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A mais importante colônia do antigo Império Britânico era a Índia.

Sob a denominação
oficial de Império da Índia.

A Índia Britânica (que contava com alguns enclaves coloniais portugueses e franceses)
era um extraordinário mosaico de raças, línguas e religiões. Predominavam os indo-
europeus (nome genérico do principal tronco da raça branca), de cabelos escuros.

Falavam-se mais de 3 mil idiomas e dialetos, dos quais cerca de quinze eram mais
importantes. Quanto ao aspecto religioso, embora o bramanismo (atualmente mais
conhecido pelo nome de hinduísmo) fosse absolutamente majoritário, vastas parcelas
da população seguiam o islamismo (ou muçulmanismo, ou maometismo), além das
minorias adeptas do sikhismo, do janaísmo, do budismo, do cristianismo e até mesmo
do animismo.

A autoridade máxima na colônia era o vice-rei, que prestava contas ao Ministério das
Colônias, em Londres.

A Índia compreendia duas formas de administração: mais da metade do território era


controlada diretamente por funcionários coloniais britânicos; mas havia também 562
principados dos mais diversos tamanhos, sob a autoridade de governantes
hereditários, hindus ou muçulmanos. Os títulos desses pequenos monarcas podia
variar, mas o mais comum era o de marajá.

Na primeira metade do século XX, o nacionalismo indiano passou por um processo de


amadurecimento que se personificou na figura do “Mahatma” (“Grande Alma”) Gandhi.
Este, baseando-se nos princípios da “não-violência” e da “resistência passiva”,
mobilizou milhões de seguidores e causou grandes transtornos aos dominadores
ingleses.
Gandhi era hinduísta, mas seu sonho nacionalista visava à criação de uma Índia
independente onde todas as etnias e religiões convivessem pacificamente. Contudo,
seu ideal não era compartilhado pelos radicais hinduístas (que o assassinariam em
1948) e menos ainda pelos muçulmanos.
Hinduísmo e islamismo, para os indianos, eram muito mais que duas religiões
antagônicas. O primeiro, nascido no próprio país há milhares de anos, possuía uma
espantosa multidão de deuses e criara uma sociedade de castas, baseada na
desigualdade absoluta entre os indivíduos; o segundo, de origem árabe e introduzido
na Índia por conquistadores vindos da Ásia Central, é monoteísta e considera todos os
homens iguais perante Deus. A diversidade entre as duas crenças produziu diferenças
de comportamento e de organização social, bem como visões de mundo conflitantes.
medida que o Congresso Nacional Indiano – partido fundado por Gandhi – ganhava
força na luta pela independência, crescia entre os maometanos o temor de um Estado
hinduísta que viesse a oprimi-los e persegui-los. Liderados por Mohamed Ali Jinnah, os
islamitas indianos criaram a Liga Muçulmana, que advogava a divisão do subcontinente
em dois Estados – um deles de maioria maometana.
A Grã-Bretanha acabou concordando com a partilha. Assim, em 15 de agosto de 1947,
dentro do processo de descolonização que se seguiu à II Guerra Mundial, surgiram
dois Estados independentes: a Índia e o Paquistão (“País dos Puros”). Este último,
implantado nas áreas majoritariamente muçulmanas, compreendia duas porções
distintas, o Paquistão Ocidental e o Paquistão.e 1971, apoiado pela Índia, o Paquistão
Oriental proclamou sua independência e se transformou em Bangladesh
, as minorias hindus e muçulmanas instaladas em território adverso procuraram
alcançar a segurança dos futuros Índia e Paquistão. Cerca de 11 milhões de pessoas
abandonaram seus lares e mais 1 milhão pereceu chacinado por turbas fanáticas de
ambas as religiões. Não obstante, permaneceram na Índia importantes grupos
muçulmanos, geralmente ligados ao comércio, os quais não se mostravam dispostos a
abandonar a vida que haviam construído.
Os príncipes indianos, pressionados a optar pela incorporação a um ou outro Estado,
fizeram-no de acordo com sua orientação religiosa. Dois principados muçulmanos
situados dentro da Índia tentaram preservar sua autonomia, mas foram invadidos pelo
recém-criado Exército Indiano. O governo da Índia independente, de tendência
fortemente centralista, não toleraria enclaves que pudessem estimular o separatismo
das minorias.
E aí começou o problema da Caxemira.A Caxemira tem vital importância para a
soberania em relação aos recursos hídricos, abrangendo a localização das nascentes
dos rios Ganges e Indo, os principais rios da Índia e do Paquistão, respectivamente.
Uma vez que grande parte da Caxemira está localizada nas montanhas do Himalaia,
apenas cerca de 20% das terras podem ser cultivadas, mas os agricultores
representam 80% da população. A maioria dos solos é bastante seca durante a maior
parte do ano, mas a terra no vale dos rios tem sido capaz de produzir uma grande
variedade de árvores e flores, com grandes colheitas de arroz, frutas e legumes.
Ao chegar a independência, o marajá( líder da região da caxemira ) optou por unir seu
Estado à Índia, embora a maioria da população desejasse ser incorporada ao
Paquistão. Estourou uma insurreição entre a comunidade islâmica, com apoio
paquistanês. As forças indianas reagiram e uma guerra não-declarada entre os dois
países arrastou-se até julho de 1949, quando um acordo provisório foi assinado sob os
auspícios da ONU. Seguindo a linha do cessar-fogo, as porções norte e oeste da
Caxemira (cerca de 40% do território) couberam ao Paquistão, que lhe deu o nome de
Azad Kashmir (“Caxemira Livre”). Decidiu-se que futuramente haveria um plebiscito
para definir o destino de toda a região, mas a Índia jamais aceitou cumprir essa
cláusula. E, em fevereiro de 1994, o Parlamento indiano declarou solenemente que a
Caxemira (incluindo o território em poder do Paquistão) é parte inseparável da União
Indiana.
Uma nova guerra entre Índia e Paquistão. ualmente, um movimentoterrorista e
guerrilheiro apoiado pelo Paquistão opera na Caxemira Indiana, mas vem enfrentando
uma dura repressão por parte da Índia.
Por vezes, militantes islâmicos paquistaneses têm atravessado a fronteira para lutar
contra o controle indiano na região. Estima-se que cerca de 600.000 soldados indianos
operam na região da Caxemira para reprimir as insurgências. O governo do Paquistão
afirma que os rebeldes são nativos da Caxemira e que são forçados à rebelião por
conta de políticas repressivas da Índia e da corrupção do sistema indiano.
A economia instável da Caxemira, com altos níveis de desemprego, contribui para
tornar a região ainda mais vulnerável às crises sociais. Os paquistaneses também
acusam o exército indiano de recorrer à tortura, estupro e assassinato, no intuito de
suprimir o direito do povo da Caxemira para determinar o seu próprio futuro político,
como através de um plebiscito.
Em resposta, o governo da Índia Também afirma que ocorre tráfico de armas que saem
da Caxemira paquistanesa em direção à da Índia, o que auxiliaria os grupos
extremistas que promovem atentados na região. A finalidade desses atos é alarmar os
hindus que vivem na Caxemira e tentar radicalizar a população muçulmana para
convencê-los de que a região deveria se tornar parte do Paquistão. O governo da Índia
também acusa os chineses de oferecer suporte no treinamento de soldados
paquistaneses, pois é muito comum a prática de exercícios de guerra de soldados
chineses na fronteira entre os três países.
Em março de 1998, o partido nacionalista Bharatiya Janata (BJP) venceu as eleições e
assumiu o poder na Índia, com o propósito declarado de “governar para os hindus”. Em
maio de 1999, a Índia realizou cinco testes nucleares junto à fronteira com o
Paquistão. que em retaliação fez seis testes semelhantes nas proximidades dos limites
com o Irã – fora do raio de ação de um possível ataque de mísseis indianos
Temos portanto dois países do Terceiro Mundo, governados por políticos nacionalistas,
que são possuidores de tecnologia nuclear para fins bélicos. A Índia, apesar da miséria
da maioria de sua população – que atingiu, em 1999, a marca de 1 bilhão de habitantes
—, é o maior “exportador de cérebros” do mundo, coloca satélites em órbita com know-
how próprio e tem submarinos atômicos. O Paquistão, militarmente mais fraco, conta
com um exército bastante combativo, dispõe de mísseis com alcance maior que os da
Índia e, em caso de conflito, pode vir a receber apoio de outros países muçulmanos.
Obviamente, tais circunstâncias agravam a instabilidade da região.

Durante a maior parte de sua história como Estado independente, o Paquistão tem sido
governado por generais tirânicos e corruptos – o que o deixou mais ou menos à
margem da comunidade internacional. Todavia, com o atentado terrorista sofrido pelos
Estados Unidos em setembro de 2001, o Paquistão tornou-se essencial para o projeto
norte-americano de atacar os supostos esconderijos inimigos no Afeganistão. Essa
nova situação já levou o FMI a conceder um generoso empréstimo ao governo
paquistanês.
Segundo os dados do último recenseamento, a parte paquistanesa da Caxemira conta
com uma população de 4,5 milhões, enquanto a Caxemira indiana detém cerca de 12,5
milhões de habitantes. Na porção localizada na Índia, os muçulmanos totalizam 95%
da população, distribuídos em 48% na região de Ladakh e quase 40% em Jammu. As
etnias hindu e sikh estão concentradas em Jammu, os cristãos estão dispersos por
todo o estado e os budistas estão localizados principalmente nas áreas pouco
povoadas de Ladakh. Por esta razão, a população muçulmana deseja a integração
com o Paquistão, desligando-se do controle do governo da Índia, muitos paquistaneses
gostariam de ver esta área se tornar parte do Paquistão.

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