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O Retângulo como forma primeira da Arquitetura

O retângulo como forma primeira da arquitetura

     À primeira vista parece-nos estranho reconhecer que os primeiros esboços para o


projeto arquitetônico devem partir de uma forma retangular. Porém há mil razões para
que seja assim.

     Com a invenção da máquina os processos industriais passam a adotar linhas de


produção em série para os diversos componentes da construção tais como: tijolos, telhas,
perfis metálicos, vidros, revestimentos, portas, persianas, brises, etc, que, com raríssimas
exceções, são de formato linear e ângulos retos. Soma-se a isso o parcelamento do solo
urbano cujos empreendedores, visando a racionalização da infraestrutura e consequente e
conomiano empreendimento, optam por malhas ortogonais e lotes de configuração
retangular. Nota-se que a própria legislação urbanística reforça a linearidade dos edifícios
através dos recuos mínimos, taxas de ocupação, gabaritos e etc. Um capítulo a parte
refere-se ao mobiliário que é também produto das linhas industriais de produção. A grande
maioria dos objetos são lineares com ângulos retos: camas, sofás, mesas, cadeiras,
máquinas de lavar, fogões, armários, estantes, ar-condicionado, TVs, computadores,
etc.Uma sala, um quarto, uma cozinha ou um escritório com paredes curvas não permite
um bom layout domobiliário. Uma garagem com paredes curvas ou com ângulos não retos
dificultarão o estacionamento dos veículos e perderá em aproveitamento.

     Tudo isso nos sugere como diretriz formal para o projeto arquitetônico um volume
retangular: o paralelepípedo ou o cubo. Portando a configuração do terreno, as restrições
legais, o mobiliário, os equipamentos, etc, nos levam naturalmente a um edifício com
faces planas, lineares e ângulos retos. Tanto é verdade que é raro defrontarmos com
edifícios com formas mais livres, orgânicas e não lineares.

     Num segundo momento parece-nos paradoxal projetar edifícios retilíneos com ângulos
retos para comportar a vida que por sua vez se manifesta através de formas orgânicas,
curvas e irregulares. Várias considerações de projeto podem sugerir formas não lineares
para os edifícios: A configuração do terreno, a topografia, o entorno, osacidentes notáveis
(vegetação, rochas, cursos d'água),as visuais, a orientação solar, etc. A própria ergonomia
nos sugere, para o conforto, formas curvas e não lineares. Todavia caso essas
considerações não forem suficientemente relevantes para justificar a não linearidade do
edifício, melhor que ele permaneça com suas linhas e ângulos retos para melhor
responder aos requisitos dos processos industriais contemporâneos.

                                                Ésio Glacy de Oliveira - Arquiteto 

http://www.esioglacy.com.br/artigos/2014-11-18-o-retangulo-como-forma-primeira-da-arquitetura

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