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Linguagem Audiovisual aula dia 08 /09/14

Teoria critica do cinema

Conceito introdutório: O que é cinema?

São imagens fotográficas em movimento, projetadas em uma tela a uma


velocidade de 24 fotos (fotogramas) por segundo. Os fotogramas estão em
uma posição ligeiramente diferente do anterior, de modo que não se pode
distinguir cada imagem separadamente, apenas com um movimento
contínuo. Isso graças a uma deficiência do olho humano, chamada de
persistência retiniana, desta forma, cria-se uma sensação de movimento de
imagens.  

ORIGEM DO CINEMA

Louis e Auguste Lumière inventaram o cinema em 1895. Com os filmes: “A


saída dos operários das Usinas Lumière” e “A chegada do trem na estação”. 
Nas primeiras cenas que filmaram, a câmera se limitava a registrar
acontecimentos com movimento. O objetivo das cenas era chamar a
atenção do espectador para a ação e o movimento, apenas. 

Teoria e crítica do Cinema

Podemos definir teorias do cinema como um conjunto de proposições


verificáveis sobre cinema que procura dar conta das capacidades deste
veículo, ou seja, daquilo que se chama capacidades cinemáticas. Sua
aplicação é tanto teórica quanto prática. A crítica cinematográfica dialoga
com uma proposta de classificação e verificação, não sendo tão generalista
como a proposta teórica.

Importante: a teoria deve ser construída de forma sistemática visando uma


aplicação ampla, ou seja, deve servir ao cinema e não a um filme ou
diretor.  Quanto mais ampla melhor.

Teorias Formativas

Essa teoria está ligada à tradição do formalismo russo nas teorias da arte.
Podemos dividir essa teoria em duas fases produtivas:

• 1º fase: 1920-1935 – sai de uma vulgar, de uma mera diversão circense


para uma arte séria, objeto de sérias discussões estéticas. 
Os intelectuais passam a considerar o cinema como arte, não sendo inferior
a nenhuma das outras artes estabelecidas há séculos. (importante
fenômeno sociológico)
Outro destaque são as discussões estéticas com foco no aperfeiçoamento
desta arte.  

• 2º fase: a partir de 1960 – com o lugar “artístico” alcançado e garantido,


a prática cinematográfica passa a ser interesse do ambiente acadêmico. 
Como resultado desses estudos, surgem “manuais” e as noções de
“linguagem do cinema” e “gramática do cinema”. 
O intuito era “estudar” os efeitos das diversas técnicas empregadas e
experimentadas na realização de um filme. 

Consequências: visão limitada e tecnicista. 


Além disso, evidencia aquele cineasta capaz de utilizar uma técnica com
maior “visualidade”, se comparado ao cineasta que utiliza uma técnica mais
sutil.

“TORNAR O OBJETO ESTRANHO”

Conceito de “desfamiliarização” – baseava nos desvios de representação


(Formalistas Russos)
No cinema, o conceito de “desfamiliarização” foi empregado num
enquadramento de câmera conhecido como “primeiro plano” – que
apresenta um objeto com destaque, podendo inclusive, deformar uma
forma física conhecida.

Principais teóricos da tradição formativa

• O alemão Hugo Musterberg – referencia na psicologia e um dos


fundadores da Gestalt (psicologia da percepção visual). Lança em 1916, o
livro The Photoplay: A Psychological Study. A obra é um marco, a primeira a
teorizar o cinema, dividiu a obra entre estética e psicologia do cinema.

• O alemão Rudolf Arnhein – também representante da Gestalt. Publicou em


1932 o livro Film as Art. Seu interesse no cinema se limitava enquanto
forma de arte.

• O russo Sergei Eisenstein – principal nome na teoria formativa. Se


destaca como teórico e realizador, sobretudo, com os diferentes tipos de
montagem (processo/ conceito). Entre sua filmografia, destaque para “O
encouraçado Potemkin” (1925) e “Outubro” (1928).

• O húngaro Béla Balázs – interesse restrito no cinema também enquanto


forma de arte. Seus escritos produzidos durante as décadas de 1920, 1930
e 1940, foram publicados na obra Theory of the Film em 1952.

TEORIA DA GESTALT – DOIS ROSTOS OU UMA TAÇA?(figura)

Teorias Realistas

Como o próprio nome sugere a teoria realista sobre influência de trabalhos


documentais com o do britânico John Grierson e do russo Dziga Vertog, com
o seu conceito de “cinema-olho”. 
A teoria realista não procura competir com os filmes de entretenimento,
mas proporcionar uma alternativa, estabelecendo com a realidade um
diálogo de descoberta, uma percepção cotidiana da vida.
Principais teóricos da tradição realista

• O alemão Siegfried Kracauer – em 1960 lança Theory of Film o seu foco


era o conteúdo, ou a “estética material”, fugindo da forma artística dos
filmes. Para ele, o assunto cinema, a sua matéria-prima é sempre o mundo
visível.

• O francês André Bazin – Principal nome da teoria realista. Foi o primeiro


crítico a realmente desafiar a tradição formativa, defendendo uma teoria e
uma tradição cinematográfica baseada na crença do poder das imagens
mecanicamente registradas. Um dos responsáveis pela criação da revista
“Cahiers du Cinema”. Para ele, o cinema atinge a sua plenitude sendo a arte
do real.

Teorias Compreensivas (ou Teorias Cinematográfica Francesa


Contemporânea – conforme obra de J. Dudley Andrew) 

Abordagens que privilegiam os processos significativos desencadeados pelas


estratégias produtivas ou os efeitos de sentido constitutivos da recepção
estética. Essa teoria cinematográfica mantém uma relação ou diálogo com a
Linguística, Semiologia e Semiótica.

Principais teóricos da tradição compreensiva

• O francês Jean Mitry – autor da obra de dois volumes Esthétique et


psychologie du cinema (1963 – 1965). Uma nova abordagem no campo de
estudos, com foco em cada um dos problemas do cinema. Ele viveu e
trabalhou na era de ouro do cinema mudo.

• O francês Christian Metz – Principal nome da teoria compreensiva ou


teoria contemporânea francesa. Ele critica o modo generalista estudado por
Mitry e se propõe a uma descrição exata dos processos de significação do
cinema. Ele chama tal estudo de “semiótica do cinema” e tem como
referência de Charles Sanders Peirce (semiótica americana) e Ferdinand de
Saussure (semiologia) – descrição dos seus processos de significação.

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