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I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO


18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4.

DESEMPENHO TÉRMICO DE VIDROS COMUNS: AVALIAÇÃO EM


PROTÓTIPOS

Adriana Petito de Almeida Silva Castro (1); Lucila Chebel Labaki (1);
Rubia Michelato (2); Rosana Caram (2)
(1) Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Caixa
Postal 6021, CEP 13083-970, Campinas, São Paulo, Brasil, Fone +55 (19) 3788-2384
e-mail: dripasc@aol.com , lucila@fec.unicamp.br
(2) Departamento de Arquitetura e Urbanismo, USP São Carlos, SP, Brasil, Fone +55 (16) 273-9308
e-mail:, rubiamich@bol.com.br, rcaram@sc.usp.br

RESUMO
As superfícies transparentes merecem especial atenção quando se trata do conforto térmico de
edificações, pois são elementos vulneráveis a um alto ganho de calor, principalmente em locais de
grande insolação, como é o caso do Brasil. Considerando seu desempenho como fachadas, devem
atender, também, às necessidades de iluminação, as quais, conjugadas com os requisitos para conforto
térmico, garantem a eficiência energética da construção.
O presente trabalho visa estudar o comportamento desses elementos (superfícies transparentes como
fachadas) através de medições em protótipos. Numa primeira fase, estudou-se o comportamento
térmico in loco de alguns tipos de vidros, comercialmente disponíveis no mercado, variando-se a cor
dos mesmos.Esses vidros foram caracterizados em pesquisa anterior (Caram de Assis, 1996 e 1998),
através de análise espectrofotométrica. Nos protótipos, os vidros estão localizados na fachada Oeste.
Os resultados são apresentados em gráficos comparativos dos vidros analisados, permitindo inferir o
desempenho térmico dos mesmos.
Palavras-chave: desempenho térmico, vidros, materiais transparentes, conforto térmico, ganho de
calor.

1. INTRODUÇÃO
O desempenho térmico de uma edificação depende de vários fatores, como implantação, orientação,
materiais e componentes construtivos. Para assegurar o conforto interno, o projetista deve considerar
as condições climáticas do local, fazendo com que o ambiente construído atue como mecanismo de
controle das variáveis desse clima, através de sua envoltória (paredes, piso, cobertura e aberturas) e do
entorno (presença de massas de água, vegetação, edificações ao redor, tipo de solo, etc.).
Uma das funções dos fechamentos exteriores de uma edificação é controlar de forma adequada as
interferências do meio externo, visando proporcionar um melhor condicionamento ambiental.A
radiação solar é uma das condições externas que pode ser muito benéfica, quando bem aproveitada,
como também pode ser especialmente indesejável em determinadas condições. Do ponto de vista do
conforto ambiental, a radiação solar relaciona-se diretamente ao conforto térmico e visual nas
edificações, sendo a fachada, através de suas superfícies transparentes - os vidros e policarbonatos - a
parte do envoltório que permite facilmente seu ingresso no ambiente interno.
As áreas envidraçadas em fachadas ocupam um papel importante quando se trata de conforto térmico,
pois, ao receberem radiação solar, contribuem consideravelmente para a elevação da temperatura no
ambiente interno. Portanto, as necessidades de iluminação e contato visual com o exterior, às quais
essas superfícies transparentes visam atender, devem ser conjugadas com os requisitos para conforto
térmico, de modo que se tenha um melhor aproveitamento da energia solar incidente, resultando em
eficiência energética.
Alguns materiais transparentes têm propriedades que podem representar uma opção em termos de
controle da radiação solar, porém esse controle pode ter atuação limitada, pois uma área transparente
mal dimensionada ou posicionada de forma incorreta provocaria um calor excessivo no ambiente.
Com relação à qualidade da radiação solar transmitida para o ambiente interno, sabe-se que, da
radiação solar total incidente no vidro, uma parcela é absorvida, outra refletida e a restante, maior,
transmitida diretamente ao ambiente interno. As proporções correspondentes às energias absorvida,
refletida e transmitida variam de acordo com o comprimento da onda incidente, além de estarem
também relacionadas com a espessura, o índice de refração do vidro e o ângulo de incidência da
radiação incidente. Pode-se dizer, portanto, que cada tipo de vidro possui, para cada uma das faixas do
espectro solar, diferentes transmitâncias. Um vidro ideal seria, dentro do conceito da eficiência
energética e de acordo com os efeitos físicos e biológicos relativos a cada faixa do espectro solar,
aquele que tivesse uma alta transmissão da radiação visível e baixa transmissão do ultravioleta e
infravermelho.
O mercado oferece vários tipos de materiais transparentes em diversas cores, permitindo uma grande
liberdade no projeto. Porém, o que se tem notado, é que a estética quase sempre norteia a escolha do
material, não levando em consideração as características mecânicas dos materiais transparentes. Os
arquitetos e projetistas têm um grande número de opções de materiais transparentes no mercado.
Porém, eles precisam escolher aqueles materiais mais adequados à realidade climática. Esse cuidado
deve ser maior num país como o Brasil, já que a incidência solar proporciona aqui elevadas
temperaturas médias durante todo o ano.
Caram de Assis (1996 e 1998) obteve esses valores de transmissão para cada uma das três faixas do
espectro solar, para diversos tipos de vidros, policarbonatos e películas poliméricas. Sentiu-se a
necessidade de, após identificar os valores de transmissão de diversos tipos de vidros, verificar
experimentalmente os resultados da aplicação desses materiais em fachadas sujeitas à incidência de
radiação solar.

2. OBJETIVOS
Este trabalho visa estudar o comportamento de alguns materiais transparentes com relação ao ganho de
calor solar, através de medições em protótipos, com fachadas envidraçadas voltadas para a situação de
maior ganho de calor solar, isto é, fachadas orientadas para Oeste.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Caracterização dos protótipos


Os protótipos foram construídos sobre uma base de radier de concreto desempenado (3,20 x 3,70m), e
paredes de tijolos de barro maciço sem revestimento (½ tijolo / 10,0 cm espessura), assentados com
argamassa comum de cimento e pintados na cor branca (interna e externamente). As dimensões
externas são 2,20 x 2,70 m e internas 2,00 x 2,50 m, com uma área interna de 5,00 m2, e pé direito de
2,40 m.
Estão orientados com as fachadas de 2,70 m ao Norte e ao Sul e as de 2,20 m ao Leste e ao Oeste.
Na face superior há uma laje pré-moldada (cerâmica e concreto), também pintada de branco, com ático
ventilado por aberturas em trama de tijolos de barro nos oitões das faces leste/oeste. A cobertura é de
telha fibrovegetal, pintada externamente de branco, contando, junto ao caibramento de sustentação,
com um filme de alumínio polido (isolante térmico tipo “foil”), reduzindo a influência da superfície
mais exposta à radiação solar nos resultados das medições.
As duas aberturas para análise estão voltadas para as faces norte e oeste, com dimensões de 1,20 x
1,00 m, e peitoril de 1,10 m. Quando uma das fachadas estiver sendo avaliada a outra terá sua abertura
vedada por um painel com resistência térmica equivalente à parede de tijolos, estando ambas
totalmente seladas para evitar a interferência da ventilação. Para facilitar o manuseio e troca de vidros
e painéis equivalentes, optou-se por colocar o vidro numa moldura de madeira sobre batente, com
alças e fechos de travamento, ficando o local envidraçado efetivo com as dimensões de 0,86 x 1,06 m,
e área de 0,91 m2.
Os protótipos estão distanciados de forma que não haja sombreamento das paredes ou sombras de
vento, a fim de garantir as mesmas condições de implantação para todos.

Figura 1 – Vista geral dos protótipos

3.2 Experimental
Uma mini-estação meteorológica automática de aquisição de dados, CR10X Campbell Scientific Inc.
está instalada próximo aos protótipos (figura 2). Os registros são feitos a cada 30 segundos, definindo-
se as médias a cada 10 minutos. A estação monitora os seguintes elementos atmosféricos externos:
temperatura do ar, umidade do ar, direção dos ventos predominantes, velocidade do vento, radiação
solar incidente, índice pluviométrico.
A estação, por meio de equipamento de aquisição e armazenamento, com canais para conexão dos
termopares tipo T, possibilita o monitoramento no interior dos ambientes, dos seguintes parâmetros
climáticos: temperatura superficial interna e externa do vidro (figura 3), temperatura superficial interna
e externa da parede oeste e temperatura de bulbo seco no interior dos protótipos.

Figura 2 – Estação meteorológica Figura 3 – Detalhe do termopar fixado no vidro


3.3 Vidros analisados
Neste trabalho, são apresentados resultados para os seguintes vidros:
Protótipo A: vidro bronze 4 mm
Protótipo B: vidro verde 4 mm
Protótipo C: vidro incolor 4 mm.
Protótipo D: vidro fumê 4 mm
Protótipo E: vidro mini-boreal 4 mm
O protótipo C, com vidro incolor comum de 4 mm, é usado como referência para todas as medições.

4. RESULTADOS
As medições nos protótipos foram realizadas entre os dias 22 de fevereiro e 16 de março de 2004.
A seguir apresenta-se os resultados obtidos para o dia 29 de fevereiro e 01 de março. O dia 29 de
fevereiro foi escolhido por ter registrado as menores temperaturas externas do período analisado;
enquanto o dia 01 de março foi escolhido por registrar as temperaturas externas mais altas. Essa
análise de diferentes situações climáticas permite uma compreensão geral sobre o comportamento dos
vidros analisados.
É interessante observar que o dia em que foram registradas as maiores temperaturas (01 de março) foi
exatamente o dia seguinte daquele de menores temperaturas (29 de fevereiro). Isso demonstra a
instabilidade climática do período.
Serão apresentadas planilhas e gráficos das condições climáticas exteriores, das temperaturas
superficiais internas do vidro e da parede, e do ar no interior dos protótipos.

4.1 Resultados para o dia 29 de fevereiro de 2004.

4.1.1 Condições climáticas exteriores


Tabela 1 – Dados climáticos externos para o dia 29/02/04.
Temp. Rad. Solar
Hora ar Umidade Global
(°C) (W/m²)
00:00 19,37 83,5 0
01:00 18,99 84,2 0
02:00 19 81 0
03:00 18,33 83,5 0
04:00 16,64 90,7 0
05:00 16,2 92,3 0
06:00 16,04 92,2 13
07:00 18,41 83,9 120,8
08:00 21,62 72,2 320,5
09:00 24,68 61,36 525,1
10:00 26,17 56,95 691,6
11:00 27,37 55,62 806
12:00 28,27 53,34 911
13:00 29,34 46,24 917
14:00 30,22 37,69 834
15:00 30,61 32,65 707
16:00 30,71 35,34 190,1
17:00 26,64 51,62 211,6
18:00 26,45 53,96 89,6
19:00 23,23 63,02 0,09
20:00 22,51 67,34 0
21:00 21,78 72,6 0
22:00 20,81 77,4 0
23:00 20,96 75,3 0
Temperatura (°C)

15
25
35
45
55
00:00

01:00
Temperatura (°C)

0
5
10
15
20
25
30
35

02:00
Hora
03:00

04:00 00:00
05:00
02:00
06:00

07:00
04:00
08:00

09:00
06:00

10:00
08:00
11:00

12:00 10:00

Tempo (h)
13:00

Tempo (h)
12:00
14:00

15:00 14:00

16:00
16:00
17:00

18:00 18:00
19:00
20:00
20:00

21:00 22:00
22:00
0

23:00
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000

Radiação Solar (W/m²)


Gráfico 1 – Relação entre a temperatura externa e a radiação solar global no dia 29/02/2004.

Fumê
Verde

Incolor
Bronze
Temp.ar

Mini-boreal
Temp.
Rad. Solar
4.1.2 Dados dos protótipos
Gráfico 2 – Relações entre a temperatura externa e as temperaturas superficiais internas dos vidros no
dia 29/02/2004.
Gráfico 3 – Relações entre a temperatura externa e as temperaturas superficiais internas das paredes no

35

30
Temp ar

Bronze
Temperatura (°C)

Verde
25
Incolor

Fumê

Mini-boreal
20

15
00:00

01:00

02:00

03:00

04:00

05:00

06:00

07:00

08:00

09:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00
Tempo (h)
35

30
Temp.ar

Bronze
Temperatura (°C)

Verde
25
Incolor

Fumê

Mini-boreal
20

15
00:00

01:00

02:00

03:00

04:00

05:00

06:00

07:00

08:00

09:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

Tempo (h)

dia 29/02/2004.
Gráfico 4 – Relações entre a temperatura externa e a tbs de cada protótipo no dia 29/02/2004.
4.2 Resultados para o dia 01 de março de 2004.

4.2.1 Condições climáticas exteriores

35 Temp. Rad. Solar 1000 Temp.


Hora ar Umidade Global Rad. Solar
(°C) (W/m²) 900
30 00:00 20,33 79,8 0
01:00 20,32 81,1 0 800
02:00 19,85 84 0
25 03:00 18,1 91,1 0
700
04:00 17,92 91,6 0
05:00 18,06 90,8 0

Radiação Solar (W/m²)


06:00 17,36 92,8 11,65 600
Temperatura (°C)

20
07:00 19,93 83 115,8
08:00 22,06 76,7 322,3 500
09:00 25,53 62,24 523,8
15 10:00 27,86 53,02 692
400
11:00 29,35 48,99 814
12:00 29,87 51,67 885
13:00 31,1 37,93 703 300
10
14:00 32,54 31,69 850
15:00 32,41 26,39 696,2 200
16:00 32,51 29,37 471,4
5
17:00 29,09 43,3 145,2 100
18:00 28,39 45,42 35,96
19:00 27,21 52,32 0
0 0
20:00 25,35 63,75 0
00:00

02:00

04:00

06:00

08:00

10:00

12:00

14:00

16:00

18:00

20:00

22:00
Hora

21:00 24,32 69,75 0


22:00 23,22
Tempo (h) 73 0
23:00 22,61 76,5 0

Tabela 2 – Dados climáticos externos para o dia 01/03/2004.


Gráfico 5 – Relação entre a temperatura externa e a radiação solar global no dia 01/03/04.

4.2.2 Dados dos protótipos


55

45
Temp.ar

Bronze
Temperatura (°C)

Verde
35
Incolor

Fumê

Mini-boreal
25

15
00:00

01:00

02:00

03:00

04:00

05:00

06:00

07:00

08:00

09:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00
Tempo (h)

Gráfico 6 – Relações entre a temperatura externa e as temperaturas superficiais internas dos vidros no

35

30
Temp.ar

Bronze
Temperatura (°C)

Verde
25

Incolor

Fumê

Mini-boreal
20

15
00:00

01:00

02:00

03:00

04:00

05:00

06:00

07:00

08:00

09:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

Tempo (h)

dia 01/03/2004.
Gráfico 7 – Relações entre a temperatura externa e as temperaturas superficiais internas das paredes no
dia 01/03/2004.
35

30
Temp.ar

Bronze
Temperatura (°C)

Verde
25

Incolor

Fumê

Mini-boreal
20

15
00:00

01:00

02:00

03:00

04:00

05:00

06:00

07:00

08:00

09:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00
Tempo (h)

Gráfico 8 – Relações entre a temperatura externa e a tbs de cada protótipo no dia 01/03/2004.

5. DISCUSSÃO
Os ensaios foram realizados em dias claros, sendo que as Tabelas 1 e 2 revelam a taxa de radiação
solar global para cada dia.
Os vidros colocados nos protótipos já foram analisados do ponto de vista espectrofotométrico, ou seja,
quanto à suas transmissões e absorções. Os ensaios nos protótipos visam justamente detectar o quanto
estes vidros, em uma situação real (in loco), podem ter suas temperaturas elevadas devido à absorção e
contribuir, desta forma, para o ganho de calor no interior do ambiente. O vidro, ao absorver a radiação
incidente, re-emite uma fração desta energia para o interior da edificação.
Os vidros termo-absorventes (verde, fumê e bronze), são menos transparentes à radiação solar que os
vidros incolor e mini-boreal, pois a absorvem significativamente, fazendo com que tenham suas
temperaturas aumentadas e funcionem como uma espécie de “radiador”, re-emitindo calor para o
interior da edificação. Neste trabalho, pode-se observar que apesar deste aumento de temperatura
registrado nos vidros termo-absorventes, há uma diminuição considerável quanto a temperatura do ar
no interior dos protótipos.
Os Gráficos 2 e 6 ilustram as condições de temperaturas externas e temperaturas superficiais internas
dos vidros. Observa-se que os vidros termo-absorventes apresentam temperaturas superficiais cujos
valores são bem maiores que aqueles das temperaturas externas. Nos horários em que a taxa de
radiação solar apresenta maiores valores, ou seja, entre 13:00 e 15:00h (Tabelas 1 e 2), os vidros
termo-absorventes atingem temperaturas superficiais superiores a 50°C, sendo que o vidro fumê chega
a aproximadamente 55°C, e o bronze e verde a 53°C. O mini-boreal e incolor chegam a registrar
temperaturas superficiais de cerca de 46°C e 32°C respectivamente.
Os Gráficos 4 e 8 mostram que, em todos os protótipos, durante o dia, as temperaturas internas do ar
se mantiveram abaixo da temperatura externa. Este resultado está diretamente relacionado às
proporções entre áreas transparentes e opacas, que no momento, não é objeto de estudo deste trabalho.
No entanto, estes gráficos ilustram também que há uma diferença de cerca de 3°C entre as
temperaturas do ar internas dos protótipos analisados. Os Gráficos 4 e 8 registram que, o protótipo que
utiliza o vidro bronze apresenta as menores temperaturas internas. Já os protótipos com os vidros
incolor e mini-boreal apresentam as maiores temperaturas internas. Futuramente serão analisadas as
temperaturas de globo, que fornecerão dados para verificar não apenas o desempenho térmico, mas
também o conforto humano nesta situação.
Embora os vidros termo-absorventes apresentem temperaturas superficiais elevadas, devido à absorção
da radiação solar, na prática, resultam em uma diminuição significativa na temperatura do ar (cerca de
3°C).
Os Gráficos 3 e 7 ilustram que as paredes dos protótipos apresentam as mesmas temperaturas
superficiais internas, evidenciando que a diferença de 3°C encontrada para as medidas de temperatura
do ar, não advém destas paredes. Ressalta-se que as coberturas receberam tratamento isolante.
Portanto, o vidro bronze apresentou a maior atenuação quanto à temperatura interna do ar, e o incolor,
a menor.
Em termos de aplicação prática, vale lembrar que os vidros termo-absorventes possuem maior
coeficiente de dilatação, exigindo, portanto, uma folga em seus caixilhos, para evitar que se
fragmentem. Percebe-se, de forma geral, que pode haver uma diferença na temperatura superficial
entre os vidros absorventes e o incolor de até cerca de 15°C.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARAM de Assis, R. M. Caracterização ótica de materiais transparentes e sua relação com o
conforto ambiental em edificações. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, UNICAMP, 1998.
Tese (Doutorado) - Faculdade de Engenharia Civil, UNICAMP, 1998.
CARAM de Assis, R. M. Vidros e o conforto ambiental: indicativos para o emprego na
construção civil. São Carlos: Departamento de Arquitetura, EESC/USP, 1996. Dissertação (Mestrado)
- Departamento de Arquitetura, EESC/USP, 1996.
CARAM, R. M., SICHIERI, E.P., LABAKI, L.C. Os vidros e o conforto ambiental. (1995). In: III
Encontro Nacional / I Encontro Latino-Americano-Conforto no Ambiente Construído. – Gramado/RS,
1995. Anais. São Paulo, p.215-220.

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