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A TÁTICA NO FUTSAL:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DE INTENÇÕES TÁTICAS
MAURICIO NOGARA
Ijuí – RS
2015
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MAURICIO NOGARA
A TÁTICA NO FUTSAL:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DE INTENÇÕES TÁTICAS
Ijuí – RS
2015
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A Banca Examinadora abaixo assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso:
A TÁTICA NO FUTSAL:
UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DE INTENÇÕES TÁTICAS
elaborado por
MAURICIO NOGARA
Banca Examinadora:
_______________________________________________________
Professor Ms. Robson Machado Borges (Orientador)
_______________________________________________________
Professor Dr. Fernando Jaime González (Examinador Titular)
3
DEDICATÓRIA
Agradeço a meus pais, por se fazerem presente em todos os momentos, sendo eles
bons ou ruins, por todo o incentivo ao longo de minha trajetória acadêmica na Universidade.
A minha esposa, que suportou toda a trajetória, os maus dias, de muito mau humor,
principalmente quando surgiam alguns problemas. E por me incentivar a voltar a
Universidade e terminar meus estudos. Meu MUITO OBRIGADO!
A equipe da Associação Augusto Pestana Futsal (AAPF FUTSAL), sendo todas as
pessoas que compõe a entidade.
Ao Poder Público de Augusto Pestana gestão 2004 a 2008 que depositou confiança
em meu trabalho. Oportunizando-me para que naquele período começasse minha trajetória no
Futsal e oferecendo todas as condições para o desenvolvimento de um bom trabalho. Dessa
forma, ganhei prestígio de pais, alunos, outros Professores e comunidade em geral.
Aos professores do Curso de Educação Física que me auxiliaram muito no
crescimento intelectual, profissional e a minha escolha quanto a área de atuação.
Ao Professor Doutor Fernando Jaime González que foi além de amigo, sempre me
incentivou, onde foi meu primeiro orientador e auxiliou para ampliar meus conhecimentos nas
mais diversas áreas. Vai meu sincero reconhecimento sendo meu maior incentivador na
metodologia aplicada hoje em meus treinamentos.
Ao Professor Mestre Robson Machado Borges, antes colega, hoje meu Orientador.
Agradeço muito pelo incentivo, dedicação, mesmo tendo pouco tempo quando começamos a
trajetória da pesquisa. Foi uma pessoa que além do incentivo me conduziu para uma ótima
linha de pesquisa, ampliando e direcionando os caminhos do estudo. Meu MUITO
OBRIGADO!
À Deus, meu maior ídolo, por me iluminar em toda minha vida e ter me dado forças
para seguir no longo percurso que tive dentro da Universidade.
5
RESUMO
O aprendizado e o nível de atuação dos jogadores nos jogos esportivos coletivos têm sido um
tema bastante abordado nos últimos anos. Particularmente no futsal, como o processo de
ensino ainda tem sido realizado na perspectiva tradicional em muitos locais, os jogadores
apresentam dificuldades relacionadas à dimensão tática, ou seja, cometem diversos equívocos
no jogo que estão relacionados ao que e quando fazer determinada ação. Nesse sentido,
algumas formas de avaliação do desempenho dos jogadores nos jogos esportivos coletivos
têm sido propostas. Nessa linha, buscou-se desenvolver uma pesquisa que permitisse analisar
o desempenho tático de jogadores de futsal. Com isso, este estudo teve por objetivo principal
descrever intenções táticas adequadas e inadequadas nos diferentes papéis no futsal,
analisando benefícios e fragilidades das ações escolhidas. Metodologicamente, buscou-se
analisar intenções táticas de atletas de uma equipe de futsal que disputa competições
estaduais, através da apreciação de imagens de jogos. Os resultados indicam que a pesquisa
permite verificar o nível de desempenho tático dos jogadores, apontando os acertos e erros nas
tomadas de decisão nos quatro subpapéis dos esportes de invasão. Com isso, permite uma
reflexão sobre as ações individuais dos jogadores, podendo contribuir com a melhoria da
dimensão tática. Logo, é possível afirmar que o estudo tem potencial para ser utilizado na
avaliação da atuação de jogadores de futsal, quando o objetivo for o conhecimento
procedimental.
6
LISTA DE FIGURAS
7
LISTA DE QUADROS
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
9
LEGENDA
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................ 12
1 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 14
1.1 JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS......................................................................... 14
1.2 SUBPAPÉIS NOS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS.......................................... 15
1.3 LUGAR DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR................................ 16
1.4 FUTSAL....................................................................................................................... 18
1.5 TÁTICA NO FUTSAL................................................................................................ 23
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 24
2.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................................... 24
2.2 REALIZAÇÃO DO ESTUDO..................................................................................... 24
2.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA DOS DADOS................................................... 25
2.4 DEFINIÇÃO DAS INTENÇÕES TÁTICAS PARA ANÁLISE................................. 25
3 CUIDADOS ÉTICOS.................................................................................................... 27
4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................. 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 61
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 62
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INTRODUÇÃO
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educação física – que o futsal é um dos mais praticados. Em função da estrutura física, penso
que seja mais jogado até mesmo do que o futebol.
Devido a sua característica, o futsal é um esporte muito dinâmico, com situações de
ataque, defesa e contra-ataque e muito frequentes. As constantes mudanças de papéis que os
jogadores realizam durante o jogo, requerem dos praticantes a capacidade tática de tomar
decisões o tempo todo.
Nesse processo, pareceu-me pertinente estudar possibilidades de ações dos jogadores
em função dos diferentes papéis que desempenham no futsal. Pois, são raros os estudos que
discutem as ações realizadas pelos atletas, analisando se essas foram as mais adequadas do
ponto de vista da tomada de decisão. Penso que, talvez, um estudo com essa característica
possa contribuir com a análise das escolhas/atitudes dos jogadores durante o jogo, tanto na
escola, quanto em outros espaços como clubes esportivos e escolinhas, por exemplo.
Nessa perspectiva este trabalho tem por objetivo descrever intenções táticas
adequadas e inadequadas de jogadores de futsal nos diferentes subpapéis, analisando
benefícios e fragilidades das ações escolhidas.
Para descrever esse processo, organizei o trabalho em quatro capítulos. No primeiro,
apresento o referencial teórico que deu sustentação para o estudo. No segundo capítulo
apresento as decisões metodológicas e descrição dos assuntos que envolveram a construção da
proposta de avaliação. Posteriormente, relato os cuidados éticos tomados nesse estudo.
Finalmente, faço a descrição dos resultados da investigação.
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1 REFERENCIAL TEÓRICO
O processo de ensino e avaliação nos JEC é difícil e complexo. Para que o professor
constitua saberes que o qualifiquem a desenvolver o conhecimento procedimental dos
esportes é necessário o estudo de diversos assuntos. Nessa perspectiva, buscando construir um
referencial teórico consistente para esta investigação, organizei este capítulo em cinco blocos:
a) jogos esportivos coletivos; b) subpapéis nos esportes de invasão c) o lugar do esporte na
educação física escolar; d) futsal; e) tática no futsal.
Nesse sentido, a primeira parte desse capítulo introduz a temática dos JEC. A
segunda trata dos subpapéis presentes nos esportes de invasão. A terceira, aborda o esporte
enquanto tema de ensino na educação física escolar. O quarto momento, faz referência ao
campo de compreensão do processo de ensino-aprendizagem no futsal, tratando
especificamente dos aspectos que configuram essa modalidade esportiva, como por exemplo a
lógica interna e os elementos do desempenho esportivo. Finalmente, discuto o ensino da tática
no futsal.
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González e Bracht (2012, p. 21) apresentam a ideia de que os jogadores dos esportes com
interação entre adversários precisam estar sempre “adaptando o jeito de agir, tanto para atacar
quanto para defender, de acordo com as ações do adversário”.
Nessa linha, os JEC são de natureza complexa e imprevisível. Há várias dimensões
que aumentam o campo de incertezas e o número de variáveis de ações dos jogadores
(GARGANTA, 2002). Nesse sentido, é possível dizer que as situações não são por acaso,
decorrem com a interferência dos adversários que podem ser apenas imaginadas. Nesse viés,
González e Bracht (2012) entendem que além da ideia de imprevisibilidade diante da
oposição, o êxito na competição tem relação com a participação direta dos companheiros, ou
seja, dependem da colaboração de todos de sua equipe.
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Quadro 1: Intenções táticas de acordo com cada subpapel
SUBPAPÉIS INTENÇÕES TÁTICAS
– Observa antes de agir.
– Passa sempre para o jogador sem marcação.
– Ao receber a bola, fica de frente para a meta (gol, trave, cesta) antes de passar.
ACPB
– Finaliza sempre quando as condições são favoráveis.
– Quando finaliza, procura um lugar vazio (entre os marcadores) ou o faz sobre o
defensor.
– Procura permanentemente desmarcar-se para receber a bola.
– Aproxima-se muito do ACPB.
ASPB – Afasta-se muito do ACPB.
– Solicita a bola em deslocamento na direção ao gol ou parado.
– Progride com a equipe quando partem para o ataque.
– Marca o seu atacante direto.
DACPB – Está sempre entre seu atacante direto e o gol.
– Pressiona seu atacante direto para evitar o passe e/ou a finalização.
– Responsabiliza-se por seu atacante direto ou vai atrás da bola.
– Está sempre entre seu atacante direto e o gol.
DASPB
– Está sempre agindo com o objetivo de dissuadir o ACPB.
– Quando marca, cuida apenas do ASPB, apenas do ACPB ou ambos.
Fonte: González e Bracht (2012, p. 35)
1
Pauto-me no conceito de intenções táticas apresentado por González e Fraga (2012, p. 181): “adaptação
consciente da ação diante de situações em que enfrenta a oposição de um adversário, escolhendo o que fazer para
obter sucesso na atuação”.
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O planejamento e a organização dos conceitos e saberes produzidos para a disciplina
e das práticas corporais de movimento na educação física, tem a intenção de auxiliar o
professor como uma ferramenta que sistematize o processo de ensino. Funcionando como um
apoio na elaboração nos planos de ensino, servem de ferramenta de articulação de conteúdos
indispensáveis para o despertar do conhecimento e desenvolvimento das interdisciplinaridades
da educação física (GONZÁLEZ; FRAGA, 2012).
Mais especificamente, as propostas de estruturação curricular da educação física cada
vez mais têm sido construídas pensando em diferentes temas de ensino, tais como: a ginástica,
as atividades com a natureza, o esporte, atividades aquáticas, práticas corporais e sociedade,
práticas corporais e saúde. Para fins de demonstração, apresento uma estruturação existente
no meio acadêmico, conforme a Figura 1.
Figura 1: Subtemas estruturadores
1.4 FUTSAL
nesse tipo de esporte, ao mesmo tempo em que uma equipe tenta avançar a
outra tenta impedir os avanços. E para evitar que uma chegue à meta
defendida pela outra, é preciso reduzir os espaços de atuação do adversário
de forma organizada e, sempre que possível, tentar recuperar a posse de bola
para daí partir para o ataque.
Nesse sentido, há importantes assuntos que precisam ser levados em conta quando se
deseja ensinar futsal. Sobre esses temas que abordo na parte que segue.
Entre esses assuntos a técnica é um elemento relevante, que diz respeito a execução
do gesto motor, sendo uma solução para determinada ação tática pretendida. Trata-se de uma
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resposta motora que o jogador efetuará após ter processado as informações de acordo com a
situação de jogo (GARGANTA, 2002).
De acordo com González e Fraga (2012), o elemento técnico é a execução do
movimento específico de um jogador, que se divide em técnica esportiva e habilidade técnica.
A técnica esportiva é a “representação abstrata e simplificada da forma mais adequada de
solucionar um problema motor colocado por um esporte” (ibidem, p. 176) e a habilidade
técnica é a “competência de execução adquirida por um sujeito para realizar uma ação
motora” (ibidem, p. 176).
No futsal podem ser apontados como exemplos desse elemento, os seguintes gestos
motores: o passe, o domínio, a finalização, o cabeceio e a condução da bola. Esses
movimentos se configuram como uma parte importante do jogo, uma vez que a demanda da
competência motora é fundamental para alcançar o êxito nas ações.
Outro importante assunto é denominado de combinações táticas. De acordo com
González e Fraga (2012, p. 177), são “coordenações de ações entre dois ou mais jogadores
para conseguir os objetivos de ataque e da defesa”. Correspondem a combinações de
movimentos de deslocamento entre jogadores, visando vantagem na jogada. Como exemplo
no futsal, pode ser citado o rodízio em oito2 quando a equipe está com a posse da bola e a
troca na marcação individual dos oponentes3 no momento em que está defendendo.
As combinações táticas também ocorrem no futsal em outros momentos que
permitem jogadas ensaiadas, tais como: cobrança de falta, escanteio, lateral, saída do centro
da quadra, saída da bola com o goleiro. Quando há equilíbrio entre as duas equipes nas
partidas de futsal, as combinações táticas são recursos importantes e decisivos nos resultados
dos jogos.
A forma como os jogadores se organizam em quadra também precisa ser pensada e é
chamada de sistema de jogo, relacionando-se ao posicionamento que a equipe utiliza dentro
da quadra. Pode-se dizer que é a distribuição dos jogadores. Como aponta Santana (2004, p.
64), o sistema de jogo “é o posicionamento que se adota para jogar”. Para González e Fraga
(2012), sistemas de jogo correspondem a uma forma organizada que articula e ordena as ações
2
No rodízio em oito, o posicionamento dos jogadores será 2:2, de modo que um jogador que se encontra na
quadra de defesa, passa a bola de uma lateral a outra na quadra de defesa e se movimenta em uma diagonal da
quadra de defesa para a quadra ofensiva. Na sequência retorna para a quadra de defesa pela ala, paralelamente a
linha lateral e inicia novamente o deslocamento em um formato de oito (8).
3
A troca de marcação é efetuada quando defensor que está acompanhando o adversário direto, troca o oponente
a ser marcado com seu companheiro, em função dos deslocamentos dos mesmos na quadra.
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dos jogadores, mantendo a estrutura do jogo no ataque, defesa e transição (contra-ataque ou
retorno defensivo).
No futsal podem ser apontados como exemplos de sistemas de jogo no ataque: 2:2,
4:0, 3:1, entre outros. Como demonstração, apresento o Quadro 2 com as representações dos
posicionamentos mencionados.
Quadro 2: Exemplos de sistemas de jogo no ataque
x
x x
x x x x
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x x x
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x x
x
x
A marcação individual, por sua vez, é praticada homem a homem, ou seja, cada
defensor é responsável por um atacante (MUTTI, 2003; SANTANA, 2004). Logo, o defensor
deverá acompanhar os deslocamentos do oponente direto por toda a quadra. A título de
4
Na marcação quadrante a equipe se encontrará em uma defesa de duas linhas (FERRETTI, 2006).
20
exemplificação, apresento a Ilustração 1 em que é possível visualizar jogadores realizando a
marcação individual5.
Ilustração 1: Marcação individual6
No caso da marcação mista é possível apontar que se trata da união das marcações
por zona e individual. Conforme Santana (2004, p. 65), “é uma manobra defensiva”, ocorre
quando parte dos quatro jogadores de linha marcam por zona e outros (ou apenas um) marcam
de forma individual.
O sistema de transição corresponde a passagem da equipe de um lado de quadra para
o outro. Quando essa mudança ocorre da defesa para o ataque é denominada de contra-ataque
e quando acontece do ataque para a defesa da equipe é chamada de retorno defensivo
(GONZÁLEZ; FRAGA, 2012).
Como em todos os esportes, o futsal necessita de um plano estratégico realizado
previamente. Segundo González e Fraga (2012) esse planejamento é denominado de
estratégia. Para os referidos autores (p. 176), estratégia é “um programa de princípios
planejados ou concepções de desenvolvimento de jogo que precedem o confronto esportivo”.
Nesse planejamento poderá haver variações decorrentes da equipe adversária, que também
traça uma estratégia inicial, e dependem das ações dos jogadores para reproduzir.
5
Na ilustração é possível perceber a marcação individual da seguinte forma: DACPB 3 marcando o ASPB 3,
DASPB 2 marcando o ASPB 2, DASPB 1 marcando o ASPB 1e DASPB 4 marcando o ASPB 4.
6
Laranja (equipe da AAPF), amarelo (equipe adversária) e círculo branco (bola).
21
Um exemplo de estratégia no futsal é a utilização do goleiro-linha. Nos momentos
finais dos jogos em que uma equipe está perdendo, essa função é uma estratégia muito
utilizada pela equipe que está em desvantagem no placar. O objetivo com essa opção é obter
vantagem numérica de jogadores, ou seja, circunstância de 5x4 – cinco atacantes contra
quatro defensores.
Outro exemplo possível, é o treinador de uma equipe combinar com seus jogadores
que quando seu time estiver vencendo o jogo, será realizado uma marcação quadrante, meia
quadra. Caso a equipe estiver em desvantagem no placar, realizará uma marcação individual
pressão (muito próximo do oponente) para retomar a posse de bola. Essas estratégias podem
ser pensadas a curto, médio e longo prazo, dependendo do jogo, dos adversários, do tempo
restante da partida, da fase da competição, entre outros.
Outro tema fundamental no futsal é a parte física. Conforme González e Fraga (2012,
p. 176) capacidade física corresponde “[...] as demandas orgânicas geradas pela prática
esportiva”. Pode-se citar como exemplos: a resistência, a força, a velocidade e a flexibilidade.
Segundo Andrade (2013), essas valências físicas e suas combinações, são importantes para
atender o objetivo do trabalho proposto e suportar a demanda exigida pela modalidade.
Nos últimos anos uma área que tem recebido atenção no esporte, inclusive no futsal,
é o estudo dos processos psicológicos, em relação a parte emocional dos atletas. De acordo
com González e Bracht (2012, p. 36) esse aspecto pode ser denominado de capacidade
volitiva, correspondendo ao “conjunto de traços psicológicos peculiares demandados a um
indivíduo ou grupo para atuar de forma adequada durante um jogo”. Diz respeito a motivação,
a ansiedade antes da competição, ao nível de nervosismo com as situações de jogo, entre
outros.
A capacidade volitiva é apresentada como a atitude dos jogadores em relação ao
envolvimento com o jogo. Por exemplo, se: está motivado para jogar, está com medo, disputa
de forma leal todas as bolas divididas, aparenta estar tranquilo ou ansioso, mantém
concentrado ou em alguns momentos se distrai (GONZÁLEZ; BRACHT, 2012).
Nesse sentido, o ambiente, o adversário, o local da partida, a fase em que a
competição se encontra – além de aspectos extras ao jogo, como ambiente familiar, por
exemplo – influenciam no estado emocional do atleta. Em consequência, podem ter
interferência no desempenho da equipe.
22
1.5 A TÁTICA NO FUTSAL
23
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
24
2.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA DOS DADOS
Para definição de quais intenções táticas seriam analisadas no estudo, utilizei dois
critérios: 1) atender aos quatro subpapéis no futsal, de modo que cada um fosse contemplado
com duas intenções táticas, o que resultaria num total de oito7; 2) corresponder a dificuldades
que percebo nos jogadores que participam da equipe de futsal da qual sou treinador. Na
sequência apresento as intenções táticas selecionadas de acordo com os subpapéis.
7
Oito intenções táticas, foi o número que entendi que conseguiria analisar tendo em vista o prazo para entrega
do trabalho.
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Quadro 4 – Intenções táticas selecionadas de acordo com os subpapéis
SUBPAPEL INTENÇÃO TÁTICA DESCRIÇÃO
1. Passar a bola ao companheiro em melhores Ação do ACPB optar pela melhor opção de passe, ou seja, para
condições um ASPB desmarcado ou que esteja melhor posicionado
(próximo a meta adversária).
Atacante com posse de bola Ação do ACPB finalizar a gol quando estiver condições que
permitam, ou seja, sem marcação do oponente. Por exemplo,
2. Finalizar em condições favoráveis
quando estiver próximo a meta e não houver um defensor entre o
ACPB e a meta.
3. Desmarcar-se para receber a bola Corresponde ao ASPB tentar sair da marcação do seu oponente
direto, visando receber a bola livre de marcação.
Atacante sem posse de bola
Ato do ASPB deslocar-se para o ataque juntamente com os
4. Progredir com a equipe para o ataque companheiros, visando evitar uma situação de inferioridade
numérica dos atacantes em relação aos defensores.
Ação de o defensor se posicionar em uma linha imaginária entre
5. Posicionar-se entre o atacante direto e a meta
o atacante que está marcando e a meta que defende.
Defensor do atacante com
Atitude do DACPB exercer uma marcação mais próxima o
posse de bola
6. Pressionar o atacante direto oponente direto, na tentativa de adquirir a bola ou forçar o
adversário ao erro.
Ato do defensor acompanhar o oponente direto em seus
7. Responsabilizar-se pelo atacante direto deslocamentos pela quadra, com objetivo de não deixar o
Defensor do atacante sem adversário livre de marcação.
posse de bola Ação do defensor deslocar-se em direção a um oponente que
8. Realizar cobertura a um companheiro obteve vantagem sobre um colega defensor, com intuito de
ajudar o companheiro driblado e impedir o êxito do adversário
Fonte: o autor (2015)
26
3 CUIDADOS ÉTICOS
27
4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
28
Ilustração 2 – Passar a bola ao companheiro em melhores condições – Ação adequada
29
Ao analisar a intenção tática passar a bola ao companheiro em melhores
condições, percebe-se que o ACPB (2) optou em passar a bola ao ASPB (3), que estava
posicionado em melhores condições de finalizar. O atacante 4 também se encontrava em
condições de receber a bola, porém, nessa situação, há um risco de interceptação do
passe pelo defensor C.
Nessa situação de contra-ataque, em vantagem numérica de 3 contra 1, a ação
de passe adequada ao atacante 3 permitiu a finalização em condição favorável, sendo
aproveitada a chance de gol e assinalado um tento para a equipe, como pode ser visto no
endereço: https://youtu.be/RV_K_jDV5EE
30
Ilustração 3 – Passar a bola ao companheiro em melhores condições – Ação inadequada
31
A leitura adequada da situação de jogo possibilita em inúmeras vezes
simplificar a jogada e diminuir o risco de cometer um erro, que pode gerar um contra-
ataque e, consequentemente, uma probabilidade de gol para o adversário. Na situação é
observada na Ilustração 3, o ACPB 2 opta pelo passe ao ASPB 4, para o qual, não
existia linha passe, pois havia a presença do defensor A, entre os atacantes. Nesse
cenário a opção do ACPB foi o passe para o jogador 4, resultando na perda da posse da
ola. Em uma leitura mais atenta, o passe adequado deveria ocorrer ao ASPB 1, uma vez
que ele está desmarcado e há linha de passe com o ACPB (2).
Desse modo, o ACPB (2) tentou um passe com grau de maior dificuldade.
Passar para o atacante 1 seria uma alternativa mais fácil de ser atingida, quando
comparada com a possibilidade da bola chegar até o atacante 4. Se o passe for
interceptado há uma clara oportunidade do adversário contra atacar em superioridade
numérica, comprometendo dessa maneira todo o sistema defensivo. A situação descrita
pode ser visualizada na íntegra no seguinte local:
https://www.youtube.com/watch?v=kM6f6mV1vHk
32
Ilustração 4 - Finalizar em condições favoráveis – Ação adequada
33
Na ilustração 4 é possível observar uma situação em que há oportunidade clara
de finalização. Não há nenhum defensor (jogador de linha) entre o ACPB (4) e a meta.
Logo, o atacante tem apenas o goleiro a sua frente, o que caracteriza – nessa situação –
um ambiente favorável para finalizar.
A condição apresentada ocorreu por consequência de um erro de marcação da
equipe que estava defendendo (jogadores A, B, C e D). Como se percebe na análise do
vídeo desta jogada (disponível em: https://youtu.be/tUzbJg8HqkA) o defensor A não
acompanhou o seu oponente direto (jogador 4) e o defensor B não realizou a cobertura
ao seu companheiro A.
34
Ilustração 5 - Finalizar em condições favoráveis – Ação inadequada
35
Na Ilustração 5 está identificado que o ACPB (2) decidiu finalizar no momento
inoportuno. Além de estar distante da meta, há um defensor a sua frente que dificulta a
passagem da bola até o alvo. Logo, essa situação não lhe oferece as melhores condições
para o chute.
O fato de não observar a situação de jogo, em sua amplitude, impediu o ACPB
(2) de identificar uma alternativa de ação mais prudente naquela situação e acabou se
precipitando ao tentar finalizar.
Uma atitude mais adequada seria passar a bola para o ASPB 1 que estava
próximo e apresentava linha de passe. Em síntese, é possível apontar a necessidade de
os jogadores refletirem sobre o momento oportuno para finalizar. Uma precipitação ao
finalizar, pode gerar um contra-ataque, ou seja, uma decisão errada poderia resultar em
oportunidades de gol para o adversário. Um vídeo evidenciando a finalização no
momento inadequado pode ser observado no seguinte endereço:
https://youtu.be/daFgVne-uVo
36
Ilustração 6 – Desmarcar-se para receber a bola – Ação adequada
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A intenção tática de desmarcar-se é um deslocamento que os jogadores
realizam com o intuito de criar linha de passe em relação ao companheiro (ACPB) para
receber a bola, ocupar os espaços adequados na quadra e sair da marcação do oponente
direto. Na ilustração 6 consta, através da linha tracejada, a movimentação do atacante 3,
objetivando fugir da marcação do defensor (A). Um vídeo (que consta no endereço:
https://youtu.be/dD-QONYR1Ig) facilita a visualização de referida ação e permite
compreender a descrição da ação mencionada.
Na imagem anterior, a linha tracejada apresenta o deslocamento do atacante 3
da quadra ofensiva para a defensiva inicialmente, oferecendo alternativa de passe em
relação ao ACPB (1), em aproximação pelo meio. Cada intervalo nos traços pontilhados
(demarcados por círculos brancos) significa que o jogador 3 efetuou um passe e na
sequência dos pontilhados realizou novamente deslocamentos para se desmarcar. Mais
especificamente, como pode ser observado no vídeo destacado no parágrafo anterior, na
primeira indicação o atacante 3 aproximou-se do ACPB (1), recebeu a bola e passou
novamente ao ACPB. Na sequência deslocou-se buscando a desmarcação. Entre os
intervalos dos pontilhados recebeu a bola e a passou. Na sequência, progrediu para o
ataque recebendo novamente o móvel. Ao ter sua posse, efetuou um passe ao atacante 4.
Após, deslocou-se novamente por trás do defensor A, ficando livre de marcação para
finalizar.
A intenção de desmarcar-se com troca de passes rápidos e deslocamento em
velocidade, é uma atitude de extrema importância, uma vez que, se bem executada, cria
dúvidas ao adversário. Essa ação dificulta o trabalho dos defensores, pois tente a criar
situações de vantagem numérica a favor dos atacantes, podendo ser determinante para a
marcação de um tento.
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Ilustração 7 – Desmarcar-se para receber a bola – Ação inadequada
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O objetivo com a Ilustração 7 é evidenciar uma ação inadequada, no que se
refere a ação de se desmarcar para receber a bola. Na jogada que a imagem anterior
representa, o ASPB 1 não ofereceu alternativa de passe ao ACPB, pois não procurou
ocupar espaços livres na quadra.
Mais detalhadamente, nota-se que a bola está com o atacante 3. O ASPB 2 se
apresenta em condições de receber a bola, porém há dois defensores próximos (A e B),
o que, em minha opinião, não deixa evidente a vantagem em realizar o passe ao jogador
2, que está atrás da linha bola. Na ala oposta o ASPB 1 permanece estático sem criar
linha de passe, ou seja, não se movimenta com a intenção de entrar no campo visual do
ACPB para receber a bola8.
Na mesma situação o atacante 4, está posicionado atrás do defensor, não
caracterizando uma linha de passe em relação ao ACPB. O ACPB 4, por exemplo,
poderia ter se deslocado em direção aos espaços livres na quadra. A visualização das
referidas descrições em vídeo, pode ser realizada através do endereço:
https://youtu.be/V1EeMM8o5uM
Conclui-se dessa maneira que o não aproveitamento dos espaços, por meio de
movimentações, prejudica a equipe com a posse de bola, à medida que as opções de
ação do ACPB ficam extremamente limitadas.
8
As figuras geométricas azuis indicam os espaços que poderiam ser ocupados pelos atacantes sem a
posse da bola, para aproveitar a distância entre as linhas defensivas e receber a bola.
40
Ilustração 8 – Progredir com a equipe para o ataque – Ação adequada
41
Na Ilustração 8 é possível visualizar que os jogadores da equipe detentora da
bola progridem para o ataque. Essa situação permite que o time tenha vantagem
numérica de 4 contra 3. O referido cenário, que permite alternativas de ações mais
diversificadas para quem tem a posse da bola, pode ser acompanhado na íntegra no
endereço: https://youtu.be/E5nvRi-T_ec
Em suma, quando os atacantes progridem para o ataque eles conseguem, no
mínimo, igualar o número de atletas em relação aos defensores. Essa perspectiva é
fundamental para criar possibilidades de finalização.
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Ilustração 9 – Progredir com a equipe para o ataque – Ação inadequada
43
Numa situação de ataque no futsal é necessário que os jogadores da equipe
progridam para a quadra adversária junto ao atacante com a posse da bola, pois, desse
modo, aumentam as possibilidades de ações do time que está no ataque. No entanto, na
Ilustração 9 se observa que dois atletas não avançam em direção a meta do oponente.
Mais especificamente, o ACPB (3) está em progressão marcado pelo defensor
C e o defensor D marca o atacante 4, que busca se desmarcar por trás do defensor D,
com intuito de oferecer opção de passe ao ACPB. Nesse processo, os jogadores 1 e 2
não se movimentam para tentar criar uma situação de superioridade numérica, não
oferecendo alternativas para o ataque. É interessante compreender que bastaria o
deslocamento para o ataque de um desses jogadores, para que a equipe tivesse
superioridade numérica. A situação apresentada pode ser visualizada em:
https://youtu.be/g-CvgzsI8RE
44
Ilustração 10 – Posicionar-se entre o atacante direto e a meta – Ação adequada
45
Na Ilustração 10, é possível observar a equipe que não possui a bola (jogadores
A, B, C e D) exercendo uma marcação individual. Entendo que o posicionamento
desses defensores é adequado, à medida que eles se posicionam em um espaço (ou
muito próximo) que pode ser entendido como uma linha imaginária entre os atacantes
diretos e a meta. Nessa situação, a marcação encontra-se equilibrada, dificultando a
penetração do ACPB e demais atacantes. Esse posicionamento pode ser observado no
seguinte endereço: https://youtu.be/NKbAVP_Ns-o
Com esse posicionamento defensivo cada um dos atacantes, ao receber a bola,
terá um defensor a sua frente. Por consequência, diminui tanto o ângulo para finalização
do atual ACPB, quanto a possibilidade de um passe para um ASPB em condições de
concluir a gol.
Quando os defensores se posicionam adequadamente entre o oponente direto e
a meta, comprometendo-se na marcação, surgem grandes de dificuldades para o ataque
adversário. Penetrações pelo centro da quadra se tornam raras, induzindo aos atacantes à
opção de retorno de bola ou passe paralelo, sem progredir para o ataque com a bola.
46
Ilustração 11 - Posicionar-se entre o atacante direto e a meta – Ação inadequada
47
Na Ilustração 11, observa-se uma situação inadequada de posicionamento da
equipe defensora, pois alguns de seus jogadores não se encontram entre os atacantes
diretos e a meta que defendem. Pontualmente, o defensor A, responsável por marcar o
atacante 2, não se encontra entre o referido oponente e a meta que defende. Em
consequência, o atacante 2 está livre de marcação tendo apenas o goleiro a sua frente.
Na mesma linha, o defensor C não se posiciona entre o atacante 1 e a meta,
deixando o referido oponente em plenas condições de receber um a bola e marcar o gol,
um vez que está livre de marcação.
Como consequência dos defensores não se posicionarem de forma correta, há
uma situação de vantagem numérica do ataque sobre a defesa de 2 contra 19, além da
concretização de uma excelente possibilidade de finalização tanto para o atacante 1
quanto para o 2. Em virtude dos referidos erros dos defensores, no andamento do lance
ocorreu a marcação de um gol, como pode ser observado em:
https://youtu.be/nPop7yeY8oQ
9
Leitura realizada a partir da linha da bola, da defesa para o ataque.
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Ilustração 12 – Pressionar o atacante direto – Ação adequada
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A ação de pressionar o adversário visa dificultar a sequência de passes, com
intuito de induzir o oponente ao erro. Na Ilustração 12, é possível verificar que os
defensores se posicionam próximos aos atacantes diretos, objetivando adquirir a posse
da bola.
Especificamente, percebe-se que o defensor B avança em direção ao seu
oponente direto (atacante 2), quase na linha de fundo da quadra adversária. O defensor
D, por sua vez, progride em direção ao ASPB 3, podendo realizar a cobertura ao
companheiro B, caso esse seja superado.
Nas circunstâncias apresentadas, havia uma boa possibilidade da recuperação
da posse de bola, mediante qualquer descuido dos atacantes. Ao observar a sequência da
referida jogada (no endereço https://youtu.be/cu6ypxpGrBA), nota-se que ocorre a
aquisição da bola pelos então defensores, o que resulta na marcação de um gol.
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Ilustração 13 – Pressionar o atacante direto – Ação inadequada
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A Ilustração 13 aponta que a bola está de posse do atacante 2. O referido atleta
é marcado pelo defensor C, que não diminui o espaço de ação do adversário, ou seja,
não faz pressão para criar dificuldades ao ACPB 2.
Como resultado do espaço deixado pelo defensor C, o atacante 2 realizou um
giro para finalizar com certa finalidade. Essa ação inadequada do defensor, bem como a
ação do atacante na íntegra, pode ser observada em: https://youtu.be/AoVaW_5Id2M
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Ilustração 14 – Responsabilizar-se pelo atacante direto – Ação adequada
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Na situação posta na Ilustração 14, é possível identificar o exemplo de um
defensor responsabilizando-se pelo seu atacante direto de forma adequada. Pois,
observa-se que o atacante 1, na tenta sair da marcação do defensor C, desloca-se por trás
do marcador. Contudo, o jogador C o acompanha impedindo que o atacante fique livre
de marcação para receber a bola e caracterizar uma situação 2 contra 1. Essa ação pode
ser visualizada com exatidão no vídeo que consta no endereço eletrônico:
https://youtu.be/73W29if-EcE
De forma mais detalhada, no vídeo, é possível ver que a bola é passada pelo
atacante 1 ao seu companheiro 3 que se encontra na ação de pivô. Ao efetuar o passe, o
primeiro atacante se desloca em velocidade na tentativa de receber um passe por trás do
defensor. Dessa maneira, ocorreria a penetração do atleta 1 sem o marcador. Porém, isso
não ocorreu fruto da ação adequada do defensor que acompanhou a movimentação do
ASPB 1 e na sequência do lance conseguiu a impedir o recebimento da bola.
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Ilustração 15 - Responsabilizar-se pelo atacante direto – Ação inadequada
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Na Ilustração 15, verifica-se que o ACPB (1) recebeu a bola livre de marcação,
em plenas condições de marcar o gol. Esse fato permite apontar a ocorrência de uma
falha dos defensores, à medida que não se responsabilizaram pelo referido atacante.
No endereço eletrônico https://youtu.be/JPwOTcQwjD0 é possível visualizar
que o atacante 1, que estava com a posse da bola perto do centro da quadra, efetuou um
passe ao atacante 3 e se deslocou para a área de gol adversária em direção a segunda
trave. O defensor D que era responsável pela marcação do referido atacante não o
acompanhou e dirigiu-se para marcar o atacante 3 que recebeu a bola, sendo que já
havia o defensor B responsável pelo atleta 310. Na sequência o atacante 3 chuta a bola
em direção à segunda trave, onde o companheiro 1 estava posicionado livre de
marcação.
À medida que um dos defensores não se responsabiliza por um atacante,
permite que este se encontre livre de marcação. Nessa situação pode haver uma
vantagem numérica de jogadores do ataque sobre a defesa ou até mesmo como na
Ilustração em questão e no vídeo mencionado, um atacante pode ficar livre de marcação
em condição real de marcar um gol.
10
Devido a isso, entendo que o defensor B, que era responsável pela marcação do atacante 3 no início da
jogada, também falhou ao não se responsabilizar pelo seu atacante direto.
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Ilustração 16 - Realizar cobertura a um companheiro – Ação adequada
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A cobertura a um companheiro é uma intenção tática defensiva que qualifica a
atuação da defesa. Neste sentido, a Ilustração 16 apresenta uma situação em que um
defensor realiza um deslocamento visando auxiliar um companheiro na marcação.
Na referida imagem é possível observar uma situação de 3 contra 2.
Especificamente, o defensor C estava marcando o atacante 1 no início da jogada, o
defensor A marcando o atacante 2 e o defensor D marcando o atacante 4. Próximo a
lateral da quadra, o atacante 4 se desloca em direção ao ataque tendo superado o
marcador no deslocamento. Na sequência do lance (como pode ser visto em
https://youtu.be/qZybInWZZUI) o atacante 4 recebe a bola. Com isso, o defensor C
realiza uma cobertura ao companheiro D que não acompanhou a trajetória do referido
atacante. Dito de outra forma, o referido defensor, que era responsável pelo atacante 1,
deixou o seu marcador direto para efetuar a cobertura a um companheiro que não se
responsabilizou pelo opositor de forma adequada.
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Ilustração 17 - Realizar cobertura a um companheiro – Ação inadequada
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Na situação apresentada na Ilustração 17, é possível perceber que não ocorre a
cobertura a um companheiro driblado. Especificamente, o defensor 2 poderia ter optado por
realizar a cobertura ao defensor 3, no instante em que o ACPB demonstrou optar pelo drible.
Em uma ação mais apropriada, ao perceber que o atacante C poderia tentar o drible, o
defensor 2 poderia recuar seu posicionamento em direção à meta que defende. Dessa forma
teria condições de intervir na ação do ACPB, fazendo a cobertura ao companheiro driblado e,
consequentemente, evitando a oportunidade clara de gol da equipe adversária. A jogada em
sua íntegra pode ser visualizada em https://youtu.be/YYKYveZhCkA
Em uma análise geral das intenções táticas apresentadas, as pontuações nas
ilustrações, juntamente com os vídeos, permitem ao leitor perceber os motivos pelos quais
compreendi as ações dos jogadores como adequadas ou inadequadas no futsal. Nesse
processo, pautei-me nas descrições das intenções táticas selecionadas de acordo com os
subpapéis, conforme o Quadro 4 apresentado anteriormente.
A decisão de apontar falhas e acertos no desempenho tático dos atletas no jogo,
buscou oferecer uma leitura da situação com base em exemplos visuais. Não era outra a
intenção ao propor a possibilidade de visualização das jogadas na íntegra, através de vídeos na
rede mundial de computadores, se não facilitar a compreensão e análise das atitudes dos
atletas.
As análises servem de parâmetros para avaliar o desempenho das capacidades táticas
dos atletas e teve um aspecto fundamental na avaliação individual da equipe de futsal que sou
treinador. Especialmente, ajudou-me a repensar o planejamento dos treinos com maior foco
na capacidade de tomada de decisões. É possível afirmar que após este estudo passei a dedicar
maior atenção a dimensão tática, uma vez que percebi problemas vinculados à escolha nas
ações dos jogadores que eu não percebia antes11. Esse fato é extremamente relevante, pois,
pela minha experiência no futsal, percebo que muitas vezes os treinadores focam atenção nos
erros técnicos, quando a maioria das dificuldades dos jogadores está vinculada ao aspecto
tático (GONZÁLEZ; BORGES, 2011, MESQUITA; GRAÇA, 2006).
Em minha opinião, este estudo possibilita a leitura das capacidades táticas dos atletas
preocupando-se com a linguagem utilizada no futsal de uma maneira simples. A ideia, além
de construir um material que permitisse meu aprendizado/aperfeiçoamento com o objeto do
estudo (TRIVIÑOS, 1987), foi possibilitar as pessoas que se interessam pelo ensino dos
esportes um material de auxílio para análise das intenções táticas.
11
Esse tipo de mudança de compreensão em relação ao estudo/ensino dos esportes de invasão, foi estudada em
diversos trabalhos: Barroso e Darido (2010), Borges (2014), Bracht et al. (2013), González e Borges (2011),
González-Víllora (2008) entre outros.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
12
Fensterseifer e González (2007, p. 29), apontam que “[...] os professores são péssimos aplicadores de soluções
produzidas por outros”.
61
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. X. Futsal – início, meio e finalidade: noções sobre preparação física, tática
e técnica. Marechal Cândido Rondon: Gráfica Líder, 2013.
BARROSO, André Luis Rugiero; DARIDO, Suraya Cristina. Voleibol escolar: uma proposta
de ensino nas dimensões conceitual, procedimental e atitudinal do conteúdo. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 179-194, abr./jun. 2010.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2002.
FERRETTI, Fernando. Os sistemas defensivos: uma visão atual. Ferreti Futsal. 2006.
Disponível em: <www.ferrettifutsal.com/artigos.php>. Acesso em: 14 de jan. 2014.
62
DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, V CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO
ESPORTE, 2013, Brasília. Anais... Brasília: UFB, 2013.
MESQUITA, I. M. R.; GRAÇA, A. Modelos de ensino dos jogos desportivos. In: TANI, G.;
BENTO, J. O.; PETERSEN, R. D. S. (org.). Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006. p. 269-283.
MUTTI, D. Futsal: da iniciação ao alto nível. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003.
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