Você está na página 1de 5

Pétalas de cor rosa caem das cerejeiras numa típica tarde de primavera,

decorando as ruas da cidade de Parion com um tom rosado, aconchegante,


enquanto o verão se aproxima. No horizonte, já no final da tarde, um sol poente
dá uma belíssima cor alaranjada para toda a cidade. Nas casas, as crianças já
começam a se recolher para uma janta quentinha, nas ruas, os jovens correm
para encontrar suas amadas.

Um desses jovens que, ao encerrar o expediente numa taverna da cidade,


partiu para encontrar Elisa, é Grandelier. Um jovem alto e forte que trabalha na
taverna Tostão Furado, pertencente aos seus pais. Ruby é uma jovem moça de
belos cabelos compridos e brancos, corpo esguio, lábios carnudos e voz
adocicada, ambos no auge de seus dezoito anos. Eles se conhecem desde
pequenos, pois seus pais são muito amigos e a taverna do Tostão Furado é um
grande comprador das plantações dos Fergusons.

Grandelier sempre foi muito estabanado, desajeitado com a maioria das coisas
que fazia, graças à sua enorme distração. Porém, ele sempre foi muito bom em
duas coisas: no manejo da espada e na destreza em tocar seu alaúde para a
belíssima Elisa Ferguson. Talvez tenha sido por isso que ela se apaixonou pelo
jovem. Ou talvez pelo seu jeito bondoso de tratar a todos, apesar de seu jeito
desengonçado. O pai de Grandelier, Dogmar Tajtanos, era um major do
exército do reino de humano do norte, Terien. Após receber um ferimento
mortal em combate e ter, milagrosamente, sobrevivido, ele teve que se
aposentar prematuramente. Assim, foi para essa cidade mais ao sul do reino,
distante da capital, fronteira com o reino de Armênia ao sul e com a Floresta
Derradeira a oeste. Lá, ele conheceu a mulher de sua vida e mãe de
Grandelier, Karen.

Os reinos do norte e do sul eram pacíficos e existia um acordo de livre


transição entre os reinos, até que a Floresta Derradeira foi invadida por uma
união de tribos orcs, há dez anos, quando Grandelier tinha apenas oito anos.
Desde então, as relações entre os reinos têm ficado mais tensas, pois um
grande número de elfos busca refúgio no reino do sul e na cidade Pairon a
cada dia.

Assim, as cidades estão ficando super populosas, com muitos elfos e humanos
misturados. Como o reino do norte decidiu fechar as fronteiras e impedir que
qualquer um entre, devido ao crescimento do número de crimes cometidos, o
reino do sul ameaçou terminar o acordo, pois não poderia lidar com a situação
sozinho. Cada vez mais pessoas das cidades e vilas fronteiriças se moviam
para Parion, que era a maior cidade perto da Floresta Derradeira.

Atualmente em minha cidade, a paz tem voltado, graças ao novo sucessor do


trono que resolveu negociar com o reino do sul, reabrir as fronteiras e negociar
novamente o tratado de livre transição entre os reinos. Os orcs continuam
avançando e tomando mais espaços da Floresta Derradeira, mas ambos os
reinos decidiram ajudar os Elfos e combater o avanço deles.

Grandelier - Eu continuo trabalhando na taverna com meus pais, limpando


(quebrando) e tocando meu alaúde para entreter os clientes que aumentaram
consideravelmente desde a reabertura das fronteiras. Quando não estou de
serviço, estou com minha amada Ruby ou treinando meu manejo com as
espadas. Meu casamento com Ruby está marcado e haverá uma grande festa
na cidade por conta dele.

Tudo o que Grandelier não sabia, era que o destino havia reservado algo maior
para ele e mais doloroso.

Na primeira manhã de inverno, todos saíram para seus afazeres e Grandelier


não tinha muito que fazer, uma vez que o movimento diminuíra na taverna por
conta do frio. Assim, ele partiu para uma região bem próxima à cidade para
caçar e treinar seu manejo com as espadas. Seu casamento seria daqui dois
dias e haviam algumas preparações que deveriam ser feitas, portanto ele e sua
família, assim como Ruby e sua família estavam um pouco ocupados demais
para perceber toda a movimentação ao redor da cidade. Grandelier era muito
gentil e amável com todos da cidade, então teria muita gente no casamento e
ele teria que passar todo o dia caçando.

Por conta das represálias de ambos os reinos e da tribo de elfos da floresta, os


orcs perceberam que a maior cidade que havia nas redondezas era Parion e
que se ela tombasse, seria um grande prejuízo para ambos os lados e eles
poderiam ter mais vantagens para avançarem novamente. Assim, eles
resolveram atacar a cidade antes da neve começar a cair.

Quando começava a anoitecer, Grandelier já tinha carne o bastante para o dia


seguinte e também para o casamento. Quando ele se preparava para voltar,
percebeu um rastro de fumaça vindo de algum lugar. Assim que percebeu que
o rastro vinha da cidade, largou a carne na carroça e tomou suas duas espadas
e partiu em disparada para a cidade. Ao chegar, se deparou com uma horda de
orcs invadindo a cidade e partiu para a taverna para encontrar seus pais. Com
alguns orcs entre ele e o caminho, ele não teve escolha se não avançar com
uma fúria bestial para cima de todos eles. Caíram um, dois, três orcs aos seus
pés e ele finalmente conseguiu alcançar a taverna. Por lá, apesar das coisas
quebradas, seus pais estavam seguros, pois Dogmar ainda era muito
habilidoso no maneja da lança e derrubava os orcs um após o outro.

Grandelier então partiu para encontrar sua amada Ruby, na fazenda dos
Ferguson. Chegando, se deparou com os pais de Ruby mortos, mas não a
encontrou em lugar algum e também nem sinal de orcs na região. Grandelier
se lembrou que eles possuíam um porão nos fundos da casa, que servia para
emergências. Chegando ao subsolo da casa, se deparou com três guardas
tentando se aproveitar da situação para cometer seus crimes, sem que
ninguém descobrisse, sob a acusação de terem sido orcs. Naquele momento a
fúria tomou conta de Grandelier e sem pensar em mais nada, partiu
descuidadamente para cima do primeiro guarda, que estava mais perto. Ele o
golpeou com a espada de sua mão direita numa horizontal perfeita, pelas
costas, cravando sua espada até a metade do corpo do soldado. Com sua mão
esquerda, ele golpeou a cabeça do soldado na vertical, separando em duas
partes. O soldado não teve nem como reagir. Quando os outros dois viraram
seu colega ser partido daquela forma, correram e tentaram passar por
Grandelier, mas em sua fúria implacável, o primeiro que tentou passar foi
derrubado por um poderoso punho que só parou ao acertar a face do soldado,
deixando-o inconsciente e quebrando alguns ossos. O outro conseguiu passar
despercebido enquanto Grandelier se concentrava em socar o soldado
inconsciente até a morte.

Quando voltou a si, Grandelier respirou aliviado, ao ver que Ruby estava bem.
Ele a tomou em seus braços e a levou rapidamente para a taverna de seus
pais. Lá, juntamente a Dogmar, eles se mantiveram protegidos dos orcs que
iam até o local. Enfim a cavalaria do reino chegou à cidade, mas somente para
socorrer os que haviam sobrevivido, pois a cidade fora completamente
arrasada. Grandelier viu sua terra natal ser totalmente destruída e jurou
vingança contra os orcs.

Ao saírem escoltados, juntamente a outros cidadãos que conseguiram


sobreviver, um dos soldados que atentou contra Ruby, identificou Grandelier.
Ele não sabia, mas o soldado era um oficial e rapidamente mandou que
prendessem Grandelier e o levassem para a capital para um julgamento.

Ao chegarem, seu pai, Dogmar, rogou pela vida de seu filho, alegando legítima
defesa. Os comandantes não poderiam ignorar que dois soldados foram
brutalmente assassinados, mas pelo passado de Dogmar, resolveram poupar a
vida de Grandelier, mas o enviariam para o exílio.

Eles deram um prazo de dois dias para Grandelier ajustar as coisas de sua
viagem e se despedir de todos. Nesse meio tempo, Dogmar pediu a um velho
ferreiro, o que forjou suas armas e armaduras durante o tempo que serviu, para
forjar duas das melhores espadas para seu filho.

Assim, Grandelier partiu em sua jornada para o exílio. Durante os primeiros


dias ele vagou a leste, para as terras selvagens de Armentyr. Uma terra
habitada por bestas ferozes, onde uma densa floresta se encontrava.
Grandelier já era um caçador hábil. Ele acabou por se instalar num pequeno
casebre que achou abandonado numa clareira, no meio da mata. Um pequeno
rio corria na parte de trás da casa e ao redor existiam muitas árvores frutíferas.
Sem contar a enorme quantidade de feras que poderia caças para conseguir
carne.
Grandelier passou alguns anos ali, até que resolveu ir para alguma cidade.
Suas roupas já estavam em trapos, seu cabelo estava comprido e sua barba
por fazer há anos. Ele mais se assemelhava a um dos animais da floresta do
que a um humano. Então partiu em direção ao sul, para as terras habitadas por
anões.

A primeira cidade que encontrou, na fronteira com a floresta, era a cidade de


Einkil. Uma cidade de porte médio, muito populosa e onde havia um comércio
muito bom. Grandelier descobriu que passou muito tempo entre as bestas da
floresta, e que, como dizem: Trate alguém como animal por muito tempo e ele
se tornará um. Ele começou a ter um pouco de dificuldade de lidar com as
pessoas, mas encontrou um ambiente muito familiar naquela cidade: uma
taverna muito parecida com a de seus pais. Ali ele poderia ser ele mesmo e
talvez conseguir alguns trocados. Ele entrou e foi direto ao taverneiro perguntar
onde poderia conseguir algumas moedas em troca de suas caças e peles que
havia conseguido. Foi informado de um mercado próximo a taverna que era
montado dia sim e dia não. Lá ele poderia vender sua caça e conseguir algum
dinheiro. Assim, ele foi sobrevivendo naquela cidade, até ter dinheiro o
bastante para conseguir um lugar para morar, para cuidar de suas espadas que
tinham um valor sentimental muito grande para ele e tudo mais.

Grandelier acabou fazendo alguns amigos na cidade, pois era muito gentil com
todos, apesar de sua natureza desengonçada. O ferreiro que trabalhava
próximo a sua casa almoçava com ele frequentemente, assim, se tornaram
grandes amigos. Sempre trocavam seus produtos e se ajudavam quando
podiam.

Certa noite, quando estavam na taverna, Grandelier ouviu a conversa de


alguns viajantes. Diziam que um grupo de orcs avançava naquela direção,
destruindo tudo pelo caminho. Depois de ter ouvido isso, ele chegou à
conclusão de que deveria partir e ir ao encontro desses orcs. Ele não queria
que a mesma desgraça ocorresse duas vezes em sua vida. Logo pela manhã,
ele pediu para o ferreiro Rangrim forjar umas proteções para suas pernas, afiar
suas espadas e preparar algumas armadilhas de caça para ele. Ele explicou
tudo e logo partiu. Mas desta vez, Grandelier estava diferente. Ele usava as
calças de quando foi exilado, a capa em trapos que sua mãe lhe dera agora
estava amarrada à sua cintura, suas pernas continham as placas que Rangrim
forjara para ele como uma lembrança de seu amigo e seu tempo na cidade dos
anões, ele não vestia nada na parte de cima para deixar amostra as cicatrizes
que ganhou lutando contra um grande lobo selvagem, do qual retirou as presas
para guardar como um fetiche de uma de suas mais difíceis batalhas até então,
seu cabelo estava comprido como o de Ruby para ele se lembrar dela todos os
dias e suas espadas andavam junto a ele sempre.
Assim, Grandelier partiu uma vez mais. Agora, para derramar sua terrível fúria
sobre aqueles que destruíram seu lar e o separaram de sua família e todos
aqueles que amava. Grandelier adotou o nome de sua amada, se
apresentando agora como Grandelier Fergusson. Uma forma de amenizar a
dor de deixar sua amada para trás. Agora, seu foco se encontrava em achar e
matar todos os orcs que puder, até satisfazer sua vingança. Os inimigos que
entrarem em seu caminho, que estejam preparados para aguentar a fúria
implacável de um Bárbaro exilado, de quem tiraram tudo, uma fúria mortal
agora viaja para encontrar seu destino!

Você também pode gostar