação de uma atitude oântica antiinte
ectua inspiada no natuaiso de Rousseau.
O constutiviso ingénuo pensa ue o ensino ecapi
tua a evoução da ciência e ue o aluno pode po si s,
desde ue devidaente ibetado ou estiulado, cega
econstução do conecimento. Afia ue as cianças
são «investigadoes natuais» e ue á uma uase iden-
tidade enre a invesigação científica e as «actividades
investigatvas » na sala de aula . Daí a estana insisênca
89
em identifica as pesqsas dos estudantes com nves
tigação» , como se esta paava não devesse esta esevada
obtenção de esultados oiginais.
Não é despopositado fae um paaeo co uma
desaceditada teoia biológica do século r condensada
na céebe fase a ontogenia ecapitua a filogenia».
Segundo essa teoia, no decoe do seu cescimento em
bionáio cada indivíduo passa po uma séie de fases
que equivalem a estágios adutos das espécies antecesso
as. Mesmo depois de se ejeitada em bioogia, essa teoia
da ecapituação teve alguma infuência em psicoogia
sob o impuso de Sigmund Feud ( 1 85 19 9 ) e de outos.
Mais odenamente, numa visão extema da teoia das
etapas de cescimento de Piage, o constutivismo ingénuo
vê a ciança a ecapitua uma sequência de fases de
desenvoviento da huanidade e da ciência. Insiste
então de foa dogmática na ideia de te de se o aluno
a constui ee pópio o conhecimento e a edescobi a
matemática e as ciências.
Muitos teóicos da pedagogia apesentam estas ideias
adicais como tendo sido indiscutivemente conmadas pea
investigação pedagógica ecente. ada mais eado. Como
eata o canadiano Steven Pinke, u dos mais bihantes
psicólogos da actuaidade, eud e Piaget esistiam a pe
cebe que os factos conaiam a teoia evoucionista de
Lamack, não só na biologia, mas também na psicoogia
90
O constutivismo actua, diz o mesmo auto, «é uma mis-
tua de psicoogia de Piaget com contacutua e ideoogia
pósmodena» de uma ma que evela como o «etablh
ment na educação é ignoante»
também muito eucidativo ve como a investigção
mais ecente nas ciências cognitivas evea insuficiências
gaves no constutivismo pedagógico, com especia inci-
dência no ensino da matemática Os tabahos de Stanisas
Dehaene, ente outos, mostam como é necessái admi-
ti na ciança carcteísticas inatas e não constuíds, e
distingui a apendizagem natua d não natua Limi-
t o ensino «descobeta natua» da ciança conde-
na ao insucesso
O constutivismo rdicl vi epistemoogicmente mis
onge do que o constutivismo pedgógico ingénuo:
deende que todo o conhecimento, mesmo o cientíico, é
uma constução socil essenciamente abitári, pelo que
menospreza as eerêncs cientícas e académicas, con-
cluindo que o ponto de chegd é pouco importne Que
num caso que nouto, s consequências pedagógicas são
desastosas
91
Promover a cee e a edecbea va da
exeeaç eada guided experimental disco-
very») é uma prática pedagógica fundamental para a
compreensão aplicada dos fenómenos e para a formação
do espírito crítico Mas essa acertada prática pedagógica
não se pode confundir com a defesa construtivista da
descoberta espontânea
92
Ensino da matemática
93
cionl o seu peso, most que compndo dois quilo
gms se pg o dobo do que se pg compndo um
quilogma, e po í dinte Um bom pofesso exem-
plificaá imeditmente o poblem com quntiddes e
fá com que os lunos fçm lgums conts té o po-
blem lhes pece tivi Pode, o mesmo tempo, d
outos exemplos, com comp de cebols ou com distân
cis pecoidas po um utomóvel num detemindo
intevo de tempo
Em segundo g, o no é intoduzido num fom-
lizção do poblema, fomlizção que depende do nível
de escolidde Pode, po exemplo, se levdo um equ-
ção do tipo despes = quntidde x peço Ness ltur,
éhe solicitdo que epita lguns dos cálclos nteioes
pa veific tilidde d fómul E que fç outos
que não consegi seque enc ntes de conhece
ess expessão mtemátic e de sbe tblhál Pode
ind se levdo vefic que há elções que não são
popocionis e confont difeentes fómls p dife-
entes eções ente viáveis
Finlmente, o luno pode se evdo um compeen-
são plicd d popocionlidde, pecebendo s sus
implicções p o cálculo de impostos, po exemplo, ou
descobindo elções ente quntiddes que enc no
didi, vendo como elções não popocionis podem
conduz esultdos semehntes em detemindo inte-
vlo de vloes e po í diante
Em tudo isto há pecedêncis cs, que em mtemá-
tic são inevitáveis Não se pode lev lunos que não
4
sabam um mnimo de tabuada a faze cetas contas men
talmente, não se pode apca uma fómua antes de enten
de os símboos, e po aí adante Mas as poidades são
muto dfeentes das que o documento das Cometência
Eenciai estabeece Leiase de novo este documento e
pensese Não seá úti aos aunos fazeem agumas con
tas «de esolução mecânca e epettva» com a fómua
da popoconaldade decta ? ão vaeá a pena « adco-
na essa capacidade de esoução de pobemas», nde-
pendentemente de a «intega numa expeênca matemá
tca sgnfcatva» ? Seá que todos os tenos se devem
evta pos não são, afnal, as almejadas «stuações não
otneas», as úncas e as que seiam obgatóo «con-
texto univesal de apendzagem» ?
A pedagoga omântca petende salta etapas e con-
centase naquela que é menos contoáve e, po sso,
de avalação pedagógca mas dfícl A únca peocupa
ção é a da apendzagem apicada Anda o auno não
pecebeu a fómula da popoconaldade decta e já
gostaam que se lhe peguntasse «seá que os mpostos
popoconas são justos?» O pobe estudante não pe
cebeu anda a semehança ente o exemplo da compa de
batatas e o da dstânca pecoda peo automóvel e já
gostaam de lhe ped um ensao escto sobe as suas
«expeêncas matemátcas sgnfcatvas»100
00 ara se perceber que este exemplo não é pura fantasia e verificar
que há quem defenda que o ensino da matemática deve processarse
desta maneira vejase o exemplo do «casal Silva» em João Filipe
Matos «Matemática educação e desenvolvimento social» in San-
9
Ideias semelhantes apaecem no discuso de muitos
intevenientes no debate educativo. É habitual subodi
nar tudo às aplicações, o que é um eo e uma impossi
bilidade pedagógica que intodu imiações gaves no
enso.
Meso que o aluno aprenda para o bem dele, ] ele
deve, nu cero senido, logo esse be, para que possa
senir que vale a pena o rabalo que realiza 101
96
nm o posso dv cai na amadiha d ngocia a
apndizagm com os aunos, subodinandoa ao su
convncimnto da sua utilidad. 102
A msma idia sug com oupagns dints. Umas
vzs agumntas qu o pobma stá m a scoa não
consgui motiva os aunos, como vimos na pimia
scção dst txto. Outas vzs, com ptxto nsss
agumntos, pocuas caminha a vocidad xcssiva
paa as aplicaçõs, satando tapas.
Sguindo ss caminho, cntando udo na compn
são apicada, dscuando dspzando a fomação d
bas, subodinando tudo a mtas gandiosas incontoá-
vs, dixams os alunos a navga num ma de indfi-
nçõs. Paaasando um humoisa, não dão mpo aos
studans paa apnd factos, pois ocupamnos dma-
siado m aciocina sob s . . .
Como sutado, os aunos não assimiam padõs d
aciocínio, não têm mpo paa sabc anaogias n
dduzi gas ógicas d apicação mais ga. Oa, a
capacidad d soução d pobmas nunca s constó
com dsafos dispsos divsos, sm paaos qu
97
vem a peebe o esqeeto dos métodos de ataqe e de
esoção. O aoíno de apação mas gea desenvo
vese atavés do teno de asos onetos qe apesen
am aaterísas omns.
Satando etapas e apesentando aos anos problemas
onde estes não vêem qaqe padão de abodagem,
mas apenas m emaranhado de amnhos, não é possível
desenvove o aoíno. Os estdantes efgamse então
naqo qe hes paee mas segro: memoza agmas
egas e otnas . E fazemno om a agravante de as egas
e otnas qe memozam seem onsrídas ad hoc e não
oespondeem a mas do qe eações apaentes ente
as osas. Não é sso qe se qe qe os estdantes
façam. Com o ombate ego à memorzação e à mean
zação podzse presamente o onáro do qe se dz
petende.
8
A tabuada e a motivação
99
calculadora deve estar pesete É exactaete isto ue
está aui escrito. Cohecese
Cohecese algu cai
caiho
ho mais rápido
r ápido
para ão apreder a tabuada e exercitar o cálculo
etal?
É adissível que o legislador teha deixado escapar
o docueo curricula algo de dierete do ue pre
tedia.
tedia. E a tabuada é apeas
apeas a pota
pota do icebergue
icebergue é
auilo ue ualquer adulto percebe ão estar a ser devi-
damee esiado e é co esse aco que as gerações
ais avaçadas se revolta. O ue abé é verdade
é ue esa pota do icebergue ão é casual, é a cose-
uêcia lgica de ua ilosoia educaiva. ease o
eso docueto uado estabelece as prioridades dos
proessores.
Picípis
Picípis ietades
A tarefa prcpal que se mpõe aos professores é cose
gur que as craças, desde cedo, apredam a gostar de
matemátca . . ] .
Objectivs geais
1 Mafestar curosdade e gosto pela exploração e
resolução de problemas smples do uverso famlar;
. ] .
Pblemas
A resolução de problemas, quer a fase de exploração e
descoberta, quer a ase de aplcção, deverá costtuir a
actvdade fundametal desta disciplia.
100
lgumas desas armações já ram encontadas nou-
ros documenos. O que há aqui de espanoso é o pincípio
orienado para odo o 1º 1º ciclo, que consiui a primeira
linha do progama: o essencial, a are principal é conse-
guir qu as crianças gosem de maemá ica. É uma inversão
maemáica.
ol de objecivos. Cusa a percber, e apens o ambien
ainda pouco críico vivido n alura pode jusicr qu a
inervenção pública enha dixado escapar ese dsasrado
romansmo pedgógico. A rea principal é quela à ual
odas as ouras se subordinm. De onde se concluiri que,
mis imporane do qu ensinar, seria azr com u as
crianças gosassm de maemáica. Enão, no os con-
údos como os méodos d ensino se dvriam subordi-
nar ese objecivo. quilo que mnos agrdávl possa
sr, l como a memorizção da buada ou o domínio de
algorimos de dição ou muliplicção, jusiicarsi ue
osse vido ou, plo mnos, qu apenas osse ensinado
n medida em qu não dsgosase os jovns.
O documeno oicial é muio claro: a ordenação de
objecivos não é «prendizgm primeiro, goso depois»,
nm «ao msmo mpo». É «goso primiro, aprendiza-
gm depois» (se possível, subenendese).
Logo
Logo seguir
seguir à insisência n o spco
spco lúdico d a escola,
dsacase a ideia ds aprendizagens significativas, oura
xpressão já arás enconrada e que é aparenemene
benevolene, mas muias vezes errónea. Vejamos de novo
o que nos diz o Programa do 1 ciclo (1990)
101
Deste modo, a aprendizagem dos algoritmos deve surgir
sempre como o resultado de longo trabalo com os números
e as operações.
102
g segud E ms do ue sso: o uomsmo,
poo um cvdde cíc e mecâc sobe um
lgomo, cosu um jud p coceção de
esoços compeesão de spcos mpors s
opções Não se pss lgo d smele em ods ou
use ods s osss cvddes? O uomsmo ue
desevolvemos leu ão os jud coc sobe
o exo? Como ser oss vd s véssemos de co-
c le le p escofc s plvs? us
vees, podese c pes plo uomsmo ms o
ms gve, e ue os cosuvss dogmácos esue-
cem, é ue ão poe ve compeesão sm sss mes-
mos uomsmos
ssocd à de omâc u s os são
pejudcs p compesão, suge um ou ese:
s os sem pejudcs p movção dos esu-
ds Os poblms d mmác sm, fl,
o edo dos luos po seem obgos p xe-
cícos mooos ue ão eedem Es ese é um
pu veção, sem ulur udmeo eldde
escol cul url ue os luos dsceguem
o seu desgdo com o blo escol formuldoo
e mes eleculmee ceáves dem, po
exemplo, u ão eedem uldde d memá
c , e os ecos omâcos cevm ess deu-
pção eldde, como ulu pofesso expeme-
do sbe, é ue o desespero dos estudantes se desen
volve, sobretudo, perante a incapacidade de terem sucesso
nas actividades que lhes são propostas e não é provocado
pelas rotinas.
103
Os mpos duros d bud nrmnvlmn rc-
d d cor, sob mç d rguds, são mpos qu
já pssrm. Não é ncssáro connur vuprr
conr sss mpos nm m sndo bs s prács
pdgógcs n conrposção sss méodos.
O dsqu xgrdo no sgnfcdo ls o ds-
qu xgrdo n movção. comum ouvrs s d
qu os lunos não consgum sudr porqu os profs-
sors não os movm, não lhs xplcm mpornc
do qu s sá sudr nm s sus plcçõs. Já flámos
dss ms, ms é mporn qusonr o sndo d
cusldd prssupos ns rcocíno. Exs um
corrlção nr os dos spcos. Ms será que os alunos
não estudam porque não estão motivados ou não se
motivam porque não percebem as matérias?
vdn qu hvrá nfluêncs nos dos sndos,
mbor o sgundo sj hbulmn gnordo. Or
pscolog xprmnl m vndo rvlr qu o sndo
prdomnn é qul qu hbulmn s dspr.
Vrdos sudos d pscólogos cndnos norm
rcnos ndcm qu corrlção nr uosm os
rsuldos posrors é xmmn pqun, n ordm
dos 0%, nquno corlção nr prndgm
num no os suldos m nos posrors é muo
lvd, qus 90%, o qu lv conclur qu prp-
rção cdémc é o fco dcsvo pr o sucsso. Igul-
mn curos é dscobr dos spcos ngvos d
uosm d uoconfnç. Comprndo sudns
qu rcbrm mnsgns dsnds moválos com
sudns qu rcbm mnsgns dsnds
104
esponsabiizos, os investgadoes chegaa concu-
são que os pieios tende a desotivase sepe que
obtê us esultados e que os segundos, na esa
stuação, tende a assui esponsablidades e a elho
a o seu estudo Mais ipotante ainda: os segundos
adopta estatégias de contolo do seu tabaho e ob-
tê, e édia, elhoes esutados Conclusão: nsist
na idea de que os aunos não obtê sucesso poque os
pofessoes não consegue otválos é inssi u
aspecto pacela do poblea e foenta a dea eada
de que nada se pode faze se pevaente os entusas
a Na ealidade, o aluno demotivam-e e deani
mam obretudo por não coneguirem perceber a maté
ria e, conequentemente, não coneguirem ter uceo
na actividade ecolare aí, a ajuda etdca e
pesistente, que se deve ceta a actvdade do poeso
10
Dogatiso construtivista
. .
roantso roussaun1ano
17
O poblma pincipal da influência d iag m ó-
icos da pdagogia pouguss sá, no nano, muio
para além dsss dbas ciníficos O póprio iag,
u rconcia não s um pdagogo, u o su s-
cráio cinífico considava apnas um «amado scla-
cido» m maéria d pdagogia, ficaria naualmn
cocado com muio do u é dio m su om Não
é prciso uma formação avançada m psicologia para
pcbr u algumas ss disparaaas aprsnadas
como piagianas mais não são do u uma caricaua
08
dogmática das ideias do meste suío Vejamos extactos
de um livo dedicado à pepaaão de pofessoes do
ensino básico e muito ecomendado em Escolas Supeio
es de Educaão. A autoa apesentase desde o início
como apoiante da pespectiva constutivista, que explici-
tamente econhece inspia os fundamentos do pogama
de matemática do . ciclo (990.
O papel do proessor não é pois o de transmiir ideias
eitas aos alunos mas de os ajudar, através das tareas apre
sentadas, a construi os seus próprios conhecimentos
Sendo assim, o proessor deverá respeitar sempre a opinião
do aluno e, mesmo quando esta é incorrecta, evitar eitir
sobre esta u juízo de valor11 0
09
rrado não consiui um juío d valor? Dv sr viada
plo docn? É isso qu qur dir rspiar smpr a
opinião do aluno » ? los visos, há qum o dfnda dê
um significado dogmáico ao aplo ao rspio».
Piaget considera igualmente que os conceitos matemáti
cos se desenvolvem espontaneamente nas crianças, não ha
vendo necessidade de seem ensinados directamente pelos
professores No entanto, existe uma parte do conhecimento
matemático que é do tipo convencional e terá de ser ensi
nada (Nota de pé de página da autora: o caso de todos
os símbolos aritméticos [ ...]. ) 11
apedizagem dos símboos ode mesmo eede a om
peesão do seu sigifiado. A iaça pode ve pimeio
a lea «i» e bia om ea e só mais ade peebe o
seu som e sabe que se aa de uma vogal. Pode faze o
mesmo om o zeo ou om o sia de adição. E pode
omeça a usa a simbologia esia omo ajuda paa a
ompeesão dos pobemas.
O epúdio pea esia oveioa pemeou iúmeos
exos ofiais. Po exempo o ogama de Maemáica
do 11. ao (ajusameo de 1995) afimase a popósio
de sucessões que «Só depois de seem expemeadas
vaadas edações devem se ioduzdas as edações
simbóias osagadas». Quaque pofesso expeiee
sabe ue peo oáio é meo ioduzi desde o
iío simboogias e emioogias osagadas e apo-
piadas. Assm ajudase os auos a ogaiza a apee-
são dos oeios. A expoação de emioogias ae-
aivas e múipas fomea abualmee a ofusão.
111
ncssidad rória rática do gsto da scrita msmo
qu na altura não sja cabalmnt ntndida od ajudar
o aluno no raciocínio rarálo para tapas ostriors
Não incenivar a memorização de regras embora nau
ralmene o aluno, ao longo do empo, acabe por as rans
formar em roinas 11
112
casos E, em muitas situa ções, a eza deve e
cevada. epende dos casos, das matéias e das ida
des Mas os peceitos dogmáticos acima citados apae-
cem sem quaque estição e são estendidos a todo o
ensino básico Faá agum sentido?
Há algumas décadas, Agostinho da Slva ( 1 9061 99 6),
um fiósofo potuguês que mantinha uma attude omân
tica sobe a educação, escevia ago mais poético Pode
mos êo hoje com mas toeância do que aquea que se
pode te paa com os teócos que, em pincípios do
século contnuam a defende dogmatcamente deias
tão pouco azoávis
113
Agumas concusões
11
ter sido evitado como uma praga. s mudanças devem
ser graduais, experientadas e avaiadas.
Frank Swetz, estudando a didáctica da matemática em
textos da Babilónia, Egipto, Grécia e China antigas, con
cluiu ue «desde os primórdios, os autores e professores
inventaram técnicas para faciitar a compreensão da sua
disciplina». Revelou que já na ntiguidade eram feitos
esforços diácticos «empregando diagramas, cores e au-
xiliares visuais e físicos, incorporando os sentidos da visão
e do tacto». Conclui, ironicamente, dizendo: «Ü ensino
operacional concreto não é um produto do século ! » .
Quem acreditar que o ensino activo e os meios auxiliares
são uma inovação competa está, pois, redondamente
enganado.
Em segundo lugar, é preciso cenrar força no apec
o eenciai do enino, ou seja, na formação cienífica
de profeore no enino da maéria báica na avalia
ção conane e na valorização do conhecimeno, da di
ciplina e do eforço.
Em particular, é necessário que os professores, tano
preparados nas Escolas Superiores de Educação como
nas Universidades, tenham uma formaçãobase coerente
nas matérias básicas e nas matérias da sua especialidade.
É indesculpável ue um professor ualquer profes
sor! não saiba escreve, cometa erros de ortografia
gaves, teha imitações séias o vocabuáio, ã o faça
ideia do que é a ei da queda dos gaves, ão saiba soma
facções ou cofesse «hoo à matemática».
Apesa de have muitos e muitos pofessoes compe
tetes e dedicados, as ossas escoas cotiuam a foma
iceciados que ão espodem aos equisitos míimos
de fomação. Muitas vezes, são estes que eam o esio
oficia, em detimeto dos mehoes. ma das azões é o
sistema de ecutameto usado peo Esado, que apeas
cosidea a ota fia de cuso. No mometo em que há
tatas escolas e com citéios tão divesos, seia idis
pesáve um mometo de avaiação exteo, um exame
de etada a caeia de pofesso.
ecessáio eafima que essencal na fraçã de
prfessres é cnhecent da atéra que ensna.
Isso é váido as tês gades etapas do esio: os dois
pimeios ciclos do Básico, o teceio cco e o Secudáo,
e o Esio Supeio. Mesmo paa esia matéias básicas
do pimeio cico, os pofessoes ecessitam de e cohe
cimetos das matéias, omeadamee de Potuguês, de
Matemática, de Históia, de Geogafia e de Ciêcias, e
cohecimetos que tascedem os estitamete cuicua-
es. Paa eem àvotade o esio e podeem patica
métodos activos po exempo, evovedo os auos
em pojectos e actividades mais ives ecessitam de
te uma boa cutua gea, seem cidadãos ifomados e
coheceem bem as matéias.
Ifeizmete, muitas escoas supeioes seguem o cami
ho cotáio e cocetamse o esio de teoias e
métodos pedagógicos, esquecedo os coteúdos discipi
117
naes Se é vedade que a fomação pedagógica é útil e
necessáia, também é peciso econhece que ela não se
pode tona o aspecto cental dos cusos de pofessoes
A pimeia e indispensáve qualidade de um bom meste
é o conhecimento da matéia que ecciona
Também nos cuículos e páticas do ensino básico e
secundáio e mesmo univesitáio, mas essa é uma
outa batalha é indispensável a concentação nas maté-
ias e temas essenciais, de que são exemplo a Matemática
e o Potuguês, a Históia, a Geogafia e as Ciências Em
todas estas áeas seia bom que se estabelecessem pata
maes mínimos tandad e se concentassem esfo-
ços, sendose ambicioso e exiente no doínio do íni
o essencas
A avaliação é fundaental mesmo paa a entada na
pofissão de pofesso, como foi efeido acima Paa os
estudantes, temse evelado indispensável peciso an
te o exae no º e º ano de ecolaidade, lutano
conta a oposição que lhes é movida po muitos quadan
tes (algumas associações de pofessoes, alguns sindica-
tos, algumas oganizações de pais, muitos teóicos da
educação) Admitese que um outo exame nacional se
venha a tona necessáio, possivelmente no 4.º ou no .
ano de escoaidade Os alunos devem sabe que há metas
e devemse i pepaando paa as ultapassa sequencial-
mente A avaliação deve tabé incidi obe o anuai
ecolae onde existem eos e insuficiências gaves
eito de dicilina tabalho efoço eitên
cia e concentaço deve se desenvolvido nos estudantes
de foma sistemática e pogessiva O ensino tem e
formar eites, mas tem também de acompanhar os menos
favorecidos ou menos dotados e apresentarhes vias a
ternativas. ão se pode passar sistematicamente aunos
ma preparados, mas também não se pode retêos sem
hes oferecer ajudas especiais e vias aternatvas,
profissionaizantes ou com ritmos menos exigentes. Mas
o princípio invioáve deve ser sempre o de registo hones
to dos patamares acançados por cada estudante.
É indispensável adptar expectativas exigents para
os estudantes e o seu trabalho. Dentro de limites muito
vstos, os aunos adaptamse às expectativas que dees se
formam. Tratáos como ncapazes, como acontece mui-
ts vezes nos currículos e manuais escoares, apenas os
orna realmente incapazes. Na feliz expressão nglsa, é
uma self-fulfilling prophecy uma profecia que se concre-
za peo simpes facto de ser formuada. Peo contrário,
currícuos ambiciosos e avaiações rigorosas e contnua-
ds trabham a favor de estudantes mais bem preparados.
Finamente, é necessário adptar métodos provados,
que são naturalmente eclécticos.118 ão se pode partir
sempre do concreto para o gera, ta como não se pode
partir sempre do gera para o partcuar. Não se podem
esquecer as apicações, ta como não se pode subordnar
tudo a eas. Devese desenvolver o gosto pelas disciplinas
119
e tenta motiva os alunos, mas e de la e
àul de ue alu a nem se deve baliza
o pogesso cuicula pelo sentimento positivo dos alu
nos.
Não se pode deixa de toduzi os estudantes no
método hipotéticodedutivo, tal como não se pode esquece
a intuição, nem os exemplos e o desenvolvimento de con
ceitos a pati de uma sentida necessdade de genealização.
Não se pode memoiza tudo, tal como não se deve esque
ce a memoização. Devese desenvove o aciocíno e o
gosto pela compeensão de conceitos complexos, tal como
se deve desenvolve a memóia e a automaização de
aguns pocedmeos. u sea, devemse usa técnicas
vaiadas e aponta obctivos vaiados, ao conáio do
que defendm os tócos do costruivismo dogmático.
A simultânea ofta de abodagens, técnicas méo
dos vaiados é a maneira cocta de fntar a divsi-
dade de modos de apendizagem dos alunos. Enquano
uns são mais sensíveis a ilustações gáficas, outros pe
cebem melho a manipuação de equações, outos ainda
são despetados por exempos. Uns pecebm um conci-
to quando contastado com conceitos paalelos num
enquadamento geal, outros pecebemno pela descção
de pomeno. Uns são analíticos, outos são sintéticos.
Uns têm melho memóia visua, outos auditiva.
A todos os alunos, no entanto, devem se ofeecidos
os dvesos pecusos e as divesas abodagens. Nenhum
deve se estingido àquilo que mais facilmente atinge.
Todos devem pecoe, com maio ou meno insistência
as vias divesas de compeensão das ciências e das huma
120
nidds. Limitáos todos às pioidds do constutivismo
dogmático é imit qus todos o insucsso.
Os bons pofssos sbm o qu s dv fz tn
tm fêo. S muits vzs não o fzm mis mo,
ss imitção não s s dv. Dvs sim às imposi
çõs vuss do Ministéio, os cuícuos dsconxos,
os mus mnuis scos,
sc os, um mbin d dsspi
to p cutu pl ducção.
Os bons pofssos sbm á muio qu o nsino
xpimn é imotnt, qu não s pod squc
motivção dos unos, qu tbud mcnição
ds opçõs são ncssáis, qu otogfi não dv
s dsixd qu compnsão dos bons txtos it
áios é cuci. Os bons pofssos sbm á mio o
qu os icos d pdgogi omântic qum qu s
squçm.
121
Recomendações bibiográficas
Ddáta da Matemáta
23
defende aqui ua visão equilibraa de u ensino baseado
no tripé conceptualização anipulação e aplicação
Karen Budd et a., n Myhs abou Mah ducaion and Why
Yu Shouldn' Blv hm, http://wwwnycholdco
ythshtl
124
sofos, mateáticos e educadores. Com estes recursos fica-se
com uma ideia bastante completa do debate actual sobre
educação.
12
Históia e debates teóicos
12
osé María Qintana, La Educación Está nferma Informe
Pedagógico sobre la ducación Actual, Valência, Nau Llibres,
2004
17
a outros autores neste voue, ue adpta posições ais
oderadas e sensatas O teto destacado é reveador do ex
treo a ue pode cegar a pedagogia roântica Mas, insisti
os, o elor eso será procurar os uitos textos citados
128
Indic onomástico
129
Commission du Débat National Jenkins, E. W. , 9
sur l'Avenir de 'École, 2 usino, David, 1 , 45, 49, 66n
Conselho Nacional de Educa-
ção, 22, 46 Katz, Victor, 6
Corteso, Luiza, 30, 62 Kaufman, James M., 44
Costa, Maria José, 5 Kilpatrick, William Heard, 1 5
Crato, Nuno, 0 Krantz, Steven G, 49, 24
Krueger, Joachim ., 05
Damião, Maria Heena, 66
Daniels, Harry, 107 Lave, Jean, 69
Dehaene, Stanilas, 9, 25 Lima, on Lages, 49, 23
Dewey, John, 45, 97 Lima, Pedro J. F de, 24
Drake, Stilman, Lourenço, Orlando, 09
Droz, R., 0
Duguid, Pau, 69 Magahães, Antóno M., 15n,
ntwistle, Harod, 34n 25n, 42
Matos, João Fiie, 54n, 63n,
Fenandes, José Manue, 1 0 95, 127
Fenandes, Magarida Ramies, Matos, José Manue, 6n, 9n
33, 59 Matthews, Michae R., l2n
Ferreira, M. Luísa A., 24 Matthews, Wiiam J., 112n
Fiolhais, Caros, O Miranda, Guilhermina Lobato,
9, 67, 09
GAVE, 73
Mónica, aria Fiomena, 0-11
Gingel, John, 60
Monteiro, A. Reis, 15
Gasersfed, Erns von, 2,
Morais, Ana Mara, 4, 9n
127
Morgado, Luísa Maria de A
Gould, Stephen Jay, 90
meida, 09, 24
Gramsci, Antonio, 33, 40, 5
Mostert, Mark P., 44
Grio, Marçal, 0, 5
130