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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CENTRO ESTADUAL DE PESQUISAS EM SENSORIAMENTO


REMOTO E METEOROLOGIA
LABORATÓRIO DE METEOROLOGIA E QUALIDADE DO AR

Manual de execução do sistema de


modelagem numérica WRF no LMQA

Coordenadora: Autores:
Prof. Dra. Rita de Cassia Marques Dr. Ricardo Antonio Mollmann Junior
Alves Me. Gabriel Bonow Munchow
Rafael Corrêa de Lima
Mauricio Barbosa da Rocha

Porto Alegre - RS
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia
Laboratório de Meteorologia e Qualidade do Ar

Manual de execução do sistema de


modelagem numérica WRF no LMQA

Prof. Dra. Rita de Cassia Marques Alves


Dr. Ricardo Antonio Mollmann Junior
Me. Gabriel Bonow Münchow
Rafael Corrêa de Lima
Mauricio Barbosa da Rocha

Manual em português para execução do sistema de modelagem


númerica WRF, desenvolvido pela equipe do Laboratório de Mete-
orologia e Qualidade do Ar da UFRGS, visando auxiliar seus alunos
em atividades de modelagem númerica.

Porto Alegre - RS
2019
Publicado por

Editora Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Sediado no Centro Estadual de Pesquisa em Sensoriamento Remoto e Meteorologia da Universidade Fed-


eral do Rio Grande do Sul, o Laboratório de Meteorologia e Qualidade do Ar entrou em funcionamento
em setembro de 2003 e realiza atividades nas áreas de meteorologia e poluição atmosférica, desenvol-
vendo pesquisas, trabalhos de consultoria e orientação de alunos. Sob o comando da Prof. Dra. Rita
de Cássia Marques Alves, o laboratório é constituı́do por uma equipe de pesquisadores, bolsistas de
iniciação cientı́fica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia
Laboratório de Meteorologia e Qualidade do Ar
Av. Bento Gonçalves, 9500 / Prédio 44202
Bairro Agronomia
91501-970, Porto Alegre - RS
Telefone: (51) 3308-7954

Primeira edição. Porto Alegre, 2019.


1 Prefácio

Este manual visa transmitir aos seus leitores uma breve introdução ao sistema
de modelagem numérica Weather Research and Forecast (WRF), o qual é mantido e
supervisionado pelo Mesoescale & Microscale Meteorology Laboratory (MMM) do National
Center for Atmospheric Research (NCAR), dos Estados Unidos. O WRF é um modelo
numérico de mesoescala de previsão do tempo desenvolvido para pesquisas atmosféricas e
previsões operacionais (WRF. . . , 2018).
O desenvolvimento deste material tem o intuito de auxiliar os alunos e alunas de
graduação e pós-graduação do Laboratório de Meteorologia e Qualidade do Ar (LMQA)
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nas atividades de simulação da
atmosfera. Sendo assim, o manual foi elaborado conforme a estrutura em que o sistema
está implementado no LMQA atualmente.
O texto é apresentado em forma de tutorial, de maneira sucinta com o objetivo de
o leitor executar os processos do modelo. Dessa forma, explicações detalhadas não foram
abordadas no texto, atendo-se apenas aos passos necessários para realizar as simulações.
Maiores informações e detalhes sobre a descrição dos processos físicos calculados pelo do
modelo são indicados através de referências bibliográficas.
O modelo WRF possui código aberto. Sua documentação e manual de instalação
podem ser encontradas no domínio do NCAR na internet. O modelo será executado em
ambiente Linux em uma versão do Ubuntu 16.04 LTS adaptada para o LMQA.
Sumário

1 PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 INSTALANDO O WRF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4 EXECUTANDO O WRF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.1 Pré-processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.1.1 Baixando os dados do modelo global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.1.2 Obtendo dados com Domain Wizard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.1.3 Executando os programas do WPS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.1.3.1 GEOGRID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.1.3.2 UNGRIB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.3.3 METGRID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2 Processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.3 Pós processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.3.0.1 ARWpost . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
7

2 Introdução

As exigências do mundo moderno e a demanda por um melhor planejamento do


dia-a-dia elevaram a importância da previsão do tempo para a sociedade. A estimativa
antecipada das condições do tempo influencia diversos cenários do nosso cotidiano, como por
exemplo a agricultura, energia (hidrelétricas, eólica, solar e etc.), locomoção (planejamento
de linhas aéreas), ou simplesmente na maneira de nos vestir (PORTO, 2002).
As previsões do tempo modernas envolvem a combinação de modelos computaci-
onais, dados observacionais e o conhecimento de tendências e padrões. Estas previsões
são realizadas através de modelos matemáticos capazes de representar numericamente
os processos que ocorrem na atmosfera, para assim prever as condições do tempo. Isto
é possível, devido a estes sistemas resolverem um conjunto de equações matemáticas
baseadas nas leis das físicas que governam a atmosfera, e assim estimar o estado futuro da
atmosfera a partir de condições iniciais específicas.
Na previsão Numérica do Tempo (PNT) são comumente utilizados dois tipos de
modelos, sendo: modelos globais e modelos regionais. Abaixo são descritos os principais
atributos de cada tipo de modelo:

a) Modelos Globais são geralmente utilizados para prever a tendência em médio


prazo (mais de 2 dias) e para simulações climáticas. Sua área de simulação
cobre o globo todo;

b) Modelos REGIONAIS são usados para previsão de curto prazo (1 a 3 dias) e


é utilizado com resolução 2 ou 3 vezes mais refinada que os modelos globais.
Porém sua grade de simulação é limitada, sendo necessário assim dados de
contorno de um modelo global (ou qualquer com grade maior). Estes modelos
por operar em maior escala espacial podem resolver com melhor precisão alguns
processos de interação, como entre a atmosfera e a superfície.

Modelos Regionais por simularem com maior resolução que os modelos globais,
podem ser utilizados aplicando-se o método de downscaling (CHOU, 2002). Este método
consiste em utilizar como condição inicial para o modelo regional as informações das
previsões dos modelos Global de baixa resolução espacial e de dados meteorológicos
observados. Assim, o modelo regional, a partir desta condição inicial pode representar os
fenômenos meteorológicos com maior resolução espacial e temporal, consequentemente
com maior detalhamento e precisão (IRIART; CARVALHO; NETO, 2011).
No LMQA diversos estudos (teses e dissertações) e atividades são feitos a partir da
utilização do modelo regional WRF.
8 Capítulo 2. Introdução

O modelo está implementado, acoplado com seu pacote químico (WRF-Chem),


de maneira operacional no LMQA, realizando todos os dias automaticamente a previsão
do tempo de até 72 horas para o Estado do Rio Grande do Sul (RS), juntamente com a
previsão da qualidade do ar da Região de Candiota - RS.
Para o LMQA a utilização de modelos regionais (como WRF) é fundamentalmente
importante, pois os dados resultantes do modelo servem também como informação de
entrada para inicialização de modelos locais (em escala micro), como o California Puff
Model (CALPUFF). O modelo Local de dispersão de poluentes CALPUFF é um modelo
gaussiano não estacionário do tipo puff o qual vem sendo utilizado e recomendado por
diversos centros e agências ambientais especializados ao redor do globo, tal como a United
States Environmental Protection Agency (U.S EPA). Para sua inicialização, o CALPUFF
necessita de dados meteorológicos observados e dados prognósticos de modelo regional.
Atualmente, os conhecimentos acerca do modelo são oferecidos aos alunos de
graduação e pós-graduação nas disciplinas de meteorologia dentro do espaço do LMQA.
Dessa forma, o objetivo deste manual é descrever de maneira sucinta as etapas para a
execução do sistema de modelagem numérica WRF para utilização dos discentes.
9

3 Instalando o WRF

O sistema de modelagem WRF possui código aberto. Sua documentação e manual


de instalação podem ser encontradas no site <http://www2.mmm.ucar.edu/wrf/users/
index.html>. Caso o usuário queira compilar o WRF em seu computador pessoal, as etapas
para compilação bem como as bibliotecas necessárias para execução, estão demonstradas
no site <http://www2.mmm.ucar.edu/wrf/OnLineTutorial/compilation_tutorial.php>.
O sistema operacional utilizado para executar os processos deste manual foi o
Ubuntu 16.04 LTS. Trata-se de um sistema operacional de código aberto, portanto sua
documentação e manual de instalação podem ser encontrado no site <https://www.ubuntu.
com>.
Já o software WRF Domain Wizard possui documentação e manual de instalação
no site <https://esrl.noaa.gov/gsd/wrfportal/DomainWizard.html>.
Os computadores do LMQA já possuem o modelo instalado.
11

4 Executando o WRF

A execução do modelo WRF divide-se em três etapas: Pré-processamento, proces-


samento e pós-processamento. Nas próximas sessões serão demonstrados os passos para
execução do modelo bem como uma breve descrição de cada etapa.

4.1 Pré-processamento
O Sistema de pré-processamento do WRF, o WRF Preprocessing System (WPS)
é responsável pela preparação dos dados de entrada meteorológicos e de superfície para
a inicialização do programa de simulação de dados reais. O WPS é composto por três
programas: geogrid, ungrib e metgrid (SKAMAROCK et al., 2008).

4.1.1 Baixando os dados do modelo global


Antes da execução dos programas do WPS, é necessário realizar o download dos
dados meteorológicos que serão usados como condição inicial e de contorno. Neste manual
são utilizado os dados do NCEP Final Analysis (FNL) (NCEP/NWS/NOAA, 2000)
oriundos do modelo global GFS. Estes dados possuem resolução espacial de 1◦ x 1◦ ,
aproximadamente 111 km, e são disponibilizados com saídas de 6 em 6h. Encontra-se
hospedado na página do National Center for Armospheric Research (NCAR).
A NCAR solicita que seja feito cadastro prévio para que o usuário possa ter acesso
a todos os seus dados. Neste manual será feito um passo a passo para cadastro e download
dos dados.
Acesse o site <http://www2.mmm.ucar.edu/wrf/users/>. A página carregada deve
ser semelhante a da Figura 1.
Na aba Download, clique no link Input Data for NCAR.
Nessa etapa temos uma lista com opções de dados para escolher. Neste manual
serão utilizados os dados do "NCEP Final Analysis (GFS-FNL) ds083.2". Estes dados
possuem resolução espacial de um grau.
A opção descrita se encontra destacada na Figura 2.
12 Capítulo 4. Executando o WRF

Figura 1 – Página de usuários do WRF na WEB.

Figura 2 – Tabela de dados de análise.

Após seguir os passos supracitados, o navegador será redirecionado para uma página
de autenticação. Nesse momento, o usuário deve se identificar ou então se registrar no site.
Para se autenticar, clique no link Sign In.
Para se registrar, clique em Register Now e insira no site as informações solicitadas.
As opções se encontram no canto superior esquerdo da tela e podem ser visualizadas
na Figura 3.
4.1. Pré-processamento 13

Figura 3 – Página para identificação.

Após realizar o login, acesse a aba Data Access, clique em Web File Listing do
produto GRIB2 6 HOURLY FILES 2007.12.06 to current. O navegador deverá redirecionar
para uma página semelhante a da Figura 4.
Clique em Complete File List, no final da página para ser direcionado a lista
completa de arquivos.

Figura 4 – Página para seleção de dados em períodos de anos.

Selecione o ano desejado referente ao período para o qual se deseja realizar a


simulação. Como é possível verificar na Figura 5, existe uma lista com vários anos diferentes.
Clique em GRIB2 2017 se deseja baixar os dados do ano de 2017.
14 Capítulo 4. Executando o WRF

Figura 5 – Página com seleção de dados por ano.

Nessa etapa vamos selecionar as datas inicial e final de estudo. O nome de cada
arquivo possui o formato fnl_AAAAMMDD_hh_00.grib2, onde "AAAA"representa o
ano, "MM"o mês, "DD"o dia e "hh"a hora. Como exemplo, na Figura 6, selecionamos
os arquivos que vão do dia 27/11/2017 00:00 UTC até o dia 28/11/2017 00:00 UTC
(DATA/INICIAL - DATA/FINAL).

Figura 6 – Página com seleção de dados por hora.

1
Após seleção, clique no link csh download script e salve o script na pasta "da-
dos_fnl"que se encontra no seguinte diretório:
1
Script é o nome dado ao um arquivo de texto que contém uma série de comandos. O script tem como
objetivo automatizar um processo.
4.1. Pré-processamento 15

/home/lmqa/modelos

Caso a pasta ainda não exista, siga os passos abaixo para cria-la.
Abra um terminal clicando no ícone do lançador ou apenas aperte ctrl+alt+t e em
seguida, execute os seguintes comandos:

# Criando pasta no caminho específico:


$ mkdir /home/lmqa/modelos/dados_fnl

# Entrando no caminho escrito:


$ cd /home/lmqa/modelos/dados_fnl

Por fim, volte ao terminal e digite os seguintes comandos para baixar os dados
selecionados.

# Tornando script executável:


$ chmod +x baixa_dados.csh

# Executa o script:
$ ./baixa_dados.csh [senha_do_usuário]

Ao finalizar o processo, teremos os dados de análise que o modelo WRF precisará


para rodar. Deixe-os guardados, pois serão útilizados em etapas futuras.

4.1.2 Obtendo dados com Domain Wizard


O segundo passo, será a definição e construção da grade de simulação, baseado na
área interesse e no fenômeno meteorológico que se deseja simular. Para a construção desta
grade é utilizado o software WRF Domain Wizard.
O WRF Domain Wizard é um software que funciona através de uma interface
gráfica. Permite aos usuários definir e localizar domínios selecionando uma região do mapa
e escolhendo uma projeção. Em nossa aplicação, utilizamos o software supracitado para
obter os parâmeros necessários das grades de simulação.
Para mais informações sobre o software e tutoriais de intalação, acesse o site:
<https://esrl.noaa.gov/gsd/wrfportal/DomainWizard.html>.
Com o software já instalado, quando executado o usuário deve ser submetido a
seguinte interface como mostra a Figura 7
Onde:
16 Capítulo 4. Executando o WRF

Figura 7 – Página inicial do WRF Domain Wizard

a) Computer é o nome de usuário do computador;


b) WPS Programs é o caminho de onde o WPS foi compilado;
c) Geography é o caminho de onde estão os dados geográficos do WPS;
d) Domains é o caminho de onde serão salvos os dominios gerados pelo Software.
Preencha os dados solicitado conforme a Figura 7 e click em OK.
Se ao iniciar o programa os dados já estiverem setados, apenas click em OK.
Conforme a Figura 8, selecione o item New domain e clique em Next.
Preencha as caixas de texto conforme a Figura 9 e clique em Next.
Com o mouse, crie um retângulo no mapa próximo da região a ser estudada, como
mostra a Figura 10.
4.1. Pré-processamento 17

Figura 8 – Opções do Wizard.

Figura 9 – Novo dominio.


18 Capítulo 4. Executando o WRF

Figura 10 – Criando o dominio.

Na Figura 11 mostra a aba Domain, onde é possível modificar alguns parâmetros


na sessão Projection Options. São eles:

a) Type: tipo de projeção utilizada (use mercator2 );

b) Standard Lon e Centerpoint Lon: longitude central da grade;

c) True Lat 1 e Centerpoint Lat: latitude central da grade.

Uma discussão mais detalhada sobre os tipos de projeções é feita em SKAMAROCK


et al. (2008).
Com os dados preenchidos, clique em Update Map. Feito isso, será habilitado a
edição dos parâmetros de resolução de grade (grid options), sendo eles:

a) Horizontal dimension X : número de pontos de grade em X;

b) Horizontal dimension Y : número de pontos de grade em Y;

c) Grid points distance (km): distância entre os pontos de grade.

Como mostra a Figura 12, na aba Nests, clique em New para adicionar novas grades
internas. Em Nest Properties é possível definir as propriedades da nova grade.

a) Parent ID: número de identificação da grade em que a nova grade buscará os


dados;
2
A projeção de Mercator é um tipo de projeção cilíndrica do globo terrestre (WIKIPÉDIA, 2018).
4.1. Pré-processamento 19

Figura 11 – Opções de projeção e de grade.

b) Grid spacing ratio to parent: fator de proporção entre a grade maior (mãe) e a
grade que está sendo configurada;
c) Geographic data resolution: resolução dos dados geográficos.

Ainda na Figura 12, em Nest Coordinates é possível definir manualmente os limites


laterais da nova grade.

a) (LLI) Left: ponto inferior esquerdo no eixo i;


b) (URI) Right: ponto superior direito no eixo i;
c) (URJ) Top: ponto superior direito no eixo j;
d) (LLJ) Bottom: ponto inferior esquerdo no eixo j.
20 Capítulo 4. Executando o WRF

Figura 12 – Opções de projeção e de grade.

Conclua a edição e clique em OK e logo após, clique em Next. Feito isso o usuário será
redirecionado para a página onde é possível obter os dados para preencher no namelist.wps.
Confira a Figura 13.
4.1. Pré-processamento 21

Figura 13 – Parâmetros gerados pelo WRF Domain Wizard.

Guarde os dados obtidos para as próximas etapas, ou apenas deixa a janela aberta
em segundo plano.

4.1.3 Executando os programas do WPS


4.1.3.1 GEOGRID

O geogrid é a etapa do pré-processamento do WRF que define os domínios de


simulação e interpola os dados estáticos geográficos para as grades de simulação.
O WRF interpola vários conjuntos de dados estáticos superficiais para as grades
do modelo, os quais são: os tipos de solo, categorias de uso do solo, altura do terreno,
temperatura do solo, vegetação, albedo. Os conjuntos de dados para cada um destes
campos são disponibilizados para download pela página na internet do WRF (<http://
www2.mmm.ucar.edu/wrf/users/>). Alguns destes dados apresentam opções de resolução
22 Capítulo 4. Executando o WRF

horizontal, geralmente sendo de: 30 arcseg (900 m), 2 arcmin (5,4 km), 5 arcmin (9 km) e
10 arcmin (18 km).
A forma de configurar as grades e os dados geográficos é através do namelist.wps.
O usuário deve inserir todas as informações necessárias nesse arquivo. Ele serve como
banco de dados, quando o geogrid faz a interpolação é desse arquivo que ele busca as
informações.
Ao final do processo, serão criados arquivos geo_em_d01.nc para o domínio um e
geo_em_d02.nc para o domínio dois. Se a rodada tiver mais do que dois domínios, mais
arquivos serão criados seguindo esse padrão.
Para iniciar, no terminal do GNU/Linux, Figura 14, execute os seguintes comandos:

# Acessando o diretório WPS:


$ cd /home/lmqa/modelos/WPS

# Abrindo arquivo de texto no editor gedit:


$ gedit namelist.wps &

Figura 14 – Acessando diretórios via terminal GNU/Linux.

Após entrar com os comandos o editor de texto deve aparecer na tela. Nesse
momento o usuário deve inserir as informações temporais (data de início e final da
simulação), espaçamento de grade, número de pontos e coordenadas geográficas obtidos
com o auxílio do WRF Domain Wizard (subseção 4.1.2). Modifique os trechos que aparecem
destacados com o símbolo "#"conforme o exemplo ilustrado na Figura 15:
4.1. Pré-processamento 23

Figura 15 – Arquivo namelist.wps em execução com editor de texto gedit.

Note que:

a) Os trechos em amarelos destacam as linhas que o usuário deve fazer as modifi-


cações;
24 Capítulo 4. Executando o WRF

b) O texto em amarelo é ilustrativo e não estará contido no arquivo de texto


original;
c) O editor de texto gedit pode ter aparência diferente dependendo da versão
ou preferências do usuário. Portanto o editor de texto ilustrado pode não ser
exatamente igual ao do usuário deste manual, o que não causará nenhuma
diferença no processo.

Após inserir e salvar todas as informações necessárias no arquivo, execute o comando


abaixo, conforme a Figura 16, para realizar a interpolação e preparar os dados geográficos
do modelo.
No mesmo diretório onde se encontra o namelist.wps (/home/lmqa/modelos/WPS ),
execute:

# Executando o programa geogrid.exe:


$ ./geogrid.exe

Figura 16 – Executando geogrid.exe via terminal GNU/Linux.

Ao finalizar o processo, deve-se obeter uma mensagem de sucesso como a da


Figura 17.
4.1. Pré-processamento 25

Figura 17 – Processo geogrid.exe executado com sucesso.

4.1.3.2 UNGRIB

O ungrib é o responsável por reescrever o arquivo no formato GRIB (GRIdded


Binary ou General Regularly-distributed Information in Binary form) para um formato
intermediário em que o modelo possa processar. Os arquivos no formato GRIB contém
diversas variáveis de campos meteorológicos que geralmente são oriundas de outros modelos
regionais ou globais, como os modelos do NCEP (National Centers for Environmental
Prediction), NAM (North American Mesoscale Forecast System) e o GFS (Global Forecast
System). Estes campos meteorológicos são necessários para inicialização do WRF.
Primeiramente é necessário criar um link simbólico3 com os dados baixados na
subseção 4.1.1 usando o script4 link_grib.csh.

# Acessando diretório WPS:


$ cd /home/lmqa/modelos/WPS

# Realizando link com dados fnl:


$ ./link_grib.csh [caminho-dados-fnl]/fnl_*

a) Note que "[caminho-dados-fnl]"é o caminho onde os dados fnl foram salvos no


computador em questão;
3
Em computação, link simbólico é o nome dado a um arquivo ou diretório que faz menção a outro
arquivo ou diretório com caminho diferente. Funciona como um "atalho".
4
Script é o nome dado ao um arquivo de texto que contém uma série de comandos. O script tem como
objetivo automatizar um processo.
26 Capítulo 4. Executando o WRF

b) Note também que "fnl_*"está escrito dessa forma para que o link ocorra para
toda a série.

Também é necessário criar um link simbólico com a tabela Vtable.GFS. Essa tabela
é responsável por orientar o ungrib em como serão os parâmetros de condição inicial para
cada variável processada. Nesse caso é usado o comando ln -sf.

# Criando link com a tabela Vtable GFS:


$ ln -sf ungrib/Variable_Tables/Vtable.GFS Vtable

A saída desses comandos será semelhante a das figuras abaixo, onde a Figura 18
mostra o conteúdo do diretório antes da execução do script e a Figura 19 mostra o conteúdo
após. Use o comando ls para verificar que arquivos do tipo GRIBFILE foram criados.

Figura 18 – Conteúdo do diretório WPS antes do link simbólico.

# Executando o programa ungrib:


$ ./ungrib.exe

A execução do último comando resultará em uma tela semelhante a da Figura 20 e


ao final em uma mensagem de sucesso conforme a Figura 21.
Note que ao finalizar o processo dessa seção, foram criados arquivos FILE:AAAA-
MM-DD_hh com as datas de análise. Estes arquivos serão usados nos próximos passos.
4.1. Pré-processamento 27

Figura 19 – Conteúdo do diretório WPS após do link simbólico.

Figura 20 – Iniciando o programa ungrib.


28 Capítulo 4. Executando o WRF

Figura 21 – Mensagem de sucesso esperada ao final do processo.

4.1.3.3 METGRID

Finalmente o programa metgrid interpola horizontalmente os arquivos no formato


intermediário que foram extraídos pelo ungrib nos domínios de simulação que foram
anteriormente configurados no geogrid. Os arquivos de saída do metgrid são os resultados
finais da etapa de pré-processamento do WRF.
No terminal, é necessário digitar apenas os seguintes comandos:

# Acessando diretório WPS:


$ cd /home/lmqa/modelos/WPS/

# Executando o programa metgrid.exe:


$ ./metgrid.exe

A Figura 22 mostra o resultado esperado para o ínicio do processo e a Figura 23 o


resultado esperado ao final do processo.
4.1. Pré-processamento 29

Figura 22 – Início do processo ao executar o programa metgrid.exe.

Figura 23 – Mensagem de sucesso esperada ao final do processo.


30 Capítulo 4. Executando o WRF

Use o comando ls e verifique que arquivos do tipo met_em.* foram criados. Os


arquivos devem ter em seu nome a data e o número de domínio iguais aos específicados no
namelist.wps, subseção 4.1.3.1.
Abaixo consta um exemplo dos arquivos de saída do metgrid para o dia 14/03/2014
00:00, domínios 1 e 2, respectivamente.

met_em.d01.2014-03-14_00:00:00.nc
met_em.d02.2014-03-14_00:00:00.nc

4.2 Processamento
Nessa etapa do processamento, serão executados dois programas: o real.exe e o
wrf.exe. O real.exe é um programa de inicialização de dados reais responsável por interpolar
verticalmente os campos meteorológicos pré-processados pelo WPS e computa um estado
base ou de referência para o geopotencial e a coluna de pressão. O programa calcula a
perturbação do estado base para o geopotencial e coluna de pressão e logo inicializa as
variáveis meteorológicas ~u, ~v , temperatura potencial e razão de mistura de vapor d’água.
Deve-se notar que as interpolações horizontais dos campos meteorológicos são feitas
pelo WPS enquanto a interpolação vertical é feita pelo real.exe.
Já o wrf.exe é um programa de integração numérica, responsável pela execução do
modelo propriamente dito.
Para iniciar o processamento é necessário editar o arquivo de texto namelist.input,
assim inserindo os dados de início, fim e o tempo de previsão.
No terminal, entre com os comandos abaixo descritos:

# Acessando diretório WRF:


$ cd /home/lmqa/modelos/WRFV3/run

# Abrindo namelist.input com o editor de texto gedit:


$ gedit namelist.input &

Após entrar com os comandos o editor de texto deve aparecer na tela. Nesse
momento o usuário deve editar os valores de ínicio e fim da rodada e os dados geográficos
tal como foi feito na subseção 4.1.3 (namelist.wps). Modifique os trechos que aparecem
destacados em amarelo e com o símbolo "#"conforme o exemplo ilustrado na Figura 24:
4.2. Processamento 31

Figura 24 – Arquivo namelist.input em execução com editor de texto gedit.

a) Note que na seção "&domains"do arquivo "namelist.input", o usuário deve


inserir exatamente os mesmo valores que usou no "namelist.wps", Figura 15.
32 Capítulo 4. Executando o WRF

Salve o arquivo de texto e entre com os comandos abaixo:

# Criando link com dados do pré-processamento:


## Note que ao final do comando existe um ponto "."
$ ln -fs /home/lmqa/modelos/WPS/met_em* .

# Executando programa real.exe:


$ ./real.exe

Figura 25 – Saída do comando ln -sf no conteúdo da pasta.

Este passo pode demorar algum tempo para concluir, dependendo do número de
dados a serem processados.
Ao final, para verificar se tudo está de acordo, execute o seguinte comando:

# Verificando se real.exe foi executado com sucesso:


$ tail rsl.out.0000

Se tudo estiver correto, deve haver uma mensagem de sucesso no final do arquivo.
A Figura 26 ilustra esta situação.
Por fim, execute o programa wrf.exe para rodar o modelo propriamente dito.

# Dedicando 8 núcleos do processador para o programa wrf.exe


$ mpirun -np 8 ./wrf.exe
4.2. Processamento 33

Figura 26 – Mensagem de sucesso ao final do processo real.exe.

Este último processo pode levar de algumas horas a dias para concluir, dependendo
do número de dados processados, período a ser simulado e o tipo de processo adotado.

Figura 27 – Rodando o modelo númerico WRF.

Após concluir, use o comando ls no terminal para verificar que arquivos wr-
fout_d01* e wrfout_d02* foram criados.
34 Capítulo 4. Executando o WRF

4.3 Pós processamento


O pós-processamento é a última etapa de execução do WRF e consiste em repro-
cessar a saída do WRF para outros formatos, de acord com o programa que será utilizado
para visualizar e/ou processar as saídas. Esta é totalmente flexível ficando a critério do
usuário de que forma analisará os resultados do modelo. Diversas são as maneiras que
estes resultados podem ser visualizados, assim como diversos são programas que os dados
de saída podem ser trabalhados: Matlab, VAPOR, Grads, NCL, R e etc.
Neste tutorial foi mostrado uma das maneiras de visualização das previsões do
WRF que é a partir da utilização dos programas ARWPost e Grads.

4.3.0.1 ARWpost

O programa ARWpost converte as saídas obtidas na seção 4.2 para formatos .dat e
.ctl, além de reprojetar todos dados em uma grade, pois a grade original do WRF possui
uma grade para as informações de temperatura e umidade, e outra para as informações de
vento (Grade C de Arakawa). Nesses formatos o usuário pode vizualizar e gerar imagens
com ferramentas gráficas eou extrair dados pontuais. O software GrADS, muito usado na
área da meteorologia, utiliza dados no formato .dat e .ctl para exibir uma variedade de
técnicas gráficas que podem ser impressos em formatos PostScript ou de imagem.
Como foi feito nas seções anteriores, subseção 4.1.3.1 e seção 4.2, o primeiro
passo será editar o arquivo de texto namelist.ARWpost a fim de inserir os dados de pós
processamentos desejados.
No terminal, entre com os seguintes comandos:

# Acessando diretório ARWpost


$ cd /home/lmqa/modelos/ARWpost
# Abrindo namelist.ARWpost com o editor de texto gedit
$ gedit namelist.ARWpost &

O editor de texto gedit irá aparecer na tela. Modifique os valores dos parâmetros
destacados em amarelo e com o símbolo "#"para o pós processamento conforme a Figura 28:
4.3. Pós processamento 35

Figura 28 – Arquivo namelist.ARWpost em execução com gedit.

a) Note que wrfout_d02* foram obtidos no passo anterior, seção 4.2. E que
20140314-15_d02 é o nome do arquivo de saída do ARWpost que estamos
definindo agora, ou seja, ao invés de 20140314-15_d02 poderíamos ter colocado
outro nome qualquer.
36 Capítulo 4. Executando o WRF

Após editar o namelist.ARWpost, basta executar o programa com o comando


abaixo. As saídas devem ser semelhantes ao ilustrado na Figura 29 e Figura 30.

# Executando o programa ARWpost.exe:


$ ./ARWpost.exe

Figura 29 – Inicio do programa de pós processamento ARWpost.

Figura 30 – Termino do programa de pós processamento ARWpost.


37

Referências

IRIART, P. G.; CARVALHO, M. V. C.; NETO, A. V. P. Manual de instalação, compilação


e execução do sistema de modelagem numérica WRF no ICEA. São José dos Campos, SP,
2011. Citado na página 7.

PORTO, M. Modelagem matemática na previsão do tempo e do clima. 2002.


Modelagem Matemática o contido e o residual, SBPC/Labjor. Disponível em:
<http://www.comciencia.br/dossies-1-72/reportagens/modelagem/mod06.htm>. Acesso
em: 28 ago 2018. Citado na página 7.

SKAMAROCK, W. C. et al. A description of the advanced research wrf version 3. National


Center for Atmospheric Research, 2008. NCAR Technical Note, NCAR/TN-475+STR.
Disponível em: <http://www2.mmm.ucar.edu/wrf/users/docs/arw_v3.pdf>. Citado 2
vezes nas páginas 11 e 18.

WIKIPÉDIA. Projeção de Mercator. 2018. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível


em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Proje%C3%A7%C3%A3o_de_
Mercator&oldid=53067021>. Acesso em: 05 set 2018. Citado na página 18.

WRF - Weather Research and Forecasting Model. In: MODELS. Colorado,


USA: National Center for Atmospheric Research, 2018. Disponível em: <https:
//www.mmm.ucar.edu/weather-research-and-forecasting-model>. Acesso em: 28 ago 2018.
Citado na página 5.

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