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A formação da Bíblia

Marcus Vinícius
Copyright©2008 Marcus V. do C. Ferreira.

Categoria: Histórico/Bíblico.

Diagramação:

Capa e digitação: Marcus Vinícius

Impressão:

1º impressão: outubro/2008.

Tiragem: 2.000 exemplares.

Distribuição e vendas: Kairos – empreendimentos.

Pedidos, dúvidas e colaboração falem conosco: e-mail:


kairosphb@hotmail.com
COLEÇÃO TÓPICOS

O Louvor com Palmas e Danças


Maio/1997. Gráfica Gutemberg.
1º Tiragem: 1.000 exemplares.

O Diabo
Maio/2003. Gráfica Sieart
1º Tiragem: 2.000 exemplares.

A Origem da Religião
Fevereiro/2004. Gráfica Sieart
1º Tiragem: 2.000 exemplares.

A Maçonaria ontem e hoje


Setembro/2004. Grafica Sieart
1º Tiragem: 2.000 exemplares
Janeiro/2008. Circulando Comunicação Visual e Gráfica
2º Tiragem (ampliada): 2.000 exemplares

A Formação da Bíblia.
Setembro/2008. Circulando Comunicação Visual e Gráfica
1º Tiragem: 2.000 exemplares
Índice

Apresentação

Literatura

Literatura religiosa

Bíblia: Literatura religiosa crista.

A questão canônica e a estrutura da Bíblia

A importância da Bíblia

Bibliografia
Apresentação

Se eu fosse o diabo, um dos meus primeiros objetivos


seria o de impedir que as pessoas se aprofundassem no
estudo da Bíblia. Eu, as envolverias como que um arame
farpado de ciladas humanas, com o propósito de
amendrotá-las. Eu publicaria dúvidas acerca da verdade,
relevância, bom senso e franqueza da Bíblia. E se alguém
persistisse na leitura dela, eu o iludiria fazendo pensar
que ele somente seria beneficiado ao experimentar
sentimentos de tranqüilidade do que levar a sério o que
as Escrituras realmente dizem.
Como teólogo e cristão, vejo que o diabo tem conseguido
seu intento. A Bíblia tem ficado em plano inferior, tem sido
desprestigiada por igrejas e lideres que, por preguiça ou
imaturidade não a estudam.
Já é tempo de levarmos a tarefa da leitura e interpretação
da Bíblia a sério. Não se pode tratar a Palavra de Deus
leviana e superficialmente. Iniciamos, com este opúsculo,
uma série de palestras/estudos sobre a Bíblia.
Nosso propósito é de não entrarmos na “onda” de uma fé
impressionista e de mercado. Mas sim refletirmos e
vivermos uma fé responsável.
Assim como Paulo, possamos afirmar que “não nos
esquivamos de ensinar todo o conselho de Deus” (At.
20:27).

Marcus Vinicius
LITERATURA

Literatura é uma arte verbal, isto é, o seu meio de


expressão é a palavra. Na origem, a literatura de todos os
povos foi oral, caráter que manteve mesmo após a
invenção e difusão da escrita. As primeiras obras literárias
conhecidas são registros escritos de composições de
remota tradição oral.

A característica marcante da linguagem literária é a


conotação ou multissignificação, que permite diferentes
níveis de leitura de um texto. É uma forma artística de
representação da realidade. O escritor ao elaborar um
texto cria uma nova realidade – a realidade artística, que
não pode ser analisada como se estivéssemos diante de
seres de carne e osso. A literatura representa e fala de
uma realidade, mas com uma linguagem especial que não
tem por objetivo retratar a vida, mas representá-la
artisticamente.

O que a literatura faz? – Quebra a rotina da linguagem,


incita o leitor a pensar e aguça sua curiosidade
intelectual.

A linguagem literária é diferente da linguagem usada na


comunicação diária.

Condicionada pela tradição cultural e pelo devir histórico,


a literatura tem, no entanto, uma dimensão que não se
define somente pelas circunstâncias em que se produz.
Nela, o talento individual do artista e a sensibilidade para
os problemas de seu tempo são determinantes para
mostrar, discutir ou criticar os principais aspectos de uma
cultura.

“O assunto da literatura é tão amplo quanto à própria


experiência humana. Mitos, lendas e contos populares
subjazem o principio da literatura, e suas tramas,
situações e juízos de vidas alegóricas (narrativa
metafórica) representam uma constante e infalível fonte
de inspiração literária” (britannica Encyclopedia, art.)

Conteúdo e forma. Dois são os elementos


fundamentais de uma obra literária: Conteúdo e forma. O
conteúdo de uma obra literária são as idéias,
pensamentos e sentimentos do autor, já a forma é a
linguagem escrita ou falada. A Bíblia é um livro divino e
humano. Como humano é uma obra literária, portanto, a
expressão do belo.

Linguagem literal e figurada. Há duas formas de


linguagem numa obra literária: a denotativa também
chamada literal e a conotativa, que é predominante na
obra literária e, para que a entendamos, muitas vezes é
preciso que passemos para a denotativa em face das
figuras de linguagem que possui a conotativa, daí ser
chamada de linguagem figurada. As figuras mais comuns
no Novo Testamento são: a metáfora, a metonímia, a
sinédoque, a hipérbole e o eufemismo. A narrativa
metafórica, por exemplo, transfere para uma palavra
características que não lhe são próprias.
Gêneros literários. A obra literária tem três gêneros:
Lírico: Onde predomina a expressão individual do “EU”
(mundo interior, intimidade, amor, saudade,...)
Narrativo: Alguém (narrador) conta uma história em
versos e prosa.
Dramático: Apresenta a encenação de um texto. Não há
narrador. É uma peça teatral (tragédia, comedia, farsa,
auto).
LITERATURA RELIGIOSA
Como parte integrante do complexo fenômeno da vida, a
religião também não poderia ser deixada de fora. E ela
efetivamente tem servido de muitas inspirações para as
artes em geral, como a música, a pintura e os filmes. Mas
é na literatura que a religião encontra sua principal
avenida de expressão. Foi através da língua escrita que
as revelações divinas foram fixadas para a posteridade
nos textos sagrados das grandes religiões do mundo; foi
através da língua escrita que os estudiosos do sagrado
fizeram seus comentários, exegeses e explicações da
revelação escrita, foi finalmente através da língua escrita
que escritores de ficção e não-ficção trataram direta ou
indiretamente, principal ou acessoriamente dos temas
religiosos ou assuntos a ele conexos.

Literatura religiosa. É o conjunto de escritos em prosa


ou em verso que trata especificamente sobre religião de
modo geral, sobre determinada religião especificamente
ou sobre assuntos a ela relacionados em qualquer nível.
Podem ser obra de ficção ou não-ficção.

Tipos de Literatura Religiosa. Podemos classificar a


literatura religiosa em três grandes categorias:

Primária. Para começar, toda religião possui via de regra


seus escritos sagrados. Estes são via de regra a
compilação do conjunto de revelações de Deus e
compreendem a doutrina religiosa e a codificação da vida
religiosa. É o que poderíamos chamar de literatura
religiosa primária. No Judaísmo é o Antigo Testamento;
no cristianismo é a Bíblia, no islamismo, o Alcorão; no
hinduísmo, os Vedas.

Secundaria. Depois disso vêm as obras que auxiliam na


compreensão dos livros sagrados: os comentários, as
explicações, as exposições, os glossários, os dicionários,
as enciclopédias, os manuais, as revistas, os jornais, os
sermonários, os devocionais etc. é o que poderíamos
chamar de literatura religiosa secundária.

Terciária. Finalmente temos os textos que, sem entrar no


mérito propriamente dito do religioso, tratam
incidentalmente do fenômeno abordando temas conexos
aos problemas religiosos. É o caso dos romances, das
novelas, dos contos, etc.
Textos sagrados das grandes religiões

 Talmude – Livro do Judaísmo.


 Alcorão - Livro do Islamismo
 Avesta – Livro do Zoroastrismo/Masdeismo
 Vedas – Livro do Hinduísmo
 Bíblia – Livro do Cristianismo.
 Os três cestos – Livro do Budismo.

BÍBLIA - LITERATURA RELIGIOSA CRISTÃ

O Cristianismo é a religião mais literária do mundo.

CRISTÃOS: São os católicos apostólicos romanos,


católicos apostólicos ortodoxos e os evangélicos,
protestantes ou crentes. Possui em comum a crença
na doutrina da trindade e a Bíblia como regra de fé e
prática.

Bíblia, também chamada Sagrada Escritura é o conjunto


de todos os livros inspirados do Primeiro e do Segundo
Testamento. Corresponde ao plural grego biblion e
significa livros, coleção, biblioteca.

Quem primeiro usou a palavra Bíblia para se referir às


Sagradas Escrituras foi João Crisóstomo, no 4º século
depois de Cristo.

Cronologia bíblica. Apresentamos as datas mais


destacadas para a história bíblica. Um esquema mais
completo pode ser encontrado na Bíblia de Jerusalém, da
Paulus Editora e na Bíblia de Estudo Almeida, revista e
atualizada, da SBB.

1. Os patriarcas (1850-1250)
1850 Chegada de Abrão a Canaã (Gn.12).
1700 Os patriarcas no Egito.
2. O êxodo (1250-1200)
1250 O êxodo do Egito com Moisés.
1220–1200 Conquista e ocupação de Canaã com Josué.
3. Dos Juízes a Salomão (1200-931)
1200-1030 Período dos juízes.
1040 Samuel, juiz e profeta.
1030-1010 Início da monarquia com Saul.
1010-970 Davi. Tomada de Jerusalém
970 - 931 Salomão. Construção do Templo de Jerusalém.
4. O Reino dividido (931-722)
Assembleia de Siquém e divisão do reino, Reinos de
931
Israel e de Judá (1 Rs. 12)
760 Amós.
750 Oséias.
740 Vocação de Isaías e pregação de Miquéias.
5. O Reino de Judá (722-587)
Queda da Samaria. Fim do Reino de Israel. Deportação
722/721
dos Hebreus à Assíria.
716-687 Ezequias.
627 Vocação de Jeremias.
622 Reforma de Josias.
612 Naum.
Primeira conquista de Jerusalém e primeira
587
deportação dos Hebreus à Babilônia.
Segunda conquista e destruição de Jerusalém
586 deportação dos hebreus à Babilônia. Fim do Reino de
Judá.
586-539 Exílio na Babilônia.
6. A Reconstrução durante o período Persa (539-333)
539 Edito de libertação de Ciro. Fim do Exílio.
Início do retorno dos exilados a Jerusalém, em vários
538
grupos.
Reconstrução do Templo de Jerusalém. Profeta Ageu e
520-515
Zacarias.
458-398 Missão de Esdras e Neemias.
336-323 Alexandre Magno. Conquista da Síria em 333.
7. A época helenística (333-63)
Judéia sob o domínio dos lágidas. Penetração da
300-200 língua e cultura helenística na Palestina. A
septuaginta.
198-142 Judéia sob o domínio dos selêucidas.
166 Revolta de Matatias. Martírio de Eleazar.
166-160 Judas Macabeu.
164 Reconsagração do Templo.
160-142 Jônatas é nomeado sumo sacerdote em 152.
Simão sucede seu irmão Jônatas como sumo sacerdote.
142-134 Surgem os grupos dos fariseus, saduceus e essênios de
Qumrã.
134-104 João Hircano.
104-76 Alexandre Janeu.
8. A época romana (a partir de 63).
63 Pompeu conquista Jerusalém.
37-4 Herodes o Grande, rei da Judéia.
20-19 Início da construção do novo Templo em Jerusalém.
7/6 Nascimento de Jesus e do apóstolo Paulo.
4 a.C. Morte de Herodes.
18-37 d.C. Caifás, sumo sacerdote.
26-36 Pôncio Pilatos, procurador.
27 Início da pregação de João Batista.
28-30 Ministério público de Jesus.
Paixão, morte e ressurreição de Jesus nos dias da
30
Páscoa hebraica. Pentecostes.
36 Martírio de Estêvão. Conversão de Paulo.
39 Visita de Paulo a Jerusalém.
43 Paulo e Barnabé em Antioquia da Síria.
Perseguição de Herodes Agripa I. Martírio de Tiago Maior.
43-44
Prisão e libertação de Pedro.
Primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Fundação da
45-48 igreja em Chipre, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe.
49 Concílio de Jerusalém.
Segunda viagem missionária de Paulo. Fundação da
50-53
igreja em Trôade, Filipos,Tessalônica, Beréia e Corinto.
Terceira viagem missionária de Paulo. Fundação de igreja
54-58
em Éfeso e Colossos.
Prisão de Paulo em Jerusalém. Levado prisioneiro a
58
Cesaréia.
62 Martírio de Tiago Menor.
61-63 Paulo prisioneiro em Roma.
Fim da atividade apostólica de Paulo. Martírio de Pedro
64-67
em Roma.
67 Martírio de Paulo em Roma.
70 Destruição de Jerusalém e do Templo.
95 João exilado em Patmos.
100 Morte de João.

Dois Testamentos. A Bíblia é formada por dois grandes


blocos chamados Testamentos. E o que é um
“Testamento” É um ato pessoal, unilateral, gratuito e
solene, pelo qual alguém, com observância da lei,
dispõem de seus bens (patrimônio) após sua morte, em
favor dos filhos ou de outra pessoa. A palavra
“Testamento” quando aplicada à Bíblia, implica dizer que
somos herdeiros de uma promessa que foi feita por Deus
diretamente a Abraão e seu descendente, Jesus Cristo.
Abraão faz parte do Primeiro Testamento e Jesus Cristo,
do Segundo.

O Primeiro Testamento, também chamado de Antigo ou


Velho Testamento, constitui a maior parte da Bíblia. É
formado pelos livros que foram escritos antes do
nascimento de Jesus e a maioria dos livros dessa parte
da Bíblia é aceita por Judeus e Cristãos. Na Bíblia aceita
por Cristãos católicos foram conservados 46 livros e na
de confissão protestante 39 livros.
O Segundo Testamento, também chamado de Novo
Testamento, traz os escritos feitos depois do nascimento
de Jesus Cristo, os quais falam sobre este e as primeiras
comunidades cristãs. Começaram a ser escritos cerca de
20 anos após a morte de Jesus. São 27 livros aceitos por
todas as denominações cristãs.

Línguas originais. Os manuscritos originais da Bíblia


foram escrito em três línguas: hebraico e aramaico no
Primeiro Testamento e grego no Segundo Testamento.

Hebraico: é um ramo da antiga língua semita falada pelos


nativos de Canaã. É escrita da direita para a esquerda e
possui 22 letras alfabéticas, todas consoantes. É uma
língua simples e pobre. Quando se perceberam que seu
uso estava em declínio, e que brevemente sua leitura
correta não seria mais conhecida, inventaram um sistema
de vogais, mas, apesar disso, tornou-se uma língua morta
e exclusivamente religiosa. Em 1948, com a fundação do
estado de Israel, o hebraico ressurgiu como a língua
oficial dos judeus na Palestina.

Aramaico: É a línguas dos Arameus que viviam


principalmente na Mesopotâmia e na Síria. O povo Judeu
ficou cativo por 70 anos na Babilônia e lá, esqueceram o
hebraico e adotaram a língua dos babilônios, o aramaico.
Quando retornaram a Palestina e reconstruíram seu país,
falavam o aramaico. Tornou-se a língua usual nas
relações comerciais. Nos dias de Jesus, Ele e a maioria
dos habitantes da Palestina falavam o aramaico.
Atualmente é conhecido como siríaco e é falado nuns
poucos lugarejos da Síria. As únicas partes do AT escrita
em aramaico são a expressão “Jegar-Saaduta”, em Gn.
31:47; o verso de Jr. 10:11; e as porções de Ed. 4:8 a
6:18 e 7:12-16 e 22-26 e Dn.2:4 a 7:28.

Grego: Havia dois tipos de grego: o clássico e o koinê. O


clássico era o erudito e empregado pelos sábios, filósofos
e historiadores. O koinê era a língua falada pelo povo
comum, entre 330 a.C e 330 d.C. Foi nessa língua (koinê)
fácil, popular, que escreveram o Segundo Testamento.

Papiros e pergaminhos:

Papiro. É o nome de uma planta que cresce em


abundancia em alagadiços e lagos. Chega a atingir seis
metros de altura e tem sido usada para fabricar botes,
cestas, sandálias, cordas, artigos do vestuário e uma
espécie de papel que leva o seu nome. Suas folhas
possuem estrias e tem aparência semelhante à palha que
cobre uma espiga de milho. Somente os egípcios sabiam
como prepará-las para que nelas se pudesse escrever.
Eles tomavam duas folhas e colavam uma sobre a outra
de modo que as estrias de uma estivessem na posição
vertical e a da outra na horizontal. Depois de secas eram
polidas com um instrumento de pedra.

Pergaminho. Eumene, rei de pérgamo, planejou ter em


sua cidade uma imensa biblioteca, que rivalizasse com a
biblioteca de Alexandria no Egito. Contudo quando
desejou comprar papiros para a preparação dos livros, o
rei do Egito proibiu tal venda. Isso forçou os sábios de
Pérgamo a encontrar outro material que substituísse o
papiro. Descobriram que podiam trabalhar a pele de
ovelhas e carneiros e que esse material era de qualidade
muito superior ao papiro. Em homenagem à sua cidade
deram-lhe o nome de pergaminho. O pergaminho
continuou sendo usado até ser substituído pelo papel.

Capítulos e versículos. Originalmente os livros bíblicos


não possuíam qualquer divisão, o que muito dificultava
encontrar passagens especificas. Com o passar do
tempo, houve varias tentativas de dividir o texto sagrado.

A divisão da Bíblia em capítulos, como a que temos hoje


se deu em 1228 e foi feita pelo Cardeal e Arcebispo de
Cantuária Stephen Langton.

A divisão em versículos que prevalece ocorreu em 1551


por Robert Etienne Stefhanus, tipógrafo e editor. A Bíblia
católica tem 73 livros, 1.333 capítulos e 35.700 versículos.
Já a Bíblia evangélica ou protestante, tem 66 livros, 1189
capítulos e 31.173 versículos.

A QUESTÃO CANÔNICA
A tradição afirma que a Bíblia contém palavras inspiradas
por Deus. Tal afirmação foi entendida por muitos como se
os textos bíblicos tivessem sido escritos por um autor que
simplesmente anotasse palavras ditadas por Deus.
Contudo sabemos que os textos bíblicos estão
relacionados a fatos históricos e que intervalos de tempo
mais ou menos longos separam esses fatos e suas
respectivas redações. Além disso, os livros que hoje
consideramos inspirados, livros “canônicos”, são textos
copiados das redações originais, que se perderam com o
passar do tempo. Portanto, só podemos entender que a
inspiração divina atua em todas as pessoas fiéis que, em
sua história de vida, tiveram a experiência da presença de
Deus junto a seu povo, compreenderam essa experiência
e a transmitiram oralmente, a qual, posteriormente, foi
registrada por escrito, revista, copiada, interpretada, ao
longo do tempo.
A palavra “cânon” é de origem grega e significa
“medida, norma”. Sua idéia essencial e a de uma linha
reta ou direita. O cânon, em relação à Bíblia, é a norma
que estabelece a lista dos livros considerados inspirados
por Deus. Judeus de língua hebraica e grega,
samaritanos e cristãos usam o mesmo livro sagrado, a
Bíblia. Entretanto, cada um deles possui sua lista de livros
inspirados.
O CÂNON DA BÍBLIA HEBRAICA – A primeira
Bíblia escrita foi na língua hebraica e (uma pequena
parte) na língua aramaica. Ela recebe três nomes
diferentes: Bíblia hebraica,cânon palestinense ou ainda
texto massorético. Ela é usada pelos Judeus. Traz 39
livros. A lista de 39 livros foi aprovada entre os anos 80 e
100 d.C., na cidade de Jâmnia, ao sul da terra de Israel e
a cerca de 50 km de Jerusalém. Os Judeus aceitam como
livros sagrados os que foram escritos nas línguas
hebraica e aramaica, na terra de Israel e até o tempo de
Esdras. Eles não aceitam na lista sete livros que foram
incluídos pelos Judeus da diáspora(fora da palestina).
A Bíblia hebraica não traz os livros do Segundo
Testamento. Ela é organizada em três grandes blocos. O
primeiro bloco é chamado Torá. A Torá é formada por
cinco livros de valor máximo e indiscutível para o povo
judeu.
O segundo bloco é formado pelos profetas
anteriores e posteriores. Esses escritos possuem grande
valor, mas não igual ao do primeiro bloco. São usados
para explicar a Torá.
O terceiro bloco é formado pelos livros chamados
de escritos. Em relação aos dois blocos anteriores, os
escritos recebem um valor menor.

A palavra ToRáH, do hebraico, foi traduzida para o


grego e outras línguas como Lei. Tradução limitada e
imprecisa. A ToRáH é o “ensinamento”, o “caminho” que
deus oferece ao seu povo eleito, Israel. Poucas vezes
ToRáH pode ser traduzida por Lei, com sentido jurídico. A
ToRáH (ensinamentos), os Nebiim (profetas), os escritos
(ketuvim) formam a TaNak, a Bíblia Hebraica.
O CÂNON SAMARITANO – São chamados de
samaritanos os moradores da região da samaria, situada
na parte central da terra de Israel. A lista dos livros da
Bíblia aprovados pelos samaritanos contém apenas os
cincos primeiros livros: Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuterenômio. Quando os samaritanos se
separaram da comunidade judaica, por volta do ano 300
a.C, preferiram ficar só com esses cinco livros da Bíblia, a
Torá.
O CÂNON ALEXANDRINO – Alexandria é uma
cidade do Egito, no continente africano. Lá moravam
muitos Judeus que aceitaram a língua e a cultura grega.
Surgiu então a necessidade de traduzir a Bíblia do
Hebraico e Aramaico para o grego. Essa tradução levou o
nome de Bíblia grega ou setenta, do latim Septuaginta.
Ela contém 53 livros. Sua lista foi estabelecida entre os
anos 250 e 50 a.C. traz os 39 livros da Bíblia hebraica,
mais os sete livros chamados deuterocanônicos e outros
que não entraram no cânon da Bíblia usada pelos cristãos
católicos.

Septuaginta é a primeira tradução grega da Bíblia


hebraica. Segundo uma lenda ela teria sido traduzida em
Alexandria, por 72 estudiosos judeus em 72 dias. Por
volta do ano 132 a.C.
Lembre-se: nos dias de Jesus havia três cânones: 1. O
cânon dos judeus palestinos, que incluía os 39 livros e era
aceito pelos fariseus e pelo povo que vivia em Israel; 2. O
cânon da septuaginta, chamado de Alexandrino, que
abrangia os 39 e também os livros apócrifos e era aceito
pelos judeus da dispersão; e 3. O cânon abreviado
(samaritano) dos saduceus que continha somente o
Pentateuco.
O CÂNON DA VULGATA – No século IV havia o
papa Dâmaso (366-384) que solicitou a Safrônio Eusébio
Hierônimo, conhecido como São Jerônimo que fizesse
uma tradução latina da Bíblia. Jerônimo Começou em
382 e terminou em 404. Sua tradução foi chamada de
“vulgata”, que é uma palavra que vem da língua latina e
significa “popular”. A Vulgata traz ao todo 73 livros. O
Primeiro Testamento traz 46 livros e o Segundo
Testamento, 27. As outras denominações cristãs aceitam
apenas os 39 livros do Primeiro Testamento hebraico e os
27 do Segundo Testamento, mas não aceitam os sete
livros deuterocanônicos que se encontram na Bíblia
grega. Daí a diferença do número de livros na Bíblia
usada pelos cristãos católicos e não católicos.
O CÂNON DO SEGUNDO TESTAMENTO – Tanto
os livros do Primeiro quanto os do Segundo Testamento
não surgiram como livros “canônicos”, mas receberam
essa denominação muito depois. Foi somente por volta do
IV século que o cânon atual foi reconhecido por todos os
cristãos. O documento mais antigo que contém uma lista
com os mesmos 27 livros aceitos na atualidade foi uma
carta de Atanásio, destacado bispo de Alexandria,
enviada às igrejas de sua diocese, em 367. O cânon de
Atanásio é o que acabou sendo adotado pela cristandade
em toda a parte, tendo sido ratificado pelos concílios de
Hipona em 393 e o de Cartago em 397. Saiba-se, porém,
que os livros considerados inspirados bem como sua
ordem, só foi aprovada oficial e definitivamente para uso
dos cristãos católicos, durante o Concílio de Trento em
l546.

Os critérios para a canonização do Segundo


Testamento foram: A origem Apostólica, o uso
contínuo e a consistência doutrinária.

Surgiram diversos cânones do Segundo


Testamento até se chegar ao definitivo, entre eles o
cânon de Marcião, 150 d.C que contém somente o
evangelho (Lucas) e o Apóstolo (escritos de Paulo sem as
pastorais), e o Muratoriano, 200d.C.(contém o cânon
atual, menos Hb;1 e 2 Pd; 3Jo).
Sabe-se de vários livros escritos por servos de
Deus, no Primeiro e no Segundo Testamento, que não
foram incluídos no cânon bíblico. As razões pelas quais
não fazem parte do cânon nos são desconhecidas.
Confira lendo os seguintes textos canônicos: Nm. 21:14;
Js.10:13; 2 Sm.1:18; 1 Re. 4:32-33, 11:41; 2 Re.1:18; 1
Cr. 29:29; 2 Cr. 9:29, 12:15, 20:34, 26:22; 32: 32;Cl. 4:16
e 1Co. 5:9.
O número de livros em cada cânon bíblico é fixo. Não
muda mais.
P ro fº M a rcu s Vin íciu s

B iblia
Ta n a k (3 9 L iv ro s )

T O R A H - 5 liv ro s

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A N T E R IO R E S - 6 LIV R O S P O S T E R IO R E S - 15 LIV R O S

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LAMENTAÇÕES

ECLESIASTES
PROVÉRBIOS

II CRÔNICAS
I CRÔNICAS
CANTICOS

NEEMIAS
ESDRAS
SALMOS

DANIEL
ESTER
RUTE

A importância da Bíblia

“Nós não sentimos necessidade de apoios e alianças,


tendo em mãos, para nosso conforto, os livros sagrados”
(1 Mac. 12:9). Assim, em 154 a.C., em nome de toda a
nação, da qual era chefe, escrevia Jônatas Macabeu ao
rei de Esparta.

É de “livros santos” que a Bíblia se compõe, “santos”


porque, como ensina a fé, tanto judaica como cristã, não
foram escritas por mero talento humano, mas sob a
influência de inspiração divina especial.

É desta origem sobrenatural que a Bíblia recebe a sua


dignidade de “livro por excelência”. Ela é, com efeito, o
fundamento e o alimento da fé para todos os povos
cristãos, e nenhum outro livro no mundo pode ser a ela
comparado, nem de longe, seja pelo numero de tiragens
de edições, seja pela influência sobre a vida individual e
pública, sobre a literatura e as artes figurativas. Qualquer
fiel, sincero, tem-na por assim dizer, constantemente em
mão, como Jônatas o apontava, para nela encontrar
conforto em todas as vicissitudes da vida.

É coisa maravilhosa descobrir em toda a Bíblia a mão


providencial de Deus que opera e conduz, age e deixa
agir, indica e manda anunciar, promete e admoesta, e
servi-se de tudo e de todos para atingir a sua finalidade
de levar o homem, quase que contra a sua vontade, à
salvação final no reino de Cristo. “que todos os homens
se salvem e alcancem o pleno conhecimento da verdade”
( 1 Tim. 2:4). Deus tem cuidado de sua palavra. Ela nos
apresenta o salvador. Cumpre-nos lê-la, aprender,
divulgar e, sobretudo esforçar-se para viver esta
maravilhosa palavra.

A importância da Bíblia está em que, ao longo de trinta


séculos, seus textos alimentaram a fé de milhares de
pessoas e até de nações. Essa força advém do
permanente diálogo entre o livro, que interpela a
consciência do homem, e os homens que a interrogam
em busca de respostas as suas indagações
transcendentes

Como ler a Bíblia. A leitura da Bíblia exige respeito,


humildade e prudência. Respeito porque é santa, e as
coisas santas devem ser respeitadas. Humildade para
não se pensar que é um expert, mas reconhecer que a
Bíblia tem pontos difíceis de entender e que, às vezes,
será preciso pedir ajuda a alguém que tem mais
conhecimento ou, buscar ajuda em livros e revistas
especializadas. Prudência para não falar aquilo que a
Bíblia não diz, nunca manipule um texto bíblico a favor de
suas próprias idéias. A imprudência de muitos em ler um
texto “solto”, sem contexto, tem criado as mais perigosas
heresias. Adquiri-se o verdadeiro conhecimento da Bíblia
pela leitura contínua, meditada e refletida e nunca por
decorar textos isolados. Muitos que tem a Bíblia em casa,
mas não abre, não lê. Vivem a “papagaiar” e a
“macaquiar” o que ouvem de outros ou a repetir
versículos fora do contexto.

Concluo deixando para reflexão, o que alguns


escritores, dentre muitos, disseram sobre a Bíblia.

 Pedro Apolinário escreve: “O plano original de


Deus não era dar ao homem a sua palavra de
forma escrita. Os anjos eram os ensinadores dos
homens. Adão e Eva eram visitados livremente por
Deus e os anjos, porém com a entrada do pecado
esta livre comunhão foi interrompida (pg.21)”.
“Ninguém que possua este tesouro é pobre e
abandonado. Quando o vacilante peregrino
avança, para o chamado “vale da sombra e da
morte”, não teme penetrá-lo. Ele toma o bastão e o
cajado da escritura em sua mão e diz ao amigo e
companheiro: “Adeus até nos encontrarmos
novamente”. E confortado por aquele apoio, segue
o trilho solitário como quem caminha das trevas
para a luz (pg.4)”.

 Ellem White também tem o seguinte pensamento:


“Este livro contém a mente de Deus,... ele é o
mapa do viajante, o cajado do peregrino, a bússola
do piloto, a espada do soldado, a carta magna do
cristão. Nele o paraíso é restaurado, os céus
abertos e as portas do inferno desmascaradas.
Cristo é seu único assunto, o nosso bem é o seu
desígnio e a gloria de Deus é o seu fim. Ele deve
encher a memória, reinar no coração e guiar os
pés... (pg.93)”.

 William Carver declara: “a Bíblia é


caracteristicamente a palavra de Deus aos homens
e não a palavra de homens a respeito de Deus”.

 John Banyan declarou: “ou este livro me afasta do


pecado, ou o pecado me afasta deste livro”.

 Mateus declarou o que ouviu de Jesus: “Passará o


céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de
passar”.

 É prego seguro e firme para sustentar a vida de


quem nela se agarra e por ela se orienta.
Impossível escravizar mental ou socialmente quem
lê a Bíblia.
BIBLIOGRAFIA

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Paulinas, 1987.

DOUGLAS, J. O Novo Dicionário da Bíblia, São Paulo: Ed.


Vida Nova, 1986.

REVISTA SUPER INTERESSANTE, março de 2002.


Editora Abril.

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REIS, Emilson dos. Introdução geral à Bíblia. 1º Ed. São


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MEIN, Jonh. A Bíblia e como chegou até nós. 7ºEd. Rio de


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PIAZZA, Valdomiro. Teologia fundamental para leigos. 1º Ed.


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Pesquisa em vários sites da WEB.

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